8. Aspectos clínicos das distrofias musculares em cães

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Ciência Animal, 19(2):89-102,2009
ASPECTOS CLÍNICOS DAS DISTROFIAS MUSCULARES EM CÃES
(Clinical aspects of muscular dystrophies in dogs)
- REVISÃO BIBLIOGRÁFICA –
Karla Patrícia Cardoso ARAÚJO1*, Mitika Kuribayashi HAGIWARA2, Maria Helena
Matiko Akao LARSSON2, Maria Angélica MIGLINO2, Carlos Eduardo AMBRÓSIO3
1
Embrapa- Labex/CNPq, 2Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia/Universidade de São
Paulo, 3 Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos/Universidade de São Paulo
RESUMO
As distrofias musculares em cães compreendem um grupo de miopatias hereditárias nas quais há
ausência de proteínas musculares específicas. Destas, a distrofia por ausência ou deficiência da
distrofina é a mais comum, caracterizada por perda da instabilidade da membrana sarcoplasmática,
seguida de degeneração, necrose com substituição do tecido funcional por tecido fibroso, ocasionando
a atrofia muscular. As manifestações clínicas tornam evidentes entre oito a 12 semanas de idade,
ocasião em que os cães desenvolvem passadas enrijecidas, com progressiva atrofia dos músculos do
tronco e membros e hipertrofia dos músculos da língua. Atualmente não há cura para as distrofias
musculares, e os cães da raça Golden Retriever são utilizados como modelo experimental para a
Distrofia Muscular de Duchenne que acomete humanos, por apresentarem homologia quanto à
deleção do gene que codifica a distrofina. Na Medicina Veterinária, verificou-se nos últimos anos
aumento no número de casos descritos em diferentes raças; dessa forma, torna-se importante o
estudo de tais miopatias, para que os veterinários estejam preparados em reconhecer a clínica da
doença, os diagnósticos disponíveis, cuidados a serem dispensados aos animais acometidos bem
como a orientar os proprietários e criadores de raças puras quanto à hereditariedade das alterações.
PALAVRAS-CHAVE: distrofia, miopatia hereditária, cães, aspectos clínicos.
ABSTRACT
Muscular dystrophies in dogs belong to a group of inherited myopathies in which there is lack of
specific muscular proteins. Of these, dystrophy due to distrophyn-absence is the most common,
characterized by loss of the instability of sarcoplasmic membrane, followed by degeneration, necrosis
with replacement of functional tissue by fibrous tissue, causing the muscular atrophy. The clinical
signs become evident between eight to 12 weeks of age, when the dogs develop rigidified paces,
with progressive trunk and limbs muscle’s atrophy and hypertrophy of the tongue muscles. Nowadays
there is no cure for muscular dystrophy, and the Golden Retriever dogs are used as experimental
model for the Duchenne Muscular Dystrophy that affects humans, since it presents homology as the
deletion of the gene that encodes the dystrophyn. Recently in Veterinary Medicine, the number of
muscular distrophies cases has been increased and reported in different breeds, so this study of these
myopathies becomes important, and allows veterinarians to be prepared to recognize the clinical
disease, available diagnoses, the care being provided to the involved animals as well to advise owners
*Endereço para correspondência:
Universidade de São Paulo, R. prof. Dr. Orlando
Marques de paiva, Cid. Universitária, São Paulo
CEP 05508-000
e.mail: [email protected]
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purebred breeders about the heredity of the changes.
KEY-WORDS: dystrophyn, inherited myopathy, dogs, clinical changes.
INTRODUÇÃO
Distrofias musculares
Distrofia muscular é um termo amplamente
O gene da distrofina está localizado no
utilizado para se referir a qualquer doença cromossomo X, mais precisamente no éxon p21.
primária do músculo esquelético que provoque Dessa forma a distrofia muscular é caracterizada
degeneração progressiva e limitada regeneração como uma miopatia hereditária ligada ao sexo,
dos músculos. Inúmeros exemplos de doenças sendo transmitida, na maioria das vezes, por
progressivas musculares (miopatias) têm sido fêmeas portadoras, assintomáticas ou que
descritos em animais, podendo ser hereditárias, apresentam raras manifestações clínicas como
as quais se assemelham às distrofias musculares fraqueza em membros e alterações miopáticas na
em seres humanos, sendo a mais comum a eletromiografia e biopsia muscular (Sharp et al.,
distrofia muscular de Duchenne (DMD).
1989).
Nos cães, a distrofia muscular ligada ao
As fêmeas portadoras apresentam apenas
cromossomo X e associada à deficiência de um cromossomo X afetado (recessivo), podendo
distrofina é a miopatia hereditária mais comum e transmití-lo a sua descendência, sendo mais
melhor caracterizada no Golden Retriever, sendo frequente a existência de machos afetados, uma
este o modelo animal mais fidedigno para estudo vez que esses, herdando o cromossomo X
da doença em humanos. A distrofina é uma alterado, invariavelmente serão doentes. As
proteína que atua na estabilidade da membrana fêmeas acometidas pela doença necessariamente
plasmática durante a contração muscular, e, sua apresentam os dois cromossomos X alterados e,
ausência, está relacionada à necrose e ciclos de na maioria das vezes, isso acontece por mutação,
regeneração e degeneração que progridem para já que o macho afetado não se reproduz em
necrose, fibrose endomisial e perimisial e atrofia condições naturais devido à extrema fraqueza
muscular.
muscular (Shelton & Engvall, 2002).
Nos últimos anos verificou-se aumento de
As distrofias musculares formam um grupo
casos descritos em cães de outras raças, afetadas hetero gêneo de doenças hereditárias
por algum tipo de distrofia muscular, seja ligada degenerativas, sendo a maioria delas de caráter
à deficiência de distrofina ou a outra proteína não inflamatório, caracterizadas por fraqueza e
associada a ela. Dessa forma, torna-se importante debilidade muscular (Shelton & Engvall, 2002).
o estudo dessas miopatias para o diagnóstico São relativamente frequentes no homem e em
efetivo e o desenvo lvimento de test es outros mamíferos, uma vez que o gene que
diagnósticos que permitam detectar os portadores codifica a distrofina é extremamente grande,
e possam prevenir a perpetuação dessas tornando-o alvo frequente de mutações, já que a
condições hereditárias.
probabilidade de ocorrência de mutações
Essa revisão de literatura teve por objetivo espontâneas est á relacionada de forma
caracterizar a distrofia muscular ligada à proporcional ao tamanho do gene envolvido
deficiência de distro fina em cães, suas (Hofman, 1999; Shelton & Engvall, 2002).
manifestações clínicas e as formas de diagnóstico
Em pequenos animais podem ser observadas
comumente utilizadas.
as distrofias associadas com a ausência ou
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Quadro 1: Classificação das proteínas musculares envolvidas nas distrofias musculares em animais
e humanos. C: cão, F: felino, M: camundongo, H: humano. Adaptado de Shelton, 2004.
Localização
subcelular
Proteína
Matriz
extracelular
Laminina α2,
Colageno VI
Congênita
Espécies
afetadas
conhecidas
C, F, M, H
H
Transmembrana
Sarcoglicanos,
Caveolina, Disferlina
Cinturas
Congênita
C, H
H
Citoesqueleto
Distrofina,
teletionina
Duchenne
Cinturas
C, F, M, H
H
Citosol
Calpaina
Cinturas
H
Núcleo
Emerina,
Laminina A
Ligada ao sexo
Emery_Dreyfuss
Autossomica
dominante
H
anormalidades da distrofina, das proteínas
associadas à distrofina, laminina α2, dentre outras
proteínas (Quadro 1). Destas, a distrofia muscular
causada pela ausência da distrofina, resultante de
mutações no gene que expressa essa proteína é a
mais comum e melhor estudada em cães,
principalmente na raça Golden Retriever
(Kornegay et al., 1988; Shelton et al., 2001).
Há relatos de distrofias em diversas raças,
incluindo o Golden Retriever (Kornegay et al.,
1988), Labrador Retriever (Bergman et al., 2002),
Weimaraner ( Baltzer et al., 2007), dentre outras
raças (Schatzberg et al., 1999; Jones et al., 2004;
Wieczorek et al., 2006; Deitz et al., 2008).
O aumento na frequência com que as
doenças hereditárias têm sido diagnosticadas na
prática clínica de cães e gatos nas duas últimas
décadas pode ser explicado por duas razões: a
primeira, a disponibilidade e alta qualidade do
alimento “pet” e a introdução de efetivos
esquemas de vacinação que reduziram
respectivament e a incidência de doenças
nutricionais e infecciosas, contrapondo-se ao
pequeno avanço na prevenção de doenças
hereditárias. A segunda razão é a estrutura
Tipo de
distrofia
muscular
H
intrínseca das populações de cães de raça.
Observa-se um aumento do número de animais
de raça pura apresentados aos veterinários e a
maior frequência de genes alterados que,
consequentemente, aumentam a probabilidade de
doenças recessivas expressas dentro de uma raça
em particular (Fyfe, 2002).
Fisiopatogenia
A distrofina é uma proteína periférica da
membrana plasmática de aproximadamente 426
Kd expressa em tecidos musculares e no cérebro.
Encontra-se associada a um grande complexo
multimétrico, denominado complexo distrofinaglicoproteína (DGC- Dystrophyn Glycoprotein
Complex). Este complexo é composto de dois
subcomplexos: distroglicano (subunidades α, β)
e sarcoglicano (subunidades α, β, γ, δ). A região
N-terminal da distrofina interage diretamente com
a proteína actina do citoesqueleto, enquanto o
domínio C-terminal se liga à membrana plasmática
por meio de interações com o distroglicano β.
Dessa forma, a distrofina é capaz de prover uma
ligação mecânica entre o citoesqueleto
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Figura 1 - Estrutura do complexo distrofina-glicoproteína no músculo esquelético. A distrofina se
liga a actina do citoesqueleto (N-terminal), enquanto sua extremidade C-terminal encontra-se
associada com proteínas intrínsecas e extrínsecas da membrana plasmática (Fonte: BLAKE et al.,
Physiol. Rev., 2002).
intracelular e a matriz extracelular garantindo expressão da proteína distrofina, que se encontra
distribuição uniforme da força durante a atividade ausente ou muito diminuída na membrana
muscular evitando a ruptura da membrana sarcoplasmática de pacientes humanos, resultando
plasmática (Ervasti & Campbell, 1991), (Figura na perda de sua estabilidade, principalmente
1).
durante a contração (Kamper & Rodeman, 1992;
As proteínas que compõe o complexo Sharp et al., 1989; Biggar, et al., 2002; Childers
distrofina-glicoproteína (DGC) formam uma et al, 2002). A completa ausência da distrofina
ligação mecânica entre o citoesqueleto de actina perturba a composição estrutural do complexo
e a matriz extracelular; a ruptura de qualquer nível distrofina-glicoproteína e de seus componentes
da cadeia resulta no fenótipo de distrofia que se apresentam muito reduzidos nas fibras
muscular. Anormalidades em qualquer uma das musculares esqueléticas de pacientes DMD e
proteínas do complexo DGC frequentemente camundongos mdx (Campbell, 1995).
A ruptura da membrana sarcoplasmática
levam à diminuição da expressão e anormalidades
nas demais proteínas associadas. Dessa forma, possibilita o influxo de cálcio e posterior ativação
diferentes modos de herança (autossômico de proteases endógenas por meio do estímulo da
recessivo ou autossômico dominante) levam à cascata inflamatória (Collins & Morgan, 2003).
distrofia muscular, mesmo que o s genes Nos indivíduos acometidos, a doença caracterizaresponsáveis pela expressão destas proteínas não se por ciclos de degeneração e regeneração das
estejam localizados no cromossomo X (Spence fibras musculares, até ocorrer o esgotamento da
capacidade de regeneração resultando em fibrose
et al., 2002).
No homem a DMD é letal e progressiva, progressiva (Valentine et al., 1986; Nguyen et al.,
sendo resultante da mutação no gene localizado 2002).
A inflamação muscular, necrose e
no cromossomo X (Bonilla et al., 1988; Thor &
Terryborry, 2003). Este gene é responsável pela substituição do tecido muscular por tecido fibroso
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e adiposo podem ocorrer como consequência da
deficiência de distrofina em pacientes com DMD.
Acredita-se que a extensa fibrose endomisial
resulte em prejuízo na capacidade de regeneração
das fibras musculares danificadas (Hoffman et al.,
1987).
cardiorrespiratória devido à cardiomiopatia
resultante da ausência da distrofina no músculo
cardíaco, embora possam sobreviver e alcançar
muitos anos de vida (Sharp et al., 1989; Shelton
et al., 2001; Biggar et al., 2002).
Nas distrofinopatias em adição a doença
esquelética muscular, as alterações cardíacas são
Utilização de cães GRMD como modelo para comuns, porém assintomáticas ao longo de um
a DMD
período variável de tempo, antes de ocorrer a
cadiomiopatia dilatada resultante da fibrose
A Distrofia Muscular nos cães da raça generalizada levando a um desfecho fatal (Nigro
Golden Retriever (GRMD) é uma miopatia et al., 1994). Para Angelini et al. (1996) o
degenerativa causada pela ausência ou deficiência envolvimento cardíaco nas distrofias musculares
da distrofina (Cooper et al., 1988). A doença nos não ocorre paralelamente com a doença muscular,
cães é geneticamente homóloga à distrofia cuja gravidade não é confirmada por analise
muscular de Duchenne (DMD) que acomete seres genética. Um caminho alternativo para
humanos (Hoffman & Gorospe, 1991), sendo diagnostico precoce e assintomático da
considerados modelos experimentais para anormalidade miocárdica seria a utilização do
diverso s estudo s que visam a busca de ecocardiograma por Doppler tecidual (Nagueh
tratamentos para meninos acometidos pela et al. 2001; Chetboul et al., 2004).
doença. A similaridade entre as duas doenças é
Chetboul et al. (2004), estudando cães
surpreendente, ambas são caracterizadas por GRMD por volta dos seis meses de idade por
miopatia degenerativa precoce, com progressiva ecocardiograma- Doppler tecidual, verificaram
necrose, fagocitose e fibrose endomisial e parâmetros da função miocárdica alterados
perimisial (Cooper et al., 1988; Childers et al., precocemente e confirmadas histologicamente;
2002; Collins & Morgan, 2003; Khurana & enquanto que pela ecocardiografia convencional,
Davies, 2003; Kornegay et al., 2003).
as funções ventriculares globais ainda se
Nos humanos e nos cães GRMD há encontravam preservadas. Constatando assim, a
predomínio do processo de degeneração e fibrose, importância na detecção precoce dessas
levando a uma perda progressiva da estrutura e alterações para que uma efetiva prevenção da
função muscular. Já nos modelos felino e murino, fibrose miocárdica e o remodelamento ventricular
observa-se pouca fibrose e o processo de esquerdo que podem levar à falência cardíaca.
regeneração supera a necrose do músculo,
gerando um fenótipo discreto ou ausente de Manifestações clínicas
distrofia muscular. Dessa forma torna-se limitada
a utilização dos modelos murino e felino, servindo
As manifestações clínicas resultantes da
apenas como modelo genético e bioquímico, mas ausência da distrofina ocorrem em diversas
não como modelo clínico-patológico da DMD espécies, porém em cães, ao contrário do que
humana (Collins & Morgan, 2003; Partridge, ocorre em gatos e ratos afetados, observa-se
1991).
maior semelhança de evolução da doença com a
Assim como a DMD, cães GRMD DMD (Khurana & Davies, 2003).
As lesõ es musculares no s cães são
frequentemente morrem de falência
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Figura 2 – Cães adultos da raça Golden Retriever, A: macho sadio; B: fêmea portadora, note que pelo
fenótipo clinico não é possível identificar sinais de distrofia muscular; C: macho afetado pela distrofia
muscular progressiva, observa-se atrofia de músculos da região temporal, tronco e membros (Fonte: Autora:
Karla Araújo).
caracterizadas por necrose maciça, que afeta aparente. Estas manifestações iniciais são
principalmente músculos da cabeça, pescoço, e seguidas de fraqueza generalizada, alargamento
membros (Valentine et al, 1990). Em alguns casos, da base da língua e dificuldade na deglutição
a distrofina encontra-se presente, porém é (disfagia). A disfagia é devido à atrofia dos
estruturalmente anormal (Shelton et al., 2001). músculos mastigatórios, hipertrofia da língua e
As lesões no músculo da língua podem se iniciar sialorréia, associadas ao megaesôfago, o que
ainda na vida intra-uterina. Os músculos requer a administração de alimentos pastosos,
respiratórios não suportam a necrose terminal oferecidos em pequenas porções varias vezes ao
difusa, o que resulta em insuficiência respiratória dia (Valentine et al., 1988; Shelton et al., 2001;
aguda e morte. Embora muitos filhotes possam Nguyen et al., 2002)
morrer durante o período neonatal caracterizando
Os cães doentes cansam-se com facilidade,
a forma neo natal fulminante, dentre os desenvolvem andadura alternante anormal,
sobreviventes, ao redor dos dois meses de idade, caracterizada por passadas rígidas e curtas,
podem ser constatados sinais de regeneração podem, ainda apresentar redução na capacidade
muscular verificável pela imaturidade do tecido de abrir os maxilares e dificuldade na apreensão
muscular por meio de imunohistoquímica e deglutição de alimentos; a maior parte da
(Nguyen et al., 2002).
musculatura esquelética torna-se atrófica, porém,
Os cães afetados pela distrofia muscular certos grupos musculares e a língua apresentamapresentam manifestações clínicas a partir de oito se com hipertrofia (Nguyen et. al., 2002) (Figura
semanas de idade. Inicialmente eles têm astenia e 2). Os gatos distróficos diferem dos cães, por
intolerância ao exercício. Dentro de algumas apresentarem hipertrofia muscular generalizada
semanas a atrofia muscular se espalha e se torna (Sharp et al., 1989).
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As manifestações clínicas são progressivas
até os seis meses de idade, quando tendem a se
estabilizar e, em alguns casos, pode aumentar de
forma mais gradativa. Nota-se atrofia dos
músculos temporal, do tronco e membros
proximais. Contraturas, devido à fibrose nos
músculos proximais, resultam em incapacidade
em estender ombros e quadris. Há progressivo
alargamento da base da língua e sinais de
disfunção faringeana e esofageana como disfagia
e regurgitação (Valentine et al., 1988).
Há perda gradual da massa muscular e
desenvo lvimento de cont raturas que
frequentemente levam a deformidades
esqueléticas. A função respiratória é diminuída,
caracterizada pelo aumento da taxa respiratória
residual e do excessivo componente abdominal
durante a respiração e cansaço fácil (Schatzberg
& Shelton, 2004).
Para Shelton et al. (2001), as manifestações
clínicas podem variar entre os cães afetados,
sendo que cerca de 50% apresenta deformidade
em membros, marcha anormal e deformidade
ro tacional no tarso distal. Embora seja
qualitativamente similar dentro de uma ninhada
em particular, a gravidade das manifestações
clinicas pode variar consideravelmente entre os
indivíduos afetados em diferentes ninhadas
(Cooper et al., 1988).
As fêmeas acometidas apresentam variadas
apresentações clinicas, incluindo astenia muscular
generalizada, degeneração muscular, tremores,
intolerância a exercícios, anormalidades de
marcha, deformidade nos membros dentre outras
(Shelton et al., 2001).
As alterações patológicas t ípicas no
músculo distrófico incluem degeneração de
miofibras, regeneração, fibrose e depósito de
cálcio (Sharp et al., 1989). Ultraestruturalmente,
observa-se semelhança com a DMD, presença de
fibras hialinas, fibras musculares hipercontraídas,
necróticas, algumas com infiltrado de macrófagos
e áreas de regeneração. Aos quatro meses de
idade já é possível evidenciar, em alguns
músculos, fibrose endomisial e perimisial (Cooper
et al., 1988).
Diagnóstico
A raça de um animal afetado é um critério
diagnóstico útil para distinguir a distúrbio
herdado. Na maioria dos casos, os animais
afetados são produzidos e mantidos entre os
animais que não exibem anormalidades clínicas,
embora possam carregar o gene anormal. Esses
animais portadores, comumente possuem uma
cópia do gene mutante proveniente de seus pais.
Em alguns casos uma nova mutação pode ocorrer
e, em cruzamentos entre os indivíduos da mesma
raça, o distúrbio pode se tornar um problema
significante nas gerações subsequentes (Fyfe,
2002).
A miopatia distrófica deve ser sempre levada
em consideração na presença de cão ou gato
(macho ou fêmea, raça pura ou mista), que
apresente astenia e atrofia muscular persistente,
disfagia, aumento acentuado de CK (creatina
quinase), AST (aspartato aminotransferase) e
ALT (alanina aminotransferase), anormalidades
de marcha ou contraturas musculares nos
primeiros meses de vida (Sharp et al., 1989; Deitz
et al., 2008).
Devido ao grande número de possíveis
formas de distrofias musculares e às diferentes
apresentações clínicas, bem como a sobreposição
de diferentes formas, torna difícil classificar a
doença baseada apenas nas manifestações clínicas,
tais co mo idade de início o u padrão de
acometimento muscular. Além disso, devido às
limitadas informações disponíveis sobre as
distrofias musculares que não estejam
relacionadas à ausência da distrofina em cães e
gatos afetados, não se sabe se é possível
extrapolar e comparar com o quadro clínico dos
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humanos acometidos por essas miopatias (Shelton distróficos se deva ao dano muscular esquelético
et al., 2001).
decorrente da doença. De forma análoga a
Valentine et al. (1990), Larsson al. (2007)
Análise de enzimas séricas
observaram aumento de 15, 22 e 70 vezes,
A creatina quinase (CK) ocorre como três respectivamente, das concentrações de AST, ALT
isoenzimas localizadas primariamente em e CK, em animais afetados, quando comparados
músculo esquelético, músculo cardíaco e cérebro. com cães controles da mesma raça.
É utilizada primariamente para diagnóstico de
A enzima AST está presente em uma ampla
lesões do tecido muscular esquelético (Bender, variedade de t ecidos, mas as maiores
2003; Bush, 2004). Os cães distróficos podem concentrações encontram-se nas células do
ser diagnosticados ao primeiro dia de vida, por músculo cardíaco e esquelético e no fígado. A
meio da análise desta enzima que se encontra principal indicação da determinação da sua
dramaticamente elevada na maioria dos casos à atividade é no diagnóstico de doenças musculares
semelhança com os humanos doentes (Cooper et (Bender, 2003; Bush, 2004).
al., 1988; Valentine et al., 1990; Shelton et al.,
2001; Bergman et al., 2002; Shelton & Engvall, Biópsia muscular
2002; Larsson et al., 2007). Juntamente com o
A coleta de material para biopsia é realizada
aumento da CK nota-se elevação da enzima sérica no rmalment e no s músculos quadríceps,
aspartato amino-transferase (Valentine et al., gastrocnêmio ou deltóide. Na análise
1990; Bergman et al., 2002).
histopatológica observa-se, no padrão distrófico,
Ao contrário do que comumente ocorre hipertrofia e atrofia de fibras musculares, perda
com os cães afetados, a concentração de creatina da forma poligonal em corte transversal incluindo
quinase sérica pode estar normal ou discretamente variabilidade no tamanho das fibras, necrose e
elevada nas fêmeas afetadas, (Sharp et al., 1989). regeneração de fibras e substituição por tecido
Em um estudo com cinco fêmeas acometidas, conjuntivo e adiposo resultando em fibrose
Shelton et al.(2001) verificou um animal com endomisial e perimisial (Milhorat et al. 1966;
concentração de CK dentro do limit e da Baloh et al., 1972; Cullen & Mastaglia, 1982;
normalidade, duas com aumento moderado e uma Valentine et al., 1986; Marshall et. al., 1989; Cozzi
com aumento semelhante ao que ocorre nos et al., 2001; Erazo-Torricelli, 2004; Schatzberg
machos doentes. Contudo as biopsias destes & Shelton, 2004). A combinação da fibrose
animais foram consistentes com a miopatia progressiva com a perda das fibras musculares
distrófica, incluindo variabilidade no diâmetro das resulta em astenia muscular (Blake et al., 2002)
miofibras, degeneração, regeneração e fibrose.
(Figura 3).
Para Valentine et al. (1990), em cães
Os aglomerados basófilos compostos por
distróficos de qualquer idade, há aumento da pequenas fibras necrosadas e células inflamatórias
atividade sérica do CK, AST e ALT, e, apesar do são vistos com frequência, com a presença de
aumento de ALT poder indicar dano hepático, o macrófagos em atividade fagocítica além de
exame ultra-estrutural do tecido hepático não neutrófilos e plasmócitos (Valentine et. al., 1986;
evidenciou nenhuma degeneração nos cães Marshall et. al., 1989; Valentine et al., 1990)
distróficos, que pudesse ser creditado o aumento (Figura 3). O início da regeneração das fibras
da atividade sérica de ALT. Dessa forma, acredita- musculares é reconhecido pelo seu pequeno
se que o aumento sérico da ALT em cães diâmetro, citoplasma basófilo rico em RNA, e
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Figura 3 – Histologia de músculo bíceps femoral. A: músculo de cão sadio, arquitetura preservada
das fibras musculares, núcleo na periferia. B: músculo de cão com distrofia muscular, nota-se
variação do diâmetro das fibras, infiltração de polimorfonucleares e degeneração de fibras; coloração
Hematoxilina-eosina; Aumento: 40x, Barra: 50µm (Fonte: Autora: Karla Araújo).
pelo núcleo grande e central (Bradley et al., 1972).
Análise de proteínas
A
análise
de
proteínas
por
imunohistoquímica e Western Blot possibilita a
determinação de quais proteínas do complexo
distrofina-glicoproteínas encontram-se reduzidas
ou ausentes para direcionar o estudo da mutação
específica (Schatzberg & Shelton, 2004).
A imonohistoquímica é um método sensível
e eficaz que pode ser realizado em espécimes de
músculos, frescas ou congeladas. Os resultados
desse teste, utilizando-se anticorpos monoclonais
ou policlonais contra proteínas musculares
envolvidas nas distrofias musculares, podem
sugerir a mutação oco rrida e permitir o
desenvolvimento de testes diagnósticos para
mutações especificas (Shelton & Engvall, 2002).
Na técnica de Western Blot, pode-se
observar nos cães acometidos a ausência da banda
referente à distrofina nas proteínas musculares
extraídas, enquanto nas portadoras heterozigotas,
observa-se uma banda de menor intensidade que
o grupo controle, indicando nível intermediário
de distrofina (Cooper et al., 1988).
descrito por Bartlett et al. (1996). Purifica-se o
DNA genômico das células sanguíneas ou do
próprio cordão umbilical no momento do
nascimento ou parto dos cães. A região contendo
a mutação é então amplificada por meio da
Reação em Cadeia da Polimerase (PCR),
utilizando-se pares de primers que localizarão o
intron 6 e exon 7 do gene da distrofina canina.
Atualmente, encontra-se no mercado de um
teste genético de DNA canino que identifica cães
afetados e cadelas portadoras do gene da distrofia
muscular. Esse teste é fabricado pela empresa
Heath Gene – centro de pesquisa e diagnóstico
molecular, sendo que cada teste custa cerca de
85 dólares (Healthgene).
Diagnóstico diferencial
No diagnóstico diferencial incluem-se
distúrbios degenerativos como distrofia muscular,
do enças de armazenamento, mio patias
inflamatórias (Infecções por Toxoplasma gondii,
Neospora caninum), doenças imunemediadas
(polimiosite), neoplasia (linfoma) e doenças
metabólicas (miopatia mitocondrial) (Baltzer et
al., 2007).
A análise imunofenotípica do infiltrado
Análise de DNA
celular, nas miopatias inflamatórias caninas, e a
Pode-se realizar a triagem de cães normais, revisão sistemática de um extenso número de
afetados e portadores de acordo com o método casos demonstram que as doenças infecciosas e
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neoplasias podem estar associadas a essa
condição mórbida. Nas miopatias inflamatórias
associadas com Neospora caninum, há marcante
aumento da população de células dentríticas
comparada com as miopatias de origem não
infecciosa, salientando a necessidade da
realização de test es diagnósticos para a
identificação da infecção por Toxoplasma gondii
e N. caninum em to dos os animais com
diagnóstico de miopatias inflamatórias (Evans et
al., 2004).
Evans et al. (2004) estabeleceram o
diagnóstico de neoplasia em 12 casos em uma
po pulação de 200 cães com mio patias
inflamatórias, a maioria dos quais tinham menos
de 12 meses de idade e 50% da raça Boxer. Em
todos os cães a enzima CK encontrava-se elevada
e nas radiografias torácicas foram observados
nódulos de causa indeterminada em parênquima
pulmonar.
repetidos de pneumonia por aspiração.
Terapias com procinéticos de músculo liso,
como metoclorpramida e cisaprida podem
estimular a peristalse esofágica, no entanto não
possuem efeito satisfatório sobre a musculatura
estriada que compõe todo o corpo esofágico
canino. O betanecol, agonista colinérgico que atua
em receptores muscarínicos, tem mostrado
melhores resultados em induzir propagações
contráteis, sendo mais indicado nos casos de
megaesôfago. Sabe-se que é alta a incidência de
esofagite concorrente com megaesôfago,
indicando nesses casos a administração de
suspensão oral de sucralfato (Washbau, 2003).
No canil GRMD- Brasil localizado na
Faculdade de Medicina Veterinária da
Universidade de São Paulo, foi avaliada a
eficiência de um manejo alimentar da disfagia e
do megaesôfago de cães distróficos de diversas
idades. Os cães recebiam quatro vezes ao dia
ração super Premium (HILL´S S/D), seca,
triturada e hidratada com água morna com
consistência final pastosa. O alimento era
oferecido diretamente pela boca, eliminando a
fase de apreensão, com os animais em estação,
decúbito esternal ou sentados em plano inclinado,
de acordo com o maior ou menor grau de
dificuldade individual gerado pela doença. A água
era oferecida através de mangueira fixada em local
elevado, de modo que o animal elevasse o
pescoço para ingeri-la. A regurgitação mecânica
tendeu a zero e o alimento oferecido passou a
seguir seu curso aboral. A água adicionada ao
alimento foi suficiente para manter os cães
hidratados e, diminuindo-se a ingestão voluntária
de água, foi possível prevenir a ocorrência de
pneumonia por aspiração, regurgitação e gasto
energético excessivo. Foram observados ausência
de êmese por esofagite, gastrites e de infecções,
disposição alerta dos animais, manutenção do
peso, ausência de estresse por ansiedade da
disfagia e nenhum óbito durante o período
Cuidados com os animais doentes
Cuidados quant o à alimentação se
relacio nam ao manejo da disfagia e do
megaesôfago, recomendando-se, para tanto,
fornecer pequenas porções de uma dieta de alto
valor calórico, triturada ou pastosa, várias vezes
ao dia. Os cães devem ser mantidos em posição
com elevação dos membros anteriores, quando
forem alimentados, para favorecer a passagem
do bolo alimentar pelo esôfago, apenas pela força
da gravidade, na ausência de peristalse
(Washabau, 2003). O cão doente estende o
pescoço, para ingerir água, já que lhe falta a
habilidade de movimentar a língua, como ocorre
com o cão sadio (Bergman et al., 2002).
De acordo com Washabau (2003), a
morbidade e mortalidade decorrentes do
megaesôfago idiopático e adquirido, permanecem
inaceitavelmente elevadas, devido ao manejo
errôneo, no qual vários animais sucumbem aos
efeitos da subnutrição crônica e aos episódios
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estudado. Isto se refletiu no equilíbrio e
fo rtalecimento do sist ema imune após
implantação do manejo citado (Cateli, 2006).
depende da gravidade das manifestações clínicas,
os cães podem vir a óbito nos primeiros dias de
vida, quando há necrose diafragmática
importante, ou podem sobreviver por vários anos,
Tratamento e prevenção
com o tratamento de suporte adequado (Fyfe,
Infelizmente, até o momento não existe 2002).
cura ou tratamento específico para a distrofia
Assim como ocorre entre os humanos,
muscular de qualquer origem genética. Por ser cães afetados pela dist rofia muscular
uma doença de importância clínica em Medicina frequentemente desenvolvem cardiopatia, e
Humana, pesquisas em todo mundo direcionam morrem de falência cardiorrespiratória (Sharp et
seus estudos em várias frentes de tratamento, al., 1989; Shelton et al., 2001; Biggar et al., 2002).
desde terapias farmacológicas, terapias gênicas
e, por último, a utilização de células tronco
CONCLUSÃO
(Davies & Grounds, 2006; Foster et al., 2006) .
Em humanos, esteró ides ou drogas
As doenças hereditárias em cães devem
imunossupressoras tem sido empregadas com o
ser consideradas e melhor estudadas uma vez que
objetivo de retardar a progressão da doença, mas
sua incidência tem sido observada cada vez mais
tem-se mostrado ineficazes na interrupção ou
frequentemente na clínica de pequenos animais.
retardo no curso da doença (Dubowitz, 2005).
A distrofia muscular do Golden Retriever é a
Nas doenças hereditárias, a prevenção
deve ser direcionada na tentativa de conscientizar distrofia muscular melhor caracterizada na espécie
criadores e associações de cães de raça, canina, sendo considerada modelo animal para
veterinários e pesquisadores. A prevenção está estudo de terapias para a distrofia muscular de
na dependência da identificação dos portadores Duchenne, que acomete os humanos. Observade anormalidades genéticas deletérias entre os se nos últimos anos, um aumento na descrição
reprodutores de uma raça em part icular, de casos isolados de distrofias musculares não
impedindo-se sua reprodução, antes que seja somente ligados a ausência da distrofina como
gerada uma ninhada de cães acometidos pela também de outras proteínas associadas à
anomalia genética e consequente manifestação membrana plasmática, presentes em diversas
raças de cães levando-os a apresentarem o
fenotípica (Fyfe, 2002).
Sabe-se que há pouco interesse no fenótipo clinico distrófico. Dessa forma, é
desenvolvimento de testes moleculares para necessário alertar os veterinários quanto à
doenças genéticas, uma vez que o teste específico ocorrência das miopatias congênitas, para
de cada mutação é aplicado somente a um possibilitar o diagnóstico dessas enfermidades e
pequeno número de animais de uma raça no qual orientar os proprietários e criadores de raças
uma doença particular causada por mutação já puras quant o ao defeito genético e
foi definida, dessa forma, o otimismo quanto à hereditariedade das alterações.
expectativa de futuros testes genéticos nas
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