UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE – UNESC CURSO DE NUTRIÇÃO ANA PAULA SARTOR RONCONI ALIMENTOS FUNCIONAIS EM ALIMENTAÇÃO COLETIVA: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO NO EXTREMO SUL CATARINENSE. CRICIÚMA, JUNHO DE 2009 2 ANA PAULA SARTOR RONCONI ALIMENTOS FUNCIONAIS EM ALIMENTAÇÃO COLETIVA: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO NO EXTREMO SUL CATARINENSE. Trabalho de Conclusão do Curso, apresentado para obtenção do grau de Bacharelado no Curso de Nutrição da Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC. Orientador (a): Prof.(ª) Mariely Barcelos CRICIÚMA, JUNHO DE 2009 3 ANA PAULA SARTOR RONCONI ALIMENTOS FUNCIONAIS EM ALIMENTAÇÃO COLETIVA: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO NO EXTREMO SUL CATARINENSE. Trabalho de Conclusão de Curso aprovado pela Banca Examinadora para obtenção do Grau de Bacharelado, no Curso de Nutrição da Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC, com Linha de Pesquisa em Alimentação Coletiva. Criciúma, 30 de Junho de 2009. BANCA EXAMINADORA ____________________________________ Prof. (a) Mariely Barcelos – Especialista (UNESC) Orientadora ____________________________________ Prof. (a) Fernanda Salvador Alves – Mestre (UFPR) ____________________________________ Prof. (a) Maria Cristina Gonçalves de Souza – Mestre ( UNESC) 4 Dedico este trabalho aos meus pais, Paulo e Margarete, pelo esforço que fizeram para que eu pudesse concluir esta caminhada, pelo incentivo, e pela dedicação nos momentos difíceis. Ao meu irmão Lucas pelas palavras de coragem e ao meu amor, Guilherme, pelo apoio, carinho, cumplicidade e confiança durante todos os caminhos por nós percorridos. 5 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente, a Deus pela vida, pela existência da sabedoria, por sua proteção, que iluminou meu caminho e fortaleceu meus passos, mas principalmente pela dádiva de mais uma tarefa na minha vida concluída. A minha família pela compreensão, confiança e incentivo que sempre me deram. Em especial aos meus pais, que me deram a oportunidade de estar vivendo este momento tão especial. Ao meu amor, Guilherme, pelo apoio, carinho, cumplicidade e confiança durante todos os caminhos por nós percorridos. A todos os professores do Curso de Nutrição, agradeço pelos ensinamentos, amizade e incentivo durante todos estes anos de convivência. À professora e orientadora, Mariely Barcelos, pela sua dedicação e paciência na execução deste trabalho. A Professora Fernanda Salvador Alves, que auxiliou no inicio deste trabalho, passando seus conhecimentos durante todo seu tempo de permanência na Universidade. A Professora Maria Cristina Gonçalves de Souza, pela atenção e disponibilidade em responder meus e-mails e pelo material encaminhado, que tanto serviu para o meu trabalho. Ao Coordenador do Curso de Nutrição, Marco Antônio da Silva, pela força e incentivo para realização deste trabalho. Aos caros colegas e amigos, o meu muito obrigada pela compreensão. 6 “No meio da dificuldade, encontra-se a oportunidade.” Albert Einstein. 7 RESUMO Atualmente, observam-se um aumento considerável de indivíduos que buscam uma alimentação balanceada, que propicie benefícios ao organismo humano. Neste cenário, encontramos os alimentos funcionais, tidos como alimentos que, além de suas propriedades nutricionais, fornecem outros benefícios ao organismo. Diante do exposto, este trabalho teve por objetivo verificar a aplicabilidade dos alimentos funcionais na Alimentação Coletiva na região do Extremo Sul Catarinense, como também o conhecimento que os profissionais de Nutrição possuem sobre o tema. Fica claro o papel da Alimentação e Nutrição Coletiva na promoção de saúde e na qualidade de vida dos clientes/comensais, visto que esse ramo abrande uma parcela significativa da população. Constatou-se que todos os Nutricionistas conheciam os alimentos funcionais, como também, demonstraram conscientes quanto a importância desses alimentos para a saúde humana. Quanto a aplicabilidade dos alimentos funcionais, 54% relataram que já aplicaram os princípios dos alimentos funcionais e 46% responderam que nunca aplicaram. Quando questionados quais os alimentos consideravam funcionais, a maioria dos Nutricionistas assinalou todos os alimentos propostos. Concluiu-se que é imprescindível que o Nutricionista aliado a sua prática de prescrição, planejamento alimentar, conheça os alimentos funcionais, suas funções, quantidades recomendadas de ingestão e a biodisponibilidade de seus constituintes, para melhorar as condições nutricionais através de cardápios adequadas para a manutenção da saúde de seus comensais. Também foi possível constatar que, apesar do grande destaque que o tema tem na atualidade e a busca incessante de consumidores por esta modalidade alimentar, ainda há carência de estudos no Brasil que comprovem ou não os reais benefícios dos alimentos funcionais ao organismo humano. Palavras Chaves: Alimentos Funcionais. Alimentação Coletiva. Nutrição. Cardápio 8 LISTA DE FIGURAS QUADRO 1 – Os Principais alimentos funcionais e suas alegações de propriedades funcionais ..................................................................................................................19 QUADRO 2 – Situação da Legislação para alimentos funcionais em termos mundiais ..................................................................................................................................23 FIGURA 1 – O conhecimento de nutricionistas sobre Alimentação Funcional ..........31 FIGURA 2 – Termo Alimentação Funcional considerado recente ou não para os nutricionistas .............................................................................................................32 FIGURA 3 – Tempo que os nutricionistas conhecem a Alimentação Funcional........33 FIGURA 4 – A forma que conhecem a Alimentação Funcional .................................34 FIGURA 5 – O conceito e significado de Alimento Funcional....................................35 FIGURA 6 – O interesse dos nutricionistas em aplicar os princípios da Alimentação Funcional na Área de Alimentação Coletiva..............................................................37 FIGURA 7 – Os principais impedimentos para aplicação dos princípios da Alimentação Funcional na Área de Nutrição Coletiva ..............................................37 FIGURA 8 – A percepção dos nutricionistas quanto ao interesse dos comensais sobre Alimentação Funcional ....................................................................................38 FIGURA 9 – Os Alimentos considerados Funcionais pelos nutricionistas.................39 FIGURA 10 – Justificativa da escolha dos alimentos funcionais pelos nutricionistas 41 FIGURA 11 – Tipo de mercado considerado mais expressivo no uso da Alimentação Funcional...................................................................................................................41 FIGURA 12 – As propostas mais citadas pelas nutricionistas para introdução da alimentação funcional na Área de Alimentação Coletiva...........................................42 9 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................10 3 OBJETIVOS...........................................................................................................13 3.1 objetivo geral..................................................................................................13 3.2 objetivos específicos .....................................................................................13 4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .............................................................................14 4.1 Alimentos Funcionais: Definição..................................................................14 4.1.2 Histórico e evolução do conceito...........................................................16 4.1.3 Classificação dos Alimentos Funcionais .............................................18 4.1.4 Fontes dos Alimentos Funcionais e alguns possíveis benefícios ao organismo humano ..........................................................................................19 4.1.5 Legislação ................................................................................................22 4.1.6 Visão do consumidor ..............................................................................25 4. 2 Alimentação Coletiva ....................................................................................26 5 METODOLOGIA ....................................................................................................28 5.1 Delineamento da pesquisa ............................................................................28 5.2 População de estudo e amostra ...................................................................28 5.3 Critérios de inclusão e exclusão ..................................................................28 5.4 Instrumento de obtenção de dados..............................................................29 5.5 Procedimentos de obtenção de dados.........................................................29 5.6 Forma de análise dos dados .........................................................................29 5.7 Aspectos éticos..............................................................................................29 5.8 Limitações do estudo ....................................................................................30 6 RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................31 7 CONCLUSÃO ........................................................................................................44 REFERÊNCIAS.........................................................................................................45 APÊNDICE A – Questionário aplicado para profissionais Nutricionistas ..........49 APÊNDICE B – Termo de consentimento livre e esclarecido..............................53 ANEXO C – Documento de Aprovação do Comitê de Ética de Pesquisa...........55 10 1 INTRODUÇÃO Alguns alimentos exercem função essencial na formação e na manutenção de tecidos, regulam o organismo humano, e assim se tornam indispensáveis para a saúde do indivíduo. Sabe-se hoje, que cada parte do organismo age de forma diferente, contribuindo para o equilíbrio corporal. Tudo isso ocorre de acordo com os diferentes tipos de nutrientes ingeridos e sintetizados, sendo que cada nutriente possui uma função específica para cada sistema (MAIA e SANTOS, 2005). Atualmente, define-se que Alimento é “Toda substância ou mistura de substâncias, nos estados sólido líquido ou pastoso em qualquer outra forma adequada, destinada a fornecer ao organismo humano os nutrientes normais à sua formação, manutenção e desenvolvimento, podendo, ainda, proporcionar benefícios médicos ou de saúde, incluindo a prevenção e tratamento de doenças” (MAIA e SANTOS, 2005, p. 25). Há alguns anos, os profissionais da saúde vêm investigando sobre os efeitos benéficos de determinados alimentos. Eles recomendam o consumo diário de alimentos ricos em fibras e pobres em gorduras, assim como a ingestão de muitas frutas e hortaliças. Apesar de muitos estudos, ainda há discussões e controvérsias entre os mesmos, pois acreditam-se que esses alimentos podem reduzir o risco do desenvolvimento de doenças crônicas como o câncer, e também, doenças cardiovasculares (CÂNDIDO e CAMPOS, 1995; MORAES e COLLA, 2006). Os alimentos que cumprem alguma função benéfica para o organismo são considerados pela comunidade internacional como alimentos funcionais ou, também chamados de designer foods, therapeutic foods, pharmafoods, nutritional foods e phytogenic substances, dentre outros (CÂNDIDO e CAMPOS, 1995; ARABBI, 2001). Os alimentos funcionais são caracterizados como produtos que contêm compostos envolvidos na prevenção e na promoção da saúde. Promovem saúde através da nutrição e estão incluídos nessa classe alimentos comuns e alimentos enriquecidos ou realçados, desde que tenham ação benéfica quando consumidos em uma dieta usual (HASLER, 2000; MAIA e SANTOS, 2005). 11 Dentre a lista de alegações de propriedades funcionais que um alimento deve conter para ser considerado com funcionalidade e regulamentado pelo Governo Brasileiro, destacam-se: Ômega 3, carotenóides (licopeno, luteína, zeaxantina), fibras alimentares (fibras alimentares, beta glucana, dextrina resistente, frutooligossacarídeo – FOS, goma guar parcialmente hidrolisada, inulina, lactulose, polidextrose, psillium ou psyllium, quitosana), fitoesteróis, polióis e probióticos (BRASIL, 1999). Em virtude das alegações de suas propriedades funcionais que combatem e também protegem o organismo humano contra as doenças crônicas, a maioria da população tem demonstrado grande interesse por estes alimentos. Assim, pode-se optar pela prevenção ao invés da cura da doença, o que influencia significativamente nos custos médicos e no combate aos males provocados pelas poluições no ar, na água e nos alimentos por agentes químicos e microorganismos (SANDERS, 1998; ARABBI, 2001). Neste sentido, é de responsabilidade dos profissionais da saúde, o nutricionista, entre eles, transmitir a orientação que permite à população a seleção de alimentos com qualidade em quantidade adequada para manter a saúde do organismo. De forma que, ao adquirirem o conhecimento correto das ações benéficas desses novos alimentos, as pessoas passem a consumi-los (CUPPARI, 2005). Segundo Proença et al (2005), o objetivo de Alimentação Coletiva é fornecer refeições equilibradas nutricionalmente, apresentando bom nível de sanidade e que seja adequada ao comensal. Esta adequação deve acontecer tanto no sentido de manter quanto de recuperar a saúde do indivíduo, também auxiliando no desenvolvimento de hábitos alimentares mais saudáveis. Fica claro o papel da Alimentação Coletiva na promoção de saúde e na qualidade de vida dos clientes/comensais. Assim, cabe ao profissional nutricionista a função de transmitir orientações nutricionais adequadas para promover a alimentação saudável às pessoas e modificar o mercado e os fornecedores. Ainda que uma Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN) seja produtora de refeições, esta também é responsável pelo bem estar e qualidade de vida dos clientes, seja por meio das refeições ou, seja por ações educativas (FREIRE; SILVA; MAGRI, 2001; RODRIGUEZ et al, 2003). 12 A intervenção alimentar reflete no estado de saúde do individuo, influenciando muitas vezes nos hábitos alimentares saudáveis do mesmo. Neste contexto, surge uma nova classe de alimentos, os alimentos funcionais, que possuem as funções básicas de nutrir e também contribuem para a manutenção e o reforço da saúde dos consumidores. Assim, é possível obter uma relação de afinidade entre o papel dos Alimentos Funcionais e a promoção de saúde transmitida pela Alimentação Coletiva, de maneira que possibilite verificar quais as vantagens desses nesta área de atuação do Nutricionista (PROENÇA et al, 2005; SILVA e PINTO, 2008). Porém, para que os alimentos funcionais possam beneficiar os clientes de Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN) é necessário primeiramente analisar se os Nutricionistas atuantes nestes locais estão a par dos benefícios que esses alimentos proporcionam na saúde da população. Neste sentido o presente estudo pretendeu revisar o conceito de alimentos funcionais, avaliar o conhecimento de Nutricionistas em relação a esses alimentos e também verificar sua aplicabilidade neste ramo da Nutrição. 13 2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo geral Verificar a aplicabilidade dos Alimentos Funcionais na Alimentação Coletiva na região do Extremo Sul Catarinense. 2.2 Objetivos específicos • Avaliar o conhecimento sobre Alimentos Funcionais de Nutricionistas atuantes em Alimentação Coletiva; • Descrever o interesse de aplicar o conhecimento sobre Alimentos Funcionais por Nutricionistas atuantes em Alimentação coletiva e • Verificar o emprego dos Alimentos Funcionais em Alimentação Coletiva. 14 4.1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 4.1 Alimentos Funcionais: Definição Quando um alimento possui qualidade nutricional, pode-se dizer que possui funcionalidade. O conceito para Alimento Funcional, ainda é novo, e por essa razão abrange considerações diferentes em cada região. Alguns autores chamam, também, de nutracêuticos, alimentos de desenho, alimentos para uso médico, alimentos para uso saudável, alimentos medicamentos, dentre muitos outros (CUPPARI, 2005). Esse conceito é atribuído a qualquer alimento ou ingrediente que além da nutrição básica, promove algum benefício à saúde, pois possui potencial diferenciado do tradicional. São consumidos em dietas convencionais, e se apresentam na forma de alimentos comuns e/ou modificados. O objetivo principal dos Alimentos Funcionais é melhorar, manter e reforçar a saúde dos consumidores via alimentação, através da redução de riscos de doenças crônicas degenerativas (SANDERS, 1998; BRASIL, 1999; HASLER, 2000; ROBERFROID, 2000; CUPPARI, 2005). Os Alimentos Funcionais incluem como elementos ativos, substâncias naturais ao invés de adição ou misturas de ingredientes apropriados. Obrigatoriamente, devem apresentar primeiro as funções nutricionais básicas e sensoriais e depois seu potencial funcional para ser aceito como alimento funcional nos Estados Unidos, na Europa e no Brasil. Esses alimentos estão relacionados com uma ou mais funções do organismo, têm efeitos fisiológicos além de seu valor nutricional, justificando seu caráter funcional e incluem ainda a salubridade (OLIVEIRA et al, 2002; RODRIGUEZ, 2003). A terminação foi primeiramente utilizada pelo Governo do Japão, na década de 1980, através de um programa de governo objetivando diminuir gastos com a saúde pública, levando em consideração a elevada expectativa de vida naquele país. O primeiro país a formular o processo de regulamentação específica para esses alimentos, denomina-os como Alimentos para Uso Específico de Saúde, aprovandos-os com o selo do Ministério da Saúde e Bem estar japonês. Atualmente, 15 estão licenciados 100 produtos (PIMENTEL et al, 2005; MORAES, 2006; STRINGHETA et al, 2007). Stringheta et al (2007, P. 181) apontam que os alimentos funcionais “são alimentos processados, semelhantes em aparência aos alimentos normais, empregado como aporte de uma dieta convencional e que evidenciam benefícios fisiológicos e/ou reduzem o risco de doenças crônicas, além de suas funções nutricionais básicas”. Já para Evangelista (2005), os alimentos funcionais são aqueles que exercem atividade estimulante, diurética, antibacteriana, antianêmica, adstringente, laxativa, vermífuga e outras em virtude do conteúdo químico e/ou outras propriedades. No entanto, Padilha e Pinheiro (2004) afirmam que alimento funcional é um termo muito amplo e que supostamente os hábitos dietéticos podem dominar as funções orgânicas, colaborando desta forma, para a manutenção da saúde e redução do risco de desenvolvimento de doenças crônicas. Sgarbieri e Pacheco (1999) acreditam que alimento funcional é qualquer alimento, natural ou elaborado, que possuem substâncias qualificadas como nutrientes ou não nutrientes, atuantes no metabolismo de doenças crônicodegenerativas e melhoram a qualidade e a perspectiva de vida das pessoas. Lajolo (2001) e Roberfroid (2002) descrevem que alimento funcional é similar ao alimento convencional, ingerido com a dieta usual, para auxiliar na redução do risco de doenças crônico-degenerativos e além das suas funções nutricionais básicas. Esses alimentos sustentam efeitos metabólicos e fisiológicos significativos e úteis na manutenção de uma boa saúde física e mental, aumentando desta forma, a expectativa de vida. Duarte (2006) acredita que os alimentos funcionais são compostos de princípios ativos e/ou substâncias bioativas que proporcionam benefícios à saúde humana, quando consumidos em quantidades adequadas. Estes podem ser encontrados em classes, de origem vegetal ou animal, atuando como moduladores e prevenindo o aparecimento precoce de doenças degenerativas. Entretanto, apesar de vários estudos dentro da comunidade científica, ainda não se chegou num consenso para a definição de alimentos funcionais. O termo alimento funcional, de certa maneira integrou as ciências médicas, pois aprovou ser o melhor termo já encontrado, ao invés das nomenclaturas 16 anteriormente chamadas, como, nutracêuticos, alimentos especiais, alimentos planejados e alimentos médicos (SHILS, 2003). Na Legislação Brasileira, a portaria nº. 398 de 30/04/99, de responsabilidade do Ministério da Saúde, junto à Câmara Técnica de Alimentos e a Comissão de Assessoramento Técnico Científico de Alimentos Funcionais e novos alimentos, atribui como alimento funcional é todo aquele alimento ou ingrediente que, além das funções nutricionais básicas, quando consumido como parte da dieta usual, produz efeitos metabólicos e/ou efeitos fisiológicos e/ou efeitos benéficos à saúde, devendo ser seguro para consumo sem supervisão médica (BRASIL, 1999) Alguns estudiosos explicam também que esses alimentos isolados não asseguram boa saúde, é necessário estarem inclusos em uma dieta variada e equilibrada nutricionalmente (RODRIGUEZ et al., 2003; MORAES, 2006; VIEIRA et al., 2007). Cuppari (2005) adverte que para que determinado componente do alimento tenha seu efeito comprovado, são necessárias muitas etapas de avaliações e esse tempo não dá conta da variedade de oferta de alimentos no mercado, vários deles, sem ação comprovada cientificamente. É importante salientar que a maioria dos estudos encontra-se ainda muito prematura, e com freqüentes conflitos de definições. Visto isso, sugere-se que faça uso de tais compostos com orientações do profissional da saúde (HASLER, 2000). 4.1.2 Histórico e evolução do conceito Segundo Hasler (2000) e Evangelista (2005), a imagem de que os alimentos previnem e tratam doenças surgiu aproximadamente 2.500 anos atrás, divulgado por Hipócrates, que alegam Deixe o alimento ser teu remédio e o remédio ser teu alimento, de forma que todos os alimentos eram considerados funcionais, por proporcionar sabor, aroma ou valor nutritivo. O termo Alimento Funcional, sempre esteve presente na história humana. Eles surgiram em meados de 1920, quando alguns compostos foram isolados nos alimentos por estudiosos que comprovaram seus benefícios (EVANGELISTA, 2005; PIMENTEL et al, 2005). 17 Assim, há aproximadamente 20 anos atrás, foi lançada, pelo Japão, uma nova classe de alimentos, os alimentos funcionais, e vêm ganhando significativo espaço do mercado alimentício (CANDIDO e CAMPOS, 1995). Craveiro e Craveiro (2003) consideram o Japão como o berço mundial do mercado de alimentos funcionais, correspondendo aproximadamente dois bilhões de dólares no total de vendas. Dentre os produtos classificados como funcionais no Japão, está a quitosana, considerada uma fibra solúvel de origem animal com propriedades de auxiliar na redução do colesterol, quando excreta os ácidos biliares, a gordura advinda da alimentação (CRAVEIRO e CRAVEIRO 2003). Em contrapartida, os Estados Unidos não reconhecem legalmente essa categoria de alimentos. Porém, desvinculado à lei, uma gama de organizações tem proposto definições para esta nova área da ciência de alimentos. No Comitê de Alimentos e Nutrição do Instituto de Medicina (IOM/FNB, 1994), considera-se alimento funcional como sendo qualquer alimento ou ingrediente que possa proporcionar um benefício à saúde além dos nutrientes tradicionais que ele contém (HASLER, 2000; MORAES e COLLA, 2006; VIEIRA et al, 2007). Assim, como os Estados Unidos, a União Européia proibiu utilizar a alegação de propriedades funcionais, mas estão estudando propostas fundamentadas cientificamente para formular novas diretrizes baseadas em consensos entre cientistas, autoridades governamentais e indústria. Contudo, é apresentada uma declaração de rotulagem que permite a associação entre alimentos e dieta saudável, registrando sua importância e papel fisiológico do nutriente na alimentação. O Ministério da Agricultura Pesca e Alimentos (MAFF) do Governo Japonês, diferencia esses alimentos como sendo “um alimento cujo componente incorporado oferece benefício fisiológico e não apenas nutricional” (RODRIGUEZ et al, 2003; PIMENTEL et al, 2005; MORAES e COLLA, 2006;). Até meados da década de 90, o Brasil não reconhecia os alimentos como agentes do bem-estar, redução de riscos de doenças e promotores da qualidade de vida. No decorrer dos anos, aumentou o número de pedidos e a variedade para análise e registro desses diversos produtos. Diante disso, a Agencia Nacional da Vigilância Sanitária (ANVISA) mostrou-se contrária à aprovação desses novos alimentos, pois existia certa preocupação na segurança do comensal. Somente após um ano de investigações, com a contribuição de instituições e pesquisadores da 18 área de nutrição, toxicologia, tecnologia de alimentos e outros estabeleceu-se uma regulamentação técnica para análise de novos alimentos e ingredientes, incluindo alegações de propriedades funcionais e ou de saúde aos alimentos (BRASIL, 2005; MAIA; SANTOS, 2006; VIEIRA et al., 2007). 4.1.3 Classificação dos Alimentos Funcionais Segundo Souza et al (2003) e Moraes e Colla (2006) os alimentos funcionais podem ser classificados em duas classes: Quanto à fonte (de origem vegetal ou animal) ou quanto aos benefícios que oferecem, em seis áreas diferentes do corpo humano (no sistema gastrointestinal; no sistema cardiovascular; no metabolismo de substratos; no crescimento, no desenvolvimento e diferenciação celular; no comportamento das funções fisiológicas e como antioxidantes). Em contrapartida, Craveiro e Craveiro (2003), divide os alimentos funcionais em três categorias respectivas: Alimentos que tradicionalmente proporcionam benefícios para a saúde em relação a outros alimentos semelhantes (como por exemplo, hortaliças obtidas por técnicas adequadas de cultivo); alimentos processados que sofreram modificações (como por exemplo, os alimentos com teor diminuído de gorduras); alimentos enriquecidos com antioxidantes, ou outro nutriente benéfico a saúde humana ou ingredientes especificamente incorporados a alimentos, como fibras e organismos probióticos; e finalmente, os novos alimentos produzidos por biotecnologia ou métodos diferenciados (como por exemplo, quando enriquecem-se ovos com ácidos graxos poliinsaturado ômega 3). Por sua vez, Pimentel et al (2005) classificam os alimentos funcionais a partir de sua natureza química e molecular, contabilizando sete grupos: isoprenóides, compostos fenólicos, proteínas, carboidratos e derivados, ácidos graxos e lipídeos, minerais e microbióticos. A classificação brasileira, segundo a Portaria nº.398 de 30/04/99, da Secretaria de Vigilância do Ministério da Saúde no Brasil, não classifica alimento funcional, mas sim relacionam alegações de propriedades funcionais e alegações de propriedades e de saúde, estabelecendo diretrizes para sua utilização (BRASIL, 1999). 19 4.1.4 Fontes dos Alimentos Funcionais e alguns possíveis benefícios ao organismo humano Segundo Hasler (2000), os Alimentos Funcionais, mais que nutrir, fornecem ao organismo humano substâncias que ajudam na prevenção e até tratamento de doenças. Possuem diferentes componentes que afetam o metabolismo corporal e são encontrados em uma ampla variedade nos alimentos. No entanto, Craveiro e Craveiro (2008) relatam a necessidade de maiores estudos para identificação das quantidades, a freqüência e o tempo em que se deve consumir um alimento para que o mesmo ofereça os benefícios funcionais propostos. Segundo a Sociedade Brasileira de Alimentos Funcionais – SBAF, os principais alimentos funcionais, seus compostos ativos e suas alegações funcionais, são mostrados no Quadro 1. QUADRO 1 – Os Principais alimentos funcionais e suas alegações de propriedades funcionais. Alimentos Componentes ativos Propriedades funcionais Soja e derivados Isoflavonas Ação estrogênica (reduz sintomas da menopausa) e pode levar à Soja e derivados Proteína da soja Peixes como sardinha, salmão, atum, anchova, truta e arenque Óleos de linhaça, soja, nozes, amêndoas, castanhas e azeite Ácidos graxos ômega-3 Ácido graxo poliinsaturado – (linoléico) de oliva Azeite, óleo de canola, azeitonas, abacate e frutas oleaginosas (castanhas, nozes, amêndoas) Chá verde, cerejas, amoras, framboesas, uva roxa, mirtilo e Vinho tinto Tomate e derivados (molho de tomate, suco de tomate), goiaba Ácido graxo monoinsaturado (oléico) Catequinas e resveratrol Licopeno prevenção de alguns tipos de câncer Redução dos níveis de colesterol Redução do LDL-colesterol e ação antiinflamatória Estimula o sistema imunológico, tem ação antiinflamatória e pode reduzir o risco de doença cardiovascular Ação antiaterogênica, anticancerígena, imunológica, hipotensora Podem previnir certos tipos de câncer, inibem a agregação plaquetária, Ação antioxidante, reduz níveis de colesterol e podem prevenir o risco de certos tipos de câncer, 20 vermelha, pimentão vermelho e melancia (frutas avermelhadas) Folhas verdes em geral e milho Cenoura, manga, abóbora, pimentão vermelho e amarelo, acerola e pêssego (frutas alaranjadas) Couve-flor, repolho, brócolis, couve de bruxelas, rabanete e principalmente o de próstata Luteína e zeaxantina Ação antioxidante, protegem contra degeneração macular (alterações na visão) Precursor da vitamina A Betacaroteno Ação hipotensiva Indóis e isotiocianatos Mostarda Soja, frutas cítricas, tomate, pimentão, alcachofra, cereja. Flavonóides Aveia, centeio, cevada, leguminosas (feijões, ervilha, lentilha), Fibras solúveis e fibras insolúveis Indutores de enzimas protetoras que podem proteger contra alguns tipos de câncer, principalmente o de mama Podem prevenir o risco de certos tipos de câncer Ação vasodilatadora, Podem auxiliar na redução do risco para câncer de cólon e o bom funcionamento intestinal frutas com casca Auxiliam no controle da glicemia (fibras solúveis) Alho e cebola Podem aumentar a sensação de saciedade Podem auxiliar na redução de colesterol, pressão sangüínea, do Sulfetos alílicos (alil sulfetos) risco para câncer gástrico e auxiliar os processos do sistema Linhaça, noz-moscada Ligninas Maçã, manjericão, manjerona, sálvia, uva, caju, soja Taninos Óleos vegetais Esteróis vegetais, estanóis Leites fermentados, iogurtes e outros produtos lácteos Probióticos – bifidobactérias e lactobacilos fermentados Vegetais como chicória, alcachofra imunológico Podem auxiliar na inibição da formação de alguns tipos de tumor Ação antioxidante, anti-séptica e vasoconstritora Podem auxiliar na redução de doenças cardiovasculares Favorecem funções gastrointestinais, com redução de obstipação e podem auxiliar na prevenção do câncer de cólon Ativação da microflora intestinal, favorecendo o bom funcionamento. Prebióticos – frutooligossacarídeos e inulina Fonte: Adaptado de Sociedade Brasileira de Alimentos Funcionais. 21 A importância dos Alimentos Funcionais para a saúde humana tem sido muito estudada e, apesar de não curarem doenças, apresentam componentes ativos que são capazes de trazer resultados positivos sobre a redução de riscos para algumas doenças (FREIRE et al, 2001). Em busca disso, surgiram muitos estudos que procuraram relacionar os benefícios que alguns alimentos funcionais produzem ao organismo humano. Segundo Anjo (2004), os ácidos graxos ômega 3 oferecem dois derivados essenciais (EPA – ácido eicosapentoenóide e DHA – ácido docosahexaenóico) para a prevenção das doenças cardiovasculares, hipertensão e redução da taxa de triglicerídeos, proporcionando benefícios no desenvolvimento da função visual e cerebral. Este mesmo estudo concluiu que não somente a alimentação, mas também, o estilo de vida, a hereditariedade e o meio ambiente podem contribuir para uma vida saudável. Carvalho (2006) acredita que o consumo de frutas e hortaliças fornece compostos funcionais que beneficiam as funções orgânicas pelos níveis acentuados de carboidratos, fibras e micronutrientes, pois possuem. Um dos compostos funcionais que cita, é a fibra alimentar, que se acredita ter um efeito preventivo na prisão de ventre e nas hemorróidas, na obesidade, na diabetes, no câncer de colo, nas úlceras e nas doenças coronarianas. Carvalho (2006) conclui que não basta o consumo do alimento isolado, é preciso uma dieta variada que fornecem diferentes substâncias vitais para a saúde. Padilha e Pinheiro (2004) sugerem que os fatores dietéticos podem contribuir para a carcinogênese mamária, tanto na progressão quanto no controle desta doença. Destacam-se os ácidos graxos poliinsaturados ômega 3, fibras, algumas vitaminas e minerais e os fotoquímicos, como agentes no bloqueio da carcinogênese, através de vários mecanismos de ação, anticarcinogênicos, antioxidantes, antiinflamatórios, anti-hormonais, antiangiogênicos, dentre outros. Guimarães et al (2008) realizaram um estudo das propriedades funcionais da raiz Yacon, para verificar suas propriedades, principalmente referente aos efeitos hipoglicemiante, hipocolesterolêmico, hipotensivo e hipotrigliceridêmico. O Yacon é uma raiz similar a uma batata alongada com casca escura, provindas das regiões andinas. A característica adocicada está condicionada a presença de FOS e inulina, que são polímeros de frutose, e considerados compostos solúveis e resistentes à ação de enzimas digestivas humanas. Concluiu-se que, apesar dos estudos serem 22 feitos com animais, o Yacon é um forte aliado na prevenção de doenças crônicas não transmissíveis. Através de um estudo investigado por Esteves e Monteiro (2001), pôde-se analisar a relação entre o consumo das isoflavonas e a melhora de osteoporose, que demonstrou um efeito positivo na densidade óssea, tratados com preparações à base de soja e enriquecidos com isoflavonas, em um período de seis meses. 4.1.5 Legislação A legislação brasileira, de acordo com a portaria nº. 398 de 30/04/99 de responsabilidade da Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde. Instituiu junto à Câmara Técnica de Alimentos e à Comissão de Assessoramento Técnico Científico de Alimentos Funcionais e novos alimentos. Nesta portaria definiu-se alimento funcional como sendo todo aquele alimento ou ingrediente que, além das funções nutricionais básicas, quando consumido como parte da dieta usual, produz efeitos metabólicos e/ou efeitos fisiológicos e/ou efeitos benéficos à saúde, devendo ser seguro para consumo sem supervisão médica. Porém segundo Stringheta et al (2006), a lei não define alimento funcionai e sim alegação de propriedade funcional e de saúde, com diretrizes para a utilização e condições de registros para os alimentos com sua alegação. Para Pimentel et al (2005) as alegações de propriedades funcionais e de saúde, são aquelas relativas ao papel metabólico ou fisiológico, que uma substância (nutriente ou não) tem no crescimento, desenvolvimento, manutenção e outras funções normais do organismo humano. Para serem caracterizados como de propriedade funcional, os alimentos precisam possuir papel fisiológico no crescimento, desenvolvimento e funções normais do organismo e conter alegações sobre a manutenção geral da saúde, como também, na redução de riscos de doenças, em caráter opcional. Nesse mesmo contexto, são estritamente proibidas alegações que façam referência à cura ou a prevenção de doenças (OLIVEIRA et al, 2002). Entretanto, existem ainda, dificuldades no processo de registro desses alimentos, principalmente na parte de rotulagem. Assim, questiona-se ainda um 23 controle através das leis já existentes seria suficiente para regulamentar esses alimentos, ou é necessário criar registros específicos. Observando o Quadro 2, é possível ver a situação da legislação para os Alimentos Funcionais em termos mundiais (BRASIL, 1999; OLIVEIRA et al, 2002). QUADRO 2 – Situação da Legislação para alimentos funcionais em termos mundiais. Codex Alimentarius Padrão para Alimentos Funcionais Não Regulamentado Posição sobre Atribuições de Efeitos sobre a Saúde Não permitido FOSHU Japão Estados Unidos Não Regulamentado Permitido, seguindo as normas do FOSHU Permitido Canadá Não Regulamentado Permitido, sendo revisto. Austrália Não Regulamentado Não permitido, sendo revisto. Nova Zelândia União Européia Não Regulamentado Não permitido Suécia Não Regulamentado Holanda Não Regulamentado Permitidas algumas atribuições específicas estipuladas por um grupo de especialistas e indústrias Atribuições específicas autoregulamentadas, aprovadas por um grupo de especialista. FONTE: Adaptado de Oliveira et al,(2002). No Brasil, em 1999, o Ministério da Saúde, através da Vigilância Sanitária, regulamentou os alimentos funcionais através das seguintes resoluções: - Resolução ANVISA/MS nº.16/99: Regulamento técnico dos procedimentos para registro de alimentos e/ou novos ingredientes que são os alimentos ou ingredientes não consumidos no país ou consumidos em níveis superiores aos atuais observados nos alimentos de uma dieta usual. - Resolução ANVISA/MS nº. 17/99: Aprova as diretrizes básicas para avaliação do risco e segurança dos alimentos, baseados em estudos e evidencias científica, afirmando se o produto é seguro sob o ponto de risco à saúde ou não. - Resolução ANVISA/MS nº. 18/99 e Portaria nº. 398/99: Estabelecem as diretrizes básicas para análise e comprovação de alegação de propriedade funcional e/ou, de saúde declarada em rotulagem de alimentos. Essas alegações são influenciadas por 24 três funções básicas; efeitos metabólicos, fisiológicos e/ou efeitos benéficos à saúde (reduzindo riscos da doença). - Resolução ANVISA/MS nº. 19/99: Regulamenta os procedimentos para registro de alimentos com alegação de propriedades funcionais e/ou, de saúde em sua rotulagem. Para isso acontecer, é necessário o texto e a cópia do esboço com os dizeres da rotulagem dos produtos; as diretrizes básicas para análise e a comprovação de propriedades funcionais/saúde do rótulo. Para aqueles alimentos já existentes e que queiram alegar propriedades funcionais, devem apresentar o relatório técnico-científico, adotando os procedimentos administrativos de modificação. Os alimentos são avaliados caso a caso, tento em vista que podem ocorrer variações na ação do nutriente ou não nutriente em função da matriz ou formulação do produto. Dentre os compostos ativos com propriedades funcionais que um alimento deve conter para ser considerado com funcionalidade e regulamentado pelo Governo Brasileiro, destacam-se: Ômega 3, carotenóides (licopeno, luteína, zeaxantina), fibras alimentares (fibras alimentares, beta glucana, dextrina resistente, frutooligossacarídeo – FOS, goma guar parcialmente hidrolisada, inulina, lactulose, polidextrose, psillium ou psyllium, quitosana), fitoesteróis, polióis e probióticos (BRASIL, 1999). A apresentação final desses produtos não pode sair do padrão de seu significado, os alimentos devem constar obrigatoriamente registrados junto aos órgãos competentes para rotulagem e estarem em harmonia com as diretrizes da política pública de saúde. No meio industrial, há certa preocupação na inclusão desses alimentos nos hábitos dos consumidores, decorrente da instabilidade da regulamentação, como também, a falta de informações sobre seus benefícios a saúde do consumidor (VIEIRA et al, 2007). A lista de alimentos funcionais hoje nos mercados é surpreendente. Abrange tanto alimentos modificados como os processados industrialmente. A transformação de um alimento em funcional pode realizar-se eliminando algum componente nocivo (alérgico, gordura saturada), fortificando-os com substâncias benéficas (cereais, minerais, vitaminas, com fibras e com cálcio), mediante a adição de um elemento no presente de forma habitual no mesmo (azeite com antioxidantes), pela substituição de um composto prejudicial por outro saudável (gordura por insulina, leites desnatados com ácidos graxos ômega-3) ao nível de opção de biodisponibilidade/estabilidade (RODRIGUEZ et al, 2003, p. 325). 25 A partir dos estudos anteriores, explorar mais especificamente esse potencial e o tratamento científico e legislativo são os princípios adotados mundialmente. Porém, cada país ou bloco econômico adaptou-se conforme sua política, estabelecendo suas regulamentações, alegações e critérios para aprovação. Formou-se com isso, um mercado heterogêneo no contexto nutricional, de dietas, legislação, educação, poder de compras e muitos outros, que impedem estabelecer em conjunto uma definitiva consistência na definição dos mesmos (RODRIGUEZ et al, 2003; STRINGHETA et al, 2007). 4.1.6 Visão do consumidor No passar dos anos, os consumidores compreenderam melhor a relação da nutrição com a saúde humana e os benefícios que promovem ao envelhecimento da população. Assim, optam pela prevenção ao invés da cura a doença, o que influencia significativamente nos custos médicos e no combate aos males provocados pelas poluições no ar, na água, e nos alimentos por agentes químicos e microorganismos. Esses fatores comprovam o aumento da procura dos consumidores por alimentos funcionais (SANDERS, 1998). O conhecimento de como a alimentação é capaz de modificar o potencial genético de um indivíduo, fomentar seu desenvolvimento físico e mental, aumentar seu bem-estar e mudar a susceptibilidade a certas enfermidades pode ter grandes implicações, especialmente em caso de doenças de elevada prevalência e comorbidades como: doença cardiovascular, obesidade, síndrome metabólica e câncer (RODRIGUEZ et al, 2003). Como é o consumidor que adquire o produto, ele é considerado uma parte fundamental no critério de aceitação de alimentos funcionais. Fica então, na incumbência dos envolvidos (a indústria alimentícia, os órgãos governamentais, os profissionais da área da saúde, e as associações de consumidores) cumprirem adequadamente seus papéis de oferecer informações concretas, promotores de transformação de hábitos e, principalmente para aqueles que trabalham no desenvolvimento de produtos, disponibilizarem produtos sensorialmente atraentes (MORAES e COLLA, 2006). 26 4. 2 Alimentação Coletiva O ato de alimentar-se abrange tanto razões biológicas evidentes quanto pelas questões sociais e culturais. Visto isso, considera-se a alimentação uma das atividades mais importantes dos seres humanos. Este item engloba desde produção do alimento até o produto final, a refeição disponibilizada às pessoas (PROENÇA et al, 2005). Segundo Freire et al (2001), a Alimentação Coletiva tem como objetivo principal fornecer refeições equilibradas nutricionalmente, oferecendo apropriados níveis de sanidade adequados aos consumidores. Esta adequação deve ocorrer tanto no sentido de manter e/ou recuperar a saúde do comensal como auxiliar no desenvolvimento de hábitos saudáveis, através da educação alimentar. Visto isso, o cardápio é considerado hoje um ‘cartão de visitas’ dos serviços de Alimentação nas empresas, possibilitando a venda de seus serviços, bem como a produção de refeição equilibrada nutricionalmente. Assim, é preciso o cardápio esteja voltado para o público-alvo, logo é preciso cuidados na elaboração das preparações. (VASCONCELLOS et al, 2002). Em virtude da busca pela qualidade de vida, como também, da importância da alimentação na manutenção da saúde, busca valorizar além do poder nutricional, o processo de produção e conservação de alimentos, ressaltando alimentos naturais, estimulados também pela consciência ecológica. É possível averiguar também, pelos marcadores de mercado, o crescimento na venda de produtos naturais, orgânicos ou biológicos, cuja qualificação varia de acordo com cada país (PROENÇA et al, 2005; CUPPARI, 2005). Os recentes avanços tecnológicos permitiram as indústrias alimentícias oferecerem, ao mercado, produtos com peculiaridades mais específicas, comercializados sob diferentes denominações, segundo a sua origem: “alimentos funcionais, alimentos para usos específicos, fármacos-alimento ou nutracêuticos” (PROENÇA et al, 2005). Embora, cientificamente, as controvérsias sejam inúmeras, esta é uma temática de pesquisa atual, que vem amparando a evolução constante da legislação sobre o assunto. Ressalta-se, contudo, que as recomendações continuam apontando para a variedade de alimentos como principal estratégia na busca do equilíbrio alimentar (PROENÇA, 2005, p. 24) 27 Apesar de ser comumente conhecidos pelas pessoas, o prazer de comer e a absorção dos nutrientes, elas desconhecem que cada alimento inicia seu processo de “aproveitamento” já pelo ato de mastigação. Torna-se, extremamente, importante respeitar o momento alimentar e a história pessoal, pois o ser humano que come exige mais da alimentação e cada vez mais preocupados com as conseqüências do ato alimentar (POPOLIM, 2007). 28 5 METODOLOGIA 5.1 Desenho do estudo A pesquisa foi um estudo de caso de natureza aplicada, com caráter descritivo, abordagem quali-quantitativa e com período transversal. 5.2 População e amostra A pesquisa foi composta de Nutricionistas atuantes em Alimentação coletiva na região do Extremo sul Catarinense. A amostra foi por conveniência, selecionada conforme a possibilidade e disponibilidade desses profissionais em responder o questionário. Fizeram parte da pesquisa 28 profissionais nutricionistas que trabalham em empresas de Alimentação Coletiva, na região do Extremo Sul Catarinense. 5.3 Critérios de inclusão e exclusão No critério de inclusão os nutricionistas deveriam encontrar-se trabalhando no ramo de Alimentação Coletiva na região do Extremo Sul Catarinense e aceitar participar da pesquisa. E na exclusão da amostra, entra os nutricionistas que não trabalham em Alimentação Coletiva. 29 5.4 Instrumento de obtenção de dados O questionário de coleta de dados (APÊNDICE A) era composto por 17 perguntas, 15 fechadas e 2 abertas. Foi desenvolvido pela autora com base na revisão de literatura O questionário visou avaliar os conhecimentos sobre Alimentos Funcionais dos profissionais Nutricionistas. 5.5 Forma de obtenção de dados A obtenção dos dados ocorreu por meio do questionário (APÊNDICE A). O mesmo foi entregue aos profissionais para que esses pudessem respondê-lo, sendo que a autora permanecia junto com o entrevistado para esclarecimentos de dúvidas do questionário. 5.6 Forma de análise dos dados Para a análise das respostas objetivas foi utilizado o programa Excel, Windows 2008. Para as respostas subjetivas foram agrupadas a fim de facilitar o julgamento do mesmo e discutidos com a literatura proposta. 5.7 Aspectos éticos O projeto de pesquisa foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC, de forma que os indivíduos participantes assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE B). 30 5.8 Limitações do estudo No presente estudo ocorreu limitações em relação ao tempo disponível dos profissionais em responderem com atenção todas as perguntas do questionário, pois muitos desses Nutricionistas apresentavam vidas profissionais agitada. A particularidade de cada resposta, o que resultou em diferentes conceitos sobre o tema. Os dados foram analisados de acordo com a particularidade de cada resposta e agrupadas quando possuía semelhança nos questionamentos. No critério bibliográfico, o tema aborda um assunto recente, que está em fase de exploração para muitos desses profissionais no ramo de Alimentação Coletiva, o que contribuiu para a limitação da análise. 31 6 RESULTADOS E DISCUSSÃO Atualmente, a prática alimentar tem sido objeto de pesquisas para muitos estudiosos, visto que os alimentos são ótimos aliados na conquista de uma vida saudável. Logo, os alimentos funcionais possuem componentes capazes de prevenir doenças, amenizar sintomas e afetam de maneira positiva em funções orgânicas, além de suas características nutricionais básicas (HASLER, 2000). Dentre os profissionais avaliados, 96,43% (27 nutricionistas) eram do sexo feminino e 3,57% (1 nutricionista) era do sexo masculino. 1 100% FIGURA 1 – O conhecimento de nutricionistas sobre Alimentos Funcionais. Fonte: Autora (2009). De acordo com a Figura 1, todos os Nutricionistas conheciam os alimentos funcionais. No decorrer da pesquisa, os nutricionistas demonstraram-se conscientes quanto ao termo ‘Alimento Funcional’. Esse é um fato relevante, pois segundo Cuppari (2005), são os profissionais da saúde que passam as orientações a população para a escolha adequada de alimentos. Por isso eles devem estar bem informados da magnitude que alcançou a inclusão do conceito de prevenção das doenças na manutenção da saúde da população atualmente. Perante esta posição, 32 a dieta dita saudável tem uma função significativa, de forma que, sua qualidade funcional vai além de uma qualidade nutricional exata. Moraes (2006) afirma que é imprescindível que o nutricionista, aliado a sua prática planejamento alimentar e cardápio, conheçam os alimentos funcionais, suas funções, quantidades recomendadas de ingestão e a biodisponibilidade de seus constituintes, para melhorar as condições nutricionais através de cardápios equilibrados para a manutenção da saúde. 36% SIM NÃO 64% FIGURA 2 – Termo Alimento Funcional considerado recente ou não para os nutricionistas Fonte: Autora (2009). Quando questionados quanto ao tempo que conhecem os alimentos funcionais, 64% consideraram o termo recente e 36% declararam não ser recente, como mostrado na Figura 2. O termo “alimentos funcionais” é considerado na literatura como sendo novo. Para Evangelista (2005) e Pimentel et al (2005), esses alimentos sempre existiram na alimentação humana, porém somente agora receberam esta denominação “Alimentos Funcionais”. De acordo com Hasler (1998), atualmente tem ocorrido grande interesse pelos supostos alimentos funcionais, por parte dos consumidores, com a finalidade de elucidar as propriedades e os efeitos que estes alimentos provocam na promoção da saúde. Vieira et al (2007) também afirmaram 33 que o conceito desses alimentos é antigo, no entanto, novo é o interesse de buscar e explorar mais amplamente esse potencial e o tratamento científico e legislativo dado hoje a essa questão. 50,0% 46,44% 45,0% 40,0% 35,71% 35,0% De 3 a 4 anos 30,0% Mais de quatro anos 25,0% De 2 a 3 anos 20,0% 15,0% De 1 a 2 anos 10,71% 10,0% 7,14% 5,0% 0,0% FIGURA 3 – Tempo que os nutricionistas conhecem a Alimentos Funcionais. Fonte: Autora (2009). Pode-se verificar uma concordância nas respostas 2 e 3, pois ao mesmo tempo em que a maioria não considera um termo recente (64%), também 82,15% conhecem o termo há 3 anos ou a mais de 4 anos.Se considerarmos, segundo Strigheta et al. (2007), mesmo sendo novo o interesse por esses alimentos, eles já existem a mais de 20 anos. Porém Pimentel et al (2005) afirmaram que somente em 1990, quando o Instituto Nacional do Câncer iniciou um projeto denominado Programa de Alimentos Projetados, é que o conceito de alimentos funcionais começou a se disseminar entre a população. 34 Cursos 35% 32,14% 30% Cursos e Livros ou artigos científicos Livros ou artigos científicos 25% 25% 20% 15% 10% 5% Outros Mídia, Cursos, Livros ou artigos científicos Mídia, Cursos, Livros ou artigos científicos, e Outros Mídia e Cursos 14,28% 10,71% 7,14% 3,57% 0% Colegas de trabalho 0% FIGURA 4 – A forma que conhecem a Alimentação Funcional. Fonte: autora (2009). Quando questionados sobre como conheceram o termo alimentos funcionais, foram encontrados resultados distintos, como mostra a Figura 4. Entre os meios mais mencionados, estão os “cursos” (incluído a graduação), com 32,14%, 25% para os “cursos, livros e artigos científicos” e “livros e artigos científicos” com 14,28%. A porcentagem alta de aparecimento em cursos, pode ser devido aos profissionais, na maioria deles recém formados, terem estudado este termo na graduação, pois os cursos de nutrição, hoje em dia, estão incluindo em sua grade curricular, percebe-se assim a importância do constante aprimoramento dos profissionais e das escolas de Nutrição. 35 Alimentos com adição de novas substâncias para prevenção de doenças Alimenbtos para dietas especiais Alimentos que além, do valor nutricional já atribuido a ele, possuem principios ativos na sua composição Os três itens FIGURA 5 – O conceito e significado de Alimento Funcional. Fonte: Autora (2009). Quando questionados sobre uma definição para esses alimentos, a maioria, com 92,85% dos profissionais referiram que esses alimentos seriam alimentos que além do valor nutricional já atribuído a ele, possuem ingredientes que proporcionam benefícios à saúde, seguidos por apenas 3,57% que responderam que estes seriam alimentos para dietas especiais. Aproximadamente, 3,58% responderam os três itens e nenhum participante respondeu que seriam alimentos com adição de novas substâncias para prevenção de doenças, observado na Figura 5. A Portaria nº. 398, de 30 de abril de 1999, de responsabilidade do Ministério da Saúde comprova o maior questionamento citado pelos nutricionistas, onde define como sendo, todo alimento ou ingrediente que, além das funções nutricionais básicas, quando consumidos como parte da dieta usual, produza efeitos metabólicos e/ou fisiológicos e/ou efeitos benéficos à saúde, devendo ser seguro para o consumo sem supervisão médica. Craveiro e Craveiro (2008) descrevem que recentes pesquisas confirmam a presença desses princípios ativos nos alimentos e que possuem importantes 36 atividades biológicas, auxiliando no metabolismo corporal, além de seus aspectos nutricionais. Apesar de nenhum dos profissionais responderem que alimentos funcionais possuem adição de novas substâncias para prevenção de doenças. Porém para Padilha e Pinheiro (2004) o conceito desses alimentos é amplo e podem ser classificados como alimentos preparados, adicionados, que contenham uma ou mais substâncias, classificados como nutrientes, ou não nutrientes, capazes de atuar no metabolismo e na fisiologia humana, prevenção de doenças e promovendo efeitos benéficos para a saúde que melhoram a qualidade de vida. Quando questionados sobre o interesse na aplicabilidade desses alimentos pelos profissionais na área de Alimentação Coletiva, 54% relataram que já aplicaram os alimentos funcionais em cardápios e 46% responderam que não aplicaram, como mostrado na Figura 6. Da mesma maneira que se averiguou o interesse dos entrevistados de aplicar esses alimentos na Alimentação Coletiva, foi verificado quais os principais impedimentos para essa ocorrência. O maior impedimento (42,85%) para implantar esses alimentos seria o custo elevado (Figura 7). Em seguida, com 21,42% apareceram a variável, Custos e Não há interesse por parte da empresas de alimentação Coletiva em adquiri-los relataram custos e não há interesse por parte das empresas de Alimentação Coletiva em adquiri-los. Segundo Craveiro e Craveiro (2008), fica claro que esses alimentos não podem ser encarados como uma solução única, mas sim, como mais um auxílio que os avanços nutricionais, tecnológicos e científicos colocam a disposição da população. Desta forma, os alimentos funcionais previnem doenças e melhoram a qualidade de vida, principalmente, com uma boa relação custo/benefício, de maneira que eles continuarão a revolucionar a indústria de alimentos durante os próximos anos. Todavia, segundo os relatos dos nutricionistas a não aplicabilidade dos princípios que contem os alimentos funcionais, é resultado do alto custo pela empresa contratante. Isso comprova a carência de informações do valor desses alimentos para as empresas, a ponto que de deixarem de incluir nos cardápios. É importante ressaltar que, atualmente, as empresas de Alimentação Coletiva, sem saber, já fazem uso de alguns alimentos com propriedades funcionais, 37 isso confirmar a carência de conhecimentos dos Nutricionistas sobre os alimentos Funcionais. 39% SIM NÃO 54% SEM RESPOSTAS 7% FIGURA 6 – O interesse dos nutricionistas em aplicar os princípios da Alimentação Funcional na Área de Alimentação Coletiva. Fonte: autora (2009). Custos 45% 42,85% Cust os e Não há int eresse por parte das empresas de alimentação coletiva em adquiri-los Não há interesse por part e das empresas de alimentação coletiva em adquiri-los 40% 35% Out ros 30% 25% 20% NULO 21,42% 17,85% 15% 10% Cust os e Out ros 7,14% Dificil acesso a esses alimentos 3,57% 5% 0% Cust os e Não há int eresse por parte do profissional 3,57% 0% 0% Não há interesse por part e do profissional FIGURA 7 – Os principais impedimentos para aplicação dos princípios da Alimentação Funcional na Área de Nutrição Coletiva. Fonte: Autora (2009). 38 4% SIM NÃO 96% FIGURA 8 – A percepção dos nutricionistas quanto ao interesse dos comensais sobre Alimentação Funcional. Fonte: Autora (2009). Todos os nutricionistas relataram que os alimentos funcionais tinham benefícios nutricionais em reduzir riscos a algumas doenças, como também acreditaram que esses alimentos promovam a manutenção e melhora da saúde. Acreditaram, também, na importância da existência desses alimentos na área de Alimentação Coletiva, e aprovaram a idéia que apresentar esse tipo de Alimentação aos comensais. Porém, constatou-se que nem todos tinham a percepção que esses alimentos despertariam grande interesse por parte dos clientes. Para 4% da amostra esses alimentos não despertariam grandes interesse por parte do comensal segundo a Figura 8. Silva e Pinto (2008) afirmam que a intervenção alimentar em empresas de alimentação coletiva espelha o estado de saúde do trabalhador, por que muitas vezes a refeição ofertada é a grande refeição do dia. A alimentação gera hábitos alimentares saudáveis da população. Além disso, em um estudo realizado por Arabbi (2001), a população como um todo, tem demonstrado interesse maior por estes produtos, em virtude da alegação de suas propriedades funcionais que combatem e também previnem doenças crônicas não degenerativas. Assim, Ferrari e Ishimoto (2008), alegam ser de grande importância formar parcerias entre governo, indústria de alimentos, universidade e institutos de 39 pesquisas, para melhorar os conhecimentos sobre os riscos e os benefícios dos alimentos funcionais. Também é fundamental promover campanhas de educação e conscientização do consumidor para melhorar a qualidade da alimentação populacional. Numa pesquisa sobre os conhecimentos de alimentos funcionais, onde o público em questão eram pacientes de uma clínica-escola em uma Universidade do Grande ABC, Rocha et al (2007), demonstraram que esse público apresentou uma pequena noção sobre as funções desses alimentos, porém o significado destes alimentos associou-se a crendices populares e a fitoterapia. Nesta pesquisa, quando questionados sobre quais alimentos consideravam alimentos funcionais, a opção mais assinalada pelos Nutricionistas entrevistados (25%) foram todos os alimentos. Posteriormente, com 21,43%, consideram somente a soja, tomate, uva e fibras, seguindo de somente o tomate (14,30%), e somente a soja (10,71%). Ao questionarmos porque da escolha dos alimentos funcionais, 32,14% dos nutricionistas relataram que “Os Alimentos Funcionais proporcionam benefícios a saúde humana” e 28,57% porque possuem princípios ativos, entretanto 14,28% não souberam justificar. TODOS TOM ATE 30% 25% SOJA 25,00% 21,43% SOJA, TOM ATE, UVA E FIBRAS SOJA, IOGURTE E FIBRAS 20% FIBRAS 14,30% 15% 10% SOJA E TOM ATE 10,71% SOJA E FIBRAS 7,14% 3,57% 5% NULO 0% UVA IOGURTE 0% 1 FIGURA 9 – Os Alimentos considerados funcionais pelos nutricionistas. Fonte: autora (2009). 40 Segundo Craveiro e Craveiro (2003), a soja é um alimento rico em proteínas e outros nutrientes, mas além dessas propriedades tradicionais, contém isoflavonas que, segundo alguns estudos, promove benefícios para a saúde do ser humano, principalmente cardiovasculares. Por esse motivo, a soja é classificada como funcional. O tomate é considerado um alimento funcional por conter o composto licopeno do grupo dos carotenóides, que é um poderoso antioxidante, exercendo forte atividade no combate a doenças degenerativas no organismo humano. Em um estudo publicado no Jornal Internacional do Câncer, pesquisadores concluíram que o licopeno protege contra o câncer de boca, esôfago, estômago, cólon e reto (CRAVEIRO e CRAVEIRO, 2003). Pimentel et al (2005) acrescentam que os flavonóides, encontrados também em uvas, são compostos funcionais que possuem propriedades antioxidantes e podem auxiliar na prevenção de doenças dos sistemas cardiovasculares. Quanto aos iogurtes, (exceto os acrescidos de frutas que são ricos em carboidratos) além de serem grandes fontes do mineral cálcio, são ricos em proteínas. Ainda, é um alimento que melhora o trânsito intestinal, por possuir o composto funcional, chamado probióticos, que são microorganismos vivos, benéficos para a flora microbiana intestinal. São várias as espécies de microorganismos considerados probióticos, e as mais utilizadas são espécies de Bifidobacterium e de Lactobacillus. Segundo Moraes e Colla ( 2006), as fibras dietéticas são substâncias que não apresentam fonte de energia, porém são classificadas como solúveis e insolúveis e possuem diferentes ações benéficas ao organismo humano. Anjo (2004) considera as fibras como redutores de colesterol sangüíneo e protetor no desenvolvimento de câncer. 41 Tomat e:? Por ser bem aceit o pelos consumidores Soja: isof lavona Nulo Soja, por ser maior divulgado 3,57% Iogurt e: por possuir lact obacilos Previnem doenças 10,70% 10,70% 14,28% Possuem principios at ivos Fibras por f acilitar o t ransit o int est inal e carreador de colest erol 28,57% Não souberam responder 32,14% 0% 10% 20% 30% 40% Tomat e por conter licopeno, previne cancer Proporcionam benefí cios a saúde humana. FIGURA 10 – Justificativa da escolha dos alimentos funcionais pelos nutricionistas. Fonte: Autora (2009). NULO; 3,57% Brasil; 7,30% Japão Canadá União européia; 10,71% USA Japão; 42,02% USA; 7,14% União européia Brasil NULO Canadá; 0% FIGURA 11 – Tipo de mercado considerado mais expressivo no uso da Alimentação Funcional. Fonte: Autora (2009). 42 Questionou-se sobre qual mercado fazia mais o uso dos alimentos funcionais, para avaliar a literatura de material recente sobre o tema por parte dos Nutricionistas entrevistados. De acordo com a Figura 11 percebe-se que 71,42% responderam ser Japão o país que mais faz uso deste tipo de alimentação e 10,71% a União Européia. Segundo Cuppari (2005), os alimentos funcionais compreendem de 5 a 7% do mercado mundial de alimentos. Atualmente, os principais mercados para alimentos funcionais são Japão, Estados Unidos e a Europa. No ano de 2005, esse mercado movimentou cerca de U$$ 60 bilhões de dólares nesses países e continente, e no Brasil, também em 2005, representou cerca de U$$ 600 milhões de dólares (ABIA, 2005). Como o termo foi primeiramente introduzido no Japão, acredita-se que foi essa a razão que fez a maioria dos nutricionistas optaram por esse país, entretanto, esses produtos vêm ganhando significativa fatia de mercado nos Estados Unidos e na Europa. Apesar de ser proibidas as alegações propriedades funcionais na Europa, existe um projeto extensivo de revisão das leis relacionadas aos alimentos como um todo, em vários países que compreendem a União Européia, e assim, serão elaboradas normas próprias baseadas em consensos entre os cientistas, autoridades governamentais e indústrias (VIEIRA et al, 2007). Ação educativa com os comensais para o consumo desses alimentos 70% Intro duzir preparaçõ es co m A limento s Funcio nais no s cardápio s 60,71% 60% Apresentaraos proprietários, o custo x benefício que os Alimentos Funcionais proporcionam as empresas. Campanhas de apoio de divulgação pelo Governo 50% 40% 30% 20% 10% 0% 32,14% 28,57% 7,14% Nulo Divulgação na mídia sobre os benefícios dos Alimentos FIGURA 12 – As propostas mais citadas pelas nutricionistas para introdução da alimentação funcional na Área de Alimentação Coletiva. Fonte: autora (2009). 43 Ao final do questionário, foi solicitado que os nutricionistas descrevessem algumas propostas para possível implantação dos alimentos funcionais na área de Alimentação Coletiva. Como verificado na Figura 12, anteriormente apresentada, aproximadamente 60,71% propuseram realizar “Ações Educativas nos locais de refeições”, 32,14% sugeriram “introduzir novas preparações realizadas com esses alimentos nos cardápios” e 28,57% indicaram apresentar o “Custo x Benefício” que esses alimentos possuem para os proprietários das empresas que servem alimentação. Torna-se importante e necessário esclarecer a relação custo/benefício para as empresas contratantes, expor o quanto é importante oferecer uma alimentação saudável a seus comensais, para assim, obterem boa saúde e rentabilidade no trabalho realizado. 44 7 CONCLUSÃO Segundo Cuppari (2005), sendo os profissionais da saúde, aqueles passam as orientações que vão auxiliar a população na escolha adequada de alimentos é importante que estejam bem informados da magnitude que alcançou esse tema. De forma que, é imprescindível que o nutricionista aliado a sua prática de prescrição planejamento alimentar, conheça os alimentos funcionais, suas funções, quantidades recomendadas de ingestão e a biodisponibilidade de seus constituintes, para melhorar as condições nutricionais através de cardápios adequadas para a manutenção da saúde de seus comensais. Esses alimentos não podem ser encarados como uma solução única, mas como um auxílio que os avanços nutricionais, tecnológicos e científicos colocam a disposição da população, ajudando a prevenir doenças e a melhorar a qualidade de vida. Contudo, ainda existem fatores que complicam a declaração de uma base científica sólida para esse tipo de alimentação, pois os componentes presentes nos alimentos, sua ação sobre os mesmos, alterações metabólicas compensatórias que podem ocorrer com mudanças dietéticas e a falta de substitutos de marcadores do desenvolvimento de doenças são ainda carentes de estudos. São necessárias pesquisas adicionais para substanciar os potenciais benéficos à saúde desses alimentos para os quais as relações dieta-saúde não estão de uma maneira cientificamente válida e, ainda, que estas pesquisas sejam de fácil entendimento aos consumidores. Deve ser enfatizada a importância do conhecimento dos profissionais de nutrição para que estejam atualizados com essas informações, para poderem passar uma orientação adequada aos seus clientes/comensais. Há também, falta de estudos que debatam o tema, tanto para o conceito alimento funcional, como o conhecimento que os nutricionistas possuem a respeito desse tema, uma vez que, a maioria desses profissionais não teve essa informação passada na graduação. 45 REFERÊNCIAS BRASIL, AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. ANVISA. Alimentos. Comissões e Grupos de Trabalho. Comissão Tecnocientífica de Assessoramento em Alimentos Funcionais e Novos Alimentos. Alimentos com Alegações de Propriedades Funcionais e ou de Saúde, Novos Alimentos/Ingredientes, Substâncias Bioativas e Probióticos, 2005. ______.BRASIL. Resolução no 16, de 30 de abril de 1999, a. Regulamento técnico de procedimentos para registro de alimentos e ou novos ingredientes. ______.BRASIL. 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( ) Cursos. ( ) Livros ou artigos científicos. ( ) Colegas de trabalho. ( ) Outros 5. O que é um Alimento Funcional para você? ( ) Alimentos com adição de novas substâncias para prevenção de doenças. ( ) Alimentos para dietas especiais. ( ) Alimentos que além, do valor nutricional já atribuído a ele, possuem princípios ativos na sua composição. 6. Você já aplicou os princípios da Alimentação Funcional em alguma Unidade de Alimentação Coletiva que você trabalhou ou trabalha? SIM ( ) NÃO ( ) 51 7. Se NÃO. Você gostaria de aplicar os princípios da Alimentação Funcional na Alimentação Coletiva? SIM ( ) NÃO ( ) 8. Quais os impedimentos atualmente na aplicação dos princípios dos Alimentos Funcionais na Alimentação Coletiva? ( ) Custo. ( ) Difícil acesso a esses alimentos. ( ) Não há interesse por parte das empresas de alimentação coletiva em adquiri-los. ( ) Não há interesse por parte do profissional. ( ) Outros. 9. Você acredita que os Alimentos Funcionais podem apresentar benefícios nutricionais e podem reduzir riscos a algumas doenças? SIM ( ) NÃO ( ) 10. Você acredita que os Alimentos Funcionais possuem grande importância na manutenção e melhora da saúde? SIM ( ) NÃO ( ) 11. Você acha importante existir Alimentos Funcionais nas refeições de Unidades de Alimentação e Nutrição? SIM ( ) 12. Você acha importante consumidores/comensais? SIM ( ) NÃO ( apresentar os ) Alimentos NÃO ( Funcionais aos ) 13. Se SIM. Você acha que ao apresentar esse tipo de Alimentação, despertaria interesse por parte dos consumidores/comensais? SIM ( ) NÃO ( ) 52 14. Identifique os alimentos/nutriente que você considera Alimento Funcional: ( ) SOJA ( ) TOMATE ( ) UVA ( ) IOGURTE ( ) ALIMENTOS QUE CONTÉM FIBRAS 15. Em relação ao item anterior qual o motivo da escolha? _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ . 16. Em qual fatia de mercado você consideraria mais expressivo o uso de Alimentos Funcionais? ( ) Japão ( ) Canadá ( ) USA ( ) União Européia ( ) Brasil 17. Quais suas propostas para que os princípios da Alimentação Funcional possam ser aplicados na prática, em Alimentação Coletiva? _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ 53 APÊNDICE B 54 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Você está sendo convidado a participar da pesquisa sobre: O conhecimento de Nutricionista sobre Alimentação Funcional e sua aplicabilidade no ramo de Alimentação Coletiva no Extremo Sul Catarinense. Sua participação não é obrigatória. A qualquer momento você pode desistir de participar e retirar seu consentimento não necessitando apresentar nenhuma justificativa, bastando, para isso, informar sua decisão a pesquisadora. Sua recusa não lhe trará nenhum prejuízo em relação o pesquisador ou a instituição. O objetivo deste estudo é Verificar o conhecimento de nutricionistas sobre Alimentação Funcional e sua aplicabilidade no ramo de alimentação coletiva na região de Criciúma. Sua participação nesta pesquisa consistirá em permitir ao pesquisador fazer questionamentos nutricionais com os profissionais/nutricionistas. Não há risco ou ônus na sua participação nessa pesquisa. Da mesma forma, você também não terá bônus. O seu anonimato será preservado por questões éticas e asseguramos o sigilo de sua participação durante todas as fases da pesquisa, inclusive após a publicação da mesma. Os dados divulgados, não serão de forma a denegrir sua imagem, pois o objetivo é verificar o conhecimento de nutricionistas sobre Alimentação Coletiva e sua aplicabilidade no ramo de alimentação coletiva na região de Criciúma. Você receberá uma cópia deste termo onde consta o telefone do pesquisador para localizá-lo a qualquer tempo e uma cópia do trabalho final. Meu nome é Ana Paula Sartor Ronconi. A pesquisa acontece sob supervisão do professor Mariely Barcelo. Meu telefone para contato é (48) 9925 9059. Considerando os dados acima, confirmo ter sido informado por escrito e verbalmente dos objetivos deste estudo cientifico. Desta forma, Eu.........................................................................., aceito voluntariamente participar desta pesquisa e declaro que entendi os objetivos, riscos e benefícios de minha participação. Criciúma, _____ de ____________ de 200___. Assinatura do Pesquisador Assinatura do Pesquisado 55 ANEXO C