administração de medicamentos via sonda de nutrição enteral na

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III SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS
Data: 23 a 25 DE OUTUBRO DE 2014
ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS VIA SONDA DE NUTRIÇÃO
ENTERAL NA PRÁTICA CLÍNICA
MATSUDA, Isabella L. A.¹; MARIN, M.L.M.²
¹ Curso de Farmácia do Centro Universitário São Camilo,
[email protected]
² Curso de Farmácia do Centro Universitário São Camilo, São Paulo, SP.
São
Paulo,
SP.
Palavras-chave: Nutrição enteral. Administração de medicamentos. Sonda de nutrição enteral.
Introdução
A Terapia Nutricional pode ser fornecida ao paciente na forma de Nutrição Enteral ou Nutrição
Parenteral. Essas terapias são legisladas pela Portaria nº 272, da Secretaria de Vigilância Sanitária
do Ministério da Saúde, e pela Resolução nº 63, da ANVISA, que também estabelecem suas
definições (CASTRAO; FREITAS; ZABAN, 2009). Segundo a RDC nº 63 de 06 de julho de 2000 da
Agência de Vigilância Sanitária, define nutrição enteral como “Alimento para fins especiais, com
ingestão controlada de nutrientes, na forma isolada ou combinada, de composição definida ou
estimada, especialmente formulada e elaborada para uso por sondas ou via oral, industrializado ou
não, utilizado exclusiva ou parcialmente para substituir ou complementar a alimentação oral em
pacientes desnutridos ou não, conforme suas necessidades nutricionais, em regime hospitalar,
ambulatorial ou domiciliar, visando a síntese ou manutenção dos tecidos, órgãos ou sistemas”. A
terapia nutricional enteral tem sido empregada rotineiramente como alternativa bem sucedida para
melhorar as condições nutricionais nos pacientes hospitalizados, pois ao contrário da nutrição
parenteral, ajuda a preservar e recuperar a estrutura e a função do trato gastrointestinal, além de ser
economicamente mais viável (CUNHA et al., 2008). A administração de medicamentos por meio de
sondas de nutrição enteral constitui uma prática comum em ambiente hospitalar, sobretudo em
pacientes de UTI (HOEFLER; VIDAL, 2009). No Brasil, aproximadamente 95% dos pacientes em uso
de TNE fazem uso de fármaco oral na forma sólida, o que requer atenção especial para a
manutenção da permeabilidade da sonda, uma vez que o uso de medicamentos por sondas é um dos
principais fatores relacionados com a obstrução das sondas enterais (HEYDRICH, 2006).
Objetivo
Avaliar a administração de medicamentos via sonda de nutrição enteral e conhecer as
principais intercorrências relativas à administração de medicamento por essa via.
Metodologia
Estudo descritivo a partir de revisão bibliográfica em publicações científicas, em bases de
dados da literatura nacional e internacional de ciências da saúde de estudos realizados nos últimos
15 anos, em bases de dado como Scielo e PubMed, com descritores como, nutrição enteral,
interação medicamento-alimento, administração de medicamentos, sonda de nutrição enteral.
Discussão
A principal complicação da nutrição enteral é a obstrução da sonda, estimando-se a sua
incidência por administração de medicamentos ou nutrientes em 2 a 9%. Vários fatores podem
contribuir para sua ocorrência como formulação entérica, características da sonda de nutrição,
lavagem insuficiente ou incorreta administração de medicação.
A lavagem da sonda, antes e após cada medicamento a ser administrado, permite prevenir a
sua obstrução, a ocorrência de interações fármaco-nutrição, a retenção de fármaco na sonda e
assegurar a administração da dose total prescrita, constituindo ainda a água um excelente meio de
administrar o medicamento (FERREIRA; CORREIA; SANTOS, 2012). Medicamentos na sua forma
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sólida podem causar obstruções e, consequentemente, a troca da sonda, aumentando os custos e o
desconforto para o paciente. Além disso, medicamentos na forma de drágea e cápsulas podem ser
diluídos incorretamente ou serem absorvidos em locais do trato gastrintestinal não ideais (CUNHA et
al, 2008).
Algumas formulações líquidas de fármacos são incompatíveis com a nutrição enteral,
podendo assim obstruir a sonda. É o caso dos medicamentos providos na forma de xaropes. Sua
propensão para causar a obstrução da sonda é devido à viscosidade da solução carreadora.
Portanto, mesmo quando uma formulação líquida é disponível, outros fatores necessitam ser
avaliados (HEYDRICH, 2006).
Outro problema são os fármacos de revestimento entérico ou de liberação prolongada. A
trituração destes destrói as suas características farmacotécnicas, gerando absorção diferente da
esperada, além de aglutinação das partículas que podem obstruir a sonda. A administração entérica
requer uma maior diluição do fármaco, por não ocorrer a diluição gástrica. Alguns autores
recomendam não administrar qualquer tipo de medicação por sondas de jejunostomia, dados os
custos e riscos para o doente se for necessária a substituição da sonda; outros indicam que os
fármacos deverão estar em formulação líquida, ou completamente dissolvidos (MENDES, 2011). Para
Mendes (2011) e Ferreira, Correia e Santos (2012) várias formulações devem, todavia, ser excluídas,
por exibirem características que inviabilizam a sua manipulação para administração por sonda de
nutrição entérica. É o caso dos comprimidos bucais ou sublinguais, cápsulas de gelatina mole e
comprimidos dispersíveis e orodispersíveis, além de fármacos imunossupressores, corticoides,
hormônios, antibióticos e fenotiazidas.
Além disso, os fármacos podem interagir direta ou indiretamente com a nutrição enteral.
Alguns fatores que podem causar possíveis interações e devem ser controlados são a presença de
alimentos, vitaminas ou eletrólitos no estômago, a acidez, a osmolaridade e o conteúdo de sorbitol
das formulações líquidas, o volume do fármaco a ser administrado, a utilização de fármacos com
janela terapêutica estreita e número de medicamentos administrados, entre outros (CARVALHO et
al., 2010). Para reduzir as interações é importante ter atenção ao horário de administração.
Para evitar comprometer o estado nutricional, há que minimizar o tempo de interrupção da
nutrição enteral, administrando os fármacos uma ou duas vezes por dia. Se um fármaco necessita ser
administrado em jejum a um doente a receber nutrição enteral contínua, esta poderá interromper-se
30 minutos antes para que ocorra o esvaziamento gástrico, podendo ser reiniciada 30 minutos
depois, para permitir a absorção do fármaco. Contudo, para otimizar a absorção, pode ser necessário
interromper a nutrição enteral uma hora antes e duas horas após a administração (MENDES, 2011).
Já em casos de nutrição enteral na forma de bolus, deve-se administrar a medicação uma hora antes
ou duas horas após a administração da dieta (JAMAL; DUMKE, 2002).
Conclusão
Em relação a administração de medicamentos pode-se concluir que não deve ser
administrado medicamentos concomitantemente com a nutrição enteral, diante das possíveis
interações fármaco-nutriente que podem ocorrer. As formas farmacêuticas mais indicadas são as
líquidas; com pH maior que 4; com baixa concentração de sorbitol e baixa osmolaridade e
viscosidade, para que não ocorra problemas como, náuseas e distensão abdominal.
Para as formas farmacêuticas sólidas devem-se realizar procedimentos como trituração e
diluição dos pós. Não devem ser triturados comprimidos de liberação prolongada, cápsulas
gelatinosas, comprimidos bucais ou sublinguais, fármacos teratogênicos, mutagênicos ou
carcinogênicos, hormônios, análogo de prostaglandina e daqueles potencialmente alergênicos.
É importante o enxágue da sonda antes e após a administração de cada medicamento,
evitando assim possíveis interações com outros medicamentos e com a nutrição enteral, diminuindo a
probabilidade de formação de precipitado e, consequentemente, obstrução de sonda. Esses
procedimentos devem ser realizados de modo a garantir a segurança do paciente, evitando
microaspirações, a ação do fármaco, sem que haja interação com o material da sonda ou com a
nutrição enteral e que não ocorra a obstrução da sonda, o que leva a uma possível troca de cateter
causando incomodo para o paciente.
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A administração de medicamentos via sonda de nutrição enteral é um procedimento inevitável
que requer atenção dos profissionais da saúde, visto os problemas clínicos que podem acarretar.
Referências bibliográficas
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