Doenças bacterianas em equídeos - Secretaria de Estado da Saúde

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Doenças bacterianas em equídeos
Fumio Honma Ito
FMVZ-USP
[email protected]
Dia Mundial da Raiva
Águas de Lindóia
27-30 de setembro de 2011
Doenças bacterianas em equídeos
Continente
Equinos
Asininos
Muares
Total equídeos
África
4.519.216
18.559.137
1.060.913
24.139.266
Américas
33.594.119
7.161.527
6.318.150
47.073.796
Ásia
13.870.140
17.129.456
3.604.713
34.604.309
Europa
6.374.740
637.557
222.898
7.235.195
Oceania
411.956
9.000
-----
420.956
Quadro I. População mundial de equinos, asininos e muares (cabeças)
Food and Agricultural Organization-FAO. Available at:
http://www.faostat.fao.org/site/573/DesktopDefault.aspx?PageID=573#ancor. Access: 09/09/2011
Doenças bacterianas em equídeos
Continente/país
Equinos/cabeças
Posição mundial
Estados Unidos
9.500.000
1
China
6.823.465
2
México
6.350.000
3
Brasil
5.650.000
4
São Paulo
380.333 (IBGE,2009)
Argentina
3.680.000
5
Quadro II. Classificação mundial do efetivo equino
Food and Agricultural Organization-FAO. Available at: http://www.faostat.fao.org/site/573/DesktopDefault.aspx?PageID=573#ancor. Access: 09/09/2011
Doenças bacterianas em equídeos
População equinos por
Estado
População bovinos por
Estado
População equinos por
município
População bovinos
por município
(1) Minas Gerais
800.108
(1) Mato Grosso do Sul
27.357.089
(1) Corumbá (MS)
30.032
(1) Corumbá (MS)
1.973.275
(2) Bahia
598.326
(2) Minas Gerais
22.469.791
(2) Feira de Santana (BA)
17.180
(2) São Félix do Xingú (PA)
1.912.009
(3) Rio Grande do Sul
452.965
(3) Mato Grosso
22.325.663
(3) Santana do
Livramento (RGS)
17.045
(3) Ribas do Rio Pardo (MS)
1.161.329
(4) Goiás
438.390
(4) Goiás
20.894.943
(4) Alegrete (RS)
16.725
(4) Juara (MT)
907.403
(5) São Paulo
380.333
(5) Pará
16.856.561
(5) São Félix do Xingu
(PA)
15.789
(5) Porto Murtinho (MS)
821.179
Quadro I. Comparação do efetivo equino e bovino entre cinco estados e municípios mais populosos do Brasil
A primeira leva de cavalos foi introduzida no Brasil em 1534, em Vila de São Vicente
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• Febre maculosa
• Brucelose
• Mormo ou Lamparão
• Melioidose
• Tétano
Doenças bacterianas em equídeos
Febre maculosa:
Como zoonose de importância em saúde pública, as descrições
sobre a doença no homem são vastas na literatura, porém, em
animais as informações
se resumem a poucos casos de
inoculações experimentais e rara em relação aos eqüinos, que são
considerados reservatórios ou animais amplificadores da R.
Rickettsii. No site da OIE, nada consta sobre a febre maculosa.
: Casos humanos
Fonte: www.saude.gov.br/svs
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•
Febre maculosa: causada pela bactéria Rickettsia rickettsii, agente veiculado por
artrópodes vetores que acomete várias espécies de animais domésticos, silvestres e
o ser humano.
•
Histórico: no estado norte-americano de Idaho, no vale do Rio Snake, foi descrito,
em 1896, o “sarampo negro” (“black measles”). Howard T. Ricketts identificou o
agente causador desta condição patológica, uma pequena bactéria, que mais tarde
recebeu a denominação de Rickettsia rickettsii.
•
A febre maculosa brasileira (febre de São Paulo ou tifo exantemático) é transmitida
pelos carrapatos da família Ixodidae, gênero Amblyomma, sendo o mais importante
o A. Cajennense.
•
Na Capital paulista, a doença foi descrita na década de 1920, na região onde
atualmente estão os bairros de Sumaré, Perdizes e adjacências. Mais tarde a
enfermidade foi descrita na Grande São Paulo, em cidades como Mogi das Cruzes, e
no bairro de Santo Amaro na Capital.
•
Mais recentemente, em alguns municípios do Interior de São Paulo, como
Campinas, Pedreira, Jaguariúna e Santo Antonio de Posse, envolvendo as bacias
dos rios Atibaia e Jaguari. Os casos se expandiram para outros municípios do
Estado, como os de Piracicaba e Araras.
•
Doenças bacterianas em equídeos
Os animais são assintomáticos (portadores) e atuam como reservatórios do
agente.
Testes sorológicos são utilizados para a confirmação da infecção pela R.
rickettsii, sendo a técnica de imunofluorescência indireta considerada como de
referência padrão-ouro. Essa técnica pode ser utilizada para detectar as
imunoglobulinas de classe IgG ou IgM.
Amostras para diagnóstico e técnica laboratorial:
sangue e coágulo de sangue: isolamento e PCR
soro: imunogluorescência indireta - IFI
tecidos: imunoistoquímica
carrapatos: identificação e IFI e isolamento
Doenças bacterianas em equídeos
Aumento da população humana no mundo!
Cada vez mais turistas procuram o paraíso tropical: preparativos para a Copa de 2014 e Olimpíadas 2016?
Em 2020: 9,3 bilhões???
Contato com animais e seus vetores,
problemas do meio ambiente, defesa sanitária e saúde pública?
Doenças bacterianas em equídeos
Vetores, hospedeiros, reservatórios
?
Fonte de infecção
Diagnóstico
Tratamento
Fonte: www.saude.gov.br/svs
Vias de transmissão
Controle carrapatos
suscetível
Medidas de proteção
Doenças bacterianas em equídeos
•
A brucelose é uma doença infecciosa dos animais, amplamente distribuída
no mundo, acometendo em particular os herbívoros e os suínos, que são
as principais fontes de infecção aos seres humanos.
•
A brucelose equina foi relatada no final da I Guerra Mundial, quando
Fontaine e Lütje (1919) verificaram um grande número de cavalos do
exército alemão com processo inflamatório supurativo na nuca e região da
cernelha, e os animais apresentaram reação positiva para a prova de
fixação do complemento.
•
Em 1928, Rinjard e Hilger observaram fatos semelhantes na França, com
isolamento positivo do agente a partir das lesões fistulosas da cernelha.
•
Na Holanda, em 1930, de 560 animais sadios 8 apresentaram títulos
significantes de anticorpos antibrucélicos; outros 62 animais, com sinais de
mal de cernelha, lesão ou inchaço na nuca, bursite pré-esternal e tarsite; 56
foram sorologicamente positivos; e 30, com isolamento positivo do agente
B. abortus
Doenças bacterianas em equídeos
• Gênero Brucella: era constituído pelas espécies B. abortus, B.
melitensis, B. ovis, B. suis, B. canis e B. neotomae.
•
Dentro de cada espécie foram identificadas múltiplas variantes
(biovares) ou estirpes. A B. melitensis era subdivida em 3 biovares,
B.abortus em 7 biovares e a B. suis em 5 biovares.
• Com o advento da técnica de hibridização do DNA, foi proposta a
criação de uma única espécie, a Brucella melitensis, e todos os
organismos anteriormente descritos são biovares ou variantes da B.
melitensis.
•
Os nomes convencionais ainda são utilizados na literatura atual, e
muitos autores os utilizam em seus textos.
Doenças bacterianas em equídeos
•
As manifestações clínicas da brucelose em equinos diferem em vários
aspectos: no início, são observadas apatia e fraqueza geral, embora o
animal permaneça em boas condições físicas e mantendo o apetite. Esta
situação pode persistir por dois meses ou mais.
•
Algumas vezes podem surgir lesões de localização múltipla, ou surgindo
uma após outra, mantendo pequenos intervalos de tempo.
•
Pode apresentar processos inflamatórios nos ossos e nas articulações,
como artrite, laminite, tenossinovite, bursite e osteomielite, com a
ocorrência de edema pronunciado nas articulações e manifestação
dolorosa.
•
Um dos sinais característicos é o mal da cruz ou mal da cernelha. A parede
interna da bursa encontra-se inflamada e alterada pela proliferação
excessiva de tecidos de granulação, com produção profusa de exsudatos.
Volumosos higromas são formados, contendo líquido sorofibrinoso, que
coagula e apresenta material necrótico e tecido tendinoso e ósseo
adjacente em suspensão.
Doenças bacterianas em equídeos
•
A principal porta de entrada do agente (B. abortus e B. suis) no equino,
muito provavelmente é o trato digestivo.
•
Em infecção experimental do cavalo, por via oral, verificou-se altas
concentrações de anticorpos antibrucélicos, assim como uma intensa
bacteremia.
•
Não se conhece a transmissão da doença de cavalo a cavalo, mas pode
ser transmitida do cavalo ao homem.
•
Em cavalos criados em co-habitação com bovinos em áreas de elevada
taxa de infecção da brucelose é comum encontrar equinos com níveis
elevados de títulos aglutinantes.
Doenças bacterianas em equídeos
Co-habitação com outras espécies suscetíveis à brucelose (B. abortus e B. suis)
Doenças bacterianas em equídeos
• Diagnóstico:
• Em culturas de amostras de sangue ou da medula óssea pode-se
isolar o agente, especialmente durante a fase aguda da doença.
• Demonstração da conversão sorológica (aumento de quatro vezes
no título de anticorpos) nas amostras de soro colhidas com 2-3
semanas de intervalo significa diagnóstico positivo para brucelose.
• Podem ser empregados os testes de fixação do complemento,
ELISA, teste de Rosa-Bengala, teste de aglutinação em placa com
antígeno tamponado e ELISA de competição.
Doenças bacterianas em equídeos
• O tratamento do mal da cernelha com antimicrobianos
usualmente é demorado e de resultado duvidoso.
• As lesões, quando abertas, podem constituir-se na via
de eliminação do agente e, por conseguinte, aumenta a
carga contaminante no ambiente de criação.
• Não existem vacinas para uso em equinos. A
vacina
B19 foi utilizada em equinos, no entanto, não existem
dados sobre a sua eficácia.
Doenças bacterianas em equídeos
• Recomendação: sacrifício das fontes de infecção.
• Legislação: nada consta em relação à brucelose em equinos, nem
mesmo para os animais destinados ao abate e destinados à
exportação.
Basahi, sashimi de carne de cavalo, considerada uma iguaria no Japão
Doenças bacterianas em equídeos
• Mormo ou Lamparão: doença infecciosa causada pela bactéria
Burkholderia mallei, que acomete principalmente os equinos, mas
pode infectar também os muares e asininos, bem como outros
mamíferos, tais como cães, gatos e cabras.
• Considerada durante séculos como problema mundial em equídeos,
a doença é endêmica em parte do Oriente Médio, Ásia, África e
América do Sul.
• Entre 1998-2007, casos da doença foram registrados na Turquia,
antiga União Soviética, Eritréia, Etiópia, Irã, Iraque, Emirados
Árabes Unidos, Mongólia e Brasil.
Doenças bacterianas em equídeos
• A doença foi observada na década de 1950, com um surto relatado
na região de Campos (RJ). No mesmo período foram registrados
outros dois surtos: um no Rio de Janeiro, em 1967, e outro em
Pernambuco, no município de São Lourenço da Mata, em 1968.
•
Após esses relatos, oficialmente não foram registrados novos
casos de mormo no Brasil por cerca de 30 anos. Porém, casos
continuaram ocorrendo esporadicamente nas propriedades
produtoras de cana-de-açúcar na Zona da Mata de Alagoas e
Pernambuco.
• A doença foi notificada em São José dos Pinhais (PR) e Indaial
(SC) em eqüinos procedentes do Estado da Paraíba, em 2004, em
São Bernardo do Campo , em 2008 e em Brasília, DF, em 2010.
Doenças bacterianas em equídeos
• Mormo ou “Tuberculose dos cavalos”:
•
A doença manifesta-se sob as formas nasal, pulmonar e cutânea.
•
Pode provocar nódulos e ulcerações no trato respiratório superior e
pulmões e ataca também o sistema linfático, com a formação de abscessos
nos linfonodos.
•
Os animais doentes apresentam febre, corrimento nasal mucopurulento,
dificuldade respiratória, nódulos no trajeto dos vasos linfáticos, úlceras e
escaras e debilitação geral.
•
A transmissão se dá por meio do contato com as secreções e excreções de
doentes, especialmente a secreção nasal e o pus dos abscessos, que
contaminam o ambiente e, principalmente, comedouros e bebedouros.
Doenças bacterianas em equídeos
• Diagnóstico clínico diferencial:
• Garrotilho (Streptococcus equi)
• Linfangite ulcerativa (Corynebacterium
pseudotuberculosis)
• Pseudotueberculose (Yersinia pseudotuberculosis)
• Esporotricose (Sporotrichium spp)
• Linfangite epizoótica (Histoplasma farciminosum)
• No Homem:
• Semelhança com a Melioidose ( Burkholderia
pseudomallei)
Doenças bacterianas em equídeos
Agente: Burkholderia mallei (Pseudomonas mallei, Pfeifferella, Loefflerella, Malleomyces, Actinobacillus)
Diagnóstico: Cultura bacteriana, bastonete Gram negativo, não esporulado e
não encapsulado, o agente cresce em ambiente aeróbico e contento
glicerina, não móvel.
Inoculação via IP em cobaios machos, hamsters e gatos (peritonite e orquite
– reação de Strauss)
Mabs específicos, PCR e Real time PCR (em estudo)
Teste cutâneo: Teste de maleína-PPD (1-2 dias)
Teste sorológico: ELISA e Fixação do complemento
Teste de aglutinação em placa de Rosa bengala: somente na Rússia
Profilaxia: não existe vacina
Doenças bacterianas em equídeos
• Transmissão do Mormo:
Fonte de infecção
Vias de eliminação
Secreções
Excreções
Vias de transmissão
Suscetível
Porta de entrada
Água, e solo contaminados
poeiras e aerossóis
carcaças animais, fômites,
etc.
Cortes ou abrasões da pele
Mucosa ocular
Mucosa nasal
Inalação aerossóis
Trato digestivo, via ingestão de carne
contaminada, etc.
Carnívoros: podem ser infectados ao se alimentarem de carcaças de animais mortos pela doença
Humanos: adquirem a infecção por meio de contato direto com a fonte de infecção (animal infectado) ou
indiretamente por meio de fômites
Doenças bacterianas em equídeos
• A profilaxia do mormo baseia-se no isolamento
da área onde existirem animais doentes,
sacrifício dos animais positivos às provas de
diagnóstico, isolamento e reteste dos suspeitos,
cremação dos cadáveres no próprio local,
desinfecção das instalações e de todo material
que esteve em contato com doentes, suas
excreções ou secreções.
• O tratamento não é indicado pois os animais se
tornam portadores crônicos e fontes de infecção
para outros animais.
Doenças bacterianas em equídeos
• Legislação específica do MAPA, para o trânsito interestadual,
participação em feiras e eventos esportivos.
• Legislação internacional (OIE), tráfico internacional de animais e
participações em Olimpíadas e provas equestres.
• B. mallei é um agente potencial como arma biológica e instrumento
de terrorismo biológico. Foi utilizado na I Guerra Mundial e na II
Guerra Mundial e na década de 1980, contra os mujahideens, no
Afeganistão.
Doenças bacterianas em equídeos
• Melioidose
• Histórico: em 1911, Alfred Whitmore e
C. S. Krishnaswami
identificaram uma bactéria semelhante ao agente do Mormo, de um
paciente em Rangoon, Mianmar. Atualmente o agente foi denominado
Bacillus pseudomallei.
• A doença melioidose, porém, só foi descrita na década de 1930, por
Stanton e Fletcher.
• Durante a guerra do Vietnã, muitos soldados contraíram a forma
crônica da melioidose, e a doença foi apelidada de “bomba relógio
vietnamita”.
• Na década de 1970, a melioidose causou a morte de vários
mamíferos no zoológico de Paris e o caso foi relacionado a um panda
doado do zoológico de Mao Zedong.
Doenças bacterianas em equídeos
• Melioidose: Burkholderia pseudomallei
•
Distribuição geogáfica:
•
Melioidose é endêmica no Sudeste asiático, como no Vietnã, Camboja,
Laos, Tailândia, Malásia, Mianmar (Burma), e na Austrália. Também foi
notificada no Pacífico Sul, África, Índia, e Oriente Médio.
•
Poucos casos isolados no México, Panamá, Equador, Haiti, Brasil, Peru, e
Guyana, e nos estados de Havaí e Georgia.
•
Nordeste da Tailândia: 21,3 casos/100.000/ ano, 80% de crianças com
idade de 4 anos apresentaram anticorpos contra B. pseudomallei
Doenças bacterianas em equídeos
• Agente: encontrado na água e no solo
lamacento (saprozoonose)
• Doença
sazonal:
temperatura elevada
pluviosidade
• Melioidose: forma aguda
•
forma crônica
e
Doenças bacterianas em equídeos
• Além de humanos, muitas espécies animais são suscetíveis à
melioidose, como os ovinos, caprinos, equinos, suínos, bovinos,
caninos e felinos.
• A transmissão ocorre pelo contato com o solo e água
contaminados. No Sudeste asiático o microrganismo tem sido
isolado de campos de agricultura, com infecção sendo frequente
nas épocas chuvosas.
• Seres humanos e animais parecem adquirir a infecção pela
inalação de poeiras, ingestão de água contaminada e contato com o
solo contaminado, especialmente por meio de abrasões da pele, e
em soldados, pela contaminação da ferida.
• Melioidose pode ser transmitida de pessoa a pessoa, pelo contato
com o sangue e fluídos corporais. Foi relatada a transmissão
sexual, de um homem apresentando prostatite crônica devido à
melioidose.
Doenças bacterianas em equídeos
• Diagnóstico: melioidose é diagnosticada pela cultura do
agente Burkholderia pseudomallei em amostras de
sangue, urina, sputum, ou de lesões da pele.
•
• Detecção de anticorpos contra a bactéria no soro
também possibilita o diagnóstico.
• Outros meios diagnósticos: raio-X para detectar a
mieloidose pulmnar ou tomografia computadorizada
para o detectar a presença de abscessos no fígado e
baço.
Doenças bacterianas em equídeos
•
A doença melioidose pode ser dividida em 4 principais categorias: (1) aguda ou
infecção localizada, (2) infecção pulmonar aguda, (3) infecção sistêmica aguda, e (4)
infecção crônica supurativa. Infecções inaparentes são também possíveis. O período
de incubação pode variar de 2 dias a vários anos.
•
Aguda, infecção localizada: esta forma de infecção começa com a bactéria
penetrando através de uma ferida ou abrasão da pele. O agente inicia a infecção,
que causa ulceração da pele e pode causar o aumento de nódulos linfáticos. A forma
aguda provoca o aparecimento da febre e dores musculares generalizadas e o
agente pode atingir rapidamentre a corrente sanguínea.
•
Infecção pulmonar: nesta forma, a bactéria infecta os pulmões e os brônquios.
Pode provocar uma ligeira bronquiteou uma pneumonia grave. O início da melioidose
pulmonar é acompanhada por uma febre elevada, cefaléia, anorexia e mialgia. Dores
no peito, com tosse produtiva ou não produtiva com sputum normal. Pode aparecer
abscessos nos pulmões e líquido no saco pleural.
•
Infecção sistêmica aguda: pacientes apresentando doença tais como , HIV, falha
renal, e diabetessão afetados por esta forma de melioidose, que normalmente leva
ao choque séptico. Os sintomas da infecção sistêmica variam ependendo do porta
de entrada do agente, mas geralmente incluem dificuldade respiratória, cefaléia
grave, febre , diarréia, com desenvolvimento de feridas na pele repletas de pús.
Abscessos aparecem em todo o corpo.
•
Infecção crônica supurativa: melioidosis crônica atinge os órgãos do corpo,
incluindo articulações, vísceras, nódulos linfáticos, pele, cérebro, fígado, pulmões,
ossos e o baço.
Doenças bacterianas em equídeos
A melioidose em cavalos raramente causa uma doença séria.
Exposição ao solo e águas recreacionais ou em atividades ocupacionais,
como em plantações de arroz, piscicultura, criação de patos e marrecos,
constituem os fatores de risco em regiões endêmicas.
Doenças bacterianas em equídeos
• O Nordeste brasileiro é propício em razão de
períodos de seca prolongada seguidos de
chuvas torrenciais, criando aluvião de lama que
traz as bactérias à tona, contaminando o solo e
a água.
• Dez vítimas do tsunami de 2004, em Banda
Aceh,
desenvolveram
melioidose
após
contaminação dos ferimentos com água do mar
infectada pela B. pseudomallei.
Doenças bacterianas em equídeos
Búfalos, crocodilos e jacarés, mesmo vivendo em águas estagnadas, são resistentes à Melioidose
Doenças bacterianas em equídeos
•
•
No Brasil:
Em fevereiro de 2003 ocorreu um surto de melioidose em São Gonçalo ,
zona rural do município de Tejuçuoca, Ceará. Quatro adolescentes
apresentaram forma severa da doença, dos quais três foram a óbito. O
quadro clínico foi de pneumonia fulminante e sepse.
•
Em janeiro de 2004 ocorreu um novo caso no município cearense de
Banabuiú,diagnosticado em uma paciente de 39 anos, com quadro de
abscesso em região genital e sepse que evoluiu para óbito.
•
Em maio de 2005, outro caso de melioidose ocorreu no Ceará, no
município de Araçoiaba. Um paciente de 30 anos contraiu a doença após
contato com água de um rio, depois de sofrer um acidente automobilístico.
•
A doença, apesar de ocorrer em região tropical e ser relatada em alguns
países da América Central e América do Sul, até 2003 não era descrita no
Brasil.
Doenças bacterianas em equídeos
•
Prevenção: limpeza dos ferimentos, abrasões de pele ou outras feridas
abertas,
•
Evitar o contato com água estagnada ou solos lamacentos nas regiões
onde a doença é endêmica,
•
Não compartilhar agulhas entre os usuários de drogas injetáveis.
•
Uso de botas e vestimentas adequadas em serviços de agricultura ou em
ambientes de criação animal, proteger as regiões descobertas, como as
mãos e os pés.
•
A água para o consumo humano e animal deve merecer proteção e
desinfecção regular.
•
Proporcionar destino adequado dos dejetos animais e humanos.
•
Não existe vacina para a melioidose.
Doenças bacterianas em equídeos
• Tétano: causada pela bactéria Clostridium tetani,
presente no solo rico em matéria orgânica (dejetos
animais). Seres humanos e cavalos são particularmente
suscetíveis a este agente telúrico, que provoca o
aparecimento de espasmos musculares tônicos e
hiperexcitabilidade reflexa.
• Porta de entrada: ferida cortante e penetrante, cordão
umbilical, trato intestinal. Os esporos do bacilo tetânico
são freqüentes nas fezes de animais, principalmente de
eqüinos, e em cerca de 40% das amostras de solos.
• Bactéria anaeróbia, produz uma potente neurotoxina,
que é a responsável pelos sinais clássicos do tétano.
Doenças bacterianas em equídeos
• Quando a bactéria alcança um ambiente anaeróbico, os
esporos germinam e a sua forma vegetativa produz três
exotoxinas: a tetanolisina, a tetanospasmina e a toxina
não espasmogênica.
• A tetanolisina provoca a necrose dos tecidos,
intensificando a esporulação e a propagação da
infecção.
• A tetanospasmina é uma lipoproteína que se propaga
por via sanguínea e atinge o sistema nervoso central.
• A toxina não espasmogênica provavelmente causa
estímulo
do
sistema
nervoso
simpático.
Doenças bacterianas em equídeos
Sinais clínicos:
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
Andar rígido.
Rigidez muscular generalizada nos músculos de sustentação, o que leva a
uma postura típica de “cavalete”.
Opistótono.
Trismo (“mandíbula travada”).
Prolapso da terceira pálpebra.
Hiperestesia (sinais de espasmos musculares podem ser exacerbados por
ruído, luz ou estímulo táctil súbito).
Febre e sudorese intensa.
Disfagia, sialorréia e pneumonias aspirativas.
Hipóxia por comprometimento dos músculos respiratórios, pode evoluir
para paradas respiratórias.
Doenças bacterianas em equídeos
• TRATAMENTO - O tratamento é difícil e problemático.
• Limpar as feridas, lavá-las com água oxigenada e
aplicar anti-séptico adequado;
• Aplicação de Soro Anti-tetânico em doses maciças,
acima de 100 000 unidades, por via endovenosa e repitilas quando necessário.
• Normalmente a doença se manifesta após a cicatrização
das feridas, as toxinas agem tardiamente na infecção.
Ferimento em cerca
Fonte: http://www.amomeucavalo.com.br/wp-content/uploads/2010/08/02.jpg
Doenças bacterianas em equídeos
• Vacinação: duas aplicações (dose e reforço) com 4
semanas de intervalo, seguida de vacinação anual de
reforço.
• Evitar ambientes com potencial de risco.
• Limitar ao máximo a contaminação fecal.
• Limpar ferimentos e administrar toxóide tetânico se o
animal não tiver sido vacinado nos últimos 6 meses.
• Em ferimentos infeccionados, realizar drenagem
mantendo-os abertos.
•
Doenças bacterianas em equídeos
Doença
Etiologia
Transmissão
Reservatório
Material para
diagnóstico
Teste
diagnóstico
Prevenção
Febre maculosa
Rickettsia
rickettsii
Vetorial
(carrapatos)
Animal infectado
Soro
IFI, ELISA,
PCR
Não há vacina
Mormo
Burkholderia
mallei
Direta
Animal infectado
Sangue,
Soro
Cultura, FC
Teste cutâneo
com maleína,
ELISA, PCR
Não há vacina
Melioidose
Burkholderia
pseudomallei
Direta
Animal infectado
Água e solo
contaminados
(senso amplo)
“Reservaria”
Sangue, Soro
Cultuta, FC,
ELISA,
Hemaglutinaç
ão
PCR
Não há vacina
Brucelose
Brucella
mellitensis
(B. abotus e B.
suis)
Direta
Animal infectado
Solo contaminado
(senso amplo)
“Reservaria”
soro
Aglutinação,
ELISA, PCR
Não há vacina
Tétano
Clostridium
tetani
Direta
Solo com esporos
(senso amplo)
“Reservaria”
...
Diagnóstico
clínico
Vacina toxoide
tetânica,
imunoglobulina
antitetanospasmina
Quadro III. Características de algumas zoonoses em equinos
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