FILOSOFIA CLÁSSICA: SÓCRATES E PLATÃO (3ª SÉRIE

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FILOSOFIA CLÁSSICA: SÓCRATES E PLATÃO (3ª SÉRIE)
SÓCRATES (469-399 a.C.) CONTRA OS SOFISTAS
Sofistas não são filósofos: não têm amor pela sabedoria e nem respeito pela verdade.
Ensinavam a defender o que fosse mais vantajoso e não a verdade.
Sofistas: erro e mentira valem tanto quanto a verdade.
A ESSÊNCIA HUMANA E A ÉTICA SOCRÁTICA
Sócrates jovem se interessa pelos Naturalistas, depois se afasta: problemas do “princípio” (se
contradizem, chegando a problemas insolúveis).
Sócrates se dedica à questão relacionada à natureza humana: o que constitui a natureza do Homem? Qual
sua essência?
Segundo Sócrates, a essência do ser humano é a sua Alma (Psiqué), Razão, Inteligência, Consciência
(personalidade intelectual e moral).
Razão: é nela que se devem fundamentar as normas e costumes morais.
A ética socrática é racionalista: o homem que age conforme a razão age corretamente.
Causa do mal: ignorância. O homem só faz o mal por desconhecer o bem.
BASE DA VIRTUDE: O AUTODOMÍNIO
Autodomínio: domínio da própria racionalidade sobre a própria animalidade (instintos, desejos, impulsos,
vontades).
Autodomínio: tornar a alma senhora do corpo e dos instintos ligados ao corpo.
Liberdade humana: domínio da racionalidade sobre a animalidade.
O verdadeiro homem livre é aquele que sabe dominar seus instintos através da razão.
MÉTODO INVESTIGATIVO-DIALÓGICO SOCRÁTICO: IRONIA E MAIÊUTICA
Diálogo: permite chegar a um conhecimento mais profundo.
Estrutura do diálogo: Ironia e Maiêutica.
Ironia: para Sócrates, a ironia consiste em perguntar, simulando não saber. Desse modo, o interlocutor
expõe sua opinião, à qual Sócrates contrapõe argumentos que o fazem perceber as contradições e
inconsistências de suas afirmações.
Objetivo da Ironia: revelar os preconceitos e as opiniões equivocadas do interlocutor (reconheça a própria
ignorância) e criar o estímulo para a busca do conhecimento.
Maiêutica: do grego maieutiké, "arte de fazer um parto".
Objetivo da Maiêutica: abandonar seus preconceitos e as opiniões alheias, para que a indivíduo passe a
pensar por si mesmo, dar à luz as suas próprias ideias.
“SÓ SEI QUE NADA SEI”
Sócrates questionava ideias, valores, práticas e comportamentos que os atenienses julgavam certos e
verdadeiros.
Irritava os interlocutores: quando tentavam responder, descobriam que não sabiam, e que nunca tinham
refletido sobre suas crenças, seus valores e suas ideias.
Mas era isso o que Sócrates queria: que as pessoas tivessem consciência da própria ignorância.
A consciência da própria ignorância é o começo da busca pelo conhecimento, é o começo da Filosofia.
SÓCRATES: PERIGOSO?
Os poderosos têm medo do pensamento: o poder é mais forte se ninguém pensar, se todo mundo aceitar as
coisas como elas são.
Sócrates tornou-se perigoso: fazia a juventude pensar.
Sócrates foi acusado de corromper a juventude, de desrespeitar os deuses e de violar as leis de Atenas.
O JULGAMENTO DE SÓCRATES
500 ou 501 atenienses participaram do julgamento.
Provou a inconsistência das acusações.
Preconceito (corruptor da juventude), raiva dos que tiveram a ignorância revelada.
Condenado por uma diferença de 60 votos.
Optar por aceitar a pena (solicitada pelos acusadores Melito, Ânito e Lição), ou solicitar outra pena.
Ele aceita a condenação: “O que vão exigir de mim? Que eu pare de filosofar?”
“Prefiro a morte a ter que renunciar à Filosofia, pois uma vida sem reflexão não vale a pena ser vivida”.
Condenado a morte: ingerir um veneno chamado cicuta.
PLATÃO (427-347 a.C.).
DIALÉTICA PLATÔNICA E MÉTODO DOS GEÔMETRAS.
Diálogo: embate entre teses (não apenas interrogação e refutação, como era o socrático).
Suba progressivamente do plano relativo e instável das opiniões até a construção de formas mais seguras
de conhecimento, rumo à conquista da verdade.
Uma dialética ascendente: o embate dos argumentos aperfeiçoa a tese.
PLATÃO: TEORIA DAS IDEIAS.
Como principal consequência da utilização do “método dos geômetras”, Platão propõe que se afirme
hipoteticamente a existência de “formas” ou “essências” ou “ideias”, que seriam os modelos eternos das
coisas sensíveis. Essas essências seriam incorpóreas e imutáveis, existindo em si mesmas.
Mundo Sensível: corresponde à matéria, é o mundo físico. As coisas e fatos do mundo sensível são
temporárias, mutáveis e corruptíveis (o mundo de Heráclito);
O Mundo Inteligível (Formas ou Ideias): mundo das essências, das ideias imutáveis, das formas perfeitas,
eternas, verdadeiras (o mundo de Parmênides).
O que encontramos no mundo físico são exemplos imperfeitos, cópias, imitações, sombras de Formas
absolutas imutáveis que existem no Mundo das Ideias.
Cada coisa corpórea e mutável seria o que ela é (uma cadeira, por exemplo) porque participa da essência
que lhe serve de modelo (a cadeira-em-si, a essência ou “ideia” de cadeira).
Uma cadeira que vemos ou tocamos pode ser de madeira ou metal, desta ou daquela cor, deste ou daquele
formato; ela muda, envelhece, é destruída com o tempo. Já a essência de cadeira permanece sempre a
mesma.
Não podemos apreender com os sentidos a essência ou “ideia” incorpórea e intemporal, pois nossos
sentidos só captam o material. Mas podemos alcançá-la com o intelecto: ela é inteligível.
Existe outra classe de Formas compostas de ideais normativos tais como Beleza, Bondade, Justiça e
Verdade. Por exemplo, nós aplicamos a palavra BELO a muitos atos humanos particulares. O que baseia
julgamentos como esse? A resposta de Platão é que nós já temos uma ideia da Forma ou padrão de
BELEZA em nossa mente.
TEORIA DA REMINISCÊNCIA: CONHECIMENTO COMO RECORDAÇÃO.
Teoria da Reminiscência: Sócrates dialoga com um jovem escravo e consegue com que ele demonstre
sozinho um difícil teorema de geometria (o teorema de Pitágoras).
O conhecimento é inato, já nascemos com ele (concordando com a maiêutica, na maiêutica o indivíduo
também já possui o conhecimento verdadeiro).
Platão afirma que nós nascemos com a razão e com as ideias verdadeiras, e a Filosofia nada mais faz do
que nos relembrar essas ideias.
O corpo é finito, mas a alma humana é imortal.
A alma tem existência própria, ela existe independente do corpo.
Platão apresenta uma posição dualista da realidade: defende a oposição entre o Mundo Sensível e o
Mundo Inteligível (Mundo das Ideias).
Conhecimento do Mundo Sensível é ilusório.
Conhecimento verdadeiro está no Mundo Inteligível (das Ideias): somente quando ascendemos ao Mundo
das Ideias é que alcançamos o conhecimento verdadeiro.
Processo de conhecimento: passagem progressiva do Mundo Sensível para o Inteligível.
Por meio da razão.
O MITO DA CAVERNA: A REPÚBLICA
O interior da caverna: Mundo Sensível (onde está o conhecimento ilusório).
O exterior da caverna: Mundo das Ideias (onde reside o conhecimento verdadeiro).
O Mito da Caverna: percurso que o indivíduo realiza para chegar ao conhecimento verdadeiro (progride
do Mundo Sensível para o Mundo das Ideias).
O Mito da Caverna: processo de emancipação intelectual que a filosofia é capaz de promover, libertando
o indivíduo das sombras da ignorância.
O prisioneiro que se liberta e contempla a realidade, e depois deve voltar para libertar seus companheiros,
representa o filósofo.
A HIERARQUIA DAS IDEIAS PERFEITAS: A IDEIA DE BEM, A “SUPERESSÊNCIA”.
Platão considera que, usando o conhecimento dialético, o filósofo pode atingir as essências eternas. E,
seguindo as articulações que ligam determinadas essências a determinadas essências, vai conquistando
essências cada vez mais gerais.
Até que, por fim, contempla aquele absoluto, uma superessência. Na República, Platão o denomina de
Bem. Ele seria a fonte de toda luz, fazendo com que os objetos possam ser conhecidos e que nós
possamos conhecê-los. É como o Sol.
Sócrates [a Glaucon] — [...] é minha opinião que nos derradeiros limites do mundo inteligível está a ideia
de Bem, [...] ela é a causa universal de tudo que existe de bem e de belo; que no mundo sensível é ela que
cria a luz e o dispensador da luz; e que no mundo inteligível é ela que desperta e ocasiona a verdade e a
inteligência, e que é necessário vê-la para se conduzir com sabedoria tanto na vida particular quanto na
vida pública (República).
O DEMIURGO E A CRIAÇÃO DO MUNDO SENSÍVEL
Para Platão, tudo o que foi feito deve ter tido um princípio originador, uma causa.
Mundo Sensível (o nosso mundo): Demiurgo (uma espécie de “grande construtor”, alguns pesquisadores
o traduzem como um “deus artesão”).
Esse Demiurgo teria se baseado nas ideias eternas e perfeitas do Mundo Inteligível, usando-as como
modelo para criar as coisas e seres do Mundo Sensível.
A CONCEPÇÃO ESTÉTICA DE PLATÃO: A ARTE COMO MÍMESIS (IMITAÇÃO)
Platão: atitude negativa diante da arte, considerando-a inferior à filosofia.
No livro décimo da obra A República, Platão considera toda expressão da arte uma „imitação‟ de
realidades sensíveis (homens, coisas, fatos e acontecimento diversos).
Realidades sensíveis (existentes no mundo sensível): são imagens, sombras, cópias das Ideias Verdadeiras
existentes no Mundo Inteligível.
Platão: a arte consiste numa imitação dos seres do mundo sensível que, por sua vez, são sombras das
Ideias do Mundo Inteligível, a arte representará uma cópia da cópia.
AS PARTES DA ALMA
Caminho da felicidade: abandono das ilusões dos sentidos em direção ao Mundo das Ideias, até alcançar
o conhecimento supremo da realidade, correspondente à ideia do Bem.
Felicidade: subordinação e harmonia das 3 partes da alma.
Alma concupiscente (cobiça): situada no ventre, ligada aos desejos;
Alma irascível (ira): situada no peito, vinculada às paixões (sentimentos, emoções);
Alma racional: situada na cabeça e relacionada com o conhecimento
Educação: equilíbrio hierárquico entre as 3 partes da alma
Alma racional controla as demais.
PLATÃO: ANALOGIA ENTRE O INDIVÍDUO E A CIDADE
Cidade: 3 grupos sociais.
Governantes (magistrados): guiados pela razão, responsáveis pelo governo da cidade, elaboração das leis
= alma racional.
Guardiões (guerreiros): responsáveis pela defesa e segurança da cidade (soldados) = alma irascível.
Produtores (trabalhadores): comerciantes, artesãos, agricultores, criadores de animais = alma passional.
Justiça da cidade: equilíbrio desses 3 grupos (cada grupo deve cumprir sua função).
OS REIS-FILÓSOFOS
Governantes: justo, conhece as implicações e mecanismos das ações justas (fornecidos pelo conhecimento
filosófico).
As classes (guerreiros e trabalhadores) se subordinariam aos governantes pelo bem comum da cidade.
Aristocracia: aristói (grego): melhores.
Aristocracia (não ligada a riqueza): ligada à sabedoria (saber legitima o poder).
Reis-filósofos: bem comum (justiça).
FELICIDADE EM PLATÃO: A ALMA RACIONAL
Vida feliz: alma racional regula a irascível, e esta controla a concupiscente;
Primazia da parte racional sobre as demais;
Preparação corporal e intelectual:
Ginástica: atividade física por meio da qual a pessoa dominaria as inclinações negativas do corpo;
Dialética: investigação dialógica (baseada no diálogo), uma técnica de investigação conjunta, feita através
da colaboração de duas ou mais pessoas, um instrumento de busca da verdade.
A ENTRADA DA ALMA NO MUNDO INTELIGÍVEL
Por meio dessas práticas (ginástica e dialética) a alma humana conheceria o Mundo Inteligível (Mundo
das Ideias).
Contemplar as ideias perfeitas até atingir a ideia suprema: a ideia do BEM.
Supremacia do Bem: o Bem é a causa de todas as coisas justas e belas que existem (e outras ideias
perfeitas como JUSTIÇA, BELEZA, CORAGEM, FELICIDADE).
Platão: felicidade como resultado de uma vida dedicada a um conhecimento progressivo até se atingir a
ideia do BEM.
Conhecimento = Bondade = Felicidade.
REFERÊNCIAS
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: introdução à filosofia.
São Paulo: Moderna, 2009.
COTRIM, Gilberto; FERNANDES, Mirna. Conecte filosofar: filosofia. São Paulo: Saraiva, 2011.
REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da Filosofia: filosofia pagã antiga. São Paulo: Paulus,
2003.
PLATÃO. Diálogos: Platão. Seleção de textos de José Américo Motta Pessanha; tradução e notas de José
Cavalcante de Souza, Jorge Paleikat e João Cruz Costa. 5ª ed. São Paulo: Nova Cultural, 1991 (Coleção:
Os pensadores).
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