IFSP - GRU Semana da Matemática - Maio de 2012 Por que Marte dá a ré de vez em quando? Apresentador: Prof. Lin Chau Jen Introdução/Motivação: mostrar um exemplo de ferramentas matemáticas elucidando questões físicas. Problema colocado: órbita peculiar do planeta Marte vista da Terra. Pode ser melhor ilustrado por meio do vídeo da BBC do primeiro episódio da “História da Ciência”. Alguns dados astronômicos Terra Marte 150 228 Período de revolução 1 1,88 Inclinação da órbita em relação à orbita da Terra - 1,85o 0,0167 0,0934 Distância média ao Sol (106 km) Excentricidade da órbita Comentários Distância média ao Sol: Marte é o planeta mais próximo da Terra no sentido crescente das distâncias em relação ao Sol. Em outras palavras, adotando esse sentido, a Terra é o terceiro planeta e Marte é o quarto. Período de revolução: Adotou-se como referência o período da Terra (365 dias). Dessa forma, a velocidade angular de Marte é 1,88 vezes menor que a velocidade da Terra. Inclinação da órbita em relação à orbita da Terra: A inclinação da órbita de Marte em relação à da Terra é muito pequena. Isso quer dizer que é uma boa aproximação colocar ambas as órbitas no mesmo plano (isso é válido para todos os planetas do sistema solar a menos de Plutão). Excentricidade da órbita: A excentricidade orbital é um parâmetro que indica quanto uma órbita se desvia de uma circunferência perfeita, em que o valor 0 indica uma circunferência perfeita e o valor 1 indica uma trajetória parabólica (não é mais uma órbita fechada). As excentricidades da Terra e de Marte justificam aproximar suas órbitas como circunferências perfeitas (isso é válido para todos os planetas do sistema solar). Método Para que se evidencie as razões da órbita peculiar de Marte vista da Terra, pode-se fazer o gráfico do movimento de Marte visto da terra, considerando que os dois planetas percorrem órbitas circulares em torno do Sol com velocidade constante. Assim, com base em um sistema de coordenadas com a origem no Sol é fácil se obter as coordenadas dos planetas por meio de expressões do tipo: r⃗k = x k ⃗i + y k ⃗j , x k =R k∗cos(ω k t+φk ) e onde y k =Rk ∗sen(ωk t+φ k ) y R θ x É o que pode ser observado por meio da execução do programa Scilab “trajetorias_T_M.sce”, que é apresentado a seguir. -x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-xclear, // limpa as variáveis clf, // limpa a janela gráfica // // eixo centrado em (0,0) n=20; raio=10; time=0; dtime=15; rt=150; rm=228; omega_t=2*%pi/365; omega_m=2*%pi/686.2; dteta=2*%pi/n; //para traço do planeta // // para estabelecer os intervalos da janela grafica teta=0; x(1)=250*cos(teta); y(1)=250*sin(teta); for i=2:n+1, teta=teta+dteta; x(i)=250*cos(teta); y(i)=250*sin(teta); end plot(x,y,'w'); // for j=1:55, xt=rt*cos(omega_t*time); yt=rt*sin(omega_t*time); xm=rm*cos(omega_m*time); ym=rm*sin(omega_m*time); // traço do planeta Marte teta=0; x2(1)=raio*cos(teta)+xm; y2(1)=raio*sin(teta)+ym; for i=2:n+1, teta=teta+dteta; x2(i)=raio*cos(teta)+xm; y2(i)=raio*sin(teta)+ym; end plot(x2,y2); // traço do planeta Terra teta=0; x2(1)=raio*cos(teta)+xt; y2(1)=raio*sin(teta)+yt; for i=2:n+1, teta=teta+dteta; x2(i)=raio*cos(teta)+xt; y2(i)=raio*sin(teta)+yt; end plot(x2,y2); time=time+dtime; end a=gca(); // manipulador da entidade Axes a.x_location = "middle"; a.y_location = "middle"; -x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x- Para traçar a órbita de Marte vista da Terra, basta considerar um sistema de coordenadas com a origem no planeta Terra e converter as coordenadas de Marte do sistema com a origem no Sol para ele. Em outras palavras, ou melhor, em linguagem matemática, trata-se simplesmente de uma operação vetorial, que é a subtração do vetor posição da Terra do vetor posição de Marte, ambos os vetores com origem no Sol. O resultado é o vetor posição com base na Terra. M T S O resultado pode ser observado por meio da execução do programa Scilab apresentado a seguir. “trajetoria_Marte3.sce”, que é -x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-xclear, // limpa as variáveis clf, // limpa a janela gráfica // // eixo centrado em (0,0) n=20; raio=10; time=0; dtime=15; rt=150; rm=228; omega_t=2*%pi/365; omega_m=2*%pi/686.2; dteta=2*%pi/n; //para traço do planeta // // para estabelecer os intervalos da janela grafica teta=0; x(1)=450*cos(teta); y(1)=450*sin(teta); for i=2:n+1, teta=teta+dteta; x(i)=450*cos(teta); y(i)=450*sin(teta); end plot(x,y,'w'); // // primeira posição xt=rt*cos(omega_t*time); yt=rt*sin(omega_t*time); xm=rm*cos(omega_m*time); ym=rm*sin(omega_m*time); dx=xm-xt; dy=ym-yt; time=time+dtime; // traço do planeta teta=0; x(1)=raio*cos(teta)+dx; y(1)=raio*sin(teta)+dy; for i=2:n+1, teta=teta+dteta; x(i)=raio*cos(teta)+dx; y(i)=raio*sin(teta)+dy; end plot(x,y) // posições posteriores for j=1:150, xt=rt*cos(omega_t*time); yt=rt*sin(omega_t*time); xm=rm*cos(omega_m*time); ym=rm*sin(omega_m*time); dx=xm-xt; dy=ym-yt; time=time+dtime; // traço do planeta teta=0; x2(1)=raio*cos(teta)+dx; y2(1)=raio*sin(teta)+dy; for i=2:n+1, teta=teta+dteta; x2(i)=raio*cos(teta)+dx; y2(i)=raio*sin(teta)+dy; end plot(x2,y2); // plot(x,y,'w'); x=x2; y=y2; end a=gca(); // manipulador da entidade Axes a.x_location = "middle"; a.y_location = "middle"; -x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-xConclusão: As razões do movimento peculiar de Marte vista da Terra puderam ser esclarecidas. Essa conclusão, em outras palavras, encontra-se em umas das páginas da Nasa (a agência aeroespacial dos Estados Unidos): Astronomy Picture of the Day, 2008 May 11 (http://apod.nasa.gov/apod/ap080511.html) Explanation: Why would Mars appear to move backwards? Most of the time, the apparent motion of Mars in Earth's sky is in one direction, slow but steady in front of the far distant stars. About every two years, however, the Earth passes Mars as they orbit around the Sun. During the most recent such pass over the last year, the proximity of Mars made the red planet appear larger and brighter than usual. Also during this time, Mars appeared to move backwards in the sky, a phenomenon called retrograde motion. Pictured above is a series of images digitally stacked so that all of the stars images coincide. Here, Mars appears to trace out a loop in the sky. Near the top of the loop, Earth passed Mars and the retrograde motion was the highest. Retrograde motion can also be seen for other Solar System planets. Obrigado