crescimento e absorção de nutrientes pela planta cebola cultivada

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59
CRESCIMENTO E ABSORÇÃO DE NUTRIENTES PELA PLANTA CEBOLA
CULTIVADA NO VERÃO POR SEMEADURA DIRETA E POR
TRANSPLANTIO DE MUDAS
GROWTH AND NUTRIENTS UPTAKE BY ONION PLANTS CULTIVATED IN THE
SUMMER BY DIRECT SOW AND TRANSPLANTING SEEDLINGS
Sanzio Mollica VIDIGAL1; Marialva Alvarenga MOREIRA2; Paulo Roberto Gomes PEREIRA3
1. Pesquisador, Doutor, Bolsista BIPDT da FAPEMIG, Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais - EPAMIG, Centro
Tecnológico da Zona da Mata, Viçosa, Minas Gerais, Brasil. [email protected] ; 2. Pesquisadora, Doutora, Bolsista PDJ
FAPEMIG/EPAMIG, Centro Tecnológico da Zona da Mata, Viçosa, Minas Gerais, Brasil; 3. Professor, Doutor, Universidade Federal
de Viçosa, Departamento de Fitotecnia,Viçosa, Minas Gerais, Brasil.
RESUMO: A semeadura direta e o transplantio de mudas têm sido utilizados na produção de cebola, no entanto
o crescimento, a absorção e exportação de nutrientes, a produtividade e o ciclo da cultura não são bem conhecidos,
especialmente no verão. Assim, o objetivo deste trabalho foi caracterizar o crescimento da planta e a absorção de
nutrientes pela cultura da cebola em sistemas de cultivo por semeadura direta e por transplantio de mudas. Foram
realizados dois experimentos, semeadura direta e transplantio de mudas com produtores de cebola do Projeto Jaíba, região
Norte de Minas Gerais, no verão. Cada experimento foi instalado no delineamento de blocos ao acaso, com quatro
repetições. As amostragens de plantas foram realizadas semanalmente, dos 45 aos 101 dias após a semeadura (DAS) para a
semeadura direta e dos 59 aos 129 DAS para o transplantio de mudas para a determinação do peso fresco, massa seca e o
acúmulo de macro e de micronutrientes na parte aérea, bulbo e planta. A colheita ocorreu quando 60% das plantas estavam
estaladas, no cultivo por semeadura direta ocorreu aos 102 dias, com produtividade de 24,3 t ha-1; no sistema de
transplantio de mudas a colheita ocorreu aos 132 dias, com produtividade de 24,0 t ha-1. Independente do sistema de
cultivo o crescimento inicial foi lento, intensificando a partir dos 56 e 74 dias após a semeadura, para o cultivo em
semeadura direta e transplantio de mudas, respectivamente e os nutrientes foram absorvidos pela cebola na seguinte
ordem: K > N > Ca > S > P > Mg e Fe > Mn > Cu > Zn. As diferenças no crescimento e quantidades de nutrientes
absorvidos pela planta cebola devem-se exclusivamente ao sistema de cultivo.
PALAVRAS-CHAVE: Allium cepa. Nutrição mineral. Propagação.
INTRODUÇÃO
No Estado de Minas Gerais, a produção de
cebola concentra-se na época de inverno, ficando a
comercialização para o período de maior oferta,
quando são colocadas no mercado cebolas
produzidas em outros Estados e também na
Argentina (VILELA et al., 2005). Assim, o plantio
de cebola no período de verão permite ao
cebolicultor ofertar o produto durante a entressafra,
quando os preços mais elevados podem propiciar
melhor rentabilidade. No entanto, existem poucos
dados científicos sobre o crescimento e absorção de
nutrientes pela cebola cultivada nesta época
(VIDIGAL et al., 2003).
O sistema de cultivo de cebola pode ser por
semeadura direta, bulbinhos e mudas produzidas em
canteiros e bandejas (FONTES; SILVA, 2002). Na
região Norte de Minas Gerais a semeadura direta
mecanizada e sem desbaste é o método mais
utilizado pelos pequenos produtores, com
produtividades de 30 t ha-1. Entretanto, o custo de
produção no sistema de cultivo por transplante de
mudas é 24,5% menor que o de semeadura direta
Received: 20/09/08
Accepted: 27/11/08
devido a menor dificuldade no controle de plantas
daninhas (FERREIRA, 2000).
No sistema de cultivo por transplantio de
mudas, as plantas de cebola vão para a área
definitiva com duas ou três folhas, reduzindo a
competição e facilitando o controle das plantas
daninhas. Além disso, a utilização de mudas pode
reduzir os estresses, tais como grandes agregados de
solo, déficit hídrico, temperaturas extremas, doenças
de solo etc, (FONTES; SILVA, 2002).
No cultivo de verão, o fotoperíodo longo e
as altas temperaturas, além de induzirem a
bulbificação precoce, favorecem o aparecimento de
doenças que podem ser fatores limitantes (MELO et
al., 1988). A utilização de cultivares menos
sensíveis e adaptadas ao sistema de cultivo no verão
pode minimizar esses efeitos.
Em cultivo de verão na região Norte de
Minas Gerais, Vidigal (2000) observou diferença de
produtividades da cultivar Alfa Tropical, entre os
solos Neossolo Quartzarênico e Latossolo vermelho
amarelo. Em semeadura direta a produtividade e
peso médio dos bulbos obtidos foram superiores em
relação ao transplantio de mudas (ARAÚJO et al.,
Biosci. J., Uberlândia, v. 26, n. 1, p. 59-70, Jan./Feb. 2010
Crescimento e absorção...
VIDIGAL, S. M.; MOREIRA, M. A.; PEREIRA, P. R. G.
1993). Vidigal et al. (2001b) também observaram
que o sistema de cultivo por semeadura direta
proporcionou maior produtividade. Por outro lado,
Vidigal e Facion (2006) observaram melhor
qualidade do produto nos sistemas de cultivo por
transplantio de mudas tanto produzidas em canteiros
quanto produzidas em bandejas.
Os estudos sobre análise de crescimento de
espécies vegetais possibilitam acompanhar o
desenvolvimento das plantas e a contribuição dos
diferentes
órgãos
no
crescimento
total
(BENINCASA, 1998). O conhecimento das
características de crescimento e absorção de
nutrientes na cultura de cebola nos dois sistemas
considerados pode permitir ações corretivas nos
sistemas de produção, se necessárias, possibilitando
a obtenção de altas produtividades. Assim, o
objetivo deste trabalho foi caracterizar o
crescimento e absorção de nutrientes pela planta
cebola cultivada no verão por semeadura direta e
por transplantio de mudas.
MATERIAL E MÉTODOS
Os experimentos com os sistemas de cultivo
semeadura direta e transplantio de mudas de cebola
foram realizados com cebolicultores, em área de
ensaio de validação da cultivar Alfa Tropical,
localizada no Projeto Jaíba, região Norte de Minas
Gerais, no período de dezembro de 2000 a maio de
2001.
O sistema de cultivo por semeadura direta
foi realizado em solo franco argilo-arenoso, que
apresentava inicialmente na camada de 0 a 30 cm as
seguintes características químicas: pH (água) = 5,6;
Ca = 2,40 cmolc dm-³; Mg = 0,43 cmolc dm-³; Al =
0,03 cmolc dm-³; e H+Al = 2,20 cmolc dm-³; P = 4,29
mg dm-³; K = 58,25 mg dm-³; matéria orgânica =
18,00 g kg-1. A adubação de plantio foi realizada a
lanço e incorporada ao solo, em todo área, dois dias
antes do plantio, com a aplicação de 1.000 kg ha-1
de fertilizante da fórmula 04-30-10, 120 kg de
sulfato de magnésio ha-1, 25 kg de Bórax ha-1 e 25
kg de sulfato de zinco ha-1, de acordo como
recomendado pela Assistência Técnica do Distrito
de Irrigação do Jaíba.
A semeadura direta foi realizada no dia
08/01/2001, por semeadora mecânica com gasto de
4,0 kg de sementes ha-1, no espaçamento de 0,35 m
entre fileiras duplas, espaçadas de 0,07 m, densidade
de plantio de 1.100.000 plantas ha-1, sem o
levantamento de canteiros. A adubação em
cobertura foi feita com 250 kg de uréia ha-1, 350 kg
de sulfato de amônio ha-1 e 350 kg de cloreto de
potássio ha-1.
60
O sistema de cultivo por transplantio de
mudas foi realizado em solo franco arenoso, que
apresentava inicialmente na camada de 0 a 30 cm as
seguintes características químicas: pH (água) = 5,3;
Ca = 1,40 cmolc dm-³; Mg = 0,30 cmolc dm-³; Al =
0,10 cmolc dm-³; e H+Al = 1,20 cmolc dm-³; P =
29,00 mg dm-³; K = 64,00 mg dm-³; matéria
orgânica = 14,00 g kg-1. A adubação de plantio foi
realizada a lanço e incorporada ao solo, em todo
canteiro, dois dias antes do transplantio das mudas,
com a aplicação de 1.000 kg de superfosfato simples
ha-1, 70 kg de sulfato de magnésio ha-1, 20 de ácido
bórico kg ha-1 e 20 kg de sulfato de zinco ha-1 como
recomendado pela Assistência Técnica do Distrito
de Irrigação do Jaíba.
Para o transplante de mudas, a semeadura
foi no dia 26/12/2000, na densidade de 4,0 g m-2 de
canteiros com 1,0 m de largura por 15 m de
comprimento, adubados com 200 g de superfosfato
simples m-2 de canteiro. Aos 25 dias após a
semeadura foi aplicado em cobertura 10 g de sulfato
de amônio m-2 e 5 g de cloreto de potássio m-2. As
mudas foram transplantadas aos 45 dias após a
semeadura para canteiros em cinco fileiras simples
de plantas espaçadas de 0,20 m e 0,07 m entre
plantas, com densidade de 700.000 plantas ha-1.
Em cada experimento foi utilizado o
delineamento de blocos casualizados com quatro
repetições. O sistema de irrigação utilizado foi
aspersão convencional. As práticas culturais foram
realizadas de acordo com a recomendação da
Assistência Técnica do Distrito de Irrigação do
Jaíba.
A partir do dia 22/02/2001, foram realizadas
coletas semanais de dez plantas inteiras ao acaso em
cada parcela, num total de 09 coletas dos 45 aos 101
DAS (semeadura direta) e 11 coletas dos 59 aos 129
DAS (transplantio de mudas), respectivamente.
Após a coleta das plantas, essas foram pesadas,
separadas em parte aérea, bulbo e raiz e determinouse o peso fresco. Posteriormente, a parte aérea e
bulbo foram secos em estufa com circulação forçada
de ar, na temperatura de 72°C, até massa seca
constante.
O crescimento das plantas foi caracterizado
pela produção de peso fresco e massa seca da parte
aérea, bulbo e raiz, e a taxa de crescimento absoluto
da planta e do bulbo foi caracterizada por meio da
derivada primeira das equações ajustadas.
Na massa seca das partes das plantas, após a
digestão nítrico-perclórica das amostras das plantas,
procedeu-se
à
determinação
de
P
em
espectrofotômetro pelo método da vitamina C
(BRAGA; DEFELIPO, 1974); K por fotometria de
chama; Ca, Mg, Zn, Cu, Mn e Fe por
Biosci. J., Uberlândia, v. 26, n. 1, p. 59-70, Jan./Feb. 2010
Crescimento e absorção...
VIDIGAL, S. M.; MOREIRA, M. A.; PEREIRA, P. R. G.
espectrofotômetro de absorção atômica; e S por
turbidimetria de sulfato (BLANCHAR et al., 1965).
Para a análise estatística, cada experimento
foi analisado individualmente com os dados sendo
submetidos às análises de variância e de regressão.
Na análise de regressão, os modelos foram
escolhidos baseados na ocorrência biológica e na
significância dos coeficientes de regressão tendo
como variável independente à idade da planta, em
dias, após a semeadura. A taxa de crescimento
absoluto foi obtida por meio da derivada primeira da
equação ajustada ao acúmulo de massa seca. As
taxas de acúmulo de nutrientes pela planta e de
alocação de nutrientes no bulbo, também foram
obtidas por meio da derivada primeira da equação
ajustada ao conteúdo de nutrientes.
As colheitas foram realizadas quando as
plantas apresentavam-se 60% estaladas. No sistema
de cultivo por semeadura direta a colheita ocorreu
no dia 26/04/2001 (ciclo de 102 dias) e para o
sistema de cultivo por transplantio de mudas a
colheita ocorreu no dia 07/05/2001 (ciclo de 132
dias).
peso fresco da parte aérea, também, teve seu
acúmulo lento até aos 52 DAS, atingindo o valor
máximo de 53,48 g planta-1, 91 DAS, após este
período ocorreu uma redução de 6,8% até a colheita,
certamente, devido à senescência da parte aérea em
função da bulbificação e maturação dos bulbos. Os
bulbos tiveram o acúmulo lento de peso fresco até
60 DAS, a partir de qual deu ínicio a bulbificação,
quando o acúmulo foi intensificado até a colheita,
atingindo 61,72 g planta-1. Nos últimos 30 dias de
ciclo, o peso fresco do bulbo aumentou cerca de 10
vezes, ou seja, um ganho aproximado de 55 gramas.
De maneira semelhante, o acúmulo de
massa seca das plantas de cebola foi lento até 56
DAS, não alcançando 10% da massa seca total da
planta (Figura 1B). O crescimento da planta foi
intensificado a partir dos 56 DAS até a colheita aos
102 DAS, atingindo o maior valor 11,15 g planta-1.
Em casa de vegetação, a cultivar Baia Periforme
apresentou crescimento lento até os 85 DAS
intensificando a partir daí até a colheita aos 180
DAS (Haag et al., 1970). No campo, Wiedenfeld
(1994) observou crescimento lento até 100 DAS
para cultivares Y33, TG 502 e TG 1015.
A massa seca da parte aérea aumentou
lentamente até aos 52 DAS, atingindo o valor
máximo de 4,59 g planta-1, 93 DAS, e reduzindo até
a colheita, como observado para o peso fresco. Essa
redução pode ser atribuída à translocação de
fotoassimilados e de outros compostos para o bulbo,
no período de maturação do bulbo (BREWSTER,
1994), quando nas plantas de cebola, ocorrem o
murchamento e secamento das folhas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Cultivo por semeadura direta
O acúmulo de massa do peso fresco foi
lento no ínicio do ciclo. Observou-se que até aos 52
dias após a semeadura (DAS), as plantas não
alcançaram 10% da massa do peso fresco total da
planta. Após este período o acúmulo foi
intensificado até a colheita, 102 DAS, quando a
planta atingiu 111,784 g planta-1 (Figura 1A). O
B
A
15
= exp (9,26358 - 0,03886x - 14475,0954/x²) R² = 0,994
= exp (6,3411 - 23080,25425/x²) R² = 0,995
= exp (5,58204 - 9004,5101/x²) R² = 0,994
-1
120
Massa seca (g planta )
Peso fresco (g planta )
150
-1
61
90
60
30
0
= exp (6,44684 - 0,03512x - 14328,88693/x²) R² = 0,994
= exp (4,24769 - 24187,04853/x²) R² = 0,997
= exp (3,44822 - 10784,37142/x²) R² = 0,995
12
9
6
3
0
38
45
52
59
66
73
80
87
94
101
Dias após a semeadura
38
45
52
59
66
73
80
87
94
101
Dias após a semeadura
Figura 1. Acúmulo de peso fresco (A) e massa seca (B) da parte aérea ( ), bulbo ( ) e planta toda ( ) de
cebola, cv. Alfa Tropical, cultivada por semeadura direta. Jaíba (MG), EPAMIG, 2001.
Com o início da bulbificação, houve um
acúmulo de massa seca a partir dos 67 DAS (Figura
1B). Após esse período, o acúmulo de massa seca
do bulbo foi de 94,6% em relação à massa seca final
do bulbo, que atingiu o maior valor 6,84 g planta-1
na colheita. O bulbo acumulou 61,3% da massa seca
total da planta de cebola. Maior acúmulo de massa
seca pelo bulbo, também foi observado para o
Biosci. J., Uberlândia, v. 26, n. 1, p. 59-70, Jan./Feb. 2010
Crescimento e absorção...
VIDIGAL, S. M.; MOREIRA, M. A.; PEREIRA, P. R. G.
híbrido Optima, que acumulou aproximadamente
70% (PORTO et al., 2006) e para o híbrido Superex,
que acumulou 80% da massa seca da planta
(PORTO et al., 2007), em cultivos realizados no
período de outono/inverno.
A taxa de crescimento absoluto da planta de
cebola foi crescente até 85 DAS, quando alcançou o
62
valor máximo de 0,248 g planta-1 dia-1; já a parte
aérea teve o valor máximo 0,208 g planta-1 dia-1 aos
72 DAS. O bulbo apresentou taxa crescente até a
colheita, 102 DAS, quando atingiu a taxa de 0,312 g
planta-1 dia-1 (Figura 2).
Tx. crescimento absoluto (g planta-1 dia-1)
0,35
Bulbo
0,28
0,21
Planta
0,14
0,07
Parte aérea
0,00
38
45
52
59
66
73
80
87
94
101
Dias após a semeadura
Figura 2. Taxa de crescimento absoluto, em massa seca, da parte aérea ( ), bulbo ( ) e planta toda ( ), de
plantas de cebola, cv. Alfa Tropical, cultivada por semeadura direta. Jaíba (MG), EPAMIG, 2001.
O acúmulo de nutrientes pela planta de
cebola ocorreu de maneira semelhante ao acúmulo
de massa seca, assim como também observado por
Porto et al. (2006 e 2007), sendo crescente até a
colheita aos 102 DAS, exceto para Mn e Zn (Figuras
3 e 4). Assim como observado para a maioria das
hortaliças (FERREIRA et al., 1993) e para os
híbridos Optima (PORTO et al., 2006) e Superex
(PORTO et al., 2007), o K foi o nutriente mais
absorvido, seguido do N e Ca, atingindo valores
estimados, expressos em mg planta-1, de 241,86 de
K, 191,83 de N e 88,79 de Ca (Tabela 1).
Tabela 1. Quantidade acumulada máxima e taxa diária máxima de absorção de nutriente na planta e no bulbo
de cebola, cv. Alfa Tropical em cultivo por semeadura direta. Jaíba (MG), EPAMIG, 2001.
Acúmulo máximo na Taxa
máxima
de Acúmulo máximo no Taxa máxima de
Nutriente
planta1
absorção da planta2
bulbo1
absorção do bulbo2
N
191,83
3,70
100,37
4,80
P
36,75
0,78
23,97
0,96
K
241,86
4,64
103,06
4,61
S
66,15
2,19
41,14
2,596
Ca
88,79
1,76
31,71
1,938
Mg
20,68
0,41
8,14
0,453
Cu
749,10
34,99
109,72
7,450
Fe
1.859,32
38,03
744,40
29,26
Mn
815,11
66,07
270,17
22,84
Zn
182,48
14,02
114,85
21,80
¹mg planta-1 para os macro e µg planta-1 para os micronutrientes; ² mg planta-1 dia-1 para os macro e µg planta-1 dia-1 para os
micronutrientes.
Na seqüência, o S, P e Mg foram absorvidos
em menores quantidades (Figura 3). A ordem de
acúmulo de macronutrientes pela planta de cebola
diferiu em relação a P e Mg, entre cultivar Alfa
Biosci. J., Uberlândia, v. 26, n. 1, p. 59-70, Jan./Feb. 2010
Crescimento e absorção...
VIDIGAL, S. M.; MOREIRA, M. A.; PEREIRA, P. R. G.
Tropical e os híbridos avaliados por Porto et al.
(2006 e 2007). Os micronutrientes foram absorvidos
na seguinte ordem Fe > Mn > Cu > Zn (Figura 4).
O percentual de acúmulo dos nutrientes pelo
bulbo, do total absorvido pela planta, foi de 52,32%
(N), 65,22% (P), 42,61% (K), 62,19% (S), 35,71%
(Ca), 39,37% (Mg), 62,94% (Zn), 40,03% (Fe),
33,14% (Mn) e 14,65% (Cu). Assim, verificou-se
que maiores quantidades de N, P, S e Zn foram
alocadas nos bulbos e de K, Ca, Mg, Fe, Mn e Cu na
parte aérea (Tabela 1).
Para a população de plantas de 1.100.000
plantas ha-1 e produtividade de 24.700 kg ha-1, as
N
63
quantidades estimadas de nutrientes exportados
pelos bulbos em kg ha-1 foram: 110,41 (N); 26,37
(P); 113,37 (K); 45,25 (S); 34,88 (Ca); 8,96 (Mg);
0,12 (Cu); 0,82 (Fe); 0,30 (Mn) e 0,12 (Zn).
Portanto, essas quantidades de nutrientes devem ser
repostas, enquanto que as quantidades extraídas pela
parte aérea da cebola, poderão ser recicladas, caso a
incorporação seja feita ao solo após a colheita
A quantidade absorvida de nutrientes pela
planta de cebola foi crescente até 69, 81, 68, 74, 72,
77, 81 e 86 DAS para o N, P, K, Ca, Mg, Fe, Mn e
Zn, respectivamente, para depois decrescer (Figuras
3 e 4); para S e Cu foi crescente até a colheita.
P
50
200
Conteúdo de P (mg planta-1)
= exp (10,54881 - 0,04553x - 14580,62682/x²) R² = 0,981
= exp (7,0473 - 25369,26515/x²) R² = 0,993
= exp (5,94283 - 7139,31257/x²) R² = 0,988
-1
Conteúdo de N (mg planta )
250
150
100
50
= exp (6,59081 - 0,02853x - 11264,78992/x²) R² = 0,978
= exp (5,2189 - 21246,30369/x²) R² = 0,994
= exp (4,54275 - 9764,79351/x²) R² = 0,990
40
30
20
10
0
0
38
45
52
59
66
73
80
87
94
101
38
45
52
59
66
73
80
87
94
101
94
101
Dias após a semeadura
Dias após a semeadura
K
S
100
= exp (8,76573 - 0,02765x - 10774,74941/x²) R² = 0,977
= exp (6,91884 - 23757,89499/x²) R² = 0,988
= exp (6,15764 - 6963,03572/x²) R² = 0,988
240
Conteúdo de S (mg planta-1)
Conteúdo de K (mg planta-1)
300
180
120
60
0
38
45
52
59
66
73
80
87
94
60
40
20
0
101
38
Dias após a semeadura
45
52
59
66
73
80
87
Dias após a semeadura
Ca
Mg
120
30
= exp (7,63693 - 0,02455x - 11889,83077/x²) R² = 0,975
= exp (10,27289 - 0,0358x - 32925,74637/x²) R² = 0,994
= exp (5,26699 - 8122,52418/x²) R² = 0,979
90
Conteúdo de Mg (mg planta -1)
Conteúdo de Ca (mg planta-1)
= exp (4,08469 - 8236,13372/x²) R² = 0,911
= exp (6,93499 - 33481,03011/x²) R² = 0,999
= exp (5,87964 - 17559,35371/x²) R² = 0,974
80
= exp (4,15774 - 0,00902x - 7388,75083/x²) R² = 0,981
= exp (7,89675 - 0,02739x - 31270,34409/x²) R² = 0,997
= exp (3,78472 - 7858,36576/x²) R² = 0,985
24
18
60
12
30
0
38
45
52
59
66
73
80
Dias após a semeadura
87
94
101
6
0
38
45
52
59
66
73
80
87
94
101
Dias após a semeadura
Figura 3. Conteúdo de macronutrientes na parte aérea ( ), bulbo ( ) e planta toda ( ) de cebola, cv. Alfa
Tropical, cultivada por semeadura direta. Jaíba (MG), EPAMIG, 2001.
Biosci. J., Uberlândia, v. 26, n. 1, p. 59-70, Jan./Feb. 2010
Crescimento e absorção...
VIDIGAL, S. M.; MOREIRA, M. A.; PEREIRA, P. R. G.
Cu
Zn
= exp (8,75247 - 23797,20804/x²) R² = 0,822
Conteúdo de Zn (µg planta-1)
Conteúdo de Cu (µg planta-1)
1000
= exp (8,16056 - 36024,98459/x²) R² = 0,967
800
= exp (9,00118 - 24785,50954/x²) R² = 0,854
600
400
200
320
= exp (8,75574 - 0,03089x - 14334,22271/x²) R² = 0,827
= exp (30,24841 - 0,17562x - 79690,61342/X²) R² = 0,998
= exp (14,3557 - 0,06116x - 30330,62323/x²) R² = 0,959
240
160
80
0
0
38
45
52
59
66
73
80
87
94
38
101
45
52
Fe
59
66
73
80
87
94
101
Dias após a semeadura
Dias após a semeadura
Mn
2500
1500
= exp (7,39906 - 7342,17513/x²) R² = 0,817
= exp (8,61751 - 20859,33212/x²) R² = 0,981
= exp (8,38465 - 8912,94501/x²) R² = 0,930
2000
Conteúdo de Mn (µg planta -1)
Conteúdo de Fe (µg planta-1)
64
1500
1000
500
0
38
45
52
59
66
73
80
87
= exp (18,87359 - 0,09318x - 32978,22881/x²) R² = 0,941
= exp (15,88605 - 0,05858x - 44860,42967/x²) R² = 0,999
= exp (15,76918 - 0,06416x - 26815,63052/x²) R² = 0,964
1200
94
101
Dias após a semeadura
900
600
300
0
38
45
52
59
66
73
80
87
94
101
Dias após a semeadura
Figura 4. Conteúdo de micronutrientes na parte aérea ( ), bulbo ( ) e planta toda ( ) de cebola, cv. Alfa
Tropical, cultivada por semeadura direta. Jaíba (MG), EPAMIG, 2001.
A máxima absorção diária dos nutrientes
pela planta ocorreu durante o período de pleno
desenvolvimento da parte aérea e bulbificação.
Nessa fase ocorre maior translocação de
fotoassimilados
para
formação
do
bulbo
(BREWSTER, 1994) e, consequentemente, maior
demanda por nutrientes, provavelmente devido ao
aumento da atividade metabólica associada à
atividade hormonal e à divisão e crescimento celular
para formação de novos tecidos (TAIZ; ZEIGER,
1991).
A alocação de nutrientes no bulbo foi
crescente até a colheita, exceto para Zn e Mn, que
ocorreu, respectivamente, aos 91 e 100 DAS. Foram
superiores às taxas de absorção pela planta para o N,
P, S, Ca, Mg e Zn, indicando uma maior
translocação desses nutrientes para os bulbos
(Figuras 3 e 4).
Cultivo por transplantio de mudas
O acúmulo de peso fresco na planta toda,
durante o crescimento, foi lento no início do ciclo.
Observou-se que até 74 DAS, as plantas não
alcançaram 10% da massa seca total da planta. Após
este período o acúmulo foi intensificado até 123
DAS, quando a planta atingiu o valor máximo de
90,40 g planta-1 (Figura 5A). O peso fresco da parte
aérea, também, teve seu acúmulo lento até 74 DAS,
atingindo o valor máximo, 53,73 g planta-1, 108
DAS; após este período ocorreu redução da ordem
de 33% até o final do ciclo, provavelmente, em
função da bulbificação e maturação dos bulbos.
Quanto aos bulbos, o acúmulo do peso fresco foi
lento até 88 DAS. Provavelmente seja devido ao
ínicio do período da bulbificação, uma vez que, a
partir deste momento, o acúmulo foi intensificado
até o final do ciclo, quando atingiu 52,93 g planta-1
(Figura 5A). Nos últimos 30 dias de ciclo, o peso
fresco do bulbo aumentou cerca de 4 vezes, ou seja,
um ganho aproximado de 40g (Figura 5A).
De maneira semelhante ao observado para o
peso fresco, o acúmulo de massa seca na planta toda
foi lento até 74 DAS, não alcançando 10% da massa
seca total da planta (Figura 5B). O crescimento da
planta foi intensificado a partir 74 DAS até 128
DAS (final do ciclo), quando atingiu o valor
máximo de 8,45 g planta-1. Em casa de vegetação, a
cultivar Baia Periforme apresentou crescimento
lento até os 85 DAS intensificando a partir daí até a
colheita aos 180 DAS (HAAG et al., 1970). No
Biosci. J., Uberlândia, v. 26, n. 1, p. 59-70, Jan./Feb. 2010
Crescimento e absorção...
VIDIGAL, S. M.; MOREIRA, M. A.; PEREIRA, P. R. G.
campo, Wiedenfeld (1994) observou crescimento
lento até 100 DAS para cultivares Y33, TG 502 e
TG 1015.
A massa seca da parte aérea aumentou
lentamente até 74 DAS, atingindo o valor máximo
4,47 g planta-1 aos 108 DAS, a partir do qual foi
reduzindo até o final do ciclo, como observado para
o peso fresco. A redução foi de 30%, e
provavelmente seja em razão da translocação de
A
15
= exp (17,06842 - 0,08042x - 51311,43816/x²) R² = 0,985
= exp (16,26436 - 0,05901x - 78146,33118/x²) R² = 0,996
= exp (12,25498 - 0,042x - 39103,65926/x²) R² = 0,993
-1
120
Massa seca (g planta )
-1
fotoassimilados e outros compostos para o bulbo, no
período de maturação do mesmo (BREWSTER,
1994), quando nas plantas de cebola, ocorrem a
senescência (murchamento e secamento das folhas).
Com o início da bulbificação, houve um
acúmulo rápido de massa seca a partir dos 88 DAS
(Figura 5B), alcançando máximo valor de 5,31 g
planta-1 na colheita.
B
150
Peso fresco (g planta )
65
90
60
30
0
52
59
66
73
80
87
94
101
108
115
122
= exp (13,15482 - 0,07164x - 45738,4002/x²) R² = 0,991
= exp (12,09693 - 0,04863x - 69395,69491/x²) R² = 0,994
= exp (8,31978 - 0,03221x - 33790,38308/x²) R² = 0,995
12
9
6
3
0
129
52
Dias após a semeadura
59
66
73
80
87
94
101
108
115
122
129
Dias após a semeadura
Figura 5. Acúmulo de peso fresco (A) e massa seca (B) da parte aérea ( ), bulbo ( ) e planta toda ( ) de
cebola, cv. Alfa Tropical, cultivada por transplantio de mudas. Jaíba (MG), EPAMIG, 2001.
A taxa de crescimento absoluto da planta
de cebola foi crescente até 103 DAS, atingindo o
valor máximo 0,348 g planta-1 dia-1 e a parte aérea
alcançou o valor máximo 0,313 g planta-1 dia-1 aos
96 DAS. O bulbo acumulou massa seca até 124
DAS, quando atingiu a taxa máxima de 0,296 g
planta-1 dia-1 (Figura 6).
-1
-1
Tx. crescimento absoluto (g planta dia )
0,45
0,36
Bulbo
0,27
Planta
0,18
0,09
Parte aérea
0,00
52
59
66
73
80
87
94
101
108
115
122
129
Dias após a semeadura
Figura 6. Taxa de crescimento absoluto da parte aérea ( ), bulbo ( ) e planta toda ( ) de cebola, cv. Alfa
Tropical, cultivada por transplantio de mudas. Jaíba (MG), EPAMIG, 2001.
Biosci. J., Uberlândia, v. 26, n. 1, p. 59-70, Jan./Feb. 2010
Crescimento e absorção...
VIDIGAL, S. M.; MOREIRA, M. A.; PEREIRA, P. R. G.
As curvas de absorção de nutrientes foram
semelhantes às curvas de crescimento (Figuras 7 e
8). O K foi o nutriente mais absorvido pela planta de
cebola, seguido do N e Ca, sendo que a quantidade
máxima absorvida pela planta inteira (parte aérea,
bulbo e raízes) desses três nutrientes foi estimada
N
60
= exp (20,01504 - 0,09522x - 55550,36596/x²) R² = 0,991
= exp (32,70859 - 0,15055x - 144089,04598/x²) R² = 0,991
= exp (15,1168 - 0,05659x - 43027,91666/x²) R² = 0,996
240
Conteúdo de P (mg planta-1)
Conteúdo de N (mg planta-1)
em 228,25 mg de K, 211,75 mg de N e 104,17 mg
de Ca por planta, aos 115, 115 e 117 DAS,
respectivamente (Figura 7). A quantidade máxima
estimada de S, P e Mg foi 35,59 mg, 33,35 mg e
14,67 mg por planta, aos 115, 126 e 117 DAS,
respectivamente (Figura 7).
P
320
160
80
= exp (12,18302 - 0,06019x - 35869,90836/x²) R² = 0,978
= exp (57,03663 - 0,29663x - 260786,6257/x²) R² = 0,982
= exp (10,80674 - 0,03871x - 38457,41631/x²) R² = 0,949
48
36
24
12
0
0
52
59
66
73
80
87
94
101
108
115
122
129
52
59
66
73
Dias após a semeadura
87
94
101
108
115
122
129
S
400
60
= exp (15,63349 - 0,06653x - 39079,70992/x²) R² = 0,979
= exp (74,65426 - 0,3866x - 337827,53097/x²) R² = 0,987
= exp (12,94547 - 0,04344x - 33319,57439/x²) R² = 0,948
320
Conteúdo de S (mg planta-1)
Conteúdo de K (mg planta-1)
80
Dias após a semeadura
K
240
160
80
= exp (15,02101 - 0,07613x - 43042,43076/x²) R² = 0,909
= exp (36,65853 - 0,18382x - 167254,2335/x²) R² = 0,982
= exp (12,25604 - 0,05027x - 38391,60902/x²) R² = 0,949
45
30
15
0
0
52
59
66
73
80
87
94
101
108
115
122
129
52
59
66
73
Dias após a semeadura
80
87
94
101
108
115
122
129
Dias após a semeadura
Ca
Mg
160
25
= exp (14,72536 - 0,06339x - 42109,38309/x²) R² = 0,992
= exp (50,38043 - 0,25777x - 224618,29489/x²) R² = 0,983
= exp (13,92363 - 0,05274x - 42532,41099/x²) R² = 0,982
120
Conteúdo de Mg (mg planta-1)
Conteúdo de Ca (mg planta-1)
66
80
40
= exp (14,78561 - 0,07837x - 48125,18787/x²) R² = 0,983
= exp (55,3759 - 0,29486x - 256579,95489/x²) R² = 0,992
= exp (13,11715 - 0,05956x - 47407,11514/x²) R² = 0,976
20
15
10
5
0
0
52
59
66
73
80
87
94
101
Dias após a semeadura
108
115
122
129
52
59
66
73
80
87
94
101
108
115
122
129
Dias após a semeadura
Figura 7. Conteúdo de macronutrientes na parte aérea ( ), bulbo ( ) e planta toda ( ) de cebola, cv. Alfa
Tropical, cultivada por transplantio de mudas. Jaíba (MG), EPAMIG, 2001.
Biosci. J., Uberlândia, v. 26, n. 1, p. 59-70, Jan./Feb. 2010
Crescimento e absorção...
VIDIGAL, S. M.; MOREIRA, M. A.; PEREIRA, P. R. G.
Cu
Zn
800
= exp (10,78252 - 0,02491x - 24350,33933/x²) R² = 0,799
= exp (19,17318 - 0,07867x - 85432,64696/x²) R² = 0,992
= exp (10,63059 - 0,02298x - 24126,54692/x²) R² = 0,823
640
Conteúdo de Zn (µg planta-1)
Conteúdo de Cu (µg planta-1)
800
480
320
160
= exp (19,66357 - 0,09116x - 54087,76971/x²) R² = 0,973
= exp (55,2513 - 0,27226x - 239094,52921/x²) R² = 0,979
= exp (17,60596 - 0,06343x - 55388,36791/x²) R² = 0,953
640
480
320
160
0
0
52
59
66
73
80
87
94
101
108
115
122
129
52
59
66
73
Dias após a semeadura
80
87
94
101
108
115
122
129
Dias após a semeadura
Fe
Mn
3200
1600
= exp (15,68577 - 0,05748x - 31278,94921/x²) R² = 0,865
= exp (22,79099 - 0,08798x - 76738,07133/x²) R² = 0,934
= exp (15,36482 - 0,0467x - 31049,93631/x²) R² = 0,911
2400
Conteúdo de Mn (µg planta -1)
Conteúdo de Fe (µg planta-1)
67
= exp (21,0754 - 0,08582x - 60439,23453/x²) R² = 0,962
= exp (78,06662 - 0,39894x - 347305,61528/x²) R² = 0,994
= exp (21,01156 - 0,08028x - 63681,69954/x²) R² = 0,968
1200
1600
800
0
800
400
0
52
59
66
73
80
87
94
101
108
115
122
129
Dias após a semeadura
52
59
66
73
80
87
94
101
108
115
122
129
Dias após a semeadura
Figura 8. Conteúdo de micronutrientes na parte aérea ( ), bulbo ( ) e planta toda ( ) de cebola, cv. Alfa
Tropical, cultivada por transplantio de mudas. Jaíba (MG), EPAMIG, 2001.
Os micronutrientes Fe, Mn, Cu e Zn foram
absorvidos em menores quantidades, sendo as
máximas absorções pela plantas estimadas em
2.125,39 µg de Fe, 1.060,79 µg de Mn, 500,99 µg
de Cu e 467,76 µg de Zn aos 110, 117, 128 e 120
DAS, respectivamente. (Figura 8, Tabela 2).
Tabela 2. Quantidade acumulada e taxa diária máxima de absorção e alocação de nutrientes na planta e no
bulbo de cebola, cv. Alfa Tropical em cultivo por transplantio de mudas. Jaíba (MG), EPAMIG,
2001.
Acúmulo máximo na Taxa máxima de Acúmulo máximo no Taxa máxima de
Nutriente
planta1
absorção da planta2
bulbo1
absorção do bulbo2
N
211,75
14,86
106,63
17,22
P
33,35
1,68
28,00
8,36
K
228,25
13,07
121,76
48,26
S
35,59
2,23
19,99
3,74
Ca
104,17
6,86
46,97
12,43
Mg
14,67
1,01
8,80
2,41
Cu
500,99
18,11
48,95
4,36
Fe
2.125,39
130,42
996,61
100,50
Mn
1.060,79
99,30
435,01
178,68
Zn
467,76
35,73
394,40
112,11
¹mg.planta-1 para os macro e µg.planta-1 para os micronutrientes; ²mg.planta-1.dia-1 para os macro e µg.planta-1.dia-1 para os
micronutrientes.
Biosci. J., Uberlândia, v. 26, n. 1, p. 59-70, Jan./Feb. 2010
Crescimento e absorção...
VIDIGAL, S. M.; MOREIRA, M. A.; PEREIRA, P. R. G.
A quantificação da distribuição dos
nutrientes nas partes da planta é importante para
estimar a exportação e a reciclagem deles,
dependendo das partes da planta que são retiradas da
área de cultivo. Do total absorvido pela planta, a
seqüência de acúmulo dos nutrientes pelo bulbo foi
de 50,35% (N); 83,98% (P); 53,34% (K); 45,09%
(Ca); 60,00% (Mg); 56,17% (S); 84,32% (Zn);
46,89% (Fe); 41,01% (Mn) e 9,77% (Cu). Assim,
Ca, Cu, Mn e Fe acumularam na parte aérea e N, P,
K, Mg, S e Zn no bulbo de cebola (Tabela 2)
Para a população de plantas de 700.000
plantas ha-1 e produtividade de 24.000 kg ha-1, as
quantidades estimadas de nutrientes exportados
pelos bulbos em kg ha-1 foram: 70,42 (N); 14,69 (P);
57,39 (K); 12,29 (S); 25,09 (Ca); 4,50 (Mg); 0,03
(Cu); 0,63 (Fe); 0,19 (Mn); e 0,21 (Zn). Portanto,
essas quantidades de nutrientes devem ser repostas
ao solo, enquanto que as quantidades extraídas pela
parte aérea da cebola poderão ser recicladas, caso a
incorporação seja feita ao solo após a colheita.
As quantidades diária de absorção de
nutrientes pela planta de cebola foi crescente até
100; 104; 96; 98; 101; 102; 96; 92; 105 e 107 DAS
para o N, P, K, S, Ca, Mg, Cu, Fe, Mn e Zn,
respectivamente, para depois decrescer (Figuras 7 e
8). A máxima absorção diária dos nutrientes pela
planta ocorreu durante o desenvolvimento
vegetativo e período de bulbificação, dos 74 aos 130
DAS. Nesse período, devido ao aumento da
68
atividade metabólica associada à atividade hormonal
e à divisão e crescimento celular, ocorre demanda
por nutrientes e fotoassimilados, uma vez que o
bulbo é dreno preferencial (BREWSTER, 1994).
As taxas máximas de alocação de nutrientes
no bulbo ocorreram entre 120 e 124 DAS, exceto
para o Cu que foi crescente até a colheita, 130 DAS.
A taxa de alocação no bulbo foi superior a taxa
diária de absorção pela planta para o N, P, K, S, Ca,
Mg, Mn e Zn, indicando a haver maior translocação
desses nutrientes (Tabela 2).
CONCLUSÕES
Independente do sistema de cultivo o
crescimento inicial foi lento, intensificando a partir
dos 56 e 74 dias após a semeadura, para o cultivo
em semeadura direta e transplantio de mudas,
respectivamente, e os nutrientes foram absorvidos
pela cebola na seguinte ordem: K > N > Ca > S > P
> Mg e Fe > Mn > Cu > Zn.
As diferenças no crescimento e quantidades
de nutrientes absorvidos pela planta cebola devemse exclusivamente ao sistema de cultivo.
AGRADECIMENTOS
À FAPEMIG pelo auxílio financeiro
concedido para a realização deste trabalho e pelas
bolsas de BIPDT e Pós Doutorado Júnior.
ABSTRACT: The direct sow and transplanting of seedlings have been used in the onion production, however
the growth, the uptake and export of nutrients, the productivity and the cycle of the culture are not very known, especially
in the summer. Like this, the purpose of this study was to characterize the growth of the plant and the uptake of nutrients
by the culture of onion in cropping systems: direct sow and transplanting of seedlings. Two experiments, direct sow and
transplanting of seedlings were carried out with producers of onion in Jaíba Project, the northern region of Minas Gerais,
in the summer. Each experiment was installed in the randomized block design, with four replications. The samplings of
plants were weekly collected, of the 45 to the 101 days after the sowing (DAS) for the direct sow and of the 59 to the 129
DAS for the transplanting of seedlings. In the plants were determined the fresh weight, the dry mass and the accumulation
of nutrients in the shoot, bulb and plant. The harvest in the system of direct sow occurred at 102 days with productivity of
24.3 t ha-1, and the transplanting of seedlings to 132 days with productivity of 24.0 t ha-1. Independent of the cropping
system the initial growth was slow, intensifying starting from the 56 and 74 days after the sowing, for the direct sow and
transplanting of seedlings, respectively and the nutrients were absorbed for the onion in the following order: K > N > Ca >
S > P > Mg and Fe > Mn > Cu > Zn. The differences in the growth and amounts of nutrients absorbed by the plant onion
are due exclusively to the cultivation system.
KEYWORDS: Allium cepa. Mineral nutrition. Propagation.
REFERÊNCIAS
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