Sistemática de Importação e Exportação Professor conteudista: Francisco de Assis Cunha Cavalcante Revisora: Claudia R. C. Leão Sumário Sistemática de Importação e Exportação Unidade I 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................................1 2 O COMÉRCIO EXTERIOR ...................................................................................................................................6 2.1 História da exportação de produtos no Brasil .............................................................................7 2.1.1 Período Colonial (1500-1822) ..............................................................................................................7 2.1.2 Período do Império (1822-1889).........................................................................................................8 2.1.3 Primeira República (1889-1930) ...................................................................................................... 10 2.1.4 Era Vargas e Brasil Democrático (1930-1964) .............................................................................11 2.1.5 Regime Militar (1964-1985) .............................................................................................................. 13 2.1.6 Redemocratização (1985-) ................................................................................................................. 14 2. 2 Contextualização do Brasil no comércio internacional ...................................................... 14 3 A ESTRUTURA BRASILEIRA PARA O COMÉRCIO EXTERIOR ............................................................ 17 3.1 A Câmara de Comércio Exterior (CAMEX) .................................................................................. 17 3.2 Ministério das Relações Exteriores (MRE) .................................................................................. 18 3.3 Secretaria de Comércio Exterior (SECEX) .................................................................................... 18 3.4 Secretaria de Assuntos Internacionais (SEAIN) ........................................................................ 19 3.5 Órgãos gestores..................................................................................................................................... 19 3.5.1 Secretaria de Comércio Exterior (SECEX) ...................................................................................... 19 3.5.2 Secretaria da Receita Federal (SRF) ................................................................................................. 20 3.5.3 Banco Central do Brasil (BACEN)...................................................................................................... 20 3.6 Órgãos anuentes ................................................................................................................................... 20 3.7 Organograma ......................................................................................................................................... 27 Unidade II 4 O COMÉRCIO INTERNACIONAL .................................................................................................................. 28 4.1 Organização Mundial do Comércio – OMC ............................................................................... 29 4.2 Banco Interamericano de Reconstrução e Desenvolvimento – BIRD ............................. 29 4.3 Fundo Monetário Internacional – FMI......................................................................................... 30 4.4 Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID................................................................. 30 4.5 Sistema Geral de Preferências – SGP ........................................................................................... 30 4.6 Sistema Global de Preferências Comerciais - SGPC ............................................................... 32 4.7 Blocos econômicos .............................................................................................................................. 34 5 TERMOS INTERNACIONAIS DE COMÉRCIO (INCOTERMS) ............................................................... 37 Unidade III 6 O ACESSO AO MERCADO INTERNACIONAL ......................................................................................... 48 6.1 O que exportar? .................................................................................................................................... 49 6.2 Promoção comercial ........................................................................................................................... 50 6.3 Marketing internacional .................................................................................................................... 52 6.4 Comércio eletrônico ............................................................................................................................ 53 6.5 Para onde exportar .............................................................................................................................. 54 7 A POLÍTICA BRASILEIRA PARA EXPORTAR ............................................................................................. 55 7.1 O desenvolvimento das exportações brasileiras (1998 a 2007)......................................... 57 7.2 Tipos de exportação ............................................................................................................................ 59 8 ASPECTOS ADMINISTRATIVOS NA EXPORTAÇÃO ............................................................................... 60 8.1 SISCOMEX ................................................................................................................................................ 61 8.2 Nomenclatura e classificação de mercadorias ......................................................................... 63 8.3 Documentos exigidos para a exportação ................................................................................... 65 9 ASPECTOS TRIBUTÁRIOS NA EXPORTAÇÃO .......................................................................................... 68 9.1 O IPI e o ICMS nas exportações ...................................................................................................... 68 9.2 Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (COFINS).................................. 69 9.3 Programa de Integração Social (PIS) ............................................................................................ 69 10 FORMAÇÃO DO PREÇO PARA A EXPORTAÇÃO ................................................................................. 70 10.1 Fatores que influenciam na elaboração do preço para exportação .............................. 70 10.2 Formação do preço para exportação na prática ................................................................... 73 11 FONTES DE FINANCIAMENTO À EXPORTAÇÃO .................................................................................. 74 11.1 BNDES-Exim ......................................................................................................................................... 75 11.2 Adiantamento sobre Contrato de Câmbio – ACC ................................................................. 76 11.3 Adiantamento sobre Cambiais de Exportação – ACE .......................................................... 77 11.4 Programa de Financiamento às Exportações – PROEX ....................................................... 77 11.5 Letras de exportação (export notes) ........................................................................................... 79 11.6 Passo a passo para a exportação ................................................................................................. 79 Unidade IV 12 A POLÍTICA BRASILEIRA PARA IMPORTAR .......................................................................................... 83 12.1 Aspectos conceituais ........................................................................................................................ 85 12.2 Tributos incidentes na importação ............................................................................................. 86 12.3 Valoração aduaneira ......................................................................................................................... 87 12.4 Cálculo dos tributos na importação .......................................................................................... 88 12.5 Redução de alíquota dos tributos na importação ............................................................... 89 12.6 Documentos necessários para importação ............................................................................. 90 12.7 Passo a passo para importar ......................................................................................................... 91 13 REGIMES ADUANEIROS ESPECIAIS ....................................................................................................... 96 13.1 Trânsito aduaneiro ............................................................................................................................ 96 13.2 Admissão temporária ....................................................................................................................... 97 13.3 Regime de drawback ........................................................................................................................ 99 13.4 Entreposto aduaneiro de importação .....................................................................................102 13.5 Entreposto aduaneiro de exportação ......................................................................................102 13.6 Entreposto industrial ......................................................................................................................102 13.7 Exportação temporária ..................................................................................................................102 13.8 Depósito Alfandegado Certificado – DAC (regime aduaneiro atípico) ......................104 14 REGIME ESPECIAL ADUANEIRO DE IMPORTAÇÃO ........................................................................104 15 MODALIDADES DE PAGAMENTO .........................................................................................................105 16 ASPECTOS CAMBIAIS NA EXPORTAÇÃO ............................................................................................109 16.1 Contrato de câmbio ........................................................................................................................ 110 16.2 Contratação do câmbio na exportação ...................................................................................111 16.3 Liquidação do câmbio .................................................................................................................... 112 16.4 Alterações no contrato de câmbio ........................................................................................... 113 16.5 Cancelamento do contrato de câmbio ................................................................................... 114 17 REVISÃO ......................................................................................................................................................... 115 SISTEMÁTICA DE IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO Unidade I 1 INTRODUÇÃO A globalização da economia faz com que os países intercambiem bens e serviços com mais rapidez, num fluxo que tende a ser cada vez mais ágil e interativo. Formam-se os grupos regionais, as alianças, para que os países, unidos nos 5 mesmos objetivos, possam disputar, com maiores possibilidades de sucesso, sua fatia no bolo. Empresas e governos devem estar preparados para essa nova era, para enfrentar os novos desafios que se apresentam no dia-a-dia de suas atividades. Essa preparação consiste no condicionamento correto da empresa 10 para vencer na arena internacional e exige pessoal capacitado, treinado, motivado e apto a lutar em um campo em que os adversários são competentes e agressivos. O comércio internacional pode ser definido como um grupo de práticas econômicas que são realizadas com o objetivo de 15 obter lucro, através de uma relação de compra e venda em âmbito internacional. As principais razões pela busca por mercados internacionais por parte de empresas são expansão mercadológica, crescimento econômico e financeiro, redução dos custos de produção e 20 otimização da distribuição. Os governos também possuem interesses particulares no comércio internacional, pois a sua prática agrega valor e confiança internacionais, além da movimentação de divisas, o que impacta no câmbio e na balança comercial do país. Balança comercial é um termo econômico 25 que representa as importações e exportações de bens entre os países. Dizemos que a balança comercial de um determinado país 1 Unidade I está favorável quando este exporta (vende para outros países) mais do que importa (compra de outros países). Do contrário, dizemos que a balança comercial é negativa ou desfavorável. A balança comercial favorável apresenta vantagens para um país, 5 pois atrai moeda estrangeira, além de gerar empregos dentro do país exportador. Logo, tais vantagens despertaram os interesses de empresários e de governos, conduzindo esse comércio a um patamar em que toda a economia é regulamentada por práticas capitalistas, o que 10 provocou uma reaproximação de países anteriormente avessos a essas práticas, para tornar viável o ingresso de todos nesse mercado global. Dessa forma, muitas economias reformularam suas ações comerciais para se remodelarem aos novos rumos tomados pela economia mundial. Especialmente, alguns países, como Brasil, Rússia, Índia e China – conhecidos atualmente pela sigla BRIC (acrônimo criado pelo banco de investimentos Goldman Sachs para se referir aos quatro maiores países emergentes do mundo), que representa os países economicamente emergentes – aproveitaram suas 20 potencialidades naturais, humanas e tecnológicas para iniciar um novo ciclo em suas economias, estabelecendo parcerias para otimizar suas balanças comerciais e desenvolver seus pólos industriais, além de outras ações, como geração de emprego e renda, livre concorrência, câmbio, atração de investimentos 25 estrangeiros, abertura de novos negócios, etc. 15 Mas antes de elaborar qualquer prognóstico, é vital que empresas estejam devidamente preparadas para o desafio da concorrência internacional, o que implica condicionar corretamente todas as suas potencialidades, como: 30 • capacitar, treinar e motivar constantemente o pessoal; • conhecer as normas cambiais internacionais; • ter bons profissionais na área de comércio exterior envolvidos no processo; 2 SISTEMÁTICA DE IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO •ter acesso às principais fontes e condições de financiamentos para capital de giro, exportações e importações; 5 • traçar uma política de marketing estrategicamente sintonizada com o mercado-alvo; • redobrar as atenções com alguns componentes de produto, como preços, embalagem, especificações técnicas, qualidade, rótulo, logística, condições de transporte, dentre outros. No entanto, há muita resistência por parte de muitos pequenos e médios empresários brasileiros em comercializar seus produtos e/ou serviços no mercado internacional. Essas resistências estão mais relacionadas à falta de informação e insegurança do que a qualquer fator de ordem econômica. Por 15 exemplo: 10 • não sabem como exportar; • não têm conhecimento sobre os programas e instrumentos de apoio à exportação e linhas próprias para financiamento ao exportador; 20 • não acreditam na política externa brasileira, ao ponto de não investir em produtos, serviços e maquinários voltados ao comércio internacional; • não veem vantagens em atuar no mercado externo. Se houvesse incentivos melhores e as informações estivessem 25 mais acessíveis e de forma mais clara para os pequenos e médios empresários, o quadro poderia ser otimizado. A prova da falta de informação e da incredulidade é tanta que, em 1997, as exportações brasileiras acima de US$ 15 milhões foram realizadas por apenas 3,73% das empresas brasileiras 3 Unidade I aptas a exportar, o que movimentou aproximadamente 80% do volume total das exportações, enquanto que as exportações cujos valores individuais ficaram abaixo de US$ 5 milhões foram realizadas por 91% das empresas brasileiras aptas a exportar 5 (cerca de 14 mil empresas), movimentando quase 10% do valor total exportado. Já em 1998, havia aproximadamente 4 milhões de empresas ativas no Brasil, mas apenas 14,147 exportaram, o que representa 0, 35% do total. E em 2000, uma melhora mínima: somente 16, 246 10 exportaram, ou seja, 0,40% do total. Em 1999, somente 84 empresas, do total de 4 milhões de empresas brasileiras, foram responsáveis por cerca 50% do valor exportado, enquanto que, em 2000, somente 97 empresas foram responsáveis por 53% do volume. Em 2005, o Brasil exportou US$ 118,3 bilhões, 131,1% a mais do quem em 1998. Nesse período, o volume de vendas das MPE aumentou 70,8%, passando de US$ 1,8 bilhão para US$ 3,1 bilhões, mas a participação das MPE no total caiu de 3,6% para 2,7% e para 1,7% no ano de 2006, conforme demonstra o 20 gráfico abaixo. 15 Exportação por porte de empresa participação % sobre valor de 2006 Pessoa física 0,2% Grande empresa 91,4% 4 Micro e pequena 1,7% Média 6,7% SISTEMÁTICA DE IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO Além das dificuldades que envolvem falta de informação e insegurança, existem outras variáveis que acabam dificultando às pequenas e médias empresas brasileiras o ingresso no comércio internacional, tais como: 5 • a adaptação e a modificação dos processos produtivos às exigências internacionais; • a falta de planejamento de médio e longo prazo; • a falta de recursos para investir em novos produtos e serviços; 10 • a não-observância às leis de preservação ambiental e aos preceitos internacionais sobre os direitos humanos. Logo, pode-se constatar que as pequenas e médias empresas estão inseguras para atuar no mercado internacional. E não se pode ignorar esse fato, porque essas empresas respondem por 15 cerca de 20% do PIB brasileiro. Mas vale ressaltar que há formas de superar estes obstáculos para explorar o mercado exterior, através da articulação de lideranças para uma organização em sistemas de cooperativas, consórcios ou sindicatos, por exemplo. 20 Com o intuito de poder proporcionar maior competitividade aos produtos nacionais no mercado internacional, o governo brasileiro vem se estruturando e desenvolvendo uma série de ações que viabilizam programas e linhas de crédito que apoiem as empresas interessadas em atuar no mercado internacional. 25 Esta disciplina tem como objetivo principal levar ao conhecimento da classe acadêmica, de forma objetiva, os aspectos que cercam a sistemática do comércio exterior envolvendo: 30 • a legislação e a estrutura brasileira para o comércio exterior; 5 Unidade I • os termos internacionais de comércio; • algumas práticas adotadas no Brasil; • as estratégias adotadas para maximizar a competitividade da indústria nacional e internacional; 5 • as atualidades sobre o mercado internacional. 2 O COMÉRCIO EXTERIOR Ao longo de toda a história capitalista, o mundo passou por certos momentos favoráveis e felizes em termos de crescimento econômico e produção de riqueza, indicando uma prosperidade mundial. Foi assim no início do século XX, quando a indústria 10 moderna atingiu patamares até então nunca vistos. O mesmo fato ocorreu após a Segunda Guerra Mundial, envolvendo o continente europeu e o Japão, os quais estavam se re-erguendo das cinzas para se transformarem nas potências econômicas que são hoje. 15 E as observações quanto à prosperidade capitalista não cessaram no século XX, pois a taxa de expansão mundial registrada em 2004 foi de 5,1%, simplesmente a mais alta em décadas. Graças ao volume recorde no comércio global, os bons 20 ventos estão soprando não somente para as nações ricas, mas especialmente para aquelas em desenvolvimento e inclusive para as mais pobres. Estima-se a quantia de 20 trilhões de dólares em circulação no mundo, nas mãos, principalmente, de bancos e investidores. Além da taxa de juros mundial, que se encontra em 25 um dos menores patamares nos últimos anos, o que funciona como um estímulo para o crescimento. Como consequência, pode-se constatar pelo mundo afora uma situação excepcional de desenvolvimento econômico e social, representado por uma alta produção industrial que 6 SISTEMÁTICA DE IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO está sendo rapidamente absorvida por consumidores com necessidades insaciáveis, aliadas a uma diminuição da taxa de desemprego e miséria. 2.1 História da exportação de produtos no Brasil 2.1.1 Período Colonial (1500-1822) A economia colonial brasileira é integrada ao processo 5 mundial de expansão do capitalismo mercantil. Baseada no monopólio colonial – Portugal tem a exclusividade do comércio com a colônia –, é altamente especializada e dirigida para o mercado externo. Internamente, tem caráter predatório sobre os recursos naturais. As técnicas agrícolas utilizadas 10 são rudimentares e provocam rápido esgotamento da terra. A produção está centrada na grande propriedade monocultora, o latifúndio, e na utilização de numerosa mão-de-obra escrava – primeiro dos indígenas e depois dos negros. 15 20 25 30 O primeiro produto a ser “exportado” foi o Pau-Brasil. Nos primeiros 30 anos de colonização, esse produto era retirado das terras brasileiras e encaminhado para a Europa. Da sua madeira, eram extraídos os pigmentos que serviam para tingir tecidos. Nessa época, não foi criado nenhum núcleo populacional no Brasil. Somente mais tarde os portugueses retornaram para instituir vilas no novo território. O cultivo da cana-de-açúcar é introduzido no Brasil por Martim Afonso de Souza, na capitania de São Vicente. Seu apogeu ocorre entre 1570 e 1650, principalmente em Pernambuco. Fatores favoráveis explicam o sucesso do empreendimento: experiência anterior dos portugueses nos engenhos das ilhas do Atlântico, solo apropriado, principalmente no Nordeste, abundância de mãode-obra escrava e expansão do mercado consumidor na Europa. A agroindústria açucareira exige grandes fazendas e engenhos e enormes investimentos em equipamentos e escravos. Na passagem do século XVII para o XVIII, são descobertas ricas 7 Unidade I jazidas de ouro no centro-sul do Brasil. A Coroa portuguesa volta toda sua atenção para as terras brasileiras. A região das minas espalha-se pelos territórios dos atuais Estados de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso e torna-se polo de atração 5 de migrantes: portugueses em busca de fortuna, aventureiros de todas as regiões do Brasil e escravos trazidos do Nordeste. Criam-se novas vilas: Sabará, Mariana, Vila Rica de Ouro Preto, Caeté, São João del Rey, Arraial do Tejuco (atual Diamantina) e Cuiabá. A pecuária se desenvolve no interior, expandindo a 10 ocupação de regiões próximas ao rio São Francisco e região sul do Brasil. No entanto, essa produção não se destinava à exportação. 2.1.2 Período do Império (1822-1889) 15 20 25 30 Durante o período do Império, o café era o principal produto de exportação e gerador de renda. Uma frase muito comum no Império afirmava que o Brasil é o café e o café é o negro. A produção do café, que ganhou importância enorme por volta de 1830, dependia do trabalho escravo. Havia incentivo para produtores e exportadores, e o interesse pela bebida era crescente em alguns mercados consumidores, especialmente Estados Unidos e Europa. O Vale do Paraíba foi a primeira região em que a produção se expandiu: inicialmente no território da província do Rio de Janeiro, depois na província de São Paulo. Na última década do Império, o café representava 60% do total de exportações do Brasil. Isso ocorreu enquanto o açúcar, produto muito importante no Brasil Colônia, entrava em crise. Os velhos engenhos foram desaparecendo, o açúcar brasileiro começou a sofrer cada vez mais a concorrência do que era produzido nas possessões francesas das Antilhas e em outras partes do globo; além disso, na Europa, cada vez mais se utilizava açúcar extraído da beterraba. O percurso da economia do café variou ao longo do século XIX. Iniciou-se no Vale do Paraíba e foi se deslocando para a região paulista de Campinas, depois cada vez mais para o oeste 8 SISTEMÁTICA DE IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO 5 10 15 20 25 30 35 da província. O espaço geográfico da produção do Vale do Paraíba era limitado; o solo, que já não era de boa qualidade, começou a sofrer o processo de erosão, pois, na época, não havia técnicas de conservação do solo, nem preocupação com isso. Pessoas que tinham acumulado fortuna em atividades urbanas, na província de São Paulo, começaram a plantar em uma nova região, no oeste paulista. Ali havia um espaço muito maior para se plantar e a terra era de qualidade superior - a chamada terra vermelha, que os imigrantes italianos chamaram de terra rossa (“terra vermelha”, em italiano, mas que ficou por isso conhecida como terra roxa). Conscientes do momento histórico que estavam vivendo, os cafeicultores do oeste paulista se deram conta de que não seria possível contar eternamente com a escravatura e começaram a substituir a mão-de-obra escrava pela dos imigrantes. Os cafeicultores do Vale do Paraíba, os velhos barões do café, não conseguiram se adaptar aos novos tempos e acabaram se arruinando com o fim do sistema escravista. No período que vai de 1850 até o fim da monarquia, o Brasil passou por um processo de modernização. Várias coisas foram feitas no sentido de obter uma integração maior do país, do ponto de vista financeiro e das comunicações. A integração financeira se fez, principalmente, por meio do grande avanço do sistema bancário. A integração espacial, geográfica, foi marcada pela introdução de um meio de transporte que representava uma revolução — a estrada de ferro. No Nordeste, a expansão da rede ferroviária esteve ligada a uma empresa inglesa, a Great Western, que interligou várias partes de Pernambuco e da Bahia. Mas o coração da expansão ferroviária durante o Império se situou em São Paulo e no Rio de Janeiro, pois o café precisava chegar aos portos para ser exportado. Além do café, outras culturas se destacaram como produto de exportação. O cacau, produzido na Bahia, a borracha, explorada na bacia do rio Amazonas, e o algodão, cultivado em larga escala no Maranhão, em Pernambuco e no Ceará, passam a ser produtos expressivos na economia brasileira. Em 1860, o algodão chega a ser o segundo produto de exportação nacional. A expansão de sua cultura, nesse período, é consequência da Guerra de Secessão 9 Unidade I norte-americana (1861-1865), que desorganiza a produção algodoeira dos Estados Unidos. A pecuária, embora voltada para o mercado interno, é a mais importante atividade econômica na região centro-sul. Também é responsável pela efetiva ocupação 5 e povoamento do chamado Triângulo Mineiro e sul do Mato Grosso. 2.1.3 Primeira República (1889-1930) 10 15 20 25 A Primeira República foi caracterizada pela agricultura de exportação, na qual o café ocupava o posto mais importante. A partir de 1880, e por quase trinta anos, a borracha da Amazônia foi o segundo produto de exportação, superando o açúcar. Era grande a demanda desse produto no que hoje chamamos de Primeiro Mundo: no início, quando se difundiu a moda da bicicleta, com pneus de borracha; e depois com o surgimento do automóvel. A riqueza gerada por ela mudou a fisionomia de Manaus e Belém, as capitais do Norte. Quem nunca teve benefícios foi o seringueiro que trabalhava na mata. Mas por volta de 1910 começou a crise; em primeiro lugar, pela competição das plantações inglesas da Malásia, na Ásia; além disso, ocorreu aqui o ataque de uma série de pragas. Nos negócios do café, o capital estrangeiro atuou de duas formas. A exportação esteve praticamente nas mãos de grandes firmas estrangeiras – americanas, alemãs e inglesas. Além disso, determinados grupos financeiros forneciam recursos para valorizar o produto: se o preço do café no mercado internacional estivesse muito baixo, ele era retido nos portos, mas o produtor era pago com recursos obtidos no exterior. A riqueza acumulada com o café dinamiza o mercado consumidor e estimula o desenvolvimento industrial. Em 1910, o Brasil possui cerca de 3. 500 indústrias. Dez anos 30 mais tarde, já são 13 mil estabelecimentos industriais. Destes, 5.936 surgem entre 1915 e 1919, em consequência das dificuldades de importação durante a Segunda Guerra e da política de incentivo à industrialização dos governos 10 SISTEMÁTICA DE IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO republicanos. Em 1924, o país produz 99% dos sapatos consumidos internamente, 90% dos móveis e 86% dos têxteis. A indústria de alimentação é a que mais cresce nas primeiras décadas da República e chega a representar 40% 5 dos estabelecimentos industriais do país. No início do século XX, o capital estrangeiro amplia sua presença no Brasil, principalmente o norte-americano. A indústria da carne é dominada pelos frigoríficos Wilson, Armour, Swift e Anglo; os vagões ferroviários são feitos pela 10 fábrica norte-americana Pullman, e os automóveis que circulam no país são da Ford ou da General Motors. Na siderurgia, os franceses e belgas tomam a dianteira com a Companhia Belgo-Mineira. Dos quatorze bancos existentes em 1910, sete são estrangeiros. 2.1.4 Era Vargas e Brasil Democrático (1930-1964) Em agosto de 1931, durante o governo provisório, Vargas suspende o pagamento da dívida externa. No mesmo ano, reinicia a política de valorização do café e cria o Conselho Nacional do Café. Em 1º de junho de 1933, cria também o Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA), para coordenar a 20 agricultura canavieira, controlar a produção, o comércio, a exportação e os preços do açúcar e do álcool de cana. Vargas desenvolve uma intensa política de promoção da indústria e intervém fortemente na economia. 15 A política de valorização do café é mantida durante toda 25 a Era Vargas. Entre 1930 e 1945, o governo chega a comprar e destruir cerca de 80 milhões de sacas de café. A medida, no entanto, alimenta um círculo vicioso, pois as repetidas supersafras continuam forçando a queda dos preços do produto no mercado internacional. A crise da cafeicultura estimula a exploração de 30 novos produtos, como frutas, algodão, óleos vegetais e minérios, mas seus rendimentos não conseguem equilibrar o balanço de pagamentos do país. A Segunda Guerra Mundial interrompe as 11 Unidade I vendas de algodão para o Japão e Alemanha, feitas em grandes volumes até 1939. A redução das receitas com as exportações e o menor afluxo de capitais para o país devido à crise econômica que precede 5 a guerra desequilibram o balanço de pagamentos entre 1931 e 1939. Para contornar o problema, Vargas promove sucessivas desvalorizações da moeda e adota medidas que desagradam aos investidores internacionais: reduz a margem de remessa de lucros, suspende os pagamentos dos juros da dívida externa 10 e recusa-se a pagar parte substancial da dívida pública negociada com os bancos estrangeiros. As reduções das divisas e da capacidade de importar favorecem o desenvolvimento da indústria. Entre 1930 e 1945, o país passa por um surto de 15 desenvolvimento industrial. Na década de 30, o crescimento da indústria é de 125% ao ano, em média, enquanto a agricultura cresce a uma taxa de 20%. Durante a Segunda Guerra, o crescimento industrial cai para 5,4% ao ano, mas o setor consegue avançar, pela superutilização dos equipamentos já 20 instalados. Nesse período, o Brasil chega a exportar tecidos para a América Latina, África do Sul e Estados Unidos. A expansão industrial continua no pós-guerra e, em meados da década de 50, a indústria supera a agricultura na composição do Produto Nacional Bruto. 25 Entre 1945 e 1960, entram no país US$ 315 milhões e saem US$ 542 milhões. No governo JK, a dívida externa aumenta US$ 1,5 bilhão, chegando a um total de US$ 3,8 bilhões. A situação é agravada pelo crescente desequilíbrio do balanço de pagamentos. A queda das exportações de produtos agrícolas, 30 o pagamento de elevados fretes e seguros para os produtos importados e as remessas de lucros das empresas internacionais são os principais fatores de desequilíbrio. No governo João Goulart, a dívida externa do país corresponde a 43% da renda obtida com as exportações. 12 SISTEMÁTICA DE IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO 2.1.5 Regime Militar (1964-1985) No início do Regime Militar, a inflação chega a 80% ao ano, o crescimento do Produto Nacional Bruto (PNB) é de apenas 1,6% ao ano e a taxa de investimentos é quase nula. Diante desse quadro, o governo adota uma política recessiva e 5 monetarista, consolidada no Programa de Ação Econômica do Governo (PAEG), elaborado pelos ministros da Fazenda, Roberto de Oliveira Campos e Octávio Gouvêa de Bulhões. Seus objetivos são sanear a economia e baixar a inflação para 10% ao ano, criar condições para que o PNB cresça 6% ao ano, equilibrar o 10 balanço de pagamentos e diminuir as desigualdades regionais. Parte desses objetivos é alcançada. No entanto, em 1983, a inflação ultrapassa os 200%, e a dívida externa supera os US$ 90 bilhões. A economia volta a crescer no governo Castello Branco. Os 15 setores mais dinâmicos são as indústrias da construção civil e de bens de consumo duráveis voltados para classes de alta renda, como automóveis e eletrodomésticos. Expandem-se também a pecuária e os produtos agrícolas de exportação. Os bens de consumo não-duráveis, como calçados, vestuário, têxteis e 20 produtos alimentícios destinados à população de baixa renda têm crescimento reduzido ou até negativo. Baseado no binômio segurança-desenvolvimento, o modelo de crescimento econômico instaurado pela ditadura conta com recursos do capital externo, do empresariado brasileiro e com 25 a participação do próprio Estado como agente econômico. O PNB cresce, em média, 10% ao ano entre 1968 e 1973. Antônio Delfim Netto, ministro da Fazenda nos governos Costa e Silva e Garrastazu Medici e o principal artífice do “milagre”, aposta nas exportações para obter parte das divisas necessárias às 30 importações de máquinas, equipamentos e matérias-primas. O crescimento do mercado mundial, na época, favorece essa estratégia, mas é a política de incentivos governamentais aos exportadores que garante seu sucesso. Para estimular a indústria, 13 Unidade I Delfim Netto expande o sistema de crédito ao consumidor e garante à classe média o acesso aos bens de consumo duráveis. A partir de 1973, o crescimento econômico começa a declinar. No final da década de 70, a inflação chega a 94,7% ao 5 ano. Em 1980, bate em 110% e, em 1983, em 200%. Nesse ano, a dívida externa ultrapassa os US$ 90 bilhões e 90% da receita das exportações é utilizada para o pagamento dos juros da dívida. O Brasil mergulha em nova recessão e sua principal consequência é o desemprego. Em agosto de 1981, há 900 mil desempregados 10 nas regiões metropolitanas do país, e a situação se agrava nos anos seguintes. 2.1.6 Redemocratização (1985-) Após o Regime Militar, o Brasil retornou a sua democracia, mas viveu um período de grande estagnação econômica. Os anos 80 são conhecidos como a década perdida. Internamente, 15 o país sofreu com a inflação, a dívida externa, dificuldades em conseguir dinheiro externo e instabilidade política. Só a partir dos anos 90, com a abertura de mercado e globalização da economia mundial, o Brasil entrou num ciclo de crescimento, embora seja um desenvolvimento modesto. 20 Somente a partir do final da última década do século XX, após sucessivas crises que puseram em risco o Plano Real, o país começou a demonstrar uma força maior nas exportações. Atualmente, o Brasil passou a exportar muito mais produtos manufaturados do que produtos agrícolas, como era há pouco 25 tempo (essa mudança começou na década de 70). 2. 2 Contextualização do Brasil no comércio internacional A pauta brasileira, hoje, é considerada moderna e diversificada, pois está entre os 20 maiores exportadores 14 SISTEMÁTICA DE IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO mundiais, com aproximadamente US$ US$ 128 bilhões (em 2007) vendidos a outros países, entre produtos e serviços. Atualmente, o Brasil ocupa a 10ª colocação no ranking das maiores economias do mundo sob os critérios de Produto 5 Interno Bruto (PIB) convertido a dólares estadunidenses; está entre as 15 maiores economias do mundo, segundo os critérios de purchasing power parity, ocupando o 12º lugar, sendo a maior da América do Sul, além de ocupar o 70° lugar no ranking do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano - 2007). 10 Mas a baixa taxa de crescimento ao ano ainda deixa o país muito lento. Enquanto os economistas brasileiros comemoram uma taxa de crescimento da ordem de 4 a 5% ao ano, a China vê sua economia crescer cerca de 10%, e esta é uma taxa 15 que vem se mantendo ao longo dos últimos vinte e cinco anos. A Índia vem em seguida, com uma taxa de crescimento de 7,3% ao ano. E a Rússia, protagonista de uma séria crise financeira no ano de 1998, apresenta uma recuperação invejável: o país cresce 7% ao ano. Além de alguns países, 20 como Taiwan, Malásia, Coreia, Cingapura, Tailândia, Vietnã, Irlanda, Indonésia, Chile e Turquia, que compõem uma extensa lista de nações que têm evoluído acima da média global – inclusive à frente do Brasil. De acordo com o economista Dominic Wilson, do banco 25 americano Goldman Sachs e autor de um trabalho sobre o BRIC, “o mundo ainda espera ver o Brasil decolar”. Mas há alguns obstáculos que o impedem de crescer mais do que a média global, como altos impostos, dinheiro caro, infraestrutura precária, excesso de burocracia e leis trabalhistas defasadas. 30 Portanto, o Brasil é considerado pelo mundo como um país com grande potencial de crescimento, assim como a Índia, a Rússia e a China. Em uma pesquisa divulgada pela revista Veja, em agosto de 2006, e atualizada pelo Estado de São Paulo em 2008, em que são projetados os respectivos 15 Unidade I crescimentos dos quatro componentes do BRIC para 2025 e 2050, tem-se que: Produto Interno Bruto em 2005 (em trilhões de dólares) 1º Estados Unidos 2º Japão Produto Interno Bruto em 2007 (em trilhões de dólares) 12, 8 1º Estados Unidos 5 2º Japão Produto Interno Bruto em 2025 (em trilhões de dólares) 14, 2 1º Estados Unidos 4, 87 2º CHINA 20 1º CHINA 11, 7 2º Estados Unidos 49 38 3º Alemanha 2, 6 3º CHINA 3, 94 3º Japão 6, 7 3º ÍNDIA 27 4º Reino Unido 2, 3 4º Alemanha 3, 65 4º Alemanha 3, 9 4º Japão 8 5º CHINA 2, 3 5º França 2, 84 5º ÍNDIA 3, 6 5º BRASIL 8 6º França 2, 2 6º Reino Unido 3, 3 6º México 7, 8 7º Itália 1, 8 7º Itália 2, 35 7º França 3, 2 7º RÚSSIA 6, 2 2, 3 6º Reino Unido 8º Canadá 1 8º RÚSSIA 2, 33 8º RÚSSIA 2, 9 8º Alemanha 5, 4 9º Espanha 1 9º Espanha 1, 70 9º Coreia 2, 6 9º Reino Unido 5, 1 10º Coreia 0, 8 10º BRASIL 1, 62 10º Itália 2, 5 10º França 4, 9 11º BRASIL 0, 8 11º Coreia 0, 8 11º México 2, 4 11º Indonésia 3, 9 12º México 0, 8 12º México 0, 8 12º BRASIL 2, 3 12º Nigéria 3, 7 Mesmo sendo cedo para alguns especialistas para traçar projeções sobre o BRIC, um fato pode ser constatado hoje: três 5 dos quatro países citados não estão apenas correspondendo às expectativas, mas também estão bem à frente delas, com exceção do Brasil. No seu conjunto, o BRIC contribuiu, nos últimos cinco anos, com mais de 50% do crescimento do produto global. No 10 comércio mundial, a participação do grupo avança de forma veloz se comparada a 2001 — cerca de 14% a mais do que o registrado naquele ano. A inclusão de quase 1 bilhão de novos consumidores no mercado mundial até 2025 deverá impactar de forma explosiva 15 sobre a demanda de um vasto número de bens de consumo. “Muitas pessoas que hoje não ganham o suficiente para comprar um par de sapatos vão começar a consumir”, segundo Joydeep Mukherji, diretor do grupo de análise internacional da agência 16 Produto Interno Bruto em 2050 (em trilhões de dólares) SISTEMÁTICA DE IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO de classificação de riscos americana Standart and Poor’s. “Elas não poderão comprar carros Mercedes-Benz, mas começarão a adquirir bicicletas, TV’s e aparelhos de som”. É essa possibilidade de expansão de vendas que tem conquistado muitos investidores 5 para injetarem capital nos componentes do BRIC. Porém, todo mercado emergente é instável por natureza, e os países componentes do BRIC não fogem à regra. Ninguém pode afirmar que o fantástico crescimento que se percebe hoje nesses países será sustentado pelos próximos anos, porque o que 10 não faltam são problemas para serem solucionados, como danos causados ao meio ambiente, conflitos religiosos, infraestrutura precária, altos índices de corrupção e criminalidade, população com tendência a envelhecimento rápido, pesada carga tributária, baixo índice de natalidade, excesso de burocracia, etc. 15 Imprevisibilidade à parte, o fato é que Brasil, Rússia, Índia e China têm um grande potencial para dar novos rumos à economia mundial, o que poucas vezes se viu na história do capitalismo. São países que não podem ser ignorados, mas deve-se ter cuidado com projeções excessivas. 3 A ESTRUTURA BRASILEIRA PARA O COMÉRCIO EXTERIOR 20 Existem diversas organizações, governamentais ou não, que atuam na elaboração dessas políticas de forma direta ou indiretamente. A estrutura brasileira para o comércio exterior está baseada na seguinte forma: 3.1 A Câmara de Comércio Exterior (CAMEX) Entidade colegiada suprainstitucional do Conselho de Guerra do 25 Governo Federal, é composta pelos seguintes representantes: • Ministro-Chefe da Casa Civil da Presidência da República (Presidente da CAMEX); 17 Unidade I • Ministro das Relações Exteriores; • Ministro da Fazenda; • Ministro do Planejamento e Orçamento; • Ministro da Indústria, do Comércio e do Turismo; 5 • Ministro da Agricultura, do Abastecimento e da Reforma Agrária. Podemos dividir a estrutura em duas áreas de atuação. A primeira é integrada por órgãos que tratam dos interesses brasileiros no exterior, a saber: 3.2 Ministério das Relações Exteriores (MRE) Atua no marketing externo, voltado à promoção e à divulgação de oportunidades comerciais no estrangeiro, em parceria com consulados, embaixadas e chancelarias. Conta com o apoio de sua própria área interna, responsável por “Feiras e Eventos” e “Promoção Comercial” e analisa as características do 15 mercado estrangeiro e do intercâmbio brasileiro, incentivando periodicamente a vinda de importadores estrangeiros ao Brasil. 10 3.3 Secretaria de Comércio Exterior (SECEX) Órgão do Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo (MICT): representa o Brasil em negociações de acordos 20 ou convênios internacionais, a cargo do Departamento de Negociações Internacionais (DEINT). Cuida das normas de aplicação dos mecanismos sobre dumping, subsídios e medidas compensatórias e salvaguardas junto à Organização Mundial do Comércio (OMC) e responde pelo monitoramento e pela defesa 25 brasileira nos processos compensatórios movidos por países estrangeiros contra exportadores nacionais, no âmbito do seu Departamento de Defesa Comercial. 18 SISTEMÁTICA DE IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO 3.4 Secretaria de Assuntos Internacionais (SEAIN) Entidade vinculada ao Ministério da Fazenda. Tem como principal função formular diretrizes, planejar e coordenar politicas e ações para negociação e captação de recursos fincanceiros juntos a organismos multilaterais e agências governamentais 5 estrangeiras, destinados a programas e projetos do setor público. Participa de negociações de créditos brasileiros no exterior, de comércio e investimento no âmbito da OMC e de outros organismos internacionais e tratativas referentes ao Mercado Commum do Sul (MERCOSUL), à Associação Latino-americana 10 de Integração (ALADI) e aos demais blocos econômicos e acompanha as negociações econômicas e financeiras com governos e entidades estrangeiras e internacionais. A segunda área refere-se aos assuntos gerenciais e reguladores de comércio exterior, no Brasil, que são conduzidos 15 pelos seguintes órgãos de competência (órgãos gestores e anuentes). 3.5 Órgãos gestores 3.5.1 Secretaria de Comércio Exterior (SECEX) Vincula-se ao Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo. Normatiza, supervisiona, orienta, planeja, controla e avalia as atividades comerciais do Brasil com outros países, em 20 observância à política de comércio exterior vigente: I.-formulação de políticas e de programas de comércio exterior, além do estabelecimento das normas necessárias à implementação; 25 II. proposta de medidas, nos âmbitos fiscal e cambial, que viabilizem as políticas de financiamento, recuperação de crédito, transporte e frete, seguro e promoção comercial; III. -proposta de diretrizes que articulem a utilização do instrumento aduaneiro de acordo com os objetivos 19 Unidade I gerais traçados pela política de comércio exterior, o que envolve a proposição de alíquotas para o imposto de importação; 5 IV.-participação em negociações, acordos ou convênios internacionais que estejam relacionados ao comércio exterior; V.-implemento dos mecanismos de defesa comercial; VI.-apoio ao exportador submetido a investigações de defesa comercial no exterior. 3.5.2 Secretaria da Receita Federal (SRF) 10 Vincula-se ao Ministério da Fazenda. Fiscaliza as exportações e as importações de mercadorias e a correta utilização dos incentivos fiscais concedidos pela legislação em vigor, bem como arrecada os direitos aduaneiros incidentes sobre a entrada e saída de mercadorias no país. 3.5.3 Banco Central do Brasil (BACEN) É uma autarquia federal que efetua o controle de capitais estrangeiros, mantém em depósito as reservas oficiais em ouro, em moeda estrangeira e em Direitos Especiais de Saque, autoriza as instituições financeiras a operar em câmbio e as fiscaliza, atua nos mercados de câmbio, financeiro e comercial, para manter 20 a estabilidade relativa das taxas de câmbio e o equilíbrio no balanço de pagamentos. Nas praças em que não há unidade do Banco Central, são delegados ao Banco do Brasil o controle e a fiscalização das operações cambiais. 15 3.6 Órgãos anuentes São órgãos credenciados para auxiliar no controle comercial, 25 quando, pela natureza do produto ou pela finalidade da operação, for necessária a análise especializada da operação. Cada anuente 20 O SERPRO, órgão da SRF responsável pela concepção do SISCOMEX, faz a sua manutenção com base nas alterações oriundas dos órgãos gestores. SISTEMÁTICA DE IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO responsabiliza-se, dentro da sua área de atuação, por atestar o cumprimento das condições para fins de licenciamento da operação; a saber: • Banco do Brasil Por delegação da SECEX: 5 I. Emissão do Certificado de Origem - Form “A” Documento preenchido pelo exportador, no qual o Banco do Brasil certifica a origem brasileira da mercadoria, para garantir ao importador os benefícios fiscais concedidos pelos países 10 industrializados ao amparo do Sistema Geral de Preferências (SGP). II. Emissão do Certificado de Origem - têxteis para a União Europeia Documento preenchido pelo exportador, no qual o Banco do 15 Brasil certifica a origem brasileira do produto a ser exportado para países que impõem contingenciamento à importação de determinados têxteis produzidos no Brasil. III. Emissão da Licença de Exportação - têxteis para União Europeia e Canadá 20 Documento cujos dados são processados no SISCOMEX (Sistema Integrado do Comércio Exterior), no qual o Banco do Brasil certifica, para fins de cobertura de cotas, que o produto têxtil a ser exportado está enquadrado nos limites contingenciados pela União Europeia e pelo Canadá. IV. Emissão do VISA - têxteis para os Estados Unidos 25 Documento apresentado pelo exportador, no qual o Banco do Brasil atesta, mediante aposição de carimbo específico 21 Unidade I VISA na Fatura Comercial, a existência de margem nas cotas estabelecidas pelos Estados Unidos e por Porto Rico para a importação de produtos têxteis de origem brasileira. • Conselho Nacional de Energia Nuclear (CNEN) Autorização prévia 5 Ambligonita, petalita, lepidolita, espodumênio, areia de zircônio micronizada, minérios de metais das terras raras exceto monazita, minérios de urânio, tório, titânio, zircônio, nióbio, colômbio, tântalo e berílio, metais de terras raras, 10 escândio e ítrio, dióxido de zircônio, minério de estanho, silicato de zircônio, elementos químicos radioativos, metais das terras raras de ítrio ou escândio, pós minerais do grupo berilo, zircônio e berílio em formas brutas, acelerador de partícula, aparelhos de raios-x, espectômetro de raios-x, bomba 15 de cobalto, aparelhos de gamaterapia, aparelhos que usem radiações alfa, beta ou gama para fins médicos, cirúrgicos, odontológicos ou veterinários ou outras finalidades, medidores de radioatividade. • Departamento de Operações de Comércio Exterior (DECEX) 20 Controle da utilização de cota de exportação Açúcar cristal e demerara, açúcar de beterraba, mel rico invertido, mel residual de melaço de cana impróprio para consumo humano, álcool etílico não-desnaturado, madeira 25 serrada ou fendida longitudinalmente, de pinho, mogno, imbuia e virola. Conferência da vinculação de ato concessório de drawback ao registro de exportação Álcool etílico, não-desnaturado. 22 SISTEMÁTICA DE IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO Controle de limite máximo de espessura e espécie para amostra destinada a teste ou pesquisa ou originários de espécies exóticas obtidas de reflorestamento Lenha, madeira em estilhas, serragem e desperdícios de 5 madeira, carvão vegetal, madeira em bruto mesmo descascada, desalburnada ou esquadriada, cavacos de madeiras coníferas. • Departamento Nacional de Combustíveis (DNC) Autorização prévia Combustíveis minerais e produtos de sua destilação, matérias 10 betuminosas e ceras minerais, amônia, produtos químicos orgânicos, solventes para uso combustível. • Departamento da Polícia Federal (DPF) Autorização prévia Folha de coca, plantas, sucos e extratos vegetais de catuaba 15 e ópio, dos quais possam extrair-se substâncias entorpecentes que determinem dependência psíquica, cloreto de hidrogênio, ácido clorídrico, ácido sulfúrico, anidro e outros sulfatos dissódicos, medicamentos contendo alcalóides ou que possam gerar dependência física ou psíquica. 20 • Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (IBAMA) I. Análise prévia, desde que originário de criadouros e viveiros registrados Animais silvestres vivos, peixes ornamentais, lagostas, ovos 25 silvestres, asas de borboleta, plantas ornamentais silvestres, peles, peleteria, couros e tripas, coleções de exemplares de botânica e coleções de exemplares raros de zoologia. 23 Unidade I II. Verificação do cumprimento do Protocolo de Montreal Produtos químicos da família propano e metano. III. Fornecimento de autorização exigida por ocasião do despacho de exportação 5 Lenha, madeira em estilhas, serragem e desperdícios de madeira, carvão vegetal, madeira em bruto mesmo descascada, desalburnada ou esquadriada, cavacos de madeiras coníferas ou não coníferas. IV. Fornecimento de certificado de classificação 10 Madeiras de pinho. • Instituto Brasileiro de Patrimônio Cultural (IBPC) Autorização prévia Quadros, gravuras, produções estatuárias ou de esculturas, selos, coleções e espécimes para coleções, objetos de arte, 15 de coleção e de antiguidade, exceto coleções raras de botânica, zoologia, mineralogia e paleontologia e, desde que excepcionalmente para fins de intercâmbio cultural e para exposições temporárias de antiguidades com mais de cem anos, quaisquer obras de arte e ofícios tradicionais produzidos 20 no Brasil até o fim do período monárquico, abrangendo não só pinturas, desenhos, esculturas, gravuras e elementos de arquitetura, como obras de talha, imaginária, ourivesaria, mobiliários, bibliotecas e acervos documentais sobre o Brasil, editados nos séculos XVI a XIX. 25 • Ministério da Aeronáutica Autorização prévia Aeronaves nacionalizadas de emprego militar e partes e peças. 24 SISTEMÁTICA DE IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO • Ministério da Agricultura e do Abastecimento Certificado de padronização Produtos hortícolas, raízes, tubérculos, frutas, cascas cítricas e de melões, castanhas de caju, milho e sorgo em grão, arroz, 5 malte, amidos, farinha e fécula de mandioca, palhas, pimenta, soja e derivados, farinhas de soja pré-cozida, línteres de algodão, cera de carnaúba, cacau, tapioca e seus sucedâneos, fumo e desperdícios de fumo, mármores, granitos, arenito, basalto e outras pedras de cantaria ou de construção, rami, malva, sisal 10 não-preparado para fiação, estopas e desperdícios de sisal. • Ministério da Ciência e Tecnologia Autorização prévia Coleções ou objetos de interesse para mineralogia e paleontologia. 15 • Ministério do Exército Autorização prévia Peróxido de cloro, dióxido de cloro, cloreto de nitrosila, brometo de nitrosila, sulfeto de nitrogênio, dióxido de cloro, tricloreto de arsênio, fosgênio, fumigerita, cloro-sulfeto de 20 carbono, marguinita, iodeto de cianogênio, cloreto e brometo de xilila, ciclita, fraisinita, dinitrotoluol, trinitrobenzeno, benzita, dinitrobenzol, hexanitrodifenil, tetranitrometano, nitronaftaleno, adubos e fertilizantes com nitrato de amônio, pólvoras negras e chocolates, pólvoras propulsivas, misturas 25 explosivas de uso civil e militar, dinamites, gelatinas explosivas, nitroamido, fogos de artifício de uso civil, foguetes antigranizo, material para sinalização pirotécnica, algodão pólvora, colódio, pirocelulose, prensa para recarga de cartuchos de armas, colete à prova de bala, capacete de aço, viaturas blindadas, lunetas e 25 Unidade I acessórios para armas de fogo de uso civil, lança-granada de uso policial, revólveres de qualquer calibre, exceto os de 9 ou 45mm, armas e acessórios de uso civil, armas de gás comprimido, armas industriais, armas para partidas em competições esportivas, 5 armas para uso policial e armas brancas, curtas e longas. • Ministério da Saúde Autorização prévia Folha de coca, plantas das quais possam se extrair substâncias entorpecentes ou que determinem dependência física ou psíquica, 10 glândulas e outros órgãos humanos, dessecados, mesmo em pó, córneas, ossos, peles ou quaisquer outros tecidos humanos, vivos ou conservados, próprios para realização de enxertos ou implantes, soro-albumina humano, concentrado fator VIII derivado de sangue humano, sangue humano, medicamentos 15 contendo alcalóides ou que possam gerar dependência física ou psíquica. • Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE/PR) Autorização prévia Fosgênio, oxicloreto de carbono, cloreto de carbonila, perclorato de amônio, fulminato de mercúrio, ázida de chumbo, rubeno ou crizogênio, pólvoras de base simples, pólvoras de base dupla, explosivos plásticos e acessórios, equipamento para controle e direção de tiro, embarcações e 25 estruturas flutuantes de uso militar, visores e equipamentos para tiro de artilharia, visores para tiro ou bombardeio de emprego militar, canhões, carabinas, rifles, morteiros, fuzis de todos os calibres e tipos, lança-chamas, pistolas semiautomáticas calibre 9 ou 45mm, silenciadores, armas 30 submarinas ou antissubmarinas, foguetes ou mísseis, estojos de munição e granadas de fuzil. 20 26 SISTEMÁTICA DE IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO Secretaria de Produtos de Base (SPB) Pedido e distribuição de cota de exportação Açúcar cristal, demerara e refinado, açúcar de beterraba, mel rico invertido, mel residual de melaço de cana impróprio para o 5 consumo humano. 3.7 Organograma 27