ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL X ALIMENTOS INDUSTRIALIZADOS

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ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL X ALIMENTOS INDUSTRIALIZADOS
PRZYBYSZ, Mariângela – Prefeitura Mun. Curitiba
[email protected]
MENEGAZZO, Raquel Cristina Serafin – Prefeitura Mun. Araucária
Prefeitura Mun. Curitiba
[email protected]
Eixo Temático: Didática: Teorias, Metodologias e Práticas
Agência Financiadora: não contou com financiamento
Resumo
Ao desenvolver o tema alimentação, com alunos de sétima série (oitavo ano) em uma Escola
Municipal de Araucária – Paraná, realizaram-se diversas atividades para que os educandos
percebessem quais as principais categorias de nutrientes e a necessidade de ingestão diária de
cada um deles. Utilizou-se a leitura de textos relacionados, para que percebessem que
alimentos naturais são preferíveis aos industrializados. No desenvolvimento das atividades
observou-se que, na maioria das famílias, os integrantes adultos trabalham fora de casa,
deixando muitas vezes os filhos adolescentes como responsáveis em preparar as refeições
diárias. Desta forma surgiu a necessidade de utilizar estratégias mais efetivas para que os
adolescentes percebessem as vantagens em ter alimentação balanceada e saudável. As
atividades em grupos priorizaram os estudos dos nutrientes e, individualmente, construíram-se
de anotações sobre as refeições diárias, correspondente ao período de uma semana. Os
relatórios foram analisados individualmente, recebendo anotações e orientações, antes de
serem devolvidos aos educandos. Os dados obtidos nestes relatórios transformaram-se em
tabelas e gráficos que serviram para as analises no grande grupo, complementando as
informações obtidas durante todo o processo.
Palavras-chave: Ensino de ciências. Alimentos. Hábitos alimentares. Adolescência.
Introdução
A atividade foi desenvolvida com alunos de sétima série (oitavo ano) de uma Escola
Municipal, localizada na zona rural de Araucária – Paraná.
Para iniciar o estudo sobre os grupos alimentares solicitou-se aos educandos, que
organizados em equipes com três integrantes, escolhessem um dos grupos alimentares, para
pesquisarem acerca da importância de cada nutriente. A partir da pesquisa construíram
cartazes e fizeram uma exposição aos demais colegas, mostrando a função, a carência, os
transtornos e algumas curiosidades, sobre o tema de cada grupo.
Após essa etapa, solicitou-se que, individualmente, anotassem suas refeições diárias
durante o período de uma semana. O objetivo era que eles observassem se suas refeições eram
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condizentes com as necessidades diárias e em quais estavam necessitando tomar mais
cuidado.
De posse das anotações dos educandos, a professora construiu tabelas e gráficos, que
utilizou para iniciar uma discussão, no grande grupo, a respeito da alimentação dos
envolvidos.
A importância dos alimentos e da alimentação
A adolescência é um período muito importante para a formação futura do sujeito, desta
forma uma alimentação balanceada favorece seu desenvolvimento físico, metal, psíquico e
social (ALBUQUERQUE e MONTEIRO, 2002).
Na atualidade, grande parte da população tem preferência por alimentos de rápido
preparo, os famosos fast food, alimentos calóricos com baixo teor nutritivo. Dentre esta
parcela se encontra o público jovem, que na maioria das vezes não possuem hábitos
alimentares adequados.
De acordo com Gambardella, Frutuoso e Franch (1999), os adolescentes tendem ao
consumo exagerado de lanches, preferindo consumir alimentos calóricos ou industrializados,
ou mesmo deixar de realizar refeições específicas. Muitas vezes isto ocorre devido ao fato de
permanecerem sozinhos grande parte do dia, serem responsáveis pelas suas alimentações, que
muitas vezes são realizadas em grupos, desta forma utilizando de lanches, ou ainda no caso de
meninas inventar alguma dieta alimentar para a redução do peso (GAMBARDELLA,
FRUTUOSO e FRANCH, 1999).
Sapatéra (2005) comunga a ideia que boa parte do público adolescente possui
autonomia de escolha sobre as refeições. Frequentemente fazem refeições rápidas e fora de
casa. É nesta fase que ocorre um aumento no consumo de carboidratos, gorduras e proteínas
diminuindo o consumo de alimentos ricos em vitaminas, sais minerais e fibras, por
consequência das mudanças de comportamentos da própria idade, onde se substitui as
refeições tradicionais por lanches altamente calóricos.
Para dar conhecimento à população quanto ao que podem, ou não, ingerir de
alimentos, de acordo com a necessidade diária, são utilizadas tabelas alimentares. Estas
tabelas visam promover a alimentação balanceada, e contêm informações sobre os alimentos
(calorias, nutrientes, proporção), sua constituição e a importância para a saúde (PHILIPPI et
al, 1999).
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Para que uma alimentação seja balanceada, é importante ainda considerar além destas
tabelas ou pirâmides alimentares, a faixa etária, a região onde residem e os alimentos da
época.
Seyffarth (2007) define caloria como a representação mensurável de energia produzida
pelos alimentos quando ingeridos e metabolizados pelo organismo.
Para determinar o número médio de ingestão alimentar, no Brasil adota-se um
parâmetro de gasto energético para a população, sugerindo em média 2000 kcal, para pessoas
com boas condições de saúde (BRASIL, 2005). As exceções deverão ser avaliadas
individualmente por um nutricionista. O corpo humano necessita de uma nutrição adequada
para que realize todas as funções necessárias e mantenha o perfeito funcionamento. Esse bom
desempenho depende de uma dieta equilibrada, isto é, o indivíduo precisa ingerir quantidades
adequadas.
Com relação à saúde, consta nos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN’s (Brasil,
1997, p.51) que é: “condicionada por fatores de várias ordens: físicos, psíquicos e sociais. A
falta de um ou mais desses condicionantes da saúde pode ferir o equilíbrio e, como
consequência, o corpo adoece”. Assim decorre, a importância de trabalhar questões
relacionadas com a saúde, entre elas a alimentação, para que os educandos percebam que uma
alimentação balanceada é responsável por uma boa saúde.
Para uma alimentação equilibrada e saudável, Brasil (2005) sugere alguns atributos
básicos como: ‘sabor’ para quebrar o paradigma que comida saudável não é saborosa;
‘variedade’ para incentivar o consumo de vários tipos de alimentos que além, de fornecer os
nutrientes necessários, evita a monotonia alimentar; e outro atributo é a ‘cor’, segundo a qual
uma alimentação saudável constitui-se em uma ampla variedade de grupos alimentares com as
mais variadas cores.
Quando se fala em alimentação, é necessário considerar alguns fatores que afetam o
bom desempenho do organismo, como por exemplo, o sedentarismo que pode levar à
obesidade.
Sapatéra (2005), em seu artigo enfatiza que, segundo a Organização Mundial da Saúde
(OMS), a obesidade é uma doença caracterizada pelo excesso de gordura no organismo
humano. Sendo considerada um problema de saúde pública, devido sua elevada incidência na
população mundial, estima-se, segundo dados da OMS, que cerca de 23,4% desta população
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se enquadra em algum grau de obesidade. Já o Brasil tem cerca de 40% de sua população com
problemas de excesso de peso.
Com as praticidades do mundo moderno, o ser humano movimenta pouco seu corpo, e
com a vida agitada contemporânea, faz pouca atividade física. Atualmente, a obesidade é um
problema mundial em países desenvolvidos e em desenvolvimento.
A obesidade na adolescência pode acarretar vários problemas, dentre os quais é a
persistência da obesidade na fase adulta. Alguns estudos apontam que um adolescente obeso
tem mais de 70% de chances de vir a ser um adulto obeso (VIUNISKI, 2000).
A obesidade pode contribuir no surgimento de várias doenças como: diabetes,
hipertensão, problemas cardiovasculares e deficiência respiratória. Dados da OMS apontam
que apenas 60% da população obesa chega aos 60 anos; sendo que, se comparado,90% da
população magra chega a esta idade (SAPATÉRA, 2005).
Quando se fala em dieta alimentar muitas pessoas acreditam que está sendo feito
referência ao controle de peso. De acordo com essa ideia errônea em relação à dieta alimentar,
Scagliusi e Lancha Júnior (2003), lembram que, quando solicita-se às pessoas que relatem os
alimentos costumeiramente ingeridos, elas tendem a esconder o consumo de determinados
produtos, por exemplo, salgadinhos, doces, alimentos gordurosos, batata frita.
Metodologia
No primeiro semestre de 2011, enquanto desenvolvia-se o conteúdo alimentação com
alunos de sétima série (oitavo ano) de uma Escola da zona rural de Araucária – Paraná, foram
utilizadas diversas estratégias para que os alunos percebessem as vantagens de uma
alimentação balanceada. Os alunos envolvidos pertencem ao turno da tarde e a maioria é
responsável em preparar algumas de suas refeições, geralmente lanche da manhã e almoço,
porque muitos pais e mães trabalham próximos de suas casas, ou mesmo, na zona urbana.
A primeira etapa das atividades aconteceu em equipes compostas de três integrantes.
Cada equipe escolheu um dos grupos alimentares, entre eles: proteínas, lipídios, carboidratos,
fibras e vitaminas (A, B, C, D, E e K), pesquisaram sua importância, transtornos decorrentes
da carência e do excesso, e a fonte do nutriente. De posse destas informações, construíram
cartazes para posterior apresentação aos demais colegas.
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Figura 1: Cartaz da equipe que apresentou o tema fibras.
FONTE: educandos da autora
Após todas as exposições sobre os grupos alimentares, foram realizadas leituras de
textos e atividades para fixação e aprofundamento dos conteúdos apresentados.
A etapa seguinte aconteceu individualmente. Solicitou-se que cada educando anotasse
o que ingeria durante uma semana, em todas as refeições (café, lanche da manhã, almoço,
lanche da tarde e jantar), para posteriormente analisar seus hábitos alimentares. Com as
anotações obtidas nos sete dias, seria possível contemplar inclusive um final de semana, e
perceber assim, se as refeições teriam os mesmos componentes alimentares.
Durante a semana, muitos educandos foram realizando comentários sobre seus hábitos,
principalmente com relação ao número diário de doces que habitualmente ingerem. Frisou-se
que os alunos anotassem se possível, ainda as guloseimas que estavam ingerindo.
Na semana seguinte, cada aluno entregou seu relatório contendo uma conclusão sobre
o grupo alimentar que haviam analisado e que consumiram em maior proporção.
Durante as leituras dos relatórios individuais, a educadora fez anotações e sugestões
com relação às análises de cada aluno, para que percebessem onde está deficitária e em que
nutrientes era condizente a alimentação. Utilizou-se o termo sugestão, porque não é possível
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interferir nos hábitos alimentares de cada família, porém é necessário, como educador, alertar
sobre como evitar transtornos futuros.
Após a análise das anotações dos alunos, realizou-se o repasse, no grande grupo, dos
resultados obtidos com os alunos da turma, analisando com o auxílio de tabelas e gráficos,
além dos conceitos já apreendidos pelos educandos quanto à alimentação.
Análises e discussão
Foram analisados os relatórios preenchidos por dezenove alunos. Percebeu-se que a
maioria dos alunos não realiza refeições diárias condizentes com uma alimentação balanceada
e saudável.
Com relação ao café da manhã, observou-se que é a única alimentação diária
respeitada por todos os alunos (100% = 19 alunos). Na maioria dos dias semanais, o café da
manhã consiste em café, pão e margarina; ou leite com achocolatado e biscoito. Percebeu-se
ainda que no final de semana, sábado ou domingo, incluí-se bolo.
Quando questionados, no grande grupo, os alunos comentaram que o café da manhã é
responsabilidade dos pais, que o preparam antes de sair de casa.
Quanto ao lanche da manhã, refeição entre o café da manhã e o almoço, realizada em
casa, os resultados obtidos foram os seguintes:
Figura 2: Resultados dos lanches da manhã, conforme relatórios dos educandos
FONTE: a autora
É possível perceber que a maioria dos educandos não possui o hábito dessa refeição,
além de que, alguns costumam alimentar-se de forma inadequada. Lembrando ainda que a
maioria dos educandos é responsável em escolher esta refeição, porque encontram-se
sozinhos em casa, na maioria das vezes.
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De acordo com os resultados anotados nos relatórios, o almoço é a refeição mais
preocupante, com relação à ingestão de nutrientes:
Figura 3: Resultados do almoço, conforme relatórios dos educandos
FONTE: a autora
É possível perceber que a maioria dos alunos não tem uma alimentação balanceada, e
ingere ainda, grande quantidade de lipídios ou carboidratos, semanalmente, nesta refeição.
Quando os educandos foram questionados sobre esta refeição, alguns têm noção de
que não a realizam de forma adequada, e ainda que, descumprem o combinado com a família.
Os resultados demonstraram que, alunos que fazem alimentação balanceada, são aqueles cujas
mães são as responsáveis pela refeição; os demais alunos ficam sozinhos, sendo eles próprios
os responsáveis pela elaboração da refeição.
. Outro fato comentado pelos alunos é que, antes de ir para a escola, passam pela
lanchonete mais próxima para comprar lanches, frituras ou refrigerantes, pois os pais
fornecem dinheiro para lanches.
Quanto ao lanche da tarde, nos dias em que há aula, acreditava-se que a maioria dos
alunos consomia o lanche preparado e distribuído na escola. Para surpresa de todos, a maioria
dos alunos não consome esse lanche, preferindo outros. Assim sendo, os resultados obtidos
foram os seguintes:
Figura 4: Resultados do lanche da tarde, conforme relatórios dos educandos
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FONTE: a autora
Nesta análise, muitos alunos não incluíram os doces (balas, pirulitos e chicletes) que
consomem durante o dia. Conforme conversa após as leituras, os alunos responderam que
consomem no mínimo dez unidades e o máximo não conseguem contar, porque alguns
acreditam ser superior a trinta unidades diárias.
Essa refeição é alterada nos finais de semana, quando os alunos ingerem frutas,
principalmente as da época, na maioria das vezes produzidas em suas residências. Alguns
ainda ingerem guloseimas preparadas pelas mães.
Finalmente o jantar, que é a refeição mais calórica do dia.
Figura 5: Resultados do jantar, conforme relatórios dos educandos
Essa é a principal refeição da maioria das famílias, pois de acordo com eles, é a
refeição em que todos os membros da família estão presentes. Esta refeição, na maioria das
famílias, é responsabilidade da mãe.
Percebeu-se que os alunos que possuem o almoço balanceado, preparado pelas mães,
na maioria das vezes repetem os mesmos alimentos no jantar, preferencialmente arroz, feijão,
carne, legumes e saladas.
Para concluir as atividades no grande grupo, aproveitou-se para ratificar a importância
da alimentação balanceada na adolescência. Hábitos alimentares saudáveis reduzem
transtornos alimentares e problemas de saúde relacionados à alimentação.
Considerações finais
Ao analisar o cardápio semanal dos alunos, percebeu-se que não realizam alimentação
adequada. Na ausência dos responsáveis, os jovens assumem o controle de sua alimentação,
optando por alimentos de fácil e rápido preparo, sendo que estes, nem sempre são os mais
saudáveis.
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É imprescindível aos responsáveis e educadores observarem este consumo diário de
alimentos altamente calórico, quase sempre de pouco valor nutricional. Constitui papel da
escola trazer à tona debates e informações relevantes sobre a importância de hábitos
alimentares saudáveis, de modo a conscientizar que, o consumo de alimentos altamente
calóricos favorece o surgimento da obesidade e doenças associadas, como; diabetes,
hipertensão, lesões nas articulações, entre outras.
REFERÊNCIAS
ALBUQUERQUE, Maria de Fátima Machado de. MONTEIRO, Adriana Maria. Ingestão de
alimentos e adequação de nutrientes no final da infância. Revista Nutrição. Campinas, v. 15
(3): p. 291-299, 2002.
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais:
Ciências Naturais / Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997. 136 p.
________. Guia alimentar para a população brasileira: promovendo a alimentação
saudável. Ministério da saúde. Coordenação Geral da política de Alimentação. Brasília, 2005,
p.236. Disponível em:
<http://www.cca.ufscar.br/~vico/guia_alimentar_conteudo.pdf>.Acesso em : 12 fev. 2011
GAMBARDELLA, Ana Maria Dianezi. FRUTUOSO, Maria Fernanda Petroli. FRANCH,
Claudia. Prática alimentar de adolescentes. Revista Nutrição. v. 12. n. 1. p. 5-19. 1999.
PHILIPPI, Sonia Tucunduva. LATTERZA, Andrea Romero. CRUZ, Ana Teresa Rodrigues.
RIBEIRO, Luciana Cisotto. Pirâmide alimentar adaptada: guia para escolha dos alimentos.
Revista de nutrição. v. 12. n. 1. p. 65-80. 1999.
SAPATÉRA, M. L. R.; PANDINI, E. V. Obesidade na adolescência. Revista Digital
Efdeportes. Buenos Aires, v. 10, n. 85, junho de 2005. Disponível em:
http://www.efdeportes.com/efd85/obesid.htm
SCAGLIUSI, Fernanda Baeza. LANCHA JÚNIOR, Antônio Herbert. Subnotificação da
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SEYFFARTH, Anelena Soccal. Manual de Nutrição. Os alimentos: calorias, macronutrientes
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http://www.diabetes.org.br/attachments/550_Manual_Nutricao_profissional1.pdf
VIUNISKI, N. Obesidade Infantil. Caxias do sul: EPUB, 2000.
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