1ª parte Breve Histórico sobre a conferência de Estocolmo Em Estocolmo - Suécia, no período de 5 a 16 de junho de 1972 ocorreu a reunião de 113 países para participarem da Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento e Meio Ambiente Humano, conhecida como Conferência de Estocolmo. Foi Presidida pelo canadense Maurice Strong. Essa Conferência é extremamente importante, pois, foi o primeiro grande encontro internacional, com representantes de diversas nações, para a discussão dos problemas ambientais e nela se consolidou e discutiu a relação entre desenvolvimento e meio ambiente. A conferência gerou um documento de 24 artigos, assinado pelos países participantes e teve como um de seus principais desdobramentos a criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), a primeira agência ambiental global. A visão naquela época era a de que os problemas ambientais eram originados da pobreza, que era a principal fonte de poluição e que dispor de mais alimentos, habitação, assistência médica, emprego e condições sanitárias tinha mais prioridade do que reduzir a poluição da atmosfera. Ou seja, o desenvolvimento não poderia ser sacrificado por considerações ambientais dado que essa preocupação poderia prejudicar as exportações dos países em desenvolvimento e subdesenvolvidos. Não se pode deixar de lembrar que as denúncias internacionais e maiores preocupações com o meio ambiente ocorrem em um mundo fortemente desigual e com interesses conflituosos. Os diferentes graus de desenvolvimento permitiram as suposições de que o crescimento/desenvolvimento é possível a todos os países e que as preocupações com os problemas ambientais estivessem mais presentes em uns países do que em outros, portanto, adquiriam importâncias diferentes. A ênfase da Conferência, estabelecida pelos países desenvolvidos, era decorrente do desenvolvimento econômico, industrialização, urbanização acelerada e esgotamento dos recursos naturais, mas, os países em desenvolvimento, defendiam o direito de crescer e, a exemplo do que ocorreu com os desenvolvidos, também não queriam se preocupar com as questões ambientais. Na Conferência fica claro que o Homem é o centro da relação Homem-meio ambiente. A proposta dos 23 artigos trata a pobreza como causadora da degradação (artigo 10); não apoia o crescimento zero e sim crescimento com equilíbrio (art. 8, 9 e 11) e afirma que deve ocorrer a preocupação com o crescimento populacional (art. 15 e 16). 2ª parte RIO-92 Convenção - Quadro das Nações Unidas sobre mudança do clima Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) foi criada oficialmente na conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (RIO-92) a fim de reunir países em um esforço conjunto para estabilizar as concentrações de gases do efeito estufa em níveis que não resultem em uma mudança de clima perigosa. Este foi o primeiro grande passo político dado por membros das Nações Unidas para discutir mudanças climáticas. A Convenção entrou em vigor em 1994 e conta atualmente com 192 países signatários. Entre seus princípios está o de "responsabilidades comuns, mas diferenciadas," que afirma que cada país deve reduzir suas emissões de gases do efeito estufa, mas aqueles responsáveis pela maioria das emissões ao longo da história devem fazer um esforço maior. Como resultado deste princípio, países desenvolvidos devem assumir a liderança do combate às mudanças climáticas e seus efeitos adversos, prestando apoio financeiro e tecnológico às nações menos desenvolvidas. Ademais, a Convenção estabelece que as partes também devem cooperar para promover um sistema econômico internacional favorável capaz de promover desenvolvimento econômico sustentável para todos os países, especialmente nações em desenvolvimento, para que elas possam lidar melhor com as mudanças climáticas. Convenção sobre diversidade biológica Na Convenção de Diversidade Biológica, ocorrida durante a RIO92, reafirmou-se a soberania dos países sobre seus recursos biológicos. A Convenção definiu ainda que cada país deveria criar condições para facilitar o acesso aos recursos genéticos, da mesma forma que teria direito de buscar a repartição justa e equitativa dos benefícios derivados do seu uso. A cada dois anos, desde 1992, houveram reuniões entre os países participantes da Rio92, para implementação das convenções acordadas. Entretanto, ao longo desses 10 anos, enquanto a Convenção de Mudanças Climáticas logo mobilizou a pesquisa, mídia, governos, ong‘s, organismos internacionais e empresas, mesmo que em torno de polêmicas, o grande acordo assinado de Diversidade Biológica parecia se perder em discussões retóricas, sem que se produzissem protocolos de ação para tirá-la do papel. Porém, em abril de 2002, a reunião dos 182 países signatários em Haia, na Holanda, foram assinados acordos em torno do acesso de laboratórios farmacêuticos e empresas de biotecnologia a recursos genéticos e distribuição de benefícios gerados com estas pesquisas, além de diretrizes para o combate da introdução de espécies invasoras, que se instalam em novos ambientes, sem predadores, desequilibrando as relações entre as espécies nativas. A declaração dos ministros, ao final da reunião, também enfatizou a necessidade de desenvolver políticas para desacelerar a perda de biodiversidade. A promoção do uso sustentável das florestas é uma das recomendações, assim como o esforço para melhor entender o papel do funcionamento dos ecossistemas. Não se pode esquecer que, nesses dez anos em que a convenção permaneceu quase inerte, muitas florestas foram perdidas, assim como todos os outros ecossistemas - pântanos, campos, cerrados ou mangues - igualmente importantes para abrigar a biodiversidade. E muitos recursos genéticos já foram retirados, estudados e sintetizados em laboratório, à margem de acordos justos para com o país detentor do recursos ou a comunidade detentora do saber que levou àquela pesquisa. Mesmo agora, quando os diálogos dos negociadores parecem tomar peso, sua transformação em leis e contratos reais depende do esforço e vontade política de cada país signatário. Mas o fato de existirem diretrizes claras pode facilitar o caminho, apontando as leis nacionais para uma mesma direção, que permita acordos - internos, bilaterais ou internacionais - mais equitativos. No Brasil, por exemplo, desde 23 de agosto de 2001 existe a Medida Provisória 2186-16, que rege o acesso ao patrimônio genético e a proteção e o acesso ao conhecimento tradicional associado. Mas é uma MP e não uma lei regulamentada e isso faz diferença na hora de sua aplicação, sobretudo na hora de fechar contratos entre detentores do conhecimento tradicional e empresas interessadas, dado seu caráter provisório. Ao menos essa MP coloca o Brasil em sintonia com as principais decisões que estão sendo adotadas no plano internacional, e na vanguarda legislativa que dá todo o suporte às ações, tanto do governo como da iniciativa privada. Com o novo impulso da reunião de Haia, porém, é mais provável a transformação da MP em lei e haverão mais parâmetros para resolver dificuldades legais relacionadas a novos conceitos, embutidos nessa matéria. Em abril de 2002, o ministro do Meio Ambiente, José Carlos Carvalho, a instalação do Conselho de Gestão do Patrimônio Genético, órgão de caráter deliberativo e normativo, composto por representantes de órgãos e entidades da administração pública federal, do qual ele será presidente. Esse conselho tem o objetivo de criar mecanismos para agilizar a implementação da Medida Provisória cuidando dessas questões relacionadas ao acesso, remessa e repartição dos benefícios derivados do uso dos recursos genéticos, o que facilitará o combate à ―biopirataria". O Conselho será responsável pela autorização e credenciamento de instituições nacionais, para acesso e remessa de patrimônio genético brasileiro. Além disso, o Conselho propõe a realização de amplo debate com a sociedade em torno dos dispositivos da MP sobre recursos genéticos. Uma das maiores dificuldades é promover o registro adequado do patrimônio imaterial brasileiro, como seria legalmente tratado o conhecimento tradicional. Parte das comunidades indígenas estão trabalhando nisso com o INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial), mas ainda há um longo caminho a ser aplainado pela frente e ainda falta mobilizar e capacitar muitos detentores do tal conhecimento tradicional, hoje em franca desvantagem em relação às empresas de biotecnologia, para sentar numa mesa de negociações. Os acordos de Haia também refletiram, numa reação em cadeia, junto aos estados brasileiros. Dois deles - Acre e Amapá - já têm legislação própria sobre o acesso à biodiversidade. É possível que as novas diretrizes despertem os estados que ainda nem se preocuparam com o assunto e correm o risco de perder o bonde da história. E, além dos estados, comunidades, órgãos governamentais e entidades não governamentais, todos devem abrir os olhos e sacudir o pó acumulado nessa década de troca de palavreados. E discutir a melhor maneira de assegurar o que é seu, dividindo o que é de uso e o que deve ser preservado para a posteridade. Declaração de princípios sobre florestas Produto da Rio-92, esse documento garante aos Estados o direito soberano de aproveitar suas florestas de modo sustentável. À época, havia a intenção de se aprovar uma convenção sobre florestas, mas os principais países detentores de florestas, incluindo o Brasil, conseguiram aprovar uma declaração genérica de princípios, sem a vinculação formal que uma convenção que estabelecesse. Foi a declaração final da ECO-92, que contém 27 princípios que buscam reafirmar a Declaração aprovada em Estocolmo, em 1972. Acenando para um mundo inspirado pelo ativismo ambiental, verde e utópico, porém vigilante. Dentre os princípios adotados, os países acordavam que tinham direitos soberanos sobre seus territórios, mas que deveriam aplicar políticas de preservação do meio ambiente, sustentabilidade e cooperar com o espírito de solidariedade mundial para conservar, proteger e restabelecer a saúde e a integridade do ecossistema da Terra. O documento foi ratificado em 12 de agosto de 1992. Agenda 21 É um dos principais documentos que resultaram da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento em 1992. Trata-se, portanto, de um detalhado plano de ação com intuito de modificar os padrões de consumo e produção em escala mundial, na tentativa de minimizar impactos ambientais sem deixar de atender as necessidades básicas da humanidade. O novo padrão que busca a conciliação da justiça social, eficiência econômica e equilíbrio ambiental passaram a ser chamada de Desenvolvimento Sustentável. É como um guia que consegue explicar porque, como e o que fazer, adaptado para alcance de objetivos locais. Daí o surgimento do slogan: ―pense globalmente e haja localmente‖. Conta com 40 capítulos e quatro seções-temas que tratam de temas que vão desde a biodiversidade, recursos hídricos e infraestrutura, aos problemas de educação e habitação, que apostam no processo de transição para a sustentabilidade. A Elaboração da Agenda 21 Brasileira (1997-2002) envolveu 40 mil participantes em diversas etapas e buscou redefinir o modelo de desenvolvimento do país, introduzindo o conceito de sustentabilidade. Principais desdobramentos do Rio – 92 Realizada no Rio de Janeiro, a segunda Conferência Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento – Eco-92 - obteve, entre seus resultados mais importantes, a formulação de documentos relacionados à exploração dos recursos naturais do mundo e ao desenvolvimento sustentável. A conferência também ficou conhecida como cúpula da Terra e Rio 92. Durante o evento, líderes mundiais reuniram-se para decidir as medidas necessárias para minimizar a degradação ambiental e definir ações para enfrentar os problemas crescentes da emissão de gases causadores do efeito estufa. Os debates culminaram na elaboração de documentos oficiais. Além disso, reconheceu-se que países desenvolvidos causavam mais danos ambientais do que as nações em desenvolvimento. Devido à importância da reunião no cenário internacional, o então presidente da República, Fernando Collor de Mello, transferiu temporariamente a capital do Brasil para o Rio de Janeiro. 3ª parte RIO+10 Local Rio+10 ou Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável foi um fórum de discussão das Nações Unidas realizado entre os dias 26 de agosto e 4 de setembro de 2002, em Johanesburgo, África do Sul. Teve como objetivo principal discutir soluções já propostas na Agenda 21 primordial (Rio 92), para que pudesse ser aplicada de forma coerente não só pelo governo, mas também pelos cidadãos, realizando uma agenda 21 local, e implementando o que fora discutido em 1992. Agenda de debates Realizado pouco após a aprovação das Metas do Milênio, o evento Rio+10 acabou concentrando as atenções quase exclusivamente em debates sobre problemas sociais, como a erradicação da pobreza e o acesso da sociedade aos serviços de saneamento e à saúde. Concordou-se em reduzir à metade, até 2015, a proporção de pessoas cuja renda seja inferior a um dólar por dia, a de pessoas que passam fome e a de quem não tem acesso a água potável. Ainda assim, os debates de Johanesburgo foram considerados frustrantes, principalmente, pelos poucos resultados práticos por conta de novos conflitos entre países desenvolvidos e em desenvolvimento. Um ponto alto da Rio+10 foi a crescente participação da sociedade civil nos debates, com grupos cada vez mais organizados defendendo interesses específicos, munidos de informações técnicas e científicas detalhadas sobre temas como estruturação de projetos de energia limpa, universalização do saneamento básico, transporte em metrôs e trens rápidos nas grandes cidades, democratização do acesso à Justiça, ensino em tempo integral. 4ª parte Protocolo de kyoto É o protocolo ou ata de um tratado mundial que abriga rígidas obrigações de países participantes quanto à redução da emissão dos gases que agravam o efeito estufa. Foi um dos protocolos mais polêmicos já propostos. Lançado em 1997, entrou em vigor somente a partir de 2005. O Brasil só adotou em 2002 e os líderes americanos não aceitaram assinar. Diferentes níveis de redução são propostos às nações e variam de acordo com o histórico de emissão. Nações em desenvolvimento têm uma meta menor do que os desenvolvidos. Na proposta, a diminuição deveria acontecer em várias atividades econômicas. O protocolo estimula os países signatários a promover cooperação mútua, através de ações básicas. A Reunião sobre o Protocolo de Quioto (CMP) acontece anualmente para debater o aprofundamento das regras e da implementação da Convenção e seu Protocolo. Algumas cidades que já foram sedes desses encontros foram Berlim (1995), Genebra (1996), Quioto (1997)- adotado o Protocolo de Quioto-, Buenos Aires (1998), Bonn (1999), Haia e Bonn (2000), Marrakech (2001), Nova Délhi (2002), Milão (2003), Buenos Aires (2004), Montreal (2005), Nairóbi (2006), Bali (2007), Poznan (2008), Copenhague (2009), Cancun (2010), Durban (2011). 5ª parte RIO+20 Breve histórico da Rio + 20 Vinte anos após a Eco92, o Rio de Janeiro voltou a receber governantes e sociedade civil de diversos países para discutir planos e ações para o futuro do planeta. A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que ocorreu na cidade de 13 a 22 de junho, deverá contribuir para a definição de uma agenda comum sobre o meio ambiente nas próximas décadas, com foco principal na economia verde e na erradicação da pobreza. Depois do período em que representantes de mais de 100 países discutiram detalhes do documento final da Conferência, o evento ingressou em uma etapa definitiva e mais importante.O Segmento de Alto Nível faz sua última plenária e encerrou a Rio+20 com a aprovação do texto por diversos chefes de Estado e de governo de países-membros das Nações Unidas. Apesar dos esforços do secretário-geral da ONU Ban Ki-moon, vários líderes mundiais não vieram ao Brasil, como o presidente americano Barack Obama, a chanceler alemã Angela Merkel e o primeiro ministro britânico David Cameron. Além disso, houve impasse em relação ao texto do documento definitivo, que segue sofrendo críticas dos representantes mundiais. Temas e debates De acordo com o Relatório de Desenvolvimento Humano 2012, pessoas hoje são mais saudáveis, vivem mais tempo, são mais formalmente educadas e têm mais acesso a bens e serviços. No entanto, há significativas diferenças regionais e também enormes desigualdades dentro dos países. Além disso, enquanto mais pessoas estão vivendo melhor desde a Cúpula da Terra, o mundo natural que sustenta essa prosperidade continuou a ser degradado. Na Rio+20, governos, lideres empresariais e da sociedade civil vão buscar formas de garantir um futuro sustentável. A seguir estão alguns dos principais desenvolvimentos desde a Cúpula da Terra – alguns positivos e outros não – e como a Rio+20 pode tratar eles. Financiamento Na Declaração do Rio de 1992, países desenvolvidos reconheceram sua responsabilidade na busca global pelo desenvolvimento sustentável. Na Cúpula da Terra em 1992, foi estimado que cerca de 600 bilhões de dólares anuais, até o ano 2000, seriam necessários em países em desenvolvimento para executar atividades listadas na Agenda 21 para alcançar o desenvolvimento sustentável. Fora os 600 bilhões de dólares, foi observado no texto da Agenda 21 que ―cerca de 125 bilhões de dólares em subvenção ou em termos de concessão da comunidade internacional‖ seriam necessários. Naquele momento, 125 bilhões de dólares significavam 0,7% do Produto Interno Bruto (PIB) dos países doadores. Na ONU em 1970, países concordaram com a meta de 0,7% para a Assistência Oficial ao Desenvolvimento (AOD), ou ajuda internacional, que foi atendida por poucos países desenvolvidos. A AOD de doadores tradicionais mais que dobrou desde 2000, alcançando um recorde de 129 bilhões de dólares em 2010. No entanto, a esse total ainda faltam 21 bilhões de dólares dos compromissos de Gleneagles acordados na Cúpula do G8 em 2005 e ele é menos da metade dos 282 bilhões de dólares (em 2010) necessários para completar a meta de longo prazo de 0,7% do PIB. Pobreza Os maiores esforços foram feitos por meio dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) – oito objetivos de desenvolvimento desenhados para avançar progressos na redução da pobreza extrema, fome, analfabetismo e doenças até 2015. Em todas as regiões do mundo em desenvolvimento, o percentual de pessoas vivendo com menos de 1,25 dólares por dia caiu, mas cerca de um bilhão de pessoas ainda vivem na pobreza. Desde 1992, a média de expectativa de vida cresceu três anos e meio. Hoje, 27% da população mundial vive em absoluta pobreza; em 1990 eram 46%. O progresso no alcance dos ODM tem sido muito desigual entre as regiões, com grandes áreas da África Subsaariana e do Sul da Ásia dificilmente atingindo os Objetivos. Biodiversidade As metas acordadas pelas 193 partes da Convenção sobre Diversidade Biológica para alcançar uma significativa redução da perda da biodiversidade até 2010 não foi alcançada. A biodiversidade diminuiu 12% no mundo. Áreas de proteção ambiental cresceram globalmente 42%, no entanto, estão protegidos apenas 13% da superfície terrestre mundial, 7% das águas do litoral e 1,4% dos oceanos. Cerca de 20% a 30% das espécies analisadas correm o risco de ser extintas por causa dos impactos do aquecimento global antes de 2100 se o aumento das temperaturas globais ultrapassar 2° a 3 °C. Um novo protocolo legal foi acordado em Nagoia em 2010 para promover acesso a e benefício compartilhado de recursos de biodiversidade. Cidades Cidades com rápida expansão estão se esforçando para oferecer serviços básicos, incluindo água potável, saneamento adequado, transporte, saúde e educação para seus habitantes, ao mesmo tempo que promovem desenvolvimento econômico com criação de emprego sem colocar pressões indevidas sobre a terra e outros recursos. A população urbana cresceu 45% desde 1992 e, nas próximas décadas, 95% do crescimento da população mundial ocorrerá em países em desenvolvimento. Cerca de um terço da população urbana vive em condições de favela. Havia 23 megacidades com pelo menos 10 milhões de pessoas em 2011; em 1992 eram 10 e, para 2025, esse total deve alcançar 37. A meta do ODM de melhorar significativamente as vidas de pelo menos 100 milhões de moradores de favelas foi alcançado. Água Houve progresso em melhorar e expandir o acesso à água doce. No entanto, por conta de infraestrutura precária e má gestão, a cada ano cerca de dois milhões de pessoas, em sua maioria crianças, morrem de doenças associados ao fornecimento inadequado de água, saneamento e higiene. Apenas 63% da população mundial tem agora acesso a saneamento básico, um quadro projetado para crescer só a 67% até 2015. 89% da população mundial agora usa fontes beneficiadas de água potável e a meta do ODM para 2015 foi alcançada – mas 783 milhões de pessoas ainda estão sem acesso à água potável. Comida A produção agrícola expandiu, mas ao mesmo tempo, solos, água doce, oceanos, florestas e biodiversidade estão rapidamente degradando. A mudança climática está colocando ainda mais pressão em recursos dos quais somos dependentes. A produção de alimento tem crescido constantemente a um ritmo superior ao crescimento da população, ainda que 925 milhões de pessoas continuem passando fome. Energia Uma em cada cinco pessoas – 1,4 bilhão – ainda sofrem com a falta de acesso à eletricidade moderna. Três bilhões de pessoas dependem de madeira, carvão mineral, carvão vegetal ou resíduos de origem animal para cozinhar e aquecer-se. Energia é o colaborador dominante da mudança climática, contabilizando cerca de 60% do total da emissão global de gases-estufa. Fontes de energia renovável (incluindo biomassa) atualmente contabilizam apenas 13% do fornecimento de energia global. Clima Desde 1992, 195 países aderiram à Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima e 192 países tornaram-se membros do Protocolo de Kyoto, que ganhou um segundo período de compromisso em Durban, em 2011. Países acordaram que eles deveriam trabalhar em direção ao objetivo de manter as temperaturas globais abaixo de 2°C. De acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, evidências sugerem que mudanças climáticas levaram a alterações em eventos climáticos extremos como ondas de calor, recordes de temperaturas altas e, em muitas regiões, fortes precipitações ou secas na metade do século passado. A emissão de dióxido de carbono aumentou 38% desde 1990. Os dez anos mais quentes já medidos ocorreram todos desde 1998. Oceanos e mares Os oceanos mundiais – suas temperaturas, química, correntes e vida – conduzem sistemas globais que tornam a Terra habitável. Nossa água da chuva, água potável, tempo, clima, litorais, muito da nossa comida e até o oxigênio no ar que respiramos são, em última análise, fornecidos e regulados pelo mar. Cerca de 85% de todo o estoque de peixes nos oceanos estão agora super explorados, empobrecidos, recuperando-se ou totalmente esgotados. Os níveis do mar subiram, em média, cerca de 2,5 mm por ano desde 1992. Cerca de 25% da emissão global de CO2 está sendo absorvida pelos mares e oceanos, onde é convertida em ácido carbônico, ameaçando recifes de coral e outras vidas marinhas. Florestas Mais de 1,6 bilhão de pessoas, um quarto da população mundial, depende de florestas para sua sobrevivência. A área de floresta primária diminuiu em 300 milhões de hectares desde 1990. Uma estimativa de 80% das florestas mundiais são de propriedade pública. Ozônio O Protocolo de Montreal sobre Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio é dedicada à proteção da camada de ozônio da Terra. Com 196 partes, trata-se de um dos documentos mais ratificados da História das Nações Unidas. Mais de 90% de todas as substâncias que destroem o ozônio, no âmbito do Protocolo de Montreal, foram eliminadas entre 1992 e 2009. Recursos e resíduos O esgotamento e a exploração de nossos recursos mina o progresso global e exige repensar a administração de recursos e como nós produzimos e consumimos. O uso global de recursos naturais cresceu mais de 40% de 1992 a 2005. Desde 1992, a demanda por cimento cresceu mais de 170% e demanda por aço aumentou mais de 100%. Produtos de plástico cresceram 130%. Degradação de terra Terras produtivas em regiões secas ou zonas áridas pelo mundo, onde vivem mais de dois bilhões de pessoas, estão sob crescente ameaça por causa das mudanças climáticas e práticas precárias de manejo da terra. Mais de 12 milhões de hectares de terras produtivas são perdidos por causa da desertificação a cada ano, o equivalente a perder uma área do tamanho da África do Sul a cada década. Nos próximos 25 anos, a degradação de terra pode reduzir a produção global de alimentos em 12%, levando a um aumento de 30% nos preços dos alimentos. POSICIONAMENTO DO GOVERNO BRASILEIRO A participação brasileira na Rio+20 será um grande momento para o País firmar sua posição de nação atenta às necessidades ambientais, sociais e econômicas do planeta. ―Vemos na Rio+20 uma oportunidade ainda maior dessa projeção de um Brasil que pode ser o campeão do desenvolvimento sustentável‖, afirma o negociador-chefe da delegação brasileira, o embaixador André Corrêa do Lago. Hoje em dia, tal desenvolvimento é mensurado, sobretudo, pelo Produto Interno Bruto (PIB), o indicador mais importante para medir a riqueza de um país. Para romper a limitação desse indicador, uma das propostas de discussão durante a Rio+20 diz respeito à adoção de medidas e cálculos alternativos, que considerem o capital natural e social também no ―bolo da riqueza‖, valorizando a economia verde. Para o embaixador, o Brasil de hoje é extremamente diferente do de 1992, quando o País era muito criticado nos setores ambientais, sociais e econômicos. Vinte anos depois, aponta Lago, o Brasil está em uma posição mais positiva: tem a sexta economia do mundo, se comprometeu a reduzir o desmatamento em 80% até 2020 e tem obtido importantes resultados no processo de diminuição das desigualdades sociais. A participação da sociedade civil também será valorizada na Rio+20. Em setembro de 2011, o Ministério do Meio Ambiente promoveu uma consulta pública com o objetivo de colher subsídios ao posicionamento do Brasil durante a conferência. O documento compilou as respostas recebidas em quatro segmentos: sociedade civil, comunidade acadêmica, setor empresarial e governos locais. O questionário foi estruturado com 11 perguntas que tiveram como temas a percepção dos setores sobre o progresso nacional e mundial do desenvolvimento sustentável nas últimas décadas. Os participantes cobraram um papel de liderança do Brasil na Rio+20, tanto pelas riquezas naturais e culturais, quanto pelas conquistas apresentadas pelo País desde a Rio 92. Outro ponto constatado na pesquisa é a expectativa de que o Brasil tome a frente na proposição de um novo modelo de desenvolvimento global, que seja monitorado por meio de indicadores de sustentabilidade. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E ECONOMIA VERDE Os dois temas centrais da Rio – a economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza e a estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável – fazem do evento uma oportunidade para que a busca das boas práticas seja renovada. A ONU indica que investimentos de 2% do PIB global em dez setores-chave bastariam para tornar a economia mais sustentável. Mas as discussões incluem o temor de que novas exigências reforcem a situação atual de dominância dos ricos em relação aos pobres – países com menos recursos para investir em tecnologia, que acabariam tendo que importar painéis solares e turbinas eólicas, por exemplo. Uma parcela dos movimentos sociais e pesquisadores das áreas de meio ambiente e desenvolvimento têm questionado também o que consideram a banalização do desenvolvimento sustentável e o privilégio às práticas capitalistas. conceito de No documento de referência da Rio+20 ―Rumo à uma economia verde‖, do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), a ONU defende que o conceito não substitui o de desenvolvimento sustentável. ―A sustentabilidade continua sendo um objetivo vital a longo prazo, mas é preciso tornar a economia mais verde para chegarmos lá. Talvez o mito mais difundido seja o de que há uma troca inevitável entre preservação ambiental e progresso econômico. Mas há evidência substancial de que o ‗esverdeamento‘ de economias não inibe a criação de riqueza ou oportunidades de emprego‖, defende o documento. Janos Pasztor, Secretário Executivo do Painel de Alto Nível do SecretárioGeral da ONU sobre Sustentabilidade Global, afirma que sustentabilidade não é só meio ambiente, mas engloba também as dimensões social e econômica. Melinda Kimble, vice-presidente do Fundo para as Nações Unidas, defende que a grande virada da economia verde é deixar claro que, apesar de requerer mais investimentos a curto prazo — assim como a maioria das iniciativas de sustentabilidade —, o sistema proposto se mostra lucrativo no futuro. ―Existe um outro mito: a economia verde é um luxo que apenas países ricos têm condições de sustentar, ou pior, uma imposição do mundo desenvolvido para perpetuar a pobreza. Ao contrário, há uma plenitude de exemplos de transições verdes acontecendo em vários setores do mundo em desenvolvimento, que merecem ser copiadas em outros lugares‖, explica a executiva da ONU. Enquadrar essa questão social na discussão é justamente a grande preocupação do Brasil, que tem como uma das propostas para a Rio+20 acrescentar uma palavra ao termo, que passaria a ser economia verde inclusiva. PRINCIPAIS DOCUMENTOS As delegações dos 188 Estados-Membros presentes na Rio+20, acompanhados por mais três observadores, aprovaram na noite de sexta-feira (22/06), no encerramento da Conferência, o documento ―O Futuro que Queremos‖. Após decisão consensual em assembleia, as delegações expressaram contentamento com os esforços multilaterais, mas também reservas de interpretação para pontos específicos do documento. Bolívia, Venezuela, Equador, Canadá, Estados Unidos, Islândia, Noruega e Santa Sé (Vaticano) apresentaram reservas e comentários que, segundo o Negociador-Chefe do Brasil na Rio+20, Embaixador Luiz Alberto Figueiredo, serão acrescentados à Ata da Assembleia. As reservas foram direcionadas a temas como, por exemplo, a definição da economia verde, a racionalização dos recursos energéticos, o direito a água e os direitos reprodutivos. Alguns dos parágrafos mencionados foram 56, 121, 225, 253, 267 e 272. ―Avançamos, mas perdemos oportunidade histórica‖, disse a delegação da Suíça exemplificando, em seguida, com o tema dos direitos reprodutivos no documento final. A Islândia classificou esses direitos como inegociáveis. Em coletiva de imprensa pouco antes do encerramento da Conferência, a Presidenta Dilma Rousseff, reconheceu que o mundo precisa de muito mais rapidez nas decisões para enfrentar os desafios ambientais, sociais e econômicos. A Presidenta lamentou o fato de ainda ser preciso avançar em temas como o financiamento para o desenvolvimento sustentável, mas destacou o multilateralismo como uma das principais conquistas da Rio+20. ―Hoje é tempo de multilateralismo, que se constrói consensos históricos, o consenso possível. Não há método único. Tenho que respeitar quem pensa diferente de mim‖. Ela anunciou aumento do financiamento do Brasil e da China para o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), em torno de 6 milhões de dólares, além de ajuda de 10 milhões de dólares para países africanos e pequenas ilhas. As propostas seguirão ainda para o Congresso Nacional. ―O documento final fornece fundação firme para um bem-estar social, econômico e ambiental‖, disse o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, no encerramento da Rio+20. De acordo com ele, o texto demonstra acordo sobre a criação de Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, um plano de dez anos para produção e consumo sustentáveis, a importância das questões de gênero, do direito a água e comida, além da urgência em se combater a pobreza. Ban Ki-moon também enfatizou o poder da Rio+20 em mobilizar sociedade civil, governos, bancos multilaterais e setores privados. Todos assumiram, voluntariamente, quase 700 compromissos, representando centenas de bilhões de dólares. ―A Rio+20 afirmou princípios fundamentais, renovou compromissos essenciais, e nos deu novas direções. Chega o fim das discussões e agora começa o trabalho‖, disse.