ENXERTIA PARA RECUPERAÇÃO DO CAULE DE

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MARIA IZABEL DE FREITAS LINS REZENDE
ENXERTIA PARA RECUPERAÇÃO DO CAULE DE
MARACUJAZEIRO AMARELO EM SISTEMA ORGÂNICO
RIO BRANCO – AC
2014
1
MARIA IZABEL DE FREITAS LINS REZENDE
ENXERTIA PARA RECUPERAÇÃO DO CAULE DE
MARACUJAZEIRO AMARELO EM SISTEMA ORGÂNICO
Dissertação apresentada ao Curso de
Pós-graduação em Agronomia, Área de
Concentração em Produção Vegetal, da
Universidade Federal do Acre, como parte
das exigências para a obtenção do título
de Mestre em Agronomia.
Orientador: Prof. Dr. Sebastião Elviro de
Araújo Neto
RIO BRANCO – AC
2014
2
3
Aos meus pais,
Francisco Júlio Wanderley Rezende e
Izabel Cristina de Freitas Lins Rezende
por todo amor
Dedico
4
AGRADECIMENTOS
A Deus e aos meus pais pela dádiva da vida.
À minha família pela torcida e por tornar a vida bela.
À Universidade Federal do Acre, por possibilitar a conquista de novos
conhecimentos através Curso de Mestrado em Produção Vegetal.
Ao meu orientador, Sebastião Elviro de Araújo Neto, pelos ensinamentos,
dedicação e entusiasmo durante a vivência deste trabalho e dos antecessores.
Aos membros da banca examinadora da dissertação, Dr. Leonardo Barreto
Tavela e Dr. Oscar Mariano Hafle, pelas contribuições para a melhoria do trabalho.
Ao professor Jorge Ferreira Kusdra por toda aprendizagem nas aulas, e
também durante a realização dos trabalhos de pesquisas paralelos.
Ao Geazí Penha Pinto por todo companheirismo, apoio e ajuda na realização
do trabalho.
À aluna do PIBIC, Camila Lustrosa, pela participação e dedicação ao projeto.
Ao Edson Oliveira dos Santos (Edi) pela disposição e ajuda no manejo dos
maracujazeiros.
Aos integrantes do PET, Cinthia, Luis Gustavo, Nilciléia que estagiaram com o
professor Sebastião e participaram do processo de enxertia.
À professora Regina Félix pela contribuição e acolhimento em sua
propriedade.
A CAPES pela concessão da bolsa de estudos.
A todos os colegas do Curso de Mestrado, em especial: Karina Galvão,
Antônio Carlos (Tony), Gisley, Maísa Bravin, Romário Boldt e Cléia Santos, pela
agradável convivência, troca de experiências e momentos de lazer.
A todos os professores do Curso de Mestrado em Agronomia pelos
conhecimentos adquiridos nas disciplinas.
Aos colegas de trabalho, atual e antigo, pela força para iniciar e finalizar a
pós-graduação.
E por fim, agradeço ao meu amigo Jozângelo Fernandes pelo incentivo de me
inscrever no programa e prosseguir nos estudos.
A vocês meu muito obrigada!
5
RESUMO
A broca da haste do maracujazeiro (Philonis passiflorae) obstrui o caule da planta,
reduzindo sua produtividade. No Brasil, não há inseticidas registrados e autorizados
para o controle da praga, o que acarreta uso de produtos químicos impróprios e gera
resistência da praga nas lavouras, além de resíduos de agrotóxicos em produtos
vegetais e no ambiente. O controle, seja na agricultura convencional ou orgânica, é
igualmente complicado devido à identificação da presença do inseto adulto no
plantio e a localização da larva na câmara pupal, que dificulta a ação dos inseticidas.
Com objetivo de avaliar o efeito da enxertia de reparação do caule na recuperação
de plantas danificadas, foi realizado experimento simulando-se danos no caule com
cinco tratamentos (0, 20, 40, 60 e 80% de dano), em blocos casualizados com 4
repetições, composto por quatro plantas cada repetição. As mudas de maracujazeiro
amarelo foram plantadas em espaçamento de 3 m x 1,5 m, conduzidas em
espaldeira de 2 metros de altura com um fio de arame. Ao atingir em média 7,3 ± 1,2 mm
de diâmetro, perfurou-se 20, 40, 60 e 80% do diâmetro do caule da planta, com
auxílio de broca de aço. Em seguida, realizou-se enxertia tipo ponte ligando-se as
partes inferior e superior ao dano. O índice de pegamento do enxerto variou de 81,3
a 95,8%, não diferindo entre os tratamentos, porém a taxa de sobrevivência das
plantas foi inferior nos tratamentos com 40 e 80% de dano. Não houve diferença
estatística entres os tratamentos para as demais variáveis analisadas (produtividade,
número de frutos por planta, massa média de frutos, sólidos solúveis totais, acidez
total titulável e ratio). Portanto, a enxertia de recuperação de caule permite que
plantas danificadas mantenham a mesma produtividade e qualidade de frutos que
plantas sem dano.
Palavras chaves: Passiflora edulis. f. flavicarpa, Philonis passiflorae, enxertia tipo
ponte
6
ABSTRACT
The passion fruit stem weevil (Philonis passiflorae) blocks the stem of the plant,
reducing its productivity. In Brazil, there aren´t registered and authorized insecticides
to pest control, which leads to improper use of chemicals and generates pest
resistance in crops, and pesticide residues in plant products and environment. The
control is either complicated in conventional or organic agriculture because of the
identification of the adult insect presence at plantation and larvae location in the
pupal chamber, which hinders insecticides action. In order to evaluate the effect of
stem repair graftage on the recovery of damaged plants, it was conducted
experiment simulating five injuries in the stem treatments (0, 20, 40, 60 and 80%
injury), in randomized blocks with 4 replications, consisting on four plants each
repetition. The yellow passion fruit seedlings were planted at a spacing of 3 m x 1.5 m,
conducted in espalier of 2 meters high with a wire. After reaching on average 7.3 ±
1.2 mm in diameter, it was punched up 20, 40, 60 and 80% of the stem diameter of
the plant, with drill steelaid. Then, bridge-type grafting was performed by connecting
the top and bottom of the injury. The percentage of graft effectiveness ranged from
81.3 to 95.8% and did not differ between treatments, but the survival rate of the
plants was lower in the treatments with 40 and 80% of injuries. There were no
statistically significant differences between treatments for the remaining variables
(yield, number of fruits per plant, average fruit weight, total soluble solids, titratable
acidity and ratio). Therefore, the recovery stem graftage allows injuried plants
maintain the same productivity and quality of fruit than plants without injuries.
Key words:Passiflora edulis. f. flavicarpa, Philonis passiflorae, bridge grafting
7
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Planta com dano mecânico na haste principal e enxerto tipo ponte
(A) e haste em bisel e incisão no caule (B) ..................................... 23
Figura 2 - Amarrio do enxerto com fita plástica nas duas extremidades da
haste (A) ........................................................................................... 24
Figura 3 - Planta
enxertada
(A)
e
pegamento
do
enxerto
(B)
........................................................................................................... 26
8
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Índice de pegamento de enxerto, taxas de sobrevivência da planta
sobre a enxertia e daárea de subenxertia de maracujazeiro
amarelo, 35 e 60 dias após a enxertia tipo ponte, em resposta aos
cinco níveis de dano, com quatro blocos e quatro repetições,
avaliados no Sítio Ecológico Seridó, em Rio Branco, Acre, 2013
.......................................................................................................... 27
Tabela 2 - Produtividade (PROD), número de frutos por planta (NFP), massa
média de frutos (MMF) de maracujá amarelo em resposta aos
cinco níveis de dano, com quatro blocos e quatro repetições,
avaliados de setembro/13 a março/14 no Sítio Ecológico Seridó,
em Rio Branco, Acre, 2014(1)............................................................. 28
Tabela 3 - Sólidos solúveis totais (SST), acidez total titulável (ATT), ratio
(SST/ATT) de maracujá amarelo em resposta aos cinco níveis de
dano, com quatro blocos e quatro repetições, avaliados em janeiro
a março no Sítio Ecológico Seridó, em Rio Branco, Acre, 2014(1)
........................................................................................................... 30
9
LISTA DE APÊNDICES
APÊNDICE A - Tabela resumo da análise de variância do número de frutos por
planta (NFP), massa média de frutos (MMF), produtividade
(PROD) de maracujazeiro amarelo .................................................. 40
APÊNDICE B - Tabela resumo da análise de variância da acidez total titulável
(ATT), sólidos solúveis totais (SST), ratio (SST/ATT) de frutos de
maracujazeiro amarelo ..................................................................... 40
10
LISTA DE ANEXO
ANEXO A -
Inseticidas registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento para o controle de pragas do maracujazeiro – 2014
.......................................................................................................... 42
11
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................12
2 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................... 14
2.1 CULTURA DO MARACUJAZEIRO AMARELO ................................................ 14
2.2 ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS ................................................................. 15
2.3 FATORES FITOSSANITÁRIOS ........................................................................ 16
2.3.1 Broca-da-haste ............................................................................................... 17
2.4 MEDIDAS DE CONTROLE ............................................................................... 18
2.4.1 Controle químico ............................................................................................ 19
2.4.2 Controle cultural ............................................................................................. 20
2.4.3 Enxertia de recuperação ................................................................................ 21
3 MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................... 22
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................... 26
5 CONCLUSÕES .................................................................................................... 32
REFERÊNCIAS...................................................................................................... 33
APÊNDICES........................................................................................................... 39
ANEXOS ................................................................................................................. 41
12
1 INTRODUÇÃO
O maracujazeiro está entre as principais frutíferas em expansão comercial no
Brasil. O país é o maior produtor mundial, com produtividade média de 13,4 t ha-1
(IBGE, 2013a), porém a produção não supre as demandas internas do mercado
consumidor e está aquém do potencial da cultura.
O cultivo é realizado, na sua maioria, em pequenas propriedades de
agricultores familiares, com pouco uso de insumos externo principalmente na
agricultura orgânica. Considerando o potencial da espécie de até 50 t ha-1
(RONCATTO et al., 2011a), é necessário aumentar a produtividade para que se
reduza o custo de produção e maximize o lucro da atividade (ARAÚJO NETO et al.,
2008).
Entre os principais fatores que comprometem a produtividade da cultura estão
os problemas fitossanitários. Dentre estes, destacam-se os insetos por alterar a
capacidade fotossintética das plantas. A broca da haste do maracujazeiro (Philonis
passiflorae) é listada entre as principais pragas da cultura (BASTOS; MACHADO,
2013), sendo relacionada a prejuízos econômicos (ALBUQUERQUE, 2008) com
registro de redução de até 80% da produção (RIO DE JANEIRO, 2006?).
Esta praga reduz a produtividade do maracujazeiro por bloquear parcialmente
o transporte de seivas pelo caule, causando queda de folhas, murcha da planta,
seca dos ramos, redução do crescimento das hastes (EMBRAPA, 2006) e abertura
do caule para entrada de microorganismos causadores de doença (PICANÇO et al.,
2001). O ataque severo na haste principal pode ocasionar a morte da planta,
ampliando o prejuízo da cultura.
No Brasil, não há produtos químicos registrados e autorizados para o controle
da praga (MAPA, 2011), o que acarreta uso de produtos impróprios e gera
resistência da praga nas lavouras, além de resíduos de agrotóxicos em produtos
vegetais acima dos Limites Máximos de Resíduos (LMR) estabelecidos.
Apesar disso, alguns produtos organofosforados são recomendados por
pesquisadores, porém, devido à localização da larva na câmara pupal é difícil a ação
dos inseticidas. Ainda assim, a presença do inseto no pomar é perceptível apenas
após o dano no caule da planta, um controle químico ou com produtos alternativos
nesta fase impede apenas o aprofundamento do dano e a proliferação do inseto na
área, mas não recupera a planta atacada.
13
Técnicas de enxertia são utilizadas para as mais diversas finalidades. O uso
de enxertia de recuperação em plantas pode ser utilizado em plantas frutíferas e
ornamentais (CÉSAR, 1986; CRASWELLER, 2005), se constituindo em uma opção
para ligar o caule abaixo e acima do dano causado, revertendo o prejuízo causado.
No entanto, procedimentos de enxertia de recuperação da planta são lacunas da
literatura sobre a cultura do maracujazeiro.
O objetivo do trabalho foi avaliar o efeito de enxertia de reparação do caule de
maracujazeiro, simulando-se danos causados pela broca da haste com diferentes
níveis de obstruções do caule, na recuperação das plantas, produtividade da cultura
e qualidade dos frutos.
14
2 REVISÃO DE LITERATURA
Maracujazeiros são plantas pertencentes à ordem Malphigiales, família
Passifloraceae, gênero Passiflora. Já foram descritas aproximadamente 430
espécies de passiflora (SILVA et al., 2004), dentre estas, estima-se que 150 a 200
são originárias do Brasil, as quais apresentam características para serem utilizadas
em segmentos alimentícios, medicinais e ornamentais (CUNHA et al., 2002).
Os frutos são ricos em sais minerais e vitaminas, principalmente A e C, e
apresentam suco com aroma e sabor agradáveis, contemplando diversos mercados,
o que representa grande potencial de exportação (BORGES; LIMA, 2009).
Apesar da diversidade genética do gênero e potencialidades de uso de outras
espécies, três destacam-se por apresentar importância econômica, sendo elas:
maracujazeiro amarelo (Passiflora edulis Sims. F. flavicarpa Deg.), maracujazeiro
azedo (Passiflora edulis) e o maracujazeiro doce (Passiflora alata) (DIAS, et al.,
2007).
2.1 A CULTURA DO MARACUJAZEIRO AMARELO
O maracujazeiro amarelo (Passiflora edulis Sims. F. flavicarpa Deg.) é a
espécie mais cultivada no país (FREITAS et al., 2011) e no mundo, representando
95% da produção do gênero (SILVA et al., 2004). Conquistou esse patamar por ser
mais vigorosa e adaptada aos climas quentes, apresentar maiores frutos, com
massa entre 43 e 250 g, maior produtividade, maior acidez total e maior rendimento
em suco que outras espécies (EMBRAPA, 2006).
O maracujazeiro amarelo caracteriza-se como uma planta trepadeira sublenhosa, glabra, de caule cilíndrico e vigoroso (CUNHA et al., 2004), cujos frutos são
de formato globoso, do tipo baga, apresentando coloração verde, e adquirindo a cor
amarela quando maduro.
Por ter origem tropical, o maracujazeiro encontra na maioria das regiões
brasileiras condições excelentes para seu cultivo, durante praticamente todo o ano
(DIAS et al., 2007). De acordo com os mesmos autores, a cultura apresenta melhor
desenvolvimento em regiões com atitude até 900 m e temperaturas médias entre 25
a 30ºC.
15
É considerada uma frutífera relativamente precoce, iniciando a produção com
cerca de 6 a 9 meses após o plantio (COSTA et al., 2008). No Norte e Nordeste, em
razão da pequena variação do fotoperíodo e às temperaturas mais altas, o
florescimento é contínuo (BORGES; LIMA, 2009).
No Acre, o florescimento constante da planta está condicionado a
disponibilidade de água no solo, já que temperatura (24,5°C) e a luminosidade
(>11h/dia) são suficientes para a cultura, sendo o período de entressafra relacionado
a estiagem da região (ARAÚJO NETO et al., 2008).
O longo período de safra do maracujazeiro, que pode chegar a 12 meses,
permite um fluxo de renda equilibrado, que pode contribuir para elevar o padrão de
vida das pequenas propriedades rurais de exploração familiar (ARAÚJO et al.,
2005).
2.2 ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS
O Brasil é o maior produtor mundial de maracujá, originário das regiões
tropicais, apresenta condições excelentes para o seu cultivo com uma produção
de 776.097 toneladas. Gerando receita anual de aproximadamente R$ 858 milhões
(IBGE, 2013a).
A cultura do maracujá vem se destacando na fruticultura tropical por oferecer
rápido retorno econômico entre as frutas, e uma receita bem distribuída na maioria
dos meses do ano (MELETTI et al., 2010). A agricultura familiar encontrou no
maracujá uma opção técnica e economicamente viável, sendo responsável pela
expansão dos pomares comerciais com fixação da mão de obra rural (3 a 4
empregos diretos e ocupa 7 a 8 pessoas) (MELETTI, 2011).
O cultivo é realizado, predominantemente em pequenos pomares, em
média de 1,0 a 4,0 hectares (BORGES; LIMA, 2009), por agricultores familiares,
com pouco uso de insumos externo, principalmente na agricultura orgânica,
constituindo-se numa alternativa elevação de renda.
Além da sustentabilidade ambiental, a agricultura orgânica abrange também
as dimensões sociais e econômicas da sustentabilidade. Esse intuito implica a busca
por menores custos de produção (SOUZA, 2005), maior geração de emprego e
diminuição das externalidades negativas, excluídos do cálculo econômico na
atividade produtiva (CAVALCANTI, 2004), entendidas como os custos da
16
degradação ambiental e a contaminação humana por uso de agrotóxicos e alimentos
contaminados (ARAÚJO NETO et al., 2008).
O Acre produz 827 toneladas de maracujá em 104 ha de área cultivada
(IBGE, 2013b), resultando baixa produtividade (7,9 t ha-1) da cultura, inclusive em
sistema orgânico (5,03 t ha-1) (ARAÚJO NETO et al., 2009). Porém, Araújo Neto et
al. (2014) em estudo com cultivos consorciados colheram 21,67 t ha-1 do fruto.
Enquanto o Brasil apresenta produtividade de 13,4 t ha-1 (IBGE, 2013a).
A cultura tem potencial para produzir 30 a 50 t ha -1 de frutos em sistema
convencional (MELETTI et al., 2011; RONCATTO et al., 2011a). Estudo realizado
por Araújo Neto et al (2008), admite que os índices de rentabilidade obtidos com a
produção orgânica de maracujá aliado ao potencial produtivo da cultura, torna a
frutífera uma boa opção de plantio pela agricultura familiar ecológica do Acre.
No estado, o cultivo do maracujá é feito com baixo uso de insumos externo
principalmente na agricultura orgânica, que tem custo total médio desta fruta
variando entre R$ 0,64 kg a R$ 1,38 kg, sendo necessário aumentar a produtividade
para que se reduza o custo unitário e maximize o lucro da atividade (ARAÚJO NETO
et al., 2008), além de melhorar a qualidade dos frutos (FARIAS et al., 2007).
Neste sentido, o incentivo desta cultura poderia contribuir para o
desenvolvimento regional, tanto pela geração de emprego e renda no campo, quanto
pela característica fundiária em que predominam pequenas propriedades de
agricultores familiares (PIMENTEL et al., 2009).
2.3 FATORES FITOSSANITÁRIOS
Apesar do título de maior produtor mundial, a produtividade média brasileira é
considerada bem inferior ao potencial da cultura, e seu estabelecimento e expansão
têm sido prejudicados por uma série de problemas.
Entre os principais fatores que comprometem a produtividade dos plantios
estão os problemas fitossanitários, que causaram sérios prejuízos e até mesmo
inviabilizaram o cultivo de algumas variedades (BASTOS; MACHADO, 2013), dos
quais destacam-se as pragas por alterar a capacidade fotossintética das plantas e
causar efeitos na redução da produção. Diretamente, há destruição dos tecidos
vegetais (folhas, ramos, botões florais, flores e frutos) e desvalorização do produto;
17
no efeito indireto ocorre a transmissão de doenças (SILVA, 2012) e ferimento como
porta de entrada para patógenos (PICANÇO et al., 2001).
Dentre as principais pragas do maracujazeiro, são listadas as lagartas (Dione
juno juno, Agraulis vanillae vanillae), percevejos (Diactor bilineatus, Holhymenia
clavigera, Leptoglossus gonagra), broca-da-haste (Philonis passiflorae, P. obesus),
mosca-das-frutas (Anastrepha spp., Ceratitis
capitata), mosca-do-botão-floral
(Protearomyia sp., Neosiba pendula, Diasops sp.) e ácaro plano (Brevipalpus
phoenicis) (COSTA, et al., 2008; EMBRAPA, 2006; LUNZ et al., 2006; SILVA, 2012).
O prejuízo econômico promovido por esses insetos-praga pode variar de
acordo com a região, época do ano (condições climáticas) e manejo da cultura. No
Acre, a broca da haste foi observada broqueando a haste principal de 48,77% das
plantas cultivadas em sistema orgânico (LUSTOSA, 2013). Porém, ainda não há
muitos registros relatando a frequência de ataque de P. passiflorae no Estado.
Entretanto, é preocupante o potencial de destruição desta praga, que em
virtude da severidade dos danos causados à agricultura e do prejuízo econômico
aos produtores, já é considerada praga prioritária da cultura no Estado do Rio de
Janeiro (RIO DE JANEIRO, 2006).
2.3.1 Broca-da-haste
A broca da haste do maracujazeiro (Philonis passiflorae) pertence a ordem
Coleoptera,
família Curculionidae. O inseto foi descrito com exemplares
provenientes de plantas de maracujazeiro situados em municípios da Bahia, sendo
considerado como séria praga da cultura no Estado (O´BRIEN, 1984).
O inseto adulto mede de 7 a 8 mm de comprimento com cabeça e protórax
marrons e élitros esbranquiçados ou amarelados, com duas faixas de coloração
marrom que se cruzam (GALLO et al., 2002).
O ataque é ocasionado pelas fêmeas que perfuram e ovipositam no interior
das hastes, nas quais nascem as larvas que ao alimentarem-se broqueiam o
vegetal, abrindo galerias longitudinais (EMBRAPA, 2006). De acordo com Santos e
Costa (1983)(1) e Boaretto et al. (1994)(2) (citado por AGUIAR-MENEZES et al., 2002),
____________
1
SANTOS, Z. F. A. F.; COSTA, J. M. Pragas da Cultura do Maracujá no Estado da Bahia. EPABA,
Salvador, 10 pp. 1983. (Circular Técnica 4)
2
BOARETTO, M. A. C.; BRANDÃO, A. L. S.; SÃO JOSÉ, A. R. Pragas do maracujazeiro. In: SÃO
JOSÉ, A. R. (ed.). Maracujá, Produção e Mercado. DFZ/ UESB; Vitória da Conquista, p. 99–107. 1994.
18
as fêmeas depositam os ovos em caules novos ou velhos, ocorrendo a eclosão de
larvas brancas e apodas em 8 a 9 dias. O estágio de larva dura 53 a 64 dias, quando
a larva no último instar apresenta 8 mm de comprimento, soma-se a este tempo o
período pupal de 14 a 35 dias (COSTA et al., (1979)3, citado por AGUIARMENEZES, et al., 2002). Todos os estágios de desenvolvimento da espécie ocorrem
dentro da haste. No fim do estagio larval, se alojam nos tecidos internos do ramo e
se estabelecem em câmaras pupais. No local ocorre hipertrofia do tecido, que dá
origem a dilatações (PICANÇO et al., 2001), considerada principal característica
para a identificação da presença dos insetos na planta. Próximo ao engrossamento
da haste observa-se a presença de orifícios laterais, através dos quais são lançadas
fezes e serragens (FADINI; SANTA-CECÍLIA, 2000).
A presença da praga reduz a produtividade do maracujazeiro por bloquear o
caule, interrompendo parcialmente a circulação de seiva, causando queda de folhas,
murcha da planta, seca dos ramos, redução do crescimento das hastes (EMBRAPA,
2006), redução da massa e do número de fruto (FADINI; SANTA-CECÍLIA, 2000),
além de provocar ferimentos que funcionam como porta de entrada de
microorganismos causadores de doença (PICANÇO et al., 2001).
Quando a infestação dos insetos ocorre em ramos primários ou secundários,
o atraso do desenvolvimento da planta é acentuado, gerando prejuízos na produção
agrícola. Isto porque, o ataque severo na haste principal onde aparecem como
dilatações nos ramos, muitas vezes, se partem longitudinalmente (EMBRAPA,
2006), ocasionando a morte da planta, ampliando o prejuízo da cultura. Como o
exemplo vivido por produtores do município Francisco do Itabapoana, maior produtor
do Estado do Rio de Janeiro, cujo registro indica redução de 80% da safra (RIO DE
JANEIRO, 2006?).
2.4 MEDIDAS DE CONTROLE
O manejo de população de pragas do maracujazeiro têm o objetivo otimizar
economicamente a operação de controle. Para que seja justificado a adoção de
medidas de controle, a densidade populacional da pragas deve ser capaz de causar
perdas econômicas maiores que o custo de controle (GALLO et al., 2002).
____________________
3
COSTA, J. M.; CORREA, J. S., SANTOS, Z. F. A. F.; FERRAZ, M. C. V. D. Estudos da Broca do
Maracujazeiro na Bahia e Meios de Controle. EPABA, Salvador, Comunicado Técnico 37, 10 p. 1979.
19
A adoção de procedimentos, como: evitar a aplicação preventiva de
inseticidas, com base em datas préfixadas; monitorar e identificar pragas na lavoura;
considerar fatores como as condições ambientais, a fenologia da planta, densidade
de inimigos naturais, custo de controle e o estádio de desenvolvimento da praga na
tomada de decisão de controle; utilizar produtos fitossanitários registrados para a
cultura; evitar a entrada da praga por material contaminado ou tráfego de pessoas e
veículos; minimizam riscos de contaminação para o agricultor, inimigos naturais da
praga, meio ambiente e o consumidor final (FADINI; SANTA-CECÍLIA, 2000).
A utilização de agrotóxico é uma prática muito comum na agricultura para o
controle de pragas, doenças e planas daninhas, porém deve se levar em
consideração um manejo integrado de práticas de controle, visando reduzir a
aplicação de inseticidas.
Quando houver necessidade de se lançar mão de produtos químicos, estes
devem ser adequados à cultura, levando-se em conta, para a sua escolha, a
preservação dos inimigos naturais de pragas, dos insetos polinizadores e o período
de carência do produto (COSTA et al., 2008).
2.4.1 Controle químico
No Brasil, não há produtos químicos registrados e autorizados para o controle
da praga (MAPA, 2011). Apesar disso, Picanço et al. (2001), recomenda aplicação
de organofosforados (Monocrotophos e Fenthion 500), agrotóxicos de classe
toxicológica II, para o controle desta praga.
No entanto, em 2006, o monocrotofós foi proibido através do Ofício nº
008/06/GENAV de 06 de fevereiro, que estabeleceu data de 15 de março do mesmo
ano, como limite para comercialização de agrotóxicos a base de Monocrotofós,
sendo proibido a partir desta data. Além do que, apesar de ser autorizado o uso da
fentiona na agricultura, é inexistente o registro de produtos formulados com esse
princípio ativo no país (MAPA, 2011).
De acordo com a Embrapa (2006), pode ser utilizado o fosfeto de alumínio
(em pasta) ou outro inseticida, na haste principal, visando recuperar a planta e evitar
o replantio. Entretanto, segundo os mesmos autores, a operação não é viável para
praga já estabelecida na planta por muito tempo. Pode-se pincelar a haste principal
20
com inseticidas (ação de contado ou profundidade), objetivando restringir a
disseminação do inseto para outras áreas. Porém, esse agrotóxico não é autorizado
para a cultura (MAPA, 2011).
Percebe-se que as recomendações não estão amparadas por normas e
critérios de segurança que estabeleçam o modo de uso para o controle do inseto e o
período de carência para o consumo de frutos provenientes de lavouras tratadas.
Desta forma, uso indiscriminado destes produtos pode contribuir para gerar
resistência da praga nas lavouras, além de proporcionar acúmulo de resíduos de
agrotóxicos acima dos Limites Máximos de Resíduos (LMR) estabelecidos em
produtos vegetais para ingestão diária por consumidores.
Na agricultura orgânica, o controle direto de pragas é feito com inseticidas
naturais (óleos e extratos de plantas inseticidas, caldas e biofertilizantes) (BRASIL,
2009; SOUZA; RESENDE, 2006). Extratos de nim (Azadirachta indica) são
frequentemente utilizados para controlar pragas do maracujazeiro, que de acordo
com Martinez (2008), possuem ação repelente, anti-alimentar, reguladora de
crescimento e inseticida, atuando no hormônio da ecdise, perturba essa
transformação e, em altas concentrações pode impedi-la, causando a morte da larva
ou da pupa. Além disso, reduz o consumo de alimento, retarda o desenvolvimento,
repele os adultos e reduz a postura nas áreas tratadas.
De qualquer maneira, tanto na agricultura orgânica quanto na convencional, a
presença do inseto no pomar é perceptível apenas após efetivação do dano no caule
da planta, um controle químico ou com produtos alternativos nesta fase impede o
aprofundamento do dano e a proliferação do inseto na área, mas não recupera a
planta atacada.
2.4.2 Controle cultural
De forma geral, práticas culturais para o controle de pragas baseiam-se no
conheciementos ecológico e biológico das espécies. Entre os mais comuns estão:
rotação de culturas; aração do solo;
época de plantio e colheita; destruição de
restos culturais; poda; adubação e irrigação; e sistemas de cultivos (GALLO et al.,
2002).
21
Como controle cultural da broca da haste do maracujazeiro, é indicada a
vistoria do pomar frequentemente para identificar danos e, assim, realizar poda e
destruição dos ramos laterais com engrossamento típico do ataque da praga
(EMBRAPA, 2006), com a retirada da área e queima desse material (COSTA et al.,
2008). Esta medida se torna drástica quando o ataque da larva do coleóptero é na
haste principal, visto que a planta deverá ser eliminada do pomar, diminuindo o
stand de plantas e consequentemente a produção da área.
Com o intuito de reverter a situação, tecnologias devem ser aproveitadas e
testadas na cultura visando alcançar a longevidade do plantio, e continuidade de
produção.
2.4.3 Enxertia de recuperação
Na fruticultura, em virtude das vantagens advindas da enxertia, a maioria das
espécies de interesse comercial são trabalhadas com plantas enxertadas (RIBEIRO
et al., 2005). As diversas técnicas de enxertias são empregadas de acordo com o
objetivo a ser alcançado e afinidade da cultura.
Na passicultura, estudiosos frequentemente empregam garfagem tipo fenda
cheia (CAVICHIOL et al., 2011; NASSER, et al., 2011; SILVA et al., 2011;
RONCATTO et al., 2011) e inglês simples (SANTOS et al., 2011).
O uso da enxertia no maracujazeiro é uma técnica descrita por diversos
autores para conferir resistência as plantas contra doenças, induzir a precocidade de
produção, aumento de produtividade, resistência a fatores climáticos, aumentar o
interesse comercial, aumento da longevidade da cultura, substituição de copas
improdutivas por novas (CAVICHIOLI et al., 2011; CRAWELLER, 2005; SILVA,
2011, CÉSAR, 1986).
Além dessas finalidades, a enxertia pode ser usada para reparar as
adversidades causadas por doenças de raizes e danos em caules de plantas já
estabelecidas em campo (MUDGE et al., 2009). Fatores externos muitas vezes
fazem com que parte da casca seja removida ou separada de uma parte (ou a
totalidade) do tronco, quando a lesão é notada cedo, enxerto tipo ponte pode ser
usada para salvar a árvore (CRASWELLER, 2005).
A enxertia de recuperação pode ser utilizada em plantas frutíferas e
ornamentais (CÉSAR, 1986), se constituindo em uma opção para ligar o caule
abaixo e acima do dano causado, e assim manter a planta viva.
22
3 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no Sítio Ecológico Seridó, em Rio Branco,
capital do Estado do Acre, situado na latitude de 9º 53’ 16’’ S e longitude de 67º 49’
11’’ W, a uma altitude de 150 m, no período de novembro de 2012 a março de 2014.
O local é de topografia suavemente ondulada, com solo ARGISSOLO
AMARELO Alítico Plíntico (EMBRAPA, 2013), sem erosão aparente, de drenagem
moderada. O resultado da análise química da camada de 0-20 cm de profundidade do
solo é: pH (H2O)= 5,1; P= 2 mg dm-3; K= 1,8 mmolc dm-3; Ca= 19 mmolc dm-3; Mg= 9
mmolc dm-3; Al= 8 e H= 64 mmolc dm-3; matéria orgânica= 17 g dm-3; saturação de
bases= 29%; Fe= 530 mg dm-3; Cu= 1,6 mg dm-3; Mn= 99 mg dm-3; Zn= 2,6 mg dm-3
e B= 0,17 mg dm-3.
O delineamento experimental foi blocos casualizados, com 4 repetições e
quatro plantas por parcela. Os tratamentos constituíram-se de cincos níveis de
obstrução no caule, realizados com a perfuração de 0, 20, 40, 60 e 80% do diâmetro
da haste principal.
Para a produção das mudas, foram utilizadas sementes de P. edulis f.
flavicarpa (maracujá amarelo), genótipo nº 02 da Universidade Federal do Acre
(UFAC), provenientes de plantas meio irmãs para manter a uniformidade genética
entre elas e plantadas em área adjacente à de plantas compatíveis para garantir a
polinização e a fertilização do óvulo. O material foi semeado no dia 15 de setembro
de 2012, utilizando-se sacos plásticos de polietileno preto com dimensões de 17,5 cm
de comprimento por 7 cm de diâmetro, contendo substrato constituído de composto,
casca de arroz e de terra, na proporção 1:1:1, acrescidos de 10% de fino de carvão,
1 kg m-3 calcário e 1,5 kg m-3 termofosfato.
O sistema de condução da cultura foi espaldeira com um fio de arame liso,
fixo em mourões de 2,0 m de altura, espaçados de 5 metros. O espaçamento da
cultura foi de 1,5 metros entre plantas por 3,0 metros entre linhas. O espaçamento
reduzido na linha foi mantido para verificar a sobrevivência das plantas e a primeira
safra, manejo que de acordo Araújo Neto et al. (2005) não interfere na produtividade
da cultura.
O plantio das mudas foi realizado no dia 15 de novembro de 2012, no sistema
de plantio direto, controlando-se as ervas espontâneas com uso de roçadeira. Antes
23
do plantio, foram realizadas calagem e adubação em cova com 500 g de calcário
dolomítico e 200 g de termofosfato. Todos os insumos e práticas utilizadas estão de
acordo com à Instrução Normativa nº. 46, de 06 de outubro de 2011, que
regulamenta a produção orgânica vegetal e animal no Brasil.
No dia 06 de julho de 2013, aos 231 dias após o plantio (DAP), quando as
plantas atingiram em média 7,3 mm ± 1,2 mm de diâmetro do caule à 1,50 m de
altura, foi causado dano mecânico de 20%, 40%, 60% ou 80% do diâmetro do
caule, com auxílio de furadeira elétrica e brocas para madeira, com diametros
proporcionais aos tratamentos. Após o dano, realizou-se o enxerto com um ramo por
planta (Figura 1A). A técnica utilizada foi enxertia tipo ponte (CÉSAR, 1986;
CRASWELLER, 2005), na qual a parte superior ao dano é ligada a inferior por uma
haste
herbácea,
utilizando-se
material
vegetativo
da
própria
espécie.
O
procedimento foi feito introduzindo-se a haste, com extremidades em bisel, sob duas
incisões opostas na casca da planta, situadas na região superior e inferior ao dano
(Figura 1B). Em seguida, amarrou-se firmemente o enxerto com fitas plásticas
(Figura 2A), as quais foram retiradas apenas após 30 dias para impedir o
desprendimento do enxerto.
A
B
nnnFigura 1 - Planta com dano mecânico na haste principal e enxerto tipo ponte (A)
e haste em bisele incisão no caule (B).
24
A
Figura 2. Amarrio do enxerto com fita plástica nas duas extremidades da haste.
As variáveis analisadas foram: o índice de pegamento do enxerto,
sobrevivência da planta sob-enxerto e sub-enxerto, produtividade de frutos, número
de frutos por planta, massa média do fruto, e também as características químicas
dos frutos, sólidos solúveis totais, acidez total titulável e ratio.
O índice de pegamento do enxerto foi verificado aos 35 dias após a enxertia,
observando a cicatrização e o estado fisiológico do enxerto, que deve permanecer
verde para caracterizar o pegamento.
O índice de sobrevivência da planta sob-enxerto foi verificado 60 dias após a
enxertia e determinado pela divisão entre o número de plantas viva e o número de
plantas mortas no início da primeira safra. Igualmente foi feito para determinar a
sobrevivência da parte sub-enxerto.
A produtividade do maracujá foi avaliada pela multiplicação da massa dos
frutos por planta, pelo número de plantas distribuídas em um hectare e os valores
expressos em kg ha-¹. A safra iniciou em 06 de setembro de 2013 e foi avaliada até
29 de março de 2014, momento em que houve infestação da broca da haste
interferindo no efeito dos tratamentos.
25
A massa média dos frutos foi determinada dividindo-se a produção de frutos
pelo número de frutos colhidos em cada parcela. Realizaram-se avaliações
semanais para esta variável, no período de setembro de 2013 a março de 2014,
colhendo-se os frutos diretamente na planta e caídos no solo, excluindo-se apenas
os com podridão. O pico de produção ocorreu nos meses de outubro, novembro e
dezembro.
Em relação à qualidade química dos frutos, analisou-se 10 (dez) frutos por
parcela, colhidos no dia da análise. Para determinação dos teores de sólidos
solúveis totais (SST), foi realizada a leitura direta de gotas de suco em refratômetro
digital com controle automático de temperatura, com precisão de 0,10, e os
resultados expressos em ºBrix. A acidez total titulável (ATT) foi determinada por
titulação de 1mL de suco diluído em 49 mL de água destilada com solução de 0,1 N
de NaOH, expressa em porcentagem de ácido cítrico, conforme metodologia
descrita pela Association of Official Agricultural Chemists - AOAC (2012).
A análise estatística dos dados iniciou-se com a verificação da presença de
outliers pelo teste de Grubbs (1969), a normalidade dos erros pelo teste de ShapiroWilk (1965) e a homogeneidade de variância pelo teste de Bartlett (1937). Após a
verificação dos pressupostos, realizou-se análise de variância pelo teste F, e
comparação de médias pelo teste de Tukey (1949). As variáveis que não atenderam
os pressupostos para estatística paramétrica, foram submetidas à estatística não
paramétrica pelo teste de Friedman (1937). Para avaliar a comparação das médias
das variáveis com valores de referência obtidos em outros trabalhos, utilizou-se o
teste t de Student (1908).
26
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Não houve diferença significativa entre os tratamentos para o índice de
pegamento do enxerto que variou de 81,3% em plantas com 40% de dano a 95,8%
naquelas com 20% de dano (Tabela 1), indicando que a espécie se adapta bem a
técnica de enxertia de restauração tipo ponte, com cicatrização do enxerto (Figura 3B).
A
B
Figura 3 – Planta enxertada (A) e pegamento do enxerto (B).
Um dos fatores que favoreceu o pegamento e cicatrização foi a utilização de
material vegetativo da mesma espécie, que segundo Cavichioli et al. (2011) e Silva
et al. (2011), proporciona maior compatibilidade entre enxerto e porta-enxerto.
Estudos sobre tipos de enxertia e porta enxertos confirmam que o gênero passiflora
apresenta boa aceitação de técnicas de enxertia, inclusive as interespecíficas, com
resultados de pegamento superior a 70% (RONCATTO et al., 2011a); superior a 50
até 98% (SANTOS et al., 2011). Roncatto et al., (2011c), estudando combinações
de copa-porta enxertos, encontrou pegamento inferior a 50% para algumas
combinações e valores acima de 87% para a mesma espécie.
No processo de enxertia, geralmente os biontes mais jovens possibilitam
maior índice de pegamento, devido à atividade celular mais intensa, que facilita o
27
processo da cicatrização (FACHINELLO et al., 2005). Enquanto enxertos em plantas
adultas apresentam maior dificuldade de soldadura dos tecidos, devido a
isoporização (RONCATTO et al., 2011b; RONCATTO et al., 2011c) e também a
maior presença de lignina. Esses motivos podem ter contribuído para o não
pegamento de 100% dos enxertos.
Além disso, outros fatores que podem ter influenciado no pegamento do
enxerto estão relacionado ao manejo do material selecionado para servir de ponte,
que pode ter desidratado devido à alta luminosidade durante a enxertia em campo; e
a posição do enxerto, que para ocorrer à união, é extremamente necessário que se
mantenha o enxerto na posição normal para não comprometer o fluxo de
substâncias entre os biontes, já que na técnica é usado um fragmento do ramo com
xilema e floema formados.
Tabela 1 - Índice de pegamento de enxerto, taxas de sobrevivência da planta sobre
a enxertia e daárea de subenxertia de maracujazeiro amarelo, 30 e 60
dias após a enxertia tipo ponte, em resposta aos cinco níveis de
dano,com quatro blocos e quatro repetições, avaliados no Sítio Ecológico
Seridó, em Rio Branco, Acre, 2013
Tratamento
(dano)
Sem dano
20%
40%
60%
80%
Índice de pegamento
do enxerto (%)
Não enxertado
95,8 a(1)
81,3 a
93,8 a
82,5 a
Sobrevivência da planta
sobre enxertia (%)
100,0 a
100,0 a
87,5 b
100,0 a
76,3 b
Sobrevivência da
planta subenxertia (%)
100,0a
100,0a
93,8 a
100,0a
82,5 a
(1)
Médias seguidas de letras distintas, na coluna, diferem entre si, pelo teste de Friedman a 5% de
probabilidade.
A menor taxa de sobrevivência da planta sobre a enxertia foi verificada nas
plantas que sofreram 80% de dano, sendo atribuída a maior área lesionada do
caule, em que o intervalo de tempo para o pegamento do enxerto, provavelmente, foi
longo para manter o fluxo de água e nutrientes por toda a planta, provocando a
morte da parte vegetal superior ao dano. Fato explicado pela taxa de sobrevivência
da planta na região subenxertiater sido superior à da região sobre enxertia e não
diferindo estatisticamente dos demais tratamentos.
28
Igualmente, as plantas com 40% de dano tiveram taxa de sobrevivência
inferior aos demais tratamentos, podendo este fato ser atribuída ao estande de
plantas no experimento, onde a morte de poucos exemplares torna-se significativo.
Tal fundamento é amparado pela sobrevivência de 100% das plantas com 60% de
dano.
Apesar da menor taxa de sobrevivência em plantas com 80% do caule
danificado, em condições naturais a lesão ocasionada pela broca da haste evolui
gradativamente, não sendo capaz de romper o caule de imediato, permitindo que
após a identificação dos danos da praga realize-se o controle químico para
agricultura convencional ou uso de inseticidas naturais em cultivos orgânicos, antes
da enxertia de restauração, evitando a ampliaçãodo dano na planta.
Independente do nível de dano, não houve efeito significativo na
produtividade, massa media do fruto e número de fruto por planta (Tabela 2). Com
isso, a enxertia de restauração permite que plantas danificadas, mesmo aquelas
com 80%, mantenham produtividades iguais as de plantas sadias, mantendo a
planta adulta produtiva, descartando a necessidade de eliminação da planta e
recomposição de um novo pomar.
Tabela 2 – Produtividade (PROD), número de frutos por planta (NFP), massa média
de frutos (MMF) de maracujá amarelo em resposta aos cinco níveis de
dano, com quatro blocos e quatro plantas, avaliados de setembro/13 a
março/14 no Sítio Ecológico Seridó, em Rio Branco, Acre, 2014(1)
Tratamento
(dano)
Sem dano
20%
40%
60%
80%
Teste F
CV (%)
PROD
(kg ha-1)
6689,1
10348,5
7704,5
7623,0
5777,3
ns
27,9
NFP
27,1
37,7
29,0
29,1
20,8
ns
32,7
MMF
(g)
117,7
122,2
126,5
121,8
123,6
ns
9,9
(1)
Análise de variância no APÊNDICE A
ns – não significativo ao nível de 5% pelo teste F.
Mesmo com as injurias mecânicas, a produtividade média da cultura no
experimento foi de 8,9 t ha-1 em seis meses de avaliação, superior a média do
Estado do Acre de 7,9 t ha-1 (IBGE, 2013b) e a produtividade encontrada por Araújo
29
Neto et al. (2009) de 5,0 t ha-1em sistema orgânico de produção nas condições do
Estado do Acre, ambos considerando safra completa (10 meses). Dados de
produtividade nesse sistema de cultivo são escassos, e sempre inferiores aos
valores médios do Brasil (13,4 t ha-1) e potencial produtivo da cultura (45 t ha-1),
exceto quando em policultivo (ARAÚJO NETO et al., 2014).
A ausência de efeito da enxertia de ponte no maracujá sobre a produtividade
ocorreu pela recuperação das plantas, pois o número de frutos por planta e a massa
média também não foram afetados e não afetaram a produtividade, confirmando que
translocação de seiva e realização de fotossíntese permaneceram equivalentes
entre os tratamentos e a testemunha.
A massa média de fruto variou de 117,7 a 126,5 g, próximo da média braseira
que é de 120 g (AGRINUAL, 2012). Essa característica varia com sistema de manejo
de produção e genética do maracujazeiro. De acordo com Maia et al. (2009), em
estudo com 14 genótipos, a massa média dos frutos variou entre 105 e 192 g em
sistema convencional de produção. Inferior ao resultado encontrado por Cavichioli et
al. (2011), de 218 g em pé franco, e enxertados sobre diferentes porta enxertos com
massa superior a 199 g.
Krause et al. (2012), avaliando cultivares comerciais,
colheram frutos com massa variando de 132,5 g a 274,3 g.
Negreiros et al. (2008), estudando progênies de maracujazeiro no Acre,
encontraram variabilidade genética dos acessos para a massa do fruto, que
variaram de 92,02 g a 179,65 g, com média de 124,72 g.
Os frutos maiores e mais pesados são destinados ao mercado in natura
(MELETTI, 2011), por apresentar melhor valor comercial. Enquanto aqueles
menores podem ser utilizados no mercado de processamento de frutos, no qual as
dimensões dos frutos são irrelevantes.
O coeficiente de variação experimental (CV) variou de 6,8 a 32,7% (Tabela 1).
Essas estimativas estão de acordo com as obtidas por Maia et al. (2009) em
experimentos com avaliação de desempenho agronômico de maracujazeiros
azedos, em que foram observadas estimativas de 2,9 a 37,9%. No entanto,
Cavichioli et al. (2011), ao estudar maracujazeiros enxertados sobre três espécies
de passiflora, observaram CV acima de 100% para número de frutos e
produtividade.
30
O número de frutos por plantas, entre 20,8 e 37,7, é semelhante (p<0,05) aos
27 frutos por planta observados em trabalhos com progênies de meios‑irmãos de
maracujazeiro amarelo (GONÇALVES et al., 2009) e inferior (p<0,05) aos resultados
encontrados por Maia et al. (2009) de 50,3 a 128,5 para todas as progênies
estudadas, exceto uma que apresentou 30,3 frutos por planta, em sistema
convencional.
Os teores de sólidos solúveis totais, acidez total titulável e ratio dos frutos não
diferiram entre os tratamentos (Tabela 3). Cavichioli et al. (2011) também não
verificaram diferenças significativas nos teores de SST e ATT dos frutos
provenientes de maracujazeiros amarelo em diferentes porta-enxertos.
Tabela 3 - Sólidos solúveis totais (SST), acidez total titulável (ATT), ratio (SST/ATT)
de maracujá amarelo em resposta aos cinco níveis de dano, com quatro
blocos e quatro repetições, avaliados de janeiro a março no Sítio
Ecológico Seridó, em Rio Branco, Acre, 2014(1)
Tratamento
Sólido Solúveis
Totais (SST)
Acidez Total
Titulável (ATT)
Ratio
(SST/ATT)
Sem dano
20%
40%
60%
80%
Teste F
CV (%)
15,3
15,3
15,1
15,6
14,9
ns
6,8
4,7
4,3
4,8
4,6
5,0
ns
12,8
3,3
3,6
3,2
3,4
3,0
ns
17,9
(1)
Análise de variância no APÊNDICE A
ns – não significativo, ao nível de 5% pelo teste F.
O teor de sólidos solúveis totais é parâmetro utilizado como referência para
qualidade dos frutos destinados à industrialização de polpa, devendo possuir teores
de sólidos solúveis superiores a 11ºBrix (BRASIL, 2000). O teor de sólidos solúveis
totais variou de 14,92 a 15,63, resultado superior (p<0,05) ao encontrado por
Janzantti et al. (2012) em sistema orgânico de cultivo (13,43) e convencional (14,71),
e próximos aos encontrados por Freitas et al. (2011), que variaram de 14,62 a
15,40, nos
acessos superior de maracujazeiros. Em estudos com plantas
31
enxertadas sobre diferentes espécies de maracujá, esses valores variaram de 12,23
a 13,41 (CAVICHIOLI et al., 2011), sendo inferiores (p<0,05) ao deste trabalho.
Qualquer que seja o destino do fruto, para indústria ou fruta fresca, o teor de
sólidos solúveis totais (SST) deve ser elevado. Assim, menor será a quantidade de
frutos utilizada para a concentração do suco industrializado (NEGREIROS et al.,
2008).
A amplitude dos dados de ATT variou de 4,3 a 5,0%, semelhante (p>0,05) ao
encontrado por Janzantti et al. (2012) de 4,3% em sistema orgânico e superior
(p<0,05) ao encontrado em sistema convencional de 3,8. Cavichioli et al. (2011), em
trabalho comparando tipos de enxertia, encontrou ATT de 3,9% em enxertia
convencional e 4,3 em enxertia hipocotiledonar, valor inferior (p<0,05) e igual
(p>0,05), respectivamente, aos encontrados nesse estudo. Esses valores superaram
a exigência da legislação brasileira que estabelece valor mínimo de 2,5% para polpa
(BRASIL, 2000) e 1,25% para suco não adoçado (BRASIL, 2003).
A acidez do fruto é uma característica importante, pois inibe o crescimento de
microrganismos e, conseqüentemente, confere maior tempo de conservação do
produto (NEGREIROS et al., 2008), além de diminuir a necessidade de adição de
acidificantes no suco. No entanto, para mercado in natura, são preferidos frutos mais
doces e menos ácidos (CAVICHIOLI et al., 2011).
O valor do ratio, resultado da relação entre o teor de açúcar e ácidos no fruto
(SST/ATT), expressa de forma práticas o sabor doce dos frutos. A acidez muito
elevada contribui para diminuir essa relação. O ratio encontrado variou de 3,0 a 3,6,
estando próximo (p>0,05) daqueles encontrados por Cavichioli et al. (2011) que
variaram de 2,8 a 3,5 e Janzantti et al. (2012) para cultivo orgânico (3,19) e
convencional (3,85).
Os parâmetros físico-químicos analisados (tabela 3) estão de acordo com a
legislação brasileira para a industrialização e consumo de polpa de maracujá
(BRASIL, 2000) e suco tropical (BRASIL, 2003), indicando que a enxertia não
prejudicou estas características dos frutos.
32
5 CONCLUSÕES
Plantas com 20%, 40%, 60% e 80% do diâmetro do caule danificados
apresentam mesmo índice de pegamento de enxertos tipo ponte e taxa de
sobrevivência da área de sub-enxertia. Mas, diferem quanto à sobrevivência da área
sob-enxertia, em que danos de 40% e 80% causam maior mortalidade da região.
A restauração do caule, com enxertia de ponte, permite que maracujazeiros
danificados mantenham produtividade, número de frutos por planta, massa média
dos frutos, sólidos solúveis totais, acidez total titulável e ratio iguais aos de plantas
sadias, independente do nível de dano sofrido.
33
REFERÊNCIAS
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39
APÊNDICES
40
APÊNDICE A – Análise de variância do número de frutos por planta (NFP), massa
média de frutos (MMF), produtividade (PROD) de maracujazeiro
amarelo, provenientes de experimento realizado em delineamento
de blocos casualizados com 5 tratamentos, e 4 blocos.
Fonte de variação
GL
Quadrados Médios
NFP
MMF
PROD
Blocos
3
479,23*
113,75ns
24166815,58*
Tratamentos
4
146,12ns
41,13ns
11713387,42ns
Resíduo
12
88,25
146,21ndn
4540773,53
Total
19
-
-
-
-
32,7
9,9
27,9
CV
* significativo ao nível de 5% de probabilidade (0,01 =< p <0,05)
ns
não significativo (p >= 0,05)
APÊNDICE B – Tabela resumo da análise de variância da acidez total titulável
(ATT), sólidos solúveis totais (SST), ratio (SST/ATT) de frutos de
maracujazeiro amarelo.
Fonte de variação
GL
Quadrados Médios
SST
ATT
Ratio
Blocos
3
0,89338ns
0,05809ns
0,09373ns
Tratamentos
4
0,27754ns
0,27661ns
0,22660ns
Resíduo
12
1,07626ns
0,36024ns
0,35251ns
Total
19
-
-
-
-
6,8
12,8
17,9
CV
ns
não significativo (p >= 0,05)
41
ANEXO
42
ANEXO A - Inseticidas registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para o controle de pragas do
maracujazeiro – 2014.
Nome técnico
Bacillus thurigiensis
Cloridrato de carpate
Clorfenapir
Imidacloprido
Fonte: Agrofit, 2014.
Carência
Classe
(dias)
toxicológica
100 g/100 L de água
-
IV
Dione juno juno
120 g/100 L de água
14
III
Pirate
Dione juno juno
30 a 50 mL/100 L de água
14
III
Provado 200 SC
Leptoglossus gonagra
30 a 50 ml/100 L água
7
III
Nome comercial
Indicação
Dose
Thuricide
Dione juno juno
Cartap BR 500,
Tiobel 500
Download