Números e funções Guia do professor Experimento A roda-gigante Objetivo da unidade Introduzir o conceito de função periódica e discutir suas propriedades. licença Esta obra está licenciada sob uma licença Creative Commons Secretaria de Educação a Distância Ministério da Ciência e Tecnologia Ministério da Educação Guia do professor A roda-gigante Sinopse Com este experimento será possível introduzir conceitos de movimentos oscilatórios, períodos e pontos de máximo e mínimos de funções perió­ dicas. A atividade envolve a construção de uma roda-gigante em tamanho reduzido feita de material reciclável. Conteúdos Relações e Funções; Trigonometria: Modelagem de Fenômenos Oscilatórios, Funções Seno e Cosseno. Objetivo Introduzir o conceito de função periódica e discutir suas propriedades. Duração Uma aula dupla. Material relacionado Software: Ondas trigonométricas. Introdução Podemos encontrar na natureza algumas ocorrências que se repetem com o tempo. O batimento cardíaco, a respiração, as ondas cerebrais, os :cam­ cos R→I pos eletromagnéticos, as fases da Lua, o movimento de um pêndulo, das marés ou de uma roda-gigante são alguns exemplos. A característica em comum desses fenômenos é que todos podem ser descritos por funções periódicas. Um importante teorema garante que todo movimento periódico pode ser descrito por uma combinação algébrica de senos e cossenos, ou seja, a trigonometria é a base para qualquer fenômeno periódico. Neste experimento nos preocupamos com o movimento de uma rodagigante que gira com uma velocidade constante, executando, assim, um movimento que se repete. A função que representa a posição de uma cadeira da roda-gigante durante o movimento é uma função cosseno. Os alunos poderão modelar a altura de uma das cadeiras em função do tempo ou do arco percorrido no movimento usando apenas as noções trigonométricas do triângulo retângulo, observando a periodicidade do movimento. Motivação Esta atividade motiva o estudo: das medidas de arcos e de ângulos; das funções trigonométricas; do conceito introdutório de função periódica. A periodicidade é um conceito muito importante em matemática e suas aplicações. Uma função periódica pode ser representada pela soma de A roda-gigante funções trigonométricas seno e cosseno. Essas funções têm como domínio todos os números reais. Formalmente, podemos representar assim: , I I =I [−1, coscos : R :→ R I→ I e sensen : R :→ R I→ = [−1, 1] 1] sen : R → Ionde I = [−1, 1], isto é, o conjunto imagem é intervalo real entre −1 e 1, incluindo os extremos. As funções seno e cosseno têm origem nos concei­ tos trigonométricos, em especial do triângulo retângulo. Nesta atividade é mais conveniente usarmos o conceito de radiano no lugar de grau para a medida dos ângulos. Assim, as medidas em radianos serão as variáveis das funções trigonométricas. O experimento Comentários iniciais Grau é uma medida de ângulos muito usada quando trabalhamos com triângulos retângulos pré-determinados e fixos pois está mais associado ao conceito de direção. No entanto quando estamos lidando com o conceito de percurso (e seu comprimento) em uma circunferência, o radiano é mais conveniente pois ele associa o ângulo subentendido por dois segmentos de retas radiais (que saem do centro do círculo), chamado de ângulo central, com o comprimento do segmento do arco associado. Por conta disso, neste experimento adotaremos o radiano como unidade de medida de ângulos. O conceito de radiano Considere uma circunferência de centro O e um arco dessa circunferên­ cia. Se o arco tiver comprimento igual ao raio, diremos que o arco mede 1 radiano. Guia do professor 2 / 8 B A fig. 1 fig. 3 1 radiano fig. 2 Definição 1 radiano é a medida do ângulo central que determina na circunferência um arco cujo comprimento é igual ao raio. Denotando por C = o comprimento 2πr 2π de uma circunferência Cde=raio 2πr, Se é o arco C = 2πr unidades 2π de comprimento. C = 2πr 2πde 1 radiano, concluímos que o arco de uma volta tem medida 2π radianos. C= 2πr C = 2πC = 2πrunidades No círculo unitário, r = 1 e, portanto, 2π de compri­ mento. Isso significa que o comprimento do arco de uma volta completa, de 360°, corresponde a 2π unidades de comprimento. Então, 360° corres­ ponde a 2π. Dividindo por 2π, temos 1 radiano = 360◦ ≈ 57, 3◦. 2π Portanto, o ângulo de 1 radiano tem aproximadamente 57,3°. Assim, um quarto de uma volta, ou 90°, corresponde a 11 π ◦ π360 (2π) − − radianos (2π) radianos ≈ 57,.3◦ 1 radiano = 44 222π Professor, observe com os seus alunos o fato de que a altura não é uma função linear do ângulo. O modelo confeccionado fará com que o aluno perceba que a altura da cadeira da roda-gigante é uma função do ângulo A roda-gigante Guia do professor 3 / 8 2π Etapa 1 Construção da roda­gigante correspondente ao giro e que o gráfico dessa função não é composto por segmentos de reta, pois a taxa de variação da altura em relação ao ângulo, definida por A construção do modelo da roda­gigante, que é essencialmente um disco giratório dividido em fatias, deve seguir as etapas sugeridas no experi­ mento. Por simplicidade vamos considerar que as cadeiras estejam na circun­ ferência do disco giratório e que as medidas das alturas sejam relativas à base do modelo. Recomendamos uma roda para cada grupo de quatro alunos. Os círculos devem ser cortados com capricho para que os erros nas medições dos ângulos e da altura sejam os menores possíveis. ∆h h(θ1 ) − h(θ2 ) , − ∆θ θ 1 − θ2 altura (cm) não é constante. Ao contrário, o gráfico dos pontos que mostram algumas alturas em termos dos respectivos ângulos centrais, da figura 4, mostra que a função cresce, decresce e se repete a cada 2π radianos. �� Etapa 2 O sobe­e­desce da cadeira �� �� �� �� � fig. 4 π⁄� π �π⁄� �π A roda-gigante �π⁄� �π Conduza a atividade fazendo perguntas aos alunos, como: Supondo que o movimento de rotação da roda seja uniforme e que tenha se iniciado quando um passageiro entrou e se sentou na cadeira, qual é a altura da cadeira? Marque no gráfico. Depois de quantas voltas essa altura se repete? Qual é a altura máxima da cadeira? Marque no gráfico. Observando que entre a altura mínima e a altura máxima há uma altura intermediária que é atingida duas vezes em cada volta, quanto mede essa altura intermediária? Marque no gráfico. �π⁄� �π ângulo (rad) Guia do professor 4/8 Etapa 3 Construção dos gráficos Na primeira etapa, os alunos deverão usar o minitransferidor que foi cons­ truído no início da atividade para medir os ângulos e, para medir a altura, eles usarão uma régua como indica a figura 5. fig. 6 fig. 5 Na segunda etapa, os alunos determinarão o comprimento de arcos utilizando um pedaço de barbante e medirão também as alturas com auxílio de uma régua. Na figura 2, os ângulos foram medidos em radianos e as alturas em centímetros. Caso os alunos não tenham estudado o conceito de radiano, é possível fazê-lo utilizando o texto que se encontra em Comentários iniciais deste guia. A roda-gigante Para provocar os seus alunos, faça perguntas, como a seguinte: Por que o gráfico que representa a altura não é constituído simplesmente por segmentos de reta? A resposta pode ser a seguinte: O modelo confeccionado faz com que o aluno perceba que a altura de uma cadeira da roda-gigante é uma função do ângulo correspondente ao giro. Para duas medidas quaisquer do ângulo, digamos θ1 θ1 e θ2, θa2taxa de variação da altura em relação a esses ângulos, denotada por ∆h h(θ1 ) − h(θ2 ) − , ∆θ θ 1 − θ2 não é constante. Se fosse constante, o gráfico seria uma reta, pois esse quociente representa a inclinação da reta. Ao contrário, o gráfico é melhor representado por funções trigonométricas, como mostra a figura 7 a seguir. Guia do professor 5 / 8 altura (cm) Conclusão importante �� período �� Θ R cos(Θ) R � h h − R cos(Θ) π⁄� fig. 7 π �π⁄� �π �π⁄� �π �π⁄� �π ângulo (rad) fig. 8 A função geral que descreve a relação “a altura em função do ângulo” é Os alunos verificarão que seus gráficos possuem o mesmo período. f h dada θ porfy = hR− R cos h (θ) f ,θondeR yy=é=h h −−RRcos cos θ é(co(θ) /Rângulo, fy) = hyR −=éRhocos −h R (θ) cosθ (c/R y )= y ahaltura, raio c f do R θ da base. y = h − R cos (θ) y = h − R cos ( /R) disco e h a altura R Função periódica R hse seus θ valores y =se h− R cos (θ) y = h − R cos (c/R) Uma função f é periódica repetem em intervalos regulares. f Pergunta De que forma é possível encontrar a função que descreve o gráfico? R Observação h θQuandoy a=função h − Ré cos (θ) por yf = h − R R cosh(c/R),θonde y é=ahaltura, − R cos (θ) descrita c é o comprimento percorrido, f R é o fraio h doR θ e hyé = hθ − R cos ydo=centro (θ) h − R cos y =(θ) h− disco a distância à base, então o ângulo está sendo medido em radianos. fComo R é o raio h dafroda­gigante, θ Ry = hh−é aRdistância cos θ (θ)y da = base hy − =que Rh cos −sustenta R(θ) cos (c/Ry)= h − R cos (c/R) f centro R do disco h e θ é o ângulo y = h de −R cos (θ) yda= h − R cos (c/R) a roda­gigante ao deslocamento cadeira, a função procurada é: f R h θ y = h − R cos (θ) A roda-gigante y = h − R cos (c/R) Guia do professor 6/8 Fechamento Bibliografia O que propomos nesta atividade pode ser o ponto de partida para a gene­­ ralização dos conceitos de medida de ângulo, de arco e de ângulo orien­ tado, que são temas essenciais ao Ensino Médio. A seguinte pergunta se encontra na Folha do Aluno: Carmo, Manfredo P do; Morgado, Augusto C; Wagner, Eduardo. Trigo­ nometria, Números Complexos. Rio de Janeiro. Sociedade Brasileira de Matemática. Coleção do Professor de Matemática, 1996. Pense e responda Quais características possui este gráfico que o difere dos outros tipos de gráficos que você conhece? Você saberia dizer qual altura teremos quando o ângulo for de 6π radianos (1080°)? θ Connally, Eric; Hughes-Hallett, Deborah; Gleason, Andrew; et all. Function Modeling Change. A Preparation for Calculus. New York: John Wiley & Sons, Inc., 2000. Uma das características do gráfico é a sua periodicidade, ou seja, a altura é a mesma a cada volta completa da roda-gigante. Quando o ângulo for de 6π radianos, a roda-gigante terá dado três voltas completas e a altura y será = hfigual − R àcos Raltura (θ) h inicial. y θ= h −y R =cos h −(c/RR)cos (θ) y = h − R cos (c/R) Variações Aproveite a oportunidade e trabalhe com a altura das marés, que é outro exemplo de função periódica. No site: www.mar.mil.br, encontramos tabelas que fornecem a altura das marés em vários portos do Brasil, ou dê uma olhada no software Ondas trigonométricas, que analisa vários fenô­ menos periódicos através de funções trigonométricas. A roda-gigante Guia do professor 7 / 8 Ficha técnica Autores Maria Zoraide M. C. Soares Revisores Matemática Antônio Carlos Patrocínio Língua Portuguesa Carolina Bonturi Pedagogia Ângela Soligo Projeto gráfico e ilustrações técnicas Preface Design Fotógrafo Augusto Fidalgo Yamamoto Universidade Estadual de Campinas Reitor Fernando Ferreira Costa Vice-Reitor Edgar Salvadori de Decca Pró-Reitor de Pós-Graduação Euclides de Mesquita Neto Matemática Multimídia Coordenador Geral Samuel Rocha de Oliveira Coordenador de Experimentos Leonardo Barichello Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica (imecc – unicamp) Diretor Jayme Vaz Jr. Vice-Diretor Edmundo Capelas de Oliveira licença Esta obra está licenciada sob uma licença Creative Commons Secretaria de Educação a Distância Ministério da Ciência e Tecnologia Ministério da Educação Folha do aluno 1 2 3 Números e funções Etapa 1 Construção da mini roda-gigante Ao lado, temos uma figura que auxiliará no processo de construção da roda-gigante. Atente para algumas instruções: 1.1 O disco do primeiro passo deve ter um raio R entre 5 e 4 15 centímetros e é necessário traçar nele dois diâmetros perpendiculares. O furo no centro do disco tem de per­ mitir a passagem de um lápis; 1.2 Sugerimos que o disco da base tenha aproximadamente 6 cm de raio; 1.2 O passo 4 representa o suporte da roda-gigante. O tama­ nho de h deve ser um pouco superior ao tamanho do raio do disco maior; 1.4 Faça um reforço de papelão no minitransferidor que foi entregue e monte a roda-gigante, como na parte 7 da figura. 5 h 7 6 fig. 1 Procedimento de construção da roda-gigante. A roda-gigante Folha do aluno 1 / 2 Folha do aluno Etapa 2 O sobe-e-desce da roda-gigante Agora vamos coletar alguns dados. Para isso, faça uma tabela de 20 linhas e 2 colunas, como a sugerida a seguir: Altura (cm) Ângulo (radianos) 2.1 O zero do transferidor deve estar alinhado ao eixo h do suporte. Escolha uma das tampinhas e a coloque na posição 0 do transferidor; 2.2 Registre na tabela a altura da tampinha escolhida e o ângulo em que ela se encontra. Nesse caso, o primeiro dado será Altura = h e Ângulo = 0. Gire sua roda-gigante e meça novamente o valor da altura e do ângulo. Complete a tabela preenchendo com os valores obtidos após, no máximo, duas voltas na roda-gigante; 2.3 Faça então outra tabela 20 × 2, que será denominada “Altura × Comprimento percorrido”; 2.4 Voltando a tampinha na posição 0, faça o seguinte procedimento: você vai marcar o comprimento percor­ rido, usando, para obter este dado, um barbante e uma régua. Números e funções Etapa 3 Construção dos gráficos 3.1 Com os dados das tabelas, faça dois gráficos em planos cartesianos diferentes. No primeiro gráfico, o eixo x deve ser o ângulo e o eixo y deve ser a altura. Já no segundo, o eixo x será o comprimento percorrido e o eixo y será a altura; 3.2 Esboce o traçado das curvas. Pense e responda Quais características possui este gráfico que o difere dos outros tipos de gráficos que você conhece? Você saberia dizer qual altura teremos quando o ângulo for de 6π radianos (1080°)? tabela 1 fig. 2 Medindo comprimento. A roda-gigante Folha do aluno 2 / 2 A roda-gigante Folha do aluno · anexo