Fármacos que interferem na Hemostase 11 Nascimento A*, Lobo C**, Esteves J** * Interna Complementar de Anestesiologia do Hospital Egas Moniz - Lisboa ** Assistente Graduado de Imuno-Hemoterapia do Hospital Egas Moniz - Lisboa Resumo O manuseamento frequente dos fármacos que interferem na hemostase e a realização de procedimentos invasivos, anestésico-cirúrgicos, em doentes que estão sob esta terapêutica, exige precauções e a ponderação individualizada da decisão de suspender/manter estes fármacos versus técnica anestésica, já que as complicações, quando ocorrem, são em geral graves. O objectivo deste artigo, é o esclarecimento das particularidades destes fármacos, cujo conhecimento é fundamental, entre outros aspectos, na decisão do anestesista quanto a este assunto. Revista SPA ‘ vol. 16 ‘ nº 3 ‘ Junho 2007 Introdução 12 Os fármacos que interferem na hemostase, têm sido utilizados nos últimos tempos de uma forma crescente. O seu uso tem aumentado quer na profilaxia, quer no tratamento de inúmeras condições tromboembólicas. Também crescente, tem sido a utilização de técnicas de analgesia/anestesia locoregional. Levanta-se então a questão da segurança, quanto à abordagem de doentes que simultaneamente recebem fármacos que interferem na hemostase e que são submetidos a cirurgia sob anestesia do neuroeixo ou de nervos periféricos. As preocupações quanto a esta questão são amplificadas por três aspectos; primeiro, muitos destes fármacos têm efeito mínimo ou mesmo nulo, nos testes de coagulação de rotina (INR e aPTT), tornando a monitorização dos seus efeitos anticoagulantes complicada; segundo, muitos deles, não têm antídoto específico para rápida reversão do seu efeito; terceiro, o risco de ocorrência de complicações hemorrágicas/trombóticas torna imperiosa a ponderação individualizada da decisão de suspender/manter estes fármacos Vs técnica anestésica. Dada a ausência de estudos randomizados, duplamente cegos e controlados, o anestesista deve tomar as suas decisões com base no conhecimento das características de cada fármaco (mecanismo de acção, farmacocinética e possibilidade de reversão do seu efeito), nas recomendações publicadas; nos casos clínicos relatados; na sua experiência individual . De uma forma genérica, os fármacos que interferem com a hemostase podem ser classificados em antiagregantes, anticoagulantes e fibrinolíticos. 1) ANTIAGREGANTES PLAQUETÁRIOS São utilizados na profilaxia e tratamento da patologia trombótica arterial, nomeadamente doença coronária, cerebrovascular e arterial periférica. Podem produzir um aumento do tempo de hemorragia, que poderá ou não correlacionar-se com um aumento de perdas hemáticas, associadas a técnicas anestésicas e/ou cirúrgicas. O tempo de hemorragia é uma prova discutível, pouco especifica e nem sempre predictiva da função plaquetária in vivo. Podemos classificar os antiagregantes Revista SPA ‘ vol. 16 ‘ nº 3 ‘ Junho 2007 ANTIAGREGANTES PLAQUETÁRIOS I • Inibidores da síntese de tromboxano Inibidores da ciclooxigenase (COX) plaquetária • Fármacos que aumentam AMPcíclico Favorecem os mecanismos antiagregantes endógenos aumentando a concentração de AMPc intraplaquetário - Activadores da adenilciclase - Inibidores da fosfodiesterase • Fármacos que actuam sobre receptores plaquetários (ADP/GP IIb/IIIa) Antagonizam a acção dos indutores plasmáticos da agregação, bloqueando a activação dos receptores plaquetários. Quadro 1 - Classificação dos antiagregantes de acordo com o mecanismo de acção. plaquetários, de acordo com o seu mecanismo de acção principal em (quadro 1 e 2): 1.1) Fármacos que inibem a síntese do tromboxano (inibidores da cicloxigenase – COX) Dentro dos fármacos que inibem a síntese do tromboxano A2, tomam especial relevo os inibidores da cicloxigenase plaquetária. • 1.1a) ácido acetilsalicílico (aspirina) O ácido acetilsalicílico (aspirina), é um derivado sintético do ácido salicílico, com acção inibitória plaquetária, o que permite o seu uso na p reve n ç ã o e t r a t a m e n t o d e f e n ó m e n o s tromboembólicos. A sua acção antiplaquetária, devese à acetilação irreversível e inactivação da cicloxigenase plaquetária, reduzindo dessa forma a produção de tromboxano A2 (Tx A2). Inibe também a formação de prostaciclina pelas células endoteliais. A inibição enzimática das plaquetas prolonga-se durante toda a sua vida, 4 a 7 dias, dado que são células anucleadas, incapazes de síntese proteica. Após a suspensão do fármaco, a recuperação da actividade plaquetária começa a ser detectável às 72 horas, altura em que, geralmente, já existe um número suficiente de novas plaquetas (20%) para assegurar a hemostase. O metabolito da aspirina, ácido salicílico, tem algum efeito fibrinolítico, pela interacção com neutrófilos e monócitos, com libertação de enzimas proteolíticas. • 1.1b) Outros AINE ANTIAGREGANTES PLAQUETÁRIOS II A - Inibidores da síntese de tromboxano • Inibidores da ciclooxigenase Plaq. Ác. Acetilsalicilico (AAS) AINE’s Sulfipirazona Triflusal Ditazo • Inibidores do tromboxano-síntetase Ridogrel Picotamida B - Fármacos que aumentam AMPcíclico • Activadores da adenilciclase Prostaciclinas • Inibidores da fosfodiesterase Dipiridamol Metilxantinas C - Fármacos que actuam sobre receptores plaquetários (ADP/GP/ IIb/IIIa) • Inibidores da actividade plaquetária mediada por ADP Ticlopidina Clopidogrel • Inibidores dos receptores plaquetários GP IIb/ IIIa Abciximab Eptifibatide Tirofiban • Inibidores da adesão plaquetária 13 Quadro 2 - Mecanismo de acção dos antiagregantes: Fármacos. Inibem reversivelmente a cicloxigenase. São um grupo heterogéneo do ponto de vista químico, tendo em comum a sua acção antiagregante. Têm farmacocinéticas distintas, com efeito antiagregante e tempo de segurança diferentes. (quadro 3). As diferenças neste último item, podem permitir substituir fármacos com maior duração de acção, por outros, com idêntico efeito sobre as plaquetas, mas com semi-vida mais curta, o que poderá ser útil na decisão anestésica. Por exemplo, o Flurbiprofeno, com efeito antiagregante importante, que todavia apresenta uma semivida bastante mais curta que o AAS. 1.2) Fármacos que aumentam o AMP cíclico São fármacos que favorecem os mecanismos antiagregantes endógenos, aumentando a concentração do AMP cíclico. Como exemplo cita-se o Dipiridamol (inibidor da fosfodiesterase), com limitado interesse clínico na actualidade. (quadro 4) 1.3) Fármacos que actuam sobre receptores plaquetários (ADP/GPIIb/IIIa) • 1.3.a) Inibidores da actividade plaquetária mediada pelo ADP A ticlopidina e o clopidogrel são derivados das tienopiridinas, que inibem a agregação plaquetária ANTIAGREGANTES PLAQUETÁRIOS Fármacos que aumentam AMPcíclico (AMPc) • Níveis de AMPc intraplaquetário são regulados - Adenil-ciclase (ATP - AMPc) - Fosfodiesterases (AMPc - AMP) • O aumento do AMPcíclico intracitoplasmático acompanha-se de diminuição do Ca, que é transportado para o interior dos grânulos densos Inibição da função plaquetária Quadro 4 - Mecanismo de acção dos fármacos que aumentam o AMP ciclico. induzida pelo ADP ( bloqueio irreversivel do receptor plaquetário P2Y ). A ticlopidina requer biotransformação hepática; a actividade antiagregante máxima verifica-se entre o 3º e o 5º dia após a sua administração. O seu efeito inibitório é detectável vários dias após ser interrompida a sua administração e a recuperação funcional das plaquetas verifica-se com a renovação das plaquetas circulantes, sendo necessários 4 a 10 dias. Tem uma farmacocinética não linear, com clearence reduzida após doses repetidas. Um dos seus efeitos secundários, que deve ser monitorizado, é a neutropénia reversível. O clopidogrel, que assume hoje uma importância Revista SPA ‘ vol. 16 ‘ nº 3 ‘ Junho 2007 Fármaco • Aspirina • Tromalyt • Actipiril • Cartia • Toldex Derivados do Ácido Acetilsalicilico Oxicans Indolacético Pirrolacéticos Arilpropiónicos Tempo de Segurança 2-4 dias (++++) Importante +++ Importante S/ dados +++ ++ • Movalis • Parocin Fraco + Importante +++ Sulindac • Indocid • Dolovin • Elmetacin • Reumacid • Artribid Fraco + Acemetacina Proglumetacina • Rantudil • Protaxil S/ dados S/ dados +++ +++ Cetorolac • Toradol • Acular • Elipa Importante ++ Piroxican Meloxican Indolacético Efeito antiagregante Importante Tenoxican Lornoxican 14 Nome comercial Indometacina Ibuprofeno Naproxeno • Feldene • Flexar • Reumoxican • Tilcotil • Acabel • Brufen • Trifene • Norofene • Dolocyl • Nurofene • Naprosym • Reuxen • Balmox • Elitar • Profenid • Fastum Moderado + Moderado ++ Fraco +/- Moderado + Importante +++ Importante +/- S/ dados +/- • Voltaren • Cataflan • Diclofetal • Flameril • Fenil-V • Airtal • Biofenac Moderado + S/ dados + Ác. Niflumico • Nifluril S/ dados +/- Ác. Mefenâmico • Ponstan Moderado +/- Paraaminofenois Paracetamol • Ben-u-ron • Panasorbe • Dafalgan • Panadol Fraco +/- Pirazolonas Propifenazona • Avamigran • Optalidon • Saridon • Nolotil S/ dados +/- Fraco +/- Nabumetona Cetoprofeno Fenbufeno Arilpropiónicos Flurbiprufeno Dexcetoprofeno Fenilacéticos Diclofenac Aceclofenac Antranílicos Metamizol (Dipirona) • Basifeno • Dolfen • Transact • Froben • Ketesse Derivados do Ác. Nicotinico Clonixina • Clonix • Algimate S/ dados +/- Outros Nimesulide • Aulin • Nimed • Donolid • Jabasulide Moderado + Inibidores selectivos COX2 Celecoxib • Celebrex • Solexa Nulo - Quadro 3 - Inibidores da cicloxigenase - fármacos. Revista SPA ‘ vol. 16 ‘ nº 3 ‘ Junho 2007 Fármaco Nome comercial Efeito antiagregante Ticlopidina • Tiklyd • Plaquetal • Ticlodix • Aplaket Importante Clopidogrel • Plavix Importante (++) Semivida Reversão Dose única: 24-36 h Terapêutica 14 dias: 96 h Plaquetas 8h Plaquetas Quadro 5 - Inibidores da actividade plaquetária mediada pelo ADP Nome comercial Início de acção Pico de acção Warfarina • Varfine 24 h 2 - 7 dias 3 - 7 dias Variável +/- 48 h 2 - 5 dias Acenocumarol • Sintrom 24 h 3 - 4 dias 3 - 7 dias 20 - 60 h 2 - 5 dias Fármaco Anticoagulantes orais Tempo de Segurança Semivida Recuperação da função Reversão do efeito 15 Vit. K PFC Complexo Protrombinico F VIIa Vit. K PFC Complexo Protrombinico F VIIa Quadro 6 - Anticoagulantes orais-fármacos crescente como antiagregante, apresenta um início de acção mais rápido, sendo dose dependente (2 horas com dose de impregnação). Provoca um efeito irreversível, que persiste durante toda a vida plaquetária (5 a 7 dias). (quadro 5) • 1.3b) Inibidores dos receptores plaquetários GPIIb/IIIa Inibem a agregação plaquetária, através do bloqueio dos receptores GP IIb/IIIa, impedindo a ligação do fibrinogéneo. Também interferem com a ligação do factor de Von Willebrand (vWF). São fármacos potentes, administrados por via parentérica, com um início de acção rápido. O Abciximab, é um anticorpo monoclonal quimérico, com uma vida plasmática média curta. A função plaquetária geralmente recupera em 24- 48 horas. As alterações da função renal e hepática não interferem na sua acção. O Eptifibatide também tem uma vida média curta e início de accão rápido, de cerca de 15 minutos.A função plaquetária normal é recuperada em 4 horas (período que aumenta em doentes com insuficiência renal). O Tirofiban tem uma farmacocinética idêntica ao eptifibatide e a função plaquetária retorna também ao normal em 4 a 8 horas após a descontinuação do fármaco. 2) ANTICOAGULANTES 2.1) Anticoagulantes orais (ACO) Estão indicados na profilaxia e tratamento de doenças tromboembólicas venosas e pulmonares, profilaxia do embolismo na fibrilhação auricular, próteses valvulares cardíacas, prevenção primária nos síndromas coronários agudos. Os ACO (varfarina, acenocumarol), exercem o seu efeito através da inibição da síntese da forma activa de proteinas vitamina K dependentes; quatro procoagulantes ( factor IIa-trombina; factor VIIa; factor IXa e factor Xa ) e duas anticoagulantes (proteina C e S). A farmacocinética é variável de pessoa para pessoa. A dose necessária é imprevisível. O efeito é influenciado pela alimentação e por numerosos fármacos, sendo a janela entre dose subterapêutica e sobredosagem muito estreita. A reversão do efeito após descontinuação, está dependente da geracão de novas formas funcionais destes factores. A monitorização da terapêutica deve ser efectuada com recurso ao INR. Nos doentes com patologia hepática, a síntese de factores de coagulação e o metabolismo da varfarina podem estar alterados. (quadro 6) 2.2) Heparinas Usadas na profilaxia e tratamento da trombose venosa profunda, embolia pulmonar, síndromas coronários agudos, oclusões arteriais periféricas, Revista SPA ‘ vol. 16 ‘ nº 3 ‘ Junho 2007 prevenção da reoclusão coronária após trombólise, enfarte agudo do miocárdio e para manutenção da permeabilidade de cateteres venosos periféricos. 16 • 2.2a) Heparina não fraccionada O seu efeito é exercido, através da ligação com a antitrombina III, inibindo os factores de coagulação IIa (trombina), IXa, Xa, XIa e complexo factor tissularFVIIa Pode ser administrada por via endovenosa, com um início de acção imediato e uma vida média de 70-100 minutos, ou por via subcutânea, que raramente se associa a complicações hemorrágicas e cujo início de acção é de 1 a 2 horas. O efeito anticoagulante monitoriza-se através do aPTT, com um alvo terapêutico, aPTT 1,5 – 2,0. Doses baixas, profiláticas, da TVP (5000 UI 12/12 h), não prolongam o aPTT. A semivida aumenta, com o aumento das doses. O efeito pode ser prolongado na presença de doença hepática ou renal. Como efeito secundário pode causar trombocitopénia, pelo que é aconselhada a monitorização da contagem plaquetária em doentes sob esta terapêutica .(quadro 7) • 2.2b) Heparinas de baixo peso molecular (HBPM) São obtidas a partir da HNF, apresentando um peso molecular inferior; caracterizam-se por uma acção anti-Xa predominante e uma acção anti-IIa mais fraca. Em princípio, é dispensável a monitorização do seu Heparina Não Fraccionada (HNF) Heparina baixo peso molecular 2.3a ) Fondaparinaux É um pentassacárido sintético, com uma actividade selectiva anti-Xa, potente. Liga-se especificamente e com alta afinidade à antitrombina, sem afectar a acção da trombina (factor IIa), nem a agregação plaquetária. A farmacocinética é linear e previsível. O inicio de acção é rápido após administração subcutânea e a semivida é de 17 horas em adultos jovens, 21 horas em idosos e mais prolongada na insuficiência renal, pela sua excreção, essencialmente, por via renal. Pode utilizar-se na profilaxia do tromboembolismo venoso em cirurgia ortopédica do membro inferior e como alternativa na Trombocitopénia Induzida pela Heparina (HIT).(quadro 7) Início de acção Pico de acção HNF (EV) • Hospitalar Imediata minutos 2 - 4 horas (variável) 1-2h (dose-dependente) Sulfato de Protamina HNF Calciparina (subcutânea) • Hospitalar 20 - 60 min 1 - 2 horas 8 - 12 horas 4-6h? Sulfato de Protamina Enoxaparina • Lovenox 2 - 3 horas 2 - 4 horas 12 - 24 horas (dose-dependente) 2 - 2,5 h Sulfato de Protamina Dalteparina • Fragmin 2 - 3 horas 2,8 - 4 horas 12 - 24 horas (dose-dependente) 2 - 2,5 h Sulfato de Protamina Nadroparina • Fraxiparina • Fraxodi 2 - 3 horas 2,2 - 4,6 horas 12 - 24 horas (dose-dependente) 2 - 2,5 h Sulfato de Protamina Tinzaparina • Innohep 2,5 - 3,5 horas 4 - 6 horas 12 - 24 horas (dose-dependente) 1,5 h Sulfato de Protamina • Arixtra 30 min • Refludin Rápida (imediata) Lepirudina (Desirudina) 2 horas 3 - 4 dias Recuperação funcional Antagonistas/ reversão do efeito anticoagulante Nome comercial Quadro 7 - Heparinas de baixo peso molecular - fármacos Revista SPA ‘ vol. 16 ‘ nº 3 ‘ Junho 2007 2.3) Inibidores do factor Xa Fármaco Fondaparinux Inibidores directos da trombina efeito anticoagulante, pois apresentam uma farmacocinética previsível, não existindo por outro lado, nenhum teste laboratorial de rotina para avaliar o seu efeito. Em doses terapêuticas, a coagulação retorna, geralmente, ao normal em 24 horas. Têm um início e uma duração de acção mais prolongadas que a HNF por via endovenosa. Por apresentar eliminacão renal, a sua semivida está prolongada na insuficiência renal. Existem várias HBPM no mercado, que apresentam algumas diferenças no que respeita à sua actividade anti-Xa, semivida, início e pico de acção.(quadro 7) Semivida 48 - 72 horas 15 - 18 h Plasma? C. Protombinico? FVIIa... 25 - 80 min 1,5 h Hemofiltração, FVIIa Fármaco Nome comercial Tempo de segurança minima Semivida SK Estreptoquinase • Hospitalar 24 horas 15 - 25 min UK Uroquinase • Hospitalar 24 horas 7 - 18 min APSACrtPA Anistreptilase • Hospitalar 24 - 36 horas 90 - 105 min rtPA Alteplase • Actilyse • Hospitalar 24 horas 35 - 40 min TNK-Tpa Tenecteplase • Metalyse • Hospitalar 24 - 36 horas 129 min R-pa Reteplase • Rapilysin • Hospitalar 24 - 36 horas 90 min 17 Quadro 8 - Fibrinolíticos - fármacos 2.3b) Danaparoide A sua actividade anti-Xa, relaciona-se linearmente com a dose. Atinge o efeito máximo em 2 a 5 horas. A eliminação é renal e a semivida estão prolongadas na insuficiência renal. 2.4) Inibidores directos da trombina A lepirudina é um derivado recombinante da hirudina. Liga-se irreversivelmente à trombina e inactiva, quer a trombina circulante, quer a a do coágulo. Tem um início de acção rápido após administração endovenosa, com uma vida média de aproximadamente 1 hora e eliminação renal, pelo que deve ser evitada nos doentes com insuficiência renal (nos quais a vida média se pode prolongar até 2 dias). Podem também desenvolver-se anticorpos anti-hirudina, que prolongam a vida média do fármaco, devido ao clearence reduzido da molécula activa. A monitorizaçáo do efeito anticoagulante é feita com o aPTT. (quadro 7) 3) FIBRINOLÍTICOS Os fibrinolíticos são activadores do plasminogéneo, usados na terapêutica da trombose, para a dissolução rápida da rede de fibrina. Pela ausência de estudos baseados na evidência, em doentes recentemente tratados com agentes fibrinolíticos e anestesia do neuroeixo, não é recomendado este procedimento anestésico até normalização dos níveis de fibrinogéneo. (quadro 8) O Argatroban, contrariamente à lepirudina, liga-se reversivelmente à trombina, apresenta uma semivida mais curta (40-50 minutos) e é metabolizado por via hepática, tornando-se a escolha em doentes com insuficiência renal. A monitorização da actividade anticoagulante é também feita com o aPTT Revista SPA ‘ vol. 16 ‘ nº 3 ‘ Junho 2007 Bibliografia 18 1. Kay LA. Essentials of Haemostasis and Thrombosis. Churchill Livingstone, Edimburgh London Melbourne and New York. 1988. 2. Ruiz F B, Morilla JB, Morales AM, et al. Inhibidores de la función plaquetar, Principios de Urgencias, Emergencias y Cuidados Criticos. UniNet. 3. Broadman LM. Non-steroidal anti-inflamatory drugs, antiplatelet medicationa and spinal axis anesthesia, Best Practice and Research Clinical Anaesthesiology 2005; 19:47-58. 4. 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