Preparation of Papers in Two-Column Format

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MEDITAÇÃO: ANÁLISE E COMPARAÇÃO DE TÉCNICAS MEDITATIVAS
ORIENTAIS
Victor Elias Nigri 1, Sergio Ricardo Master Penedo 2, Francisco Carlos Paletta 3
Abstract  The developed article explores the
meditation´s idea, its techniques, types, psychological and
theological sources, as well as its presence in different
western cultures. It also explores the similarities among
the different types discussed and an overview of its
potential and presence nowadays. The Indian schools of
meditation (Pranayama technique), Buddhism Meditation
(Vipassana technique), the classical Jewish Meditation,
Sufi meditation and the Taoistic Meditation (Tai Chi
Technique) are explored and compared. Classic books on
the theme were the main source of research, as well as
internet articles were used. It was found that all the
mentioned schools of meditation may have come from the
same source due to its historical and technical similarities,
as well as the theological background and similar goals.
Some of the studies techniques may appear different, but
the final goal is usually the same.
Index Terms - Breathing, meditation, mind, religion.
Resumo  O presente artigo explora a idéia da
meditação,
suas técnicas, tipos,
embasamentos
psicológicos e teológicos envolvidos, sua presença em
diferentes culturas, as semelhanças entre seus diferentes
tipos, e por fim um panorama da meditação e seu potencial
nos dias atuais. As escolas de meditação da Índia (técnica
Pranayama), a Meditação Budista (técnica Vipassana) [1],
a Meditação Clássica Judaica, a Meditação Sufi e a
meditação Taoísta (técnica do Tai Chi) são discutidas e
comparadas. Livros clássicos dos temas foram principais
fontes de pesquisa, que também contou com artigos de
internet. Observou-se que todas as mencionadas escolas de
meditação provavelmente têm origem na mesma fonte
devido a similaridades históricas e técnicas, assim como
um similar arcabouço teológico e seus objetivos. Algumas
das técnicas estudadas podem parecer diferentes, mas o
objetivo final é quase sempre o mesmo. As técnicas de
meditação empregadas nos dias atuais não divergem muito
das usadas pelos antigos, mas os objetivos podem ser um
pouco diferentes, uma vez que a meditação pode promover
uma boa qualidade de vida, fora experiências religiosas,
no que a desejada paz interior almejada pelos antigos
encaixa-se perfeitamente na turbulenta vida moderna.
Palavras-chave: Meditação, mente, religião, respiração.
1. MEDITAÇÃO
Meditar é essencialmente a capacidade de
unidirecionar a mente, o exercício de focar a mente em um
único objeto ou pensamento. Meditar é o pensar de
maneira controlada, a capacidade de decidir no que pensar
e por quanto tempo pensar nesse objetivo.
Este exercício se dá através do unidirecionamento da
mente em algum objeto, como um mantra (palavra ou
frase repetida exaustivamente), uma imagem, uma
paisagem, um objeto físico, um som, uma fragrância, um
conceito. Segundo KAPLAN [2], quando a mente é
defrontada com este objeto, como por exemplo, o mantra,
o meditador empenha-se em dedicar toda a sua atenção a
este. Pensamentos alheios ao seu mantra naturalmente
invadem sua cabeça e o meditador gentilmente elimina
estes pensamentos, continuando a focar sua mente em seu
único objetivo, o mantra.
Com a prática diária e o decorrer do tempo, o
meditador fica cada vez mais treinado a pensar apenas no
mantra. Pensamentos alheios ao mantra são cada vez mais
escassos até que finalmente o meditador atinge a meta de
estar unidirecionado no mantra. Uma vez que o meditador
está completamente focado, sua mente não divide mais
atenções e este pode pela primeira vez experimentar algo
em sua plenitude, no caso do mantra, prestando atenção
neste como nunca prestou, enxergando todos os seus
aspectos, detalhes, nuances e características que antes
eram então ofuscadas pela falta de foco pleno da sua
mente [3,4].
Se em vez de um mantra o meditador escolheu como
objeto de meditação um objeto físico, no caso uma flor,
uma rosa, para meditar, a partir do momento em que este
unidirecionar a mente para a flor, ele perceberá na flor
características que nunca havia antes percebido,
características que estavam lá, porém sua falta de atenção
o limitava ao enxergá-las. O rosa da flor fica mais rosa do
que nunca, um rosa pleno, jamais visto antes, os veios da
flor ficam muito mais nítidos - é como se o meditador
enxergasse o mundo com outros olhos, como se tivesse
colocado óculos, como se antes da experiência meditativa
este visse o mundo em um televisor preto e branco e
agora o vê em um televisor de alta definição.
No domínio religioso, o objetivo da meditação é em
geral a obtenção de uma experiência mística, podendo ser,
por exemplo, o unidirecionamento da mente em algum
conceito místico para compreendê-lo melhor ou o
unidirecionamento da mente em uma árvore para uma
melhor compreensão da natureza e conseqüentemente do
universo.
1
Victor Elias Nigri, student in the School of Civil Engineering at FAAP, CEP 01242-902, São Paulo, SP, Brazil. (e-mail: [email protected])
Sergio R. M. Penedo, Industrial Engineering department chair in the School of Engineering at FAAP, CEP 01242-902, São Paulo, SP, Brazil. (e-mail:
[email protected])
3
Francisco C. Paletta, dean of the School of Engineering at FAAP, CEP 01242-902, São Paulo, SP, Brazil. (e-mail: [email protected]).
2
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2. ESCOLAS DE MEDITAÇÃO DO ORIENTE
Segundo OSHO [5], embora seja um conceito de
domínio coletivo, foi no oriente que as técnicas clássicas
de meditação floresceram, inicialmente atreladas a algum
tipo de crença. A seguir serão examinadas diversas crenças
orientais, suas origens e o tipo de meditação que
originaram ou desenvolveram.
3. HINDUÍSMO
O Hinduísmo é um conjunto de crenças e culturas com
características comuns, como a crença em reencarnações e
em escrituras sagradas hindus (Vedas), originadas no
subcontinente indiano. Os hindus preferem se referir ao
seu conjunto de crenças como Dharma (“aquilo que é
firme”).
Os primórdios do Hinduísmo são indeterminados,
porém acredita-se que sua formação ocorreu inicialmente
entre 6500 e 1500 anos antes da era atual, tendo se
cristalizado na mesma época em que foram compilados os
Vedas a partir de cerca de 1500 a.C. [6]. As crenças hindus
eram sistematizadas em um modelo mais elitista de
religião, que prosseguiu até aproximadamente o século 3
a.C., período no qual a fase védica desta religião
cristalizou-se, fase esta marcada também pelo surgimento
de diversos livres pensadores contestadores da ordem
vigente até então. Estes livres pensadores, em sua maioria
ascetas renunciantes, admirados pela população e tidos
como homens santos, rivalizaram com a autoridade
religiosa dominante. As bases do Dharma foram
discutidas e a necessidade do estudo minucioso dos Vedas
e a condição social não foram mais vistos como requisitos
para elevação espiritual.
A doutrina da Ioga surge neste período. Diversas
escolas de Ioga foram fundadas e diversas técnicas criadas
visando à harmonia entre mente e corpo através da
combinação de exercícios físicos (alongamentos), controle
da respiração e utilização de mantras. O controle da mente,
dos pensamentos e da percepção do universo também é
almejado.
Podemos compreender a Ioga, portanto, como um
conjunto de técnicas meditativas. Dentre elas destaca-se o
Pranayama (controle da respiração), que está presente em
diversas escolas Iogues.
O Pranayama visa ao domínio da mente através do
controle da respiração, uma vez que acredita que a mente e
a respiração estão interligadas. A respiração seria a
manifestação de vitalidade mais sutil dentro do corpo. É
esta energia que movimenta a mente, portanto é por meio
dessa energia que se pode manipular ou mesmo parar a
mente, atingindo-se um estado de serenidade.
Em linhas gerais, a técnica é baseada no
unidirecionamento da mente por meio da atenção focada
na respiração. O praticante senta-se diariamente por pelo
menos quinze minutos com as costas eretas e o olhar
focado em um ponto, evitando-se assim distração. A partir
de então começa a respirar uniformemente, dando
exclusiva atenção à sua respiração.
Meditações que utilizam mantras são muito comuns
nas escolas indianas. Um conhecido mantra é a palavra e
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som ‘Ohm’, que repetido diversas vezes supostamente
causa um efeito harmônico no praticante, além de realizar
a função de colocá-lo em estado meditativo por meio da
focalização da mente.
4. BUDISMO
Surgido na Índia por volta do ano 500 a.C., o Budismo
integrou um conjunto de práticas espirituais que surgiram
em contraposição ao caráter elitista do Hinduísmo
ganhando quase que imediatamente características
próprias e se desvinculando do primeiro. Foi fundado por
um príncipe oriundo da classe sacerdotal hindu chamado
Siddhartha Gautama [7].
Siddhartha pregava que o apego a este mundo gera
inevitavelmente tristeza através de doenças, velhice, morte
e renascimento no samsara (ciclo de reencarnações) e que
o caminho para a felicidade, também chamada de
iluminação ou nirvana, é o desapego deste mundo, o
esvaziamento da mente, sendo logo a cessação das
reencarnações e do sofrimento. O caminho para este
desapego poderia ser atingido através de técnicas
meditativas que guiariam a mente para a verdade, para o
vazio e a libertariam das ilusões do mundo material.
O Budismo posteriormente migrou para China e para
o Japão. Neste último, notamos o desenvolvimento do
conhecido Budismo Zen, uma vertente do Budismo que,
além do caminho tradicional, prega a possibilidade de
iluminação súbita através da concentração e meditação em
atividades cotidianas como a pintura e a prática de artes
marciais [7].
A meditação é o pilar essencial do budismo e aparece
de diversas formas nele, sendo as principais os mantras e
as relacionadas à respiração. Uma prática meditativa
presente em quase todas as vertentes budistas é a
conhecida meditação Vipassana (“enxergar as coisas como
elas realmente são”). Basicamente, este tipo de meditação
é baseado na observação das sensações físicas do próprio
corpo e em linhas gerais pode ser executado de três formas
diferentes [1]:
•
•
A primeira forma se aplica à percepção de suas
ações. Por exemplo, ao caminhar, a percepção da
pessoa deve estar completamente voltada ao ato
de caminhar, percebendo seus pés de forma
atenta, algo que poderia passar completamente
desapercebido. O mesmo se aplicaria ao comer e
à atenção dirigida aos movimentos necessários
para isso ou a qualquer outra atividade que
envolva sensações físicas, inclusive as mentais,
onde a técnica prega que o meditador seja um
observador de seus pensamentos, um observador
das emoções de seu coração, sem avaliá-las,
criticá-las ou se envolver com elas, apenas
observando-as.
A segunda forma é realizada através da
observação dos mecanismos da respiração, o que
acontece com o abdômen durante a entrada e
saída de ar, quando o músculo abdominal sobe ou
desce devido à entrada e saída de ar. É
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•
necessário, portanto, estar atento ao ventre e aos
movimentos repetitivos que esta faz. Os budistas
acreditam que por estar perto do umbigo (a
origem da vida), o ventre é um poderoso centro
de vitalidade.
A terceira forma de Vipassana é a percepção da
entrada e saída de ar pelas narinas, sentir o ar
entrando e refrescando, depois saindo e entrando
de novo de modo uniforme.
Qualquer um dos três subtipos acima descritos
proporciona o mesmo resultado: quanto mais consciente se
estiver em seu objeto de meditação, seja ele a respiração
nas narinas, no abdômen ou no pensamento, naturalmente
a mente, o coração e os humores irão progressivamente
desaparecer, sair de cena, dando espaço apenas ao objeto
de meditação.
5. TAOÍSMO
O Taoísmo não é uma religião organizada, mas sim
um modo de vida e uma tradição filosófica e religiosa que
teve suas bases fundadas há milênios na China [8].
Sua origem é atribuída ao famoso Imperador Amarelo
(Huang Di), que reinou na China por volta do ano 2700
a.C. e escreveu o primeiro livro que conteria as bases do
Tao (o caminho, como os taoistas se referem à religião). O
pensador Lao-Tse (500 a.C.) é também considerado um
dos pais do Taoísmo e autor de uma das mais importantes
obras no assunto, o Tao Te Ching.
O Taoísmo, assim como o Budismo, não faz nenhuma
menção explícita a um D’us criador do universo e acredita
na harmonia do universo, no equilíbrio e na dualidade da
realidade por meio da manifestação de duas energias: o
Yin e o Yang, ora manifestados através de luz e escuridão,
masculino e feminino, forte e fraco, e demais opostos.
Acredita na existência de uma energia vital Chi que
permeia e integra todos os componentes do universo, e nos
homens se manifesta através da respiração.
O homem, portanto, deve entrar em comunhão com a
natureza, que é composta pela mesma matéria prima em
que ele deve se equilibrar, assim como a natureza o é. A
proximidade com árvores, rios e ambientes naturais
intocados pelo homem é incentivada, uma vez que a
natureza esta equilibrada e em constante meditação. A
acupuntura tem origem no Taoísmo, uma vez que o
objetivo é desobstruir os meridianos do corpo humano
para que o Chi flua livremente, reestabelecendo a
vitalidade de locais enfermos.
Para atingir o seu objetivo, o equilíbrio, o Taoísmo
conta com alguns dispositivos, incluindo alguns tipos de
meditações, sendo uma delas muito popular no ocidente,
chamada Tai Chi.
O Tai Chi é considerado uma auto-acupuntura, uma
meditação em movimento e uma arte marcial interna.
Sequências muito lentas de movimentos de combate que
utilizam todo o corpo são executadas de forma contínua e
ininterrupta, fazendo com que a energia vital Chi flua de
forma livre e espontânea pelo corpo do praticante, assim
como ocorre na natureza. Estes movimentos foram
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minuciosamente desenvolvidos para o cultivo e a
circulação da energia, o que proporciona uma maior saúde
ao praticante, potencializa seus movimentos de combate
através da manipulação do Chi e execução perfeita e
focada do movimento, e o coloca em equilíbrio com a
natureza. Os golpes do Tai Chi visam sempre a
complementar os movimentos do adversário, sendo
sempre circulares. O rápido é vencido através do lento e a
dureza através da suavidade.
Durante a prática do Tai Chi, o meditador deve prestar
atenção à sua respiração (onde o Chi se manifesta) e/ou ao
seu movimento, fluindo em compasso com a respiração,
no mesmo ritmo. A mente é então inicialmente
unidirecionada a um objetivo único e progressivamente
esvaziada de preocupações e outros pensamentos.
6. SUFISMO
O Sufismo é a vertente mística do Islamismo, embora
muitas vezes apareça desvinculado deste. Possui um
caráter mais contemplativo buscando D’us através da
dança, música, meditação e retiros espirituais, embora
compartilhe com o Islamismo as mesmas doutrinas e ritos
fundamentais como a crença em um único D’us e no
sagrado livro Alcorão e as práticas e ditos do profeta
Muhammed. É justamente dessas fontes que os sufis
extraem seus princípios intelectuais para sua busca
espiritual.
Os sufis existem há algum tempo, porém seu
pensamento ganhou força e começaram a se organizar em
confrarias e sociedades apenas séculos depois do
surgimento do Islamismo (surgido em 610 d.C.), por volta
do ano 1200 d.C., em países onde o Islamismo havia se
estabelecido: Índia, Indonésia, Sudeste Asiático, Marrocos
e extremo noroeste da África.
Em sua busca pela felicidade, pelo divino e pela
experiência mística que conduz ao controle da mente, os
sufis se utilizam de diversas técnicas meditativas que
englobam mantras, técnicas de respiração e de movimento,
dentre elas o Rodopio Sufi.
O Rodopio Sufi é uma meditação feita em movimento.
Nela, o meditador gira em torno de seu próprio eixo
(movimento de rotação) com os olhos abertos. A idéia é de
que o meditador gire como se o corpo dele fosse uma
roda-gigante em movimento, e o ser interior dele o centro
desta. As imagens devem passar desfocadas pelos olhos e
nada deve ser focalizado. O giro começa a ser executado
lentamente durante quinze minutos e a velocidade é
progressivamente aumentada até trinta minutos de giro,
quando o rodopio supostamente toma conta do corpo do
meditador, que a esta altura será uma testemunha
silenciosa no centro de um turbilhão de movimentos
periféricos.
O controle da respiração desempenha papel
importante nas técnicas meditativas sufis.
7. JUDAÍSMO
A história do povo judeu é amplamente conhecida,
uma vez que esta religião, surgida por volta de 1800 a.C.,
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influenciou toda a crença de duas religiões posteriores, o
Cristianismo e o Islamismo, que vieram a se tornar as duas
religiões com o maior número de seguidores nos tempos
atuais [9].
O Judaísmo é a primeira religião monoteísta e surgiu
em um universo politeísta mesopotâmico na cidade de Ur,
onde o patriarca Abraão (Abraham) rebelou-se com a
cultura de idolatria vigente até então, instituindo a prática
da crença em um único D’us, onisciente, onipotente,
onipresente, criador de todas as causas e envolvido com
sua criação. A crença nessa única divindade é a base do
Judaísmo.
Os descendentes de Abraão, conhecidos como
Hebreus, foram escravizados durante séculos no Egito e
fugiram de lá de uma forma espetacular que ficou
conhecida como êxodo, ocorrido por volta do ano 1300
a.C., amplamente relatado na Bíblia, papiros egípcios e
em tradições orais.
Embora a religião sempre fosse a mesma, a
denominação ‘judeu’ vem do reino de Judá, reino do povo
hebreu remanescente após invasão Assíria e destruição de
dez das doze tribos que compunham o povo hebreu.
Por trás de ensinamentos tangíveis contidos nas
escrituras, os judeus acreditam em segredos místicos
criptografados nessas e acessíveis apenas a iniciados.
Estes conhecimentos contêm segredos do mundo, da
natureza divina e da criação, sendo fonte de meditações
poderosas relacionadas a experiências místicas. O nome
dessa sabedoria oculta é Cabala, porém a Meditação
Judaica não se restringe apenas à Meditação Cabalística
avançada, existindo alguns tipos de meditação que podem
ser praticados por qualquer judeu, como meditações
baseadas em mantras. Mantras com letras do alfabeto
hebraico, como a letra M (Mem, que simboliza equilíbrio)
e a letra X (Shin), que simboliza destruição e inclui
também muitas das rezas diárias judaicas como a Amida,
que repetidas três vezes ao dia pode ser utilizada como
mantra. O judaísmo ainda enxerga a respiração como uma
ponte entre o consciente e o inconsciente, por ser um
processo que é realizado de duas formas (pode-se
controlar a respiração conscientemente ou deixar que o
inconsciente a controle), e utiliza técnicas basicamente
idênticas às do Vipassana para tentar ganhar acesso e
controle do inconsciente e quietude da mente.
Ainda são utilizadas no judaísmo meditações de
contemplação em objetos específicos, como velas e
elementos da natureza como o céu.
melhor da realidade, a felicidade e a quietude da mente.
Todas as escolas meditativas mencionadas ainda usam
como objeto, ou pelo menos um dos objetos de meditação,
a respiração e possuem semelhanças quanto à maneira
como se deve respirar, de maneira uniforme e constante,
deixando a respiração tomar o lugar dos pensamentos [1].
No caso da utilização de outros tipos de objetos de
meditação, ainda se observam similaridades, sendo o Tai
Chi, a Vipassana budista enfatizada na percepção das
sensações do corpo e o Rodopio Sufi muito parecidos, ao
focarem nos movimentos naturais e fluidos do corpo.
Quando se fala de mantras, paralelos entre os
diferentes tipos de meditação são também amplamente
encontrados. A Meditação Clássica Judaica, baseada em
mantras, encontra paralelos muito fortes nas escolas
indianas. O mantra da letra M (Mem) judaica, que
simboliza equilíbrio, pouco difere sonoramente do mantra
da palavra e som Ohm Hindu, que sugere harmonia. As
técnicas para a utilização de mantras nas duas filosofias
são idênticas. Em ambas deve-se entoar a palavra, frase ou
som exaustivamente com o objetivo de se esvaziar a mente
de qualquer desvio de atenção, preocupação e emoção e
dirigir todos os esforços, pensamentos e energia à pura e
simples repetição do mantra, que deve preencher a mente
do meditador, ser ouvido e visualizado sem interferências.
Nas escolas budistas, taoistas e sufis, a utilização de
mantras se dá de forma idêntica. Meditações baseadas em
visualizações como a visualização da vela ou
contemplação de paisagens encontram igual paralelo nas
disciplinas hindus, sufis, judaicas, budistas e taoistas.
8. SEMELHANÇAS ENTRE AS ESCOLAS E
TÉCNICAS
Observando as correntes filosóficas abordadas e os
tipos de meditações que estas proporcionam, um paralelo
contendo semelhanças entre todas as técnicas pode ser
estabelecido.
A meditação Iogue Hindu Pranayama, a meditação
Budista Vipassana voltada à respiração, o Tai Chi, a
meditação judaica e a meditação Sufi possuem objetivos
meditativos idênticos que podem ser resumidos a um
alcance de uma consciência expandida, uma percepção
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CONCLUSÃO
A palavra chinesa para respiração e energia vital Chi é
extremamente similar à denominação de vitalidade em
hebraico Chai. De acordo com a tradição bíblica, D’us
soprou vida nas narinas do primeiro homem após criá-lo,
não é espantoso, portanto, que a energia vital e os métodos
de controle da mente e consequentemente de todo o ser
passem pela respiração no judaísmo. Inclusive,
denominações técnicas para conceitos religiosos e
palavras-chave nesse campo, na língua hebraica, não
apenas irão encontrar paralelos com a língua chinesa, mas
também com o antigo sânscrito hindu. Em hebraico poder
espiritual é escrito Ashurim e em sânscrito Ashram,
sabedoria em hebraico pode ser escrita como Deyá e em
sânscrito como veydá dentre inúmeros exemplos. Porém,
talvez o exemplo etimológico mais marcante seja a
semelhança da palavra pai da nação que em sânscrito é
Brahman (referência ao D’us supremo, intangível da
mitologia hindu) e em hebraico é Abraham (nome em
hebraico do patriarca Abraão).
Segundo WOLF, de acordo com a tradição judaica,
alguns filhos de Abraão tiveram passagem pela Índia, após
saírem da cidade de Ur (atual Iraque) pouco antes de a fase
védica eclodir nesse local, fato, que pode explicar um
eventual intercâmbio cultural e religioso com os
pensadores locais. Muitas semelhanças ritualísticas e
filosóficas são encontradas nas correntes místicas hindu e
judaica, como a necessidade de um despertar da
consciência através da abertura de um “terceiro olho”
místico através da meditação avançada, a perspectiva de
barbas longas encaradas como antenas espirituais,
desvinculação de desejos e prazeres mundanos excessivos,
a crença em reencarnações e em certos modelos de karma,
a crença na existência de um mundo composto por ilusões
denominado mundo da mentira pelo Judaísmo e Véu de
Maya pelo Hinduísmo e a crença na existência de uma
centelha divina dentro de cada ser humano que faz parte
de um ser acima da natureza tangível e da compreensão
humana, de caráter panteísta no hinduísmo, e monoteísta
no judaísmo. O Budismo que surgiu posteriormente em
um cenário já marcado pelo misticismo naturalmente
incorporou aspectos destas duas religiões anteriores e o
Sufismo, surgido milênios depois, na mesma região das
três escolas anteriores naturalmente englobou aspectos
destas como podemos notar não só na parte meditativa
prática da escola como nos aspectos teóricos, afinal, sendo
uma vertente do Islamismo que foi sabidamente altamente
influenciado pelo Judaísmo em todos os seus aspectos e
corpo teológico, é natural que semelhanças despontem.
O Budismo surgiu na Índia no mesmo ano em que o
Taoísmo se cristalizou na China por volta de 500 a.C.,
migrando para a China em uma época onde o Taoismo já
se consolidava. Todavia, aspectos marcantes entre estas
duas escolas deixam no ar uma pergunta sem resposta:
teria o Taoísmo sido influenciado pelo Budismo, o
Budismo pelo Taoísmo ou ambos por alguma outra escola
como o Judaísmo ou o Hinduísmo? Embora esta pergunta
fique sem uma resposta exata, o fato é que algum tipo de
intercâmbio religioso ocorreu como nos outros casos.
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Um intercâmbio cultural e religioso entre cinco
diferentes escolas de meditação explica o motivo de suas
técnicas, quando não idênticas, serem extremamente
parecidas, e os objetivos religiosos, espirituais e
emocionais do exercício serem os mesmos, apenas com a
eventual variação do nome dado a estes.
As técnicas de meditação praticadas nos dias atuais
pouco divergem das meditações praticadas nas cinco
escolas mencionadas e a busca de harmonia, saúde mental
e física e eventualmente experiência religiosa são sempre
o objetivo almejado pelos praticantes. O silenciar da
mente, o controle da respiração que irá ditar o ritmo do
coração, do corpo e levar ao controle da ansiedade e das
emoções é uma saída para lidar com a turbulenta vida
moderna.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1]
Meditação
Vipassana.
Disponível
em:
<http://www.dhamma.org/pt/vipassana.shtml>. Acesso em 01. Dez.
2011.
[2] Kaplan, Aryeh. Jewish Meditation. 1.ed. New York: Schocken Books,
1985.
[3] Huxley, Aldous. Heaven and Hell. Londres: Chatto and Windus,
1954.
[4] Huxley, Aldous. The Doors of Perception. Londres: Chatto and
Windus,1954.
[5] Osho. Meditação: a primeira e última liberdade. 1. ed., Rio de
Janeiro: Sextante, 2007. Tradução de Henrique Amat Rêgo Monteiro.
[6] História Viva,Grandes Religiões: Hinduísmo, São Paulo, Duetto,
2006.
[7] Li, Huang. The Medical Classic of the Yellow Emperor. Foreign
Languages Press, Beijing, 2001. Traduzido por Zhu Ming.
[8]
Tse,
Lao.
Tao
Te
Ching.
Disponível
em:
<http://academic.brooklyn.cuny.edu/core9/phalsall/texts/taote-v3.html>.
Acesso em: 01. 0ut.2011. Traduzido para o inglês por S. Mitchell, 1995.
[9] Wolf, Laibl. Cabalá Prática: um guia da sabedoria judaica para o
dia-a-dia. São Paulo: Maayanot, 2003. Tradução de Sergio M. Cernea.
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