TERAPÊUTA DE QUATRO PATAS revista Mente e Cérebro nº 39 Conselho Federal de Medicina Veterinária AUDIÊNCIA PÚBLICA “DISCUSSÃO DO PL Nº 4761/2012 QUE DISPÕE SOBRE A PRÁTICA DE EQUOTERAPIA” Brasília - 26 de setembro de 2013 Prof. Dr. Nilton Abreu Zanco UMESP CRMV 6956 SP Projeto de Lei nº 4761/2012 Considerações: Importância do Médico-Veterinário na Equipe multidisciplinar Escolha do animal para a equoterapia Principais zoonoses de equinos Bem estar animal x interação homem e animal Interação homem x animal Animal A palavra animal vem do latim anima, que significa princípio vital, alento, ar, alma, ser vivo (SMITH, 2004) Cavalo Antes do desenvolvimento de armas de fogo e da invenção da máquina a vapor, o cavalo foi um importante instrumento de guerra e o meio de transporte mais rápido e confiável (Levine, 1999) Equideoterapia Foi utilizada como tratamento médico no controle postural, distúrbios articulares, coordenação e equilíbrio desde o século XVIII (De Pauw, 1984) Escolha do animal * O comportamento de um animal é determinado pelas particularidades de construção do seu organismo e está intimamente relacionado com a capacidade funcional do sistema nervoso central, órgãos sensoriais, das glândulas endócrinas, do aparelho locomotor e do sistema digestivo. Kolbe, 1984 Escolha do animal * Idade - registros genealógicos ou dentição avaliada pelo Médico-Veterinário; * Porte e capacidade aproximada de carga; *Avaliação clínica dos membros locomotores e exames auxiliares (RX e US); *Índole – nem todo cavalo manso serve para equoterapia. Escolha do animal * As agressões por parte dos animais podem ser evitadas realizando-se uma avaliação criteriosa do temperamento individual e comportamento inerente à espécie, assim como se faz essencial reconhecer se há uma empatia deste com o paciente. San Joaquín, 2002 Participação do Médico-Veterinário - Avaliação frequente do animal quanto a integridade da saúde, com ênfase em membros locomotores e coluna. Importância do Médico-Veterinário no controle e tratamento das zoonoses Uma série de zoonoses podem acometer os equídeos e cabe ao Médico-Veterinário identificá-las e prevenir o paciente da equoterapia de seus riscos. ENCEFALOMIELITE EQUINA - O Alphavirus é transmitido por meio de picada de mosquitos contaminados. - Equinos devem ser anualmente vacinados. - Após incubação de 2-3 dias, provoca infecção do sistema nervoso, com sinais respiratórios, dores fortes na cabeça, fotofobia, mialgia, febre alta e prostração (em humanos e equídeos). * está “quase” erradicada devido aos programas de vacinação em equinos INFLUENZA A - O vírus da influenza é transmitido aos humanos por aerosol e descargas nasais. -Pode causar febre e sinais respiratórios, com risco de facilitar as infecções bacterianas oportunistas. -Incidência alta, porém com efetivo controle através de vacinação. LEPTOSPIROSE: -A Leptospira interrogans é transmitida ao humano principalmente pelo contato com a urina do equídeo. -Provoca uveíte em equídeos, febre alta e hematúria (sangue na urina). Prevenção: vacinação e controle de roedores. FEBRE MACULOSA -A Ricketsia rickettsii é transmitida pela picada de carrapato aos humanos (micuim, carrapato-estrela). -Prevenção: controle de ectoparasitas. RAIVA - O virus é transmitido pela saliva ou sangue do equídeo infectado. - Não há tratamento eficaz. -A vacinação anual dos equídeos é obrigatória em regiões endêmicas (de acordo com as Normas da Secretaria da Agricultura). -Prevenção: vacinação e controle de morcegos (hematófagos) nrce.nic.in Mormo (Burkhorderia Mallei) -A disseminação do microorganismo no ambiente ocorre principalmente pelo contato direto com água, alimentos, e principalmente cochos e bebedouros contaminados. -Maior prevalência em animais idosos e debilitados por más condições de manejo. Animais infectados e portadores assintomáticos são importantes fontes de infecção. A principal via de infecção é a digestiva, podendo ocorrer também pelas vias respiratória, genital e cutânea. -A disseminação do microorganismo no ambiente pode ocorrer pelo contato direto com água e alimentos, sendo os cochos e bebedouros contaminados as principais vias de contaminação. - Aerossóis e fômites contaminados também são formas de contágio. Cocho comunitário -O ser humano, normalmente, infecta-se pelo contato com animais doentes, fômites contaminados, tecidos ou culturas bacterianas em laboratórios. -A transmissão ocorre por meio de pequenas feridas e abrasões na pele. A infecção pode acontecer também por ingestão ou inalação. Dificuldade respiratória Descarga nasal (Santos et al., 2001) Descarga nasal www.endurancebrasil.com.br (Mota, 2000) Abcessos torácicos Aumento de linfonodos superficiais “aspécto de rosário” (Santos et al., 2001) Animais positivos devem ser sacrificados, a propriedade deve ser interditada Controle no transporte de animais www.seagro.ma.gov.br 2008 – HOVET METODISTA SP Espécie: equina Sexo: macho (castrado) Idade: 7 anos Raça: Quarto de Milha Peso: 369 kg Pelagem: alazã Suspeitas: broncopneumonia, rinite fúngica ou mormo Amostras de sangue colhidas por venopunção jugular externa para hemograma Amostras para realização ANIMAL POSITIVO - MORMO Equipe Ministério da Agricultura Bem-estar animal Em hipótese alguma devemos desconsiderar o bem-estar do animal, o respeito, o carinho e cuidados com a qualidade de vida desses coterapêuticas ... * Delta Society, 1996 Bem-estar animal Descanso - Assim como qualquer equino atleta merece descanso e alimentação condizentes com a atividade física exercida. - Alimentação e água oferecidos durante intervalos. Bem-estar animal * Olhe no fundo dos olhos de um animal e, por um momento, troque de lugar com ele. A vida dele se tornará tão preciosa quanto a sua e você se tornará tão vulnerável quanto ele. Agora sorria, se você acredita que todos os animais merecem nosso respeito e proteção, pois em determinado ponto eles são nós e nós somos eles”. Philip Ochoa TERAPEUTA DE QUATRO PATAS revista Mente e Cérebro nº 39 Conselho Federal de Medicina Veterinária OBRIGADO Prof. Dr. Nilton Abreu Zanco [email protected]