Produção de mini alface em ambiente protegido. Renata Castoldi; Hamilton César de Oliveira Charlo; Aline Uemura Faria; Priscila de Lima Conti; Leila Trevizan Braz UNESP-FCAV- Departamento de Produção Vegetal, Via de Acesso Prof. Paulo Donato Castellane, s/n, Jaboticabal, 14884-900; E-mail: [email protected]. RESUMO Este trabalho teve por objetivo avaliar o desempenho de quatro cultivares de mini alface, em ambiente protegido. O experimento foi conduzido em casa de vegetação, pertencente a área experimental do Setor de Olericultura e Plantas Aromático–Medicinais, do Departamento de Produção Vegetal da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias– UNESP, Câmpus de Jaboticabal. Foram utilizadas as cultivares: Crespa Red Rainbow Leaf, Lisa Manoa, Lisa Roxa Kendo e Baby Rome. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados com quatro tratamentos e com cinco repetições, sendo avaliadas seis plantas representativas de cada parcela. Adotou-se o espaçamento de 0,2 m entrelinhas e 0,2 m entre plantas para todos os tratamentos. Observaram-se diferenças significativas nos diâmetros transversal e longitudinal, no número de folhas/planta, na altura de plantas, nas massas fresca e seca. Não detectaram-se diferenças na área foliar das cultivares. As cultivares Roxa Kendo e Mini Romana apresentaram os maiores diâmetros; as cultivares Roxa Kendo, Mini Romana e Lisa Manoa produziram maior número de folhas que a cultivar Red Rainbow Leaf, porém a área foliar de todas as cultivares foram estatisticamente iguais. Todas as cultivares apresentaram bom desempenho e podem ser cultivadas em função da demanda por diferentes tipos (romana, lisa e crespa) e cores (verde, roxa, verde com manchas vinho). Palavras-Chave: Lactuca sativa, produtividade, ambiente protegido. ABSTRACT Mini-lettuce four cultivars performance in greenhouse. The aim of this work was to evaluate the mini-lettuce four cultivars performance in greenhouse. The experiment was carried out in greenhouse belonged to Setor de Olericultura e Plantas Aromático-Medicinais Experimental Area of Produção Vegetal Department, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – Unesp, Jaboticabal Campus. Was used the following cultivars: Red Rainbow Leaf Frizzy, Manoa Smooth, Kendo Purple Smooth and Baby Home. The experimental design used was randomized blocks, with four treatments with five replications, being evaluated six plants in each parcel. Was used 0.2 m between lines and 0.2 m between plants interval in all treatments. Were observed significant differences in transversal and longitudinal diameters, leaves for plant number, plant height and fresh and dry mass. It was no detected differences in cultivar’s foliar area. The cultivars Kendo Purple, Mini Romana and Manoa Smooth produced higher leaves number than Red Rainbow Leaf cultivars, however the foliar area was statistical the same in all the cultivars. All cultivars showed good performance and can be grown in function of different kinds (Romana, Smooth and Frizzy) and colors (green, purple and green, wine). Keywords: Lactuca sativa, productivity, greenhouse. A grande variedade de cores, sabores, vitaminas, sais minerais que compõe o cardápio com hortaliças (Simarelli, 2001), evidencia a importância delas na alimentação diária (Braz et al., 2001). É devido a essa importância que os melhoristas procuram cada vez mais atender a demanda dos consumidores. Atualmente, no Brasil, o número de pessoas que moram sozinhas cresceu muito e as famílias têm reduzido o número de integrantes. A alface por ser de preparo fácil e rápido tem consumo garantido neste contexto, atendendo as necessidades de quem trabalha fora e com intervalos pequenos para as refeições. As alfaces convencionais disponíveis no mercado são de tamanho grande, o que para as pessoas que moram sozinhas e famílias com poucos integrantes acarreta em desperdícios. Além da facilidade de preparo, a alface é fonte importante de vitaminas e sais minerais, além de possuir poucas calorias. A mini alface é uma hortaliça exótica, incorporada em cardápios de restaurantes de luxo por serem charmosas e delicadas, trazendo novos sabores e enfeites de pratos, com vantagens sobre as convencionais por apresentarem tamanho reduzido, evitando desperdícios (Hortaliças, 1999). Este trabalho teve por objetivo, avaliar o desempenho de quatro cultivares de mini alface, cultivadas em ambiente protegido. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em casa de vegetação, pertencente a área experimental do Setor de Olericultura e Plantas Aromático–Medicinais, do Departamento de Produção Vegetal da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias–UNESP, Câmpus de Jaboticabal, cujas coordenadas geográficas são 2115’22’’ de latitude sul e 4818’58’’ de longitude oeste, com altitude média de 530m. O clima da região é do tipo Cwa, seco no inverno e com chuvas no verão. apresentando temperatura média de 22ºC e precipitação média anual de 1552 mm (Volpe et al., 1989). Foram utilizadas as cultivares: Lisa Manoa (cultivar da Empresa Takii, de tamanho reduzido, apresenta folhas lisas de coloração verde); Lisa Roxa Kendo (cultivar da Empresa Clause, de tamanho reduzido, apresenta folhas lisas de coloração verde com manchas vinho); Crespa Red Rainbow Leaf (cultivar da Empresa Clause, de tamanho reduzido, apresenta folhas crespas de coloração vinho escuro); Mini Romana Baby Rome (cultivar da empresa Clause, do tipo romana utilizada para o consumo in natura. As cabeças são uniformes e compactas de coloração verde clara. Internamente, apresenta folhas tenras, de coloração amarela intensa e excelente sabor). O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados com quatro tratamentos e com cinco repetições, sendo avaliadas seis plantas representativas de cada parcela. As mudas foram produzidas utilizando substrato Plantmax, a semeadura realizada em 26/06/2003, diretamente nas bandejas de poliestireno expandido, contendo 288 células. Foram utilizadas uma semente de cada cultivar por célula. Após a germinação as bandejas foram mantidas em casa de vegetação até a idade ideal de transplantio, que ocorreu 23 dias após a semeadura. As adubações de plantio e cobertura foram feitas de acordo com as recomendações para a cultura da alface (Raij, 1996), mediante análise de solo. A irrigação utilizada foi do tipo gotejamento, com turno diário, para manter o solo sempre úmido, adequado para melhor desenvolvimento da cultura. Adotou-se o espaçamento de 0,2 m entrelinhas e 0,2 m entre plantas para todos os tratamentos. Na colheita, realizada 35 dias após o transplantio, as plantas foram cortadas em sua base e posteriormente levadas para o laboratório onde foram avaliadas as seguintes características: diâmetro longitudinal (cm); diâmetro transversal (cm); área foliar (cm2); altura das plantas (cm); número total de folhas; massas seca (g) e fresca (g) por planta. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela 1, encontra-se o resumo da análise de variância para diâmetros longitudinal (DL) e transversal (DT) da planta, número de folhas (NF), altura de plantas (ALT), massa fresca (MF), massa seca (MS) e área foliar de quatro cultivares de mini alface cultivadas em ambiente protegido. Observaram-se diferenças significativas nos diâmetros transversais e longitudinais, no número de folhas/planta, na altura de plantas, nas massas fresca e seca. Não detectaram-se diferenças na área foliar das cultivares. Tabela 1. Resumo da análise de variância de sete características analisadas em quatro cultivares de mini alface. FCAV-UNESP, Jaboticabal-SP, 2003. Causas de Variação Blocos Tratamentos Resíduo Total CV(%) GL 4 3 12 19 DL DT NF 14,7207** 19,6379** 17,2430** 10,3319** 1,9590 1,4619 6,78 Quadrados Médios ALT MF 14,9337 NS 187,4520 ** 6,8141 5,75 9,89 11,4511 ** 10,7414 ** 1,0041 7,44 7101,7353 ** 5312,5914 ** 588,3739 19,99 MS 11,3808 ** 17,9165 ** 1,1697 14,26 AF 202486,13 NS 1264011,90 NS 380950,87 34,39 DL= Diâmetro Longitudinal da planta; DT= Diâmetro Transversal da planta; NF= Número de Folhas; ALT= Altura de plantas; MF= Massa Fresca; MS= Massa Seca; AF= Área Foliar. Na Tabela 2, são apresentadas as médias das características avaliadas em quatro cultivares de mini alface. Para os diâmetros transversais e longitudinais a cultivar Roxa Kendo foi a que apresentou os maiores valores, diferindo das demais cultivares, exceto de ‘Baby Rome’ quanto ao diâmetro transversal. Em relação ao número de folhas, as cultivares Roxa Kendo, Baby Rome e Lisa Manoa produziram maior número de folhas que a cultivar Red Rainbow Leaf. Em função do alto coeficiente de variação não foi possível identificar diferenças significativas de área foliar entre as cultivares. Quanto às massas fresca e seca, as cultivares Baby Rome, Roxa Kendo e Lisa Manoa foram estastisticamente iguais e superiores à cultivar Red Rainbow Leaf, por esta apresentar porte menor. Quanto a altura da planta, ‘Baby Rome’ apresentou a maior altura, o que era de se esperar por ser do grupo romana. Tabela 2. Médias de sete características analisadas, em quatro cultivares de mini alface. FCAV-UNESP, Jaboticabal-SP, 2003. Cultivares DL (cm) DT (cm) Baby Rome Roxa Kendo Lisa Manoa 20,17 B 23,40 A 19,37 B Red Rainbow Leaf DMS (Tukey) AF NF (/planta) ALT (cm) MF (g) MS (g) 20,87 AB 23,10 A 20,00 B 30,14 A 30,96 A 26,90 A 15,5040 A 12,6020 B 12,2260 B 138,1940 A 127,9300 A 145,5380 A 8,2440 A 8,6520 A 8,6840 A (cm2 /planta) 1575,66 A 2321,89 A 2080,05 A 19,68 B 20,12 B 17,60 B 13,5520 B 73,6480 B 4,7620 B 1202,19 A 2,6289 2,10 4,9031 1,8821 2,0314 1159,3079 45,5608 DL= Diâmetro Longitudinal da planta; DT= Diâmetro Transversal da planta; NF= Número de Folhas; ALT= Altura de plantas; MF= Massa Fresca; MS= Massa Seca; AF= Área Foliar. Médias seguidas da mesma letra nas colunas não diferem entre si pelo teste de Tukey. Wigman (2002) avaliou as cultivares de mini alface Lisa ‘Manoa’, Lisa ‘Roxa Kendo’ e Crespa ‘Red Rainbow Leaf’ e obteve diâmetros de 18,32 cm, 23,75 cm e 14,41 cm, respectivamente. Quanto à massa fresca, os valores médios por planta, obtidos pela autora foram de 36,97g, 46,78g e 9,36g, respectivamente, ou seja, inferiores ao experimento em questão, possivelmente devido à influência da época de plantio, já que o experimento de Wigman (2002) foi realizado no verão. Todas as cultivares apresentaram bom desempenho, estando dentro do potencial da cultura, portanto podem ser cultivadas em função da demanda por diferentes tipos (romana, lisa e crespa) e cores (verde, roxa, verde com manchas, vinho). LITERATURA CITADA BRAZ, L.T. et al. Produção e avaliação de alface provenientes de mudas produzidas em sistemas flutuante e convencional. Horticultura Brasileira, Brasília, v.19, Supl.,2001. CDROM. HORTALIÇAS exóticas ou em miniatura são novidade para agregar o consumidor, este eterno descontente, Unesp Rural, Jaboticabal, v.3, n.15, p.25, 1999. RAIJ, B. Van; (Ed.) Recomendações de adubação e calagem para o Estado deSão Paulo. 2. ed. Campinas: Instituto Agronômico & Fundação IAC, 1996. p.285. (Boletim Técnico, 100). SIMARELLI, M.A. A riqueza da horta. Panorama Rural, v.2, n.30. p.30- 43, 2001. VOLPE, C.A.; BARBOSA, J.C.; MINCHIO, C.A.; ANDRÉ, R.G.B. Análise da precipitação mensal em Jaboticabal (SP). Ciências Agronômicas, Jaboticabal, v.4, n.2, p.3-5, 1989. WIGMAN, G. Desempenho de cultivares de mini alface em diferentes espaçamentos em casa de vegetação e da vida útil pós colheita. 2002. 33f. Monografia (Trabalho de graduação em Agronomia)- Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinária, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, 2002.