Efeitos da fisioterapia na força muscular respiratória do idoso

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Efeitos da fisioterapia na força muscular respiratória do idoso: revisão de
literatura
Flávia Alves de Abreu1, Ingrid Maziero Cheles1, Maíra de Freitas Souza1, Michelle Pereira
Lima1, Rafael Bossolan1, Andréa Campos de Carvalho Ferreira1, Paulo Eduardo Gomes
Ferreira2
1
Discente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário Barão de Mauá;
Docente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário Barão de Mauá.
2
[email protected]
1 INTRODUÇÃO
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) demonstram mudanças
na estrutura etária da população brasileira, que passará a ter um maior número de idosos em
relação às outras idades (IBGE, 2011).
O organismo envelhece como um todo e é visto que o sistema respiratório do idoso
sofre progressiva diminuição do desempenho devido às alterações estruturais e funcionais
(JANSSENS; PACHE; NICOD, 1999). Essas mudanças são clinicamente relevantes, pois o
declínio da função pulmonar está associado ao aumento da taxa de morbidade e mortalidade
nesta população (RUIVO et al., 2009).
Simões et al. (2007) avaliaram a força muscular respiratória por meio de
manovacuometria de 100 indivíduos saudáveis entre 40 e 89 anos, de ambos os sexos. O
estudo observou a força dos músculos respiratórios pelas pressões respiratórias máximas:
pressão inspiratória máxima (PIMáx) e pressão expiratória máxima (PEMáx). Segundo os
autores, a disfunção muscular respiratória pode levar à hipoventilação, redução na tolerância
ao exercício e, em casos extremos, à insuficiência respiratória. Faz menção ainda à
diminuição do recolhimento elástico dos pulmões e da complacência da caixa torácica como
uma das principais mudanças que ocorrem no sistema respiratório com o passar dos anos.
Estudos provam que alterações pulmonares nos idosos podem também ser resultado de
patologias de outros sistemas, como, por exemplo: doenças cardiovasculares, deformidades
ósseas torácicas, doenças articulares, lesões do sistema nervoso central e periférico e também
cirurgias abdominais e torácicas. Ainda perturbações metabólicas, como: acidose, diabetes
mellitus e uremia, podem ter como complicação alterações pulmonares (RUIVO et al., 2009).
As alterações determinadas pelo envelhecimento afetam os mecanismos de controle
das estruturas pulmonares e extrapulmonares que participam do processo de respiração,
observado pelo enfraquecimento da musculatura da respiração com o progredir da idade
(ROSSI; SADER, 2002). Isso ocorre devido ao enfraquecimento do músculo esquelético
somado ao enrijecimento da parede expiratória e inspiratória, exercendo um grau de
dificuldade maior para executar a dinâmica respiratória (CARVALHO FILHO; LEME, 2002).
O único músculo que não costuma ser afetado pelo envelhecimento é o diafragma que, no
idoso, apresenta a mesma massa muscular que indivíduos mais jovens (GORZONI; RUSSO,
2006).
Ide et al. (2007) reforçam que, além da redução da elasticidade pulmonar, o idoso
pode ainda apresentar redução da capacidade de expansão da caixa torácica e da pressão de
recolhimento elástico, resultado da fusão das articulações sinoviais entre o esterno e
cartilagens costais, contribuindo para redução da força muscular respiratória.
Com essa realidade, os profissionais da saúde, inclusive o fisioterapeuta, vem se
preocupando em prevenir ou retardar essa perda da função pulmonar que é característica da
pessoa idosa. Por isso, torna-se relevante buscar o que já existe nesse assunto para a
fundamentação científica, melhorando a atuação clínica com idosos saudáveis.
2 OBJETIVO
Verificar, através de uma revisão bibliográfica, os efeitos da fisioterapia na força da
musculatura respiratória de pessoas idosas.
3 MATERIAL E MÉTODOS
Como metodologia, optou-se pela revisão bibliográfica, centrada em artigos referentes
a estudos nacionais e livros reconhecidos da área buscando conteúdo relacionado a idosos
saudáveis.
Os artigos foram selecionados no espaço virtual, em sites indexados nas bases de
dados da Biblioteca Virtual em Saúde (BIREME) que abordavam força muscular respiratória
de idosos e fisioterapia, usando as palavras-chave: músculos respiratórios, idoso, fisioterapia.
Foram excluídos os artigos que associavam fisioterapia em pacientes pós-cirúrgicos,
os que continham programas em indivíduos com suporte de ventilação mecânica e os artigos
que estudavam idosos com patologias respiratórias. Para leitura dos artigos mais atuais, foram
escolhidos aqueles a partir do ano de publicação de 2007.
4 RESULTADOS
Na busca na base de dados Lilacs foram encontrados seis artigos. Na Scielo Brasil
foram levantados quatro artigos.
Após leitura criteriosa dos resumos, foram excluídos os estudos que não se
enquadravam na proposta descrita no Material e Métodos, sendo incluídos três artigos.
Para tanto, foram analisados temas como a força muscular respiratória, a força do
músculo pulmonar, expansibilidade do pulmão e a autonomia de idosos, tanto os
institucionalizados como os da comunidade em geral.
A Tabela 1 resume os achados principais dos artigos selecionados.
Tabela 1- Artigos selecionados para revisão de literatura.
Autor/ano
periódico
Título
Métodos
Objetivo
Resultados
Conclusão
Cader, S.;
Silva, E. B.;
Vale, R.;
Bacelar, S.;
Monteiro,
M. D.;
Dantas, E.,
2007.
Efeito do
treino dos
músculos
inspiratórios
sobre a
pressão
inspiratória
máxima e a
autonomia
funcional de
idosos
asilados
Estudo
transversal
Avaliar o efeito
do fortalecimento
muscular
inspiratório sobre
a PImáx e a
autonomia
funcional de
idosos asilados.
Diferenças significativas
foram observadas entre as
variáveis
PImáx,
autonomia
funcional,
caminhar
10
metros,
levantar
da
posição
sentada, vestir e tirar a
camisa,
levantar
da
posição decúbito ventral e
levantar e caminhar por
locais da casa apresentadas
pelos Grupo Controle e
Grupo
Experimental,
sendo este último superior
ao primeiro (p=0,00001).
O fortalecimento
isolado
da
musculatura
inspiratória
causou aumento
da PImáx e da
autonomia
funcional
dos
idosos asilados
analisados.
Motricidade
(continua)
Fonseca, M.
A.; Cader,
S. A.;
Dantas, E.
H. M.;
Bacelar, S.
C.; Silva, E.
B.; Leal, S.
M. O., 2010
Programas
de
treinamento
muscular
respiratório:
impacto na
autonomia
funcional de
idosos
Ensaio
clínico
aleatório
Comparar dois
programas de
treinamento
muscular
respiratório
(Threshold e
Voldyne) na
melhoria da
autonomia
funcional de
idosos.
Na
comparação
intragrupos (pré x pósteste), houve diferença
significativa no Grupo
Threshold (GT) para todos
os testes, com exceção do
levantar da posição de
decúbito
ventral.
No
Grupo Voldyne (GV), só
houve
diferença
significativa (p<0,05) para
o teste de caminhar 10
metros. Na comparação
intergrupos (pós x pós),
houve uma significância
estatística (p<0,05) para o
teste vestir e tirar a
camiseta,
sendo
os
resultados favoráveis ao
GT.
Os
grupos
treinados
obtiveram níveis
de
autonomia
funcional acima
de
27,42;
considerado fraco
tanto no pré e
pós-treinamento.
Força
muscular
respiratória
em idosos
submetidos a
duas
modalidades
de
treinamento
Estudo
controlado
randomizado
Avaliar a força
muscular
respiratória em
idosos submetidos
a treinamento dos
músculos
acessórios da
respiração com
theraband e com
Threshold.
Os dois grupos não
apresentaram
diferenças
significativas entre si,
sendo caracterizados como
uma
população
homogênea, representando
a comparação entre os
grupos
quanto
aos
desfechos de interesse no
período pós-treinamento.
As
duas
modalidades de
treinamento
aplicadas
não
foram efetivas no
que se refere ao
aumento da força
muscular
respiratória nos
idosos.
Revista da
Associação
de Medicina
Brasileira
Santos, L.
J.; Santos,
C. I.;
Hofmann,
M. M., 2011
RBCEH
5 DISCUSSÃO
As pesquisas mostraram a preocupação com a necessidade de se realizar um trabalho
fisioterapêutico para o desenvolvimento da autonomia do idoso, levando-se em conta a maior
expectativa de vida do homem, a possibilidade de uma vida de qualidade e o aumento
proporcional de idosos no mundo.
A autonomia de idosos pesquisada por Cader et al. (2007), utilizando o protocolo de
avaliação funcional do Grupo de Desenvolvimento Latino-Americano para a Maturidade
(GDLAM) e o manovacuômetro para aferir a PIMáx, relata a dispneia como o principal fator
de diminuição da força da musculatura inspiratória, impedindo a autonomia do idoso.
A autonomia do idoso também foi pesquisada por Fonseca et al. (2010) levando em
consideração o aumento da expectativa de vida e a inversão da pirâmide etária devido à
redução da fecundidade. O decréscimo da força muscular esquelética e da musculatura
respiratória são fatores determinantes para a dependência sofrida pelo ser humano a partir dos
60 anos.
O impacto da idade cronológica na função respiratória também pode ser influenciado
pelo gênero e idade, sendo então, que em um casal de idosos de mesma idade, saudáveis, há
maior impacto no sexo feminino (RUIVO et al., 2009).
O estudo de Simões et al. (2007) observou que homens e mulheres apresentaram
redução progressiva na PIMáx e na PEMáx a partir dos 40 anos; no entanto, cabe frisar que
tais valores são bastante inferiores em mulheres, em todas as décadas observadas.
Um estudo similar aos levantados nessa revisão de literatura, que compara os efeitos
de um programa de exercícios respiratórios em meio aquático com um desenvolvido no solo
sobre a expansibilidade torácica de idosos saudáveis entre 60 e 65 anos, também concluiu que
os exercícios fisioterapêuticos são indicados e dão bons resultados, embora existam poucos
estudos que se dediquem à população idosa saudável (IDE et al., 2007). Esse achado
corrobora com o incentivo de pesquisar os efeitos da fisioterapia em idosos saudáveis.
Ide et al. (2007) afirmam que uma intervenção de baixo custo que melhore a
expansibilidade torácica poderá ser de grande valia, já que um sistema respiratório eficiente
pode prevenir ou otimizar a recuperação frente a patologias respiratórias comuns na
população idosa.
6 CONCLUSÃO
A partir do estudo realizado, observou-se a redução da capacidade muscular
respiratória do idoso e a intenção da implantação de protocolos de exercícios respiratórios
e/ou associados a exercícios de membros inferiores em idosos sem complicações pulmonares
visando melhorar a função muscular respiratória. Porém, mais estudos são necessários a fim
de minimizar tal perda e proporcionar a criação de estratégias de tratamento.
Os estudos apontam que para um melhor rendimento da capacidade respiratória é
importante a realização de um programa de exercícios.
Cabe ressaltar também que foi verificado que exercícios podem favorecer a
preservação e o desenvolvimento da autonomia dos idosos e favorecer a melhora da sua
função pulmonar.
Palavras-chave: músculos respiratórios, idoso, fisioterapia.
REFERÊNCIAS
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máxima e a autonomia funcional de idosos asilados. Motricidade. Santa Maria da Feira, v. 3,
n. 1, p. 279-88, 2007.
CARVALHO FILHO, E. T.; LEME, L. E. G. Envelhecimento do sistema respiratório. In
PAPALÉO NETO, M.; CARVALHO FILHO, E. T. Geriatria: fundamentos, clínica e
terapêutica. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2002. p. 291-295.
FONSECA, M. A. et al. Programas de treinamento muscular respiratório: impacto na
autonomia funcional de idosos. Rev Assoc Med Bras, v. 56, n. 6, p. 642-648, 2010.
GORZONI, M. L.; RUSSO, M. R. O envelhecimento respiratório. In: FREITAS, E. et al.
Tratado de geriatria e gerontologia. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. p. 596.
IBGE. 2011. Primeiros resultados definitivos do Censo 2011. Disponível em:
<http://saladeimprensa.ibge.gov.br/noticias?view=noticia&id=1&busca=1&idnoticia=1866>.
Acesso em: 9 abr. 2014.
IDE, M. R. et al. Exercícios respiratórios na expansibilidade torácica de idosos: exercícios
aquáticos e solo. Fisioterapia em Movimento. Curitiba, v. 20, n. 2, p. 33-40, abr./jun. 2007.
JANSSENS, J. P.; PACHE, J. C.; NICOD, L. P. Physiological changes in respiratory function
associated with aging. Eur Respir J, v. 13, n. 1, p. 197-205, 1999.
ROSSI, E.; SADER, C. S. O envelhecimento do sistema osteoarticular. In: FREITAS, E. et al.
Tratado de geriatria e gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. p. 792-796.
RUIVO, S. et al. Efeito do envelhecimento cronológico na função pulmonar: comparação da
função respiratória entre adultos e idosos saudáveis. Rev Port Pneumol, Lisboa, v. 15, n. 4,
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S0873- 21592009000400005 HYPERLINK>. Acesso em: 21 mar. 2014.
SANTOS, L. J.; SANTOS, C. I.; HOFMANN, M. M. Força muscular respiratória em idosos
submetidos a duas modalidades de treinamento. RBCEH, Passo Fundo, v. 8, n. 1, p. 29-37,
jan./abr. 2011.
SIMÕES, R. P. et al. Influência da idade e do sexo na força muscular respiratória.
Fisioterapia e Pesquisa, v. 14, n. 1, p. 36-41, 2007.
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