ORIGEM DA FILOSOFIA Nasce no século VI a.C., em Mileto (cidade situada na Jônia, região de colônias gregas na Ásia menor). Filosofia representa a passagem do saber mítico (alegórico, fantástico, fantasioso) para o pensamento racional (baseado no lógos, pensamento ou discurso racional, estudo). MITO: vem do vocábulo grego mythos, que significa contar ou narrar algo. MITO: FORMA DE EXPLICAÇÃO Há três mil anos, não havia explicações científicas para grande parte dos fenômenos da natureza ou para os acontecimentos históricos, assim, para buscar um significado para esses fatos as pessoas se utilizavam do mito como forma de explicação. MITO: vem do vocábulo grego mythos, que significa contar ou narrar algo. Mito é uma narrativa que explica através do apelo ao sobrenatural, ao divino e ao misterioso, a origem do universo, o funcionamento da natureza, o surgimento de alguma coisa (JAPIASSÚ, Dicionário Básico de Filosofia. 1996, p. 183). EXEMPLO Segundo Hesíodo, foi dado a Prometeu e seu irmão Epimeteu a tarefa de criar os homens e todos os animais. Epimeteu encarregou-se da obra e Prometeu encarregou-se de supervisioná-la. Na obra, Epimeteu atribuiu a cada animal os dons variados de coragem, força, rapidez, sagacidade; asas a um, garras a outro, uma carapaça protegendo um terceiro etc. Porém, quando chegou a vez do homem, formou-o do barro. Mas como Epimeteu gastara todos os recursos nos outros animais, recorreu ao seu irmão Prometeu. Este roubou o fogo dos deuses e deu-o aos homens. Isto assegurou a superioridade dos homens sobre os outros animais. Todavia o fogo era exclusivo dos deuses. Como castigo a Prometeu, Zeus ordenou a Hefesto que o acorrentasse no cume do monte Cáucaso, onde todos os dias uma águia dilacerava o seu fígado que, todos os dias, se regenerava. Esse castigo devia durar 30.000 anos. MITOLOGIA GREGA: CARACTERÍSTICAS Os mitos se utilizam de muita simbologia, personagens sobrenaturais, deuses e heróis. Objetivos: transmitir conhecimento e explicar fatos que a ciência ainda não havia explicado. A cultura, a religião e educação gregas eram baseadas na tradição mitológica presente em seus poemas épicos. Principais poetas e poemas mitológicos gregos: Ilíada e Odisseia, de autoria de Homero; e a Teogonia, de autoria de Hesíodo. CREDIBILIDADE DOS MITOS Autoridade dos poetas: o mito era narrado pelo poeta escolhido por algum deus, que mostrava os acontecimentos passados e permitiam que eles vissem as origens de todos os seres e coisas para que assim pudessem transmitir aos ouvintes. Poeta: porta-voz da sabedoria dos deuses. Palavras sagradas: frutos da revelação divina. CONDIÇÕES HISTÓRICAS QUE CONTRIBUÍRAM PARA O SURGIMENTO DA FILOSOFIA As viagens marítimas: através da realização de viagens marítimas os gregos puderam chegar a localidades nas quais os mitos afirmavam que seriam habitadas por monstros e seres sobrenaturais. E ao chegar, constatavam que, na verdade, tais seres não existiam. Isso provocou o descrédito dos mitos. Invenção da política: importantes cidades e colônias gregas apresentavam uma forma de governo pautada na democracia direta. Ou seja, as discussões que decidiriam o futuro da cidade eram realizadas em praça pública, e todo cidadão dava a sua opinião, apresentava suas ideias acerca dos assuntos debatidos. Depois, os cidadãos passavam a votar e escolher as melhores ideias. E aqueles que apresentassem os melhores argumentos tinham suas ideias aprovadas. Com isso, o discurso racional passou a significar poder político, pois quem apresentasse o melhor discurso teria suas decisões políticas acatadas. Essa fato promoveu uma valorização do discurso racional. NECESSIDADE DE UMA NOVA EXPLICAÇÃO: A FILOSOFIA A Filosofia: nova explicação sobre a origem, sobre a ordem do mundo, baseada em argumentos racionais. “A partir da constatação de que os mitos não eram suficientes para responder às necessidades humanas de conhecimento, surgiram as explicações filosóficas (por volta do século VII ou VI a.C.), que utilizavam a capacidade de reflexão do Homem com o objetivo de conhecer a verdade. O que a diferencia dos mitos é seu objetivo de explicar logicamente e racionalmente os fatos” (REALE, História da Filosofia: filosofia pagã antiga.1993, p. 25). PERÍODOS DA FILOSOFIA ANTIGA Pré-socrático ou Cosmológico (Séc. VI – V a.C.): a preocupação dos filósofos desse período gira entorno do problema relacionado à origem do mundo e as causas das transformações da natureza; Socrático ou Antropológico (Séc. V – IV a.C.): Sócrates e Platão: o objeto de estudo passa a ser o homem, sua vida política e moral e sua capacidade de conhecer as coisas. Sistemático (Séc. IV – III a.C.): Aristóteles: quando a Filosofia busca reunir e sistematizar tudo quanto foi pensado sobre a cosmologia e a antropologia. Helenístico ou Greco-romano (Séc. III a.C. – VI d.C.): nesse longo período, que já alcança Roma e o pensamento dos primeiros Padres da Igreja, a Filosofia se ocupa sobretudo com as questões da ética, do conhecimento humano e das relações entre o homem e a Natureza e de ambos com Deus. FILOSOFIA NASCENTE: COSMOLOGIA Kósmos: mundo ordenado, organizado. Lógos: conhecimento, pensamento racional, discurso racional. Cosmologia: conhecimento racional acerca da origem, da ordem do mundo ou da natureza. Primeiros filósofos: pré-socráticos, cosmológicos, naturalistas, filósofos da phýsis (natureza, em grego). ARCHÉ (ANAXIMANDRO): elemento, substância primordial, princípio fundamental, matéria-prima que teria gerado o mundo e os seres nele existentes. TALES DE MILETO (623-546 a.C.) : A ÁGUA Pai da Filosofia Ocidental. Não se tem conhecimento de que tenha escrito livros: só conhecemos seu pensamento através da tradição oral indireta. Astrônomo: conseguiu prever um eclipse em 585 a.C. Matemático: teorema de Tales. TALES: ÁGUA (PHYSIS LÍQUIDA ORIGINÁRIA) Água de Tales: não seja o elemento físico-químico que hoje bebemos. A água de Tales: a physis liquida originária da qual tudo deriva e da qual a água que bebemos é apenas uma de suas tantas manifestações. Com efeito, sua "água" coincidia com o divino. “Tudo está cheio de deuses“: tudo é permeado pelo princípio originário. O PRINCÍPIO ÁGUA: PRINCIPAIS ARGUMENTOS DE TALES Vida animal e vegetal necessita de água. A água pode assumir os três estados físicos: sólido, líquido e gasoso. A maior parte da superfície do planeta é formada pela água. O corpo humano e o corpo dos animais é composto por água. Efeito das secas no Egito: água é vida. ANAXIMANDRO DE MILETO (610-547A.C.): ÁPEIRON. Discípulo de Tales. Tratado Sobre a natureza: fragmento. Procurou aprofundar a teoria de seu mestre, mas afirmava que não era possível eleger um único elemento (água, ar, fogo, terra) como princípio. O elemento primordial, o princípio (arché) tinha que ser uma substância diferente, superior, ilimitada. ÁPEIRON: ARGUMENTOS E CARACTERÍSTICAS Princípio (arché) não seria a água porque ela já era derivada de algo. Existia um princípio anterior a água e aos outros elementos. Ápeiron: indeterminado, ilimitado, infinito. Ápeiron: espacialmente indefinido, não apresenta uma forma clara. Conteria em si todos os elementos (água, ar, terra, fogo): algo supremo, superior, que não pode ser observado, captado pelos sentidos (visão, audição, tato, olfato e paladar). ANAXAIMANDRO: DO PRINCÍPIO DERIVAM TODAS AS COISAS De um movimento, que é eterno, geraram-se os primeiros dois contrários fundamentais: o frio e o calor. Originalmente de natureza líquida, o frio teria sido em parte transformado pelo fogo-calor, que formava a esfera periférica, no ar. A esfera do fogo ter-se-ia dividido em três, originando a esfera do sol, a esfera da lua e a esfera da terra. O elemento líquido ter-se-ia recolhido nas cavidades da terra, constituindo os mares. [...] Sob a ação do sol, devem ter nascido do elemento líquido os primeiros animais, de estrutura elementar, dos quais, pouco a pouco, ter-se-iam desenvolvido os animais mais complexos (REALE, & ANTISERI. História da Filosofia: filosofia pagã antiga, 2003, p.21). ANAXÍMENES DE MILETO (588-524 A.C.): PNEUMA-ÁPEIRON Discípulo de Anaximandro. Escrito Sobre a natureza: chegaram até nós três fragmentos Anaxímenes pensa que o "princípio" deva ser infinito e está em perene movimento. Elemento primordial segundo Anaxímenes: Pneuma-ápeiron (ou ar infinito). ANAXÍMENES: TUDO ADVÉM DO AR O ar sustenta a Terra (plana). Em seu estado estável o ar é invisível, mas quando é movido e condensado ele primeiro se torna vento, em seguida nuvem, depois água e, finalmente, a água condensada se torna lama e pedra. O ar rarefeito torna-se fogo, completando assim a escala dos elementos (REALE, & ANTISERI. História da Filosofia: filosofia pagã antiga, 2003, p.22). ELEMENTO AR Ar: indeterminado, não tem uma forma clara. Está presente na água de Tales: H20. Essencial para a vida dos seres vivos. É a causa do movimento da natureza: vento move nuvens, que criam as correntes marítimas, que movem os oceanos. Ar envolve, circunda todas as coisas, todo o planeta. PITÁGORAS DE SAMOS (570 – 496 A.C.) Autor da palavra Filosofia. Dizia Pitágoras que três tipos de pessoas compareciam aos jogos olímpicos: 1. As que iam para comerciar (servir aos seus próprios interesses); 2. As que iam para competir, isto é, os atletas e artistas (dança, poesia, música, teatro); 3. E as que iam para contemplar os jogos e torneios, para avaliar o desempenho e o valor dos que ali se apresentavam. O filósofo não é movido por interesses comerciais, também não é movido pelo desejo de competir, mas é movido pelo desejo de observar, contemplar, e avaliar as coisas, as ações, a vida: em resumo, pelo desejo de saber. OS PITAGÓRICOS E A PRIMAZIA DOS NÚMEROS Pitagóricos: o número (e os componentes do número) como o “princípio”. Concepção de número dos gregos antigos é diferente da nossa. Para nós o numero é uma abstração mental: não tem existência própria, ele é um simbolizo quantitativo Para o antigo modo de pensar (até Aristóteles): o número era coisa real, tinha existência própria. Número representa a ordem e a harmonia. Todo o cosmo é harmonia, porque é ordenado pelos números e por aquilo que a eles está ligado. O número expressa ordem, racionalidade e verdade. HERÁCLITO DE ÉFESO (Séc. VI e V a.C.): FOGO E DEVIR Para Heráclito, o mundo é regido pelo Devir que significa: vir a ser, mudança, movimento, transformação. Realidade é dinâmica (tudo flui): a vida é uma constante transformação, é um contínuo movimento, as coisas mudam e se transformam continuamente, o movimento rege a vida. Fogo é o princípio: elemento que representa movimento. Quando os seres perdem a vida eles ficam mais frios, perdem o calor. REFERÊNCIAS ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofando: introdução à filosofia. 2ªed. São Paulo: Moderna, 1996. COTRIM, Gilberto; FERNANDES, Mirna. Filosofar. São Paulo: Saraiva, 2011. REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da Filosofia: filosofia pagã antiga. São Paulo: Paulus, 2003.