como cuidar do corpo e dos sentidos que envelhecer: relato

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HIGIENE E PREVENÇÃO DE ALIMENTOS NUMA PERSPECTIVA DE
EDUCAÇÃO EM SAÚDE.
Rozzana Oliveira Tabosa 1
Jorge Wilker Bezerra Clares 2
Terezinha Almeida de Queiroz 3
RESUMO
Trata-se de um relato de experiência vivenciado por acadêmicos de Enfermagem que
desenvolveram atividades de educação em saúde dentro das atividades do grupo de pesquisa
de saúde da mulher e família da Universidade Estadual do Ceará, em uma Escola Pública de
Fortaleza-Ce, durante o mês de dezembro de 2008. Entende-se por educação em saúde
quaisquer combinações de experiências de aprendizagem delineadas com vistas a facilitar
ações voluntárias conducentes à saúde (CANDEIAS, 1997). Dessa forma foi desenvolvida
uma oficina para um grupo de mulheres da comunidade, sobre higiene alimentar para a
prevenção de doenças com o intuito de promover o autocuidado e a melhora da qualidade de
vida. O nosso objetivo foi passar práticas de saúde, para que essas mulheres pudessem aplicar
na sua vida cotidiana. A idéia do “alimento seguro’’ não só pela inocuidade, mas pela
qualidade, de forma a evitar doenças de caráter nutricional e sanitário. O estudo abordou
todos os problemas apresentados por esse grupo de mulheres, constatando que a grande
maioria não dispunha de conhecimento necessário para manter as condições mínimas de
higiene, sendo necessários diversos esclarecimentos acerca do assunto. As mesmas se
mostraram interessadas em traçar um debate acerca do assunto, mostrando interesse na
continuidade das palestras educativas, abordando outras temáticas, achando esse momento de
interação com a comunidade de total relevância para melhora das condições de vidas da
população local.
Descritores: Educação em saúde. Higiene com alimentos. Relato de Experiência.
1
Acadêmica de Enfermagem da UECE. Membro do Grupo de Pesquisa Saúde da Mulher e Família. Bolsista do Programa de
Monitoria Acadêmica – PROMAC. E-mail: [email protected]
2
Acadêmico de Enfermagem da Universidade Estadual do Ceará – UECE. Membro do Grupo de Pesquisa Educação, Saúde e
Sociedade – GRUPESS. Bolsista do Programa de Monitoria Acadêmica – PROMAC. Fortaleza-CE. E-mail:
[email protected]
3
Enfermeira. Mestre e Professora do Departamento de Enfermagem da UECE. E-mail: [email protected]
INTRODUÇÃO
A alimentação é muito importante para nos manter saudáveis. A boca é uma
importante porta de entrada de microorganismos que podem ser prejudiciais a nossa saúde.
Por isso devemos ficar atentos aos alimentos que ingerimos, desde a origem deles, passando
pelo grau de higiene que eles são submetidos até ao seu valor calórico. É de fundamental
importância nos educar quanto a nossa alimentação não só para prevenir parasitose,
verminoses e doenças relacionadas à falta de vitaminas, mas também para prevenir a
obesidade, diabetes, hipertensão, câncer, entre outras doenças relacionadas ao consumo de
alimentos. A prevenção de doenças vinculadas a alimentos é um desafio atual para as
Américas, segundo a Organização Mundial de Saúde, dada a alta incidência dessas doenças, e
os prejuízos que elas vêm trazendo para a população que precisam mudar os seus hábitos
alimentares como um todo, pensando não somente na quantidade de alimentos, mas na
qualidade dos alimentos que vão ser ingeridos diariamente. O estudo foi fundamentado na
teoria de autocuidado (OREM). E teve como objetivo relatar a experiência adquirida durante a
oficina de educação em saúde a um grupo de mulheres que se reunia com freqüência em uma
Escola Pública de Fortaleza-Ce, promovendo a educação alimentar e nutricional, visando à
alimentação saudável. O quanto à educação em saúde é importante como meio de
disseminação de informações, promovendo o bem-estar, evitando doenças e a melhora da
qualidade de vida da população. Essas práticas de educação em saúde surgiram logo após a
segunda guerra mundial, baseadas nas concepções de Leavell & Clarck (1967), que
preconizava a união dos conjuntos de ações de saúde num esforço comum de prevenção e
cura. Essa concepção permitiu que ações de saúde se tornassem parte de uma atividade
globalmente planejada. Essas concepções são de fundamental importância para o
planejamento de ações a fim de trabalhar em cima do processo saúde-doença. Segundo
Roberto Martins Figueiredo, autor de diversos livros nessa área, mais de sete milhões de
pessoas sofrerão de DVA (doenças vinculadas a alimentos) no próximo ano - esta estimativa
que inicialmente parece alarmista corresponde a uma realidade estatística que, inclusive,
podemos falar que é até “otimista”, pois, de uma hora para outra, pode surgir algum
microrganismo emergente que “drible” as nossas defesas fazendo com que esta estimativa
tenha seu número aumentado em várias vezes. O que causa mais espanto é que,
estatisticamente, 85 por cento dos casos poderiam ser evitados se as pessoas manipulassem
corretamente os alimentos. O conhecimento das noções básicas de manipulação dos alimentos
não é somente uma necessidade, é uma obrigação que deve fazer parte inclusive dos preceitos
de educação da população e de orientação não só para essas mulheres, mas para todos,
inclusive seus filhos. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), milhões de pessoas
adoecem todos os anos devido à ingestão de alimentos contaminados, por fatores como
temperatura, armazenamento, conservação, manipulação, hábitos higiênicos entre outros.
Essas DVA’s freqüentemente apresentam sintomas como dores abdominais, diarréia, náuseas,
vômitos e febre. É importante ressaltar que a ocorrência de febre está relacionada com a
invasão tecidual, sendo mais comum em infecções do que em intoxicações. A intervenção na
educação para manipulação adequada de alimentos pode contribuir para maximizar a
segurança do manipulador no manuseio de alimentos, ampliarem as perspectivas educacionais
deste e fornecer à população um alimento seguro do ponto de vista microbiológico.
(LEVINGER, 2005) Dessa forma ressaltamos a importância da educação em saúde que pode
vir a servir para prevenir muitas dessas doenças. Além de ser um importante momento de
manter contato direto com a população, conhecendo suas fragilidades e mantendo um vinculo
que pode ser muito importante no futuro.
PERCURSO METODOLÓGICO
O trabalho foi estruturado como um relato de experiência vivenciado por
acadêmicos (as) de Enfermagem durante uma oficina de Educação em Saúde promovido em
uma Escola Pública de Fortaleza, CE. Dentro das atividades propostas pelo grupo, foram
desenvolvidas rodas de conversas com as mães que freqüentavam assiduamente o grupo
comunitário, através de um programa “Comunidade Ativa”. Foram desenvolvidos além das
rodas de conversas, “palestras educativas” sobre a importância da educação alimentar, da
higiene com os alimentos na prevenção de doenças. Essa oficina foi desenvolvida dentro das
atividades regulares do grupo de pesquisa de Saúde da mulher e da família, tendo como
público-alvo 20 mulheres, “donas de casa” com idade entre 13 e 60 anos que freqüentavam
essas reuniões da escola e participavam de um grupo ”Comunidade na Escola” que se reunia
quinzenalmente no local. O estudo foi avaliado, por essas mulheres, dentro da roda de
conversa, com perguntas norteadoras nas quais essas mulheres foram convidadas a debater
sobre a forma como lidavam com esses alimentos na sua casa. O debate correu
horizontalmente, onde todas as falas foram de relevância para o estudo. Durante a oficina
foram utilizados painéis explicativos com fotos de doenças vinculadas a alimentos, banner
explicativo com dicas sobre preparo de alguns alimentos, foi distribuído panfletos educativos
e kits contendo hipoclorito de sódio, soro caseiro e colher de medição, para que fosse
colocado em prática o assunto abordado. Foi feito uma educação em saúde para a prevenção
de desidratação em crianças e verminoses que podem ser combatidas com uma reeducação
dos hábitos alimentares. A coleta de dados foi feita através de um instrumento préestabelecido com perguntas objetivas e subjetivas, deixando-as a vontade para demonstrar sua
opinião acerca do trabalho. Foram respeitados todos os aspectos éticos e legais acerca da
resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Foram utilizados livros e artigos científicos
do banco de dados da Scielo para a fundamentação teórica dessas palestras educativas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A higiene é fundamental, para prevenir a grande quantidade de doenças que
possam ser transmitidas através dos alimentos e que constitui um dos principais problemas de
saúde pública na maioria dos países. Todos os alimentos são perecíveis, com exceção do sal e
da água, ou seja, são suscetíveis a alteração e deterioração com maior ou menor rapidez e o
que pode causar alguma doença. Segundo a Organização Mundial de Saúde, a higiene dos
alimentos compreende "todas as medidas necessárias para garantir a inocuidade sanitária dos
alimentos, mantendo as qualidades que lhes são próprias e com especial atenção para o
conteúdo nutricional". Durante a roda de conversa, foi possível constatar que cerca 75 % das
mulheres (15 mulheres) desconheciam técnicas básicas de preservação de alimentos, como a
lavagem correta das verduras e hortaliças, com o uso do hipoclorito de sódio, e sua forma
diluída, a água sanitária. Ambos são bastante eficientes na desinfecção de águas para consumo
humano, e de seu uso recomendado pela Secretaria de Saúde e pela Organização Mundial de
Saúde - OMS, pelo seu poder bactericida e baixo custo. O simples filtrar da água que é usada
para o consumo e a limpeza desses filtros de filtragem. As principais infecções alimentares
são produzidas por várias classes de microorganismos, onde as mais comuns são as bactérias.
Geralmente são chamadas de "infecções tóxicas" já não só as bactérias podem produzi-las,
assim com as toxinas que elas liberam ou uma combinação de ambas. Os vários tipos de
microorganismos que podem produzir infecções alimentares são: fungos nos pães e queijos;
vírus como é o caso da hepatite A e algumas doenças gastrointestinais causadas por rotavírus
e outros; os parasitas que são transmitidos pela ingestão de alimentos contaminados, pela falta
de higiene e condições sanitárias; Bactérias patogênicas que liberam toxinas que causam
intoxicação alimentar como é o caso dos estafilococos, da Escherichia Coli e outras. Dessa
forma, algumas medidas devem ser tomadas para a prevenção dessas doenças vinculadas a
alimentos, algumas atitudes simples como a lavagens dos alimentos, conservação adequada
em ambiente refrigerado em temperatura ideal, preparo correto atrás da fervura, dentre outras
atitudes podem ser de fundamentar importância para o combate dessas doenças. Durante a
palestra educativa, houve espaços de conversação, onde houve total interação entre as
participantes e os facilitadores (as), esse espaço foi proveitoso para um debate aberto, com
linguagem simples e acessível. Dentro desse espaço muitas mulheres relataram não ter
informações sobre a forma correta de conservar os alimentos, se deviam congelar ou não esses
alimentos, e a temperatura que eles deviam ser acondicionados. Houve uma troca de
experiências, onde o conhecimento empírico foi de total relevância, e muitas vezes, mesmo
não sendo baseados na cientificidade, não deixavam de ser corretos. Foram propostos
cuidados que devemos ter ao manipular alimentos como: lavagem das mãos com água e
sabão; manter as unhas sempre aparadas e sem esmalte; prender sempre os cabelos ou fazer
uso de toucas quando tiver manipulando alimentos; não enxugar o suor em toalhas usadas na
cozinha; não experimentar comidas com as mãos ou talheres que vão ser devolvidos a panela;
não falar, tossir, fumar ou assobiar sobre a panela; nunca manipular alimentos com ferimentos
expostos, usar sempre curativos, entre outras ações. Assim, foi possível mostrar para esse
grupo de mulheres a importância delas dentro do lar, como algumas mudanças nas suas
atitudes dentro da cozinha podem melhorar a vida de toda a família, principalmente de
crianças menores de cinco anos e idosos maiores de 60 anos, mulheres grávidas e
imunosuprimidos possuem maior potencial para pegar doenças veiculadas alimentos, por isso
o cuidado deve ser dobrado. As mulheres são agentes de a saúde dentro de casa, são elas que
representam a figura central do lar, de cuidar da família em um contexto geral, incluindo não
a higiene, mas a saúde. Foi destacada a importância do autocuidado que exercemos sobre nós
mesmos, para cultivar e preservar uma boa qualidade de vida, de uma maneira responsável,
autônoma e livre nas escolhas das ferramentas para a sua realização. A teoria do autocuidado
fala que o individuo deve ser o sujeito ativo no processo de decisão sobre a identificação de
necessidades, da natureza e das ações a serem desenvolvidas no cuidado à saúde. O
autocuidado é dividido em cinco subcategorias principais, dentre elas: ar, água e alimentos
que são recursos vitais para o funcionamento integral do organismo, por isso é preciso
estabelecer a quantidade de cada recurso solicitado para o bom funcionamento do organismo,
evitando algumas doenças como desnutrição, obesidade, diabetes e hipertensão; apreciar as
experiências agradáveis de respirar, beber e comer, porém sem excessos que podem levar a
doenças ou ausências de bem-estar. Outra subcategoria esta relacionada à eliminação através
da urina, transpiração, fezes, fluxo menstrual e liquido seminal, através da regulação do
processo de eliminação, proteção das estruturas envolvidas, cuidados de higiene e outros para
manter as condições saudáveis. Dessa forma devem ser tomados alguns comportamentos
como: comer saudavelmente, praticar atividades físicas, procurar fazer exames com
freqüência e acompanhar as taxas desses exames, procurando ajustar a dieta à melhora dos
resultados, a busca por soluções para reduzir os riscos e adaptar-se saudavelmente as
condições encontradas. Essa forma de abordagem enfatiza a participação do indivíduo no
processo de tomada de decisões, principalmente dessas mulheres. Segundo o estudo, em um
grupo de 20 mulheres, 95% (19 mulheres) têm o interesse de conhecer mais sobre como evitar
doenças vinculadas a alimentos, pois apesar de roda de conversa ter sido bastante
esclarecedora, muitas outras temáticas poderiam ser desenvolvidas apartir desse tema, não de
uma forma generalista, mas especifica como é o caso do câncer, e da forma como estariam
relacionadas a essa doença. Assim podemos constar mais uma vez a importância da educação
em saúde, e que esse momento é muito importante, não só para a comunidade que recebe os
conhecimentos apresentados pelos facilitadores, mas para os acadêmicos que vêem nesse
momento a oportunidade de colocar em práticas tudo que foi absorvido dentro das aulas, é o
momento de colocar em prática.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se que a educação em saúde trata-se de um recurso por meio do qual os
conhecimentos cientificamente produzidos podem atingir a vida cotidiana das pessoas,
oferecendo subsídios para a adoção de novos hábitos e condutas de saúde. Nossa intenção foi
de orientar quanto aos riscos que certos alimentos nos oferecem e mostrar que os perigos que
nem sempre estão visíveis aos nossos olhos, armadilhas encontradas dentro das nossas casas.
Simples atitudes como larvar corretamente as mãos, frutas e verduras, refrigerar os alimentos,
evitar frituras, gorduras e doces em excesso são medidas simples, mais fatores importantes na
prevenção de doenças. O autocuidado previne o surgimento de algumas doenças, e apartir da
educação em saúde é possível orientar essas pessoas, tornando-as conhecedoras do saber.
Dessa forma elas vão poder colocar o conhecimento adquirido em prática de forma correta e
eficaz. A educação em saúde ajuda promover práticas de saúde, de forma a atingir todas as
classes sociais, pois acreditamos que esse processo de educar deve ser feito fora do âmbito
hospitalar, buscando abordar práticas de saúde preventivas e não apenas curativas.
REFERÊNCIAS
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