Universidade do Vale do Paraíba Instituto de Pesquisa e

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Universidade do Vale do Paraíba
Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento
Faculdade Integral Diferencial- FACID
Programa de Mestrado Interinstitucional em Bioengenharia
RAUENA SOUTO DIOGO LOPES
INFLUÊNCIA DO ALONGAMENTO MUSCULAR E DA MOBILIZAÇÃO NEURAL
NA FORÇA E ATIVIDADE ELETROMIOGRÁFICA DO MÚSCULO QUADRÍCEPS
São José dos Campos, SP
2010
Rauena Souto Diogo Lopes
INFLUÊNCIA DO ALONGAMENTO MUSCULAR E DA
MOBILIZAÇÃO NEURAL NA FORÇA E ATIVIDADE
ELETROMIOGRÁFICA DO MÚSCULO QUADRÍCEPS
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa
de Pós Graduação em Bioengenharia do Instituto
de Pesquisa e Desenvolvimento da Universidade
do Vale do Paraíba, como complementação dos
créditos necessários à obtenção do título de Mestre
em Engenharia Biomédica.
Orientador: Prof. Dr.Mário Oliveira Lima
Co-orientador: Prof. Dr. Paulo Roxo Barja
São José dos Campos, SP
2010
L855i
Lopes,RauenaSoutoDiogo
lDÍluênciado alongaúentomusculare da mobilizaçãoneuralnâ forgae
Àtividade eletromiográficado músculoquadríceps/ RauenâSoutoDiogo l,opes.
OrientâdoÍesPmfs DÉ. MáÌio Oliveira Lima e Paulo Roxo Barja SãoJosédos
Campos,20l0.
1 Disco laser:color
ao Pmgrâúa de M€sfado Interinstitucionalem Bio€ngenlariado lnstituto
DisserlaçãoapÍes€ntada
de Pesquisae Desenvolümentoda Universidadedo Vale do Paraiba/TACID,2010
l.
Alongamento 2 MúscutoQua&íceps3 Eìetromiogafia 4.Fisiot€rdpiâI Lim4 Mário Oliven4
Orient II. Barjq PauloRoxo, Co-Orient III. Tílulo
CDU:615.8
AutoÌizo, exclusivamentepaÌa fins acadêmicose científicos, a reFodução total ou
parcial destadisseÌtação,por processosfoto copiadoÌesou transmissâoeletônica, desde
ouecitadaa fonte.
o**,'rk#ftk*kre"k:"K
Data:t0 d€ setembÌode 2010
RAUENASOUTODIOGOLOPES
INILUÊNCIA DO ALONGAMENTOMUSCI]LÂR E DA MOBILIZAçÃO
NEIJRALNA FORçA E ATIVIDADE ELETROMIOGRÁFICA DO MÚSCULO
QUADÚCEPS
DissertaçãoaprovadacoÌno requisitoparciâÌà obtcnçãodo grau de Meste em Engenìaria
e
em Binengenhrria.
do InstìtuÌode Pesquisa
Biomédica,do Programade Pós-Gmduação
do VaÌedo Pamíba.SãoJosédosCanpos,SP,pelaseguinte
da Universidade
Desenvolvim€nto
bancaexamìnadora:
Prof.Dr. JOSÉCARLOSCOGO(UNIVAP
Prof.Dr. MARIO OLIVEIRA LIIVIA (UN
Prof.Dr. PAULO ROXO BARJA (UNIVAP)
Prof. Dr. PAULO ROBERTOGARCIA LUCARELI (UNINO
MariaFonseca
daCosta
Prof. Dra.Sandra
DiretoÌdo IP&D Univap
de2010.
l0 des€t€mb.o
SãoJosédosCampos,
DEDICATÓRIA
Klaus Avelino, meu grande esposo e amigo, este trabalho é dedicado a você! Fica difícil
resumir em tão poucas palavras o quanto você foi importante para a conclusão deste mestrado
e nesta etapa tão cheia de obstáculos. O mais importante foi ser sempre meu companheiro,
estar sempre ao meu lado acreditando em mim, sempre disposto a ajudar e com muita
paciência. Sem você eu não teria conseguido. Tenho muita sorte por ter você. Obrigada por
tudo, amo você!
15
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, por me permitir concluir esta etapa tão importante da minha
vida e ter me guiado nos inúmeros momentos de dificuldades e obstáculos.
Ao meu pai, Lopes, por todas as oportunidades que me facilitou até hoje, pelas orientações e
por está sempre presente no meu dia, inclusive nas dificuldades.
À minha mãe, Liduina, por todas as vezes que me socorreu quando precisei e pelas orações
constantes.
Aos meus irmãos, Ravena, Pablo e Igor, por tornarem os meus dias mais alegres e pela
amizade.
Às minhas eternas amigas, Olívia Mafra e Ludmilla Brandão por tudo que fizeram para me
ajudar durante todo o estudo da eletromiografia, pela amizade sincera.
Ao meu grande colaborador, Felipe, pela constante disposição!
Ao professor Dr. Mário Oliveira Lima pela compreensão, disponibilidade, empenho e pela
formidável orientação. Sem sua grande colaboração seria impossível.
Ao professor Dr. Paulo Roxo Barja por toda compreensão, paciência e orientações fornecidas.
Ao professor Alderico por toda a dedicação, com considerações fundamentais para o
desenvolvimento da pesquisa.
Aos profesores Dr. Paulo Roberto Garcia Lucareli e José Carlos Cogo por aceitarem compor a
banca de defesa.
LOPES, R. S. D. Influência do alongamento muscular e da mobilização neural na força e
atividade eletromiográfica do músculo quadríceps 2010. 79f. Dissertação (Mestrado em
Bioengenharia) Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento, Universidade do Vale do Paraíba,
São José dos Campos, SP: 2010.
RESUMO
O alongamento é uma manobra terapêutica utilizada para aumentar o comprimento de tecidos
moles que estejam encurtados, podendo ser definido também como técnica utilizada para
aumentar a extensibilidade músculo-tendinosa e do tecido conjuntivo periarticular, de tal
modo contribuindo para aumentar a flexibilidade articular. A técnica de Mobilização Neural
restaura o movimento e a elasticidade do sistema nervoso, promovendo e aperfeiçoando suas
funções normais, com conseqüente aumento da amplitude. Esta modalidade de intervenção
parte do pressuposto de que se houver uma alteração da mecânica ou da fisiologia do sistema
neural, pode ocorrer disfunção no próprio sistema nervoso ou em estruturas músculoesqueléticas que recebem a sua inervação. O objetivo deste estudo foi comparar a influência
do alongamento muscular e da mobilização neural na força isométrica de quadríceps e na
atividade eletromiográfica de reto femoral e vasto lateral. Para tanto, foram dividos três
grupos de voluntários: GAE (Grupo de Alongamento Estático), GMN (Grupo de Mobilização
Neural) e GC (Grupo Controle). Foram realizadas duas avaliações intercaladas por
intervenções de mobilização neural (GMN) e alongamento muscular (GAE). O nível de
significância estatística adotado foi p≤0,05. Os resultados mostraram redução signifivativa da
força após o alongamento muscular (p=0,0252), aumento significativo da força após a
mobilização neural (p=0,0008), e em relação a atividade eletromiografica houve redução
significativa da atividade de reto femoral após o alongamento muscular(p=0,0368), porém
essa diferença não foi significativa no músculo vasto lateral(0,9424). Já na mobilização neural
houve aumento significativo da atividade de vasto lateral (p=0,0033), porém essa diferença
não foi significativa no músculo reto femoral(p=0,2477). Pode-se concluir nas condições
estudadas que a mobilização neural foi efetiva para aumentar a força muscular de quadríceps
e que após a realização do alongamento estático houve redução da força.
Palavras-Chave: Alongamento. Mobilização Neural. Força Muscular. EMG.
LOPES, R. S. D. Influence of muscle stretching and neural mobilization in force and
eletromyographic activity of the quadriceps muscle. 2010. 79f. Dissertação (Mestrado em
Bioengenharia) Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento, Universidade do Vale do Paraíba,
São José dos Campos, SP: 2010.
ABSTRACT
Stretching is a therapeutic maneuver used to increase the length of soft tissues which are
shortened, and may also be defined as a technique used to increase muscle-tendon
extensibility and periarticular connective tissue, so helping to increase joint flexibility. The
technique of Neural Mobilization restores movement and elasticity of the nervous system,
promoting and enhancing its normal functions, with consequent increase in amplitude. This
type of intervention assumes that if there is a change in the mechanical system or the
physiology of neural dysfunction may occur in the nervous system itself or musculoskeletal
structures that receive their innervation. The aim of this study was to compare the influence of
muscle stretching and mobilization of neural isometric quadriceps strength and
electromyographic activity of rectus femoris and vastus lateralis. It had been divided three
groups of volunteers: GAME Group (Static Stretching) GMN (Neural Mobilization Group)
and CG (Control Group). Two evaluations were performed by aid of interspersed neural
mobilization (GMN) and stretching (EAG). The level of significance was p ≤ 0.05. The
results show important reductions reduction of force after stretching the muscle (p = 0.0252),
significant increase in force after the neural mobilization (p = 0.0008), and in relation to
electromyographic activity was significantly reduced activity of the rectus femoris after
stretching the muscle (p = 0.0368), but this difference was not significant in the vastus
lateralis (0.9424). In the neural mobilization significant increase in activity of the vastus
lateralis (p = 0.0033), but this difference was not significant in the rectus femoris (p =
0.2477). It can be concluded that the conditions studied the neural mobilization was effective
to increase quadriceps strength and after the static stretching decreased the force.
KEYWORDS: Stretching. Neural Mobilization. Muscle Strength. EMG.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Esquema ilustrativo da organização microscópica do músculo esquelético,
mostrando o arranjo de seus invólucros de tecido conjuntivo..................................................18
Figura 2 - Representação esquemática da disposição em paralelo das fibras colágenas do
tendão.......................................................................................................................................20
Figura 3 - Esquema ilustrativo do aumento da molécula de colágeno muscular em
decorrência do estímulo provocado pelo alongamento.............................................................23
Figura 4 - Desenho ilustrativo do órgão tendinoso de Golgi e da sua inervação....................26
Figura 05 - Sistema Nervoso – uma estrutura contínua...........................................................31
Figura 06- Eletrodo de superfície............................................................................................40
Figura 07- Eletromiógrafo EMG System.................................................................................41
Figura 08 - Transdutor de Força EMG System........................................................................41
Figura 09- Eletromiógrafo e posição de avaliação..................................................................43
Figura 10- Transdutor de Força EMG System fixo na cadeira extensora................................44
Figura 11- Posicionamento para coleta de dados....................................................................44
Figura 12- Posicionamento dos eletrodos para coleta de dados..............................................45
Figura 13- Posicionamento para coleta de dado com esparadrapo nos eletrodos em 90º de
flexão de joelho.........................................................................................................................46
Figura 14- Alongamento estático segmentar............................................................................47
Figura 15- Mobilização Neural.................................................................................................48
Figura 16 – Gráfico da média e erro padrão do parâmetro força dos grupos GMN, GMN e
GC.............................................................................................................................................50
Figura 17 - Média e erro padrão do parâmetro força expressa pela diferença da força final e
força inicial dos grupos GMN, GMN e GC.............................................................................51
Figura 18 – Média e erro padrão do parâmetro atividade eletromiográfica expressa pela razão
entre o valor do RMS final e o RMS inicial, do músculo reto femoral, dos grupos GMN,
GMN e GC................................................................................................................................52
Figura 19 - Média e erro padrão do parâmetro atividade eletromiográfica expressa pela razão
entre o valor do RMS final e o RMS inicial, do músculo vasto lateral, dos grupos GMN,
GMN e GC...............................................................................................................................53
LISTA DE TABELA
Tabela 1- Medidas descritivas das variáveis antropométricas dos grupos alongamento estático
(GAE), mobilização neural (GMN) e controle (GC) expressa em média e desvio padrão (DP).
Índice de massa corpórea (IMC)..............................................................................................41
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ADM Amplitude de Movimento
CC Componente Contrátil
Cm Centímetro
CEP Comitê de Ética e Pesquisa
CEP Componente Estático
CES Componente Elastico em Série
EMG Eletromiógrafia
FNP Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva
GMN Grupo de Mobilização Neural
GAE Grupo de Alongamento
GC Grupo Controle
Hz Hertz
IMC Índice de Massa Corpórea
KgF Kilograma – Força
OTG Orgão Tendinoso de Golgi
PT Pico de Torque
RMS Root Mean Square
RF Reto Femoral
SN Sistema Nervoso
SNC Sistema Nervos Central
SNP Sistema Nervoso Periférico
SENIAN Sufarce Electromyography Porthe Non-Invasive Assessment Of Muscle
VL – Vasto Lateral
µm – Micrômero
LISTA DE SÍMBOLOS
< - Menor que
% - Porcentagem
p - índice de Significância
± - Desvio padrão
* - Diferença significativa
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................
15
2 OBJETIVO DO ESTUDO......................................................................................
17
3 REVISÃO DE LITERATURA...............................................................................
18
3.1 Características histológicas do tecido muscular................................................
18
3.2 Características histológicas do tecido tendíneo..................................................
19
3.3 Características Mecânicas da Unidade Músculo-Tendínea..............................
20
3.4 Alongamento.........................................................................................................
21
3.4.1 Efeitos do alongamento no comportamento dos tecidos moles.....................
22
3.4.2 Bases neurofisiológicas do efeito do alongamento..........................................
23
3.4.2.1 Fuso muscular.................................................................................................
24
3.4.2.2 Órgãos tendinosos golgi.................................................................................
25
3.4.2.3 Alongamento e o padrão de ativação dos mecanorreceptores....................
26
3.4.3 Efeitos agudos do alongamento sobre o desempenho muscular....................
27
3.5 Mobilização neural...............................................................................................
29
3.5.1 Princípios da Mobilização Neural....................................................................
30
3.5.2 Neurodinâmica...................................................................................................
32
3.6 Eletromiografia.....................................................................................................
33
3.6.1 Aquisição do sinal eletromiográfico.................................................................
34
3.6.2 Eletrodos de Superfície.....................................................................................
34
3.6.3 O Sinal Eletromiográfico..................................................................................
36
4 MATERIAIS E MÉTODO.....................................................................................
38
4.1 Caracterização do Estudo....................................................................................
38
4.2 Grupo Experimental............................................................................................
38
4.2.1 Critérios de Inclusão.........................................................................................
39
4.2.2 Critérios de Exclusão.........................................................................................
39
4.3 Critérios Éticos e Legais......................................................................................
39
4.4 Local da pesquisa..................................................................................................
40
4.5 Instrumentos e Materiais.....................................................................................
40
4.6 Procedimentos Experimentais.............................................................................
42
4.6.1 Anamnese e Exame Físico.................................................................................
42
4.6.2 Avaliação Eletromiográfica..............................................................................
43
14
4.6.3 Grupos Experimentais......................................................................................
47
4.6.4 Grupo Alongamento estático (GAE)..............................................................
47
4.6.5 Grupo de Mobilização Neural (GMN) ............................................................
48
4.6.6 Grupo Controle (GC)........................................................................................
48
4.5 Tratamento dos Dados.........................................................................................
49
5 RESULTADOS .......................................................................................................
50
6 DISCUSSÃO............................................................................................................
54
7 CONCLUSÃO..........................................................................................................
61
REFERENCIAS..........................................................................................................
62
APÊNDICE A- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
70
APÊNDICE B – FICHA DE AVALIAÇÃO............................................................
72
APÊNDICE C – ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS DADOS..................................
73
ANEXO A - CERTIFICADO DO COMITÊ DE ÉTICA E PESQUISA...............
79
15
1 INTRODUÇÃO
Durante décadas, o alongamento muscular vem sendo utilizado em todas as
modalidades de desportos. Assim como em outras técnicas, o alongamento é utilizado tanto
na reabilitação como na prática esportiva (ALMEIDA et al., 2009).
Alongamento muscular, FNP (Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva), e
mobilização neural são intervenções elaboradas para ampliar a mobilidade dos tecidos moles
e, conseqüentemente, a amplitude de movimento, porém existe ainda necessidade de
aprofundar e aperfeiçoar os conhecimentos científicos dos mecanismos e eficácia desses
métodos (DANTAS, 2005; BUTLER, 2003).
O alongamento é uma manobra terapêutica utilizada para aumentar o comprimento de
tecidos moles que estejam encurtados (KISNER; COLBY, 2009), podendo ser definido como
uma técnica utilizada para aumentar a extensibilidade músculo-tendinosa e do tecido
conjuntivo periarticular, contribuindo para aumentar a flexibilidade articular (HALL;
BRODY, 2001).
A técnica de Mobilização Neural promove facilitação na realização do movimento e a
elasticidade do sistema nervoso periférico, gerando e aperfeiçoando suas funções normais,
com conseqüente aumento da amplitude. Esta modalidade de intervenção parte do pressuposto
de que se houver uma alteração da mecânica ou da fisiologia do sistema neural, pode ocorrer
disfunção no próprio sistema nervoso periférico ou em estruturas músculo-esqueléticas que
recebem a sua inervação (SHACKLOCK, 2007).
Recentemente, o alongamento muscular realizado antes do exercício vem promovendo
controvérsias no meio científico, em relação aos benefícios promovidos, no que se refere ao
desempenho muscular. Alguns estudos recentes sugerem que alongamentos estáticos
realizados antes de exercícios podem comprometer a habiliadade muscular em produzir força,
torque e reduzir a intensidade do sinal elétrico muscular (CRAMER 2005; ZAKAS et al.,
2006). O mesmo resultado foi encontrado no estudo de Endlich et al (2009) que teve como
meta analisar o efeito agudo do alongamento com diferentes tempos no desempenho da força
dinâmica de membros superiores e inferiores em homens jovens, através do teste de 10
repetiçoes máximas, em situações distintas com oito e dezesseis minutos de alongamento.
Conclui-se que os alongamentos estáticos efetuados antes de atividades que envolvam força
dinâmica possuem a capacidade de alterar negativamente o desempenho da qualidade física,
acarretando pior rendimento em longos períodos de alongamento.
16
Em alguns estudos, porém não houve diferença significativa do rendimento após o
alongamento estático, como nos estudos com salto vertical (POWER et al., 2004;UNIC et al.,
2005), força muscular excêntrica (CRAMER ,2005), força concêntrica e potência média e,alta
nível(EGAN et al., 2006). Já em relação à mobilização neural não há evidências de sua
influência na força muscular.
Dada a importância do assunto e às dúvidas existentes, esta pesquisa teve por objetivo
avaliar o efeito agudo do alongamento muscular e da mobilização neural na força muscular de
quadríceps e na atividade eletromiográfica dos músculos reto femoral e vasto lateral.
Como instrumento de avaliação para utilizou-se a eletromiografia.
A eletromiografia (EMG), como instrumento de medida do movimento humano tem
sido correlacionada com a força, o torque e as variáveis metabólicas assim como aplicada nas
análises de velocidade de pedalada, da capacidade de resistência muscular, na verificação da
especificidade e eficiência de métodos de treinamento e reabilitação, na quantificação da taxa
de disparo de unidades motoras e na identificação da fadiga muscular (GONÇALVES;
BARBOSA, 2005).
As mudanças na característica mioelétrica dos músculos em atividade podem ser
identificadas através da eletromiografia de superfície (EMG) e tem a função de investigar a
atividade elétrica do músculo, por meio de sinal espectral (CRAM; KASMAN; HOLTZ,
1998).
Com a exigência cada vez maior de resultados nos esportes de alto nível, o
planejamento científico do treinamento e competição, as características de cada esporte, e o
ganho de massa e força muscular tornam importante o conhecimento sobre o efeito de
diferentes técnicas na força e na ativação muscular antes de uma atividade que exige força ou
potência muscular, principalmente em competições esportistas.
Porém, esse conhecimento também pode ser aplicado na reabilitação, visto que
diversos fisioterapeutas e educadores físicos envolvidos no processo de reabilitação utilizam
atividades que necessitam força ou potência muscular.
17
2 OBJETIVOS DO ESTUDO
2.1 Objetivo Geral
Comparar a influência do alongamento muscular e da mobilização neural na força
isométrica de quadríceps e na atividade eletromiográfica de reto femoral e vasto lateral.
2.2 Objetivos Específicos
Verificar a força muscular de quadríceps antes e após alongamento muscular e
mobilização neural.
Analisar a atividade eletromiográfica de vasto lateral e reto femoral antes e após a
mobilização neural e alongamento muscular.
Averiguar se existe diferença significativa na força e atividade eletromiográfica após a
mobilização neural e alongamento muscular.
18
3 REVISÃO DA LITERATURA
3.1 Características histológicas do tecido muscular
Do ponto de vista histológico, as fibras musculares são recobertas por três camadas de
tecido conjuntivo (WILMORE; COSTILL; KENNEDY, 2010). A camada mais profunda é o
endomísio, que envolve e separa uma fibra muscular da outra. A camada intermediária de
tecido conjuntivo é o perimísio, que circunda um feixe de até 150 fibras musculares
conhecido como fascículo muscular (MC ARDLE; KATCH; KATCH, 2003).
A mais superficial das camadas de tecido conjuntivo é denominada de epimísio, que
reveste o músculo correspondendo a uma fáscia de tecido fibroso que circunda o músculo
como um todo (Figura 1) (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2003).
Figura 1 – Esquema ilustrativo da organização microscópica do
músculo esquelético, mostrando o arranjo de seus invólucros de tecido
conjuntivo.
Fonte: (MC ARDLE; KATCH; KATCH, 2003).
Uma das unidades funcionais mais básicas do sistema musculoesquelético corresponde
à miofibrila (GUYTON; HALL, 2006). As miofibrilas são cilíndricas, apresentam um
diâmetro de 1 a 2 µm e correm longitudinalmente à fibra muscular, preenchendo quase
completamente o seu interior. Possuem bandas claras e escuras que são referidas,
respectivamente, como bandas I (isotrópicas) e A (anisotrópicas). As miofibrilas são
19
constituídas por sarcomêros que proporcionam ao músculo a capacidade de relaxar e contrair
pela interação entre as proteínas actina e miosina (WATKINS, 2000).
3.2 Características histológicas do tecido tendíneo
Histologicamente os tendões são caracterizados como tecidos conectivos densos que
contêm colágeno, elastina, proteoglicanas (KISNER; COLBY, 2009).
As fibras de colágeno dos múltiplos envoltórios fibrosos fundem-se com aquelas das
estruturas de tecido conjuntivo denso que o músculo traciona, comumente tendões,
aponeuroses ou periósteo. O extenso componente de tecido conjuntivo de um músculo
esquelético é disposto de forma ideal para a efetiva transferência da tração da contração para
as inserções dos músculos (GUYTON; HALL, 2006).
Os tendões são formados por tecido conjuntivo, essas estruturas mantêm a integridade
do corpo. O tecido conjuntivo desempenha um papel importante na determinação da
amplitude de movimento de uma pessoa. Esse tecido é influenciado por uma variedade de
fatores, tais como o envelhecimento, imobilização, agressões para o corpo, distúrbios
metabólicos e deficiências ou excessos nutricionais (HALAR; BELL, 2002).
A disposição das fibras colágenas do tendão se desenvolve em paralelo uma das outras
e são muito resistentes à tensão (Figura 2).
O tecido conjuntivo possui propriedades viscoelásticas, definidas como dois
componentes do estiramento, que permitem o alongamento do tecido. O componente viscoso
permite um estiramento plástico que resulta em alongamento permanente do tecido depois que
a carga é removida. Inversamente, o componente elástico torna possível o estiramento
(alongamento) elástico, que é um alongamento temporário, com o tecido retornando ao seu
comprimento anterior depois que o estresse é removido (HARRELSON; DUNM, 2000).
Para Gross, Fetto e Rosen (2005) os tendões são capazes de suportar no mínimo duas
vezes a força máxima que os músculos podem exercer sobre eles.
20
FIGURA 2 – Representação esquemática da disposição
em paralelo das fibras colágenas do tendão
Fonte: (ACHOUR, 2006).
3.3 Características Mecânicas da Unidade Músculo-Tendínea
Para compreender as características mecânicas do tecido muscular é fundamental
compreender a relação entre três componentes: o componente contrátil (CC), o componente
elástico em paralelo (CEp) e o componente elástico em série (CES) (HERZOG, 2005).
O CC é o responsável pela chamada força de contração exercida pelas proteínas actina
e miosina em cada sarcomêro. O sarcômero é a unidade estrutural básica de uma fibra
muscular (WATKINS, 2000). Na estrutura muscular, é possível observar as faixas alternadas
ao longo do comprimento do músculo que lhe conferem o aspecto estriado, ressaltando-se que
o disco Z divide ao meio as bandas I e adere ao sarcolema para proporcionar estabilidade a
toda estrutura do sarcomêro (WILMORE; COSTILL; KENNEDY, 2010).
A relação comprimento-tensão influencia diretamente a capacidade muscular de
geração de força, e é um aspecto relevante na compreensão do funcionamento do sarcomêro
(HALL, 2009).
Quando o sarcomêro se contrai, há sobreposição dos filamentos de actina e miosina o
que compromete o componente máximo de força. Se o sarcomêro permanece muito longo, a
actina fica além do alcance da pontecruzada o que diminui a potência máxima para força
(WILMORE; COSTILL; KENNEDY, 2010).
A tensão presente no músculo em repouso deve-se ao componente elástico em paralelo
(CEp) que é formado pelo endomísio, epimísio e perimísio (HERZOG, 2005). Segundo
21
Enoka (2000), o perimísio é o principal componente elástico posicionando-se em paralelo
com os componentes contrátei.
Para Herzog (2005) quando o músculo é alongado passivamente, o CEp oferece
resistência viscoelástica ao trabalho de alongamento e tem um papel de prevenir lesões
ocasionadas pelo hiper-alongamento.
Tanto o CEp quanto o CES em o papel de oferecerem uma tensão resistiva quando
alongados e também armazenam energia potencial elástica para contribuir com o movimento
articular subseqüente ao alongamento (HERZOG, 2005). Segundo Hall (2009) quando o
músculo é alongado o componente elástico em série absorve mais energia que o componente
elástico em paralelo.
Os componentes elásticos em série (CES) estão localizados na sua maioria nos
tendões.
3.4 Alongamento
Quando se trata do processo de aquecimento ou preparo músculo-articular, há que se
considerar a sua importante função como mediador de inúmeras adaptações agudas às quais o
sistema musculoesquelético terá de responder em um curto espaço de tempo frente à
sobrecarga que lhe será imposta (ZAKAS et al., 2005).
O propósito primordial do trabalho de aquecimento é promover um aumento da
temperatura central do corpo que, segundo Enoka (2000) melhoraria o desempenho
biomecânico do sistema motor.
Nesse contexto, além dos exercícios aeróbicos, a inclusão de exercícios de
alongamento durante o trabalho de aquecimento tornou-se prática corrente por parte de muitos
atletas e praticantes de atividades físicas (MAREK et al., 2005).
É comum atletas realizarem alongamento muscular antes do exercício ou treino com o
objetivo de aquecimento ou prevenir lesão. No entanto, a eficiência do alongamento com esse
objetivo não têm sido sustentado por alguns estudos (ALMEIDA et al., 2009).
22
3.4.1 Efeitos do alongamento no comportamento dos tecidos moles
Os tecidos moles que podem restringir a mobilidade articular são os músculos, tecido
conectivo e pele. Cada um tem qualidades próprias que afetam sua extensibilidade, ou seja,
sua capacidade de alongar-se. Quando procedimentos de alongamento são aplicados a esses
tecidos moles, a velocidade, intensidade e duração da força de alongamento irão afetar a
resposta dos diferentes tipos de tecido mole. Tanto as características mecânicas dos tecidos
contráteis e não contráteis quanto às propriedades neurofisiológicas do tecido contrátil afetam
o alongamento do tecido mole (KISNER; COLBY, 2009).
Tanto os tecidos contráteis (músculos) como os não contratéis ou conectivos (fáscias,
tendões e ligamentos) apresentam propriedades elásticas e plásticas. As propriedades elásticas
permitem os tecidos retornarem ao seu comprimento original de repouso quando cessa o
estímulo de alongamento, enquanto que as propriedades plásticas são permitem os tecidos se
deformarem permanentemente não retornando ao seu estado ou comprimento original
(WATKINS, 2000).
Para que ocorra um aumento efetivo da flexibilidade é necessário que haja uma
deformação plástica do colágeno músculo - tendíneo. Essa deformação deixará espaços nos
tecidos, inflamação, reparo e modelagem por meio dos fibroblastos. Para que as deformações
permanentes ocorram é necessário um rompimento das ligações inter e intramoleculares no
colágeno (Figura 6) (KISNER; COLBY, 2009).
A quantidade e duração da força aplicada e a temperatura do tecido durante a
realização do alongamento são os principais fatores que determinam o grau de alongamento
elástico e plástico. O alongamento elástico é promovido pelo alongamento realizado com
muita força e pouca duração, ao passo que o plástico resulta do alongamento de pouca força e
longa duração. Numerosos estudos assinalaram a eficácia do alongamento prolongado com
níveis baixos à moderados de tensão (WATKINS, 2000).
O trabalho de alongamento com objetivo de provocar deformações plásticas separa as
ligações intermoleculares das fibras colágenas dos tecidos conectivos. Entretanto, para
alcançar este tipo de deformação é imprescindível um tempo de insistência do sujeito na
postura de alongamento de no mínimo 30 segundos (WATKINS, 2000).
Segundo Kisner e Colby (2009), à relativa proporção entre elasticidade e plasticidade é
determinada pela intensidade e pelo volume da tensão a que a unidade músculo-tendínea é
23
submetida durante o exercício de alongamento, onde a amplitude plástica se caracteriza pela
faixa além do limite elástico que se estende até o ponto de ruptura. No contexto dos exercícios
de alongamento, por intensidade pode-se compreender a amplitude de movimento final
atingida pela articulação, por volume, compreende-se o tempo total de duração ou
permanência do sujeito na postura de alongamento (ACHOUR, 2006).
Figura 3 – Esquema ilustrativo do aumento da molécula de colágeno
muscular em decorrência do estímulo provocado pelo alongamento
Fonte: (ACHOUR, 2006).
3.4.2 Bases neurofisiológicas do efeito do alongamento
De acordo com Prentice e Voight (2003), todas as técnicas de alongamento baseiam-se
em um fenômeno neurofisiológico que envolve o chamado reflexo miotático. O reflexo
miotático é a ativação monossináptica dos receptores sensoriais presentes nos músculos e
tendões em resposta ao estímulo do alongamento (LUNDY-EKMAN, 2008).
Esta ativação desencadeia a transmissão neural através de uma única sinapse
conduzida pelos nervos aferentes até a medula espinhal e o feedback deste estímulo mecânico
conduzido via nervos eferentes que trazem de volta um sinal excitatório da medula espinhal
para o músculo tendo como resultado a elaboração de tensão muscular no grupo agonista
mediante o relaxamento reflexo de seus antagonistas, fenômeno este conhecido como inibição
recíproca (WILMORE; COSTILL; KENNEDY, 2010).
24
A inibição recíproca refere-se a uma diminuição da excitabilidade dos neurônios
motores do músculo antagonista em decorrência do estiramento do músculo agonista
(COHEN, 2001).
Todos os músculos do corpo contêm mecanorreceptores ou receptores sensoriais de
movimento que, quando estimulados, informam ao sistema nervoso central (SNC)
principalmente sobre o nível de tensão e comprimento muscular (HALL, 2009).
Segundo Lundy-Ekman (2008), dois desses mecanorreceptores são importantes no
reflexo miotático: o fuso muscular e o Órgão Tendíneo de Golgi (OTG). O fuso muscular
monitora a velocidade e duração do alongamento e detecta as alterações no comprimento do
músculo. As fibras do fuso são sensíveis à rapidez com a qual um músculo é alongado. Os
OTG estão conectados em série com até vinte e cinco fibras extrafusais. Esses receptores
sensoriais também estão localizados nas articulações e são responsáveis principalmente pela
identificação das diferenças de tensão muscular (KISNER; COLBY, 2009).
3.4.2.1 Fuso muscular
O fuso muscular é o principal órgão sensitivo do músculo e é composto de fibras
intrafusais microscópicas que ficam paralelas à fibra extrafusal. São consideradas unidades
contráteis regulares do músculo, o fuso está ligado às fibras extrafusais, assim quando o
músculo é alongado ocorre também o alongamento do fuso. O processo de excitação do fuso
muscular ocorre quando um estímulo de alongamento é aplicado (KISNER; COLBY, 2009).
De acordo com Silverthorn (2003) os fusos musculares atuam como receptores de
alongamento, enviando informações sobre o comprimento do músculo para o SNC. As fibras
do fuso muscular são sensíveis à rapidez com a qual um músculo é alongado (KISNER;
COLBY, 2009).
Do ponto de vista funcional, existem dois tipos de fusos musculares: os primários e os
secundários Os fusos primários respondem tanto ao grau de alongamento muscular como ao
ritmo desse alongamento (resposta dinâmica). Já os fusos secundários respondem somente ao
grau de alongamento, a chamada resposta estática. A resposta dos fusos promove a ativação
25
do reflexo de alongamento e inibição da elaboração de tensão no grupo dos músculos
antagonistas (inibição recíproca) (DANTAS, 2005; HALL, 2009).
O reflexo de alongamento, também conhecido como reflexo miotático, é decorrente da
ativação dos fusos em um músculo distendido, promovendo uma resposta rápida através de
uma transmissão neural, com estimulação dos nervos aferentes que conduzem estímulos dos
fusos até a medula espinhal, os nervos eferentes trazem de volta a resposta resultando em
elaboração de tensão no músculo. O procedimento para realização de um alongamento
muscular consiste, portanto, em minimizar os efeitos dos fusos musculares (HALL, 2009).
A principal função dos fusos musculares é, portanto, informar ao sistema nervoso o
comprimento do músculo bem como a velocidade de variação no seu comprimento
(GUYTON; HALL, 2006).
3.4.2.2 Órgãos tendinosos de Golgi
O órgão tendinoso de Golgi (OTG) localiza-se próximo a junção músculotendínea,
enrola-se nas extremidades das fibras extrafusais do músculo e é sensível à tensão causada
tanto pelo alongamento passivo quando pela contração muscular (KISNER; COLBY, 2009).
O OTG é um mecanismo de proteção que inibe a contração do músculo respondendo
através de suas conexões neurais inibindo a elaboração de tensão no músculo (promovendo
relaxamento muscular) e não permitindo a tensão nos músculos antagonistas. Tem um limiar
muito baixo de disparo após uma contração muscular ativa e um alto limiar de disparo para o
alongamento passivo (KISNER; COLBY, 2009).
26
Figura 4 – Desenho ilustrativo do órgão tendinoso de Golgi e da sua inervação.
Fonte: (MC ARDLE; KATCH; KATCH, 2003).
3.4.2.3 Alongamento e o padrão de ativação dos mecanorreceptores
Prentice e Voight (2003) relatam que quando um músculo é alongado o neurônio
sensorial aferente primário (motoneurônio gama) que inerva as fibras intrafusais do fuso
neuromuscular inicia o reflexo de estiramento (reflexo miotático) transmitindo informações
para a medula espinhal de modo a informar ao SNC sobre o comprimento do músculo.
Na medula espinhal, o estímulo trazido pelos motoneurônios gama são transmitidos
por meio de sinapse ao motoneurônio alfa desencadeando a contração muscular reflexa, de
forma a proporcionar resistência ao alongamento realizado (LUNDY-EKMAN, 2008).
Segundo Enoka (2000), esta resposta é proporcional à velocidade com que o
alongamento é realizado, de modo que, quanto mais rápido for o alongamento, mais o
músculo irá se contrair reflexamente para resistir a ele. Com a manutenção da postura de
alongamento os motoneurônios gama reduzem seus disparos à medula espinhal, de maneira a
reduzir a resistência do músculo ao estímulo provocado pelo alongamento, fenômeno este
conhecido como “acomodação do estímulo” (ACHOUR, 2006).
Por essa razão muitos autores como Prentice e Voight (2003), Nelson e Bandy (2004),
Power et al (2004) e Davis et al (2005), descrevem que a técnica de alongamento estático, na
qual o sujeito deve mover o segmento que está sendo alongado lentamente até atingir a
27
posição articular desejada e mantê-la por no mínimo 30 segundos, reduz a intensidade dos
estímulos emitidos pelos motoneurônios gama primários reduzindo o nível de interferência
destes em relação ao trabalho de alongamento.
O órgão tendinoso de Golgi (OTG) é mais responsivo em relação aos exercícios de
alongamento dinâmicos, como na técnica de alongamento balístico. Se o alongamento for
realizado em posições articulares extremas o OTG responde ao reflexo de estiramento com o
chamado reflexo de estiramento inverso, promovendo o relaxamento do músculo que está
sendo alongado ou do músculo que está se contraindo para produzir o alongamento
(WILMORE; COSTILL; KENNEDY, 2010).
3.4.3 Efeitos agudos do alongamento sobre o desempenho muscular
Segundo Guimarães (2002), é importante que seja considerado o tipo de contração
muscular e a sua intensidade no esforço físico subseqüente ao trabalho de alongamento.
Autores como Achour (2006) consideram prudente que apenas poucas repetições de
exercícios de alongamento dinâmico ou estático de curta duração (de dez a vinte segundos)
sejam realizadas antes de exercícios de força.
Pesquisas como o de Laur et al (2003) reiteram que mesmo protocolos curtos de
alongamento dos músculos isquiotibiais (3 repetições de 20 segundos cada, com volume total
de 1 minuto) podem ser negativos não apenas para a força, mas também para a resistência
muscular além de poderem desencadear repercussões negativas em relação à tolerância
muscular à fadiga.
Marek et al (2005) salientam que os alongamentos musculares podem comprometer
temporariamente a capacidade muscular de produzir força. Podendo inclusive, segundo os
autores, afetar o desempenho de vários exercícios de força durante o processo de reabilitação.
Os autores compararam os efeitos agudos das técnicas de alongamento estático e FNP em
relação às variáveis pico de torque, potência, amplitude de movimento passiva e ativa, além
da resposta eletromiográfica do quadríceps antes e após a aplicação dos protocolos de
alongamento com volumes médios de 16,9 ± 2,3 minutos. Os resultados reportados por este
estudo indicam que tanto a técnica de alongamento estático quanto a FNP ocasionaram uma
queda significativa no pico de torque, na potência e também na amplitude dos sinais
28
eletromiográficos registrados na comparação pré e pós-alongamento, tanto em baixa
velocidade (60°. s-1), quanto em alta velocidade isocinética (300°. s-1).
Em estudo, realizado por Zakas et al (2006), foi pesquisada a influência aguda da
duração de protocolos de alongamento estático para o grupo muscular do quadríceps no pico
de torque isocinético em jogadores de futebol em várias velocidades angulares distintas (60,
90, 150, 210 e 270°. s-1) e com tempos diferentes de aplicação dos protocolos de
alongamento. Neste estudo foram avaliados protocolos com uma repetição com duração de 30
segundos (volume de 30s), dez repetições com duração de 30 segundos cada (volume de 300s)
e com dezesseis repetições de 30 segundos cada uma (volume de 480s). Os resultados
reportam que não houve diferenças significativas em todas as velocidades angulares
pesquisadas nos sujeitos que realizaram o primeiro protocolo (30s), porém decréscimos
significativos foram detectados em relação ao pico de torque (PT) dos sujeitos que realizaram
o segundo (300s) e o terceiro (480s) protocolos em todas as velocidades angulares
pesquisadas.
Os achados do estudo acima citado questionam as afirmações de Nelson e Bandy
(2004) de que os decréscimos no pico de torque encontrados após a realização de exercícios
de alongamento seriam velocidade-específicos e só poderiam ser observados em baixas
velocidades angulares (60°. s-1 e 90°. s-1) e não em velocidades mais elevadas (150, 210 e
270°. s-1). Assim, a magnitude dos efeitos agudos deletérios do alongamento estático em
relação ao PT parece estar muito mais relacionada com o volume dos protocolos de
alongamento e com o tempo de permanência dos sujeitos nas posturas do que propriamente
com a velocidade isocinética empregada nas avaliações.
No estudo de Marek et al (2005), duas hipóteses também foram descritas para
esclarecer os déficits agudos na força e também na potência muscular pós - alongamento. A
primeira delas refere-se a fatores mecânicos, tais como alterações nas propriedades
viscoelásticas da unidade músculo-tendínea. A segunda hipótese trata de fatores neurais, tais
como a menor ativação das unidades motoras pós-alongamento. O fato de terem ocorrido
déficits induzidos pelo alongamento na ativação eletromiográfica (EMG) de superfície dos
músculos vasto lateral e reto femoral nas velocidades angulares de 60 e 300°. s-1 após a
aplicação dos protocolos de alongamento reforça a hipótese de que um menor número de
unidades motoras seja ativado após protocolos de alongamento mais longos.
Recentemente, o alongamento muscular realizado antes do exercício vem promovendo
controvérsias no meio científico, em relação aos benefícios promovidos, no que se refere ao
desempenho muscular. Nesta linha de investigação, as pesquisas têm observado uma
29
propensão na diminuição da força muscular como consequência do alongamento agudo
(CRAMER, 2005; ZAKAS et al., 2006). Nesse sentido, ainda não há pleno consenso entre os
autores a respeito do tempo mínimo de duração dos protocolos capaz de promover alterações
de natureza mecânica e/ou proprioceptivas na unidade músculo-tendínea a ponto de
comprometer a força em níveis significativos.
3.5 Mobilização neural
A técnica de Mobilização Neural foi desenvolvida a partir de avanços da
neurobiologia, biomecânica e fisiologia do tecido neural e da aplicação dos princípios da
terapia manual neste tecido (BUTLER, 2003; MARINZECK; PHTY, 2005). Embora essa
técnica ainda não seja amplamente conhecida. A idéia de aplicar um tratamento mecânico
para o tecido neural não é nova. Princípios e métodos do alongamento neural já existiam
desde o ano 1800 e progressivamente foram sendo aperfeiçoadas tanto na teoria quanto na
aplicação clínica (TOPP; BOYD, 2006).
Em 1960 foi publicada a obra Biomechanicics of the Central Neuvous System, de Alf
Breig na qual foi introduzido o termo tensão mecânica adversa do sistema nervoso (SN),
conceituando a mecânica deste, observando assim, a transmissão da tensão e movimento do
SN durante a realização dos movimentos corporais (CERQUEIRA; REIS, 2003;
MARINZECK; PHTY, 2005).
Baseado nisto, Elvey e Maitland (1979) desenvolveram testes irritativos ao tecido
neural os quais foram chamados de testes de tensão neural. Estes testes não só detectam a
tensão mecânica adversa no sistema nervoso, mas também que existe movimentação do nervo
com relação aos tecidos que os circundam (BUTLER, 2003; MARINZECK; PHTY, 2005;
JESUS, 2004).
O Teste Neurodinâmico ou Teste de Tensão Neural é também denominado teste de
estiramento neural. São seqüências de movimentos realizados para avaliar a mecânica e a
fisiologia de uma parte do sistema nervoso. Considera-se o teste positivo quando: houver
diminuição da amplitude de movimento, quando sintomas dolorosos e de alongamento
profundo forem reproduzidos, quando a resposta no lado envolvido variar unilateralmente
entre respostas normais, e quando houver diferenciação estrutural de uma fonte neurogênica.
Sabe-se que nem todos os sintomas provocados pelos testes podem ser considerados
30
patológicos, como o tecido neural também é inervado, o seu estiramento pode causar dor,
sendo, portanto, necessário que se conheça tais respostas e as diferenças entre indivíduos
sintomáticos e assintomáticos (BESSA, 2004; COPPIETERS et al., 2005; MAHMUD et al,
2006; SCHACKLOCK, 2005).
Embora, há mais de um século, saiba-se que lombalgias, lombociatalgias, cervicalgias
e cervicobraquialgias, entre outras desordens músculo-esqueléticas apresentam origem neural,
somente nos últimos vinte anos é que os fisioterapeutas com formação orientada à ortopedia
se interessaram no tratamento do sistema nervoso, pela conexão deste com músculos,
articulações e outras estruturas buscando assim melhores resultados. O tratamento de terapia
manual, baseado na mobilização do sistema nervoso e não apenas restrita a uma abordagem
articular foi desenvolvido e continua evoluindo, baseado em observações clínicas e pesquisas
experimentais (MAHMUD et al., 2006).
3.5.1 Princípios da Mobilização Neural
Existem alguns princípios nos quais se baseiam as mobilizações neurais, tais como: a
unidade, movimentação, tensionamento, relação entre a função e a mecânica do sistema
nervoso (BUTLER, 2003).
Não cabe ao sistema nervoso somente conduzir impulsos através de grandes
amplitudes e complexidades de movimento, mas também adaptar-se mecanicamente a esses
movimentos retraindo e alongando-se, podendo até mesmo limitar essas amplitudes em certas
combinações de movimentos (BUTLER, 2003; HOOF et al., 2008)
Todo o sistema nervoso central e periférico é considerado como unitário, não havendo
nenhuma outra estrutura do corpo com tamanha conectividade (BUTLER, 2003; JESUS,
2004; SMANIOTTO; FONTEQUE, 2004; MARINZECK; PHTY, 2005).
Esta continuidade (Figura 10) se dá quimicamente, eletricamente e mecanicamente.
Um trauma não precisa ser grave para gerar uma lesão nervosa podendo ser através de
movimentos não fisiológicos, posturas e contrações musculares repetitivas. Esta lesão pode
ocorrer devido a uma lesão secundária resultando de sangue e edema de uma interface lesada
ou de uma alteração na forma da interface (BUTLER, 2003).
31
Figura 5: Sistema Nervoso – uma estrutura contínua.
Fonte: (MARINZECK; PHTY, 2005).
A seqüência mecânica é observada através da transmissão de forças e movimentos
pelos envoltórios conjuntivos das células nervosas (BUTLER, 2003; JESUS, 2004; SANTOS,
2004).
A ininterrupção elétrica do SN é dada pelos neurônios, os quais asseguram que a
transmissão de um impulso gerado em um ponto do corpo possa chegar até extremidade
oposta, como num impulso gerado no pé que é levado até o cérebro (JESUS, 2004;
SCHRODER, 2002).
Os outros princípios afirmam que de acordo com o movimento corporal as estruturas
nervosas que possuem propriedades elásticas (podendo alongar/encurtar), devem se ajustar às
estruturas que o envolvem acompanhando os movimentos funcionais (BUTLER, 2003;
TOPP; BOYD, 2006).
Para que haja ADM sem restrições, os músculos têm que ser capazes de encurtar e
alongar com resistência mínima em todas as amplitudes de movimento. Essa contração
depende, além dos impulsos motores pelo sistema nervoso, de três fatores: (a) elasticidade e
completa extensibilidade dos músculos, (b) amplitude completa das articulações e (c) um
sistema nervoso livremente móvel e extensível. Ou seja, para que haja movimentos funcionais
com qualidade a função e mecânica do sistema nervoso tem que estar interligadas,uma
depende da outra. Esta propriedade do sistema nervoso é denominada de neurodinâmica
(BUTLER, 2003).
32
3.5.2 Neurodinâmica
A neurodinâmica surge da necessidade de estudar as interações entre a mecânica e a
fisiologia do Sistema Nervoso. As interações entre os mecanismos de adaptação mecânicos e
fisiológicos do SN são uma constante durante o movimento. De acordo com as características
anatômicas de cada região, bem como da combinação e ordem dos movimentos realizados,
pode haver alongamento, deslizamento, tensão e aumento da pressão intraneural. Um
conjunto de características anatômicas complexas que passam, por exemplo, pela propriedade
elástica do tecido conjuntivo, pelo percurso ondulado dos nervos e dos vasos sanguíneos que
os irrigam e pelo diferente arranjo dos troncos nervosos ao longo do seu trajeto, no que se
refere quer ao número de feixes, quer à quantidade de tecido conjuntivo, procuram assegurar
o normal funcionamento do SN. A nível fisiológico os efeitos destas alterações traduzem-se
em alterações da irrigação, do transporte axonal e da condução de impulsos (BUTLER, 2003;
TOPP; BOYD, 2006).
O tecido conjuntivo do SN protege os componentes neurais de modo a assegurar que
os impulsos nervosos sejam transmitidos ao mesmo tempo em que o ser humano assume as
mais diversas posturas e realiza movimentos com amplitudes por vezes extremas (BUTLER,
2003).
Assim, como o SNP é mais externo que o SNC e possui menos proteção natural, é o
que tem maior mecanismo de adaptação, estando apto a enfrentar encurtamento, deslizamento
e alongamento do tecido neural (BUTLER, 2003; SHACKLOCK, 2005).
A Mobilização Neural procura restaurar o movimento e elasticidade ao sistema
nervoso, o que promove o retorno às suas funções normais. Portanto, a técnica parte do
princípio de que se houver um comprometimento da mecânica/fisiologia do sistema nervoso
(movimento, elasticidade, condução, fluxo axoplasmático) isso pode resultar em outras
disfunções no próprio SN ou em estruturas músculo-esqueléticas que recebem sua inervação.
O restabelecimento de sua biomecânica/fisiologia (neurodinâmica) adequada através do
movimento e/ou tensão permite recuperar a função normal do SN, assim como das estruturas
comprometidas. Esse restabelecimento se dá através de movimentos oscilatórios e/ou
brevemente mantidos direcionados aos nervos periféricos e/ou medula (BUTLER, 2003;
COPPIETERS et al., 2005).
33
O Fluxo Axoplasmático possui a função de transporte de neurotransmissores, de
substâncias estruturais e substâncias tróficas. Devido a sua importância ele é contínuo. A
interrupção do fluxo pode gerar lesões severas (BUTLER, 2003; SHACKLOCK, 2007).
Os movimentos oscilatórios realizados na mobilização neural vão facilitar o fluxo
axoplasmático (mecânica altera fisiologia), melhorando a saúde do tecido que está sendo
inervado proporcionando uma maior mobilidade para o tecido neural e conseqüentemente
para as estruturas inervadas por ele (BUTLER, 2003).
A mobilização neural tem por objetivo restaurar a mobilidade natural do sistema
nervoso como método alternativo e eficaz para a cura de diversas patologias
musculoesqueléticas, possibilitando o funcionamento normal. Observando o fato de que a
patologia do sistema nervoso leva a alterações nas estruturas dependentes do mesmo, concluise que uma tensão, causando a melhora da mecânica neural, traz benefícios para todas as
funções do sistema nervoso e musculoesquelético.
Para cada trajeto de nervo existe uma técnica específica, composta por uma
combinação de movimentos. Estas técnicas podem ser classificadas em quatro categorias: (a)
direta, na qual os nervos periféricos e/ou a medula espinhal são colocados em tensão por
movimentos oscilatórios ou brevemente mantidos, através das articulações que compõem o
trajeto nervoso; (b) indireta, em que os movimentos oscilatórios são aplicados às estruturas
adjacentes ao tecido nervoso comprometido; (c) tensionante (mobiliza-se simplesmente
aumentando e diminuindo a tensão no trato neural) e (d) deslizante, em que se mobiliza o trato
neural sem provocar o aumento da tensão (SHACKLOCK, 2007).
3.6 Eletromiografia
O primeiro relato científico de estudos referentes às propriedades elétricas de músculos
e nervos adveio dos estudos do médico Luigi Galvani, em 1791,onde eram utilizados modelos
experimentais com rãs. Em seus estudos iniciais, Galvani observou que a atividade muscular
acompanhava a estimulação de neurônios e conseguiu registrar potenciais das fibras
musculares durante o estudo de contração (CRAM; KASMAN; HOLTZ, 1998). Uma grande
massa de conhecimentos se seguiu aos estudos de Galvani, tornando possível o
desenvolvimento de sistemas capazes de detectar e registrar os potenciais elétricos de nervos e
34
músculos, viabilizando a avaliação do funcionamento das unidades motoras (CRAM;
KASMAN; HOLTZ, 1998).
O sinal eletromiográfico (EMG) é a soma algébrica de todos os sinais detectados em
certa área, podendo ser afetado por propriedades musculares, anatômicas e fisiológicas, assim
como pelo controle do sistema nervoso periférico e a instrumentação utilizada para
a
aquisição dos sinais (ENOKA, 2000).
Conforme estudos sob diferentes condições de contração muscular, os sinais de EMG
fornecem importantes informações sobre o padrão de recrutamento e a variação da freqüência
dos potenciais de ação das unidades motoras (LINNAMO et al., 2003).
O registro eletromiográfico requer um sistema de três fases: (a) uma fase de entrada,
que inclui os eletrodos para captação do potencial elétrico do músculo em contração; (b) uma
fase de processamento, durante a qual um pequeno sinal elétrico é amplificado; e (c) uma fase
de saída, na qual o sinal elétrico é convertido em sinais visuais e/ou auditivos, de modo que os
dados possam ser visualizados, captados e analisados (FOSS; KETEYAN, 2000).
3.6.1 Aquisição do sinal eletromiográfico
O sinal EMG é captado por um eletromiógrafo e transmitido a um computador. Para
tanto, certos parâmetros devem ser ajustados na aquisição do sinal EMG, dependendo da
tarefa e objetivos para posterior análise. Os principais parâmetros são: freqüência de
amostragem, componentes como eletrodo, amplificadores, filtro, conversor analógico/digital,
além do equipamento de armazenagem dos dados (MARCHETTI; DUARTE, 2006).
3.6.2 Eletrodos de Superfície
O eletrodo é o local de conexão entre o corpo e o sistema de aquisição, devendo ser
colocado próximo o bastante do músculo para que este possa captar sua corrente iônica. A
área da interface eletrodo-tecido é chamada de superfície de detecção, comportando-se como
um filtro passa-baixa cujas características dependem do tipo de eletrodo e do eletrólito
utilizado (MARCHETTI; DUARTE, 2006).
35
Existem diversos tipos de eletrodos, delineados para diferentes tipos de aquisição,
tarefa, natureza da pesquisa e músculo específico. A coleta dos potenciais elétricos
musculares pode ser realizada com eletrodos inseridos no ventre muscular, através do método
invasivo, e de forma não invasiva através de eletrodos superficiais (CORREA; SANTOS;
VELOSO, 2003).
No método invasivo se lança mão de agulhas ou fios, preferencialmente utilizados em
músculos profundos ou pequenos, pois os fios possuem pequena área de detecção e são
limitados nos estudos de unidades motoras. Eletrodos do tipo agulha são preferidos quando o
objetivo é analisar unidades motoras, pois possuem menor área de detecção, embora sejam
críticos em atividades de contração forçada, por influência considerável de dor (CORREA;
SANTOS; VELOSO, 2003; PORTNEY, 2010).
No método não invasivo, utiliza-se eletrodos superficiais que são colocados sobre a
superfície da pele correspondente à localização do ventre muscular; estes eletrodos necessitam
de um gel eletrolítico para aumentar o contato elétrico com a pele. Os eletrodos de superfície
são mais adequados para captar a atividade em grandes músculos ou grupos musculares
(CORREA; SANTOS; VELOSO, 2003; PORTNEY, 2010). Os mesmos não proporcionam
incômodo ao indivíduo, porém apresentam uma alta impedância, sendo assim, faz-se
necessário minimizar a influência da impedância pele/eletrodo. Deste modo, certos cuidados
devem ser tomados, tais como limpeza da pele, remoção dos pêlos e leve abrasão para
remoção de células mortas (HERMENS; FRERIKS, 2000).
Os eletrodos podem ser passivos, quando não possuem amplificação no próprio
eletrodo, ou ativos, sendo os ativos mais utilizados por apresentarem um pré-amplificador que
vai amplificar os sinais eletromiográficos assim que eles atingem os eletrodos, processo
conhecido como “ganho” (MARCHETTI; DUARTE, 2006).
Eletrodos com configuração bipolar são os mais utilizados em estudos que envolvem
exercícios de contração voluntária, ou sob condições de estimulação elétrica. Esta
configuração é geralmente preferida por conseqüência de uma maior rejeição do ruído ou
interferência externa. Neste tipo de configuração, as diferenças de potencial são detectadas em
duas regiões. Dessa forma a circuitaria eletrônica se encarrega de fazer a diferença entre os
dois sinais e posteriormente amplificá-lo, através de um amplificador diferencial, sendo assim
eliminado o sinal comum aos dois pontos, antes da amplificação (MARCHETTI; DUARTE,
2006).
Dois
pontos
importantes
devem
posicionamento e o tamanho dos eletrodos.
ser
considerados
na
eletromiografia.
O
36
Os eletrodos devem ser colocados em um ponto médio no sentido longitudinal do
ventre muscular, e as inserções tendinosas. Deve-se evitar a colocação dos eletrodos nas
extremidades laterais dos músculos, devido ao cross-talk fenômeno caracterizado pela
captação do potencial elétrico de músculos vizinhos (LOWERY; NOLAN; O’MALLEY,
2002).
O segundo ponto a ser considerado é o tamanho e a forma das superfícies de detecção.
Quanto maior o tamanho da superfície de detecção, maior a amplitude do sinal EMG
detectado e menor o ruído elétrico que será gerado na interface entre a pele e a superfície de
detecção. Este deve ser pequeno o bastante para evitar o cross-talk, de outros músculos
(HERMENS; FRERIKS, 2000).
Além do cross-talk já citado, existem mais duas formas de interferência do sinal EMG,
relacionadas ao batimento cardíaco e artefatos eletromecânicos (movimentos do
equipamento/cabo e influência da rede elétrica). Problemas podem ser minimizados através
respectivamente da utilização dos filtros de sinais e de nobreak (MARCHETTI; DUARTE,
2006).
Em relação à disposição dos eletrodos na fibra muscular, Hermens e Freriks (2000)
sugerem que os eletrodos fiquem dispostos no mesmo sentido das fibras musculares, já que o
potencial de ação possui trajetória no mesmo sentido das fibras musculares, para obtenção do
melhor sinal. Quando assim arranjadas, ambas as superfícies de detecção interseccionam-se,
com a maioria dessas mesmas fibras musculares.
3.6.3 O Sinal Eletromiográfico
O sinal captado na Eletromiografia refere-se ao potencial de ação resultante dos
processos de despolarização e repolarização da membrana da célula muscular (CORREA;
SANTOS; VELOSO, 2003).
Quando o músculo encontra-se em repouso, o potencial elétrico coletado é zero, no
entanto, quando as unidades motoras são ativadas, ocorre à passagem do potencial do
neurônio para a fibra muscular, este se propaga pela membrana da fibra, sendo este evento é
denominado de despolarização, seguido de repolarização, ambos captados pelos eletrodos
(SHULTZ; PERRIN, 1999).
37
Os sinais que atingem os eletrodos são transmitidos para o amplificador e as atividades
produzidas por todas as fibras individuais se contraindo em um determinado momento são
somadas, já que atingem os eletrodos quase simultaneamente, registrando os potenciais que
recebem, sem distinguir sua origem, tornando necessária a implementação de mecanismos que
façam a distinção do sinal EMG e dos potenciais gerados por fatores que influenciam no sinal
EMG (PORTNEY, 2010).
Os sinais são avaliados através de uma média eletrônica RMS (root – mean – square)
usada para determinar a intensidade dos sinais eletromiográficos. A RMS quantifica o sinal
através da seguinte forma: elevam-se os dados ao quadrado, obtém-se a média dos valores
resultantes e finalmente extrai-se a raiz quadrada do valor médio obtido. É o parâmetro
preferido para extrair a tensão elétrica (OCARINO et al., 2005). Associar a técnica RMS a um
intervalo de tempo determinado constitui o RMS móvel, utilizado para verificar as alterações
do sinal EMG em função do tempo. Para se criar um RMS móvel, a janela no tempo é movida
ao longo do sinal adquirido e o RMS é calculado. Esta janela pode ser sobreposta ou não. A
sobreposição permite uma grande continuidade do sinal EMG. A janela típica para o RMS é
de 100 a 200 ms, que se correlaciona com o tempo de resposta muscular (DE LUCA, 1997;
OCARINO et al, 2005).
38
4 MATERIAL E MÉTODO
4.1 Caracterização do estudo
Este estudo é caracterizado como clínico, analítico e transversal.
4.2 Grupo Experimental
Tratou-se de uma amostra intencional da qual participaram 39 sujeitos do sexo
masculino. Os sujeitos foram selecionados de acordo com os critérios de inclusão e exclusão.
A tabela 1 mostra as medidas descritivas em média e desvio padrão (DP) das variáveis
antropométricas (idade, peso, altura, IMC) dos grupos experimentais: Grupo de Alongamento
Estático (GAE), Grupo de Mobilização Neural (GMN) e Grupo Controle (GC)
separadamente.
Tabela 1: Medidas descritivas das variáveis antropométricas do grupos alongamento estático (GAE),
mobilização neural (GMN) e controle (GC) expressa em média e desvio padrão (DP). Índice de massa
corpórea (IMC).
GRUPO
ALONGAMENTO
GRUPO
MOBILIZAÇÃO
NEURAL
GRUPO CONTROLE
PESO (kg)
ALTURA
(m)
IDADE
(Anos)
1.69±4
IMC
(kg /m2)
Kg/m2g/m2
23±2
67±9
64±6
1.70±3
21.84±2
21±2
63±9
1.70±4
21.69±2
22±2
23±3
39
4.2.1 Critérios de Inclusão
-
Indivíduos do sexo masculino;
-
Indivíduos sedentários;
-
Indivíduos na faixa etária 18 a 30 anos;
-
Assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (Apêndice A);
4.2.2 Critérios de Exclusão
-
Indivíduos com alterações osteomioarticulares e /ou neuromuscular que prejudique,
durante o procedimento experimental a captação do sinal eletromiográfico;
-
Indivíduos com alterações osteomioarticulares e /ou neuromuscular que sejam
contra-indicação para realização das técnicas de alongamento e mobilização neural
selecionadas.
4.3 Critérios Éticos e Legais
O protocolo de pesquisa nº 145/09 foi submetido à análise e aprovado pelo Comitê de
Ética em Pesquisa (CEP) da Faculdade de Ciências Médicas (FACIME), registrado junto ao
Sistema Nacional de Informações sobre Ética em Pesquisas envolvendo Seres Humanos
(SISNEP) e amparado pela resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, seguindo as
diretrizes e normas regulamentadas de pesquisa envolvendo seres humanos. Para os
participantes foi apresentado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)
contendo informações relevantes e necessárias para a participação no estudo (ANEXO A).
40
4.4 Local da pesquisa
O estudo foi realizado na Clínica Escola de Fisioterapia da Faculdade Santo
Agostinho-FSA, localizada na cidade de Teresina-PI.
4.5 Instrumentos e Materiais
Para a coleta dos dados antropométricos foram utilizados os seguintes instrumentos e
materiais:
-
Ficha de avaliação para registrar os valores dos dados antropométricos(IMC, peso,
altura e idade);
-
Balança mecânica calabrida com estadiômetro da marca Filizola, para determinar o
peso e altura.
Para a avaliação inicial do sinal eletromiográfico e força foram utilizados os seguintes
instrumentos e materiais:
-
Aparelho de barbear descartável da marca Gilete, para realizar a tricotomia;
-
Alcool 70%, para fazer a limpeza do local de colocação do eletrodo;
-
Eletrodos superficiais, bipolares ativos (pré-amplificado), Ag/AgCl, com diâmetro
de 1cm e com adesivo de fixação (Figura 06).
Figura 06: Eletrodo de superfície.
Fonte: Acervo Pessoal.
41
-
Eletrodo de referência, que funcionou como fio terra para eliminar ruídos externos;
-
Fita adesiva, para fixação maior dos eletrodos;
-
Maca de madeira;
-
Eletromiógrafo EMG System do Brasil-São José dos Campos-SP-Brasil de 4 canais
com software de aquisição e processamento de sinais. A frequência de amostragem
de 2000 Hz, amplificador de 1000 vezes, filtro passa alta de 20 Hz e passa baixa de
500Hz, conversor analógico de 12 bits (Figura 07).
Figura 07 : Eletromiógrafo EMG System.
Fonte: Acervo Pessoal.
-
Para avaliação da força isométrica, foi utilizado um transdutor de força(range 0-200
kg) da marca EMG System do Brasil LTDA conectado ao sistema de
eletromiografia) (Figura 13).
Figura 08: Transdutor de Força EMG System.
Fonte: Acervo Pessoal.
-
Cadeira extensora da Marca YORK ajustável às características antropométricas
individuais.
42
-
Positivo Mobile W98, para conectar ao eletromiógrafo.
Para a realização das técnicas de alongamento e mobilização neural foram
utilizados os seguintes instrumentos e materiais:
- Maca;
- Dois cronômetros da marca Carci, para marcar o tempo durante o alongamento e
nos intervalos de repouso.
4.6 Procedimentos Experimentais
Todos os procedimentos foram realizados pelo mesmo avaliador. Em um dia foi
realizada a anamnese e exame físico para inclusão dos participantes. No dia seguinte, a
avaliação eletromiográfica e da força muscular isométrica antes e após a intervenção.Todos os
testes foram feitos nos mesmos horário do dia.
4.6.1 Anamenese e Exame Físico
Os indivíduos para serem selecionados para o estudo passaram primeiro por uma
anamnese e exame físico, onde foi preenchida uma ficha de avaliação (Apêndice B) que
contém dados pessoais e informações a respeito dos critérios de inclusão e exclusão.
Após esta seleção, foram coletados no exame físico os seguintes dados
antropométricos: peso, altura e o índice de massa corporal (IMC), para caracterização dos
sujeitos. Neste momento foi utilizada a balança mecânica com estadiômetro.
Só após estes procedimentos, os sujeitos da pesquisa foram divididos aleatoriamente
nos três grupos denominados de Grupo do Alongamento Estático (GAE), Grupo de
Mobilização Neural (GMN) e Grupo Controle (GC). Os participantes foram sorteados para
compor os grupos, 13 participantes para cada grupo.
Todos os participantes do estudo foram orientados a não realizar atividade física
durante o período da pesquisa.
43
4.6.2 Avaliação Eletromiográfica
Todos os indivíduos selecionados para o estudo foram submetidos a uma avaliação
antes e após a intervenção com alongamento muscular ou mobilização neural, que consistiu
na Eletromiografia, para captar o sinal eletromiográfico dos músculos reto femoral e vasto
lateral do membro inferior dominante (Figura 14), conjuntamente com a avaliação da força
isométrica durante a contração isométrica voluntária máxima (CIVM) de extensão de joelho
captado pelo transdutor de força (figura 15). Sabe-se que na contração isométrica ocorre
tensão muscular, porém sem modificar a amplitude de movimento articular de 90o (KISNER;
COLBY, 2009).
Figura 09: Eletromiógrafo e posição de avaliação.
Fonte: Acervo Pessoal.
44
Figura 10: Transdutor de Força EMG System fixo na cadeira
extensora.
Fonte: Acervo Pessoal.
Para colocação dos eletrodos de superfície foi necessário realizar a tricotomia e limpar
a pele com álcool a 70%, para eliminação de resíduos gordurosos. Esta preparação da pele é
importante para minimizar sua impedância da pele (DE LUCA, 1997). O indivíduo foi
posicionado na cadeira extensora e fixado com cinta transversal para estabilização torácica,
ficando em posição confortável e durante todo o procedimento, o indivíduo foi orientado a
manter os dois membros superiores cruzados sobre o peito, não permitindo nenhuma
compensação por parte destes (Figura 16).
.
Figura 11: Posicionamento para coleta de dados.
Fonte: Acervo Pessoal.
45
Os eletrodos foram colocados nos músculos reto femoral e vasto lateral por serem
importantes extensores de joelho. O posicionamento dos eletrodos seguiu o protocolo préestabelecido pelo SENIAM (Figura 17) (HERMENS et al., 1999).
Figura 12: Posicionamento dos eletrodos para
coleta de dados.
Fonte: (PAULA,2007).
O eletrodo utilizado era duplo, com uma distância de 20 mm entre os pólos e com a
configuração mencionada anteriormente. E foram fixados com esparadrapo para não haver
artefatos de deslizamento durante a contração muscular. Portanto todos os indivíduos foram
submetidos a um teste de contração isométrica máxima de extensão de joelho na posição de
90º de flexão de joelho, com duração de 10 segundos (figura 18).
46
.
Figura 13: Posicionamento para coleta de dado
com esparadrapo nos eletrodos em 90º de flexão
de joelho.
Fonte: Acervo Pessoal.
O registro do sinal da atividade elétrica dos músculos vasto lateral e reto femoral foi
captado por 10 segundos, e durante todo o procedimento o participante ficou segurando (na
mão do mesmo lado do membro inferior testado) um eletrodo de referência, que funcionou
como fio terra.
Após esta avaliação inicial, um grupo foi submetido a alongamento muscular e o outro
a mobilização neural. Imediatamente após estas intervenções foi realizado a segunda coleta do
sinal eletromiográfico e da força isométrica máxima do músculo quadríceps, utilizando
exatamento a metodologia acima descrita, na avaliação inicial.
47
4.6.3 Grupos Experimentais
4.6.4 Grupo Alongamento Estático (GAE)
Foi orientado previamente que o participante deveria relaxar e deixar que o
alongamento fosse realizado sem nenhum tipo de resistência ativa e no momento em que
sentisse a sensação de desconforto sem dor deveria apertar o cronômetro, onde estava
marcado o tempo de 30 segundos. Ao encerrar o tempo, o participante deveria apertar outro
cronômetro, onde estava marcado o tempo de intervalo de repouso entre uma repetição e
outra, que foi de 10 segundos. Passadas as orientações, foi realizado o alongamento estático
segmentar do músculo quadríceps da seguinte forma: com o participante posicionado em
decúbito lateral, em uma maca, o pesquisador realizou no membro inferior dominante a
extensão de quadril com joelho fletido, de forma passiva e manual, até a amplitude de
movimento onde o participante relatou desconforto sem dor. A partir desta posição o
pesquisador alongou por 30 segundos, tempo marcado através do cronômetro. O
procedimento foi repetido duas vezes, com intervalo de 10 segundos entre uma repetição e
outra (Figura 14).
Figura 14: Alongamento estático segmentar.
Fonte: Acervo Pessoal.
48
4.6.5 Grupo Mobilização Neural(GMN)
O pesquisador orientou e conduziu a mobilização neural correspondente ao músculo
quadríceps. O voluntário foi orientado a se posicionar em decúbito lateral Foi realizada a
mobilização neural de forma direta, oscilatória, tensionante durante um minuto. Indivíduo
em decúbito lateral, flexão cervical, terapeuta realiza a extensão de quadril com flexão de
joelho e realiza as oscilações em flexão-extensão de joelho por um minuto, que
corresponde a 20 oscilações, conforme as figura 15(SHACKLOCK, 2007).
Figura 15: Mobilização Neural
Fonte: Acervo Pessoal.
4.6.6 Grupo Controle (GC)
Os participantes do grupo controle não foram submetidos ao procedimento de
alongamento, sendo apenas avaliados e reavaliados quanto à força muscular e atividade
eletromiográfica.
49
4.7 Tratamento dos Dados
Verificou-se, tanto na avaliação eletromiográfica inicial quanto na final, os valores da
força muscular quadricipital e os valores da medida quantitativa da média quadrática do
registro da atividade elétrica (root mean square, RMS) dos músculos vasto lateral e reto
femoral.
Todos estes dados foram tabulados no Excel 2007, assim como os dados
antropométricos, e estão apresentados no Apêndice B.
Para análise estatística dos dados, foi utilizado o software BioEstat 5.0. Inicialmente
foi realizada a estatística descritiva (representada pelos valores: mínimo, máximo, média
aritmética, desvio padrão e erro padrão). Em seguida, para verificar a normalidade dos dados,
foram utilizados os testes de valores extremos e de normalidade D’Agostino. Como todos os
dados apresentaram um padrão de distribuição normal, para analisar as variáveis, foi utilizado
o teste t-Student pareado, na análise de duas amostras relacionadas (intragrupo) e o teste t não
pareado para duas amostras independentes (intergrupos). O nível de significância estatística
adotado foi de 5% (p≤0,05).
Os resultados do presente estudo estão apresentados na forma gráfica de Box Plot e
tabelas, com valores de média e um erro padrão, bem como valores extremos.
50
5 RESULTADOS
A figura 16 apresenta a média e um erro padrão do parâmetro Força Muscular
referente à comparação antes e depois dos atendimentos, grupo de mobilização neural(GMN),
do grupo de alongamento estático (GAE) e do grupo controle (GC) e o valor p (bilateral)
referente à comparação das médias.
Figura 16- Média e erro padrão do parâmetro força dos grupos GMN, GMN e GC. FIGMN (Força
inicial do Grupo de Mobilização Neural); FFGMN (Força final do Grupo de Mobilização Neural);
FIA (Força inicial do Grupo de Alongamento Estático); (Força final do Grupo de Alongamento
Estático); FIC (Força inicial do Grupo Controle) e FFC (Força final do Grupo Controle). * Indica
diferença significativa.
Os resultados apresentados na figura 16 mostram que houve diferença significativa,
pbilateral = 0,0047 e pbilateral = 0,0206 utilizando-se o teste t, comparando a força antes e depois
dos atendimentos do GMN e GAE, respectivamente. Em contrapartida, não houve diferença
significativa, p (bilateral) = 0,3870, utilizando o teste t quando foi comparada a força do GC.
51
A figura 17 apresenta o gráfico relativo à média e erro padrão do parâmetro força
expressa pela diferença da força antes e depois do grupo de mobilização neural (GMN), do
grupo de alongamento estático (GAE) e do grupo controle (GC).
Figuara 17- média e erro padrão do parâmetro força expressa pela diferença da força antes e depois do
grupo de mobilização neural (GMN), do grupo de alongamento estático (GAE) e do grupo controle (GC).
* Indica diferença significativa.
Conforme o gráfico representado na figura 17, houve diferença significativa, pbilateral =
0,0140 utilizando-se o teste t, comparando-se as diferenças dos valores da força antes e depois
dos atendimentos, do grupo de mobilização neural com o grupo controle, assim como, o
grupo de alongamento teve diferença significativa quando comparado ao grupo controle com
pbilateral = 0,0252. Também foi constatada diferença significativa na diferença da força,
utilizando-se o teste t, quando comparado o grupo de alongamento com o grupo de
mobilização neural com pbilateral = 0,0008.
A figura 18 apresenta o gráfico relativo à média e um erro padrão do parâmetro
atividade eletromiográfica representada pela razão entre o valor do RMS final e o RMS
inicial, do músculo reto femoral, dos grupos de mobilização neural (GMN), grupo de
alongamento estático (GAE) e grupo controle (GC) e o valor p (bilateral) referente à
comparação das médias.
52
Figura 18- Média e erro padrão do parâmetro atividade eletromiográfica representada pela razão entre o
valor do RMS final e o RMS inicial, do músculo reto femoral, do grupo de mobilização neural (GMN), do
grupo de alongamento estático (GAE) e do grupo controle (GC). * Indica diferença significativa.
Conforme o gráfico representado na figura 18, comparando-se o valor da relação do
RMS final e do RMS inicial do músculo reto femoral, dos GAE, GMN e GC, utilizando-se o
teste t, foi observado diferença significativa na análise o GMN com o GAE, valor do pbilateral =
0,0001, e na análise do GAE com o GC, valor do pbilateral =0,0368. Porém, na análise do GMN
como GC não houve diferença significativa, valor do p (bilateral) = 0,2477.
A figura 19 apresenta o gráfico relativo à média e um erro padrão do parâmetro
atividade eletromiográfica representada pela razão entre o valor do RMS final e o RMS
inicial, do músculo vasto lateral, do grupo de mobilização neural(GMN), grupo de
alongamento estático (GAE) e grupo controle (GC) e o valor p (bilateral) referente à
comparação das médias.
53
Figura 19- Box Plot/média e erro padrão do parâmetro atividade eletromiográfica representada pela
razão entre o valor do RMS final e o RMS inicial, do músculo vasto lateral, do grupo de mobilização
neural (GMN), do grupo de alongamento estático (GAE) e do grupo controle (GC). * Indica diferença
significativa.
Na figura 19 comparando-se o valor da relação do RMS final e do RMS inicial do
músculo vasto lateral, dos GAE, GMN e GC, utilizando-se o teste t, foi observado diferença
significativa na análise o GMN com o GAE, valor do pbilateral = 0,0033, e na análise do GMN
com o GC, valor do pbilateral =0,0183. Porém, na análise do GAE como GC não houve
diferença significativa, valor do pbilateral = 0,9424.
54
6 DISCUSSÃO
O alongamento muscular vem sendo foco de contradições quando se tratam de seus
benefícios, no que diz respeito ao desempenho muscular e na prevenção de lesões do
indivíduo. Diversos estudos foram realizados, com o objetivo de identificar os efeitos do
alongamento muscular antes do exercício. Contudo, nota-se ultimamente uma tendência a um
consenso entre os resultados dos mesmos (CORNWELL et. al., 2001; KNUDSON; NOFFAL,
2005; MAREK et al., 2005; SHRIER, 2004).
Um dos métodos mais utilizadas no âmbito fisioterapêutico para promover amplitude
de movimento e dar mobilidade adequada aos tecidos, prevenindo assim lesões recentes e
recidivas, é justamente o alongamento (KISNER, COLBY, 2009). Porém autores como Shrier
(2004), Ramos, Santos e Gonçalves (2007), Cornwell, Nelson e Sidaway (2002), dentre
outros, vêm mostrando em seus estudos que o alongamento tem um efeito negativo na força
muscular.
Na presente pesquisa, constatou-se diminuição da força de quadríceps, após
realização do alongamento muscular estático, concomitante a uma redução significativa da
atividade eletromiográfica do músculo reto femoral e uma pequena redução da atividade
eletromiográfica do vasto lateral, porém esta diminuição não foi estatisticamente significativa.
Marek et al (2005) sugerem, em seu estudo, que a diminuição de força induzida pelo
alongamento pode ser ocasionada por diminuição da ativação das unidades motoras, já que
encontraram uma diminuição na amplitude do pico de torque e da eletromiografia após
alongamento estático.
Seguindo a mesma linha, Fowles, Sale e Macdougall (2000) concluíram em seu
estudo que a diminuição da forca muscular estaria associada à redução no recrutamento de
unidades motoras, ativação dos órgãos tendinosos de golgi e contribuição dos nociceptores.
Para Achour (2006), tempo prolongado de alongamento determina acomodação das fibras, de
forma a comprometer a transmissão de mensagens motoras, ocasionando deformação nos
componentes plásticos musculares e redução do tônus muscular. Adicionalmente aos
mecanismos neurais, questões mecânicas estariam envolvidas nesses achados, onde
modificações na relação comprimento-tensão com alteração da sobreposição fisiológica entre
os filamentos de actina e miosina já foram demonstrados (AVELA et. al., 2004; FOWLES;
SALE; MACDOUGALL, 2000).
55
Em adição, é sabido que o tempo de duração do alongamento pode proporcionar
mudanças fisiológicas importantes no músculo, como a remodelação de moléculas de
colágeno e elastina e que essas mudanças podem estar associadas à alterações na unidade
músculo-tendão e fáscia, ocasionadas pelo aumento da elasticidade dos tecidos (VIVEIROS et
al., 2004). Em outras palavras, a amplitude do movimento seria influenciada pelo aumento do
comprimento de um tecido, proporcionalmente à tensão aplicada. Esses dados foram obtidos
após comparar tempos diferentes de alongamento e sua relação com a flexibilidade. No estudo
supracitado, o tempo de alongamento de 60 segundos proporcionou maiores modificações na
flexibilidade que o tempo de alongamento de 10 segundos, porém não foi mensurada a força
muscular e a atividade eletromiográfica (VIVEIROS et al., 2004).
Entretanto, Behm et al (2006) analisaram a correlação entre ganho de flexibilidade e
a redução da força induzida pelo alongamento durante quatro semanas de alongamento diários
nos músculos quadríceps, isquiostibias e flexores plantares, e os resultados mostraram que
não houve nenhuma relação significativa entre ganho de amplitude de movimento devido ao
aumento da flexibilidade e redução da força muscular induzida pelo alongamento. Observou
ainda que a força pouco foi alterada em indivíduos que eram mais flexíveis, como nos menos
flexíveis antes do protocolo de alongamento. Não foi mensurada a flexibilidade em nosso
trabalho, porém o estudo supracitado gera dados importantes sobre a correlação força e
alongamento, enfatizando que indivíduos com diferentes graus de flexibilidade podem se
comportar de maneira semelhante após quatro semanas de alongamento, em relação à força
muscular.
Para Zakas et al (2006), um dos principais fatores que levam à redução da força
muscular é a ocorrência da microlesão muscular durante o alongamento, principalmente pelo
aumento da enzima creatina kinase encontrado no sangue de indivíduos que haviam realizado
alongamento. Isso mostra que o alongamento pode gerar um efeito mecânico intenso sobre as
fibras musculares e que esse efeito pode ser um fator causal na redução da força muscular.
Shrier (2004), ao desenvolver uma sistemática para avaliar se o alongamento muscular
melhorava o desempenho muscular, constatou que, dos estudos revisados, nenhum sugeriu
que o alongamento era benéfico para o desempenho, relacionando força, torque e salto.
Observou-se, ainda, diversos estudos relatando que o alongamento agudo diminuía o
desempenho.
Em seu estudo, Marek et al (2005) compararam os efeitos agudos das técnicas de
alongamento estático e FNP nas variáveis pico de torque, potência, ADM passiva e ativa,
além da resposta eletromiográfica do quadríceps antes e após a aplicação dos protocolos de
56
alongamento com 16minutos. De acordo com seus resultados, tanto a técnica de alongamento
estático quanto a FNP ocasionaram uma diminuição considerável no pico de torque, na
potência e também na amplitude dos sinais eletromiográficos registrados na comparação pré e
pós-alongamento. Os mesmos concluem dizendo que os alongamentos musculares podem
comprometer temporariamente a capacidade muscular de produzir força. Podendo inclusive
afetar o desempenho de vários exercícios de força durante o processo de reabilitação.
Autores como Zakas et al (2006), mostraram déficits consideráveis de força muscular
em uma pesquisa em que buscaram mostrar a influência aguda da duração de protocolos de
alongamento estático para o grupo muscular do quadríceps no pico de torque isocinético em
jogadores de futebol. Para tanto se valiam de um protocolo com alongamentos com duração
de 30 segundos, dez repetições de 30 segundos e dezesseis repetições de 30 segundos que
demonstraram diminuição mais acentuada do pico de força nos protocolos com volume maior.
Apesar de muitos autores relatarem ter encontrado diminuição significativa no
desempenho muscular após aplicação de protocolos de alongamento, autores como Marek et
al (2005) e Zakas et al (2006) se valeram de protocolos com altos volumes de alongamento
(em média 20 minutos). Estes protocolos de alongamentos, segundo Brandenburg (2006),
não correspondem efetivamente aos perfis de aquecimento empregados pela maioria dos
atletas antes de seus treinamentos e competições, deixando o trabalho em aberto para
indagações sobre a aplicabilidade prática dos resultados provenientes destes estudos.
Com um protocolo de alongamento parecido ao do presente trabalho, porém
utilizando os músculos ísquiostibiais, Laur et al (2003) relatam que mesmo protocolos curtos
de alongamento (3 repetições de 20 segundos cada, com volume total de 1 minuto) podem ser
negativos não apenas para a força, mas também para a resistência muscular, além de poderem
desencadear repercussões negativas em relação à tolerância muscular à fadiga.
Em relação aos achados eletromiográficos, muitos estudos relatam redução da
atividade eletromiográfica após o alongamento, o que corrobora com os achados do presente
estudo (CRAMER et al, 2005; FOWLES; SALE; MADOUGALL, 2000; MAREK et al,
2005;WEIR, TINGLEY, ELDER, 2004).
Neste estudo observou-se que a redução da atividade eletromiográfica (RMS) do
músculo reto femoral ocorreu de forma significativa, porém não ocorreu o mesmo
comportamento na atividade eletromiográfica do músculo vasto lateral (RMS) após a
utilização do protocolo de alongamento, o que não corrobora com os achados de Cramer et al
(2005), que demonstrou que atividade eletromiográfica dos músculos reto femoral e vasto
lateral foi reduzida de forma significativa após o alongamento estático. No entanto, foram
57
utilizados quatro tipos diferentes de alongamento para o músculo quadríceps com tempos de
30 segundos, sendo a mensuração da atividade eletromiográfica dinâmica nas velocidades de
60 e 240°s com o auxílio da dinamometria isocinética.
No presente estudo, foi utilizado um tempo de 60 segundos e não houve redução de
forma significativa da atividade eletromiográfica do músculo vasto lateral. Isso pode ser
explicado pela posição anatômica do músculo reto femoral, que sendo biarticular
(SCHUNKE, SCHULTE, SHUMACHER, 2007; SMITH, WEISS, LEHNKUHL, 1997) sofre
a ação em duas articulações durante o alongamento, tanto na extensão do quadril como na
flexão do joelho, enquanto que o vasto lateral, um músculo monoarticular, sofre a ação apenas
quando o joelho é flexionado.
A redução da atividade eletromiográfica encontrada no estudo pode ser explicada
através da modificação de fatores neurais periféricos que levaram a mudanças as estratégias
do recrutamento neuromuscular (CRAMER et al., 2004; CRAMER et al., 2005; FOWLES,
SALE, MACDOUGALL et al., 2000; MAREK et al., 2005; WEIR, TINGLEY, ELDER,
2004; VIVEIROS et al., 2004). Esses fatores neurais periféricos incluem: alterações na
freqüência de disparo da fibra muscular, ativação do reflexo de inibição autogênica
temporário envolvendo o órgão tendinoso de Golgi estimulado durante o alongamento
(CRAMER et al., 2004; CRAMER, 2005; MAREK et al., 2005), ativação de
mecanorreceptores articulares e receptores de dor estimulados durante o alongamento
proporcionando uma redução de impulsos nervosos para o músculo alongado e inibição
muscular pela compressão articular decorrente do alongamento devido à excessiva amplitude
de movimento articular (CRAMER et al., 2004; MAREK et al., 2005).
Uma diminuição da atividade aferente do fuso muscular devido a uma falha das
fibras intrafusais ocasionadas pelo alongamento também foi relatada, assim como uma
redução do potencial de ação motor devido a mudanças nas propriedades elétricas da
membrana muscular medidas pelo Na+ e K+, os quais são sensíveis as alterações do
comprimento muscular (FOWLES, SALE, MACDOUGALL, 2000; AVELA et al., 2004).
Assim, os resultados deste estudo indicam que existe influência aguda do
alongamento na atividade muscular, sendo postulado modificações no “feedback “
proprioceptivo podem gerar falhas nas estratégias no recrutamento muscular, reduzindo sua
ativação. No estudo clássico de Fowles et. al.(2006), é relatado que 60% da redução da força
induzida pelo alongamento até 15 minutos é decorrente de fatores neurais, dessa forma
postula-se que fatores neurais afetam a força inicialmente e fatores mecânicos podem perdurar
por um tempo maior, afetando a força por até uma hora.
58
Vale lembrar que a amostra utilizada na pesquisa foi de indivíduos que apresentavam
o peso normal. A literatura preconiza que o valor ideal do Índice de Massa Corporal (IMC) se
encontre entre 18,50 Kg/m² 24,90 Kg/m², assim pudemos observar no estudo que média do
IMC foi de 23 ± 3 Kg/m² (ANJOS, VEIGA, CASTRO, 1998). Isso demonstra que a amostra
era homogênia, não interferindo nos resultados da eletromiografia de superfície por fatores de
bioimpedância.
A mobilização do sistema nervoso periférico tem sido abordada nos últimos vinte
anos com o objetivo terapêutico, especialmente para manutenção, aumento da amplitude de
movimento e alívio de dor e recentemente a técnica vem sendo utilizada também com o
objetivo de diagnóstico, avaliando as mais diversas doenças que acometem as raízes nervosas
(OLIVEIRA JUNIOR; TEIXEIRA, 2007). Embora existam publicações com os mais diversos
objetivos com a técnica de mobilização neural (COPPIETERS et al, 2005), o número de
artigos e publicações a respeito do tema correlacionado a força ainda é considerado exíguo
nas bases de dados de pesquisas científicas.
Jesus (2004) estudou os efeitos da mobilização neural na ADM de flexão de quadril.
Para tanto realizou mobilização neural de nervo isquiático em dois grupos, um grupo com
tensão neural adversa e outro grupo sadio, e dessa forma observou que em 94% dos
participantes houve aumento da ADM, não havendo diferença significativa do aumento entre
os dois grupos.
Com um estudo semelhante, Santos e Domingues (2008) avaliaram os efeitos da
mobilização neural na ADM de flexão de quadril. Para tanto avaliou os 10 participantes
através do teste de elevação da perna estendida, realizou a mobilização neural uma vez por dia
durante quatro dias seguidos em um tempo total de duas semanas, perfazendo oito
atendimentos ao todo, o tempo de mobilização foi de um minuto sendo repetidas por cinco
vezes em cada atendimento em ambas as pernas, e posteriormente reavaliou com o teste de
elevação da perna estendida. Como resultado de seus estudos foi verificado que a mobilização
neural aumentou em média 22,5% da ADM para o movimento de flexão de quadril.
Fonteque et al (2005) em um estudo que teve como objetivo verificar a eficácia da
mobilização do sistema nervoso e do alongamento passivo para ganho de ADM em flexão de
quadril, observaram que ambas as técnicas aumentavam a ADM para flexão de quadril. E
concluiu dizendo que na comparação das duas técnicas, a maior eficácia foi da mobilização
neural no ganho de amplitude de movimento do quadril em relação ao alongamento passivo.
Isto em partes comprova que não existe uma alteração ortopédica sem que haja várias
59
estruturas envolvidas como no caso a influência do sistema nervoso. E sugeriu que novos
trabalhos fossem feitos para novas comprovações cientificas.
Smaniotto e Fonteque (2004) propuseram a técnica de mobilização neural com o
objetivo de avaliar o ganho na amplitude de movimento da flexão do quadril, o qual obteve-se
aumento significativo do mesmo.
No presente trabalho, foi identificado que a mobilização neural causou aumento da
força muscular de quadríceps, concomitante ao aumento significativo da atividade
eletromiográfica do músculo vasto lateral e ao aumento da atividade eletromiográfica do
músculo reto femoral, porém este aumento não foi estatisticamente significativo.
São escassos os estudos que relacionam à mobilização neural a força ou à atividade
eletromiográfica, sendo assim buscamos nas bases fisiológicas e nos mecanismos de ação da
mobilização neural uma explicação.
A mobilização neural proporciona a facilitação do movimento do fluxo
axoplasmático, melhorando a saúde do tecido muscular inervado pela estrutura mobilizada,
potencializando a atividade muscular (SHACKLOCK, 2007).
A Mobilização Neural procura restaurar o movimento e elasticidade ao sistema
nervoso, o que promove o retorno as suas funções normais. Portanto, a técnica parte do
princípio que se houver um comprometimento da mecânica/fisiologia do sistema nervoso
(movimento, elasticidade, condução, fluxo axoplasmático) isso pode resultar em outras
disfunções no próprio sistema nervoso ou em estruturas músculo-esqueléticas que recebem
sua inervação (BUTLER, 2003; COPPIETERS et al, 2005).
O fluxo axoplasmático é contínuo e possui a função de transporte de
neurotransmissores, de substâncias estruturais e substâncias tróficas. Dessa forma se houver
interrupção do fluxo pode gerar lesões severas (BUTLER, 2003; SHACKLOCK, 2007). Em
1977, Baker observou que a velocidade do fluxo diminui com a diminuição ou falta de
movimento. Concluiu que o fluxo axoplasmático possui a propriedade tixotrófica, que é a
diminuição da viscosidade de um líquido com o movimento deste líquido (BUTLER, 2003).
Assim, os movimentos oscilatórios realizados na mobilização neural vão facilitar o
fluxo axoplasmático (mecânica altera fisiologia), melhorando a saúde do tecido que está
sendo inervado proporcionando uma maior mobilidade para o tecido neural, melhor
condutibilidade elétrica e conseqüente melhorando as estruturas inervadas por ele (BUTLER,
2003).
No
presente
estudo,
mostrou-se
um aumento
significativo
da
atividade
eletromiográfica do vasto lateral, porém o mesmo não foi observado para o músculo reto
60
femoral. No entanto, Butler (2003) relata que durante o procedimento de mobilização neural a
propagação da tensão e do movimento para áreas do sistema nervoso não é uniforme. Isto é,
uma vez que uma força for aplicada sobre o sistema nervoso, esta força não será igualmente
dispersa por todo o sistema nervoso.
Mclellan e Swash (1976) observaram que a extensão de punho e dedos move o nervo
mediano no punho 2 a 4 vezes mais que no terço médio do braço. No presente estudo foi feita
a mobilização neural para quadríceps, que inervado pelo nervo femoral, diferente do estudo
supracitado que foi para nervo mediano, porém que gerou dados importantes quando relata
que os efeitos da mobilização neural não ocorreram por igual em todo o trajeto neural,
relatando que nas áreas mais próximas da região mobilizada os efeitos são mais
potencializados.
Nesta pesquisa foi realizada a mobilização neural com o movimento de flexão e
extensão de joelho. E o ponto que foi posicionado o eletrodo para coleta eletromiográfica no
vasto lateral foi proximal ao joelho, enquanto que no vasto lateral foi posicionado na região
média do reto femoral mais distante do joelho, dessa forma pode-se sugerir, comparando com
os estudos de Butler (2003) e Mclellan e Swash (1976), que é em decorrência desse
posicionamento houve uma diferença na atividade eletromiográfica de reto femoral.
Os resultados obtidos permitiram observar que o desempenho muscular foi reduzido
após o alongamento muscular estático, apresentando um efeito agudo negativo sobre a força e
a atividade elétrica e que a mobilização neural melhora a capacidade de condutibilidade
elétrica do nervo, podendo assim justificar o aumento da atividade eletromiográfica, na
amostra estudada.
61
CONCLUSÕES
•
O alongamento estático diminuiu de forma significativa a força muscular.
•
A mobilização neural aumentou de forma significativa a força muscular.
•
Resultado significativo na comparação intergrupos do GAE com GC, e do GMN com
GC. E foi constatada diferença significativa na comparação dos GAE E GMN.
•
Houve aumento significativo da atividade eletromiográfica do músculo vasto lateral,
porém não foi significativo o aumento da atividade eletromiográfica do músculo reto
femoral.
•
Houve redução significativa da atividade eletromiográfica do músculo reto femoral,
porém não foi significativa a diminuição da atividade eletromiográfica do vasto lateral
62
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70
APÊNDICE A- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Título: influência do alongamento muscular e da mobilização neural na força e atividade
eletromiográfica do músculo quadríceps.
Mestranda: Rauena Souto Diogo Lopes
Orientador: Mário Oliveira Lima
Você está sendo convidado (a) para participar, como responsável voluntário, em uma
pesquisa. Você precisa decidir se quer participar ou não. Por favor, não apresse em tomar a
decisão. Leia cuidadosamente o que se segue e pergunte ao responsável pelo estudo qualquer
dúvida que você tiver. Este estudo está sendo conduzido por Rauena Souto Diogo Lopes.
Após ser esclarecido (a) sobre as informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do
estudo, assine ao final deste documento, que está em duas vias. Uma delas é sua e a outra é do
pesquisador responsável. Em caso de recusa você não será penalizado (a) de forma alguma.
O objetivo desta pesquisa foi comparar a influência do alongamento muscular e da
mobilização neural na força isométrica de quadríceps e na atividade eletromiográfica de reto
femoral e vasto lateral.
Todos os procedimentos foram realizados pelo mesmo avaliador. Será realizado
eletromiográfica inicial, o alongamento muscular, mobilização neural e a avaliação
eletromiográfica final. Os músculos analisados serão o reto femoral e vasto lateral. Não será
utilizado nenhuma técnica invasiva.
Como responsável você poderá retirar seu consentimento em qualquer fase da
pesquisa, sem penalização alguma e sem prejuízos ao seus cuidados.
É garantido o sigilo absoluto sobre a identificação do paciente participante ou dados
que possam identificá-lo.
Os resultados deste estudo poderão ser publicados em periódicos e os registros estarão
também a disposição do Comitê de Ética em Pesquisa da FACID e MINTER.
Estamos a disposição a qualquer informação ou queixa por parte dos responsáveis,
podendo ligar para os seguintes telefones: (86) 3233 0310 ou (86) 9921-8350.
Eu,____________________________________________________,
71
RG _____________________, certifico que tendo lido as informações e sido
suficientemente esclarecido(a) sobre todos os itens pela mestranda Rauena Souto Diogo
Lopes, estou plenamente de acordo com a realização da pesquisa. Assim, autorizo a execução
do trabalho exposto acima, com minha colaboração espontânea.
Teresina, ____ de ___________ de 2010
Assinatura do Responsável:______________________________________
______________________________________
Rauena Souto Diogo Lopes
Pesquisadora Responsável
72
APÊNDICE B – FICHA DE AVALIAÇÃO
FICHA DE AVALIAÇÃO
Nome: __________________________________________________________
Sexo: Feminino ( ) Masculino ( )
Profissão: ___________________________________________
Peso:________
Altura: __________ IMC =
Peso
Idade: _________
= ____________
(Altura X Altura)
Pratica atividade física: Sim ( ) Não ( )
História prévia de distúrbio do sistema neuromúsculoesquelético:
Sim ( ) Não ( ) Não sabe informar ( ).
Em caso afirmativo identificar qual é o distúrbio______________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
73
APÊNDICE C – ANÁLISE ESTATÍSTICA
Tabela 1: Valores dos dados antropométricos do GAE
GAES (N)
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
IDADE (anos)
27
22
27
21
25
24
23
21
19
20
26
20
26
PESO(Kg)
69
62.6
65.9
62
54.5
81.7
73,63
79.1
64.9
62.6
66,2
78.6
55.6
ALTURA(m)
1.65
1.68
1.75
1.77
1.68
1.72
1.72
1.65
1.68
1.65
1.74
1.72
1.66
IMC(Kg/m2)
25,36
22,2
21,54
21,48
20,13
27,64
24,89
29,06
20,36
23,02
21,87
26,58
20,21
Tabela 2: Valores dos dados antropométricos do GMN
GAES (N)
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
IDADE(anos)
19
21
22
25
24
21
18
24
22
18
22
21
18
PESO(Kg)
59.2
60.2
62,6
57.9
56.9
59.5
57.5
68.8
69.8
78.2
72.2
66.5
59.5
ALTURA(m)
1.68
1.69
1.72
1.70
1.68
1.70
1.70
1.68
1.74
1.76
1.73
1.63
1.71
IMC(Kg/m2)
21,15
21,09
21,19
20,06
20,19
20,61
19,92
24,41
23,6
25,25
24,31
26,06
20,37
74
Tabela 3: Valores dos dados antropométricos do GC
GAES (N)
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
IDADE(anos)
24
19
22
21
18
21
26
21
23
26
22
23
19
PESO(Kg)
59.1
54.9
64.9
57.1
70.6
59.1
57.2
50.3
66.4
79.2
59.1
67.8
81.1
Tabela 4: Valores da força antes e depois dos atendimentos
FIGAE
FFGAE
FIGMN
FFGMN
1
21.7
18.1
3.8
8.5
2
10.6
10.3
10.8
13.8
3
17.2
17.2
18.8
19.5
4
11
10.5
18.2
21
5
15.9
14.3
13.3
17
6
23.5
22.96
18.7
20.3
7
15.1
12.4
19.5
17.8
8
22.4
20.9
10.7
13.1
9
15.3
14.6
22.7
25.2
10
24.9
27.1
20.5
26
11
21.4
19
24.6
34.2
12
16.2
15.5
26.1
37.9
13
17
15.64
13.5
13.3
Tabela 5: Estatística descritiva dos valores de
atendimentos
FIGMN FFGMN
13
13
Tamanho da amostra
3,8
8,5
Mínimo
IMC(Kg/m2)
22.51
20.42
23
19.33
24.16
20
20.03
18.51
22.72
25
20
22.42
27.09
ALTURA(m)
1.62
1.64
1.68
1.72
1.71
1.72
1.69
1.65
1.71
1.78
1.72
1.74
1.73
FIGC
FFCG
21 15 24 19.4 18 23.7 22.7 17.6 21 24.3 21.3 19.6 11.9 22.9
14.9
23
21
17.5
24.7
20.5
15.7
21.9
25.5
21.8
23.8
12.9
força muscular inicial e final dos
FIGAE FFGAE FIGC FFGC
13
13
13
13
10,6
10,3
11,9
12,9
Máximo
26
37,9
24,9
27,1
24,9
25,5
Média Aritmética
17
20,6
17,9
16,8
20
20,5
Desvio Padrão
6,3
8,4
4,5
4,8
3,7
3,9
Erro Padrão
1,7
2,3
1,2
1,3
1,
1,1
75
Tabela 6: Teste de normalidade D’Agostino dos valores de força muscular inicial e final
dos atendimentos
Tamanho da
amostra
D (Desvio)
Valores
críticos 5%
Valores
críticos 1%
P
FIGMN
13
FFGMN
13
FIGAE
13
FFGAE
13
FIGC
13
FFGC
13
0,2
0,2
0,2
0,2
0,2
0,2
0,2556 a
0,2856
0,2438 a
0,2864
ns
0,2556 a
0,2856
0,2438 a
0,2864
ns
0,2556 a
0,2856
0,2438 a
0,2864
Ns
0,2556 a
0,2856
0,2438 a
0,2864
ns
0,2556 a
0,2856
0,2438 a
0,2864
Ns
0,2556 a
0,2856
0,2438 a
0,2864
Ns
Tabela 07: Valores das diferenças da força muscular
GAE
1
-3.6
2
-0.2
3
-0.08
4
-0.4
5
-1.6
6
-0.5
7
-2.6
8
-1.5
9
-0.7
10
2.2
11
-2.3
12
-0.7
13
-1.4
GMN
GC
4.6
3
0.6
2.8
3.7
1.6
-1.7
2.3
2.4
5.5
9.6
11.7
-0.1
Tabela 08: Estatística descritiva dos valores das diferenças da força muscular
GAE
GMN
GC
Tamanho da amostra =
13
13
13
Mínimo
-1,7
-3,6
-2,1
Máximo
11,7
2,2
4,2
Média Aritmética
3,5
-1
0,4
Desvio Padrão
3,7
1,4
1,7
Erro Padrão
1
0,4
0,4
Erro Padrão
1
0,4
0,4
1.8
‐0.06
‐1.8
1.5
‐0.5
1.0
‐2.1
‐1.8
0.7
1.1
0.5
4.2
1
76
Tabela 09: Teste de normalidade D’Agostino dos valores da diferença da força muscular
GAE
GMN
GC
Tamanho da amostra
13
13
13
D (Desvio)
0,2
0,2
0,2
Valores críticos 5%
0,2556 a 0,2856 0,2556 a 0,2856 0,2556 a 0,2856
Valores críticos 1%
0,2438 a 0,2864 0,2438 a 0,2864 0,2438 a 0,2864
P
Ns
Ns
Tabela 10: Valores do RMS inicial e final do reto femoral
GAE-I
GAE-F
GMN-1
GMN-F
1
60.3
49
88.7
116.4
2
83.3
71.9
53.4
67.7
3
112.9
84.6
113.6
144
4
41
40.4
51.8
65.4
5
33.4
34.7
177
205
6
76.5
63
183.9
195
7
152
114
90
78.
8
127
113
168.8
173.7
9
81.3
76.4
167.8
165.3
10
134.5
136.6
196.7
214.8
11
78.4
70.7
110.7
127.4
12
65.3
57.6
90.5
124.7
13
71.8
64.6
124.4
119.9
Tabela 11: Valores da relação do RMS do reto femoral
GAE
GMN
1
0.8
2
0.8
3
0.7
4
0.9
5
1
6
0.8
7
0.7
8
0.8
9
0.9
10
1
11
0.9
12
0.8
13
0.9
Ns
GC-I
CG-F
130 77.8 110.1 108.7 105.6 124.3 173.3 116.8 94.2 84. 103.3 71.8 68.1 95.1
96.5
83.8
131
97.3
156.5
176.5
126.1
97.8
107.2
70.6
102.4
66
GC
1.3
1.2
1.2
1.2
1.1
1
0.8
1
0.9
1
1.1
1.3
0.9
0.7
1.2
0.7
1.2
0.9
1.2
1
1
1
1.2
0.6
1.4
0.9
77
Tabela 12: Estatística descritiva dos valores da relação do RMS do reto femoral
GMN
GAE
GC
Mínimo
13
0,8
13
0,7
13
0,6
Máximo
1,3
1
1,4
Média Aritmética
1,1
0,8
1,04
Desvio Padrão
0,1
0,09
0,2
Erro Padrão
0,04
0,02
0,06
Tamanho da amostra
Tabela 13: Teste de normalidade D’Agostino dos valores da relação do RMS do reto
femoral
GMN
GAE
GC
Tamanho da amostra
13
13
13
D (Desvio)
0,2
0,2
0,2
Valores críticos 5%
0,2556 a 0,2856 0,2556 a 0,2856 0,2556 a 0,2856
Valores críticos 1%
0,2438 a 0,2864 0,2438 a 0,2864 0,2438 a 0,2864
P
Ns
ns
Tabela 14: Valores do RMS inicial e final do vasto lateral
GAE-I
GAE-F
GMN-1
GMN-F
1
62.31
49
60.8
84.8
2
75.3
74.9
115
170
3
55.3
49.9
79.4
87.4
4
70.9
68.2
166.3
143.2
5
44.9
50
136.4
207
6
121.9
109.6
111.4
122
7
124.2
123
73.7
77
8
104.5
100
93.2
92.3
9
80.9
76.4
131.2
135.2
10
141.8
144.
158.8
157.4
11
65
49.6
148.7
224.5
12
61.5
57
68.
105.9
13
119
119.5
130.8
135.4
Ns
GC-I
128.66 88.3 133.6 125.7 130 140.8 169.3 140.3 135.3 133.6 137.6 112.5 102 CG-F
123.3
78.4
103.3
13.2
128.56
162.9
184.7
153.9
133.6
152
108
131
106.6
78
Tabela 15: Valores da relação do RMS do vasto lateral
GAE
GMN
1
0.7
2
0.9
3
0.9
4
0.9
5
1.1
6
0.8
7
0.9
8
0.9
9
0.9
10
1
11
0.7
12
0.9
13
1
GC
0.9
0.8
0.7
0.1
0.9
1.1
1
1
0.9
1.1
0.7
1
1
1.3
1.4
1.1
0.8
1.5
1
1
0.9
1
0.9
1.5
1.5
1
Tabela 16: Estatística descritiva dos valores da relação do RMS do vasto lateral
GMN
GAE
GC
Mínimo
13
0.8
13
0.7
13
0.1
Máximo
1.5
1.1
1.1
Média Aritmética
1.2
0.9
0.9
Desvio Padrão
0.2
0.9
0.2
Erro Padrão
0.06
0.02
0.07
Tamanho da amostra
Tabela 17: Teste de normalidade D’Agostino dos valores da relação do RMS do vasto
lateral
GMN
GAE
GC
Tamanho da amostra
13
13
13
D (Desvio)
0.2
0,2
0,2
Valores críticos 5%
0,2556 a 0,2856 0,2556 a 0,2856 0,2556 a 0,2856
Valores críticos 1%
0,2438 a 0,2864 0,2438 a 0,2864 0,2438 a 0,2864
P
Ns
ns
Ns
79
ANEXO A - CERTIFICADO DO COMITÊ DE ÉTICA E PESQUISA
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