fonte de saúde - Associação Brasileira de Medicina Complementar

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CURSO DE HABILITAÇÃO EM MEDICINA BIOMOLECULAR
BIOQUIMICA APLICADA À MEDICINA
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE MEDICINA BIOMOLECULAR
DR. JOSE DE FELLIPE JUNIOR
Conceição Aparecida Manzotti
Colina - fonte de saúde
Trabalho de conclusão do
curso de Habilitação em
Medicina Biomolecular.
Estratégia terapêutica
regulamentada pela Resolução
1500/1998 da Associação
Brasileira de Medicina
Biomolecular (ABMB) e
homologada na Resolução
1938/ 2010.
SÃO PAULO
2011
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço a Deus que coloca sempre em todos os
aspectos da minha vida, pessoas extraordinárias!
Aos colegas de turma, que tornaram nosso curso ainda mais
interessante com a troca de experiências.
Agradeço especialmente ao Dr. José De Fellipe Júnior pelos anos de
estudos e dedicação dispendidos na Medicina Biomolecular. Sua
inquietação no sentido de buscar sempre novos conhecimentos para
tratar o paciente de forma integrada, pela ousadia de discutir o novo
ou o diferente, mesmo que isso incomode alguns profissionais e
entidades. Agradeço pelo seu empenho em transferir conhecimentos
para que sejamos profissionais qualificados afim de tratar da saúde e
não tão somente da doença.
Ao competente, experiente e atualizado corpo docente: Doutoras e
Doutores: Alexandre Martins Junior, Carmela Pedalino, Cristiane
Lorenzano, José de Fellipe Junior, Juarez Callegaro, Sérgio Puppin e
Sérgio Vaisman, bem como a todas as pessoas que cuidaram da
infraestrutura do curso, nos recebendo de forma impecável.
RESUMO
Recordemos como eram as principais refeições do brasileiro até as
décadas de 70 e 80. No desjejum, na maioria dos lares, um dos
alimentos era o ovo quente ou gemada e no almoço e jantar,
impreterivelmente, o arroz e o feijão formavam a base da alimentação,
acompanhados de verduras, legumes, ovos, peixes e carne.
Existiam tantas alergias alimentares tardias e doenças crônicas não
transmissíveis como temos hoje? A resposta é não, as pessoas
tinham mais saúde, faleciam idosas e lúcidas e as mortes de pessoas
mais jovens normalmente ocorriam por acidentes automobilísticos.
Atualmente a maioria das pessoas não faz o desjejum, acha estranho
e perigoso ingerir ovos, almoça relativamente bem, diríanos que
próximo do ideal e entende que o jantar deve ser algo leve, então
substitui o arroz, o feijão e os demais alimentos por lanches altamente
inflamatórios à base de pão, frios, embutidos, refrigerantes, leite com
café, etc.
Ganhamos mais tecnologia e menos saúde, mais produtos
alimentícios e menos alimentos, mais sofisticação e menos qualidade
de vida. Os hábitos adotados nos últimos anos têm levado a
população a sérias deficiências nutricionais e dentre elas está a colina,
presente no ovo e feijão, objeto desse estudo.
Palavras Chave: alimentação do brasileiro até as décadas de 70 e 80,
alergias alimentares, doenças crônicas, desjejum, deficiência
nutricional e colina.
ABSTRACT
Remember how they were the main meals of Brazil to the 70and 80: At
breakfast in most households, food was a boiled egg or egg nog and
lunch and dinner, rice and beans no later formed the basis of food,
accompanied by vegetables, eggs, fish and occasionally meat.
There were so many food allergies and chronic diseases as we have
today? The answer is no, people had better health, he died old and
lucid and the deaths of younger people usually occurred by car
accidents. Nowadays most people do not do breakfast, finds it odd to
eat eggs for breakfast, lunch and until we can say, close to ideal and
understands that dining should be something light, then replaces the
rice and beans snacks and other foods are highly inflammatory by the
basis of bread, cold cuts, sausages, soft drinks, milk and coffee etc.
We gain more technology and less health, more food and less food,
more sophistication and less quality of life. Habits adopted in recent
years have led the population to serious nutritional deficiencies, and
among them is the choline, the object of this study.
Keywords: Brazil to feed the 70 and 80, food allergies, chronic illnesses,
breakfast, nutritional deficiency and choline.
1. INTRODUÇÃO
Se o Ministério da Saúde desenvolvesse uma campanha publicitária
de saúde pública dizendo aos brasileiros:
“voltem a consumir arroz e feijão, optem pelo arroz integral, retornem
ao antigo e saudável hábito de jantar e consumam ao menos um ovo
ao dia”...
Com essas pequenas mudanças, penso que aos poucos, as filas do
Sistema Único de Saúde do Brasil e os gastos com doenças
diminuiriam significativamente.
É preocupante constatar diariamente as condições e opções
alimentares inadequadas e equivocadas da população brasileira, com
consequentes comprometimentos da saúde física, emocional, mental
e espiritual, levando a um retrocesso no seu desenvolvimento
enquanto ser humano em busca de espiritualização e ingresso no
terceiro milênio.
Sabemos que o organismo humano produz parte dos elementos
essenciais ao seu funcionamento, entretanto, existem alguns
nutrientes de vital importância, que somente adquirimos por meio dos
alimentos, sendo uma delas a Colina.
2. DESENVOLVIMENTO
A Colina é um nutriente essencial, participante do complexo B de
vitaminas, presente em alguns alimentos, especialmente no ovo e no
feijão. É de grande importância durante o desenvolvimento fetal,
influencia a proliferação celular e a apoptose, alterando a estrutura e o
funcionamento do cérebro e espinha dorsal.
A classificação da colina como uma vitamina é questionável uma vez
que sua síntese endógena normalmente é insuficiente para alcançar
as necessidades diárias, tendo sido classificada como nutriente.
Estudos demonstram que uma ingesta adequada desse nutriente pela
mãe durante a gestação, pode influenciar positivamente o volume
cerebral do bebê, reduzindo os riscos de defeitos do tubo neural e
memória.
A carência de colina possui impacto sobre os distúrbios neurológicos e
determinadas enfermidades, como algumas doenças hepáticas,
Doença de Parkinson e aterosclerose.
É necessária na síntese de acetilcolina, um importante transmissor,
que influencia na função do cérebro, coração (tem efeito direto na
sinalização nervosa com outras células e no transporte e metabolismo
de lipídios), músculo, glândula adrenal, trato gastrintestinal e vários
outros órgãos. É a principal fonte de grupos-metil na dieta. Um de
seus metabólitos, a betaína, participa da metilação da homocisteína
para formar metionina.
A primeira forma alimentar da colina está sob forma de fosfolipídeo,
conhecida como fosfatidilcolina. Recentemente uma nova forma de
colina tem sido chamada de CDP-Colina, e está na forma citidina-5 –
difosfocolina. Essa forma cruza a barreira hematoencefálica e entra no
cérebro mais eficientemente do que as demais formas de colina.
A colina precursora e componente do neurotransmissor acetilcolina,
está envolvida na regulação de diversas atividades neurológicas,
incluindo coordenação, movimento e estimulação da contração
muscular. Atua na função cerebrocortical de pensamentos, memória e
intelectualidade. A acetilcolina além de funcionar como um
neurotransmissor é também um potente ativador de plaquetas.
Estruturalmente a colina contém 2 grupos metil que podem ser doados
para diversas rotas bioquímicas, como por exemplo manter
adequados níveis de homocisteína, por permitir sua conversão em
metionina pela doação de um grupo metil pela betaína.
Segundo estudos de Setone et al e Chiuve e colaboradores, a
ingestão total de colina e betaína é inversamente associada à
homocisteína sérica.
A colina é convertida em betaína a partir de reações de transmetilação
(doador de metil), na síntese de aminoácidos e proteínas, sendo
essencial no crescimento celular.
O corpo humano pode sintetizar uma pequena quantidade de colina,
porém, não suficiente para a manutenção da saúde, portanto ela deve
vir de alimentos ou de suplementação de micronutrientes.
A média de ingestão de colina para adolescentes, homens, mulheres e
gestantes está muito abaixo do nível de ingestão adequada e
orientações dietéticas de massa necessitam ser desenvolvidas para
incentivar o consumo diário de alimentos ricos nesse nutriente.
As principais fontes de colina são o ovo e o feijão, alimentos simples e
poderosos no aspecto nutricional e que apesar de terem preços
acessíveis estão cada vez mais raros na mesa do brasileiro, por
informações equivocadas, especialmente em relação ao consumo de
ovos.
Sabe-se que a relação entre o colesterol fornecido pela dieta e o nível
de colesterol plasmático é muito baixa em adultos saudáveis e que a
ingestão de um ou mais ovos ao dia não afeta negativamente o nível
de colesterol plasmático.
2.1 – Deficiência de Colina:
Na maioria dos mamíferos, a deficiência da ingestão nutricional de
colina diminui seus estoques corporais, o que resulta em infiltração de
gordura no fígado. Isso ocorre porque a colina é necessária para a
formação de fosfatidilcolina, que é essencial para a secreção da
lipoproteína de muito baixa densidade VLDL, partícula necessária ao
transporte de triacilglicerol do fígado. Outras possíveis complicações
como retardo no crescimento, disfunções renais, hemorragias e
anormalidades ósseas são também evidenciadas pela deficiência de
colina.
A colina suplementar tem sido utilizada em humanos com algum
sucesso para diminuir a perda de memória associada à doença de
Alzheimer. Há relatos de que doses muito altas (até 20g/dia), aliviam
os sintomas de discenesia tardia (tipo de discinesia - movimentos
repetitivos involuntários - que se manifesta como um efeito colateral
do uso a longo prazo ou uso de altas doses de antagonistas da
dopamina, geralmente antipsicóticos) e doença de Huntington disfunção cerebral hereditária, que evolui com degeneração corporal e
mental.
Passa de uma geração a outra com chance de acometer 50% dos
filhos de pais ou mães doentes. As principais características são o
aparecimento de movimentos involuntários dos membros, do tronco e
da face, diminuição da capacidade intelectual, alterações no
comportamento e na personalidade.
2.2 – Sinais e Sintomas da Deficiência:
Os sintomas de carência da colina incluem: bloqueio e lesões renais
hemorrágicas, níveis de colesterol e pressão sanguínea elevados.
Carências de acetilcolina podem levar ao mau funcionamento da
memória, à fraqueza mental e física, problemas de coordenação
motora e à deterioração dos sentidos.
As vítimas de Alzheimer sofrem invariavelmente de deficiências de
acetilcolina. Estudos indicam que a colina acetiltransferase (ChAT),
cujo gene encontra-se na região do cromossoma 10, apresenta
suscetibilidade para o desenvolvimento dessa doença. Osturk e
colaboradores verificaram que pacientes com a doença da Alzheimer
apresentam polimorfismo de nucleotídeo único (SNPs), no gene
(ChAT) e que essa associação também estava relacionada com baixa
pontuação em testes de estado mental dos pacientes.
O tratamento com CDP-colina (citidina-5`-difosfocolina) atua de
maneira efetiva na redução da progressão da doença. Além disso, a
colina é utilizada como um tratamento coadjuvante efetivo em
pacientes que fazem uso contínuo de lítio como no caso da depressão
bipolar.
A deficiência de colina em animais leva à esteatose hepática, cirrose,
e maior incidência de carcinoma hepatocelular. Dessa forma, a
suplementação com doses de 1 a 4 gramas ao dia é suficiente para
normalizar os níveis plasmáticos e prevenir o dano hepático,
considerando que a alimentação esteja adequada.
2.3 – Colina na Gestação e Lactação:
A gravidez e a lactação são períodos onde a reserva maternal de
colina encontra-se baixa, consequentemente a disponibilidade de
colina para o desenvolvimento normal do cérebro fetal é crítica. Sendo
esse nutriente transportado, da mãe para o feto, através da placenta.
A concentração de colina no leite materno é 100 vezes maior que na
corrente sangüínea da mãe, por essa razão é recomendado um nível
de ingestão mais alto para mulheres grávidas ou em lactação.
2.4 - Fontes de Colina:
Gema do ovo e grãos, especialmente o feijão e a soja, lecitina de soja,
levedo, germe de trigo, peixe e lentilha.
Por quase três décadas, os ovos foram considerados pelos
americanos fontes de excesso de gordura, colesterol e calorias, por
isso durante todo esse tempo houve a recomendação de se limitar a
ingestão com o objetivo de reduzir os riscos de doenças
cardiovasculares. Porém, diversos estudos demonstram que o
consumo de ovo organico não está associado com o aumento do
colesterol sérico.
Segundo Ratliff e colaboradores o consumo de ovos associado a uma
alimentação de baixo índice/carga glicêmica durante três meses,
reduziu além do peso, o percentual de gordura corporal. O mesmo
estudo mostrou ainda, aumento nas concentrações de adiponectina e
redução nas concentrações de proteina C-reativa, indicando o
potencial antiinflamatório do consumo diário do ovo.
2.5 – Recomendação Diária:
Recomenda-se para adultos, ingestão diária entre 425-550 mg. O
corpo humano pode sintetizar uma pequena quantidade de colina,
porém, não suficiente para a manutenção da saúde.
POPULAÇÃO
Infantil
FAIXA ETÁRIA
0 - 5 meses
6 – 11 meses
Crianças e
1 – 3 anos
Adolescentes 4 - 8 anos
9 – 13 anos
Homens: 14 – 18 anos
Mulheres: 14 – 18
anos
Adultos
Homens: acima de 19
anos
Mulheres: a partir de
19 anos
INGESTÃO ADEQUADA DE
COLINA
125 mg/dia
150 mg/dia
200 mg/dia
250 mg/dia
375 mg/dia
550 mg/dia
400 mg/dia
550 mg/dia
425 mg/dia
Gravidez
Lactantes
Todas as idades
Todas as idades
450 mg/dia
550 mg/dia
Fonte: Food and Nutrition Board, Institute of medicine, Dietary
Reference Intakes for thiamin, riboflavin, niacin, vitamin B6, folate,
vitamin B12, Pantothenic acid, biotin and choline. Prepublication copy.
National Academy Press, Washington, D.C.. Abril 1998.
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5. CURRÍCULO
Conceição Aparecida Manzotti – Nutricionista, graduada pela
Faculdade de Nutrição da Universidade de Mogi das Cruzes-SP, em
1981. Especialização em Administração de Serviços de Nutrição pela
União São Camiliana em 1988 e Gestão do Conhecimento pela
Fundação Getúlio Vargas em 2001.
Formação em Consultoria interna em 2002 e Aprofundamento
Espiritual do Consultor Interno da Antroposofia (2004-2006), pela
ADIGO – Apoio ao Desenvolvimento Individual, Grupos e
Organizações.
Atuação em empresa multinacional na auto-gestão do serviço de
nutrição durante 16 anos e na Coordenação da área de Recursos
Humanos – Desenvolvimento de Pessoas, Recrutamento & Seleção
de Pessoal durante 09 anos.
Pós graduada em Nutrição Clínica Funcional pela VP – Consultoria
Nutricional – 2008- 2010.
Atualmente atendimento em consultório particular, de nutrição clinica com
foco na prevenção/controle de doenças crônicas não transmissíveis e
programa de gestação saudável na cidade de Santos- SP - Brasil.
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