Fósseis apontam que mar cobria o interior de SP há 260 milhões de

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Fósseis apontam que mar cobria o interior de SP há 260 milhões de anos
Pesquisa
Postado em: 24/04/2017 10:50
O chamado “mar de Irati” tinha 1 milhão de quilômetros quadrados e acabou secando após uma
série de mudanças geológicas.
Um levantamento realizado por pesquisadores de sete universidades brasileiras e portuguesas
apontou que há 260 milhões de anos o interior de São Paulo era coberto por água. O chamado “mar
de Irati” tinha 1 milhão de quilômetros quadrados e acabou secando após uma série de mudanças
geológicas.
Entretanto, fósseis de animais marinhos e vestígios de algas ainda podem ser encontrados em
algumas regiões, como no município de Santa Rosa de Viterbo (SP), a 300 quilômetros da capital
paulista, onde ficava uma das praias de águas limpas, claras, rasas e quentes, como descreve o
estudo.
As primeiras descobertas ocorreram na década de 1970, durante os trabalhos de escavação em
uma mina de calcário que, mais tarde, se tornou um sítio arqueológico. Agora, as informações foram
reunidas em um inventário geológico, publicado na revista científica GeoHeritage. O documento é
assinado por geocientistas da Universidade de São Paulo (USP), Universidade de Campinas
(Unicamp), Universidade Estadual Paulista (Unesp), Universidade Federal de São Carlos (UFScar),
Universidade Federal do Paraná (UFPR), Instituto Florestal e Instituto Geológico de São Paulo.
Segundo os pesquisadores, os elementos que comprovam a existência do mar de Irati estão
embaixo da terra, a até 25 metros de profundidade: os estromatólitos são rochas que se formam no
fundo de mares rasos a partir de microrganismos solidificados, que se acumulam como um tapete
de limo. Em Santa Rosa, com a retirada do calcário pela mineração, foram descobertos
estromatólitos gigantes, que só haviam sido encontrados na Namíbia. O engenheiro de minas Marco
Antônio Cornetti explica que esse tipo de rocha geralmente é pequeno, mas no interior de São Paulo
há alguns com até três metros.
“Uma infinidade de algas morreu e o calcário começa a sedimentar em cima delas. Ninguém sabe
por que essas algas não sedimentavam de forma plana, elas formam uma estrutura. Por que elas
assumiram essa forma, ninguém sabe o motivo”, diz.
Cornetti trabalhou na pedreira em 1972, quando os primeiros indícios de vida marinha foram
descobertos, e também atuou ao lado dos pesquisadores entre 2012 e 2015, na elaboração do
inventário atual. Ele conta que o grupo também achou coprólitos, fezes fossilizadas de peixes e
tartarugas.
“Elas têm formas diferentes: uma mais cilíndrica e outra mais redonda. Isso vai mostrar a origem de
um e de outro [animal]. Esses coprólitos e os restos de conchas estão nessa camada [de rocha], o
que comprova ambiente marinho nesse local”, afirma.
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Nas áreas de mineração, os geocientistas ainda identificaram fragmentos de ossos de um
vertebrado que antecedeu os dinossauros, o Mesosaurus brasiliensis. O animal vivia no mar de Irati
e era parecido com um lagarto com um metro de comprimento, segundo Cornetti.
“Ele ficava em cima do estromatólito, morria e caía entre dois estromatólitos. A onda ficava
balançando e, por isso, você não encontra o corpo do Mesosaurus completo, porque a água do mar
ficava balançando e separava todos os pedacinhos”, explica.
Extinção
O mar de Irati se estendia pelos estados de São Paulo, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande
do Sul e até partes do Uruguai, Paraguai e Argentina. Segundo os pesquisadores, movimentos
geológicos fizeram quase toda água escoar para o oceano Atlântico.
“Na região de Uberlândia o solo foi levantando e foi expulsando o mar em direção à foz do Rio
Paraná. Em Santa Rosa, ficou um mar fechado, com mais ou menos 3 mil hectares. Não entrou
mais água, esse mar secou e na hora que foi secando, foi depositando calcário”, diz Cornetti.
O engenheiro explica que o Irati era um mar raso, com aproximadamente 200 metros de
profundidade, e levou cerca de 20 milhões de anos para secar. Logo depois, a região virou um
deserto e, lentamente, a vegetação foi se recompondo. As rochas existentes no local ajudaram a
formar o maior reservatório de água do mundo: o Aquífero Guarani.
“Depois do mar, se formou um lago com lama argilosa. Aí, aparecem os derrames basálticos e a
formação do que, todo mundo conhece, os aquífero Guarani, Botucatu e Pirabóia, que estão muito
acima topograficamente dessa formação, são bem mais recentes”, diz.
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