"trauma". - Faculdade Redentor

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Sociedade Universitária Redentor
Faculdade Redentor
Pós-Graduação Lato Sensu em Urgência e Emergência
A ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NO TRATAMENTO DE PACIENTES COM
TRAUMATISMO CRANIANO
THE ROLE OF NURSES IN THE TREATMENT OF PATIENTS WITH CRANIAL
TRAUMA
Ana Flávia de Melo Batista
Enfermeira, Universidade Presidente Antônio Carlos - UNIPAC
[email protected]
Gisele Simas dos Santos, M.Sc
Orientadora
Enfermeira – UFF
Pós Graduada em Terapia Intensiva e Educação – UFJF
Pós-Graduada em Formação Pedagógica em Educação
Profissional na Área de Saúde - ENSP/FIOCRUZ/UFF
Mestre em Ciências da Saúde – UNIPLI
Rodovia BR 356, Nº 25, Cidade Nova, Itaperuna-RJ, 28300-000
Tel: 32 99595254
[email protected]
RESUMO
O artigo buscou refletir sobre a contribuição do enfermeiro no tratamento de
pacientes com traumatismo craniano. O objetivo geral do estudo foi analisar a
importância da atuação do enfermeiro no tratamento de pacientes com traumatismo
craniano tendo como objetivos específicos definir traumatismo craniano, demonstrar
as diferentes classificações existentes de traumatismos cranianos e refletir sobre a
contribuição do enfermeiro no tratamento do traumatismo craniano no setor de
urgência e emergência. A metodologia utilizada teve o cunho exploratório qualitativo
de revisão bibliográfica. Considerou-se ao fim do estudo realizado que a contribuição
do enfermeiro foi demonstrada como necessária para o tratamento de pacientes com
traumatismo craniano, evidenciando assim, que, o trabalho realizado por estes
profissionais contribui significativamente para a redução das consequências dos
diferentes traumas existentes, além de possibilitar o acolhimento e a atenção
necessária as famílias que acompanham as vítimas e necessitam ser cuidadas.
Palavras Chaves: Traumatismo craniano; Enfermagem; Classificação de traumas
ABSTRACT
The article sought to reflect on the contribution of nurses to treat patients with head
injury. The overall objective of the study was to analyze the importance of nurses'
performance in treating patients with head injury with specific objectives set head
injury, demonstrate the different existing classifications of head injury and reflect on
the contribution of nurses in the treatment of head injury in the sector urgency and
emergency. The methodology used was the exploratory qualitative literature review.
It was considered the end of the study the contribution of the nurse was shown to be
necessary for the treatment of patients with head injury, thus evidencing that the
work of these professionals contributes significantly to reduce the consequences of
different existing trauma, and to enable the necessary care and attention that come
with the families and victims need to be cared for.
Keywords: Head injury, nursing, trauma rating
1 INTRODUÇÃO
O traumatismo craniano, segundo estudos já realizados, é responsável por
cerca de 40% dos óbitos no Brasil, sendo estes referentes a acidentes ciclísticos,
agressões físicas, quedas, lesões por armas de fogo, além dos acidentes em
trânsitos, o que se faz comuns no país, principalmente pela falta de consciência dos
motoristas e as condições das estradas (MELO et al, 2004).
O cérebro é protegido por uma caixa óssea: o crânio. Este órgão é o mais
nobre e sensível do corpo humano, o qual tem a menor chance de
recuperação após sofrer a lesão de qualquer tipo de traumatismo
(SAMOGIM, SOUZA e MOUCO, 2011, p. 225).
No entanto, faz-se relevante salientar que, em países como os Estados
Unidos, as vítimas de traumatismo craniano apresentam maior incidência de óbitos,
inclusive no Brasil. A frequência dos acidentes que resultam em traumatismo
craniano se encontra relacionados ao trânsito, seguido por quedas, sendo mais
frequente na população masculina (SAMOGIM, SOUZA e MOUCO, 2011).
Dessa maneira, o fato de que, o traumatismo craniano ser considerado um
fator de preocupação para os profissionais da saúde, suas consequências e
sequelas podem promover desde a perda de qualidade de vida dos pacientes até
mesmo ao óbito, mediante a gravidade do caso apresentado.
Por se tratar de lesões diretamente ao cérebro, o traumatismo craniano afeta
partes vitais do corpo humano, o que deve ser analisado por profissionais
capacitados para que as providências necessárias sejam realizadas de forma a
impedir o surgimento de conseqüências mais agravantes que podem colocar em
risco a saúde e a vida do paciente.
Dentro desse contexto, surge a seguinte indagação: Quais os cuidados que
os enfermeiros podem realizar no setor de urgência e emergência junto aos
pacientes com traumatismo craniano?
O objetivo geral do estudo busca analisar a importância da contribuição do
enfermeiro no tratamento de pacientes com traumatismo craniano.
Os objetivos específicos visaram apresentar a definição de traumatismo
craniano; demonstrar as diferentes classificações existentes de traumatismos
cranianos; refletir sobre a contribuição do enfermeiro no tratamento do traumatismo
craniano no setor de urgência e emergência.
Justifica-se a escolha do tema proposto, pela necessidade da busca em
compreender a importância da participação do enfermeiro no tratamento de
pacientes com traumatismo craniano, já que se faz comprovada o alto índice de
atendimento de pacientes com traumatismo craniano, decorrente principalmente de
acidentes de trânsito. De acordo com Stefano (2009), o índice de acidentes de
trânsito com vítimas com traumatismo craniano vem sendo observado com
preocupação, principalmente pelos motoristas que insistem em não utilizar os
equipamentos de segurança obrigatórios, como o capacete, no caso de motos e o
cinto de segurança nos veículos.
Por meio dos conhecimentos apresentados pelos enfermeiros, o estudo busca
demonstrar que a sua contribuição é significativa, desenvolvendo assim, os seus
conhecimentos técnico-científicos, em conjunto com as equipes de multiprofissionais
que realizam a missão de salvar vidas em casos graves, que requer todo o cuidado
e conhecimento em prol da vida dos pacientes.
O estudo possui a pretensão de aguçar a reflexão sobre o tema proposto,
propiciando a abertura de novas discussões com o intuito de promover o
desenvolvimento de novos conceitos frente a contribuição do enfermeiro no
tratamento de pacientes com traumatismo craniano nas unidades de urgência e
emergência.
2 METODOLOGIA
Este artigo possui a característica de cunho exploratório qualitativo de revisão
bibliográfica.
A pesquisa exploratória qualitativa se apresenta como sendo Investigações
de pesquisa empírica cujo objetivo é a formulação de questões ou de um
problema, com tripla finalidade desenvolver hipóteses, aumentar a
familiaridade do pesquisador com um ambiente, fato ou fenômeno, para a
realização de uma pesquisa futura mais precisa ou modificar e clarificar
conceitos (LAKATOS e MARCONI, 2009, p. 188).
O procedimento utilizado para o desenvolvimento do artigo, evidenciando a
coleta de dados, respalda-se na busca por artigos, dissertações, teses que possuem
referência sobre o assunto apresentado, delimitando a pesquisa através da
utilização de referências entre 2000 a 2011, para que se pudessem evidenciar com o
estudo os avanços em torno do tema abordado.
Em relação ao procedimento para a coleta dos dados, foram selecionados
artigos científicos, utilizando sites como Scielo; Acadêmicos; Bireme, onde foram
selecionados 15 artigos e utilizados 10 artigos para o desenvolvimento do presente
artigo. Os descritores utilizados para a pesquisa dos artigos selecionados foram:
enfermagem; traumatismo craniano; classificação dos traumas.
3 DESENVOLVIMENTO
3.1 O traumatismo craniano
O traumatismo craniano é apresentado como sendo uma das lesões
responsáveis pelo maior número de óbitos por todo o mundo, sendo ele apresentado
como conseqüência de fortes impactos na região craniana, a qual mesmo sendo
considerada uma das partes mais resistentes do corpo, ao ser atingido, pode
promover conseqüências graves ao ser humano, já que, todas as funções vitais dos
indivíduos são comandadas pelo cérebro.
O crânio humano é uma caixa onde se situa o cérebro e os órgãos dos
sentidos. Sua formação é de 22 ossos separados, que se encontram ao
longo das linhas chamadas suturas, as quais desaparecem ao longo dos 30
anos de idade. Para que essa estrutura de emaranhados ossos se torna
mais fortes como frontais, occipitais e esfenóides, fundem-se num osso
único, mas quando lesado, é o de menor chance de recuperação
(SAMOGIM, SOUZA e MOUCO, 2011, p. 226).
A preocupação em relação ao traumatismo craniano apresenta-se relacionado
ao fato de que, o sistema nervoso é apresentado como sendo parte do cérebro, e
responsável pelo funcionamento do organismo, sendo identificado como sua
principal função o recebimento e a identificação das condições externas e internas
do organismo, o que promove a resposta dos estímulos que são realizados no
cotidiano de todo e qualquer indivíduo.
Salienta-se ainda o fato de que, mesmo sendo abordado pela literatura
existente que os principais causadores do traumatismo craniano estejam
relacionados a acidentes, faz-se necessário compreender que existem os motivos
psíquicos que contribuem para o surgimento do trauma, como o estresse, os
choques emocionais ou mesmo decepções e frustrações vivenciadas.
Dentro desse contexto, a preocupação em relação aos pacientes com
sintomas de traumatismo craniano, se faz em decorrência das seqüelas que podem
surgir mediante a identificação do trauma, uma vez que, é preciso haver o
diagnóstico preciso das condições de saúde do paciente para que se possam ser
realizados os procedimentos necessários visando à recuperação do paciente.
Os principais sintomas do traumatismo craniano são apresentadas por Veiga
et al (2011) como sendo:
Sistêmicas: hipertensão, hipóxia, hiper ou hipocapnia, anemia, febre,
hiperglicemia, hiponatremia, sepse e coagulopatia.
Intracranianas: hematomas, edema cerebral, hipertensão intracraniana,
herniação cerebral, vasoespasmo, hidrocefalia, infecções, convulsões,
lesões vasculares cerebrais (VEIGA et al, 2011, p. 01).
Porém, de acordo com Samogim, Souza e Mouco (2011, p. 227) “o trauma
craniano também é chamado de lesão cerebral ou lesão na cabeça podendo ocorrer
imediatamente após o acidente, ou se desenvolver lentamente após várias horas”.
Como o trauma craniano não se apresenta de fácil constatação devido ao seu
estágio de apresentação, podendo ocorrer em seguida ao acidente ou horas após,
faz-se necessário que os profissionais da saúde estejam preparados para a
verificação dos sintomas, para que, após a constatação do trauma, os
procedimentos possam ser efetivados de maneira rápida, desencadeando o
atendimento preciso e eficiente ao paciente que requer cuidados emergenciais como
meio de não agravar o seu quadro de saúde.
Para tanto, faz-se necessário identificar os tipos de traumas cranianos
existentes, para que dessa maneira, se possa compreender a importância do
conhecimento dos sintomas referentes aos diferentes tipos de lesões.
3.2 Classificação dos traumas cranianos
Os traumatismos cranianos podem ser classificados em três categorias,
sendo elas, de acordo com a natureza do ferimento do crânio: traumatismo craniano
fechado; fratura com afundamento do crânio; e, fratura exposta do crânio
(PROVENZANO, 2009).
Para Samogim, Souza e Mouco (2011) a classificação do trauma
craniencefálico, é de extrema importância para o seu entendimento, pois a equipe
multiprofissional envolvida em seu entendimento tem de ter ações coerentes e
dinâmicas para que o trauma evidenciado seja executado de forma rápida e
satisfatória.
Aproximadamente 60% dos pacientes que sobrevivem a traumas cranianos
têm seqüelas significativas com déficit motor e cognitivo, trazendo grande
impacto socioeconômico e emocional aos pacientes e seus familiares
(GENTILE et al, 2011, p. 75).
O paciente, vítima de traumatismo craniano apresenta condições debilitadas,
o que prejudica ainda o seu psicológico, relacionando as reações referentes à autoestima, motivação e socialização.
Para tanto, o estudo apresenta os níveis de traumatismo craniano existentes,
apresentando-os como: trauma cranioencefálico leve; trauma craniencefálico leve e
de baixo risco; trauma crânio encefálico leve e de médio risco; trauma
cranioencefálico de alto risco; trauma cranioencefálico moderado; e, trauma
cranioencefálico grave.
3.2.1 Trauma cranioencefálico leve
Aproximadamente 80% dos pacientes com trauma cranioencefálico são
classificados com trauma leve, e, apenas 3% dos pacientes apresentam piora em
seu quadro com disfunção neurológica grave (GENTILE et al, 2011).
Salienta-se que, a classificação do traumatismo craniano leve, permeia a
verificação da escala neurológica que se apresenta como a mais confiável e utilizada
pelos profissionais da saúde, seno esta embasada nos estudos realizados por
Glasgow.
As variáveis referentes à escola de coma de Glasgow, são apresentadas por
Samogim, Souza e Mouco (2011), como sendo:
Quadro 01: Escala de Coma de Glasgow
Variáveis
Espontânea
Abertura ocular
À voz
À dor
Nenhuma
Orientada
Confusa
Resposta verbal
Palavras inapropriadas
Palavras incompreensíveis
Nenhuma
Obedece a comandos
Localiza dor
Resposta motora
Movimento de retirada
Flexão anormal
Extensão anormal
Nenhuma
TOTAL MÁXIMO
15
Escore
4
3
2
1
5
4
3
2
1
6
5
4
3
2
1
TOTAL MÍNIMO
03
FONTE: MCARDLE, KATCH, e KATCH (1998, p. 327) apud SAMOGIM, SOUZA e MOUCO
(2011, p. 228).
A escola de Glasgow oficialmente publicada em 1974, utilizada até hoje,
promove a avaliação da profundidade e duração clínica de inconsciência e
coma. Tem como base avaliação ocular, verbal e motor, em que suas
classificações tem scores, cuja somatória avalia o nível de consciência do
indivíduo (SAMOGIM, SOUZA e MOUCO, 2011, p. 228).
Percebe-se que, mediante a escala apresentada, salienta-se o fato de que,
cada variável observada corresponde a um sintoma que é avaliado, utilizando a
pontuação como meio de promover a verificação do estágio de desenvolvimento do
traumatismo craniano que se apresenta o paciente.
3.2.2 Trauma cranioencefálico leve e de baixo risco
Trata-se do trauma que apresenta baixo risco de seqüelas, sendo
apresentado em decorrência do score, pontuação entre 14 a 15 pontos durante a
avaliação, podendo ser assintomáticos não apresentando alterações neurológicas.
Os critérios para a indicação do traumatismo craniano leve de baixo risco
são: ECG menor de 15, vômitos, amnésia, uso de álcool ou drogas ilícitas,
idosos com mais de 60 anos, crianças pequenas e pacientes com
coagulopatias ou em uso de coagulantes (GENTILE et al, 2011, p. 77).
Vislumbra-se, ainda o fato de que, as fraturas de crânios mais visíveis se
apresentam em adultos, ocorrendo de maneira linear, o que justifica ser a faixa
etária adulta, a maior incidência de constatação de traumatismos cranianos.
3.2.3 Trauma craniencefálico leve e de médio risco
Correspondem aos pacientes que sofrem acidentes graves ou fatais, os
principais sintomas se referem a equimoses órtitopalpebral, lesão de couro
cabeludo, intoxicação por álcool ou drogas de abuso, cefaléia progressiva, vômitos e
náuseas, perda momentânea da consciência ou desorientação têmporoespacial
(GENTILE et al, 2011).
Ressalta-se ainda que, as seqüelas relacionadas ao traumatismo craniano
leve e de médio risco necessitam ser acompanhadas pelos profissionais da saúde,
permitindo assim, que, por meio da contribuição do enfermeiro, se possa observar o
avanço do traumatismo, para que se realizem ações que visem paralisar o seu
desenvolvimento.
3.2.4 Trauma craniencefálico leve de alto risco
Segundo Figueiredo e Vieira (2006) a fratura de base de crânio com maior
gravidade e tensão evidencia-se por extravasamento de líquido cérebro-espinhal
que inunda o espaço subaracnóide, e posterior extravasamento para os seios da
face, nariz e ouvido.
São considerados pacientes com trauma leve de alto risco pela
possibilidade do desenvolvimento da lesão: crianças espancadas, gestantes
e pacientes com distúrbios da coagulação, pacientes com fístula liquóricas
com ou sem débito de líquor, lesões patequiais sugestivas de embolia
gordurosa, piora do nível de consciência, síndrome de irritação meníngea,
distúrbios de funções motoras superiores, ferimento por arma branca, déficit
de acuidade visual e lesão vascular traumática cérvido-craniana (GENTILE
et al, 2011, p. 77).
O traumatismo craniano leve de alto risco requer atenção das equipes de
saúde, salientando que, o enfermeiro por meio de seu conhecimento técnicocientífico pode contribuir significativamente no que tange, além das várias
atividades, na observação para a estabilização do quadro neurológico do paciente, o
qual deve ser acompanhado para que se evite o surgimento das lesões.
3.2.5 Trauma cranioencefálico moderado
Aproximadamente 10% dos traumas cranianos atendidos nos serviços de
emergência são classificados como moderados, afirma Gentile et al (2011).
Ressalta-se ainda, o fato de que, todos os pacientes precisam ser internados
em unidades de terapia intensiva, para que se possa ser realizada a avaliação
média, e o acompanhamento e observação do paciente pelo período de 12h e nas
24h após o trauma.
O monitoramento realizado busca por meio de sua efetivação, reduzir as
possibilidades de lesões cerebrais secundárias, as quais podem acarretar
transtornos graves à saúde e a vida dos pacientes.
3.2.6 Trauma cranioencefálico grave
O grupo de pacientes acometidos pelo traumatismo craniano grave é
identificado como àqueles que possuem maior risco de mortalidade e morbilidade
após o trauma.
Os pacientes que apresentam o traumatismo grave geralmente apresentam
contusão cerebral.
Contusão cerebral caracteriza-se por lesão estrutural do tecido encefálico e
pode ser demonstrada pela tomografia computadorizada de crânio como
pequenas áreas de hemorragia. Não há lesão da pia - aracnóide. Edema
cerebral é comum. As contusões, em geral, produzem alterações
neurológicas que persistem por mais de 24 horas. As manifestações clínicas
são déficits neurológicos focais, como paralisias, transtornos da linguagem,
alterações da memória e do afeto, e mais raramente, alterações visuais. Os
déficits neurológicos podem persistir como seqüelas (TALBOT e MEYERSMARQUARDT, 2001 apud SAMOGIM, SOUZA e MOUCO, 2011, p. 229.
Segundo Gentile et al (2011) todos os pacientes com nível de consciência na
EGC menor que 8 pontos devem ser submetidos a uma via aera definitiva e
mantidos em ventilação mecânica até que seja viável a ventilação sem aparelhos,
subseqüente à melhora do quadro neurológico.
3.3 A contribuição do enfermeiro no tratamento de pacientes com traumatismo
craniano no setor de urgência e emergência
A contribuição do enfermeiro no tratamento de pacientes com traumatismo
craniano é ressaltada como sendo de suma relevância para que ocorra a
recuperação do paciente. Apesar de ter sido, por muito tempo, o enfermeiro visto
apenas como auxiliar salienta-se o fato de que, sua participação na atualidade é
referenciada como sendo de grande valia para o tratamento desenvolvido nos
setores de urgência e emergência.
Nos casos de situações de gravidade em que há risco eminente de sequelas
e morte, o processo de cuidar deve ser realizado de maneira rápida, precisa e
objetiva, visando assim, o atendimento das necessidades dos pacientes de forma a
propiciar-lhes condições favoráveis de recuperação (LIMA et al, 2009).
Quando há a ocorrência de trauma, a necessidade da avaliação e das
intervenções é fundamental para que se possa evitar o óbito, bem como as
possíveis seqüelas que podem surgir em decorrência dos fatores de agravamento
do traumatismo.
Com relação à responsabilidade da equipe de Enfermagem nesse grupo de
pacientes, esta exerce um papel importante no que se refere ao programa de
assistência às vítimas, especialmente em se tratando do traumatismo
craniano. No atendimento inicial, é necessária uma avaliação diagnóstica e
terapêutica, com a finalidade básica de reanimação e estabilização das
funções ventilatória e hemodinâmica do paciente. Com relação à etapa do
histórico, é fundamental a investigação de informações da história de saúde
imediata, mecanismo do trauma e o tipo de acidente ocorrido, assim, como a
avaliação sobre se houve a inconsciência ou amnésia depois do traumatismo
e seu tempo de duração, que podem determinar um grau significativo de
comprometimento cerebral (WATTS, 2005 apud BOTARELLI, 2010, p. 47).
Percebe-se que, a importância da participação do profissional de enfermagem
no tratamento de pacientes acometidos de traumatismo craniano é fundamental para
que estabeleça a sua recuperação, por meio de suas ações que são evidenciadas
como necessárias para o acompanhamento do paciente no setor de urgência e
emergência.
O acolhimento realizado pelo enfermeiro no que se refere ao paciente e seus
familiares, é enfocado como sendo uma de suas contribuições frente ao tratamento
de pacientes com traumatismo craniano, ressaltando o aspecto de que, nesses
momentos, as famílias também necessitam de cuidados, já que acompanham e
sofrem junto com a vítima.
Nesse sentido, os conhecimentos dos enfermeiros em relação ao fator
humanização são fundamentais, para que o mesmo possa assistir as vítimas no
setor de urgência e emergência, bem como seus familiares, que procuram através
dos enfermeiros, cuidados que amenizem suas angústias frente ao quadro de
incerteza promovido pela espera em relação à evolução ou não do traumatismo.
Por isso, percebe-se que, a contribuição do enfermeiro no tratamento do
traumatismo craniano se apresenta de maneira efetiva, propiciando aos pacientes,
os cuidados necessários em busca de sua recuperação.
Atuando junto às equipes de multiprofissionais, o destaque do enfermeiro no
setor de urgência e emergência se apresenta relevante, por poder contribuir de
maneira efetiva para a recuperação dos pacientes em diferentes causas que
levaram ao traumatismo craniano.
3.4 Sistematização da Assistência de Enfermagem aplicada ao Traumatismo
Crânio Encefálico
A sistematização da assistência de enfermagem permeia a adoção das
técnicas relacionadas utilizadas para o desenvolvimento das estratégias necessárias
para o atendimento dos pacientes com traumatismo crânio encefálico.
Segundo Leopardi (2006) o processo de enfermagem, configura-se na
efetivação das fases relacionadas aos procedimentos realizados pelos enfermeiros
para o melhor atendimento aos pacientes, onde se apresentam o Histórico de
enfermagem; Diagnóstico de Enfermagem; Plano de Enfermagem; Evolução de
Enfermagem; Prognóstico de Enfermagem.
O processo de enfermagem configura-se como um instrumento profissional
do enfermeiro, que guia sua prática e pode fornecer autonomia profissional
e concretizar a proposta de promover, manter ou restaurar o nível de saúde
do paciente, como também documentar sua prática profissional, visando à
avaliação da qualidade da assistência prestada (STEFANO, 2009, p. 20).
De acordo com Feitoza, Freitas e Silveira (2004), a assistência de
enfermagem referente ao traumatismo craniano, configura-se na contínua atenção
dispensada aos pacientes, para isso, faz-se necessário que haja a capacitação e a
fundamentação teórica na realização das atividades que são necessárias para o
atendimento das necessidades dos pacientes que se encontram nas UTIs.
Dentro desse contexto, salienta-se o fato de que, se faz necessário a
compreensão de que o acesso às informações por meio da coleta de dados é de
suma relevância para que se promova o desenvolvimento das ações que são
fundamentais no exercício da prática do enfermeiro junto aos pacientes com
traumatismo craniano.
Dentro desse contexto, relacionando o aspecto dos cuidados de enfermagem
aos pacientes com traumatismo craniano, Veiga et al (2011, p. 06) apresenta os
principais cuidados realizados pela enfermagem durante o tratamento do
traumatismo craniano:
• Protocolo de avaliação neurológico;
• Manter vias aéreas pérvias quando necessário respiração ortraqueal para manter
boa oxigenação;
• Avaliação da respiração e ventilação;
• Manter o acesso venoso calibroso ou cateter venoso central, para quantificação
da volemia, sendo este realizado no período de uma em uma hora;
• Imobilizar a coluna do paciente até descartar o trauma raquimedular;
• Manter a pressão arterial média;
• Realizar a passagem de sonda nasogástrica para descompressão gástrica;
• Controlar a glicemia capilar na admissão e de três em três horas;
• Controlar a temperatura do paciente;
• Evitar o uso de soro glicosado;
• Avaliar a distensão, hematoma e dor em região abdominal;
• Cuidar da pelo do paciente.
Mediante os cuidados apresentados pelos profissionais de enfermagem,
salienta-se que, a sua participação no que se refere ao tratamento de pacientes com
traumatismo craniano é desenvolvido de maneira a propiciar a recuperação dos
mesmos, ficando atento às diferentes manifestações que necessitam ser controladas
como meio de impedir o surgimento de seqüelas, principalmente nos traumas mais
graves, que podem levar até mesmo à morte.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após a reflexão realizada sobre a contribuição do enfermeiro no tratamento
de pacientes com traumatismo craniano, considerou-se que, o trauma trata-se de um
dos fatores responsáveis pela maioria das mortes ocorridas após acidentes,
identificando que, além desses acidentes, diferentes fatores podem possibilitar o
surgimento do traumatismo craniano, o que requer a atenção dos indivíduos em
relação às causas que se apresentaram diferenciada, desde os fatores externos
como acidentes, até mesmo emocionais e psíquicos.
Em se tratando da definição de trauma, foi percebido que se trata de lesões
sofridas pelo crânio, o qual atinge o cérebro e pode acarretar sequelas graves à vida
dos pacientes.
No entanto, foi demonstrado que existem diferentes tipos de traumas, desde
os considerados leves, médios até os graves, os que são apresentados como os
principais fatores de óbito.
A contribuição do enfermeiro no tratamento de pacientes com traumatismo
craniano é de suma relevância, os cuidados de enfermagem apresentados,
favoreceram a compreensão de que se trata de ações necessárias para possibilitar a
recuperação dos pacientes, buscando assim, evitar o surgimento das seqüelas e até
mesmo, buscar reduzir as chances de óbito, por meio da atenção dispensada e
realização dos procedimentos adequados, os quais necessitam ser eficientes e
precisos, já que se trata de vidas humanas.
Além disso, foi demonstrado que o enfermeiro além de atuar junto ao
paciente, também contribui para o acolhimento das famílias, as quais necessitam de
apoio, por também sofrerem em relação ao quadro de saúde das vítimas que
apresentam traumatismo craniano, principalmente daquelas cujo nível é classificado
como grave mediante a utilização da escala de Glasgow.
Considerou-se, portanto, ao fim do estudo realizado que a contribuição do
enfermeiro foi demonstrada como necessária para o tratamento de pacientes com
traumatismo craniano, evidenciando assim, que, o trabalho realizado por estes
profissionais contribui significativamente para a redução das conseqüências dos
diferentes traumas existentes, além de possibilitar o acolhimento e a atenção
necessária as famílias que acompanham as vítimas e necessitam ser cuidadas.
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