aspectos nutricionais e metabólicos da intolerância à lactose

Investigação, 15(4):103-107, 2016
REVISÃO DE LITERATURA
| CIÊNCIAS EM SAÚDE
ASPECTOS NUTRICIONAIS E
METABÓLICOS DA INTOLERÂNCIA À
LACTOSE
Nutritional Aspects and Metabolic Of Lactose Intolerance
Discente da Universidade de Franca - UNIFRAN, Franca, São Paulo, Brasil.
1
Docente da Universidade de Franca - UNIFRAN, Franca, São Paulo, Brasil.
2
Av. Dr. Armando Salles Oliveira, 201, Parque Universitário - CEP 14.404-600, Franca – SP, email: [email protected]
*
Laura F. Soares1*; Laira C. Peracini1; Simone de Freitas1; Fernanda P. Ferreira1; Letícia F. dos Santos1;
Luciane C. Manhani1, Talita L. Benedeti1, Marina G. Manochio-Pina2.
RESUMO
ABSTRACT
A lactose é o açúcar do leite, hidrolisada pela enzima lactase do intestino delgado. A deficiência dessa enzima no
organismo denomina-se intolerância à lactose. Essa patologia pode apresentar-se de três formas e em todas elas o açúcar
não é hidrolisado e passa pelo intestino grosso causando sinais e sintomas característicos. Este estudo teve por objetivo
avaliar os estudos disponíveis na literatura sobre intolerância à lactose. A metodologia utilizada foi revisão de literatura
com base nos dados atuais. Foram encontrados 24 estudos na literatura disponível entre os anos de 2008 a 2016. Os
sinais e sintomas mais prevalentes nos intolerantes foram diarreia, distensão abdominal, cólicas e flatulências. Já em
relação ao tratamento, constatou-se nos estudos avaliados que pode variar entre a exclusão parcial ou total de produtos
lácteos, dependendo de cada indivíduo. Portanto, o estudo ressalta a importância do conhecimento da deficiência para
melhor controle do estado nutricional do paciente com medidas dietoterápicas sem causar consequências em seu
metabolismo.
Lactose is the milk sugar and it is hydrolyzed by the enzyme lactase in the small bowel. The lack of such enzyme
in the body is known as lactose intolerance. This pathology may show three different variations, and in all of them,
the sugar is not hydrolyzed, which goes through the large bowel causing its characteristic signs and symptoms. This
study aims to evaluate the studies in the literature on intolerance lactose. Literature review of current data was the
chosen methodology. Were found 24 studies in the available literature between the years 2008 to 2016. The signs and
symptoms most prevalent in intolerant were diarrhea, bloating, cramps and bloating. In relation to the treatment, it
was found in the evaluated studies that may vary between partial or full exclusion of dairy products, depending on
each individual. Therefore, the study highlights the importance of the proper knowledge on this deficiency in order to
better control the patient’s nutritional state through dietary therapeutic measures without causing in them unwanted
metabolic consequences.
Keywords: ruminal acidosis, lactic acid, sheep, laminitis.
Palavras-chave: Lactose; intolerância à lactose; lactase.
ISSN 21774080
103
Investigação, 15(4):103-107, 2016
INTRODUÇÃO
A lactose é um carboidrato classificado como dissacarídeo,
conhecido como o açúcar do leite e de alto consumo pelos
brasileiros. Este carboidrato auxilia na absorção de alguns
micronutrientes como o magnésio, zinco e principalmente
o cálcio, presente no leite. É necessária a atividade da enzima
lactase ou β-D-galactosidase para digestão e absorção do
carboidrato (GALEGO et al., 2015). Esta enzima é responsável
pela hidrólise da lactose em glicose e galactose, cuja absorção
ocorre na mucosa intestinal e posterior metabolizada no fígado
(SANTOS et al., 2014). Caso a lactose não seja hidrolisada,
este carboidrato percorrerá diretamente para o cólon e será
fermentada por bactérias intestinais resultando em uma alta
produção de ácidos orgânicos e gases (SÁ et al., 2014). Além
disso, ocorre o aumento da pressão osmótica atraindo fluidos
para o interior do intestino. As manifestações clínicas decorrentes
da intolerância à lactose são cólicas e distensões abdominais,
flatulências e diarreia (GALEGO et al., 2015).
A intolerância à lactose pode se apresentar de três formas:
primária, secundária ou congênita. A primária é caracterizada
pela diminuição da produção de lactase devido a uma tendência
natural com o passar dos anos, e qualquer adulto sem idade
específica está sujeito a adquiri-la. A deficiência secundária pode
ser temporária, ocasionada pela morte das células intestinais,
ocorre geralmente quando a criança tem diarreia persistente
comum no primeiro ano de vida, ou devido a outras doenças
que destroem essas células. Após o tratamento da doença ou
da diarreia persistente, as células intestinais se recompõem
e voltam a produzir a enzima. Na congênita, a deficiência é
permanente. Ela é identificada por um erro genético raro, na
qual a criança já nasce sem a capacidade de produzir a enzima,
ocorre principalmente em recém-nascidos prematuros (MATTAR
e MAZO, 2010).
sobre a doença e seus aspectos metabólicos (BAUERMANN e
SANTOS, 2013).
É importante estabelecer a diferença entre intolerância,
sensibilidade e alergia, apesar desses termos serem usados
como sinônimos, suas consequências e reações são diferentes. A
alergia é uma resposta imunológica do organismo que provoca
sintomas como edema, congestão respiratória, coceira e vômitos.
A sensibilidade é uma resposta anormal do organismo e seus
sintomas são semelhantes aos da alergia. Já a intolerância é uma
reação adversa do organismo que envolve digestão, absorção e
metabolismo de algum componente alimentar (GASPARIN et al.,
2010).
Frente ao exposto, o objetivo deste estudo é avaliar as
evidências disponíveis na literatura a propósito desta intolerância
Os testes mais utilizados para diagnosticar a intolerância
incluem o teste de hidrogênio expirado, o teste do pH fecal
e o teste de tolerância oral à lactose. O diagnóstico será
dado de acordo com os resultados obtidos em cada teste. O
tratamento da intolerância à lactose será instituído de acordo
com a deficiência do intolerante e, após, dado o diagnóstico. A
restrição parcial ou total (temporária) da ingestão do leite e seus
derivados são suficientes para controlar os sintomas causados
(TUMAS e CARDOSO, 2008). Dessa forma, é fundamental o papel
do nutricionista, pois a alimentação é a base do tratamento. Seu
conhecimento possibilita adaptações nutricionais necessárias
para evitar a ocorrência dos sintomas e a progressão da doença.
Exerce a função, também, de ensinar o paciente a ler e interpretar
rótulos de produtos industrializados, evitando alimentos que
contêm grandes quantidades de lactose (CAVALHEIRO, 2014).
Entretanto, a falta de conhecimento adequado dos profissionais
sobre essa condição e seu manejo nutricional, pode estar
correlacionada à necessidade de mais estudos aprofundados
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104
DESENVOLVIMENTO
Metodologia
Realizou-se uma pesquisa bibliográfica utilizando-se as
bases de dados Scielo, Periódicos da Capes, Pubmed e livros.
Foram localizados trinta e um artigos, dentre esses selecionouse vinte e quatro em razão do conteúdo mais específico e
relacionado ao objetivo deste estudo, saliente-se que essas
publicações referem-se ao período de 2008-2016. Valeu-se
dos seguintes descritores bibliográficos: lactose, intolerância
à lactose e lactase. Os operadores boleanos foram: and e or.
Realizou-se uma análise de categorização temática e descritiva.
RESULTADOS
Na tabela I, são apresentadas informações gerais sobre os
respectivos artigos encontrados.
1
2
3
Autores
Ano de
Publicação
Título do Artigo
BACELAR JUNIOR, A.J.;
KASHIWABARA, T.G.B.;
NAKAOKA, V. Y.
BARBOSA, C.R. e
ANDREAZZI, M.A.
2013
Intolerância à lactose – revisão de
literatura.
2010
BAUERMANN, A. e
SANTOS, Z.A.
2013
Intolerância à lactose e suas
consequências no metabolismo
do cálcio.
Conhecimento sobre intolerância
à lactose entre nutricionistas.
Investigação, 15(4):103-107, 2016
4
BUZÁS, G.M.
2015
5
CANANI, R.B. et al.
2016
6
COSTA, L. e ROCHA,
S.C.
2012
7
CUNHA, M.E.T. et al.
2008
8
FAEDO, R. et al.
2013
9
FRIEDERICHI, D.C.
10
GALEGO, M. et al.
11
GASPARIN, F.S.R. et al.
12
MASCARENHAS,
M.A.C.
2013
2015
2010
2012
13
MATTAR, R. e MAZO,
D.F.C.
2010
14
PEREIRA, M.C.S. et al.
2012
15
PONTE, P.R.L. et al.
2016
A intolerância à lactose: passado
e presente. Parte 1
Diagnóstico e tratamento de
intolerância aos hidratos de
carbono em crianças.
Intolerância à lactose: conduta
nutricional no cuidado de
crianças na primeira infância.
Intolerância à lactose e
alternativas tecnológicas.
Obtenção de leite com baixo
teor de lactose por processo
de separação por membranas
associadas à hidrólise enzimática.
A diversidade do gene LCT e
a persistência da lactase na
população brasileira.
Estudos sobre intolerância à
lactose.
Alergia à proteína do leite de vaca
versus intolerância à lactose: as
diferenças e semelhanças.
Qualikefir avaliação de qualidade
físico-química e sensorial em
produtos derivados de kefir, leite
e iogurte líquido natural.
Intolerância à lactose: mudança
de paradigmas com a biologia
molecular.
Lácteos com baixo teor de
lactose: uma necessidade para
portadores de má digestão da
lactose um nicho de mercado.
Avaliação clínica, bioquímica e
análise de polimorfismo genético
para o diagnóstico de intolerância
à lactose em uma população do
nordeste do Brasil.
16
SÁ, P.T.M. et al.
2014
17
SALOMÃO, N.A. et al.
2012
18
SANTOS, F.F.P. et al.
2014
19
SPADOTI, C.M. et al.
2010
20
STEFANI, G.P. et al.
2009
21
STEFE, C.A. et al.
2008
22
TUMAS, R. e
CARDOSO, A.L.
WIDJAJA, L. et al.,
2008
WORTMANN, A.C. et
al.
2013
23
24
2015
Aspectos etiológicos da
hipolactasia.
Ingestão de cálcio e densidade
mineral óssea em mulheres
adultas intolerantes à lactose.
Intolerância à lactose e as
consequências no metabolismo
do cálcio.
Vida útil de leite desnatado e
pasteurizado lactose hidrolisado
microfiltrado.
Presença de corantes e lactose
em medicamentos: avaliação de
181 produtos.
Probiótico, prebiótico e
simbiótico.
Como conceituar, diagnosticar e
tratar a intolerância à lactose.
De “intolerância à lactose” a
“nutrição lactose”
Análise molecular da hipolactasia
primária do tipo adulto: uma
nova visão do diagnóstico de um
problema antigo e frequente.
Nota-se que, dos vinte e quatro artigos apresentados,
a maior parte se trata dos aspectos nutricionais, incluindo
a preocupação com a deficiência de cálcio e alternativas de
substituições de produtos que provocam os sintomas por aqueles
que possuem baixo teor de lactose. Os aspectos metabólicos não
foram enfoque principal dos artigos encontrados, entretanto
seis artigos abordaram este tema.
Intolerância à lactose
O principal carboidrato na alimentação infantil é a lactose
devido o alto consumo de leite, mas, com o passar dos anos, sua
ingestão diminui e consequentemente a produção de enzimas
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105
também. Quando há a diminuição ou a não produção das enzimas
que degradam este carboidrato, denomina-se hipolactasia
ou intolerância à lactose. A hipolactasia do tipo adulto é
causada por um polimorfismo de base única (SNP) localizada a
aproximadamente 14 Kb do sítio de início da transcrição do LCT
(gene da lactase), dentro de um íntron do gene MCM6, sendo
este SNP uma troca de C para T na posição -13910 (rs4988235)
(FRIEDRICH, 2013). Pode ser determinada com a reação em cadeia
da polimerase (BUZÁS, 2015). Já na intolerância secundária, a
causa é por mutações na região codificadora do gene suscitada
pelas doenças gastrointestinais (doença celíaca, síndrome do
intestino irritável, doença de Crohn, síndrome do intestino curto
e doenças inflamatórias do intestino), pois um dos principais
sintomas dessas doenças é a diarreia, o que danifica as paredes
do intestino delgado, impedindo a produção da enzima (BUZÁS,
2015; CANANI, et al., 2016).
Aspectos metabólicos dos sinais e sintomas
Segundo Ponte et al. (2016), os principais sintomas
apresentados pelos pacientes intolerantes à lactose são
flatulência (81,4%), inchaço (68,5%), borborigmos (59,3%) e
diarreia (46,3%) em comparação com pacientes não intolerante
à lactose.
A diarreia ocasionada no intolerante à lactose ocorre devido
a não absorção de substâncias geradas pela falta de hidrólise
da lactose. Essas substâncias, como a glicose e galactose,
permanecem no intestino grosso e fazem com que uma grande
quantidade de água permaneça nas fezes causando uma
diarreia osmótica, devido à presença da água que não pode ser
reabsorvida pelo organismo (TUMAS e CARDOSO, 2008). Isso
faz com que aumente o movimento peristáltico, acelerando
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o trânsito intestinal. A intensidade da diarreia depende da
quantidade de substâncias osmóticas que o intolerante tenha
consumido (BACELAR JUNIOR et al., 2013).
Por não ser hidrolisada no intestino delgado, a lactose é
conduzida até o intestino grosso. No cólon, a lactose é fermentada
pela própria microflora intestinal produzindo ácidos láticos,
acéticos e graxos de cadeia curta e gases como hidrogênio,
metano e dióxido de carbono (SANTOS et al., 2014). Os ácidos
são absorvidos pela mucosa colônica na tentativa de recuperar
a lactose má absorvida e os gases acumulados provocam
flatulência, cólicas caracterizadas por distensão abdominal,
causando desconforto e agredindo a parede intestinal. Como há
muita produção de gases, o hidrogênio e o dióxido de carbono
também são expirados pelos pulmões (SÁ et al., 2014).
O Sistema Nervoso Central quando recebe a mensagem de
que está ocorrendo uma irritação no intestino, provoca o vômito
a fim de eliminar o conteúdo estomacal e este não alcançar o
intestino, o que provocaria mais desconforto se ocorresse. Esses
sintomas não são comuns em pessoas intolerantes, ele ocorre
geralmente em pessoas alérgicas à proteína ou em pessoas que
são alérgicas e intolerantes (CUNHA et al., 2008).
Tratamento dietoterápico e outras medidas
A maioria dos intolerantes consegue tolerar cerca de 12g
de lactose por dia (equivale a um copo de leite) e quando
essa quantidade é consumida em porções menores ao longo
do dia, existe maior tolerância e pode-se não apresentar as
manifestações características (SÁ et al., 2014). Essa quantidade
de 12g de lactose pode variar, pois cada organismo reage de uma
forma. Além disso, existem fatores que contribuem para essa
variabilidade como o conteúdo de gordura e osmolaridade do
alimento, o tempo de esvaziamento gástrico e trânsito intestinal,
a sensibilidade que a pessoa tem à distensão abdominal e a
reação do cólon na fermentação do carboidrato (MATTAR e
MAZO, 2010).
O leite é um alimento rico em proteínas de alto valor
biológico, carboidratos, gorduras, minerais e vitaminas como
potássio, cálcio, fósforo, magnésio, zinco e riboflavina (B2).
Quando há a exclusão total e definitiva do leite, o indivíduo pode
acarretar deficiências nutricionais e desenvolver problemas
futuros (GALEGO et al., 2015). O cálcio, mineral encontrado
principalmente em leites e derivados, exerce várias funções
no organismo sendo essencial seu consumo diário. A ingestão
adequada desse mineral previne a osteoporose e ajuda no
crescimento dos ossos do indivíduo (COSTA e ROCHA, 2012).
Assim, a intolerância pode influenciar no consumo e na absorção
de cálcio, seja por evitar os produtos contendo lactose (fontes
de cálcio) ou por ter sua absorção comprometida (lactose ajuda
na absorção do mineral) (SALOMÃO et al., 2012). Portanto, a
restrição total e definitiva do leite não é recomendada, a fim de
evitarem-se prejuízos ao organismo do intolerante (BARBOSA e
ANDREAZZI, 2010).
Um dos processos citados por Faedo et al. (2013) no qual
as indústrias alimentícias vêm investindo, é a obtenção de
produtos lácteos com baixo teor de lactose através da separação
de membranas associadas à hidrólise enzimática. Esses produtos
que apresentam a lactose parcialmente hidrolisada são os
iogurtes, coalhadas, leites fermentados e leites do tipo longavida UHT integrais ou semidesnatados segundo Spadoti et al.
(2010) e Santos et al. (2014). Outras alternativas de alimentos
tolerados são os queijos cheddar, suíço, parmesão, prato e
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106
provolone, que em suas próprias composições químicas já
possuem baixa quantidade de lactose de acordo com Pereira et
al. (2012).Também existem preparos comerciais como cápsulas
ou soluções da enzima que exercem a função de reposição
enzimática da própria lactase exógena (+ β-galactosidase)
adquirida dos fungos e leveduras. Dessa forma, as medidas
farmacológicas ajudam na redução dos sintomas, pois são
capazes de hidrolisar grande parte da lactose consumida
(MATTAR e MAZO, 2010).
Alguns alimentos funcionais como os prebióticos e os
probióticos auxiliam na redução dos sintomas da intolerância,
segundo Cunha et al. (2008). Outro estudo como o de Stefe
et al. (2008) ressalta a importância dos probióticos que são
os próprios microrganismos vivos que tem efeito sobre o
equilíbrio bacteriano intestinal e ajuda a controlar diarreias
(sintoma característico da intolerância). Além do mais, os
probióticos também aumentam a digestibilidade da lactose,
como por exemplo, os lactobacillus, que produzem a própria
enzima β-D-galactosidase que favorecem a hidrólise do
açúcar. O kefir de acordo com Mascarenhas (2012) é um dos
probióticos mais utilizado pelos intolerantes, pois quando
esse grão é adicionado ao leite ocorre a fermentação pelas
bactérias ali presentes, degradando o açúcar e facilitando a
digestão e o funcionamento intestinal. Já Widjaja et al. (2015)
diz que os Bacteroides, Prevotella, Bifidobacterium, grupo
Atopobium, Streptococcus, Lactococcus e Lactobacillus,
Enterococcus, Clostridium, grupo Histolyticum, Lituseburense,
Eubacterium, Peptostreptococcus e o grupo Ruminococcus
possuem atividade β-D-galactosidase quebrando lactose em
glicose e galactose, os seus metabólitos não serão absorvidos
e, em consequência, irá apresentar desafio osmótico no cólon.
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Stefani et al. (2009) e Bacelar Junior et al. (2013) constataram
que a lactose pode inteirar o produto final dos medicamentos
e também ser utilizada como estabilizantes e edulcorantes.
Porém, a presença deste açúcar nem sempre é visível nas bulas
e também em rótulos de alimentos industrializados de acordo
com Wortmann et al. (2013), causando o aparecimento dos
sintomas nos intolerantes após a ingestão dos alimentos e/ou
medicamentos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A intolerância à lactose acomete indivíduos de qualquer faixa
etária e no mundo inteiro, por isso são fundamentais a atenção
e os cuidados necessários sobre os aspectos e consequências
metabólicas, as deficiências nutricionais, os sintomas causados
e as medidas para tratamento e controle da patologia. Dessa
forma, é indispensável que o profissional nutricionista busque
mais conhecimentos sobre a doença para que sua atuação seja
eficaz na intervenção e no acompanhamento das medidas
dietoterápicas, garantindo a segurança alimentar, a qualidade
de vida e a saúde do paciente.
REFERÊNCIAS
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