REVISÃO DA TEORIA MA11 UNIDADE 12 FUNÇÕES POLINOMIAIS 1 Funções Polinomiais vs Polinômios Diz-se que p: IRIR é uma função polinomial quando existem números a0, a1,..., an tais que, para todo x R, tem-se p(x) = anxn + an – 1xn – 1 + . . . + a1x + a0 Se an 0, dizemos que p tem grau n. Um exemplo interessante de produto é: (x – )(xn – 1+ xn – 2 + . . . + n – 2x + n – 1) = xn – n Dizemos então que xn – n é divisível por x – . 1, 2,..., k são raízes de p se, e somente, para todo x IR vale p(x) = (x – 1)(x – 2) ... (x – k)q(x) onde q é uma função polinomial de grau n – k se p tem grau n. Daí resulta que uma função polinomial de grau n não pode ter mais do que n raízes. Uma função polinomial chama-se identicamente nula quando se tem p(x) = 0 para todo x IR. Nesse caso p tem uma infinidade de raízes, ou seja, todo número real é raiz de p. Assim: p(x) = anxn + an – 1xn – 1 + . . . + a1x + a0 tem todos os coeficientes an, an – 1, ... a1, a0 são iguais a zero. Se os polinômios p(x) = anxn + an – 1xn – 1 + . . . + a1x + a0 e q(x) = bnxn + bn – 1xn – 1 + . . . + b1x + b0 segue que: an = bn, an – 1 = bn – 1, ... , a1 = b1, a0 = b0. A cada polinômio p(X) = anXn + an – 1Xn – 1 + . . . + a1X + a0 faz-se corresponder a função polinomial p (x) = anxn + an – 1xn – 1 + . . . + a1x + a0, para todo x IR. Esta correspondência (polinômio) (função polinomial) é sobrejetiva. 2 Determinando um Polinômio a Partir de Seus Valores Dados n + 1 números reais distintos x0, x1, ..., xn e fixados arbitrariamente os valores y0, y1, ..., yn, existe um, e somente um, polinômio p, de grau n, tal que p(x0) = y0, p(x1) = y1, ..., p(xn) = yn. Fórmula de interpolação de Lagrange: n = 1: p x y0 x x0 x x1 y1 x0 x1 x1 x0 CONTINUAÇÃO DA REVISÃO DE MA 11 - PROFMAT – UFPI – Marcos Nery n = 2: p x y0 2 x x1 x x2 y x x0 x x2 y x x0 x x1 x0 x1 x0 x2 1 x1 x0 x1 x2 2 x2 x0 x2 x1 Caso geral: n x xk p x yi i 0 k i xi xk 3 Gráficos de Polinômios Seja p(x) = anxn + an – 1xn – 1 + . . . + a1x + a0, com a 0. Se n é par então, para |x| suficientemente grande, p(x) tem o mesmo sinal de an. Este sinal é, portanto, o mesmo, não importando se x < 0 ou x > 0, desde que |x| seja suficientemente grande. Se, entretanto, n é ímpar, p(x) tem o mesmo sinal de an para valores positivos muito grandes de x e tem o sinal oposto de an para valores negativos muito grandes de an. Em ambos os casos (n par ou n ímpar), quando |x| cresce ilimitadamente, |p(x)| também cresce ilimitadamente. Um exemplo de algoritmo grandemente eficiente para obter uma raiz da equação p(x) = 0 é o método de Newton. Segundo este método, se x1 é um valor próximo de uma raiz, a sequência x1, x2, ..., xn, ...de números reais obtidos pela fórmula iterativa xn 1 xn p xn p ' xn Um caso particular do método de Newton já era conhecido pelos babilônios, que calculavam a raiz quadrada de um número positivo a (ou seja, uma raiz da equação x2 – a = 0) tomando um valor inicial x1 e, a partir dele, construir as aproximações x1, x2, ..., xn, ... de a pela fórmula iterativa: 1 a xn 1 xn 2 xn UNIDADE 13 FUNÇÃO EXPONENCIAL 1 Introdução O modelo matemático conveniente para descrever a variação de um capital aplicado a juros fixos, em função do tempo, deve ser uma função crescente c(t) tal que o acréscimo relativo c t h c t c t dependa apenas de h, mas não de t. As únicas funções com estas propriedades são as da forma c t c0 at . Uma situação análoga ocorre quando se estuda a desintegração radioativa. De um modo geral, se designarmos por m = m(t) a massa da substância radioativa presente no corpo no instante t, veremos que m é uma função decrescente de t e, além disso, a perda relativa m t h m t m t , ocorrida após o decurso do tempo h, depende apenas de h mas não do instante inicial t, ou seja, da massa m(t) existente naquela ocasião. CONTINUAÇÃO DA REVISÃO DE MA 11 - PROFMAT – UFPI – Marcos Nery 3 As únicas funções com essas propriedades são as do tipo m t b at . 2 Potências de Expoente Racional Seja a um número real positivo. Para todo n IN, a potência an, de base a e expoente n é definida como o produto de n fatores iguais a a. Para quaisquer m; n IN tem-se a m a n a m n . Segue-se que, para m1, m2, ..., mk quaisquer vale: am1 am2 ... a mk a m1 m2 ...mk k a mk . Em particular, se m1 = m2 = ... = mk = m, vem a m Se a 1 1 a a 2 ... a n a n1 .... Além disso, 0 a 1 1 a a 2 ... a n a n1 .... Como a igualdade a0 a1 = a0+1 deve ser válida, teremos a0 a = a, logo a única definição possível é a0 = 1. Dado qualquer n IN, devemos ter a n a n a nn a0 1 , logo a n Que sentido pode ser dado à potência ar quando r 1 . an m é um número racional (onde m Z e n N), de n m modo que continue válida a regra a r a s a r s . Desta igualdade resulta, que se deve ter, para r : n a r n a r a r ... a r a r r ...r a rn a m Portanto ar é o número real positivo cuja n-ésima potência é igual a am. Por definição de raiz, este número é n a m , a raiz n-ésima de am. Assim, a única maneira de definir a potência ar , com r Z, n IN, consiste em pôr m ,m n m a n n am Lema: Fixado o número real positivo a 1, em todo intervalo de R+ existe alguma potência ar, com r Q. UNIDADE 14 FUNÇÃO EXPONENCIAL 1 A Função Exponencial Seja a um número real positivo, que suporemos sempre diferente de 1. A função exponencial de base a, f: IR IR+ , indicada pela notação f(x) = ax , deve ser definida de modo a ter as seguintes propriedades, para quaisquer x; y IR: 1) a x a y a x y 2) a1 a 3) x y a x a y quando a 1 e x y a y a x quando 0 a 1. 4) A função f: IR IR+, definida por f(x) = ax , é ilimitada superiormente. 5) A função exponencial é contínua. 6) A função exponencial f: IR IR+, f(x) = ax , a 1 é sobrejetiva. Vemos, pois, que para todo número real positivo a, diferente de 1, a função exponencial f: IR IR+, dada por f(x) = ax , é uma correspondência biunívoca entre IR e IR+, crescente se a > 1, decrescente se 0 < a < 1, com a propriedade adicional de transformar somas em produtos, isto é, f x y f x f y . CONTINUAÇÃO DA REVISÃO DE MA 11 - PROFMAT – UFPI – Marcos Nery 4 A injetividade da função x ax decorre da sua monotonicidade. Se a > 1, por exemplo, então: x y a x a y e x y a x a y , portanto x y a x a y . 2 Caracterização da Função Exponencial Teorema: (Caracterização da função exponencial.) Seja f: IR IR+ uma função monótona injetiva (isto é, crescente ou decrescente). As seguintes afirmações são equivalentes: (1) f nx f x para todo n Z e todo x IR. n (2) f x a x para todo x IR, onde a f 1 . (3) f x y f x f y para quaisquer x,y IR. UNIDADE 15 FUNÇÃO EXPONENCIAL E FUNÇÃO INVERSA 1 Funções Exponenciais e Progressões Seja f: IR IR, f(x) = bax, uma função de tipo exponencial. Se x1, x2, ..., xn, ... é uma progressão aritmética de razão h, isto é, xn+1 = xn + h, então os valores f x1 ba x1 , f x2 ba x2 , ..., f xn ba xn , ..., formam uma progressão geométrica de razão ah pois: f xn1 ba xn1 ba xn h ba xn a h Teorema: Seja f: IR IR uma função monótona injetiva (isto é, crescente ou decrescente) que transforma toda progressão aritmética x1, x2, ..., xn,... numa progressão geométrica y1, y2, ..., yn, .... = f(xn) . Se pusermos b = f(0) e a = f(1)/f(0) teremos f(x) = bax para todo x IR. 2 Função Inversa Diz-se que a função g: Y X é a inversa da função f: X Y quando se tem g(f(x)) = x e f(g(y)) = y para quaisquer x X e y Y. Evidentemente, g é inversa de f se, e somente se, f é inversa de g. Quando g é a inversa de f, tem-se g(y) = x se, e somente se, f(x) = y. Se g(f(x)) = x para todo x X então a função f é injetiva, pois f(x1) = f(x2) g(f(x1)) = g(f(x2)) x1 = x2. Por sua vez, a igualdade f(g(y)) = y, valendo para todo y Y, implica que f é sobrejetiva pois, dado y Y arbitrário, tomamos x = g(y) X e temos f(x) = y. Portanto, se a função f: X Y possui inversa então f é injetiva e sobrejetiva, ou seja, é uma correspondência biunívoca entre X e Y. Observação. Se f: X Y é sobrejetiva e g: Y X é tal que g(f(x)) = x para todo x X então tem-se necessariamente f(g(y)) = y para todo y Y e g = f –1 é a inversa de x. Com efeito, dado qualquer y Y existe x X tal que f(x) = y, logo f(g(y)) = f(g(f(x))) = f(x) = y. UNIDADE 16 FUNÇÃO LOGARÍTMICA 1 Funções Logarítmicas A inversa da função exponencial de base a é a função loga: IR+ IR, que associa a cada número real positivo x o número real loga x, chamado o logaritmo de x na base a. Por definição de função inversa, tem-se aloga x = x e loga(ax ) = x. CONTINUAÇÃO DA REVISÃO DE MA 11 - PROFMAT – UFPI – Marcos Nery 5 Consequências da definição: (1) log b 1 0,..b IR* \ 1 (2) log b b 1,..b IR* \ 1 (3) log b b n n,..b IR* \ 1 (4) b logb a a,..b IR* \ 1 Propriedades operatórias Todas as propriedades abaixo são válidas a, b, c IR* , com..a 1 (1) log a (b c) log a b log a c b c (3) log a (c n ) n log a c,..n IN (2) log a log a b log a c log c b log c a (5) log a b log a c b c (4) log a b 2 Caracterização das Funções Logarítmicas Teorema: (Caracterização das funções logarítmicas.) Seja f: IR+ IR uma função monótona injetiva (isto é, crescente ou decrescente) tal que f(xy) = f(x) + f(y) para quaisquer x; y R+. Então existe a > 0 tal que f(x) = loga x para todo x R+. Generalidades sobre a Função Logarítmica Dado um número real a IR* \ 1, chamamos de função logarítmica de base a a função f : IR* IR que associa a cada x o número real log a x, isto é, f : IR* IR tal que f ( x) log a x . A função é crescente se a 1 A função é decrescente se 0 a 1 . Para resolver inequações logarítmicas, após igualar as bases, observamos o a . Se a 1 , log a x1 log a x2 x1 x2 Se 0 a 1, log a x1 log a x2 x1 x2 UNIDADE 17 LOGARITMOS NATURAIS 1 Logaritmos Naturais Pelo Teorema de Caracterização das funções logarítmicas, existe um número real positivo, que chamaremos de e, tal que f(x) = loge x para todo x R+. Escreveremos ln x em vez de loge x e chamaremos o número ln x de logaritmo natural de x. O número e, base dos logaritmos naturais, é caracterizado pelo fato de que seu logaritmo natural é igual a 1, ou seja ÁREA H1e 1 . CONTINUAÇÃO DA REVISÃO DE MA 11 - PROFMAT – UFPI – Marcos Nery O número e é irracional. Um valor aproximado dessa importante constante é e = 2,718281828459. x ln 1 x x 1 x Dividindo por x: ln 1 x 1 1 1 x x 1 Tomando x : n n n 1 ln 1 1 n 1 n Portanto: e n n 1 n n 1 1 1 e lim 1 e n n n 6