O CONCÍLIO DE JERUSALÉM Atos 15.1-35 A oposição ao evangelho se manifestava repetidamente em Atos. A mensagem sobre Jesus Cristo que alguns judeus, como Pedro, Estêvão, Barnabé, e mais tarde Paulo, pregavam contrariava outros judeus, que rejeitavam a afirmação de que Jesus era o Messias judeu. Estava em jogo a questão sobre como uma pessoa era “salva” – perdoada de seus pecados, permitindo a obra posterior do reino de Deus nessa terra, recebendo o privilégio de desfrutar do céu no porvir. Os judeus cristãos insistiam que a salvação era um dom gratuito da graça de Deus, adquirida mediante fé em Jesus Cristo. Não é conquistada por um misto de fé e mérito humano. Os judeus não-cristãos discordavam. Eles não aceitavam a morte de Jesus na cruz como o sacrifício pelos seus pecados. Eles insistiam que para ser aceito por Deus era necessário seguir as crenças e os costumes judaicos, especialmente (para os homens) o rito da circuncisão. Mais tarde, uma variação desse ponto de vista despontou dentro da própria igreja, ainda composta basicamente de judeus naquela época (por volta de 49 d.C.). “Alguns indivíduos que desceram da JUDEIA”, talvez o mesmo grupo que criticou Pedro anteriormente (11.2), para a Antioquia pregavam contra o evangelho que Paulo e Barnabé estavam disseminando (15.1). Eles insistiam que para receber a salvação uma pessoa precisava crer em Cristo, mas também seguir a lei de Moisés como acreditava a maioria dos judeus do primeiro século. Anos antes, Jesus já havia protestado contra a compreensão e a má utilização da lei mosaica (veja, por exemplo, Mt 23; Mc 7.9). Ele os acusou de substituir as tradições humanas por um autêntico relacionamento pessoal com o Senhor. Paulo e Barnabé, líderes da igreja na Antioquia, se opunham aos pontos de vista dos visitantes de Jerusalém. É provável que Paulo tenha escrito sua epístola aos Gálatas por volta dessa época, abordando as mesmas questões que surgiram nas igrejas da Galácia. Para resolver essa questão, foi convocada uma reunião em Jerusalém. Aqueles que discordavam de Paulo e Barnabé falaram primeiro. “Os gentios precisam ser circuncidados e obedecer a lei de Moisés” (15.5), clamavam. Depois de se aconselharem, Pedro e outros decidiram. O veredito: “...cremos que fomos salvos pela graça do Senhor Jesus, como também aqueles o foram” (15.11). Ao dizer “cremos”, Pedro estava querendo dizer .nós, judeus., e por .aqueles que o foram., estava se referindo aos não-judeus. Barnabé e Paulo obviamente concordaram (15.12), assim como Tiago, o meio-irmão de Jesus e um líder na igreja de Jerusalém (15.13-21). Uma carta foi então preparada para distribuição às igrejas na Antioquia, na grande Síria, e CILÍCIA, que tinham ficado aparentemente estremecidas pela discussão (era desnecessário enviá-la às igrejas da Galácia porque Paulo já tinha instruído aos gálatas a respeito da questão em sua própria epístola). Atos 15.23-29 nos apresenta o texto dessa carta. Faz o registro teológico de modo direto desmentindo o falso ensinamento de que a salvação é mediante Cristo e também obras. Os mensageiros da carta, Judas e Silas, confirmaram isto pessoalmente. Finalmente, sugere quatro áreas de preocupação dos judeus que os gentios cristãos deviam tentar cumprir. Não compõem uma .listinha. de regras para alcançar a salvação, mas sim os pontos de observância cultural ou moral sobre os quais os judeus e não-judeus mantinham diferentes pontos de vista. A carta instava os crentes gentios a se absterem de práticas morais e alimentares que fossem desnecessariamente repugnantes para aqueles na igreja que tinham herança cultural judaica. A salvação é pela graça apenas, por meio da fé somente, mas os gentios cristãos devem concordar em abrir mão de sua própria liberdade no interesse da sensibilidade cultural quando isto podia ser feito sem acordo teológico. O próprio Paulo praticou essa política e a recomendava aos outros (Rm 14; 1Co 8.9-13). A igreja moderna esquece facilmente as origens judaicas da igreja primitiva. Em muitas regiões, aceita como certo que a salvação é “pela graça através da fé”. O Concílio de Jerusalém é importante como registro de como essa verdade essencial foi discutida e construída. A igreja por intermédio dos séculos nem sempre tem sido verdadeira quanto a essa percepção. Porém com a orientação das Escrituras e do Espírito Santo (15.15-18,28), o evangelho autêntico estava se estabelecendo com clareza no início do crescimento da igreja. Em todas as épocas, a igreja tem conseguido examinar a difícil, porém correta decisão tomada em Jerusalém a fim de garantir que não se afastou de alguma forma de discernimento que estabelece e preserva o seu vigor espiritual. Descobrindo o Novo Testamento, Walter A. Elwell & Robertw. Yarbroucgh, Editora Cultura Cristã © Todos os direitos são reservados. Palavra Viva – 4º tri 2011 Apoio didático – Lição 1 CAMINHOS MISSIONÁRIOS DA IGREJA PARTE 2