Terceiro Subsídio

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Felizes os mansos,
porque eles
herdarão
a terra. Mt 5, 5
3º
subsídio
Jovens Peregrinos,
A cada semana damos mais alguns passos
em nossa preparação para vivermos bem as
várias experiências que nos esperam pelo Brasil
e pelo mundo. Seremos enviados pela vinha
do Senhor no desejo de encontrá-Lo em todas
as coisas, pessoas e lugares. Já não podemos
esperar o dia em que sairemos de nossas casas
para buscá-Lo! Contudo, enquanto isso, em
meio aos trabalhos e estudos também podemos
encontrar o Senhor, preparar nosso coração
e acertar o ritmo dos nossos passos.
O centro das nossas experiências é a pessoa
de Jesus Cristo, por isso devemos caminhar
sempre contemplando-O. Em nossa peregrinação,
é importante atentar para a forma como
caminhamos. Há algo em nós que nos identifica
como aqueles que buscam seguir o Cristo,
através do magis inaciano. Um Superior Geral
da Companhia de Jesus, Pe. Pedro Arrupe (19071991), compreendeu que o ideal do nosso modo
de proceder é o modo de proceder de Jesus.
Esse deveria ser o ideal de todos os cristãos!
Dessa forma, mais uma vez, somos convidados a
manter os olhos fixos em Jesus, pedindo a graça
de agirmos como ele no nosso dia a dia.
Em nossa peregrinação espiritual, fizemos
a opção de contemplar Jesus que anuncia às
multidões a Boa-Nova, condensada nas bemaventuranças. Nesta semana, somos chamados a
refletir e rezar a terceira bem-aventurança: “Felizes
os mansos, porque eles herdarão a terra” (Mt 5, 5).
A lógica do Reino de Deus anunciado por
Jesus não era compatível com as estruturas e
dinâmicas que regiam a sociedade daquele
tempo. Muitos anos depois, vemos que pouca
coisa mudou: o poder, a força e a violência
frequentemente regem nossas relações. Mas
não deveria ser assim! Diante do desejo de
poder e vanglória, Jesus alerta seus discípulos,
apresentando outro modo de relacionar-se:
“sabeis que os chefes das nações as subjugam,
e que os grandes as governam com autoridade.
Não seja assim entre vós. Todo aquele que quiser
tornar-se grande entre vós, se faça vosso servo.
E todo aquele que quiser tornar-se entre vós o
primeiro, se faça vosso escravo” (Mt 20, 25-27).
Esse jeito de ser de Jesus impactou os judeus,
que esperavam um messias que os libertaria,
pela força, da opressão dos romanos.
A mansidão, fruto do Espírito Santo (Gl 5, 22),
está intimamente ligada ao serviço e à humildade.
Não é sinônimo de covardia, submissão ou
passividade diante da vida. A verdadeira
mansidão é um sinal de profunda confiança
e esperança em Deus. Nesse sentido, podemos
entender o manso como uma pessoa que é capaz
de discernir, que sabe a hora e o lugar de atuar,
empregando-se tanto para acolher os cansados e
oprimidos quanto para denunciar as estruturas de
morte, tendo diante de si a realização da vontade
de Deus. O manso é o sábio que reconhece
que para tudo há um tempo, “tempo de calar
e tempo de falar” (Ecl 3, 7).
Olhando para Jesus, percebemos mais
claramente a dinâmica da mansidão. Ele convida
as pessoas aflitas com o peso dos fardos que
carregam a irem até ele, dizendo-se manso
e humilde de coração (Mt 11, 29). Porém,
quando os vendedores usam o templo como
local de comércio e usurpação, ele é capaz de
confeccionar um chicote e expulsá-los (Jo 2, 1317). Contemplamos a prova maior da mansidão
de Jesus ao caminharmos com ele até a cruz,
vivendo a Paixão. Ele sobe a Jerusalém sabendo
o que o esperava. Ao invés de revelar-se como
agitador e encher-se de cólera, pede para Pedro
guardar a espada na bainha (Jo 18, 11). Diante
de um julgamento injusto, coloca toda a sua
confiança em Deus e n’Ele espera. “Foi maltratado
e submeteu-se, não abriu a boca; como cordeiro
levado ao matadouro ou como ovelha diante dos
que a tosquiam, ele não abriu a boca” (Is 53, 7).
É por sua entrega e confiança total em Deus
que foi glorificado.
O Papa Francisco convida-nos a sermos
mais conscientes, ao refletir sobre as nossas
posturas e nos faz um alerta: “Bem-aventurados
os mansos. Quanto a nós, ao contrário, quantas
vezes somos impacientes, nervosos, sempre
prontos para reclamar! Temos tantas pretensões
em relação aos outros, mas quando nos tocam,
reagimos erguendo a voz, como se fôssemos
os senhores do mundo, enquanto na realidade
somos todos filhos de Deus. Pensemos sobretudo
naquelas mães e naqueles pais que são tão
pacientes com os seus filhos, que ‘os perturbam’.
Este é o caminho do Senhor: a vereda da mansidão
e da paciência. O próprio Jesus percorreu esta
senda: quando era criança suportou a perseguição
e o exílio; mais tarde, quando era adulto,
as calúnias, as ciladas, as falsas acusações no
tribunal; e suportou tudo com mansidão. E por
amor a nós, chegou a suportar inclusive a cruz”
(Homilia do Papa Francisco, Missa da Solenidade
de Todos os Santos, 1º de Novembro de 2015).
Em uma de suas audiências gerais, o Papa
Francisco fez um pedido aos participantes,
o qual também se estende a todos nós.
Ele pediu para que tivéssemos sempre diante de
nós as bem-aventuranças, apresentadas como
a lei de Jesus, a novidade trazida por Cristo,
um caminho de felicidade. Meditando essas
palavras e contemplando o modo de proceder
de Jesus, manso e humilde de coração, somos
impelidos a questionar e refletir sobre nossa
vida, considerando se nossos passos, em nosso
peregrinar cotidiano, têm se identificado com os
passos de Jesus.
Para buscar mais nos assemelhar com o
modo de viver de Cristo, semear sua mansidão
em nossos corações, lembremo-nos de colocar
diante de Deus cada dia que vivemos, através
do Exame Espiritual. Podemos fazê-lo todos os
dias: agradecendo a Deus que nos cumula com
sua misericórdia; pedindo a luz do Espírito Santo
para reconhecer o que o Senhor quer realizar
em mim e para reconhecer e rejeitar o mal com
suas seduções; fazendo memória do meu dia,
percebendo o que mais me marcou; analisando e
discernindo de onde vem e para onde me levam
alguns dos meus sentimentos, pensamentos e
ações; pedindo perdão pelo bem que deixamos
de fazer; por fim, propondo-nos a permanecer na
busca da vontade de Deus, através de uma vida
feita dom para o mundo.
Sugestões de textos bíblicos
para oração pessoal:
- Mt 20, 20-28
Viver para servir e dar a vida por muitos
- Mt 11, 28-30
Jesus, manso e humilde de coração
Pedido de graça:
Jesus, manso e humilde de coração,
fazei o nosso coração semelhante ao vosso.
Oração preparatória:
Ensina-nos, Senhor, a servir-te como mereces:
A dar sem contar o preço,
A lutar sem contar as feridas,
A trabalhar sem buscar descanso,
A doar sem pedir recompensa
Exceto o saber que fazemos tua vontade.
Texto:
Alex Palmer, Davi Caixeta e Marcos Venturini.
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