V Seminá inário de Pós-Graduação em Filosofia da UFSC Car 19 a 23 de outubro de 2009 O CONCEITO DE FORMA F EM HEGEL E ADORNO:: P POR UMA COMPREEN ENSÃO DO PENSAR EM BRASILEI EIRO Chris risty Ganzert Pato Doutorado – Universidade dee São S Paulo (USP) christyp [email protected] Preâmbulo O presente artigo igo é apenas um esboço de um trabalho em and ndamento e, como tal, muito mais recheadoo de intuições do que de formulações acaba abadas. A própria bibliografia aqui enumerad ada é conscientemente limitada diante do prob roblema proposto. Muitos autores, não elenca cados neste trabalho, ainda aguardam sua vez, ez, empilhados na escrivaninha. Críticas e suge ugestões são, portanto, muito bem-vindas.265 Introdução Introduzir o pro roblema aqui proposto felizmente não chega a assemelhar-se à encalacrada que é defini inir o Geist, na Fenomenologia do Espír pírito, onde não conseguimos contar a hist istória enquanto o novelo todo não for dese esenrolado. Ainda assim, no entanto, um peq equeno ziquezaguear faz-se necessário. Nãoo por p capricho do autor, mas por capricho doo oobjeto. Por razões que ue ficarão mais claras adiante, comecemos en encarando a Arte. Seria ela uma instância au autônoma, com um movimento absolutament ente descolado de todo o tecido social? A L Literatura, o Cinema ou as Artes Plásticass sseriam sistemas fechados, passíveis de ent ntendimento apenas pela compreensão de su suas engrenagens mesmas? Autores comoo Ernst Gombrich (1990) por certo concor cordam com tais premissas. Partindo de pres ressupostos análogos aos da Filosofia da Ciên iência, a pretensão de Gombrich é poder defi efinir o objeto da Arte de modo a ser possí ssível discernir as normas e regularidades pel pelas quais se dá seu progresso. A sucessãoo de movimentos artísticos, portanto, passaa aao entendimento tal como um organismo eem seu processo evolutivo. O fazer artístico co torna-se um embate de soluções de entess aabstratos, que se sucedem no confronto com m seus predecessores, numa luta pela resoluçã ução de problemas de forma postos a cada in instante. Mas não no sentido de uma forma rma que remeta a 265 O autor é professor do Departa artamento de Economia da PUC-SP, mestre em Ciências ias Políticas (USP) e doutorando em Filosofia (USP). ). U Uma versão sensivelmente ampliada deste artigo foii publicada p nos Anais da ANPOCS deste ano de 2009. ISSN 2177-0417 - 190 - PP PPG-Fil - UFSCar V Seminá inário de Pós-Graduação em Filosofia da UFSC Car 19 a 23 de outubro de 2009 essência, conteúdo e maté atéria, tal como Hegel trata o problema, mas as sim a formas abstratas, que se digladiam m tais como entes matemáticos cavando suaa ssolução ulterior. Para esses, portanto, compr preender a Arte é compreender regras inerent entes a um campo específico, tomado em si, hermético, e onde, portanto, qualqu lquer abordagem verdadeiramente rigorosaa ddeve seguir premissas similares às da Físic sica. Ou seja, um perfeito entendimento da A Arte implica em abordá-la tal como um entom tomologista que se preocupa apenas em dissec ecar as entranhas de seu besouro, obcecado so somente com sua fisiologia. Devemos abstra trair as condições nas quais ela mesma, a Arte, A é feita, e concentrarmo-nos apenass nno diálogo que suas próprias instâncias traç raçam entre si. O fazer artístico, que, obvi viamente, é também um fazer humano,, ppassa então ao entendimento como um faze azer de algo que se desdobra sobre si mesmo,, e não como uma totalidade, na qual o ser soc ocial que lhe dá sentido também se faz presente nte266. Por extensão,, o que dizer do pensamento que uma cultur ltura tece sobre si mesma? Como devemos co compreender as sucessões de interpretaçõess qque uma Nação tece sobre sua própria his história? Análogo ao problema da Arte, deve everíamos tomá-la como uma mônada, comoo um ser cujo andar é dado pelo embate dee ssuas propostas e formulações, órgãos que se lhe operariam internamente? Se concorda rdarmos com essa premissa, falar em Pensam amento Brasileiro, portanto, seria como falar lar igualmente de Pensamento Alemão. Estar taríamos tratando essencialmente de seres daa mesma espécie, ou, pelo menos, do mesm smo gênero, e, portanto, com a mesma fisio siologia, a mesma estrutura e a mesma dinâmi mica de funcionamento. Poderíamos, assim, ap apreender o que é esse ser, chamado de Pen Pensamento Brasileiro, aplicando-lhe as mes esmas regras de vivissecção aplicáveis ao P Pensamento Alemão. Quais são seus pilaress m motrizes? Insirase o bisturi na terceira vérte értebra. Seus problemas recorrentes? Uma lapa paroscopia revelaos facilmente. Como, em ca cada um deles, se opera a sucessão de soluçõ ções e arcabouços explicativos, em função da das respostas que são dadas aos que lhe pr precederam? Um rápido exame de função pu pulmonar dá conta do recado. Assim, com os procedimentos adequados, poderíamos fac facilmente chegar a certas regularidades na m maneira como se digladiam os órgãos intern rnos de nosso objeto, seja ele o Pensamento to Brasileiro, ou o Pensamento Alemão. Nada da como uma abordagem científica para noss ppermitir delinear um ser que, embora abstrato ato, possui corporeidade. Obviamente, o autor que vos fala nesse artigo considera era absolutamente insuficiente esse tipo dee aabordagem. Como podemos de fato falarr eem Pensamento 266 Gombrich não ignora o papel el do artista. Mas toma-o justamente como o veículo atra través do qual se operam as soluções formais. ISSN 2177-0417 - 191 - PP PPG-Fil - UFSCar V Seminá inário de Pós-Graduação em Filosofia da UFSC Car 19 a 23 de outubro de 2009 Brasileiro abstraindo as con condições concretas sobre as quais se dá o pró próprio pensar? É claro que o extremo oposto sto é igualmente insuficiente. Por todo o século lo XX abundaram as mutilações propiciadas as pelo marxismo vulgar, que, em sua legítim ítima tentativa de devolver ao campo do conc ncreto o entendimento da cultura, da arte e doo pensar, reduziuos a meros reflexos de um uma tal de estrutura econômica. Claro que tal assassínio não ocorreu sem razão. Umaa certa interpretação de Marx foi respons nsável por essas barbeiragens que, ainda aassim, se diziam parte do fino biscoito ddo materialismo dialético. Mais à frente tenta ntarei retomar esse mal-entendido267. Pois bem, eis de delineado o problema. Como devemos, então, ão, compreender e definir isso que se chama de Pensamento Brasileiro? Como podemos aba abarcá-lo não mais como um mundo de entidad dades abstratas, nem, tampouco, como mero re reflexo mecânico de um movimento objetivo vo do modo de produção de uma sociedade?? C Como podemos, de fato, acessá-lo? Mais uma vez, z, voltemos à esfera da Arte. Quando Debrett aaporta no Brasil, junto com a Missão France cesa, em 1816, em pouco tempo se transfigura ura seu pintar. Sua formação neoclássica, adeq equada à grandiloquência da revolução napol oleônica, gira em falso numa sociedade escr scravocrata. Diante da impossibilidade da tr transposição dos cânones de sua formação ão estética européia, seus trabalhos translad ladam de formas ostensivamente fortes – tão tã ao gosto de uma era de revoluções na Europa – para trabalhos acanhados e moodestos (NAVES, 1997, p.71). Os temas il iluministas ainda subsistem, de certo modo do, mas tratados de maneira curiosamentee mais m ou menos iluminista. Qual o segredoo dde tamanha mudança de registro? À exigência ne neoclássica de formas idealizantes, como con onfrontar virtudes exemplares numa socieda dade escravista, a não ser por meio dee um inaceitável falseamento. Num ambiente nte social marcado por uma proximidade que ue mais oprime do que liberta, é esse meio ppardo, em que tudo se aproxima ameaçado doramente, que é transplantado para as telas, as, onde brancos e negros são tomados por um recorte tosco e envoltos por uma atmosfera fera viscosa (cf. NAVES, 1997). Em lugar daa pompa do óleo, somente a aquarela parec rece dar conta desse tecido social que foge fo ao próprio enquadramento formal. Dee fato, na aquarela de Debret o que surge é uuma nova forma onde “o desencontro entre tre a presença ostensiva dos corpos e sua ua precariedade é decisivo” (NAVES, 1997,, pp.93). Um traço mais solto, onde a demarcaçã ção dos contornos 267 Em dois trabalhos recentes, ap apresentados, respectivamente, na XII Conferência Anu nual da Associação Internacional de Realismo Crítico tico, em Niterói-RJ, e no V Colóquio Nacional de Filosof sofia da História, em Salvador-BA, procurei resgatarr o sentido de totalidade na abordagem marxiana, aponta ntando a devida compreensão do termo determina inação (Bestimmung) dentro da lógica dialética. ISSN 2177-0417 - 192 - PP PPG-Fil - UFSCar V Seminá inário de Pós-Graduação em Filosofia da UFSC Car 19 a 23 de outubro de 2009 não é mais tão rígida, emerg erge como a forma adequada à representação de uma sociedade em que a escravidão é mode oderna. Em Tarsila doo A Amaral vemos um movimento semelhante, ain ainda que fruto de um exílio distinto. É sua eestadia na Europa que irá lhe permitir encon ontrar a paleta de cores adequada à represent entação de um tecido social fluído, ainda que ue vibrante. É na solidez fugidia de formas e cores que Tarsila encontra o Brasil. De Debr ebret a Amilcar de Castro, passando por Tars arsila, Volpi e Guinard, é Rodrigo Naves (1 (1997) quem nos proporciona uma bela recon constituição dos percalços de formação dessee nnosso pintar em brasileiro. Voltando ao no nosso problema, como podemos compreend nder nosso modo peculiar de raciocínio intele electual, esse nosso atabalhoado típico de nação ção que se constrói através da deglutição do olh olhar estrangeiro? Como podemos, enfim, disc iscernir um pensar em brasileiro, sendo que,, ta tal como o pintar, seu segredo reside em suaa fforma mesma, a forma adequada do capitalis alismo na periferia? O conceito de forma no sentido hegeliano, e seus volteios vol de matiz frankfurtiana, são nossa pis pista. Tomo-o como alicerce conceitual para ra sse dissecar esse nosso pensar que se movee na chave do "somos contra, porém a favor", r", um pensar que oscila entre a crítica do pro rocesso de desenvolvimento capitalista e a pró rópria reprodução dele mesmo, não porque haj haja confusão no pensar, mas justamente porqu que essa é a forma adequada a um tecido ssocial que exige, junto com sua crítica tica, soluções de desenvolvimento e industria trialização. É certo que nos nosso pensar em brasileiro é muito mais intere eressante que essa simples caricatura, pois sem dúvida incorporamos o dito pensamentoo m moderno, e com um viés muito particula lar. Uma particularidade, aliás, que noss confere traços absolutamente esquisitos e, no entanto, eles estão prontos a vir comer em nossa mão, tão logo solicitados, pois somoos ambos igualmente estranhos, nós e essess oovos metafísicos que sabemos tratar tão fam familiarmente. No caso, o ovo metafísico de Rodrigo Naves (1997) é o ovo de Tarsila em sua Urutu, já os nossos ovos são o capital, al, a modernidade, e congêneres. Essa esquisitice ice de forma é o que vemos na metrópole de Simmel (1967 [1902]), que logo percebe ebeu que não é que exista uma falta de co coesão social na metrópole, mas que é pr precisamente essa anomia a base de suaa agregação, sua sociabilidade típica. Num m paralelo talvez um tanto obtuso, a for forma tão pouco estruturada e institucionaliz lizada de nossa sociedade certamente estimula la e dá veracidade ISSN 2177-0417 - 193 - PP PPG-Fil - UFSCar V Seminá inário de Pós-Graduação em Filosofia da UFSC Car 19 a 23 de outubro de 2009 às formalizações que resiste istem a uma determinação mais acentuada. Des essa forma, não é que falte formalismo ao no nosso pensar em brasileiro, mas sim que ele le se exprime por algo que podemos chamarr dde Forma Difícil268. Daí as celeumas as em torno à conversão (ou não) de muitoss ddo nosso melhor partido intelectual à seara nneoliberal, dos quais o caso mais emblemático ico por certo que é o de Fernando Henrique Ca Cardoso. Longe de querer legitimar as ações es políticas de tais ou quais figuras, é inegá gável que os trabalhos de muitos dessess iintelectuais nos mostraram que as repostas as não estavam lá fora, mas aqui mesmo, noo qquintal de nosso partido intelectual, nessa no nossa barafunda de certo tipo de vida intelect ectual congregada, de perfil institucional indeci eciso porém tangível, e sua peculiar feição dee sser contra porém a favor – na bela fórmula de Antonio Cândido. Aliás, as respos ostas vêm de nosso partido intelectual num du duplo sentido. Em certa medida pelas suas pr próprias interpretações, e por outro lado pel elos percalços da constituição de sua própria ria forma. No primeiro caso o significado é evidente. Num mundo onde a última fronte nteira de expansão do capitalismo consolidou--se sob a alcunha de Terceiro Mundo, quem em mais poderia ter melhor compreendido a natureza desse fenômeno que suas própria rias vítimas? Só mesmo um território povoado do por idéias fora do lugar seria capaz de ges gestar a compreensão adequada àquilo que é, por sua própria natureza, contraditório. Eis is aqui mais uma das travessuras do materialism ismo histórico. Já no segundo do caso, quando digo que a resposta ao en entendimento do capitalismo também passa sa pela formação do nosso partido intelectual ual, não estou me referindo às entranhas soc ociológicas desse percurso, mas ao passo a passo do nosso pensar em brasileiro, aoss ssolavancos de afirmação de um pensamento to que se exprime não por uma falta de form rmalismo, mas por um rigor próprio que é pr precisamente sua dificuldade de forma, sua Forma F Difícil. É por esse prism isma que eu minimizo a celeuma em torno à coonversão de uma parte do partido intelectua ual ao time de lá. Pois em verdade nunca hhouve conversão alguma, pois nunca houvee uum formalismo que não fosse justamente ess ssa dificuldade de forma no pensar da vasta m maioria da nossa intelectualidade, orgânica ou não. Em outras palavras, essa dificuldade de de forma é precisamente o sintoma mate aterialista de um 268 Ao mesmo tempo em que tom omo de empréstimo o conceito de forma difícil, definido do por Rodrigo Naves (1997), distancio-me de seu autor tor na delimitação precisa do conceito. Rodrigo Navess pparece ver nessa forma difícil da arte brasileira os tropeços de uma forma que ainda busca seu acabamen ento ulterior. No entanto, o que o autor parece não ão ver, é que a grande sacada do conceito é a de referir--se a uma tal dificuldade de forma não como se ela fosse um momento de um processo de desenvolv olvimento, mas, sim, como a forma adequada a um chã chão bruto que igualmente resiste a qualquer delimitação ão mais precisa. ISSN 2177-0417 - 194 - PP PPG-Fil - UFSCar V Seminá inário de Pós-Graduação em Filosofia da UFSC Car 19 a 23 de outubro de 2009 capitalismo tardio, a sina de de sociedades mal-acabadas onde não há linha ha evolutiva entre nós que resista à menor sac sacudidela, como bem atestou recentemente no nosso Partido dos Trabalhadores. E nessa dif dificuldade de forma somos movidos portanto to a auto-engano, num processo que ziguezag agueia às costas do nosso pensar em brasileiro iro, embaralhando idéias e programas, borrand ndo na mesma paleta cores cepalino-desenvolv olvimentistas, tons comunistas heterodoxos, dé dégradés dependentistas de todos os tipos e matizes ma liberais269. Eis o quadro no qual podem demos compreender um partido intelectual que sempre foi do contra porém a favor. Vejamos isso m mais de perto. Na cena brasileira, a Economia ia Política em sua faceta marxista ortodoxa nã não encarou a crítica do fetichismo da mercado adoria, recusa essa feita sob o pretexto de quee eessa tarefa seria devaneio utópico, elucubraçã ação negativa sem nada de positivo a propor. r. Afinal, tínhamos um bode muito claro e objetivo ob a tirar da sala: o nosso atraso, que co compelia o marxismo ortodoxo a correr pela la ppista inexistente da política, patrocinando um uma tática de alianças que era uma miragem m embalada pelas lembranças épicas das conq onquistas dos trinta anos dourados de capitalis lismo organizado. Ora, o marxismo industri strializante da melhor tradição ilustrada de nosso partido intelectual corre pela mes esma pista. Em outras palavras, o marxismo mo ortodoxo e o industrializante são o par di dialético de um mesmo ímpeto: a obsessão do atraso. Mirando ambos, cada qual à sua man aneira, na superação do atraso, formaram um m pas de deux que ensaiava uma coreografiaa oonde o “do contra” e o “a favor” se confund ndem. Diga-se de passagem que esse movim vimento de nossa dialética do subdesenvolv lvimento, sempre correndo atrás da moderni rnidade, comportou inúmeros outros pares de baile, como o esdrúxulo casal ISEB-CEB EBRAP que, ao cabo de contas, se encontr ntrava na mesma escadaria rumo ao progress esso, embora também brincassem de pega-peg ega, se revezando no “contra” e no “a favor”. r”. Ou seja, se se pode pensar numa dupla Álva lvaro Vieira Pinto & José Arthur Giannotti, i, ttal como nos provocara Iná Camargo Costa sta270, é porque a Forma Difícil do nosso pen ensar em brasileiro é também a forma posta dde uma ilusão de que há um alçapão de fug uga no andar de cima, ao que bastar-nos-iaa cchegar ao andar superior, moderno por exc xcelência. Essa a dificuldade de forma de no nosso pensar em brasileiro, o rigor próprio de um sintoma materialista de um capitalismoo tardio, o rejunte que acaba por embaralharr a estratégia do desenvolvimento associado po porém dependente com a velha tática-partidão ão da revolução burguesa no Brasil. 269 Afora a escala cromática, esta sta formulação materialista sobre nossa formação intelec lectual é tratada longamente por Paulo Arantes em vários de seus trabalhos. 270 Iná Camargo Costa faz essa provocação pr num dos diálogos travados com Paulo Aran rantes em O Fio da Meada. (ARANTES, 1996a). ISSN 2177-0417 - 195 - PP PPG-Fil - UFSCar V Seminá inário de Pós-Graduação em Filosofia da UFSC Car 19 a 23 de outubro de 2009 Assim, se o moote de muitos era criticar a dialética um tanto nto voluntarista de FHC e seu marxismo indus ustrializante convertido em crença de um novo vo Renascimento, prefiro tomá-lo por sua pró própria dificuldade de forma, sua reticênciaa qque oscila entre crítica, resignação e ajuste. te. Tomo-o, portanto, como o agouro de um pe pensar que jamais poderia ter transcendido.. N No movimento do intelectual Fernando Hen enrique vemos as cambalhotas do Espírito na periferia do capital, que, expresso assim, ne nesse titubear que é sua própria forma, nessa Forma F Difícil, dá notícia do capital que cá se aconchega, pois forma adequada de um capi pitalismo não só tardio como das rebarbas. Como o leitorr já deve ter percebido, nossa primeira tarefa,, po portanto, consiste em definir o conceito de forma. fo De Hegel a Adorno, a construção dee uum conceito que permita abarcar nosso pens ensar em brasileiro não pode prescindir, é cla claro, de algumas soluções de nossa própria ia seara. Antonio Candido, Roberto Schwarzz e Paulo Arantes são alguns dos autores que ue realmente nos colocaram em nosso devido ido lugar, com as idéias e tudo271. É em meio io a esse caldeirão que pretende orbitar esse art artigo. A delimitação de um conce nceito Infelizmente, ppor limitações de espaço, me restringirei rei a apontar os contornos da discussão. Ao Aos que tiverem interesse, uma versão ampliad iada deste trabalho foi publicada nos Anaiss ddo encontro da ANPOCS deste ano de 20 2009. Vamos ao problema. Como podemos os dizer algo não sobre o mundo, mas sobre bre como dizer o mundo? Como refletir sobre bre a linguagem, dado que ela não é apenas um objeto mas, ao mesmo tempo, e sempre,, o próprio meio de se acessar o objeto? Não ão podendo existir como coisa nem ser postaa ccomo objeto, e sendo simultaneamente condi dição de qualquer pensamento, a linguagem m só pode ser pensada como totalidade. Ela la não parece ter exterior. “Tudo está dentro tro. Por mais que se tente pô-la à distância. El Ela ainda está ali, ela já está ali” (WOLFF, F, 1999). Tal como a consciência, não pod odemos pensar a linguagem sem que o faça açamos por ela mesma. Ela não pode ser obj objeto sem ser ao mesmo tempo agente. Nun unca podemos, portanto, saber o que são a llinguagem ou a consciência em si mesmas, s, já que só as sabemos por elas mesmas. Mas se linguage agem e consciência são totalidades, o mundo de que elas falam é também o mundo que ue fala através delas. Enquanto totalidades des, linguagem e consciência são os estrutur turantes de um mundo que as estrutura. Diz izer algo sobre a linguagem ou a consciênc ência é uma circularidade na qual ainda qu que esses objetos 271 Que me perdoe o mestre Robe berto Schwarz pelo trocadilho infame e pouco original. ISSN 2177-0417 - 196 - PP PPG-Fil - UFSCar V Seminá inário de Pós-Graduação em Filosofia da UFSC Car 19 a 23 de outubro de 2009 mesmos continuamente nos nos escorram pelos dedos, inatingíveis, seus ccontornos só são perceptíveis pelo próprio m movimento de alcançá-los, à lá Sísifo. Ao dize izer o mundo, ou a consciência, ou a linguagem gem, não nos importa, portanto, o objeto que ue se quer definir, mas a forma pela qual see ttenta defini-lo. É no percurso, e não no obj objeto final, que o mundo aparece de fato, com omo estruturante, como essência. Em seu “O ens ensaio como forma”, Adorno nos convoca ju justamente a esta renúncia à delimitação doo oobjeto. É no “como” da expressão, e não no nos “significados conceituais decretados de maneira definitiva” que podemos dizer er o mundo. Um pensamento se apresenta,, pportanto, como profundo “por se aprofundarr eem seu objeto, e não pela profundidade com m que é capaz de reduzi-lo a uma outra coisa” sa” (Adorno, 2003 [1958], p.27). O “como” see põe, assim, como forma, como o modo dee manifestação m da essência do mundo. E se neste espaç paço limitado não é possível dar continuidade de a este esmiuçar do conceito de forma, ao menos m o leitor já sabe sobre que seara caminh inhará a exposição oral deste trabalho. O mote te principal, como o leitor já deve ter percebid ido, é debruçar-se sobre o “como” do pensar ar em brasileiro, e não sobre suas respostas,, te teorias, soluções, ou embates. Pois é neste “co “como” que podemos não apenas vislumbrar um uma totalidade na qual o significado pleno do nosso capitalismo tardio se faz presente ccomo também, e principalmente, só assim po podemos de fato apreendê-lo. BIBLIOGRA RAFIA ADORNO, Theodor W.. ((2001). Negative Dialetics. [online] Tradu dução de Dennis Redmond. 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