paracetamol: riscos de hepatotoxicidade e interações

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CENTRO DE FARMACOVIGILÂNCIA DO CEARÁ
(CEFACE)
INFORME Nº 14
JULHO-04
EM FARMACOVIGILÂNCIA
PARACETAMOL: RISCOS DE HEPATOTOXICIDADE
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
O paracetamol é um medicamento de venda livre,
de ação antipirética e analgésica, com fraca ação
antinflamatória.. É considerada a principal causa de
insuficiência hepática na Grã-Bretanha e EUA, seja de
forma acidental ou uso abusivo, e principal causa de
morte por medicamentos relatada à Academia Americana
de Pediatria (AAP). Encontra-se dentre os medicamentos
mais consumidos no Brasil, principalmente na cidade de
Fortaleza.
A dose recomendada pelo Food Drug
Administration (FDA) para adultos é de 325-650mg e
para crianças menores que 12 anos de 10-15mg/kg/dose
ambas com intervalos de 4 - 6h. A dose diária limite para
adultos é 4 gramas, ao passo que para crianças é
75mg/Kg1.
A insuficiência hepática está relacionada com o
metabolismo do paracetamol pela via citocromo P-450.
Sabe-se que a glutationa é a responsável pela
neutralização do potencial tóxico do paracetamol2. Como
as crianças normalmente apresentam altos estoques de
glutationa esperaria-se que estas fossem menos
vulneráveis ao paracetamol; entretanto, estados de febre
prolongada, diarréia, vômitos, ou subnutrição baixam os
níveis de glutationa o que torna as crianças tão suscetíveis
quanto os adultos.Segundo a literatura, a droga pode
causar danos hepáticos severos além de icterícia. A
hepatotoxicidade, que pode levar à falência hepática
fulminante, constitui-se uma manifestação tardia de difícil
tratamento para recuperação do fígado e é observada
principalmente na interação entre o paracetamol e o uso
de álcool. A indução enzimática mediada pelo álcool da
citocromo P-450 hepática em combinação com a
depleção de glutationa é particularmente importante neste
caso. O consumo crônico ao nível de 3 ou mais
drinques/dia eleva o risco, devido ao nível tóxico ou
terapêutico
elevado
do
paracetamol2.
O
comprometimento irreversível desse órgão é resultado do
acúmulo de
N-acetil-pbenzoquinonaimina (NAPBQI), metabólito
E
extremamente tóxico do paracetamol às células
hepáticas3. Uma atenção adicional deve ser dada às
numerosas associações que contenham paracetamol já que
o usuário/paciente geralmente não observa ou desconhece
a formulação fazendo uso concomitante com o
paracetamol em formulação única, aumentando ainda
mais o risco hepático com sobrecarga do fármaco no
organismo.
Outras interações medicamentosas: diflunisal
(derivado do àcido salicílico) aumenta a concentração
sanguínea de paracetamol. Contraceptivos orais e
antiácidos reduzem o efeito terapêutico do paracetamol.
Administração concomitante de paracetamol com
zidovudina leva a potencialização da toxicicidade de
ambas. Drogas capazes de ativar enzimas microssomais
hepáticas, como fenobarbital e isoniazida, aumentam o
efeito hepatotóxico do paracetamol. Cafeína pode
aumentar o efeito terapêutico, devendo ser evitado uso
concomitante4,5.
Segue abaixo, outros tipos de reações adversas ao
produto identificadas na literatura, bem como, os grupos
de risco a serem considerados5:
REAÇÕES
Hematológicas: anemia hemolítica, neutropenia,
leucopenia, pancitopenia, trombocitopenia (raras).
Hepáticas: icterícia, danos severos hepáticos (doses
tóxicas).
Renais: necrose tubular renal (tratamento prolongado).
Metabólicas: hipoglicemia, principalmente em crianças.
Dermatológicas: rash, urticária.
GRUPOS DE RISCO
Pacientes com infecção viral, caquéticos, em uso de
álcool, hepatopatas e nefropatas
Considerando a importância das informações a respeito
desse medicamento e/ou associações que o contenha,
notifiquem suspeitas de reações adversas do mesmo, através
da Ficha Amarela de Notificação ou pelos telefones (0XX85)
288-8276 (FAX) ou (0XX85) 288-8242. Se você ainda não
tem ficha de notificação, solicite-nos!
E-mail:
[email protected].
Bibliografia consultada: 1. .www.fda.gov.br; Drug Information Handbook, 2000/2001. p,18-19 2. Goodman & Gilman, As Bases Farmacológicas da
Terapêutica, 8ª edição; 2. KATZUNG, B.G.; Basic and Clinical Pharmacology. 8ª edição. International edition-2001; 3.Fuchs, F.D.; Wannmacher, L. Farmacologia
Clínica, 2ª edição; 4. DUKES, M. N. G.; ARONSON, J. K. – Meyler´s Side Effects of Drugs Rang & Dale, Farmacologia, 4ª edição, 2001; 5. Pharmacist’s Drug
Handbook, 2001.
Responsável: Antônio Vinicios Alves (acadêmico de Farmácia), Eudiana Vale Francelino (Farmacêutica do CEFACE).
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