Faculdade de Economia do Porto Introdução Equilíbrio em

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Faculdade de Economia do Porto
Ano Lectivo de 2004/2005
LEC 207
Economia Internacional
Política Comercial Externa
Introdução
• Política comercial: conjunto de medidas de política
económica que os governos tomam para influenciar os fluxos
de comércio (exportações e importações) entre a sua economia
e o resto do mundo
•Instrumentos de política comercial externa:
• tarifas
• quotas
• subsídios à exportação
• impostos sobre as exportações
• restrições voluntárias às exportações
• regras técnicas e administrativas
• etc.
Equilíbrio em Autarcia
e em Livre Comércio
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Hipóteses de Base
• 2 países: A (economia nacional) e B (resto do Mundo)
• Produzem 2 bens (X e Y) em condições de concorrência
perfeita
• Custos de transporte nulos
• Preços determinados na moeda de cada um dos países
• Taxa de câmbio mantém-se inalterada, mesmo perante
medidas de PCE
• Inexistência de mobilidade internacional de factores
• Em autarcia, PxA > PxB (expressos na mesma moeda)
• Em situação de comércio livre, balança comercial sempre
equilibrada
• Análise de equilíbrio parcial (o que sucede no mercado do
bem X?)
Curva da Procura de Importações
• MD indica, para cada nível de preço, a quantidade de X
procurada pelos consumidores de A no mercado
internacional
• Corresponde à diferença (positiva) entre a procura interna
e a oferta interna de X em A
• Curva com inclinação negativa: quanto menor o preço de
X, maior a diferença entre a procura interna e a oferta
interna em A, logo maior a procura de importações
P
S
P
PA
P2
P1
D
S1
S2
D2
D1
MD
Q
D2-S2
D1-S1
Q
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Curva da Oferta de Exportações
• XS indica, para cada nível de preço, a quantidade de X
oferecida pelos produtores de B no mercado internacional
• Corresponde à diferença (positiva) entre a oferta interna e a
procura interna de X em B
• Curva com inclinação positiva: quanto maior o preço de X,
maior a diferença entre a oferta interna e a procura interna
em B, logo maior a oferta de exportações
P
P
S*
XS
P2
P1
PA*
D*
D2* D1*
S1* S2*
Q
S1*-D1*
S2*-D2*
Q
XS: Curva de oferta de exportações
Equilíbrio Mundial e Ajustamentos
• Equilíbrio no mercado mundial do bem X ocorre quando
MD = XS => P = Pw
• Ao preço Pw:
– o excesso de oferta interna em B é igual ao excesso de procura
interna em A
– existe, em simultâneo, equilíbrio no mercado do bem X em A e B
– a procura mundial e a oferta mundial do bem X igualam-se
• O comércio livre permite a integração perfeita do
mercado do bem X em A e B:
– Partiu-se de uma situação em que existiam dois mercados
nacionais distintos, com preços de equilíbrio distintos
– Chegou-se a uma situação em que existe um mercado único
para o bem X que inclui os agentes económicos dos dois países
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Mercado Mundial
P
XS
PW
E1
MD
QW
Q
A Tarifa
Conceito e Tipos
• Imposto que incide sobre o valor dos bens importados
• mais vulgar e mais antigo dos instrumentos de PCE
• imposto alfandegário: cobrado quando os bens importados cruzam a
fronteira nacional, elevando assim o seu preço
• objectivos: protecção nacional perante a concorrência externa
(principal) e aumento das receitas do governo (supletivo)
• Dois tipos principais
• ad-valorem: definida como um valor percentual que recai sobre o
preço unitário do bem importado
• específica: imposto de montante fixo por unidade do bem importado
(não dependendo do seu preço unitário)
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Tarifa específica vs. tarifa ad-valorem
• Para bens com diferentes variedades (e preços distintos dessas
variedades), a tarifa ad-valorem é mais equitativa – a tarifa
específica é regressiva;
• A tarifa ad-valorem proporciona sempre o mesmo nível de
protecção, enquanto o nível de protecção proporcionado pela
tarifa específica varia inversamente ao nível geral de preços;
• A tarifa específica apresenta maior facilidade de aplicação,
em termos administrativos.
A teoria das tarifas
• O nível médio de tarifas praticado actualmente pelos países
desenvolvidos no comércio de bens manufacturados é
baixo
– resultado de um longo processo de liberalização do comércio
internacional
– “substituição” por outros instrumentos não tarifários
• A compreensão dos efeitos das tarifas mantém-se, contudo,
fundamental para a análise de outros instrumentos de PCE
• O estudo pode ser feito com base numa análise de:
– equilíbrio parcial (efeitos no sector onde a tarifa é lançada);
– equilíbrio geral (efeitos na economia onde a tarifa é lançada);
Efeitos “genéricos”
• Hipótese: imposição pelo país A de uma tarifa específica
sobre as importações do bem X
• Efeitos “genéricos”:
– Aumento do preço dos bens importados, que perdem
competitividade ao entrar no mercado nacional
– Protecção parcial dos produtores nacionais, com a
concorrência externa a ser reduzida/iludida pela intervenção
do governo no mecanismo de formação de preços
– Aumento da receita fiscal
– …
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A “sequência” da análise
•
A análise dos efeitos da tarifa compreende:
– A determinação dos efeitos de mercado (preços, quantidades
produzidas, consumidas, importadas)
– A determinação dos efeitos de bem estar (variação dos
excedentes de produtores e consumidores e das receitas fiscais)
– A interpretação económica dos efeitos referidos (eficiência
económica, redistribuição de rendimento)
•
Dois casos em análise:
– País pequeno: economia com uma quota no mercado mundial tão
reduzida que alterações nas suas exportações ou importações têm
um impacto nulo no preço mundial do bem (price-taker)
– País grande: economia com uma quota no mercado mundial
suficientemente elevada para que alterações nas suas exportações
ou importações tenham impacto no preço mundial do bem (pricemaker)
Efeitos de mercado - país pequeno
Mercado doméstico
Mercado mundial
Mercado externo
S
S*
PW+t
PW
XS
D
MD
S1 S2
D2
D1
Q
Nota: trata-se dum problema de escala
100
D*
1 milhão
País Pequeno: efeitos de mercado
• Preço do bem X aumenta (no montante da tarifa)
• Produção interna aumenta
• Procura interna / consumo diminui
• Importações diminuem
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Efeitos de bem-estar - país pequeno
País A
P
S
PW+t
a
PW
c
b
d
D
S1
S2
D2
D1
QX
País Pequeno: efeitos de bem-estar
• Aumento do excedente dos produtores: área (a)
• Perda de excedente dos consumidores: área (a)+(b)+(c)+(d)
• Aumento da receita fiscal: t * Qimp = área (c)
• Resultado global: perda líquida de bem-estar em (b)+(d)
– (b) é reflexo do aumento na produção interna e (d) é reflexo da
redução no consumo (em conjunto, da quebra das importações)
– (b) corresponde ao efeito produção da tarifa
– (d) corresponde ao efeito consumo da tarifa
Interpretação Económica dos Efeitos
• Redução da eficiência económica
– Menor racionalidade na utilização dos recursos pela economia
importadora
• Redistribuição do rendimento em favor dos produtores
– Os produtores são protegidos da concorrência externa
– Os consumidores pagam preços mais elevados
– As tarifas são inequivocamente pró-produtores e anti-consumidores
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Efeitos de mercado - país grande
Mercado doméstico (A)
Mercado mundial
Mercado externo (B)
P
S
S*
PT
t
PW
PT*
D
D*
Q
QT QW
País grande: efeitos de mercado
• Preço do bem X aumenta (mas menos que o montante da
tarifa)
• Produção interna aumenta
• Procura interna / consumo diminui
• Importações diminuem
• O país grande “exporta” parte dos efeitos (de mercado) da
tarifa para o exterior (produção e exportações diminuem e
consumo aumenta no país B)
Efeitos de bem-estar - país grande
País A
P
S
PT
a b c d
PW
e
P T*
D
S1 S2 D2 D1
QX
QT
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País Grande: efeitos de bem-estar
• Aumento do excedente dos produtores: área (a)
• Perda de excedente dos consumidores: área (a)+(b)+(c)+(d)
• Aumento da receita fiscal: t * Qimp = área (c)+(e)
• Resultado global: variação líquida de bem-estar em (e)[(b)+(d)]
– (b) corresponde ao efeito produção da tarifa
– (d) corresponde ao efeito consumo da tarifa
– (e) corresponde ao efeito nos termos de troca de A
País grande: conclusão
• Saldo final da aplicação da política indeterminado
– redução da eficiência económica, em virtude das distorções na
produção e no consumo
– mas ganhos nos termos de troca
• A imposição da tarifa pode resultar num balanço
positivo em termos de variação do bem-estar
– demonstra-se que tal resultado é possível para valores relativamente
baixos da tarifa
– a tarifa óptima é aquela que maximiza a diferença entre os ganhos
nos termos de troca e as perdas de eficiência
– a questão ignorada da possibilidade de retaliação
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