êxodo: do egito para o mundo

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Anais do V Congresso da ANPTECRE
“Religião, Direitos Humanos e Laicidade”
ISSN:2175-9685
Licenciado sob uma Licença
Creative Commons
ÊXODO: DO EGITO PARA O MUNDO
Gustavo Schmitt
Mestrando em Teologia
Faculdades EST
[email protected]
Bolsista CAPES
ST 17 – LEITURAS LIBERTADORAS (ANTI-IMPERIALISTAS E ANTICOLONIALISTAS) DA BÍBLIA
Resumo: A tradição do Êxodo é fundamental na teologia, tanto judaica como cristã, e perpassa
os textos bíblicos. O fascinante testemunho de fé de escravos fugidos do Egito é um paradigma
que ecoa pelos milênios, uma história que guia ainda hoje muitas pessoas. O presente artigo
aborda a percepção do Êxodo dentro da tradição judaica e como tornou-se referencial de
liberdade para cristãos, grupos sociais e a influência que teve na música. Para a cristandade
latino-americana, em especial, o Êxodo é fonte de inspiração para a luta por justiça. O Egito, na
época, representava o poder absoluto e dominador. Os faraós entendiam-se como deuses e
outorgavam-se o direito de escravizar. Na atualidade não é diferente, o “Egito” tomou outras
formas e o império ainda domina. A saída do “Egito opressor” é possível e muitos grupos
mundo à fora utilizaram a teologia de libertação que brota do Êxodo. Inicialmente o texto
expõem como o Êxodo tornou-se símbolo universal de liberdade, parte-se da visão judaica e
segue-se para a universalização desta tradição. Em seguida, analisa-se como a liberdade é
experimentada pelas pessoas e como a temática está presente na cultura, com ênfase especial
na música. A conclusão consiste em uma abertura de possibilidades nas quais as temáticas do
Êxodo podem ser atualizadas e contextualizadas. A voz profética de libertação dos movimentos
dominadores ressoa por toda as Sagradas Escrituras. Quer-se lançar algumas ideias de que o
tema do Êxodo encontra-se refletido em vários lugares da sociedade, na arte e música.
Evidencia-se o Deus que se esvazia, desce e não quer a escravidão.
Palavras-chave: Êxodo ; Judaísmo ; Libertação ; Antigo Testamento
Anais do Congresso ANPTECRE, v. 05, 2015, p. ST1706
Vive-se ainda em uma época de alienação e domínio. A leitura do Êxodo fez e
faz tomadas de consciência. Aborda-se como a temática segue pelo judaísmo, pelos
movimentos sociais e pela arte. Busca-se fazer um panorama geral da função do Êxodo
e como a fé no Deus libertador pode mover o mundo para a justiça.
Resistência: uma aproximação.
Para ter-se uma compreensão da tradição judaica, faz-se necessário mudar a
ótica de certos conceitos e preconceitos que carregamos como cristãos ou como
membros de outras religiões. O judaísmo possui uma visão diferenciada de mundo.
Jacob Neusner, historiador judeu, afirma que:
Praticar a religião judaica significa assumir pessoalmente a antiga narrativa. Ser
judeu praticante é narrar, a respeito de si mesmo e da própria família, a história
narrada pelo judaísmo desde a Escritura judaica (o ‘Velho Testamento’ do
cristianismo). Moisés transmitiu a mensagem de Deus a Israel por meio da
narrativa. [...] A maneira que o judaísmo intermediou a história ao longo da
História fundamenta a experiência, a imagem e a narrativa pessoal dos fiéis
(NEUSNER, 2004, p. 07).
O judaísmo é uma religião de espera e de promessa. Soteriologicamente,
Pinchas Lapide, afirma que o ser humano é parceiro na obra de salvação com Deus
(LAPIDE, 1987, p. 52). Usando um pouco de imaginação, precisa-se saber como uma
família judaica entende a si própria e a Torá:
Imagine um jantar formal em casa, servido para uma família amontoada em
torno da mesa – pais e mães, filhos e netos, tios e tias, primos, amigos e
convidados, entre eles alguns conhecidos, todos vestidos com as suas
melhores roupas e comportando-se da melhor forma possível. A mesa
resplandece com louça, prataria, velas de chama trêmula, flores no centro.
Todos os presentes ficam de súbito em silêncio e uma das crianças exclama:
‘Esta não é a nossa maneira habitual de jantar, na cozinha, com a roupa da
escola, esta noite é diferente de todas as outras noites!’ O chefe da família
responde: ‘Sim, mas fomos escravos e hoje somos livres, e esta noite nos
lembramos do que aconteceu! Agora, antes de comer, vamos contar essa
história’. E a narrativa do Êxodo da Torá começa a jorrar. (NEUSNER, 2004, p.
13).
Todos os anos o judaísmo celebra o Pessach nas casas e sinagogas, remetendo
ao evento do passado mas na espera do messias. Segundo Lapide, a criatura pode
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contradizer o Criador, pode fazer objeções e protestos. Assim o fez Abraão, cf. Gn
18.22s, protestando perante o Senhor (LAPIDE, 1987, p. 52). Em hebraico, a palavra
Mitzvah significa, algo como “ligação”. Assim, cada vez que um judeu cumpre um
Mitzvah, ele está fazendo uma ligação com o Divino. É daí que brota a inspiração divina
e os judeus recebem-na. A Mitzvah corresponde a uma vela e a Torá é como um
luzeiro. Ficando evidente a necessidade de estudar com sinceridade a Torá
(BLUMENFELD, 1989, p. 95).
Seguindo no texto do Gênesis, dois capítulos à frente, em Gn 32.23s, o neto de
Abraão, Jacó lutou uma noite inteira com um anjo. E como bênção recebe o nome de
Israel. Jacó deixa a herança de um “traço lutador” no seu povo judeu. Fato que reflete
posteriormente na profecia (LAPIDE, 1987, p. 53). Claus Westermann, sobre essa
passagem, afirma que trata-se de um demônio que só tem poder a noite e perde o seu
poder com a chegada da luz do dia. Jacó estabelece a condição de que ele o abençoe,
ou seja, que passe um pouco do poder sobre-humano para ele. De acordo com estudos
exegéticos, a mudança de nome seria uma adição posterior (WESTERMANN, 2013,
p.274). Na literatura posterior, na profecia e no saltério observa-se vários protestos
contra Deus cf. Jr 12,1-2; Hab 1,1-3; Sl 44,24-27; Jó 27,2-6.
Reflete-se sobre a forma de relação dos humanos com Deus. Observa-se que há
protestos e oposições, portanto não é difícil compreender como o povo agia com os
soberanos humanos que facilmente deixavam-se corromper. Tais contrastes entre povo
e realeza podem ser observados nos anúncios de Samuel ao gritar para o rei Saul cf. 1
Sm 13,13s e 15,17s. As declarações dos profetas chamam-se de lutas teopolíticas
(LAPIDE, 1987, p. 53-4). A partir destes pressupostos judaicos pode-se compreender o
que “Deus realmente admira são os atos de altruísmo, pois constituem o oposto da
arrogância” (NEUSNER, 2004, p. 134). As declarações dos profetas tinham como
consequência o risco de vida, pois denunciavam a realeza por estarem fazendo o
contrário da vontade de Deus.
O conceito de “povo eleito” tem grande expressão no judaísmo, segundo
Schlesinger: “Na Bíblia encontramos esta expressão, com a qual é denominado o povo
hebreu. Este conceito bíblico não pretende dizer ‘superioridade’. O ‘povo eleito’ quer
dizer o povo que recebeu uma missão na terra” (SCHLESINGER, 1987, p. 199). A
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eleição de Israel, em termos políticos, para tornar-se propriedade de Deus ocorreu no
Sinai, após a Aliança e os Dez Mandamentos (BEN-CHORIN, 1999, p. 17). Por todos
esses milênios que já se passaram, Israel carrega esta missão de ser o “povo eleito” de
Deus.
A criação de Israel ocorreu quando Deus libertou o seu povo da escravidão do
Egito. Portanto, a “busca por liberdade” é um tema que perpassa toda a história de
israelita. A liberdade pode ser definida como:
O tema da liberdade e da igualdade perpassa através da história trimilenar do
povo judeu. Conforme o pensamento judaico, a liberdade deve ser apreciada
acima de todas as coisas. As primeiras palavras dos Dez Mandamentos
descrevem Deus como o Grande Libertador. A liberdade não conhece, para o
judeu, fronteiras. É um dos mandamentos sagrados da ética e filosofia judaicas
(SCHLESINGER, 1987, p. 146).
A partir deste entendimento de povo escolhido e libertado por Deus cf. Lv 25.42,
a busca pela liberdade tornou-se uma grande marca para o judaísmo. Na época da
segunda era do Templo, os judeus fizeram 62 levantes contra o sistema opressor que
os dominava, normalmente na região da Galileia. Os romanos conseguiram retomar o
poder na região. O ano 70 d. C. é um dos marcos importantes para o judaísmo:
“Quando Tito destruiu o segundo Templo e forçou os cativos a lutarem em torneios de
gladiadores, ele queimou um santuário simbólico, mas que já era rivalizado em
influência pelas sinagogas dos fariseus, e não atingiu a maioria dos judeus, que vivia na
Diáspora” (GOLDBERG, 1989, p. 98). Esta tragédia nacional não tirou dos judeus a
liberdade que o próprio Deus os assegurou. Perderam a guerra e o Templo foi
destruído. Ainda assim o espírito da liberdade continuou vivo e atuante.
Nos anos seguintes mais levantes, contra os romanos, ocorreram. De 115-117
houve mais uma revolta contra o imperador Trajano. Destaca-se que:
Embora na Palestina prevalecesse a tranquilidade, na Diáspora um levante
contra o imperador Trajano contou com a adesão de comunidades judaicas
incitadas por esperanças messiânicas. A revolta foi rudemente esmagada, e
entre os anos de 114-117 as populações judaicas de Alexandria, Cirene e
Chipre foram destruídas. Trajano estendera seu império até o golfo Pérsico,
mas seu sucessor, Adriano, não pode manter as conquistas, com o importante
resultado, para o judaísmo, de que a grande comunidade judaica da Babilônia,
aproximadamente meio milhão de pessoas, ficou livre da dominação romana
(GOLDBERG, 1989, p. 101).
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Outras revoltas sucederam. A revolta de Bar Kochba tornou-se outro marco na
história judaica, assim:
Por três anos os insurretos resistiram, seus contingentes aumentados pelo
entusiasmo com que certos rabinos, inclusive o notável sábio de sua geração,
Akiva, exortavam sua causa. O general romano Júlio Severo foi chamado da
Bretanha para se encarregar das forças de Roma. De acordo com o historiador
do século III, Dio Cássio, cinqüenta fortalezas e mais de mil povoações foram
destruídas na luta, e centenas de milhares de judeus foram mortos
(GOLDBERG, 1989, p. 101).
Os levantes continuaram contra o imperador Constantino em 351 d. C., mais
tarde contra os persas em 614 d. C.. Soma-se mais de meio milênio de levantes,
rebeliões e a busca incansável pela liberdade deste pequeno povo que outrora lhe fora
dado na distante terra do Egito. Entendendo que a liberdade é a condição prévia para
salvação e que não poderiam voltar à escravidão, portanto honram a teologia de
libertação que Deus iniciou no Êxodo até os dias atuais (LAPIDE, 1987, p. 54).
O judaísmo fez consideráveis contribuições para a construção da civilização que
tem-se hoje, naturalmente alguns destes fundamentos não podem ser aplicados na
atualidade, pode-se citar alguns exemplos: O monoteísmo, abolição de sacrifícios
humanos, a igualdade dos judeus, descanso no sábado, tratamento humano dos
escravos, instrução primária geral (Torá), auxílio aos pobres e doentes, regras de
higiene, moralização de costumes, a literatura profética que anuncia a paz e a justiça
social (IZECKSOHN, 1973, p. 191-2). Muitos movimentos de libertação no mundo
buscam no Êxodo a sua fonte e a sua justificativa para a luta contra a opressão e
almejar a liberdade (LAPIDE, 1987, p. 55).
Os efeitos de libertação que o Êxodo produz estão refletidos em vários
movimentos em torno do mundo. O tema do Êxodo é utilizado em inúmeras canções e
liturgias. Por exemplo na música “Let my people go”, interpretada por Louis Armstrong
em 1958, dentro do estilo Negro spiritual. Observa-se que os afro-americanos buscaram
no Êxodo forças para reinterpretar a situação de opressão sob a qual se encontravam,
surgindo a black theology.
Sendo utilizado por líderes de movimentos de libertação, como Martin Luther
King em seu discurso em Memphis, em abril de 1969, no qual fez várias referências ao
Êxodo (LAPIDE, 1987, p. 55).
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A repercussão do Êxodo alcança organizações mundiais, nas quais vozes
proféticas são lançadas. O Dr. Potter, relatou a situação de Nairóbi ao Conselho
Mundial de Igrejas: “Enquanto em Úpsula nos encontrávamos em uma disposição de
ânimo semelhante à do êxodo, e se, hesitar nos colocávamos à disposição do plano
salvífico de Deus, tivemos em Nairóbi a sensação de nos encontrarmos no deserto”
(LAPIDE, 1987, p. 55).
Três caminhos fundamentais
O Êxodo lança três ideias fundamentais que valem universalmente. A primeira
baseia-se na desmitologização de “deuses”. Com a decadência das concepções
politeístas da época, Deus entra e atua na História:
Os judeus (israelitas) foram os primeiros a implantar no meio dos povos pagãos
a fé e crença num só Deus, dando assim a base do monoteísmo. (...) A idéia do
Shemá, base do monoteísmo, é a expressão que não somente revela em toda a
filosofia ética e litúrgica judaica, mas é o fundamento da existência do povo
judeu (SCHLESINGER, 1987, p. 173).
Cf. Lv 26.13, Deus quer que o povo ande de cabeça erguida no seu processo de
libertação. O pedagogo Paulo Freire afirma que: “Somente quando os oprimidos
descobrem, nitidamente, o opressor, e se engajam na luta organizada por sua
libertação começam a crer em si mesmos, superando, assim, sua ‘convivência’ com o
regime opressor” (FREIRE, 2008, p. 59-9).
O ser humano deve descobrir-se como ser dotado de dignidade, o Êxodo é um
exemplo da libertação concreta em um acontecimento histórico, político e social. Tais
eventos apontam para a páscoa, na qual esperam o messias escatológico. Para o
judaísmo:
[a] crença na vinda do Messias, um descendente da casa de Davi, que redimirá
a humanidade, o messianismo faz parte da tradição judaica desde os dias do
profeta Isaías. A tradição judaica encara o Messias não como ser divino, mas
apenas humano; um grande chefe, reformador social, que ensejará uma era de
perfeita paz (SCHLESINGER, 1987, p. 163).
O relato de Êx 1-2 mostra a força da resistência de Israel e a confiança em Deus,
mostrando-se como um exemplo para as outras nações. Cf. Êx 14.13s, observa-se
traços da Guerra Santa, em que a ação é totalmente da divindade e a humanidade fica
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em estado de passividade. O Talmud contradiz essa passividade de Moisés, afirmando
que é um desejo de Deus que os humanos tornem-se seus colaboradores (LAPIDE,
1987, p. 56). Assim, “fé sem obras é tão infrutífera como esperança sem feitos”
(LAPIDE, 1987, p. 56).
A mais difícil das lições e provavelmente a mais significativa, ocorre nos
desertos. O texto bíblico traz um grande realismo, como o povo gritava: “Queremos
voltar para o Egito!” (LAPIDE, 1987, p. 57). Os israelitas sentem saudade da opressão
com a certeza que teriam comida no fim do dia, diferente da incerteza do deserto. Paulo
Freire consegue explicar, de forma muito interessante, a experiência existencial entre
opressor e oprimido:
Há, por outro lado, em certo momento da experiência existencial dos oprimidos,
uma irresistível atração pelo opressos. Pelo seus padrões de vida. Participar
destes padrões constitui uma incontida aspiração. Na sua alienação querem, a
todo o custo, parecer com o opressor. Imitá-lo. Segui-lo (FREIRE, 2008, p. 55).
Entregar-se totalmente aos cuidados de Deus no deserto, parecia-lhes algo
inquietante, inseguro ou até mesmo um ato de suicídio. O judaísmo entende a fé como:
[...] Fé é uma decisão firme para encarar e subjugar o próprio medo: declaração
de resistência à fraqueza e à preguiça; protesto e responsabilidade;
compromisso consigo mesmo para aceitar o desafio. Fé é o passo inicial que
leva ao cumprimento através do esforço (SCHLESINGER, 1987, p. 77).
O deserto com o clima seco, inabitado, com as constantes mudanças de cenário
provocadas pelo vento, é o cenário escolhido por Deus, no qual os escravos fugidos do
Egito viverão a libertação, como afirma Freire: “A libertação, por isto, é um parto. E um
parto doloroso” (FREIRE, 2008, p. 38). A mentalidade de escravidão desaparece com o
deserto, é como a areia que não se pode segurar e se esvai dentre os dedos. É
doloroso, pois só os nascidos no deserto, ou seja, os nascidos livres poderão entrar e
herdar a terra prometida. “A saída da escravidão é a primeira meta, a entrada na
liberdade a segunda” (LAPIDE, 1987, p. 57).
O caminho para a liberdade passa por passos: O deserto com as suas imensas
dificuldades, o Sinai onde recebe-se a lei para poder entrar na terra prometida. O
Talmud faz um jogo de palavras com o texto de Êx 32,16: “As tábuas eram obra de
Deus; também a escritura era a mesma escritura de Deus, esculpida nas tábuas”. Os
rabinos dizem para não ler “esculpidas” mas sim “livre” (“cherut” em lugar de “charuto”)
(LAPIDE, 1987, p. 57-8).
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A liberdade deve ter um propósito de domínio próprio e ser um exercício
contínuo, como afirma Freire: “A liberdade, que é uma conquista, e não uma doação,
exige uma permanente busca” (FREIRE, 2008, p. 38). O Êxodo dos hebreus mostra o
limite que Deus estabelece, Ele não quer a escravidão e a injustiça. Israel liberta é o
exemplo para as nações.
Palavras finais
As “palavras finais” não querem ser “finais” mas sim provocativas. Na América
Latina o Êxodo bíblico foi lido diversas vezes. Em cada tempo e situação emerge das
Escrituras as palavras de libertação, o Deus que afirma “EU SOU O QUE SOU” (Êx
3.14) não deixa calar a sua voz. A Criação sofre, criaturas oprimindo criaturas, irmãos
maltratando irmãos. O mundo clama por justiça, a qual procede de Deus. Que o texto
do Êxodo possa ser lido de forma libertadora em todos os tempos e lugares, lançando
alicerces para a formação de uma sociedade mais justa e igualitária.
Referenciais
BEN-CHORIN, Schalom. A eleição de Israel: um tratado teológico-político. Petrópolis: Vozes,
1999.
BLUMENFELD, Yaacov Israel. Judaísmo: a vida, o mundo e o homem segundo a Torah. Rio de
Janeiro: Imago, 1989.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Ed. 47. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2008.
GOLDBERG, David J.; RAYNER, John D. Os judeus e o judaísmo: história e religião. Rio de
Janeiro: Xenon, 1989.
IZECKSOHN, Isaac. História dos judeus. v. 1. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 1973-1976.
LAPIDE, Pinchas. O Êxodo na Tradição Judaica. In: Revista Concilium. Êxodo: paradigma
sempre atual. Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 1987.
NEUSNER, Jacob. Introdução ao judaísmo. Rio de Janeiro: Imago, 2004.
SCHLESINGER, Hugo. Pequeno vocabulário do Judaísmo. São Paulo: Paulinas, 1987.
WESTERMANN, Claus. O Livro do Gênesis – Um comentário exegético-teológico. São
Leopoldo: Sinodal, 2013.
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