CHECKLIST PARA AVALIAÇÃO DE

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II Seminário ATIID - Acessibilidade, TI e Inclusão Digital, São Paulo-SP, 23-24/09/2003
CHECKLIST PARA AVALIAÇÃO DE ACESSIBILIDADE DE
INTERFACES WEB PARA USUÁRIOS IDOSOS
Márcia Barros de SALES, Walter de Abreu CYBIS
UFSC / Universidade Federal de Santa Catarina/Florianópolis-SC
[email protected]
RESUMO: Há diversos declínios de ordem fisiológicas, cognitivas e
emocionais que decorrem da idade. Apesar de nem sempre serem
considerados deficiências, estes declínios podem afetar a interação de
usuários idosos com os computadores. Há também que se considerar que
é crescente, em termos mundiais e também no Brasil, a proporção de
pessoas idosas em relação às populações jovem e adulta, e que há um
interesse cada vez maior de pessoas mais velhas pelo espaço
cibernético(Internet), que para os idosos pode parecer uma barreira
difícil de transpor. Este artigo apresenta um checklist para avaliação de
acessibilidade de interfaces Web para usuários idosos.
INTRODUÇÃO
A vida cotidiana nesse início de século é
caracterizada por ser uma sociedade de
informação onde o avanço de algumas
tecnologias de comunicação e de
informação difundiram-se rapidamente.
Dentre essas tecnologias destaca-se a
Internet e
aos diversos serviços
disponíveis por ela, o de maior expressão
e utilização atual é o WWW (World Wide
Web), doravante chamado de Web.
Questões
relacionadas
à
acessibilidade na Web conduzem a uma
reflexão acerca de ferramentas para a
avaliação
dessas
interfaces,
em
particular quando acessada e utilizada
por usuários idosos.
OBJETIVO
O objetivo deste trabalho é apresentar
um checklist como uma ferramenta de
verificação da conformidade de páginas
da
Web
face
às
recomendações
ergonômicas
específicas
para
a
acessibilidade de pessoas idosas.
A perspectiva da acessibilidade
explorada
é
claramente
social,
relacionada aos usuários, e objetiva
contribuir para que "nenhum obstáculo
possa ser imposto ao indivíduo, diante de
limitações
sensoriais
e
funcionais"
(Godinho, 2002).
Segundo a Organização das Nações
Unidas - ONU a acessibilidade é o
processo de conseguir a igualdade de
oportunidades em todas as esferas da
sociedade.
Existem várias organizações que se
preocupam
com
questões
de
acessibilidade geral na Web, sem centrar
o foco em algum tipo de público em
particular. A exceção se refere aos
cegos, para os quais existem iniciativas
específicas,
voltadas
para
sua
acessibilidade na Web. A bibliografia
sobre recomendações de acessibilidade
para pessoas idosas na Web é, de forma
geral,
limitada.
Uma
das
poucas
referências sobre este assunto provém
do
Institute
National
Aging
que
desenvolveu um checklist para tornar
um Web site amigável aos idosos.
METODOLOGIA
Critérios Ergonômicos
Os critérios Ergonômicos são uma
ferramenta de avaliação da usabilidade
que pode apoiar/dar suporte a outras
técnicas de avaliação de usabilidade, a
exemplo da avaliação heurística e
checklist etc. Os critérios ergonômicos
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têm como finalidade minimizar a
ambigüidade
na
identificação
e
classificação
das
qualidades
dos
problemas ergonômicos nas interfaces
informatizadas.
(Bastien
&
Scapin,
1993)
desenvolveram um conjunto de oito
critérios ergonômicos que se subdividem
em sub-critérios e critérios elementares.
Estes critérios estão disponibilizados, na
íntegra, no site do (LabiUtil, 2003).
O checklist, aqui apresentado, não
contempla
todos
os
critérios
ergonômicos, em função da escassez de
recomendações de acessibilidade para
este público.
A versão atual deste checklist
considera
o seguinte subconjunto de
checklists (Bastien & Scapin, 1993):
flexibilidade, compatibilidade, controle do
usuário,
presteza,
legibilidade,
consistência, agrupamento/distinção por
localização, significados dos códigos e
denominações, densidade informacional
e ações mínimas.
Checklist: Acessibilidade da Web
para usuários idosos
A intenção do checklist é a de oferecer
aos criadores de conteúdos para a Web,
uma forma de verificar se estes
conteúdos estão acessíveis para usuários
idosos.
As recomendações selecionadas para
comporem o checklist se referem às
perspectivas
sociais,
ou
que
na
classificação
de
(Godinho,
2002),
corresponde à noção de “usuários”, ou
seja, que considera as capacidades
sensoriais e funcionais dos usuários.
(SALES, 2003) cita todas as etapas de
desenvolvimento deste checklist. A
estrutura de apresentação das questões
foi
composta
pelas
seguintes
informações:
Questão: texto identificando exatamente
o que deve ser verificado nas páginas de
interesse. Ela está sempre expressa na
forma imperativa afirmativa, de modo a
colher
respostas
afirmativas
para
aspectos que estão em conformidade
com as recomendações ergonômicas e,
ao contrário, repostas negativas para
aspectos desconformes;
Aplicação:
indica
sobre
quais
características (componentes e atributos)
das páginas, a questão se aplica;
Relevância: explica o sentido e a
importância da questão;
Origem da questão: refere-se ao
tratamento que deu origem à questão,
podendo ser:
? ? Reformulação - a questão foi
reformulada a partir
da fonte
pesquisada;
? ? Extensão - a questão é uma
extensão (adicionado algo a mais
para atender as necessidades dos
idosos)
do
quesito
da
fonte
pesquisada.
Critério Ergonômico: indica qual o
Critério Ergonômico (Bastien & Scapin,
1993) está associado à questão.
A versão final do checklist apresenta
40 questões classificadas
segundo a
“prioridade” conforme as definições
adotadas pela (W3C, 2002) sobre os
níveis de prioridade na checagem, como
é mostrado a seguir:
? ? Prioridade 1: têm de satisfazer;
? ? Prioridade 2: devem satisfazer;
? ? Prioridade 3: podem satisfazer.
A seguir, serão ilustrados exemplos
parciais, das questões do Checklist.
Critério Ergonômico: Compatibilidade
Questão
Verifique
se
existem
descrições
textuais
associadas
a
imagens, gráficos, sons, animações,
ícones, vídeos, etc., apresentados nas
páginas (equivalentes textuais para
componentes que não sejam textuais).
Relevância: Apesar de relevante para
usuários em geral, este item é
particularmente importante para idosos
que apresentem problemas visuais e
auditivos. Assim, eventuais dificuldades
com
um
canal
perceptivo
serão
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compensadas por apresentações
explorem outro canal.
que
Critério Ergonômico: Flexibilidade
Questão – Verifique se os componentes
do site podem ser operados por meio de
diferentes dispositivos, em particular,
teclado e mouse (Formulário e campo de
edição, botão, link, lista de seleção, etc).
Relevância: Pessoas com destreza
reduzida ou com incapacidade de ver o
cursor na tela têm dificuldade em usar
um dispositivo apontador como o mouse.
Por outro lado, esta flexibilidade de
operação pode prevenir lesões por
esforço repetitivo (LER) na medida em
que proporciona outros meios de
interação. Geralmente, as páginas que
permitem interação via teclado são
também acessíveis através das interfaces
de comando por voz.
Critério Ergonômico: Legibilidade
Questão - Verifique se há um contraste
favorável entre as cores do texto e as do
fundo no qual o texto se encontra.
Relevância: Discriminação entre cores
de mesmo matiz (tom), principalmente
para azul, verde e amarelo são difíceis de
serem realizadas, principalmente para
idosos com dificuldades visuais, para
pessoas daltônicas ou com dificuldades
de concentração e de manter a atenção.
É recomendado, portanto, o emprego de
texto com letras brancas em fundo
escuro.
Critério
Ergonômico:
Controle
do
Usuário.
Questão - Verifique se as páginas estão
livres
de
atualizações
periódicas
automáticas e, caso exista, se o usuário
pode facilmente desativar este recurso.
Relevância:
Este
recurso
pode
atrapalhar a leitura da página por
usuários idosos com problemas visuais
e/ou que estiverem usando um software
leitor
de
tela.
A
ocorrência
de
atualizações automáticas de conteúdo
deveria ser sinalizada claramente para os
idosos e um comando facilmente
operável deveria ser disponibilizado
como
forma
de
interromper
as
atualizações.
Critério Ergonômico: Significados dos
Códigos e Denominações
Questão - Verifique se o destino de cada
link está claramente identificado em seu
enunciado textual.
Relevância: No caso de idosos com
dificuldade
de
cognição
ou
aprendizagem, com problemas visuais ou
que utilizem leitor de tela, a navegação
pelas páginas pode ser facilitada se os
enunciados dos links forem concisos e
significativos.
Em
particular,
é
importante que os links façam sentido,
mesmo quando lidos fora de contexto.
Nestes casos um enunciado claro e
textual para os links, associado à bolha
de ajuda e barra de status são melhores
alternativas.
Critério Ergonômico: Consistência
Questão
- Verifique se informações
(ex.: mensagens, ícones, rótulos, etc.) e
objetos de interação (campo de edição,
botão de comando, etc.) que ocorrem
repetidos nas diferentes páginas, são
apresentados em posições e formas (ex.:
cor, fonte, tamanho, etc.) consistentes.
Relevância: A definição de um layout
padrão para páginas com elementos
repetidos favorece o aprendizado, na
medida em que permite a reutilização de
lógicas de operação apreendidas em
outras páginas (ex., o mesmo jogo de
botões para navegação no mesmo lugar
em cada página / título de cada página
e/ou o nome do site sempre na mesma
posição). Esta característica favorece em
particular os idosos com dificuldade de
aprendizagem.
Critério
Ergonômico:
Informacional
Densidade
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Questão - Verifique se as páginas estão
livres
de
informações
irrelevantes,
repetitivas ou impertinentes.
Relevância: Usuários idosos e com
dificuldades perceptivas são favorecidos
por projetos de páginas onde não
existam informações irrelevantes (opções
desnecessárias, publicidade, etc.). Caso
contrário, informações relevantes e
irrelevantes estarão competindo pela
menor capacidade de atenção de
usuários idosos. Em muitos casos, estas
informações
podem
se
tornar
inadequadas na medida em que desviam
um usuário novato de seu objetivo,
atrapalhando-o e/ou induzindo-o a erros.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ao apresentar as conclusões
deste
trabalho é fundamental que se ressalte
que a versão final do checklist foi
submetida a duas validações, a qual
consistiram de uma aplicação real
enquanto ferramenta de avaliação de
acessibilidade de interfaces Web. Estas
atividades foram realizadas por 6
pessoas, escolhidas por pertencerem ao
perfil de avaliadores para o qual o
checklist
é
destinado,
a
saber:
profissionais da área de informática,
ergonomistas, web design.
Os
resultados
obtidos
pelos
avaliadores
foram
tabulados
e
analisados, constatou-se um percentual
de 66,8% de homogeneidade quanto as
decisões sobre a aderência do sistema
avaliado (Webmail) às questões do
checklist. É importante frisar que esses
valores foram obtidos a partir de uma
amostra muito reduzida de avaliadores.
Eles servem, portanto, apenas como uma
aproximação
para
os
níveis
de
sistematização alcançados pelo checklist,
não sendo valores definitivos.
A utilização deste checklist
no
desenvolvimento de interfaces Web pode
proporcionar aos idosos facilidade no
acesso e na utilização ao interagirem
com estas, certificando-lhes um ótimo
estado de independência e autonomia,
motivando e oportunizando sua inclusão
no mundo virtual.
Este checklist pode ser acessado
integralmente no site do (LabiUtil, 2003)
da Universidade Federal Santa Catarina.
REFERÊNCIAS
Godinho, F. Internet para Necessidades
Especiais.
Disponível:
http://www.acessibilidade.net/web.
Acesso em 20/05/2002.
Bastien, C. E Scapin, D. (1993)
Ergonomic
criteria
for
the
evaluation of human-computer
interfaces.
Tech.
Rep.
n.156.
Rocquencourt,
France:
Institut
National
de
Recherche
en
Informatique et en Automatique.
LABIUTIL/UFSC
–
Laboratório
de
Utilizabilidade. Universidade Federal
de Santa Catarina. Disponível em:
www.labiutil.inf.ufsc.br. Acesso em:
17/07/2003.
Sales, M. B.; Cybis, W. A. (2003)
Desenvolvimento de um checklist
para a avaliação de acessibilidade da
Web para usuários idosos. In:
Congresso Latino-americano de
Interação Humano-Computador.
Rio de Janeiro, Brasil, August 17-20.
W3C W. Web Content Acessibility
Guidelines 1.0. Acesso: 12/02/2002.
Disponível em: http://www.w3.org/wai
Importante:
Qualquer citação deste texto ou partes
dele, sob qualquer forma ou meio, deve
obrigatoriamente incluir, além do título e
autor, a menção de "Anais do II
Seminário ATIID, São Paulo-SP, 2324/09/2003" disponível online em:
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