fortalecimento do assoalho pélvico através dos

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Fortalecimento do Assoalho Pélvico Através dos Exercícios de Kegel no
Tratamento do Prolapso Uterino
Glauciane dos Santos Glória1
glaucianegló[email protected]
Dayana Priscila Maia Mejia2
Pós-graduação em Uroginecologia, Obstetrícia e Mastologia – Faculdade Ávila
Resumo
O prolapso uterino ainda é um transtorno presente em nossa sociedade em virtude da procura
tardia por parte das pacientes de um acompanhamento mais efetivo por parte de um
profissional como de fisioterapia. A justificativa deste trabalho está relacionada à grande
prevalência de mulheres acometidas por esse transtorno que além de causa isolamento social
pode levar ao acometimento de infecção do trato urinário e a exteriorização de um órgão
interno. O objetivo geral foi conhecer a eficácia do fortalecimento do assoalho pélvico através
dos exercícios de Kegel no tratamento do prolapso uterino. Podemos destacar nos objetivos
específicos a revisão anatómica do aparelho reprodutor feminino interno e externo, os
mecanismos de sustentação e suspensão, o prolapso uterino e o exercício de Kegel como
método de fortalecimento músculo perineal. O estudo foi realizado de pesquisa é bibliográfica
através de documentação indireta, fundamentando o embasamento técnico deste estudo.
Foram pesquisadas literaturas referentes ao tema ora proposto nas bibliotecas setoriais das
universidades particulares. Dos resultados destacamos que os exercícios de Kegel melhoram e
fortalecem a musculatura do assoalho pélvico (MAP) propiciando a qualidade de vida e
melhorando a baixa auto estima acometidas por estas disfunção.
Palavras-chave: MAP. Kegel. Prolapso uterino.
1 Introdução
O prolapso é uma queda (parcial ou total) de uma víscera (aqui, uma víscera da pelve menor)
em consequência do relaxamento ou da deterioração de seus meios de fixação. O prolapso
uterino consiste na descida do útero em direção ao intróito vaginal.
O prolapso uterino é ocorrência comum nas mulheres que tiveram partos vaginais,
principalmente na grande multípara, que podem ou não estar associados à incontinência
urinária de esforço.
Sem nenhuma dúvida o prolapso uterino tem uma relação direta com os partos transvaginais,
principalmente aqueles com período expulsivo demorado e o uso inadequado de fórceps que
pode dilacerar as estruturas de sustentação dos órgãos genitais. A deficiência congénita ou
adquirida do tecido conjuntivo pode ser causa de prolapso em mulheres que nunca
1
2
Pós-Graduanda em Fisioterapia em Uroginecologia, Obstetrícia e Mastologia.
Orientadora.
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engravidaram, assim como lesões do sistema nervoso, do tecido conjuntivo, do sistema
muscular e do sistema osteolígamentar.
A importância desta pesquisa se deu em função da silenciosa manifestação clínica e procura
por um atendimento especializado tardia levando a paciente acometida ao isolamento social e
baixa auto-estima.
Em detrimento do exposto a fisioterapia vem oferecer um leque opção para o tratamento desse
distúrbio da musculatura do assoalho pélvico inovando e se renovando contribuindo para um
bom prognóstico na evolução da doença durante o tratamento, visto isto podemos afirmar que
o estudo em questão poderá servir como fonte de consulta para académicos de fisioterapia que
queiram saber mais sobre esta importante corrente da fisioterapia que visa melhorar autoestima, a própria imagem, a percepção do próprio corpo, bem-estar, qualidade de vida e
principalmente independência para realizar suas atividades de vida diária (AVDs) e atividades
de vida profissional (AVPs).
Dito isto, como fortalecimento do assoalho pélvico, o exercício de Kegel, é uma abordagem
fisioterapêutica que visa a reabilitação das disfunções do assoalho pélvico podendo ser
associado a outros recursos, potencializado o tratamento.
O objetivo geral foi conhecer a eficácia do fortalecimento do assoalho pélvico através dos
exercícios de Kegel no tratamento do prolapso uterino. Podemos destacar nos objetivos
específicos a revisão anatómica do aparelho reprodutor feminino interno e externo, os
mecanismos de sustentação e suspensão, o prolapso uterino e o exercício de Kegel como
método de fortalecimento músculo perineal.
Este estudo foi desenvolvido através de pesquisa bibliográfica foi à escolha pelo fato de
existir trabalhos já publicados sobre o tema proposto. Foi realizado através da leitura
documental na qual se buscou identificar e analisar informações por meio de literaturas
referentes ao tema em fontes secundarias de bibliotecas públicas e privadas, além de revistas e
sites da internet.
2 ANATOMIA DO ASSOALHO PÉLVICO
Para Rubstein (1999), o assoalho pélvico é formado por um conjunto de músculos os quais
fecham um canal denominado canal pélvico. Juntos, os músculos constituem uma rede de
suporte elástico para o conteúdo pélvico e abdominal. Os tecidos que se encontram entre a
cavidade pélvica e a superfície do períneo, compõem o verdadeiro assoalho pélvico.
Há muitas discussões a respeito do verdadeiro mecanismo envolvido nesta continência
urinária, diversas teorias foram criadas buscando esclarecer a fisiologia da continência
urinária, entre elas tem-se:
Conforme Hagen et al., (2004) a teoria clássica das equalizações das pressões intraabdominais proposta por Enhorning a qual serviu de suporte durante um longo período para o
desenvolvimento de novas alternativas terapêuticas, e atualmente a mais aceita, a Teoria
Integral, que elucida os distintos tipos de incontinência por meio da laceração da parede
vaginal e dos ligamentos pélvicos. O Prolapso é o deslocamento caudal de um órgão da sua
posição anatômica normal.
Segundo Marinkovic & Stanton (2003), o prolapso genital envolve um ou mais dos seguintes
órgãos: útero, bexiga, uretra, reto e vagina. Também chamado prolapso de órgãos pélvicos
(POP), o prolapso genital é uma condição comum e uma causa principal de cirurgia
ginecológica atualmente. Normalmente inclui a cistocele (prolapso de bexiga através da
vagina), colpocele (prolapso de parede vaginal), retocele (prolapso do reto através da vagina),
enterocele (herniação interna do intestino delgado através da parede posterior da vagina) e o
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prolapso uterino. Comumente envolve mais do que um desses seguimentos, entretanto todos
os compartimentos do assoalho pélvico poderiam estar afetados.
2.1 Etiologia
Na acepção dos autores De Mola & Carpenter (1996) existe uma considerável variabilidade
individual com respeito à predisposição ao prolapso e essa condição parece desenvolver- se
progressivamente.
Como descrito por Ghetti et al., (2004), o suporte dos órgãos pélvicos é derivado de uma
interação dinâmica dos ossos da pelve, tecido conectivo endopélvico e musculatura do
assoalho pélvico. Anatomicamente é plausível que tanto a perda de suporte horizontal do
assoalho pélvico quanto o alargamento do hiato predispõem ao prolapso de órgãos pélvicos
Teorias sobre a etiologia do enfraquecimento pélvico têm sido enfocadas baseadas em
alterações dos dois sistemas de suporte dos órgãos pélvicos (suspensão e sustentação).
O sistema de suspensão, situado sobre o assoalho pélvico e abaixo do peritônio parietal, forma
uma rede de fibras conjuntivas elásticas e musculatura ordenada, desenvolvida especialmente
ao redor do colo uterino. Tem como ligamentos principais os pubovesicouterinos, transversos
e útero-sacros. O sistema de sustentação é o próprio diafragma pélvico e urogenital, estando
formado pelo diafragma pélvico principal, diafragma pélvico acessório e fáscia endopélvica.
Tem como componente muscular principal o levantador do ânus com suas três partes
(puboretal, pubococcígea e ileococcígea).
Segundo Piato (1997), alguns autores teorizam que o enfraquecimento pélvico é o resultado
de uma inadequada suspensão do conteúdo pélvico por suas fáscias e conexões ligamentares
enquanto outros argumentam que uma disfunção muscular (como um enfraquecimento) do
assoalho pélvico com suas conexões fasciais é um elemento importante na etiologia do
enfraquecimento pélvico.
No entanto, outros sugerem que tanto a integridade dos elementos quanto da inervação
conjuntamente são primariamente responsáveis pela manutenção do suporte das estruturas
pélvicas (JACKSON & SMITH, 1997; DAVIS et al., 2003).
Do ponto de vista De NGUYEN (2001) o tônus basal ativo do músculo levantador do ânus
mantém a porção superior da vagina e as vísceras pélvicas suportadas sobre o platô do
levantador e mantém o hiato urogenital fechado. Esses músculos também contraem
reflexivamente em resposta a tosse ou outra atividade que aumente a pressão intraabdominal).
Schimpf & Tulikangas, (2005), alega que alguns estudos radiológicos dos ossos da pelve têm
encontrado diferenças significativas entre mulheres com prolapso de moderado a severo e
mulheres com suporte pélvico intacto. Uma diminuição da lordose lombar fisiológica, como
um fator para determinar o ângulo lombo-sacro, e uma abertura superior da pelve orientada
mais horizontalmente significa que a maior parte do peso das vísceras abdominais é suportada
pelo assoalho pélvico. Outro achado do estudo a ter em conta é o fato de que a maioria das
mulheres que apresenta alterações osteoporóticas significativas apresenta um aumento na
cifose dorsal fisiológica, o que também demonstrou estar significativamente associado com
prolapso.
Para Miller (2002), as possíveis causas de POP são: partos, fatores congênitos, fatores
iatrogênicos (principalmente histerectomia), pressão intra-abdominal aumentada na obesidade
e doenças respiratórias crônicas, lesões de tecidos conectivos e suporte neuromuscular do
assoalho pélvico.
Nos dizeres Lukban & Whitmore (2002) A fáscia endopélvica e o tecido conectivo do
assoalho pélvico poderiam ser lesionados durante a gravidez como resultado de um
estiramento ou ruptura durante o parto e o seu enfraquecimento é claramente observado
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depois do parto. Lesões de desnervação do assoalho pélvico causadas pelo parto podem
contribuir para o prolapso.
É sugerido que a melhor explicação para a lesão do nervo pudendo é uma combinação de
lesão direta e por tração durante alongamento do canal de parto em um parto vaginal
(FITZPATRICK & O’HERLIHY, 2001).
Está amplamente assumido que partos operatórios evitam qualquer lesão do assoalho pélvico,
segundo Chiaffarino (1999), sugerindo que é o parto vaginal e não a gravidez em si que
aumentam o risco de prolapso. Isso é verdade se consideramos o trauma mecânico do
assoalho pélvico e músculos esfincterianos.
Conforme Ftzpatrick & O’herlihy (2001), por outro lado, a cesariana depois de um parto ativo
não protege as estruturas do assoalho pélvico contra lesões neurológicas.
Outro fator de risco associado é o estado hipoestrogênico pós-menopáusico. Os estrogênios
parecem ter um papel significativo na manutenção do tônus basal ativo e força tensil dos
tecidos conectivos do assoalho pélvico e quando insuficiente (como na pós-menopausa e póshisterectomia), poderia causar algumas mudanças que resultam em enfraquecimento do
assoalho pélvico (DAVIS et al., 2003).
O metabolismo de colágeno anormal tem sido mostrado em mulheres com prolapso genital
provavelmente como resultado de fatores congênitos (SAMUELSSON et al., 1999).
Se a bexiga descende ou prolapsa abaixo na cavidade pélvica ocorre um desalinhamento das
estruturas pélvicas. Esse desalinhamento impede a habilidade dinâmica de aplicar ou liberar
pressão na uretra. Em caso de prolapso pronunciado, a contração do levantador do ânus atua
não na uretra e sim na parte de trás da parede da bexiga. O efeito é a aplicação de pressão
atuando mais na bexiga do que a aplicação voluntária de pressão atuando na uretra (MILLER,
2002).
Nesses casos em que o prolapso é muito acentuado, poderia ocorrer alteração no
direcionamento da uretra a nível do colo vesical e, consequentemente, retenção urinária
(PIATO, 1997; GRODY, 1998).
2.3 Diagnóstico
A avaliação e graduação da função muscular do assoalho pélvico incluem inspeção, palpação,
perineometria, eletromiografia e avaliação de força de pressão vaginal (BO et al., 1999).
A descrição dos sintomas funcionais deveria ser direcionada a 4 áreas primárias: sintomas do
trato urinário baixo, sintomas intestinais, sintomas sexuais e outros sintomas locais relevantes
como peso ou pressão vaginal, dor perineal ou vaginal, sensação ou consciência de tecido
protundido através da vagina, dor ou pressão abdominal, entre outros (BUMP et al., 1996;
LUKBAN & WHITMORE, 2002).
Os sintomas de prolapso genital variam em relação à percepção de moléstia (FORNELL et
al., 2003).
Não existe qualquer sintoma que possa estar presente em todas as pacientes e não estão
necessariamente relacionados com o grau de prolapso, mas incluem a sensação de pressão ou
peso vaginal, dor perineal ou vaginal, sensação de um vulto dentro da vagina, dor no baixo
ventre e uso dos dedos no períneo ou na vagina para facilitar a defecação, entre outros
(PIATO, 1997; JACKSON & SMITH, 1997; FORNELL et al., 2003).
Os sintomas são frequentemente piores ao fim do dia e depois que a paciente tenha estado de
pé por um longo período de tempo. Problemas no coito, incluindo perda de sensação de
orgasmo, dispaurenia e flatulência vaginal podem ser proeminentes (JACKSON & SMITH,
1997; HAGEN et al., 2004).
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É importante determinar se houve alguma cirurgia pélvica prévia, ou radioterapia que possa
ter lesionado o suprimento nervoso pélvico do assoalho pélvico ou uretra (SMITH &
WITHEROW, 2000).
Fornell et al., (2003), em um estudo desenvolvido em Linkoping, Suécia, comparou a
prevalência dos sintomas de peso pélvico, presença de vulto genital e uso dos dedos no
períneo ou na vagina para facilitar a defecação entre mulheres com POP observou que 25% de
todas as mulheres relataram ao menos um dos sintomas escolhidos de prolapso genital. Peso
pélvico foi relatado significativamente mais frequentemente por mulheres na faixa dos 40
anos quando comparado com mulheres na faixa dos 60 anos (17% de 641 versus 12% de 663,
respectivamente), enquanto que digitação pela defecação foi usada significativamente mais
vezes pelas mulheres na faixa dos 60 anos comparadas com as da faixa de 40 anos (14% de
663 versus 10% de 641, respectivamente). Apenas 6 mulheres em cada grupo etário (1%)
relataram todos os três sintomas escolhidos sugestivos de prolapso genital.
Sintomas urinários que comumente acompanham o prolapso de órgãos pélvicos podem incluir
frequência, urgência, noctúria, dificuldade em iniciar a micção, esvaziamento prolongado, e
uma sensação de esvaziamento incompleto (JACKSON & SMITH, 1997; GRODY, 1998).
A retocele pode causar dificuldade com a defecação (disquezia) ou uma sensação de
defecação incompleta, a qual é algumas vezes aliviada por redução digital do prolapso
(JACKSON & SMITH, 1997).
Tegerstedt et al., (2005), em seu artigo apresenta cinco questões simples que identificam
prolapsos de significância clínica com alta especificidade e bastante sensibilidade.
No entanto, entrevistar uma mulher sobre seus sintomas de prolapso urogenital pode causar
desconforto; assim, uma avaliação sintomática pelo médico e outros profissionais
relacionados pode ser difícil ou não exata (DIGESU et al., 2004).
A descrição clínica da anatomia do assoalho pélvico é determinada durante o exame físico da
genitália externa e canal vaginal. É importante que o examinador veja e descreva a protusão
máxima percebida pela paciente durante suas atividades diárias. Para isso, o examinador
deveria usar mais de uma posição para o exame físico (BUMP et al., 1996; SMITH &
WITHEROW, 2000).
No entanto, um bom exame em posição de litotomia é comumente necessário para confirmar
a extensão do prolapso, particularmente se é dada instruções apropriadas em como executar
uma manobra de Valsalva máxima e, depois que elas sejam solicitadas a confirmar sua
extensão de prolapso. Para as mulheres que não possam realizar uma manobra de Valsalva ou
gerar uma tosse intensa, o exame deveria ser realizado em uma posição mais alta (mais
vertical) para reproduzir o prolapso (NGUYEN, 2001; MILLER, 2002).
O exame da paciente deve ser feito com um espéculo, que é posicionado na vagina até o
ápice, e com a paciente fazendo força, ele é retirado (JULIAN, 1998; NGUYEN, 2001).
O exame vaginal deve avaliar o efeito estrogênico, infecções em curso ou atrofia e avaliar o
suporte pélvico (JULIAN, 1998).
Nos casos nos quais o colo uterino está abaixo do introito, por um longo tempo, a sua
irrigação sanguínea tornasse deficiente. Nessa situação, podem aparecer úlceras de decúbito
em tecidos do colo e vaginal (PIATO, 1997; JACKSON & SMITH, 1997).
A musculatura do assoalho pélvico pode ser avaliada em relação a sua força. Um dos métodos
é a avaliação digital na qual o examinador introduz os dedos indicador e médio, com a palma
da mão para baixo, dentro da vagina e entre a cruz do levantador intravaginal. A força de
contração é categorizada como segue, de acordo com Fischer: grau 1 – sem contração dos
músculos do assoalho pélvico (MAP); grau 2 – contração leve dos MAP; grau 3 – contração
moderada dos MAP; grau 4 – boa (mais que 3 s) contração dos MAP; grau 5 – excelente
(mais que 10 s) contração dos MAP (PAGES et al., 2001; BO & FINCKENHAGEN, 2001;
MILLER, 2002).
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Outro modo de avaliar a força de contração é a avaliação manométrica (perineometria), o
aparelho consiste de um monitor, um transformador de pressão e um sensor de pressão.
Depois de esvaziar a bexiga, solicitam-se as pacientes que posicionem o sensor de pressão
dentro da vagina e então contraiam seus MAP. Os resultados são visualizados em cm H2O
(PAGES et al., 2001; BO & FINCKENHAGEN, 2001).
Deve-se ter cuidado em assegurar-se que o aumento na pressão é causado pela contração do
assoalho pélvico e não pela pressão abdominal transmitida (SMITH & WITHEROW, 2000;
BO & FINCKENHAGEN, 2001).
Devido à dificuldade em classificar o POP, entre lugares e profissionais, um documento de
padronização foi formalmente adotado pela Continence International Society (ICS) em
outubro de 1995, pela American Urogynecologic Society em janeiro de 1996, e pela Society of
Gynecologic Surgeons em março de 1996. O objetivo desse documento foi introduzir o novo
sistema de classificação do prolapso (POPQ) para clínicos e pesquisadores (BUMP et al.,
1996; AUWAD et al., 2004).
O prolapso deve ser avaliado em relação a marcos anatômicos fixos que possam ser
consistentemente e identificados. O hímen é o ponto fixo de referência utilizado por esse
sistema de descrição quantitativa do prolapso. Seis pontos definidos na superfície vaginal
(dois anteriores, dois posteriores e dois apicais) foram localizados de acordo com as suas
relações com o hímen (MILLER, 2002; AUWAD et al., 2004).
No entanto, esse sistema não identifica defeitos específicos na parede vaginal lateral nem os
mecanismos responsáveis pelas alterações topográficas (AUWAD et al., 2004).
O POP é frequentemente classificado em três grupos: defeitos vaginais anteriores
(cistocele/cistouretrocele), defeitos vaginais posteriores (retocele/enterocele e sigmoidocele) e
defeitos vaginais apicais (prolapso uterovaginal e prolapso de cúpula vaginal) (DAVIS et al.,
2003).
A cistouretrocele é mais comum, seguida pelo prolapso útero-vaginal e retocele (JACKSON
& SMITH, 1997).
O POP pode então ser dividido em cinco estágios como se descrevem: 0 = nenhum prolapso é
demonstrado; 1 = a porção mais distal do prolapso está > 1 cm acima do nível do hímen; 2 = a
porção mais distal do prolapso está a menos ou é igual a 1 cm proximal ou distal do nível do
hímen; 3 = a porção mais distal do prolapso está > 1 cm abaixo do nível do hímen, mas não
protunde mais que 2 cm menos do que o total do comprimento da vagina; 4 = completa
inversão do comprimento total do trato genital inferior (BUMP et al., 1996; JULIAN, 1998).
O sistema de três graus do Professor Kustner, primeiramente mencionado em 1912, como
grau 1 estando acima do hímen, 2 estando ao nível do introito e 3 estando abaixo do intróito; é
amplamente aceitado na Europa, no entanto não é quase referido na literatura norteamericana. Um dos pontos fracos da maioria desses sistemas é que eles apenas demonstram
descenso uterino e não descrevem uma classificação para suporte vaginal (AUWAD et al.,
2004).
O ultrassom permite visualização da natureza dinâmica do músculo levantador do ânus e seu
efeito no mecanismo de continência. Um biofeedback visual demonstra o grau de mobilidade
uretral e a habilidade de, em um período curto, estabilizar a musculatura durante a tosse
(NGUYEN, 2001; MILLER, 2002).
Outro exame de imagem, também usado para detectar defeitos paravaginais, é a ressonância
magnética, embora seja menos utilizada devido a que a ultrassonografia é tão eficiente quanto
e mais barata que aquela (Nguyen, 2001; Ghetti et al., 2004).
Por outro lado, a ressonância magnética tem demonstrado aumento de perda muscular e
diminuição na grossura do músculo levantador do ânus e aumento de largura e comprimento
do hiato do levantador do ânus em mulheres com POP (GHETTI et al., 2004; SCHIMPF &
TULIKANGAS, 2004).
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Em pacientes com sintomas de prolapso em vários compartimentos, para as quais uma
reparação complexa é planejada ou que tenha sofrido reparos anteriores, a ressonância
magnética pode ser útil como ferramenta para planejamento pré-operatório. A fluoroscopia
magnética é um método diagnóstico rápido e não invasivo de POP (ETLIK et al., 2005).
Endoscopia, fotografia e outros procedimentos de imagem são outros exames complementares
para descrever POP (BUMP et al., 1996; LUKBAN & WHITMORE, 2002).
A colpocistodefecografia é uma técnica radiológica que visualiza a uretra e o colo vesical,
vagina, reto e canal anal por radio-opacidade, indicado em situações complexas de POP
(SMITH & WITHEROW, 2000).
A avaliação urodinâmica é essencial para confirmar um diagnóstico de incontinência urinária
de esforço, especialmente quando existem sintomas mistos, e é obrigatória depois de cirurgias
de reconstrução prévias sem sucesso.
2.4 Tratamento
Para as mulheres que apresentam disfunção do assoalho pélvico é essencial que os sintomas
sejam diagnosticados corretamente, resultados e planos de tratamento subsequente sejam
adequadamente coordenados, e acesso a especialistas e investigações especializadas estejam
co-localizadas para realçar a comunicação entre os profissionais da área de saúde. A
coordenação dos resultados pode ser difícil entre as equipes, conselhos podem ser
conflitantes, e o risco de tratamentos invasivos múltiplos aumenta a morbidade e as
complicações (DAVIS et al., 2003).
Tradicionalmente, o manejo do POP consiste de cirurgia ou tratamento conservador (Hagen et
al., 2004), em outras palavras, cirurgia, farmacoterapia ou fisioterapia. Dependendo do tipo de
incontinência ou POP, a fisioterapia atua isoladamente (se o POP é leve a paciente não é uma
boa candidata a cirurgia ou deseja ter mais filhos) ou associada com a cirurgia ou
farmacoterapia (FISIOTERAPIA, 2002; DAVIS et al., 2003).
2.5 Tratamento Cirúrgico
Os objetivos dos procedimentos de reconstrução pélvica são corrigir o prolapso, manter a
continência fecal e urinária e preservar a função de coito (JACKSON & SMITH, 1997;
LERON & STANTON, 2001).
A determinação pré-operatória do tipo e grau de prolapso das pacientes é primordial quando
existe um planejamento de uma intervenção cirúrgica associada (DRUTZ & ALNAIF, 1998;
NG et al., 2001).
Não existe um procedimento operatório único, nem deveria existir, que corrija POP e
incontinência urinária ou fecal ou prolapso retal. Em mulheres pós-menopáusicas, não é
apenas importante tratar as pacientes com estrogênio anteriormente à cirurgia de reconstrução
pélvica, mas também manter as pacientes em um tratamento em longo prazo após a cirurgia
(PIATO, 1997; DRUTZ & ALNAIF, 1998).
A cirurgia é frequentemente indicada quando o tratamento conservador falha e o prolapso
genital massivo causam invalidez e diminuição significativa da qualidade de vida (PIATO,
1997; NIEMINEN & HEINONEN, 2001).
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Alguns tratamentos cirúrgicos por si mesmos podem predispor ao desenvolvimento de novos
sintomas em outros compartimentos ou levarem ao desmascaramento de sintomas
preexistentes não relatados anteriormente (Davis et al., 2003; Hirata et al., 2004).
Desta forma, a indicação cirúrgica deve estar baseada, também, em relação aos sintomas
individuais mais do que no grau de prolapso urogenital, na qual se leve em consideração a
severidade impacto destes na qualidade de vida das mulheres (DIGESU et al., 2004).
A seleção adequada das pacientes deve estar baseada na história e exame físico, incluindo
avaliação neurológica meticulosa (GRODY, 1998).
Pacientes com sintomas anorretais significantes, e em particular, incontinência fecal e/ou
prolapso retal, necessitam investigação adicional, as quais incluem estudo de mobilidade
anorretal, defecografia, ultrassom ou estudos de latência do neurônio motor pudendo terminal
anterior à decisão de correção cirúrgica (DRUTZ & ALNAIF, 1998).
Para defeitos vaginais anteriores, que frequentemente implicam hipermobilidade da junção
uretrovesical e incontinência urinária de esforço tipo II, a colposuspensão de Burch
permanece como procedimento de escolha. Corrigir a herniação do compartimento anterior
com a colporrafia anterior pode ser um tratamento útil para incontinência de esforço leve, mas
para incontinência urinária de esforço de moderada a severa, a colposuspensão retropúbica é
mais efetiva (Drutz & Alnaif, 1998; Grody, 1998), ademais a necessidade de laparostomia
aumenta a morbidade (HIRATA et al., 2004).
A colporrafia anterior pode ser realizada de três modos distintos: colporrafia anterior padrão;
colporrafia padrão com uso de malha de poliglactina 910; e colporrafia anterior ultralateral.
Um estudo de Weber et al., 2001, com 109 mulheres com media de idade de 65 anos, com
prolapso vaginal anterior, observou que, quando comparadas àquelas três diferentes técnicas
cirúrgicas, elas resultaram similares em relação ao índice de cura anatômico do prolapso
vaginal após dois anos e similares em índice de resolução de sintomas. A colporrafia anterior
parece fornecer excelente alívio dos sintomas relacionados com protusão vaginal (WEBER et
al., 2001).
Em relação a defeitos vaginais apicais, com histerectomia vaginal, é rotineiramente realizada
a culdoplastia posterior de McCall modificada para tratar e prevenir formação de entereocele
e prolapso de cúpula pós-histerectomia. Outra opção é a suspensão sacroespinhosa de cúpula
(JACKSON & SMITH, 1997; DRUTZ & ALNAIF, 1998).
A colpopexia sacroespinhosa é também realizada para prolapso de cúpula vaginal pós
histerectomia (GONÇALVES, 2001).
Em abordagem abdominal deve ser realizada a colposacropexia utilizando glicol
polipropileno. Se existe prolapso retal concomitante, pode ser realizado o procedimento de
Ripstein, no qual uma malha é fixada ao sacro a nível de S2, S3 e S4, abaixo da malha para
colposacropexia abdominal (JACKSON & SMITH, 1997; DRUTZ & ALNAIF, 1998).
A colpoperineoplastia posterior é indicada em retocele de segundo grau (GONÇALVES,
2001).
A cirurgia de Donald-Fothergill pode estar indicada para pacientes jovens e sem alongamento
hipertrófico do colo uterino. Tem a vantagem de preservar a função reprodutora. A
histerectomia vaginal (a extirpação uterina por via vaginal) associada com correção da
colpocistocele e retocele em ruptura perineal eventual constitui um procedimento muito usado
no tratamento do prolapso uterino. A histerectomia deveria apenas ser realizada em pacientes
acima de 40 anos de idade (PIATO, 1997; JACKSON & SMITH, 1997).
Quando defeitos no suporte pélvico existem em mais do que um compartimento pélvico,
todos deveriam ser reparados simultaneamente através de uma única abordagem operatória
quando resultados equivalentes podem ser obtidos (GRODY, 1998).
Uma complicação tardia da histerectomia relativamente frequente é o prolapso de cúpula
vaginal, o qual pode ser parcial ou completo (JACKSON & SMITH, 1997).
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A correção cirúrgica pode ser realizada por via abdominal ou vaginal. As pacientes que
mantenham atividade sexual deveriam ser operadas por via abdominal, fixando a cúpula
vaginal no promontório do sacro. Essa fixação é feita interpondo o tensor da fáscia lata ou
tecido de meninge externa homóloga ou Teflon/bandas de politetrafluoetileno (PIATO, 1997).
Os resultados da cirurgia de reconstrução pélvica podem ser influenciados por muitos fatores
incluindo estado hormonal, presença de fibrose e cicatrizes de infecções ou cirurgias prévias,
exposição à radiação, doença pulmonar crônica, fumo, constipação intestinal, obesidade,
hábitos ou hobbies tais como levantamento de peso, e desnervação pélvica (DRUTZ &
ALNAIF, 1998).
É estimado que a média de recorrência de POP depois da cirurgia seja de 25%, e que 80%
desses casos ocorrem até dois anos depois da cirurgia (HAGEN et al., 2004).
2.5.1 Tratamento Fisioterapeutico
Para o POP severo, é certamente necessária a cirurgia, mas naqueles casos de simples a
moderados, a cirurgia poderia ser descartada ou posteriorizada (PIATO, 1997; DAVIS et al.,
2003).
Também quando a paciente necessita a cirurgia, o ideal seria haver uma intervenção
fisioterápica ao menos 3 meses antes da cirurgia e 6 meses depois dela. Essa intervenção é
importante para que a paciente possa manter a função urinária e sexual, para que a
musculatura esteja mais irrigada e para que a musculatura apresente um controle muscular
adequado (FISIOTERAPIA, 2002; DAVIS et al., 2003).
A recomendação para o tratamento fisioterápico em pacientes com incontinência urinária ou
POP simples de primeiro grau como primeiro tratamento é feita pela Organização Mundial de
Saúde (OMS), em um documento de 1999 (FISIOTERAPIA, 2002).
No tratamento fisioterápico, os exercícios do assoalho pélvico, biofeedback, cones vaginais e
estimulação elétrica são recursos utilizados conjuntamente (LUKBAN & WHITMORE,
2002).
O interesse recente pelo tratamento conservador deve ocorrer devido ao melhor conhecimento
por parte das mulheres e o custo cirúrgico, bem como a morbidade após esta (BO et al.,
1999).
2.5.2 Exercícios do Assoalho Pélvico
Os exercícios do assoalho pélvico são frequentemente realizados e constituem o principal
método fisioterápico no tratamento de POP.
Dr. Arnold Kegel (EUA), na década de 40, popularizou os exercícios do assoalho pélvico que
normalmente levam seu nome. O fator principal para bons resultados com essa técnica é a
total compreensão por parte da paciente em como executá-los, sendo de realizá-los também
em casa (PAGES et al., 2001; LUKBAN & WHITMORE, 2002).
No entanto, um programa para casa de forma isolada, sem a orientação de um profissional, é
frequentemente insuficiente e não terá sucesso. Um programa de supervisão fisioterápica é
considerado a melhor opção, mas ainda existem muitos questionamentos sobre qual seria o
programa de exercício mais efetivo, intervalo de treinamento ideal período de tempo do
tratamento (PAGES et al., 2001; MILLER, 2002).
10
Orientação sobre a anatomia do assoalho pélvico e o objetivo do programa de reeducação é
importante em um primeiro momento com o fisioterapeuta (CAMMU et al., 2000).
A terapia pode ser realizada individualmente ou em grupos. Um estudo de Janssen et al.,
2001, em Nijmegen, Holanda, observou que a fisioterapia individual ou em grupo não difere
em relação aos seus efeitos. Ambas as formas de terapia são igualmente bem sucedidas e o
nível de melhora permanece o mesmo depois de nove meses, no entanto, para o tratamento
em grupo a duração total da terapia é mais longa (JANSSEn et al., 2001).
A taxa de sucesso varia amplamente, particularmente devido à falta de concordância sobre o
critério em determinar quais mulheres são candidatas apropriadas para essa terapia (MILLER,
2002).
De acordo com a literatura especializada, as candidatas apropriadas para um programa de
exercícios do assoalho pélvico são: mulheres sadias (servindo como prevenção para
incontinência e prolapso genital); mulheres grávidas (nos períodos pré e pós-natal); mulheres
com incapacidade em atrasar a micção; mulheres com perda de resposta reflexa do levantador
do ânus; mulheres que apresentem pressões intra-abdominais altas; mulheres com músculo
levantador do ânus fraco, porém funcional etc (MILLER, 2002).
O objetivo da reeducação do assoalho pélvico é aumentar a força do assoalho pélvico e sua
atividade funcional (CAMMU et al., 2000; MEYEr et al., 2001).
O treinamento dos MAP pode incluir um ou mais dos três componentes em separado:
treinamento de força, habilidade de temporização e desenvolvimento de hábitos (MILLER,
2002; AUKEE et al., 2002).
Muitos estudos têm demonstrado que a contração dos MAP pode ser difícil de realizar, e que
mais do que 30% das mulheres contraem incorretamente em sua primeira tentativa. Em
virtude disso, a palpação vaginal tem sido fortemente recomendada como um maio de
fornecer um feedback as pacientes durante suas tentativas de contração (BO &
FINCKENHAGEN, 2001).
Os músculos corretos são identificados pela intenção de tentar parar o fluxo urinário, as
contrações podem ser feitas rapidamente ou lentamente. “Kegels lentos” são realizados
apertando os músculos e mantendo a contração de 3 a 10 s e os “Kegels rápidos” por 1 s. As
pacientes devem alternar series de Kegels rápidos e lentos. Os exercícios não requerem
instrumentos e podem ser realizados em qualquer lugar (PAGES et al., 2001; AUKEE et al.,
2002).
Alguns protocolos associam exercícios em casa, os quais são ensinados as pacientes e também
podem ser realizados em visitas periódicas ao fisioterapeuta. As series consistem de 8 a 12
contrações de alta intensidade, sustentadas por 3 a 6 segundos, 2 ou 3 vezes ao dia (Weber et
al., 2001) ou muitas vezes ao dia, 8 a 10 contrações (Cammu et al., 2000; Glazener et al.,
2001) com treinamento adicional em grupo uma vez na semana por 45 min com um
fisioterapeuta.
No treinamento em grupo os exercícios são realizados com a paciente deitada, de pé, de
joelho, e posições sentada com pernas afastadas para enfatizar o treinamento de força
específico dos MAP e relaxamento de outros músculos pélvicos (BO et al., 1999).
As seguintes recomendações podem aumentar a efetividade dos exercícios de Kegel: beber
muito líquido, urinar não mais do que uma vez a cada 2 h, comer alimentos ricos em fibras,
evitar álcool e cafeína, suprimir a tosse quando necessário, evitar levantar peso etc
(CHIARELLI & COCKBURN, 2002).
Pacientes com um índice de massa corporal acima de 30 são mais difíceis de avaliar e tratar.
Os exercícios de Kegel tanto quanto os cones vaginais parecem ser menos efetivos, por serem
mantidos em posição mais pelo tecido adiposo do que pela musculatura do assoalho pélvico.
A cirurgia também é tecnicamente mais complicada (JULIAN, 1998).
11
A reeducação pré-natal normalmente prepara as mulheres grávidas para uma expectativa de
um parto normal seguido, através da realização dos exercícios do assoalho pélvico, por um
retorno da função pélvica normal (FITZPATRICK & O’HERLIHY, 2001).
No pós-natal, a instituição de um programa de treinamento do assoalho pélvico restabelece
sua força e previne o risco de incontinência urinária e fecal persistente (GLAZENER et al.,
2001).
A aplicação dos princípios de mudança de comportamento, tais como ajustar o regime de
treinamento dos músculos pélvicos a habilidade funcional dos músculos pélvicos, ajuda para
incorporar o treinamento na vida diária, educação do parceiro e estratégias de memorização
são aspectos integrais da efetividade da intervenção (Cammu et al., 2000; Chiarelli &
Cockburn, 2002).
2.5.3 Eletroestimulação
A eletroestimulação, como forma de tratamento, apresenta discordâncias em muitos aspectos
como tipo e posicionamento dos eletrodos, frequência, período e intensidade de tensão usada
bem como o tipo de corrente, acarretando um menor uso desta técnica (MARTINS, 2000;
LUCKBAN & WHITMORE, 2002).
A aplicação de eletroestimulação em mulheres frequentemente envolve o uso de eletrodos
intravaginais e intraretais (eletroestimulação anogenital) (LUCKBAN & WHITMORE, 2002).
Alguns fabricantes recomendam um protocolo de 30 minutos de estimulação elétrica vaginal
intermitente ao dia. Os parâmetros a selecionar incluem: corrente bifásica intermitente,
freqüência de 50 Hz, largura de pulso de 0,2 milissegundos, e intensidade de corrente entre
0,5 e 120 mA, tempo de emissão variável de 0,5 a 10 s, e tempo de não emissão entre 0 e 30 s
(BO et al., 1999; MEYER et al., 2001).
O mecanismo de ação completo da eletroestimulação ainda não é totalmente conhecido,
existindo hipóteses de: hipertrofia da musculatura pélvica, aumento do reflexo inibitório
vesical, reinervação do assoalho pélvico, melhor recrutamento das fibras musculares, entre
outras teorias (MARTINS, 2000).
2.5.4 Cones vaginais
O cone vaginal também tem como objetivo fortalecer a musculatura do assoalho pélvico. De
acordo com recomendações dos fabricantes devem ser usados durante 20 min ao dia. Existem
três variações de peso: 20, 40 e 70 g que devem ser evoluídas de acordo com a habilidade da
paciente em sustentar os cones (BO et al., 1999).
Estudo de Bo et al, (1999), em Oslo, Noruega, com 122 pacientes randomizados foi
desenvolvido, e mostrou que o treinamento dos MAP através de exercícios do assoalho
pélvico foi mais efetivo em aumentar a força do que outro tipo de tratamento, como uso de
eletroestimulação ou cones vaginais. Quando comparadas com as mulheres do grupo controle,
apenas as mulheres do grupo de exercícios do assoalho pélvico aumentaram a força dessa
musculatura. Nos grupos de eletroestimulação e cones vaginais as pacientes achavam um
pouco difícil realizar o procedimento e eles produziram muitos mais efeitos adversos do que
os exercícios (como sangramento, desconforto e dificuldades em usar o estimulador elétrico e
12
dor abdominal, vaginite e sangramento quando utilizados os cones, e também problemas de
motivação em ambos os métodos de terapia).
A presença de POP moderado a severo é uma razão para ter precaução e quanto ao uso de
cones. A prática clínica sugere que a presença desses graus de POP pode resultar em retenção
do cone ou alternativamente fazer com que ele saia. Em ambos os casos, os músculos não são
exercitados (HAGEN et al., 2004).
2.5.7 Biofeedback
Os exercícios assistidos por biofeedback têm a vantagem de fornecer um guia acústico e
visual adicional a paciente, o qual torna isso mais fácil para a paciente aprender e realizar os
exercícios apropriados. As sessões duram em média 30 min, alguns protocolos sugerem 4
unidades de treinamento com 10 repetições em cada sessão, se uma pressão de 40 cmH2O é
alcançada um sinal acústico é emitido (PAGES et al., 2001).
O tratamento pode ser feito em um centro clínico com o fisioterapeuta ou em casa com um
aparelho portátil, uma vez que a paciente seja corretamente instruída em como utilizar o
aparelho (AUKEE et al., 2002).
Um estudo de Aukee et al., (2002), pode observar a variação de resultados na atividade dos
músculos pélvicos entre um grupo de mulheres submetidas apenas a treinamento muscular e
outro grupo submetido a treinamento muscular associado ao biofeedback (17.8 a 20.1 versus
15.3 a 25.8 μV, respectivamente).
2.5.8 Estimulação magnética
Para uma aplicação terapêutica, estimulação magnética de alta frequência de S3 produz
estimulação clinicamente útil da musculatura do assoalho pélvico, aumentos de pressão no
canal anal, e contração do esfíncter externo. A estimulação magnética extracorporal fornece
uma alternativa útil para as pacientes que sejam refratárias à medicação, candidatas não
viáveis a cirurgia ou perda de agilidade em manusear dispositivos de estimulação elétrica. As
“cadeiras” de estimulação eletromagnética estão agora disponíveis comercialmente,
permitindo a estimulação dos nervos sacrais e assoalho pélvico, envolvendo um protocolo de
tratamento relativamente simples não requerendo qualquer participação ativa significante por
parte da paciente (GOLDBERG & SAND, 2000).
3. Metodologia
Este trabalho consistiu em uma revisão da literatura nas bases de dados do PubMed, Scielo,
livros, foram incluídos experimentos randomizados, revisões sistemáticas de estudos
controlados e aleatórios publicados na língua Inglesa e Espanhola, sobre o aumento do
número de mulheres com IU, qualidade de vida das mulheres com IU, disfunções sexuais,
hipotonicidade dos músculos do assoalho pélvico.
13
4. Resultados e Discussão
O assoalho pélvico é formado pelos tecidos que preenchem o espaço entre o púbis e o cóccix,
assim como os outros músculos esqueléticos, caracterizam-se por serem controlados
voluntariamente. Os músculos do assoalho pélvico (AP) têm a função de conter e manter os
órgãos abdominais e pélvicos em seu lugar, exercer o controle sobre a continência urinária,
fecal e a atividade sexual e equilibrar os efeitos da pressão intra-abdominal e vaginal. É
composto das seguintes estruturas tubulares: uretra e vagina (na parte anterior) e o ânus (na
parte posterior); e dos principais músculos: bulbo esponjoso, ísquio cavernoso, transversos
perineais, esfíncter uretral, pubo coccígeo, coccígeo e levantador do ânus (PALMA e
PORTUGAL, 2009).
Muitos são os trabalhos que evidenciam a importância da força e potência muscular. Os
treinamentos destas variáveis têm-se demonstrado efetivos na melhoria de várias capacidades
físicas, bem como o aumento da massa muscular. Ultimamente muito se tem comentado sobre
a atividade preventiva para a manutenção da saúde em mulheres, principalmente na região da
musculatura esquelética. Normalmente as mulheres não possuem consciência da importância
e nem mesmo da existência dessa musculatura. Assim nem sempre é fácil ensinar a
localização do músculo correto que deve ser contraído, surgindo então à importância do
conhecimento dos músculos do assoalho pélvico para contração e relaxamento (LATORRE e
ESPERANDIO, 2008).
A força muscular é adquirida pelos exercícios realizados para a região muscular pélvica,
baseados no preceito de que os movimentos voluntários repetidos proporcionam aumento da
força muscular e os benefícios incluem desenvolvimento, melhora restauração ou manutenção
da força, de resistência, da mobilidade, da flexibilidade, do relaxamento, da coordenação e
também da habilidade através dos movimentos. Devido ao escasso conhecimento dos
profissionais da saúde a respeito do assoalho pélvico associado ao desconhecimento das
próprias mulheres dos seus próprios corpos, causa a estas mesmas mulheres a falta de
exercícios para esta região durante as atividades. O que deve ser feito é uma conscientização
de que esta musculatura pode e deve ser estimulada como qualquer outra musculatura do
corpo, sobretudo para a melhoria da sua qualidade de vida (NOLASCO ET AL., 2008).
Este trabalho tem por objetivo realizar uma revisão de literatura sobre a abordagem
fisioterapêutica na recuperação da musculatura do assoalho pélvico. Além de descrever o
papel da fisioterapia na recuperação da musculatura do assoalho pélvico da mulher com suas
modalidades terapêuticas; analisar a relação da hipotonia da musculatura do assoalho pélvico
na qualidade de vida da mulher; descrever a importância da fisioterapia como primeiro
recurso de tratamento para as patologias relacionadas à fraqueza da musculatura do assoalho
pélvico; analisar os principais comprometimentos da musculatura do assoalho pélvico
causados pela hipotonicidade.
Com o seguinte conteúdo de estudo e informações obtidas de pesquisas para realizar o
trabalho ficou claro a importância do treinamento da musculatura do assoalho pélvico na
mulher a fim de manter a tonicidade e evitar enfermidades causadas pela fraqueza muscular
desses músculos. Ainda existe uma falta de conhecimento da mulher sobre esse assunto, que
deve ser abordado com mais frequência, pois se trata de um problema de saúde pública que
interfere diretamente na vida psicossocial. Esse trabalho tem por finalidade exaltar e
contribuir diretamente para estudos, instrução e conhecimento da população sobre a
importância do treinamento do assoalho pélvico da mulher.
14
Conclusão
Após a pesquisa para a realização do estudo, observou-se uma falta de esclarecimento em
relação ao estado de saúde relacionado à qualidade de vida de pacientes com hipotonicidade
da musculatura do assoalho pélvico e as enfermidades e danos psicossociais causadas por ela.
De acordo com o que foi relatado no trabalho, conclui-se que a fraqueza da musculatura do
assoalho pélvico é um problema que interfere diretamente na qualidade de vida da mulher,
que deve ser bem avaliada para chegar a um diagnóstico e a um tratamento proposto
adequado.
A fisioterapia deve ser vista como o primeiro recurso de tratamento para o fortalecimento da
musculatura do assoalho pélvico, trata-se de um método não invasivo que conta com ótimos
recursos e técnicas para o fortalecimento da musculatura. Apesar das recomendações em
relação ao tratamento do POP, por parte de grandes organizações internacionais, como é o
caso da OMS, de que aquele seja primariamente tratado em seus estágios iniciais com
tratamento conservador incluindo especialmente a fisioterapia, o que se observa ainda na
atualidade é a necessidade de divulgação junto à equipe de saúde que responde pelos cuidados
da mulher, um maior esclarecimento e conscientização da importância desta prática como um
tratamento auxiliar e efetivo junto as pacientes portadoras de POP, assim como uma
conscientização por parte das próprias pacientes acerca de suas possibilidades de tratamento.
Nesta revisão literária pode-se verificar a importância da introdução de um tratamento
conservador em lugar, ou de forma associada, a um tratamento cirúrgico, promovendo
inúmeros benefícios para as portadoras de POP, bem como diminuindo a morbidade causada
pela doença.
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