V Seminá inário de Pós-Graduação em Filosofia da UFSC Car 19 a 23 de outubro de 2009 A DEFINIÇÃO ÃO OSTENSIVA DAS PALAVRAS COMO CO FUND NDAMENTO DA LINGUAGEM T Tatiane Boechat Doutorado – Universid rsidade Federal de São C Carlos (UFSCar) Bolsista CAPES tatiboecha [email protected] Na obra Investigaçõ ções Filosóficas 596, Wittgenstein procura pens ensar o significado das palavras e o sentido da das frases em relação ao seu uso no fluxo da vida. Para boa parte da literatura comenta ntada dessa obra, parece ter pouca importânc ância investigar o significado através do usoo qque os falantes fazem das palavras, tanto noo eensino quanto na aprendizagem. Portanto, ess esse tema nos parece muito pouco entendido.. P Podemos apontar três preconceitos que algun guns estudiosos atuais vêem nessa propostaa dde investigação. Primeiro seria que essa teo teoria da aprendizagem primitiva contaminaa a semântica. Ela seria pouco proeminente, e, pois a questão de uma linguagem-apren endizagem já foi longamente discutida e ssuplantada pelos avanços da psicologia aatravés de uma detalhada experimentaçãoo empírica. Um segundo ponto objetado é dde que levantar dados empíricos é, inicialm almente, irrelevante para as teorias filosóficas as do significado. Nesse caso e, de modo muit uito particular, podemos dizer que para essa per perspectiva, fundir o modo natural de aquisiç sição da linguagem com a noção de análise se se põe fora de cogitação. E, em terceiro iro, investigar o modo de aprendizagem é uma forma de psicologismo, ainda quee sse dê desde uma investigação mais elabo aborada. A nossa proposta, e que ressalta a in investigação da atividade do aprendizado doo uuso das palavras de extrema relevância para ra o estudo do significado no segundo Wittgens enstein, é verificar as bases do ensino ostensiv sivo da linguagem, de uma imagem do que se seja a essência da linguagem e que o nosso pe pensamento facilmente assume na visão que te temos das coisas. Desse modo, vamos deixar xar de lado tais objeções, visto que, para Witt ittgenstein, o que está em jogo é, antes, discu cutir o fundamento sobre o qual se edifica essa ssa imagem e, não, as idéias já arraigadas indisc iscriminadamente sobre ele. Num certo sentido, do, esse posicionamento de base se põe na transversal do Tractatus que, para descob cobrir “a forma inalterável do mundo”, pensa sa a linguagem a 596 WITTGENSTEIN, L. Philoso sophical Investigations. Oxford: Basil Blackwell, 1992. 2. ISSN 2177-0417 - 423 - PP PPG-Fil - UFSCar V Seminá inário de Pós-Graduação em Filosofia da UFSC Car 19 a 23 de outubro de 2009 partir de proposições com ompletamente analisadas e entende que “a ppossibilidade da proposição repousa sobre re o princípio da substituição de objetos po por sinais” (TLP 4.0312). A primeira partee ddas Investigações se detém nessa crítica, fun undamentalmente, através da imagem agostinia iniana da linguagem. Veremos que a investigaçã ação da linguagem e do significado das palavr avras concede grande importância ao modo co como um falante aprende a usar as expressõ ssões. No §2 o autor fornece um exemplo no qual é possível mapear o funcionamento e a finalidade das palavras, bem como, a forma mação do conceito geral de significado pela de definição ostensiva das palavras. A linguagem em que o exemplo expressa serve ao entendime imento do construtor A e de seu ajudante B. “A constrói um edifício usand ando pedras de construção. Há tijolos, colunas, lajes jes e vigas. B tem que lhe passar as pedras na ordem dem que A delas precisa. Para tal objetivo, eles se uutilizam de uma linguagem constituída das pala alavras: ‘tijolo’, ‘coluna’, ‘laje’, ‘viga’. A grita as pal palavras; B traz as pedras que aprendeu a trazer ao ouvi vir esse grito”.597 Procuraremos perceb ceber, inicialmente, como essa concepção de li linguagem indica um modo primitivo de ex explicação e aplicação das palavras, além dde entender sua principal função como sen sendo a descrição. Segundo Wittgenstein, ess essa imagem tem embutida a tese de quee todas as palavras nomeiam objetos. Em sua base estão enraizadas outras três carac racterísticas: 1) que toda palavra tem um signif nificado, 2) que o significado tem alguma rela elação com as palavras e 3) que, desse modo, o, o significado de uma palavra é o objeto por or ela representado. O significado, portanto,, ddeve representar efetivamente algo na realida lidade. E com as frases, a mesma coisa se repet pete. Elas são uma combinação de nomes que ue tem o papel de descrever como as coisas as são598, ou seja, expressam a essência da coi coisa, como numa transcrição, ipsis litteris. Ver eremos que nessa imagem a descrição faz pa parte da essência da linguagem tanto quanto to faz parte dela a nomeação. Assim como a nomeação está para as palavras, a descriç rição está para as sentenças. Isso nos leva a entender o quão perigoso ao pensamento é a concepção de significado que tal modelo lo dde aprendizagem coloca, visto que, a linguag agem vincula-se à realidade através de apare arentes conexões entre as palavras e as cois oisas. A isso nos detemos a analisar agora. 597 Grifo nosso. No Tractatus a proposição ta também consiste de nomes e é uma descrição de um m fato possível (TLP 3.144, 4.01, 4.023, 4.024), desse se modo “a forma proposicional geral é: as coisas estãoo aassim” (TLP 4.5). 598 ISSN 2177-0417 - 424 - PP PPG-Fil - UFSCar V Seminá inário de Pós-Graduação em Filosofia da UFSC Car 19 a 23 de outubro de 2009 Não é difícil aceitar tar que estamos habituados ao ensino ostensivo ivo das palavras. É com ele que ensinamos às crianças o exercício de denominar objeto etos; ou mesmo a alguém que possua outro ro idioma que não o nosso. Apontamos par para um objeto e emitimos um som que dev everá ser associado a ele independentemente te ddo momento ou ocasião na qual for escuta tado. Foi assim que o ajudante aprendeu a corresponder c os nomes com os respectivoss m materiais de construção e assimilar o signific ificado da palavra. Segundo Wittgenstein, a ccriança aprende a falar pelo treino (Drill). ). O treino é um exercício repetitivo sem ne necessidade de explicação, uma vez que, não ão há interesse em saber quais os procedimento ntos ou nexos causais desse comportamento;; eesse exercício ou atividade se põe no limite te da nossa racionalidade. Aprende-se a asso ssociar o nome ao objeto ao se ouvir determ rminado som frente à presença do mesmo. o. Através desse fenômeno, percebe-se quee ensinar uma criança a falar não vai depend ender de nenhuma explicação lingüística. Ness esse período, a criança ainda não supõe em seu aprendizado as regras comuns entre dois is falantes, portanto, não é preciso dar razões ões para ela estar usando a palavra livro, po por exemplo. Contudo, entende-se que o mod odo de a criança reagir ao treinamento e de assimilar as palavras, se dá porque elaa ““estabelece uma ligação associativa entre a palavra e a coisa” 599 . Isso significa que qu quando a criança ouve a palavra, imediatam amente ocorre à mente uma imagem do ob objeto. A palavra juntamente com um estado do mental daria acesso ao objeto em si mesmo. o. É como se esse modo de aprendizagem fos fosse capaz de captar o significado da coisa in inscrito sobre ela própria, bastando para isso so acessá-lo através do pensamento e de umaa ffórmula geral de aplicação. Para Wittgenstein tein, o emprego das palavras como uma sucessã ssão de sons pode ser explicado em analogiaa ààs teclas de um piano: “pronunciar uma palav lavra é como tocar uma tecla no piano da repre presentação”.600 Essa é a regra geral que o ensin sino ostensivo das palavras prescreve. A mesm sma concepção de linguagem aparece pressupo posta no Tractatus Logico-Philosophicus e nos os Notebooks 1914-16, uma concepção que rea realiza a mediação entre pensamento e realida dade, isto é, uma imagem que produz element entos adequados à linguagem do pensamento. to. Contudo, para o Wittgenstein das Investigaç gações as palavras não devem ser explicadass desde um ponto ou perspectiva extra-linguí guística, qual seja, uma forma única e exterior or a própria linguagem. Voltemos à análise. se. Assim, o ensino ostensivo não se perfaz ap apenas do treino, ele envolve a explicação ou definição ostensiva (hindweisende Erklärun ung ou Definition) das palavras. Primeiro ensin sina-se o significado e depois a definição do significado. sig Saber 599 600 Cf. §6 PI. Metáfora descrita pelo autorr nno §6 PI. ISSN 2177-0417 - 425 - PP PPG-Fil - UFSCar V Seminá inário de Pós-Graduação em Filosofia da UFSC Car 19 a 23 de outubro de 2009 aplicar ou corresponder aa ppalavra corretamente ao que ela significa é aaqui um critério para entendê-la. Vê-se que q para captar o significado de uma ppalavra bastaria correspondê-la adequadame mente ao objeto. Esse mesmo critério é justap taposto também às sentenças, entender uma fra frase implica saber usá-la ou aplicá-la. No en entanto, a questão do uso de sentenças padec dece da ausência de um completo tratamento nto por parte dos filósofos que defenderam eessa proto-linguagem, visto que, a noção dde uso não deve encontrar seus critérios pres resos às relações de correspondência.601 O pano ano de fundo sobre o qual se deve pensar essa sa questão precisa dispensar a névoa mental qu que paira sobre o nosso uso cotidiano da lin linguagem, ou melhor, não se deve relaciona onar o ensino e o aprendizado como algo in intrínseco ao entendimento. Se excluirmoss a concepção da linguagem como pertencen ente a um estado mental, veremos que o sig significado já não aparece mais desde a simpl ples referência a algo, o significado não é alg algo a que se tem acesso pelo ensino ostensiv sivo, mas antes, algo com o qual a pessoa tem de d se comportar. Wittgenstein procura chama mar a atenção para o fato de que, sozinho, o eensino ostensivo não fornece nenhuma pista sta sobre o significado da coisa. Pois, somente te entende o grito “laje”, aquele que age de ac acordo com ele. Isso indica também o fato de que, na prática de uso da linguagem é possí ssível ter uma compreensão sempre diferentee ddo significado da palavra, porque o signific ificado da palavra somente faz sentido ao considerar as referências ou circunstânc ncias do jogo de linguagem. Contrariament ente, no caso do canteiro de obras, no quall a palavra “laje” é pronunciada e repetida vária rias vezes até que, com o auxílio do gesto oste stensivo, o ajudante aprende a palavra que está stá relacionada ao objeto, isto é, assimila seu eu significado. Um outro momento desse é qquando a ordem “Laje!” é dada pelo constr strutor e após várias repetições o ajudante aaprende a trazer aquilo a que tal nome se ref refere, aprendendo assim o significado da coisa. isa. Percebe-se que o significado da palavra não emerge do ato ostensivo puramente, mass ddo acordo com o contexto de uso (leia-se, atividade) ativ a que pertence. O problema de trata atar toda sentença como uma descrição é quee a conexão entre entender uma sentença e reagir re a ela se inviabiliza. Se tudo o que uma ma pessoa diz é a descrição de um fato, então tão, entender o que ela diz significa simplesm smente capturar as informações contidas na su sua descrição. Nesse sentido, é possível enten tender uma ordem antes mesmo de obedecê-la la, o que nos mostra que o entendimento part arte de um evento mental e, em conseqüência ia disso, a ocorrência do nosso comportamento to seria apenas um 601 A referência explícita que as Investigações faz a essa proto-linguagem, diz resp espeito à imagem de linguagem exposta por Santo A Agostinho em suas Confissões, mas que cabe a toda das as teorias que a tomaram como ponto de partida. a. ISSN 2177-0417 - 426 - PP PPG-Fil - UFSCar V Seminá inário de Pós-Graduação em Filosofia da UFSC Car 19 a 23 de outubro de 2009 indício. Por exemplo, no ca caso de alguém chegar para nós e dizer: “Euu eestou com dor”, essa atitude se mostra aprop ropriada somente ao se supor que saibamos com como aliviar a dor dessa pessoa. Pois, captura rar a informação da sentença é significar auxí xílio ou conforto; assim a resposta do nossoo ccomportamento se apresenta como um critéri tério para entender corretamente a pergunta. a. O problema que vemos nesse caso é pensar que de determinada descrição segu gue-se determinado comportamento. Paralelam lamente a isso, tal concepção de linguagem m descreve uma fundamental uniformidade ade nos usos de sentenças. Quando o constr strutor dá a ordem: “Laje!”, ele quer significar ar “Traga-me uma laje!”, esta proposição es está na mente enquanto o construtor diz iz aquela; ela é transformada ou contraída ída em contraposição à frase “Traga-me um uma laje!” 602 . A igualdade do sentido das fr frases está ligada a tê-la em mente ora comoo uuma palavra ora como uma frase. Quandoo pproferimos a palavra, nossa mente deixa de fora a frase, e assim respectivamente. O qque se percebe aqui é que há uma necessidad ade de traduzir ou transformar uma expressão ão em outra expressão – “Traga-me uma laje!”” para dizer o que alguém tem em mente qu quando grita “Laje!”. Assim, haveria na me mente uma forma comum capaz de unir o sent entido dessas duas expressões. Entendemos que ue a possibilidade dessas transformações ocor orre porque estão ligadas a uma previsibilidad dade estrutural das frases, isto é, à uniformida idade da forma das sentenças que contém a si significância real capaz de expressar a essên ência das coisas. A manobra do espírito é em empregar algumas combinações de frases dee modo que mantenha a forma estrutural ade dequada ao nosso pensamento. Por exemplo, lo, ao tentar explicar toda e qualquer sentenç ença na forma “p descreve o fato que...” ouu ““p significa isto” e mesmo quando se procu cura traduzir uma sentença não-declarativa na forma de uma sentença declarativa, por exem xemplo, “Chove?” em “Eu gostaria de saber se chove”. Esse modelo de linguagem tem com omo base algumas medidas gramaticais regul guladoras que restringem e fixam todo sign ignificado ao seu cumprimento. Procura-see eentender a essência das coisas a partir de um padrão de medida, no caso, “isto sign ignifica tal e tal”, então, o significado de tod toda palavra deve emergir desse princípio ger geral, portanto, ele estará sempre circunscrito ito a determinadas aplicações. O significadoo de um “padrão” não depende de poderm ermos usá-lo em diferentes condições, mass depende d de como usamos essa amostra. Porém rém, descrever não é a função essencial dass ssentenças, como já havíamos dito. A base se desse modo de significação apenas nos m mostra que a uniformidade da função lógica ica é derivada da uniformidade da função dee nnomes do qual as sentenças são compostas. 602 Cf. §§ 19-20 PI. ISSN 2177-0417 - 427 - PP PPG-Fil - UFSCar V Seminá inário de Pós-Graduação em Filosofia da UFSC Car 19 a 23 de outubro de 2009 Portanto, dentro dessa des concepção, tudo deve poder ser reduzido ido à descrição, à identidade dos signos com m aas coisas para que o significado surja. O que ue as coisas são, o seu significado, sua verda rdade, estaria no âmbito da nomeação e, as assim sendo, da identidade entre os signos os e as coisas. Mas, em que deve concord ordar a coisa e a nomeação já que ambos os elementos são manifestamente diferentes em seu aspecto? A concordância ou ligação en entre os nomes e a realidade não fornece um m acesso à coisa, nem alcança a sua naturez reza. Já o significado aparece como a possibi ibilidade de união entre representações; a repr epresentação do signo e da coisa na mente de cada indivíduo. Uma objeção que pode ser er posta aqui é que para que a coisa esteja uni unida ao signo ela primeiramente deve ser obj bjetivada, isto é, recortada. Tal objetivação só é possível se se supõe um acesso prévio a eela ou que algo exterior a essa trama conduz uza esse processo, nesse caso tal aplicação ddo signo à coisa ocorre pelo intermédio dee um padrão ou fórmula geral. Este padrão rão age medindo a coisa como se ela já es estivesse sempre revelada, como se o seu sig significado estivesse talhado em alto relevo so sobre si, bastando acessá-lo. Entendemos dessee modo, m que a tese segundo a qual as sentenç enças servem para descrever algo não se just ustapõe ao que se observa na nossa linguage agem usual e isso somente ocorre desde um m encaixe forçado entre ambas as partes. Alé lém do problema eminente de se assimilar a iideia de uma forma comum às expressões, o qque se complica ainda mais aí é usar essaa m mesma forma em diferentes situações sem m se considerar o alcance de uso que ela tem em. É preciso considerar que nem todo empre prego de palavras, signos e frases, segue essa sa característica acidental de nossa gramáticaa dde compor-se de determinados tipos de frase ases: asserção, ordem e pergunta.603 Segundoo W Wittgenstein, há “inúmeros tipos diferentes tes de emprego do que denominamos ‘sign ignos’, ‘palavras’, ‘frases’”.604 Assim, saberr ttransformar as sentenças e fazer uso da sua ua forma comum, deixa excluso pensar o uso propriamente dito que se faz das palavras ras. O uso não se prende à fixidez imposta pe pela forma, pelo contrário, uma grande varied iedade de jogos de linguagem surge a todo o momento. No entanto, estamos inclinados os a pensar que a identificação do uso de sen sentenças se dá porque mantém uma relaçãoo eespecular com a forma gramatical comum a todas elas. Dentro da nova perspectiva p de investigação aberta por W Wittgenstein nas Investigações, vemos que a ilusão de poder transformar toda sentença em descrição, não justifica, nem repudia comp mpletamente o uso não-descritivo da linguagem gem como aspecto 603 604 Ver §23 PI. §23 PI. ISSN 2177-0417 - 428 - PP PPG-Fil - UFSCar V Seminá inário de Pós-Graduação em Filosofia da UFSC Car 19 a 23 de outubro de 2009 fundamental para o seuu entendimento. Por trás dessa aparente uuniformidade da linguagem esconde-se a no nossa tendência a representar as coisas dentro ro de determinado modelo ou método. Somos os seduzidos pela forma. No entanto, a linguag agem não é nunca algo terminado e completo; to; ela é dinâmica, tal como uma cidade, diz Wi Wittgenstein: “Podemos ver nossa linguag uagem como uma velha cidade: uma rede de ruelass e praças, casas velhas e novas, e casas com remen endos de épocas diferentes; e isso tudo circundado ppor uma grande quantidade de novos bairros, com om ruas retas e 605 regulares e com casas uniformes”. Ao atentarmos para ra a prática da linguagem, percebemos a mut utabilidade que a transpassa. Se pensarmoss a significação desde o invólucro da possibili ilidade descritiva, comprometemos o fluxo da vida, do devir que convém à linguagem. Ao lançar mão de uma fórmula comum à ssignificação das coisas, toma-se algo ext xterior à própria linguagem para compô-laa e descrever sua essência. Esse auxílio noss fforça na direção que explica o fluído atra través de uma base imóvel e, portanto, im impõe uma visão deformada de como pensar ar a linguagem. O que se faz necessário, aqui, i, é deixar de lado a ideia de uma estrutura com comum claramente definida que se pode domin inar e aplicar aos mais variados casos. Nãoo hhá como negar que ao estabelecer as condiç dições a priori de toda descritibilidade, essaa es estrutura facilmente nos oferece verdades apod podícticas sobre as coisas. Por outro lado, ter na n mente essa estrutura significa ter em poss sse a condição do acesso lingüístico ao sign gnificado, algo altamente tentador para a co consciência. Sua principal característica é nnão estar relacionada a nenhuma outra ouu ccom mais nada, mostrando-se aparentemen ente confiável. Sem a forma comum aalcançada pelo pensamento, o sentido dass ccoisas não poderia ser determinado. No entanto, o que há por trás dessa visão da essência da linguage gem? Entendemos que não há nada em absolu oluto. A instituição dessa estrutura visa alcanç nçar e clarificar o que se encontra por detrás ás da linguagem, isto é, uma essência, aquiloo qque a mostra tal como é, de modo que tod toda a sua possível aplicabilidade fique à m mostra. Para as Investigações esta questão ão efetivamente não se põe, está fundada sobr bre uma base que não existe. Não se trata dee buscar em algo exterior a essência, nem mes esmo pensar uma essência para a linguagem,, visto que não há o que esteja oculto e precis cise ser desvelado. A linguagem não se prende de a este molde, porque não há nenhum antepar paro no qual ela se edifique e se apóie. Todo odo significado perfaz-se e expande-se inde definidamente. A 605 §18 PI ISSN 2177-0417 - 429 - PP PPG-Fil - UFSCar V Seminá inário de Pós-Graduação em Filosofia da UFSC Car 19 a 23 de outubro de 2009 linguagem não é um todoo llimitado que pode ser acessado ou mostrado ado, um algo, mas antes, é o que está aí. Elaa se dá a ver a todo o momento no conjunto das nossas práticas sociais, no nosso discurs urso cotidiano e contextual, entremeada dde relações de significância; é desde esse se movimento que a antevemos e a observam amos. Investigar o sentido é percebê-lo desde sde o contexto de outras relações pré-existen tentes às próprias coisas, isto é, no uso daa linguagem. Nesse caso, não há nenhumaa necessidade de distanciar-se da prática doo eensino e da aprendizagem para se falar da ling linguagem, o que é preciso fazer é olhar para ra ela sem o véu opaco da estrutura geral:: ““as coisas estão assim”.606 Isso nos encami minha para a compreensão de que os inume meráveis jogos de linguagem revelados pelass ppráticas sociais jamais esgotam a função daa li linguagem e que, portanto, por trás das palavr avras não há um sentido definido, individual,, al algo que se tenha que trazer à luz e nem porr tr trás da linguagem há um lógos, um sentido. Bibliografia: WITTGENSTEIN, L. 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