Dose de radiação

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Rev Inst Ciênc Saúde
2007; 25(4):455-61
Dose de radiação: estudo comparativo entre diferentes sistemas
de tomografia utilizados em Odontologia
Radiation dose: comparative study among different tomography
systems used in dentistry
Alessandra Coutinho*
Andreia Perrela*
Anna Carolina Katto Tempestini Horliana**
Cibelle Gil *
Cristiano Daissuke Higo***
Rosangela Sayuri Saga Kamikawa*
Jefferson Xavier de Oliveira****
Resumo
O objetivo deste trabalho é comparar as doses de radiação proporcionadas pelos diversos
tipos de tomografia, por meio de revisão da literatura disponível de 1992 a 2006. Embora haja
divergências entre os autores, a tomografia computadorizada produz as doses mais elevadas de
radiação. Valores inferiores foram encontrados para tomografia convencional e computadorizada
de feixe cônico.
Palavras-chave: Dosagem de radiação; Tomografia; Radiografia dentária
Abstract
The aim of this study is to revise the available literature from 1992 to 2006 related to radiation
doses provided by several kind of tomography, in order to compare the different and available
systems. Although there are divergences among authors the computed tomography produces
the most elevated doses of radiation. Inferior values were found for conventional and
computerized cone beam tomography.
Key words: Radiation dosage; Tomography; Radiography, dental
Introdução
Os estudos pioneiros dos sistemas de tomografia datam de 1920 e foram acompanhados por estudo de técnicas de reconstruções de imagens. Em 1967, Hounsfield Godfrey Newbold desenvolveu o primeiro sistema
de tomografia computadorizada (TC) com aplicabilidade clínica. Atualmente, aparelhos modernos com múltiplos detectores (TC multislice) permitem um escaneamento rápido e uma reconstrução de imagem com alta
resolução. Outros tomógrafos utilizados especialmente
na Odontologia, como por exemplo, o tomógrafo computadorizado por feixe cônico (CBTC), está disponível
no mercado desde 2001, somando sua nova tecnologia
aos inúmeros avanços observados desde a descoberta
dos raios X por Roentgen em 1895.
No entanto, juntamente com o estudo e desenvolvimento de novas técnicas de diagnóstico por imagem, a
preocupação com as doses de radiação a que os pacientes são expostos quando submetidos a estes exames, também tem sido motivo de inúmeras pesquisas,
uma vez que, são conhecidos os efeitos nocivos das radiações ionizantes.
O objetivo neste trabalho é comparar, com base na literatura disponível, diferentes sistemas de tomografia
utilizados na Odontologia no que diz respeito a doses
de radiação.
Revisão da literatura
Ekestubbe et al.9 (1992) compararam as doses absorvidas com o Scanora® (Soredex, Orion Corporation Ltd,
Helsinki, Finlândia) e com o tomógrafo hipocicloidal
Philips Universal Polytome (Massiot, Philips, França). A
mensuração das doses absorvidas foi realizada com o
auxílio de um fantoma (FA). As doses absorvidas com o
Scanora® foram maiores do que com o Polytome. A direção dos feixes dos raios X e a pequena distância focoobjeto do aparelho Scanora® influenciaram na distribuição das doses absorvidas.
Frederiksen et al.12 (1994) realizaram um estudo com
o objetivo de calcular a dose efetiva e estimar o risco do
* Doutoranda em Diagnóstico Bucal, sub-área Radiologia do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Odontologia da Universidade São Paulo
FOUSP). E-mail: [email protected]
** Doutoranda em Clínica Integrada do Programa de Pós-Graduação da FOUSP.
*** Mestrando em Diagnóstico Bucal, sub-área Semiologia, do Programa de Pós-Graduação da FOUSP.
**** Professor da Disciplina de Radiologia da Universidade Paulista (UNIP). Professor Livre Docente da Disciplina de Radiologia da FOUSP.
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uso do Scanora®. Com o uso de um FA e de dosímetro
termoluminescente, a radiografia panorâmica (RA) mostrou uma dose efetiva de 26 µSv enquanto que os filmes
tomográficos resultaram em uma dose efetiva < 1µSv a
30 µSv dependendo da localização anatômica do plano
da imagem e da opção de colimação. A dose efetiva
desta magnitude para a RP foi estimada a representar
uma probabilidade de efeito estocástico na ordem de
1.9 x 10-6. Igualmente, a dose efetiva, associada aos filmes de tomografia, pôde ser estimada a ser igual à probabilidade dos efeitos estocásticos na ordem de ≤ 1 x
10-6 a 2.2 x 10-6.
Scaf et al.20 (1997) realizaram com o auxílio de dosímetros as mensurações de doses de sítios craniofaciais
em um fantoma tecido equivalente nos exames tomográficos realizados em dois aparelhos: o tomógrafo odontológico multidirecional Tomax Ultrascan (Incubation
Industries, Ivyland, Pa.) e tomógrafo computadorizado
Elscint Excel 2400 (Elscint Corp., Tel Aviv, Israel). O tomógrafo computadorizado distribuiu maiores doses de
radiação quando comparado às doses distribuídas pelo
Tomax Ultrascan em todas as regiões anatômicas. As
diferenças foram mais pronunciadas quando apenas um
ou dois locais para avaliação pré-cirúrgica para implantes foram avaliadas. As razões para as disparidades de
doses foram observadas em decorrência da anatomia e
do procedimento adotado. Os autores ressaltaram que a
radiografia oclusal tomada como referência para a
digitalização do arco no Tomax Ultrascan contribui
bastante para elevar o valor da dose absorvida.
Os autores recomendaram que a tomografia convencional seja utilizada para a avaliação de sítios separados especialmente quando localizados em ambos os
arcos e a tomografia computadorizada para avaliação
de áreas adjacentes no mesmo arco.
Dula et al.6 (2001) realizaram cálculos dos riscos biológicos por meio de mensurações de doses em exames
radiográficos convencionais. Eles demonstraram que o
risco de uma radiografia periapical é 20% do da panorâmica. A RP e uma série de quatro cortes tomográficos
convencionais de uma área edêntula da região de molares levam 5% e 13% do risco observado em uma TC de
maxila e mandíbula, respectivamente.
Dula et al.7 (2001) compararam as doses de radiação
provenientes do aparelho Cranex Tome (Soredex, Orion
Corporation Ltd, Helsinki, Finlândia) com o Scanora®. Os
resultados apontaram que os valores de dose do
Cranex Tome alcançavam apenas 50% a 60% dos valores medidos para o Scanora®. A dose efetiva foi calculada como 0.061 mSv e 0.04 mSv para a região de molares superiores direitos e inferiores direitos, respectivamente. Os valores correspondentes para o Scanora®
foram 0.117 mSv e 0.084 mSv, concluindo desta maneira que tais imagens seccionais podem ser realizadas
com o Cranex Tome que utiliza metade da radiação
observada para o Scanora®.
Ekestubbe et al. 11 (2004) compararam as doses
absorvidas e as doses efetivas da escanografia e zonografia realizada com o Scanora® com as doses da radiografia periapical e concluíram que a escanografia
realizada com o Scanora® é uma alternativa a radiografia periapical e é preferida, do ponto de vista de dose
de radiação, a zonografia. As doses efetivas na escanografia para o ramo mandibular e elementos dentários foi
de 0.,01 mSv, similar ou menor do que a da radiografia
periapical. A zonografia revelou a maior dose efetiva
(0,03 mSv). Com exceção da dose de pele, as glândulas salivares receberam as maiores doses. As doses
das glândulas salivares foram ligeiramente mais altas na
escanografia do que na radiografia periapical.
Ekestubbe et al.10 (1993) realizaram mensurações das
doses absorvidas por órgãos radiosensíveis da cabeça
e do pescoço quando submetidos à TC. Essas mensurações foram realizadas com a utilização de dosímetros
termoluminescentes de LiF dentro e fora de um FA com
um tomógrafo computadorizado LX Philips Tomoscan
(Philips Hitachi, Eindhoven, Holanda). Foram realizados
cortes axiais para maxila e mandíbula, bem como cortes
frontais e perpendiculares ao alvéolo. Os autores observaram que todas as doses medidas nos órgãos foram
consideravelmente maiores do que as registradas para
a tomografia convencional.
Cohnen et al.4 (1998) utilizando exames de TC singleslice padrão (“Somatom AR.SP”, “Picker PQ 2000” e
“Toshiba Xpress SX”), para pescoço, seios paranasais e
mandíbula em fantomas afirmaram que as doses para
os órgãos na TC helicoidal correspondem aos dados
conhecidos de dose para a tomografia convencional.
Ekestubbe8 (1999) utilizou dosímetros termoluminescentes em fantomas e mediu as doses absorvidas por
órgãos radiossensíveis em tomografias hipocicloidal,
convencional e computadorizada para cabeça e pescoço. Na tomografia convencional as doses estiveram por
volta de 0.2 mGy exceto para as glândulas salivares
maiores, tais valores foram consideravelmente maiores
para a TC.
De acordo com Bianchi et al.1 (2000) para exame dos
maxilares, há redução de 57,4% na dose de superfície
para a lateral da órbita, 47% para o forame infra-orbital
e 60.8% na tireóide quando a TC helicoidal é usada em
vez da convencional, seguindo os mesmos parâmetros.
Para exames de mandíbula a redução é de 57.4% para
lateral de órbita, 60% no forame infraorbital e 70.9% na
tireóide.
Cohnen et al.5 (2000) afirmaram que a TC de cabeça
apresenta dose efetiva média de 1 mSv a 5 mSv. Se o
exame é repetido após administração de contraste, a
dose absorvida pela pele será dobrada. Compararam a
dose efetiva absorvida por cadáveres em tomografia
convencional e helicoidal de dois tomógrafos (Xpress
SX; Toshiba Medical Systems, Japão/Somatom AR.SP;
Siemens Medizingerätetechnik, Alemanha) e concluíram
que alterando os protocolos de escaneamento pode
haver redução de dose em 40% sem perda da qualidade diagnóstica da imagem.
Segundo Seeram22 (2001), os mesmos fatores que
afetam a dose na TC convencional afetam na helicoidal,
conforme a miliamperagem (mAs) e a quilovoltagem
(kVp) aumentam, a dose aumenta proporcionalmente.
Estudos comparativos demonstram que a dose da TC
Coutinho A, Perrela A, Horliana ACKT, Gil C, Higo CD, Kamikawa RSS, Oliveira JX. Dose de radiação: estudo comparativo entre diferentes
sistemas de tomografia utilizados em Odontologia. Rev Inst Ciênc Saúde. 2007;25(4):455-61.
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convencional e da helicoidal são quase idênticas ou
menores na helicoidal porque a corrente do tubo usa
valores menores do que na TC convencional. A TC helicoidal elimina em grande parte a necessidade de refazer os cortes.
Bou Serhal et al.2 (2001) utilizaram a cabeça de um
cadáver humano para medir as doses de radiação para
exames tomográficos de maxilares edêntulos no aparelho Cranex Tome e Somatom Plus SA (Siemens, Erlangen, Alemanha). No estudo, os exames realizados pelo
tomógrafo convencional helicoidal da maxila e mandíbula, as doses de radiação para glândulas submandibular
e parótida do mesmo lado do tubo foram significativamente mais elevadas do que aquelas para a glândula tireóide. Concluíram que os valores obtidos com a tomografia convencional foram inferiores aos registrados para TC helicoidal para os arcos dentários (doses de 4 a
159 vezes menores).
Ngan et al.19 (2003) compararam as doses de radiação facial da TC com as doses de radiação para telerradiografia em norma lateral, RP, radiografia oclusal e periapical. Utilizando fantomas obtiveram as seguintes doses de radiação: TC de face, 2.1 mSv; TC de maxila,
1.40 mSv; TC de mandibula, 1.32 mSv; telerradiografia
lateral, 0.005 mSv; panorâmica, 0.010 mSv; oclusal da
maxila, 0.007 mSv; periapical, 0.005 mSv. Os autores
concluíram que a TC produz radiação ionizante significativamente maior do que as radiografias convencionais. Este fator deve ser levado em consideração ao se
escolher a TC como um método alternativo aos exames
convencionias.
Staniszewska et al.25 (2005) em estudo com cinco tipos diferentes de TC singleslice (Siemens: Somatom AR
Star, e dois Somatom Balance, Picker:PQ-2000 e PQ5000) em fantomas, concluíram que as doses de radiação podem ser reduzidas mais de três vezes sem perda
de qualidade da imagem alterando parâmetros de
escaneamento. Os autores afirmaram que a maneira
mais comum de obter redução na dose é diminuir a corrente do tubo, o que é feito automaticamente nos tomógrafos multislice.
McCollough e Zink16 (1999) comparando TC multislice
(LightSpeed QX/i, Version 1.0, General Electric Medical
Systems) com um singleslice do mesmo fabricante
(HiSpeed CT/i, Version 4.0) concluíram que as doses de
radiação foram maiores no multislice em qualquer
espessura de corte utilizada.
Brix et al.3 (2003) afirmaram que a dose efetiva média
por paciente mudou de 7.4 mSv no singleslice para 5.5
mSv e 8.1 mSv no multislice 2 e quatro canais,
respectivamente. Isto é, dose efetiva média no TC
multislice de quatro canais é aumentada em aproximadamente 47%, porém os mesmos afirmaram que existe
um potencial de redução de dose para o tomógrafo 4 canais pela otimização dos protocolos de escaneamento.
Para Lorenzen et al.14 (2005), sem perda de qualidade
da imagem, a dose de radiação para o corpo pode ser reduzida de 1.89 mSv para 0.34 mSv e a dose para o cristalino de 27.2 mSv para 4.8 mSv. Imagens de alta qualidade foram obtidas utilizando-se um protocolo multislice
(Somatom Volume Zoom, Siemens) com 30 mAs e 120 kV
para face média, resultando em uma redução de dose de
70 % em comparação com os protocolos padrão.
Segundo Ziegler et al.27 (2002), o primeiro equipamento de Tomografia Computadorizada Volumétrica –
Cone Beam (CBCT) aprovado nos Estados Unidos para
uso dental pela Food and Drug Administration (FDA) foi
o NewTom® Model QR-DVT 9000 desenvolvido pela QR
(Quantitative Radiology) s.r.l. em 1997, disponível no
mercado em 2001, no qual o tubo de raios X com os detectores giram 360 graus ao redor da cabeça do paciente, com uma potência máxima de 110 kV e de
10 mA, mas opera-se habitualmente em 3.5mA. As imagens são capturadas em aproximadamente 36 segundos, dos quais 5.4 segundos são de exposição efetiva.
Um intensificador de imagem permite que as imagens
sejam geradas significativamente com menos radiação.
Estas imagens são gravadas em um sensor de CCD
com uma matriz de 752 x 582 pixels como raw data (dados brutos), e posteriormente reconstruídas com um
programa na plataforma Windows em cortes axiais,
sagitais e coronais.
Mah et al.17 (2003) mensuraram a dose absorvida pelos tecidos e calcularam a dose efetiva de uma tomografia do NewTom 9000 e compararam com a dose efetiva de uma panorâmica e de outras modalidades de tomografias computadorizadas para implantes dentários.
A dose absorvida média foi equivalente ou inferior ao
exame de cinco radiografias periapicais usando a película de D-Speed (Kodak) e a dose encontrada na panorâmica foi de 2.9 a 9.6µSv. Esta quantidade de radiação
do NewTom® é similar a de um equipamento panorâmico convencional. Por comparação, os tomógrafos computadorizados adquirem imagens usando doses efetivas de 40 a 60 vezes estas quantidades. A dose de radiação dos tomógrafos computadorizados médicos é
baseada no peso do paciente, densidade do osso e se
uma ou duas arcadas estiverem sendo estudadas. Concluíram que a dose efetiva para a imagem do volume
maxilomandibular foi de 50.3 µSv, a qual é significativamente menor que a obtida com outros métodos tomográficos computadorizados e está dentro da escala de
exames dentais convencionais.
Schulze et al.21 (2004), em trabalho comparando quatro
tipos de radiografias convencionais (vista orbital, Waters,
panorâmica e anteroposterior de crânio), dois diferentes
aparelhos CBCT (NewTom 9000 e Siremobil Iso-C3D) e
dois aparelhos de TC multislice (Somatom VolumeZoom e
Somatom Sensation 16), concluíram que a TC multislice
apresentou os valores mais altos de exposição. Os
valores da CBTC ficaram entre os da TC multislice e os
das radiografias convencionais. Porém as doses medidas
no multislice 16 cortes não foram significativamente
diferentes do multislice 4 cortes quando protocolos de
escaneamento adaptados foram utilizados.
Em 2004, foi desenvolvido o NewTom 3G, substituindo o anterior. Este novo modelo aumentou e completou
a área de aquisição de imagem dedicada para Radiologia odontológica, ou seja, um tomógrafo computadorizado volumétrico dedicado ao estudo do complexo
Coutinho A, Perrela A, Horliana ACKT, Gil C, Higo CD, Kamikawa RSS, Oliveira JX. Dose de radiação: estudo comparativo entre diferentes
sistemas de tomografia utilizados em Odontologia. Rev Inst Ciênc Saúde. 2007;25(4):455-61.
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dentomaxilofacial, possiblitando escaneamentos com
campos de visão (FOV) de 6”, 9” e 12”25.
Hirsch et al.13 (2004) realizaram um estudo dosimétrico comparando as doses de absorções do tomógrafo
computadorizado por feixe de raios X em forma de cone, 3D Accuitomo (J. Morita MFG Corp., Tokyo, Japão)
em relação ao tomógrafo computadorizado helicoidal,
Somatom Emotion (Siemens AG, Forchheim, Alemanha).
As mensurações das doses foram executadas em um
FA, desenvolvido especialmente para radiografias
odontológicas. A dose absorvida na cabeça e pescoço
foi mensurada com detectores termoluminescentes
(TLD 100H, Harshaw/Bicron) em 28 locais diferentes na
superfície, assim como dentro do fantomas. Foram utilizadas as seguintes condições de exposições: 1- 3D
Accuitomo: único escaneamento cilíndrico com uma
área de 40 mm diâmetro e 30 mm altura, 70 kV, 3 mA,
17,5 s de tempo de exposição. 2- Somatom Emotion:
área de escaneamento de 30mm, 130 kV, 90 mAs, 1,5 s
e espessura de corte de 1mm. As doses absorvidas nas
regiões mensuradas estavam entre 50% a 95% menor
no 3D Accuitomo do que no tomográfo computadorizado Somatom Emotion.
Winter et al.26 (2005) descreveram os benefícios e as
aplicações odontológicas das imagens obtidas pela
CBTC. O exame requer menos radiação (opera com até
95% menos), é mais acurado do que os exames convencionais de tomografias computadorizadas médicas,
menos distorção que as periapicais e radiografias panorâmicas. A tecnologia da CBCT tem muitas vantagens
quando comparada a todos os atuais exames radiológicos, além do custo efetivo para os pacientes.
O i-CAT™ Cone Beam 3-D (Xoran Technologies, Ann
Arbor, Mich/Imaging Sciences International, Hatfield, Pa)
provê alta definição em uma imagem tridimensional digital
com menor radiação para o paciente do que os tradicionais de CBTC além de rápida e fácil obtenção da
imagem, além de produzir imagens com tamanho de voxel de 0,2 mm. O tempo de escaneamento é de 20 segundos minimizando a radiação e reduzindo as chances do
paciente se movimentar durante a obtenção da imagem23.
Utilizando fantomas de PMMA (polimetilmethacrilato),
Mori et al.18 (2006) concluíram que um TC multislice de
256-cortes (protótipo de TC 256-cortes desenvolvido
pelo National Institute of Radiological Sciences que
emprega rotações contínuas de cone-beam) gera doses
menores que o tomógrafo multislice de 16 cortes.
Ludlow et al.15 (2006) compararam as doses efetivas
de três equipamentos de CBCT comercialmente disponíveis, com campo de visão (FOV) de 12’’: CB Mercuray, NewTom 3G e i-CAT utilizando dosímetros termoluminescentes colocados em 24 locais da cabeça e do
pescoço de um FA com tecido equivalente ao humano
RANDO (radiation analogue dosimetry system –
sistema análogo de dosimetria da radiação; Nuclear
Associates, Hicksville, NY). Dependendo da
disponibilidade, o FOV de 12’’ e os modos de escaneamentos com FOVs menores foram usados com
posicionamento geométrico do fantoma similar para
cada unidade de CBCT. As maiores doses de radiação
foram somadas nos órgãos individuais usando valores
teciduais segundo a International Commission on
Radiological Protection (ICRP 1990 – Comissão
Internacional de Proteção em Radiologia – E1990) e os
valores propostos em 2005 (E2005). Tais valores foram
equiparados a múltiplas doses de uma RP (Quadro 1).
Concluíram, que a dose da CBCT varia substancialmente dependendo do equipamento, do FOV e
Quadro 1. Comparação da dose efetiva (E) do protocolo de peso de tecido correspondente ao número de radiografias
panorâmicas e com os percentuais das doses de fundo anuais per capita das diversas fontes (Ludlow et al.15, 2006)
Técnica
E (µSv)
1990
ICRP
E (µSv)
2005 ICRP
Dose como
múltiplo de
uma
panorâmica
(ICRP 1990)
Dose como
múltiplo de
uma
radiografia
panorâmica
(ICPR 2005)
Dose (ICRP
1990) como a
dose anual
per capta
Dose (ICRP
2005) como
a dose anual
per capta
NewTom 3G -12” FOV
44,5
58,9
7
4
1,2%
1,6%
NewTom 9000-9”FOV11
36,9
51,7
6
4
1,0%
1,4%
846,9
1025,4
132
78
23,5%
28,5%
Mercuray 12” FOV 15 – 120
Mercuray 12” FOV 10-100
476,6
557,6
74
42
13,2%
15,5%
Mercuray 9” FOV
288,9
435,5
45
33
8,0%
12,1%
Mercuray 6” FOV (maxilary)
168,4
283,3
26
21
4,7%
7,9%
i-CAT 12” FOV
134,8
193,4
21
15
3,7%
5,4%
i-CAT 9” FOV
68,7
104,5
11
8
1,9%
2,9%
6,3
13,3
1
1
0,2%
0,4%
Panoramic (OrthoPhos Plus DS)
Maxilo-mandibular CT scan
2100
336
58,3%
MaxilarCT scan
1400
224
38,9%
FOV – field of view – Campo de Visão
ICRP – International Commission on Radiological Protection (Comissão International de Proteção em Radiologia)
µSv – micro sieverts
E – Dose efetiva
Coutinho A, Perrela A, Horliana ACKT, Gil C, Higo CD, Kamikawa RSS, Oliveira JX. Dose de radiação: estudo comparativo entre diferentes
sistemas de tomografia utilizados em Odontologia. Rev Inst Ciênc Saúde. 2007;25(4):455-61.
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dos fatores técnicos selecionados. A dose efetiva é
diversa e muitas vezes maior do que a dose da RP convencional em ordem de magnitude e muito menor que
as doses relatadas para as TCs convencionais.
Discussão
A dose de radiação proporcionada pela tomografia
convencional (linear, hipocicloidal) é bastante próxima
aos valores de dose da RP, embora haja variação de
dose conforme o aparelho utilizado. Frederiksen et al.12
(1994) relataram que a RP mostrou uma dose efetiva de
26 µSv enquanto que os filmes tomográficos resultaram
em uma dose efetiva de 1µSv a 30µSv com o
Scanora®. Segundo Ekestubbe et al.9 (1992) as doses
absorvidas com o Scanora® foram maiores que com o
tomógrafo hipocicloidal Philips Universal Polytome.
Dula et al. 7 (2001) observaram que as doses de
radiação provenientes do aparelho Cranex Tome
alcançavam apenas 50% a 60% dos valores medidos
para o Scanora®.
A TC apresenta doses de radiação consideravelmente mais elevadas que as radiografias convencionais e
que a tomografia convencional 2,8,10,19,20-21. Dula et al. 7
(2001) demonstraram que 4 cortes tomográficos levam
13% do risco observado em uma TC de maxila e
mandíbula.
Quanto à TC Cohnen et al.4 (1998) afirmaram que as
doses na helicoidal correspondem aos dados conhecidos de dose para a convencional, já Bianchi et al. 1
(2000) relataram redução de dose na TC helicoidal com
relação à convencional. Segundo Seeram22 (2001), as
doses de radiação da TC convencional e da TC helicoidal são quase idênticas ou menores na helicoidal.
McCollough e Zink 16 (1999) observaram que a TC
multislice apresentou doses de radiação maiores que a
TC singleslice para todas as áreas do corpo, Brix et al.3
(2003), entretanto, afirmaram que a dose efetiva média
no multislice TC de quatro canais é aumentada em
aproximadamente 47% com relação ao single-slice, po-
rém é reduzida na TC multislice de quatro canais.
Schulze et al.21 (2004) não encontraram diferenças entre
as TC multislice de 4 e 16 canais.
Cohnen et al.5 (2000), Brix et al.3 (2003), Staniszewska
et al.25 (2005) e Lorenzen et al.14 (2005) afirmaram que
alterando os protocolos de escaneamento da TC helicoidal single e multislice, pode haver redução de dose
de 40% a 70% sem perda da qualidade diagnóstica da
imagem.
Schulze et al.21 (2004) afirmaram que os valores CBTC
ficaram entre os da TC multislice e os das radiografias convencionais, o que também foi encontrado no estudo de
Ludlow et al.15 (2006). Mah et al.17 (2003) afirmaram que a
dose absorvida média foi equivalente ou inferior ao exame
de cinco radiografias periapicais usando a película de DSpeed (Kodak), utilizando o NewTom 9000. Esta
quantidade de radiação do NewTom® é similar a de um
equipamento panorâmico convencional, os tomógrafos
computadorizados adquirem imagens usando doses
efetivas de 40 a 60 vezes estas quantidades. Segundo
Hirsch et al.13 (2004) para o 3D Accuitomo as doses
absorvidas estavam entre 50% a 95% menores em relação
ao tomógrafo computadorizado helicoidal, Somatom
Emotion, concordando com Winter et al.26 (2005), que
afirmaram que a CBTC opera com até 95% menos.
Conclusões
1. O estudo comparativo das doses de radiação emitidas pelos diferentes sistemas de tomografias utilizados
na Odontologia está intimamente ligado ao regime de
trabalho utilizado (mAs, kVp, FOV, etc), bem como à
metodologia aplicada em cada estudo científico no que
se refere ao tipo de fantoma, dosímetro utilizado e ao local onde o dosímetro foi colocado.
2. Levando estas considerações em questão, concluise de maneira geral, que a TC é o exame que expõe o
paciente a maior dose de radiação quando comparada
aos exames radiográficos convencionais, tomografias
convencionais e o CBTC.
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Recebido em 18/11/2006
Aceito em 05/02/2007
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