42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR 1 PENECTOMIA PARCIAL EM CÃO SRD DEVIDO A ESTENOSE URETRAL: RELATO DE CASO LETÍCIA MELO OLIVEIRA1, THAMIZA CARLA COSTA DOS SANTOS1, IAGO MARTINS OLIVEIRA1, LÉO LINDSAY SOUSA GALVÃO1, THAYANNE CAROLINA MARIANO DA SILVA1, NEUSA MARGARIDA PAULO1 1. Universidade Federal de Goiás Resumo Na rotina de trabalho do Médico Veterinário existe uma alta casuística de afecções do pênis em cães. A penectomia é recomendada como tratamento em muitos casos, como exemplo em neoplasias difusas e lesões pós-traumatismos. Dependendo do grau de comprometimento do pênis, é indicada a penectomia total ou parcial. Neste trabalho relatamos o caso de um cão que passou por penectomia parcial após ter uma deformação na glande peniana e estenose uretral devido à presença de miíases e após a cirurgia obteve uma recuperação excelente, não apresentando nenhum sinal de anormalidade na micção. Palavras-chave: cirurgia, macho, osso peniano, traumatismo, uretra. PARTIAL PENECTOMY IN DOG SRD DUE TO URETHRAL STENOSIS: CASE REPORT Abstract The veterinarian's work routine there is a high series of penis disorders in dogs. The penectomy is recommended as a treatment in many cases, for example in diffuse neoplasms and post-traumatic injuries. Depending on 2007 42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR 2 the degree of penile impairment is indicated the total or partial penectomy. We report the case of a dog that underwent a partial penectomy after a deformation in the glans penis and urethral stricture due to the presence of myiasis larvae, and after the surgical procedure achieved an excellent recovery, not showing any signs of abnormal urination. Key words: surgery, male, penis bone, trauma, urethra. Introdução As afecções do pênis em cães são frequentes na rotina de trabalho do médico veterinário, principalmente as adquiridas (Volpato et al., 2010). Em muitos casos a penectomia é indicada, como por exemplo, em neoplasias difusas no pênis e prepúcio, lesões devido a traumatismos, lesões de coluna com perturbação da inervação do pênis e pseudo-hermafroditismo. Dependendo do grau de comprometimento é indicado a penectomia total ou parcial (Faria et al., 1983). Os ferimentos prepuciais e penianos são comuns em cães e a principal causa são traumatismos causados por arame farpado e acidentes automobilísticos (Slatter, 2007). Fossum (2008) afirma que esses traumas são mais comuns em machos inteiros, jovens e quando há uma fêmea no cio envolvida. O diagnóstico baseia-se no exame físico e radiográfico da uretra e do osso peniano. Abscessos, granulomas e infecções fúngicas são importantes diagnósticos diferenciais. O tratamento de traumas penianos consiste na limpeza da ferida e debridamento em casos simples, as lacerações podem ser suturadas com fio absorvível e se o trauma for grave a penectomia é mais indicada (Volpato et al., 2010). O objetivo deste relato de caso foi ressaltar a importância da penectomia 2008 42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR 3 parcial como tratamento em caso de estenose uretral devido à cicatrização de lesão por miíases após traumatismo. Relato de Caso Foi atendido um cão, macho, SRD e com sete anos de idade. O proprietário relatou que o paciente apresentava disúria e estrangúria e que há cerca de seis meses antes da consulta teve miíases no pênis após um trauma. O paciente foi medicado durante o ocorrido e obteve melhora, não sendo observada nenhuma alteração na micção. No exame físico não foi possível sondar o paciente, pois não foi encontrado o orifício uretral devido à deformação na glande causada pelas larvas (Figura 1-A). Foi indicada a penectomia parcial. Para a cirurgia o paciente foi posicionado em decúbito dorsal e foi realizada a antissepsia. Após nova tentativa frustrada de passar a sonda uretral, o pênis foi exposto e foi realizada uma incisão de 2 cm. abaixo da glande peniana, incisando a túnica albugínea e o tecido cavernoso (Figura 1-B). Foi transeccionado o osso peniano com a ajuda da Cizalha o mais caudal possível (Figura 1-C). Neste momento foi possível encontrar a uretra e passar a sonda uretral. Transeccionou-se a uretra cranialmente a transecção peniana, e realizou-se duas incisões na uretra em forma de “pétalas”, foi feita uma sutura hemostática no corpo cavernoso do pênis em padrão Wolff utilizando fio Vicryl 3-0, posteriormente foi realizada a sutura das pétalas uretrais na porção final do pênis utilizando fio Vicryl 3-0 em padrão simples separado. Foi feita a ressecção do prepúcio, para encurtá-lo de forma que permitisse a extrusão do pênis (Figura 2-A e 2-B). Além disso, fixou-se a sonda uretral utilizando ponto separado simples. A recuperação do paciente foi boa, não apresentando nenhum sinal de anormalidade na micção. 2009 42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR 4 FIGURA 1. Imagens do pênis com deformação na glande peniana, durante o exame físico e procedimento cirúrgico. (A) deformação na glande peniana exposta. (B) incisão na túnica albugínea e tecido cavernoso do pênis do paciente durante a penectomia parcial. (C) transecção do osso peniano do paciente com a ajuda da cizalha durante a penectomia parcial. FIGURA 2. Imagens do prepúcio após a penectomia parcial.(A) vista lateral do prepúcio após a penectomia parcial (B) vista cranial do prepúcio após a penectomia parcial. Resultados e Discussão O paciente relatado teve um traumatismo ao pular uma cerca para encontrar uma fêmea no cio. De acordo com Fossum (2008) esse tipo de trauma é comum, principalmente em cães inteiros e jovens. 2010 42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR 5 Faria et al. (1983) afirmam que o tratamento depende da extensão da lesão e como no paciente em questão a deformação havia sido somente na parte caudal do pênis foi recomendada a penectomia parcial. Fossum (2008) recomenda que antes de se iniciar a penectomia parcial é importante reduzir a carga microbiológica local, bem como colocar um cateter uretral a fim de facilitar a orientação, o que não foi possível neste caso pois não foi encontrado o orifício uretral. Conclusões As afecções penianas em cães são frequentes, sendo a penectomia muito indicada como tratamento. Por isso é importante realizar anamnese detalhada e uma técnica cirúrgica bem feita no intuito de promover uma rápida recuperação do paciente e sem nenhuma recorrência, tal como no caso aqui reportado. Referências FARIA, M.A.R.; PIPPI, N.L.; RAISER, A.G. et al. Amputação total da genitália externa do cão. Revista Centro de Ciências Rurais, v. 13, n. 4, p.301-306, 1983. FOSSUM, T.W. Cirurgia de pequenos animais. 3.ed. Rio de janeiro: Ed. Elsevier Ltda., 2008. 1314p. SLATTER, D. Manual de cirurgia de pequenos animais. 3.ed. São Paulo: Manole, 2007. 2714p. VOLPATO, R.; RAMOS, R.S.; MAGALHÃES, L.C.O. et al. Afecções do pênis e prepúcio dos cães - Revisão de literatura. Veterinária e Zootecnia, v. 17, n. 3, p.312-323, 2010. 2011