Doenças bacterianas em equídeos Fumio Honma Ito FMVZ-USP [email protected] Dia Mundial da Raiva Águas de Lindóia 27-30 de setembro de 2011 Doenças bacterianas em equídeos Continente Equinos Asininos Muares Total equídeos África 4.519.216 18.559.137 1.060.913 24.139.266 Américas 33.594.119 7.161.527 6.318.150 47.073.796 Ásia 13.870.140 17.129.456 3.604.713 34.604.309 Europa 6.374.740 637.557 222.898 7.235.195 Oceania 411.956 9.000 ----- 420.956 Quadro I. População mundial de equinos, asininos e muares (cabeças) Food and Agricultural Organization-FAO. Available at: http://www.faostat.fao.org/site/573/DesktopDefault.aspx?PageID=573#ancor. Access: 09/09/2011 Doenças bacterianas em equídeos Continente/país Equinos/cabeças Posição mundial Estados Unidos 9.500.000 1 China 6.823.465 2 México 6.350.000 3 Brasil 5.650.000 4 São Paulo 380.333 (IBGE,2009) Argentina 3.680.000 5 Quadro II. Classificação mundial do efetivo equino Food and Agricultural Organization-FAO. Available at: http://www.faostat.fao.org/site/573/DesktopDefault.aspx?PageID=573#ancor. Access: 09/09/2011 Doenças bacterianas em equídeos População equinos por Estado População bovinos por Estado População equinos por município População bovinos por município (1) Minas Gerais 800.108 (1) Mato Grosso do Sul 27.357.089 (1) Corumbá (MS) 30.032 (1) Corumbá (MS) 1.973.275 (2) Bahia 598.326 (2) Minas Gerais 22.469.791 (2) Feira de Santana (BA) 17.180 (2) São Félix do Xingú (PA) 1.912.009 (3) Rio Grande do Sul 452.965 (3) Mato Grosso 22.325.663 (3) Santana do Livramento (RGS) 17.045 (3) Ribas do Rio Pardo (MS) 1.161.329 (4) Goiás 438.390 (4) Goiás 20.894.943 (4) Alegrete (RS) 16.725 (4) Juara (MT) 907.403 (5) São Paulo 380.333 (5) Pará 16.856.561 (5) São Félix do Xingu (PA) 15.789 (5) Porto Murtinho (MS) 821.179 Quadro I. Comparação do efetivo equino e bovino entre cinco estados e municípios mais populosos do Brasil A primeira leva de cavalos foi introduzida no Brasil em 1534, em Vila de São Vicente Doenças bacterianas em equídeos • Febre maculosa • Brucelose • Mormo ou Lamparão • Melioidose • Tétano Doenças bacterianas em equídeos Febre maculosa: Como zoonose de importância em saúde pública, as descrições sobre a doença no homem são vastas na literatura, porém, em animais as informações se resumem a poucos casos de inoculações experimentais e rara em relação aos eqüinos, que são considerados reservatórios ou animais amplificadores da R. Rickettsii. No site da OIE, nada consta sobre a febre maculosa. : Casos humanos Fonte: www.saude.gov.br/svs Doenças bacterianas em equídeos • Febre maculosa: causada pela bactéria Rickettsia rickettsii, agente veiculado por artrópodes vetores que acomete várias espécies de animais domésticos, silvestres e o ser humano. • Histórico: no estado norte-americano de Idaho, no vale do Rio Snake, foi descrito, em 1896, o “sarampo negro” (“black measles”). Howard T. Ricketts identificou o agente causador desta condição patológica, uma pequena bactéria, que mais tarde recebeu a denominação de Rickettsia rickettsii. • A febre maculosa brasileira (febre de São Paulo ou tifo exantemático) é transmitida pelos carrapatos da família Ixodidae, gênero Amblyomma, sendo o mais importante o A. Cajennense. • Na Capital paulista, a doença foi descrita na década de 1920, na região onde atualmente estão os bairros de Sumaré, Perdizes e adjacências. Mais tarde a enfermidade foi descrita na Grande São Paulo, em cidades como Mogi das Cruzes, e no bairro de Santo Amaro na Capital. • Mais recentemente, em alguns municípios do Interior de São Paulo, como Campinas, Pedreira, Jaguariúna e Santo Antonio de Posse, envolvendo as bacias dos rios Atibaia e Jaguari. Os casos se expandiram para outros municípios do Estado, como os de Piracicaba e Araras. • Doenças bacterianas em equídeos Os animais são assintomáticos (portadores) e atuam como reservatórios do agente. Testes sorológicos são utilizados para a confirmação da infecção pela R. rickettsii, sendo a técnica de imunofluorescência indireta considerada como de referência padrão-ouro. Essa técnica pode ser utilizada para detectar as imunoglobulinas de classe IgG ou IgM. Amostras para diagnóstico e técnica laboratorial: sangue e coágulo de sangue: isolamento e PCR soro: imunogluorescência indireta - IFI tecidos: imunoistoquímica carrapatos: identificação e IFI e isolamento Doenças bacterianas em equídeos Aumento da população humana no mundo! Cada vez mais turistas procuram o paraíso tropical: preparativos para a Copa de 2014 e Olimpíadas 2016? Em 2020: 9,3 bilhões??? Contato com animais e seus vetores, problemas do meio ambiente, defesa sanitária e saúde pública? Doenças bacterianas em equídeos Vetores, hospedeiros, reservatórios ? Fonte de infecção Diagnóstico Tratamento Fonte: www.saude.gov.br/svs Vias de transmissão Controle carrapatos suscetível Medidas de proteção Doenças bacterianas em equídeos • A brucelose é uma doença infecciosa dos animais, amplamente distribuída no mundo, acometendo em particular os herbívoros e os suínos, que são as principais fontes de infecção aos seres humanos. • A brucelose equina foi relatada no final da I Guerra Mundial, quando Fontaine e Lütje (1919) verificaram um grande número de cavalos do exército alemão com processo inflamatório supurativo na nuca e região da cernelha, e os animais apresentaram reação positiva para a prova de fixação do complemento. • Em 1928, Rinjard e Hilger observaram fatos semelhantes na França, com isolamento positivo do agente a partir das lesões fistulosas da cernelha. • Na Holanda, em 1930, de 560 animais sadios 8 apresentaram títulos significantes de anticorpos antibrucélicos; outros 62 animais, com sinais de mal de cernelha, lesão ou inchaço na nuca, bursite pré-esternal e tarsite; 56 foram sorologicamente positivos; e 30, com isolamento positivo do agente B. abortus Doenças bacterianas em equídeos • Gênero Brucella: era constituído pelas espécies B. abortus, B. melitensis, B. ovis, B. suis, B. canis e B. neotomae. • Dentro de cada espécie foram identificadas múltiplas variantes (biovares) ou estirpes. A B. melitensis era subdivida em 3 biovares, B.abortus em 7 biovares e a B. suis em 5 biovares. • Com o advento da técnica de hibridização do DNA, foi proposta a criação de uma única espécie, a Brucella melitensis, e todos os organismos anteriormente descritos são biovares ou variantes da B. melitensis. • Os nomes convencionais ainda são utilizados na literatura atual, e muitos autores os utilizam em seus textos. Doenças bacterianas em equídeos • As manifestações clínicas da brucelose em equinos diferem em vários aspectos: no início, são observadas apatia e fraqueza geral, embora o animal permaneça em boas condições físicas e mantendo o apetite. Esta situação pode persistir por dois meses ou mais. • Algumas vezes podem surgir lesões de localização múltipla, ou surgindo uma após outra, mantendo pequenos intervalos de tempo. • Pode apresentar processos inflamatórios nos ossos e nas articulações, como artrite, laminite, tenossinovite, bursite e osteomielite, com a ocorrência de edema pronunciado nas articulações e manifestação dolorosa. • Um dos sinais característicos é o mal da cruz ou mal da cernelha. A parede interna da bursa encontra-se inflamada e alterada pela proliferação excessiva de tecidos de granulação, com produção profusa de exsudatos. Volumosos higromas são formados, contendo líquido sorofibrinoso, que coagula e apresenta material necrótico e tecido tendinoso e ósseo adjacente em suspensão. Doenças bacterianas em equídeos • A principal porta de entrada do agente (B. abortus e B. suis) no equino, muito provavelmente é o trato digestivo. • Em infecção experimental do cavalo, por via oral, verificou-se altas concentrações de anticorpos antibrucélicos, assim como uma intensa bacteremia. • Não se conhece a transmissão da doença de cavalo a cavalo, mas pode ser transmitida do cavalo ao homem. • Em cavalos criados em co-habitação com bovinos em áreas de elevada taxa de infecção da brucelose é comum encontrar equinos com níveis elevados de títulos aglutinantes. Doenças bacterianas em equídeos Co-habitação com outras espécies suscetíveis à brucelose (B. abortus e B. suis) Doenças bacterianas em equídeos • Diagnóstico: • Em culturas de amostras de sangue ou da medula óssea pode-se isolar o agente, especialmente durante a fase aguda da doença. • Demonstração da conversão sorológica (aumento de quatro vezes no título de anticorpos) nas amostras de soro colhidas com 2-3 semanas de intervalo significa diagnóstico positivo para brucelose. • Podem ser empregados os testes de fixação do complemento, ELISA, teste de Rosa-Bengala, teste de aglutinação em placa com antígeno tamponado e ELISA de competição. Doenças bacterianas em equídeos • O tratamento do mal da cernelha com antimicrobianos usualmente é demorado e de resultado duvidoso. • As lesões, quando abertas, podem constituir-se na via de eliminação do agente e, por conseguinte, aumenta a carga contaminante no ambiente de criação. • Não existem vacinas para uso em equinos. A vacina B19 foi utilizada em equinos, no entanto, não existem dados sobre a sua eficácia. Doenças bacterianas em equídeos • Recomendação: sacrifício das fontes de infecção. • Legislação: nada consta em relação à brucelose em equinos, nem mesmo para os animais destinados ao abate e destinados à exportação. Basahi, sashimi de carne de cavalo, considerada uma iguaria no Japão Doenças bacterianas em equídeos • Mormo ou Lamparão: doença infecciosa causada pela bactéria Burkholderia mallei, que acomete principalmente os equinos, mas pode infectar também os muares e asininos, bem como outros mamíferos, tais como cães, gatos e cabras. • Considerada durante séculos como problema mundial em equídeos, a doença é endêmica em parte do Oriente Médio, Ásia, África e América do Sul. • Entre 1998-2007, casos da doença foram registrados na Turquia, antiga União Soviética, Eritréia, Etiópia, Irã, Iraque, Emirados Árabes Unidos, Mongólia e Brasil. Doenças bacterianas em equídeos • A doença foi observada na década de 1950, com um surto relatado na região de Campos (RJ). No mesmo período foram registrados outros dois surtos: um no Rio de Janeiro, em 1967, e outro em Pernambuco, no município de São Lourenço da Mata, em 1968. • Após esses relatos, oficialmente não foram registrados novos casos de mormo no Brasil por cerca de 30 anos. Porém, casos continuaram ocorrendo esporadicamente nas propriedades produtoras de cana-de-açúcar na Zona da Mata de Alagoas e Pernambuco. • A doença foi notificada em São José dos Pinhais (PR) e Indaial (SC) em eqüinos procedentes do Estado da Paraíba, em 2004, em São Bernardo do Campo , em 2008 e em Brasília, DF, em 2010. Doenças bacterianas em equídeos • Mormo ou “Tuberculose dos cavalos”: • A doença manifesta-se sob as formas nasal, pulmonar e cutânea. • Pode provocar nódulos e ulcerações no trato respiratório superior e pulmões e ataca também o sistema linfático, com a formação de abscessos nos linfonodos. • Os animais doentes apresentam febre, corrimento nasal mucopurulento, dificuldade respiratória, nódulos no trajeto dos vasos linfáticos, úlceras e escaras e debilitação geral. • A transmissão se dá por meio do contato com as secreções e excreções de doentes, especialmente a secreção nasal e o pus dos abscessos, que contaminam o ambiente e, principalmente, comedouros e bebedouros. Doenças bacterianas em equídeos • Diagnóstico clínico diferencial: • Garrotilho (Streptococcus equi) • Linfangite ulcerativa (Corynebacterium pseudotuberculosis) • Pseudotueberculose (Yersinia pseudotuberculosis) • Esporotricose (Sporotrichium spp) • Linfangite epizoótica (Histoplasma farciminosum) • No Homem: • Semelhança com a Melioidose ( Burkholderia pseudomallei) Doenças bacterianas em equídeos Agente: Burkholderia mallei (Pseudomonas mallei, Pfeifferella, Loefflerella, Malleomyces, Actinobacillus) Diagnóstico: Cultura bacteriana, bastonete Gram negativo, não esporulado e não encapsulado, o agente cresce em ambiente aeróbico e contento glicerina, não móvel. Inoculação via IP em cobaios machos, hamsters e gatos (peritonite e orquite – reação de Strauss) Mabs específicos, PCR e Real time PCR (em estudo) Teste cutâneo: Teste de maleína-PPD (1-2 dias) Teste sorológico: ELISA e Fixação do complemento Teste de aglutinação em placa de Rosa bengala: somente na Rússia Profilaxia: não existe vacina Doenças bacterianas em equídeos • Transmissão do Mormo: Fonte de infecção Vias de eliminação Secreções Excreções Vias de transmissão Suscetível Porta de entrada Água, e solo contaminados poeiras e aerossóis carcaças animais, fômites, etc. Cortes ou abrasões da pele Mucosa ocular Mucosa nasal Inalação aerossóis Trato digestivo, via ingestão de carne contaminada, etc. Carnívoros: podem ser infectados ao se alimentarem de carcaças de animais mortos pela doença Humanos: adquirem a infecção por meio de contato direto com a fonte de infecção (animal infectado) ou indiretamente por meio de fômites Doenças bacterianas em equídeos • A profilaxia do mormo baseia-se no isolamento da área onde existirem animais doentes, sacrifício dos animais positivos às provas de diagnóstico, isolamento e reteste dos suspeitos, cremação dos cadáveres no próprio local, desinfecção das instalações e de todo material que esteve em contato com doentes, suas excreções ou secreções. • O tratamento não é indicado pois os animais se tornam portadores crônicos e fontes de infecção para outros animais. Doenças bacterianas em equídeos • Legislação específica do MAPA, para o trânsito interestadual, participação em feiras e eventos esportivos. • Legislação internacional (OIE), tráfico internacional de animais e participações em Olimpíadas e provas equestres. • B. mallei é um agente potencial como arma biológica e instrumento de terrorismo biológico. Foi utilizado na I Guerra Mundial e na II Guerra Mundial e na década de 1980, contra os mujahideens, no Afeganistão. Doenças bacterianas em equídeos • Melioidose • Histórico: em 1911, Alfred Whitmore e C. S. Krishnaswami identificaram uma bactéria semelhante ao agente do Mormo, de um paciente em Rangoon, Mianmar. Atualmente o agente foi denominado Bacillus pseudomallei. • A doença melioidose, porém, só foi descrita na década de 1930, por Stanton e Fletcher. • Durante a guerra do Vietnã, muitos soldados contraíram a forma crônica da melioidose, e a doença foi apelidada de “bomba relógio vietnamita”. • Na década de 1970, a melioidose causou a morte de vários mamíferos no zoológico de Paris e o caso foi relacionado a um panda doado do zoológico de Mao Zedong. Doenças bacterianas em equídeos • Melioidose: Burkholderia pseudomallei • Distribuição geogáfica: • Melioidose é endêmica no Sudeste asiático, como no Vietnã, Camboja, Laos, Tailândia, Malásia, Mianmar (Burma), e na Austrália. Também foi notificada no Pacífico Sul, África, Índia, e Oriente Médio. • Poucos casos isolados no México, Panamá, Equador, Haiti, Brasil, Peru, e Guyana, e nos estados de Havaí e Georgia. • Nordeste da Tailândia: 21,3 casos/100.000/ ano, 80% de crianças com idade de 4 anos apresentaram anticorpos contra B. pseudomallei Doenças bacterianas em equídeos • Agente: encontrado na água e no solo lamacento (saprozoonose) • Doença sazonal: temperatura elevada pluviosidade • Melioidose: forma aguda • forma crônica e Doenças bacterianas em equídeos • Além de humanos, muitas espécies animais são suscetíveis à melioidose, como os ovinos, caprinos, equinos, suínos, bovinos, caninos e felinos. • A transmissão ocorre pelo contato com o solo e água contaminados. No Sudeste asiático o microrganismo tem sido isolado de campos de agricultura, com infecção sendo frequente nas épocas chuvosas. • Seres humanos e animais parecem adquirir a infecção pela inalação de poeiras, ingestão de água contaminada e contato com o solo contaminado, especialmente por meio de abrasões da pele, e em soldados, pela contaminação da ferida. • Melioidose pode ser transmitida de pessoa a pessoa, pelo contato com o sangue e fluídos corporais. Foi relatada a transmissão sexual, de um homem apresentando prostatite crônica devido à melioidose. Doenças bacterianas em equídeos • Diagnóstico: melioidose é diagnosticada pela cultura do agente Burkholderia pseudomallei em amostras de sangue, urina, sputum, ou de lesões da pele. • • Detecção de anticorpos contra a bactéria no soro também possibilita o diagnóstico. • Outros meios diagnósticos: raio-X para detectar a mieloidose pulmnar ou tomografia computadorizada para o detectar a presença de abscessos no fígado e baço. Doenças bacterianas em equídeos • A doença melioidose pode ser dividida em 4 principais categorias: (1) aguda ou infecção localizada, (2) infecção pulmonar aguda, (3) infecção sistêmica aguda, e (4) infecção crônica supurativa. Infecções inaparentes são também possíveis. O período de incubação pode variar de 2 dias a vários anos. • Aguda, infecção localizada: esta forma de infecção começa com a bactéria penetrando através de uma ferida ou abrasão da pele. O agente inicia a infecção, que causa ulceração da pele e pode causar o aumento de nódulos linfáticos. A forma aguda provoca o aparecimento da febre e dores musculares generalizadas e o agente pode atingir rapidamentre a corrente sanguínea. • Infecção pulmonar: nesta forma, a bactéria infecta os pulmões e os brônquios. Pode provocar uma ligeira bronquiteou uma pneumonia grave. O início da melioidose pulmonar é acompanhada por uma febre elevada, cefaléia, anorexia e mialgia. Dores no peito, com tosse produtiva ou não produtiva com sputum normal. Pode aparecer abscessos nos pulmões e líquido no saco pleural. • Infecção sistêmica aguda: pacientes apresentando doença tais como , HIV, falha renal, e diabetessão afetados por esta forma de melioidose, que normalmente leva ao choque séptico. Os sintomas da infecção sistêmica variam ependendo do porta de entrada do agente, mas geralmente incluem dificuldade respiratória, cefaléia grave, febre , diarréia, com desenvolvimento de feridas na pele repletas de pús. Abscessos aparecem em todo o corpo. • Infecção crônica supurativa: melioidosis crônica atinge os órgãos do corpo, incluindo articulações, vísceras, nódulos linfáticos, pele, cérebro, fígado, pulmões, ossos e o baço. Doenças bacterianas em equídeos A melioidose em cavalos raramente causa uma doença séria. Exposição ao solo e águas recreacionais ou em atividades ocupacionais, como em plantações de arroz, piscicultura, criação de patos e marrecos, constituem os fatores de risco em regiões endêmicas. Doenças bacterianas em equídeos • O Nordeste brasileiro é propício em razão de períodos de seca prolongada seguidos de chuvas torrenciais, criando aluvião de lama que traz as bactérias à tona, contaminando o solo e a água. • Dez vítimas do tsunami de 2004, em Banda Aceh, desenvolveram melioidose após contaminação dos ferimentos com água do mar infectada pela B. pseudomallei. Doenças bacterianas em equídeos Búfalos, crocodilos e jacarés, mesmo vivendo em águas estagnadas, são resistentes à Melioidose Doenças bacterianas em equídeos • • No Brasil: Em fevereiro de 2003 ocorreu um surto de melioidose em São Gonçalo , zona rural do município de Tejuçuoca, Ceará. Quatro adolescentes apresentaram forma severa da doença, dos quais três foram a óbito. O quadro clínico foi de pneumonia fulminante e sepse. • Em janeiro de 2004 ocorreu um novo caso no município cearense de Banabuiú,diagnosticado em uma paciente de 39 anos, com quadro de abscesso em região genital e sepse que evoluiu para óbito. • Em maio de 2005, outro caso de melioidose ocorreu no Ceará, no município de Araçoiaba. Um paciente de 30 anos contraiu a doença após contato com água de um rio, depois de sofrer um acidente automobilístico. • A doença, apesar de ocorrer em região tropical e ser relatada em alguns países da América Central e América do Sul, até 2003 não era descrita no Brasil. Doenças bacterianas em equídeos • Prevenção: limpeza dos ferimentos, abrasões de pele ou outras feridas abertas, • Evitar o contato com água estagnada ou solos lamacentos nas regiões onde a doença é endêmica, • Não compartilhar agulhas entre os usuários de drogas injetáveis. • Uso de botas e vestimentas adequadas em serviços de agricultura ou em ambientes de criação animal, proteger as regiões descobertas, como as mãos e os pés. • A água para o consumo humano e animal deve merecer proteção e desinfecção regular. • Proporcionar destino adequado dos dejetos animais e humanos. • Não existe vacina para a melioidose. Doenças bacterianas em equídeos • Tétano: causada pela bactéria Clostridium tetani, presente no solo rico em matéria orgânica (dejetos animais). Seres humanos e cavalos são particularmente suscetíveis a este agente telúrico, que provoca o aparecimento de espasmos musculares tônicos e hiperexcitabilidade reflexa. • Porta de entrada: ferida cortante e penetrante, cordão umbilical, trato intestinal. Os esporos do bacilo tetânico são freqüentes nas fezes de animais, principalmente de eqüinos, e em cerca de 40% das amostras de solos. • Bactéria anaeróbia, produz uma potente neurotoxina, que é a responsável pelos sinais clássicos do tétano. Doenças bacterianas em equídeos • Quando a bactéria alcança um ambiente anaeróbico, os esporos germinam e a sua forma vegetativa produz três exotoxinas: a tetanolisina, a tetanospasmina e a toxina não espasmogênica. • A tetanolisina provoca a necrose dos tecidos, intensificando a esporulação e a propagação da infecção. • A tetanospasmina é uma lipoproteína que se propaga por via sanguínea e atinge o sistema nervoso central. • A toxina não espasmogênica provavelmente causa estímulo do sistema nervoso simpático. Doenças bacterianas em equídeos Sinais clínicos: • • • • • • • • • • Andar rígido. Rigidez muscular generalizada nos músculos de sustentação, o que leva a uma postura típica de “cavalete”. Opistótono. Trismo (“mandíbula travada”). Prolapso da terceira pálpebra. Hiperestesia (sinais de espasmos musculares podem ser exacerbados por ruído, luz ou estímulo táctil súbito). Febre e sudorese intensa. Disfagia, sialorréia e pneumonias aspirativas. Hipóxia por comprometimento dos músculos respiratórios, pode evoluir para paradas respiratórias. Doenças bacterianas em equídeos • TRATAMENTO - O tratamento é difícil e problemático. • Limpar as feridas, lavá-las com água oxigenada e aplicar anti-séptico adequado; • Aplicação de Soro Anti-tetânico em doses maciças, acima de 100 000 unidades, por via endovenosa e repitilas quando necessário. • Normalmente a doença se manifesta após a cicatrização das feridas, as toxinas agem tardiamente na infecção. Ferimento em cerca Fonte: http://www.amomeucavalo.com.br/wp-content/uploads/2010/08/02.jpg Doenças bacterianas em equídeos • Vacinação: duas aplicações (dose e reforço) com 4 semanas de intervalo, seguida de vacinação anual de reforço. • Evitar ambientes com potencial de risco. • Limitar ao máximo a contaminação fecal. • Limpar ferimentos e administrar toxóide tetânico se o animal não tiver sido vacinado nos últimos 6 meses. • Em ferimentos infeccionados, realizar drenagem mantendo-os abertos. • Doenças bacterianas em equídeos Doença Etiologia Transmissão Reservatório Material para diagnóstico Teste diagnóstico Prevenção Febre maculosa Rickettsia rickettsii Vetorial (carrapatos) Animal infectado Soro IFI, ELISA, PCR Não há vacina Mormo Burkholderia mallei Direta Animal infectado Sangue, Soro Cultura, FC Teste cutâneo com maleína, ELISA, PCR Não há vacina Melioidose Burkholderia pseudomallei Direta Animal infectado Água e solo contaminados (senso amplo) “Reservaria” Sangue, Soro Cultuta, FC, ELISA, Hemaglutinaç ão PCR Não há vacina Brucelose Brucella mellitensis (B. abotus e B. suis) Direta Animal infectado Solo contaminado (senso amplo) “Reservaria” soro Aglutinação, ELISA, PCR Não há vacina Tétano Clostridium tetani Direta Solo com esporos (senso amplo) “Reservaria” ... Diagnóstico clínico Vacina toxoide tetânica, imunoglobulina antitetanospasmina Quadro III. Características de algumas zoonoses em equinos