Aula 11: Mansidão e Domínio Próprio

Comunidade Cristã Jesus Para o Mundo ‐ Escola Bíblica Dominical Profª: Marcela Fogagnoli ‐ Os Frutos do Espírito Santo Aula 11: Mansidão e Domínio Próprio MANSIDÃO Algumas versões usam humildade no lugar do termo mansidão. Isso se dá pelo fato de as duas palavras derivarem do mesmo termo grego praotes, que significa “gentileza” e “humildade”. A raiz dessa palavra é praus, que significa “suavidade”. Em hebraico, o termo equivalente a “mansidão” é anav, cuja raiz an é formada por duas letras: aiyn, que significa “olho”, e nun que significa “perpetuidade”, “continuidade”, “germinar”. Ou seja, a reunião das letras aiyn e nun (an), significa “o olhar da continuidade”. No antigo costume judaico, o agricultor nômade dedicava grande atenção ao cuidado de seu rebanho e cereais, olhando e vigiando continuamente sua propriedade. Relacionando esse costume à nossa realidade, podemos dizer que o humilde é aquele que cuida do seu bem mais precioso: sua salvação. Aquele que responde com mansidão ao ato de agressão está, na verdade, fazendo como o nômade judaico, cuidando atentamente de sua herança, pois a falta de mansidão é pecado, erro que faz separação entre nós e Deus (Isaías 59.2). Quando somos mansos, estamos protegendo nossa alma contra o pecado, e garantindo a proteção de nossa propriedade mais valiosa, nossa alma, como está escrito: “Pois que aproveitará o homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou que dará o homem em troca da sua alma?” (Mateus 16.26). Quando respondemos a uma agressão com outra agressão, estamos corrompendo nossa alma e vivendo o versículo que “um abismo chama outro abismo” (Salmo 42.7). Quando não perdoamos, não somos perdoados (Mateus 6.15). Quando somos mansos, o perdão chega facilmente, e nossa alma permanece imune ao poder do pecado. Mansidão e promessas de Deus • Os mansos herdarão a terra (Mt 5:5) • Os mansos terão paz (Sl 37:11) • Aquele que é manso mantém a unidade do Espírito no Corpo pois suporta ao outro (Ef 4:1‐2) • O Senhor ouve os desejos do manso (Sl 10: 17) O que não é mansidão • Morosidade: mansidão não está ligada a ser moroso, não ter iniciativa, aceitar tudo do jeito que está para não se irar. Não é isso. Quando você pensar em alguém manso, lance fora da sua mente pensamentos como alguém inerte, sem vida, passivo, que não tem direção, que não está apto para reivindicar os seus direitos. Mansidão não está ligada a nada disso. • Timidez: uma pessoa mansa não é o mesmo que uma pessoa tímida, porque os tímidos não conquistam, não têm a ousadia da fé. • Frieza: uma pessoa mansa não é alguém frio e calculista, mas é aquela que, mesmo calada, analisa o que está acontecendo de errado ao seu redor e consegue reverter o quadro, porque não age na impulsividade das emoções. Sabe tomar decisões precisas. • Tolice: uma pessoa mansa não é o mesmo que alguém tolo. A mansidão é resultante da verdadeira humildade. “Vinde a mim” “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas.” Mateus 11:28‐29 Jesus não faz um convite aos fortes, aos firmes ou aos capazes. Ele chama os cansados e oprimidos com a promessa de descanso para alma. Esse descanso só é dado porque Jesus é a fonte da mansidão e humildade. Somente Jesus pode assegurar descanso para nossa alma. Nossa inquietação, irritabilidade, ira e nosso cansaço não resolvem nossos problemas, ao contrário, pioram ainda mais a situação. Somente em Jesus temos um lugar de descanso e alívio A mansidão que vem de Cristo Jesus nos liberta do cansaço, da opressão, da ira e da angústia. DOMÍNIO PRÓPRIO O termo grego usado em Gálatas 5 é egkrateia, cuja raiz kratos significa “ter domínio sobre”, “exercer poder sobre”, “ter autoridade sobre”. O termo se relaciona à autoridade sobre os desejos carnais, como o sexo impuro, a glutonaria,mentira, ira, a bebedeira, a conversa vã etc. Remete à pessoa que sabe conter‐se, que sabe controlar a língua, olhos, mãos, ouvidos, pés e o corpo como um todo. Trata‐se de alguém que não é vencido pelo pecado, “pois cada pessoa é escrava daquilo que a domina.” (2 Pedro 2.19). Quem é vencido pelo pecado se torna escravo do pecado. Nós, porém, libertos do pecado por meio do sacrifício de Jesus, devemos viver em santidade, como pessoas que têm domínio sobre o corpo e sobre as vontades. Em hebraico, a palavra “’aphaq” é um dos termos equivalentes ao grego “egkrateia”. O termo aparece em Gênesis 43.31, quando José, após chorar muito ao rever seus irmãos, lava o rosto, contendo (yith’appaq) a emoção, e ordena que a refeição fosse servida (Gênesis 43.30‐31). Ou seja, o termo remete uma pessoa que sabe controlar seus impulsos, assim como Cristo, que em tudo foi tentado, mas nele não se achou pecado (Hebreus 4.15). Podemos assim definir domínio próprio como a capacidade efetiva, dada pelo Espírito Santo, que o cristão tem de controlar seu corpo e sua mente. O risco de não ter domínio próprio Na criação, Deus deu ao homem o domínio sobre a terra e os animais (Gn 1:26). Porém, a fraqueza do homem é não ter domínio sobre si mesmo. Precisamos entender que domínio próprio é fruto do Espírito Santo, ou seja, somente conseguir dominar nossa mente e corpo com o maravilhoso auxílio do Espírito Santo. Paulo, apesar de toda sua experiência com Deus, em sua sabedoria conclui: “Pois eu sei que aquilo que é bom não vive em mim, isto é, na minha natureza humana. Porque, mesmo tendo dentro de mim a vontade de fazer o bem, eu não consigo fazê‐lo. Pois não faço o bem que quero, mas justamente o mal que não quero fazer é que eu faço.” (Rm 7:18,19 NTLH) Diante disso, somos desafiados por Deus a ter domínio próprio sobre nossos desejos e sentimentos. Provérbios 25:28 nos adverte: “Quem não sabe se controlar é tão sem defesa como uma cidade sem muralhas”. Não somos capazes de impedir que maus pensamentos e desejos nos tentem, mas em Cristo somos plenamente capacitados para repreender esses maus desejos e pensamentos e submetê‐los ao Espírito Santo que está dentro de nós. Do mesmo modo, somos capazes de fazer com que bons pensamentos sejam fortalecidos em nossa mente. Além dos desejos e pensamentos, que podem nos controlar, existe também as circunstâncias da vida que muitas vezes se impõe e nos fazem perder o controle; são aquelas situações que muitas vezes não criamos, mas que nos atingem. Quando nos enredam, elas provocam desânimo ou outros sentimentos perigosos. Diante delas, podemos perder o autocontrole, partindo para reações inadequadas (desespero, violência, agressividade, medo etc). Infelizmente, muitas vezes, nossas reações mostram que, na verdade, estamos sendo controlados pelas circunstâncias e não pelo Espírito Santo de Deus. Metanoia Deus nos chama a uma mudança de pensamento. Em Romanos 12:2 temos um sábio conselho da parte de Deus: “Não vivam como vivem as pessoas deste mundo, mas deixem que Deus os transforme por meio de uma completa mudança da mente de vocês. Assim vocês conhecerão a vontade de Deus, isto é, aquilo que é bom, perfeito e agradável a ele”. Não devemos ser regidos pelas nossas vontades, sentimentos ou pelas circunstâncias impostas. Antes, devemos buscar em Deus uma renovação diária para nossa mente e nosso Espírito para que alcancemos o domínio próprio e para que experimentemos a plena vontade de Deus em nossa vida. Creio que uma poderosa arma contra maus sentimentos, pensamentos e vontades está no exercício de mudança contínua do nosso pensamento, conforme Deus nos orienta em Filipenses 4:8: “Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento. Que estejamos firmes nessa palavra e nos esforçando a cada dia para vencermos os maus pensamentos e sentimentos até o dia em que estaremos ao lado do Pai! Referências: Dicionário Priberam, Estudo Daniel Lopez, Bíblia Thompson, Bíblia NTLH, Bíblias versões Almeida Revista e Corrigida e Almeida Revista e Atualizada