UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES BELMARA SOUZA DIAS MARKETING DE ATENDIMENTO: AS EMPRESAS AÉREAS RIO DE JANEIRO 2003 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES BELMARA SOUZA DIAS MARKETING DE ATENDIMENTO: AS EMPRESAS AÉREAS Monografia apresentada a Universidade Cândido Mendes, como exigência parcial do Curso de Pós Graduação Latu Sensu em Marketing no Mercado Globalizado. RIO DE JANEIRO 2003 Resumo Este estudo apresenta uma visão acerca do marketing de atendimento nas Empresas Aéreas. Apresentando uma evolução dos conceitos de marketing de atendimento, até a entrada dos programas de fidelização nas companhias aéreas. Sumário RESUMO 1- INTRODUÇÃO.............................................................................................. 05 2- COMPETITIVIDADE E ATENDIMENTO...................................................... 07 2.1- MARKETING E COMPETITIVIDADE...................................................... 10 2.1.1- MARKETING...................................................................................... 12 2.2- MARKETING E SATISFAÇÃO............................................................... 17 2.3- SERVIÇOS DE FIDELIZAÇÃO NAS COMPANHIAS AÉREAS............. 20 3- CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................... 27 4- BIBLIOGRAFIA............................................................................................ 29 1- Introdução A competitividade é o elemento propulsor de todos os esforços e estudos realizados com o objetivo de se obter soluções cada vez melhores para problemas de clientes, tendo em vista que produtos e serviços são planejados e lançados no mercado como alternativas desejosas de êxito para solução de problemas específicos de clientes. Nesse contexto, a adequação da capacidade empresarial às oportunidades detectadas no mercado bem como os esforços para obter a lealdade dos clientes e confecção de relacionamentos promissores vêm se estabelecendo como prioridade das organizações e, nesse contexto, o Marketing entendido como uma filosofia, orientada para o cliente e para o mercado, a ser praticada por toda a empresa no intuito de viabilizar a consecução de seus objetivos. A produção preconiza a eficiência, via otimização de recursos e o Marketing prenuncia a eficácia, via consecução dos objetivos e metas estabelecidas. Em suma, é uma combinação muito conveniente que busca fazer a "coisa" certa, da melhor maneira possível. Por fim, o Marketing e a Produção, juntos, sob enfoque sistêmico e abordagem holística, objetivam garantir, respectivamente, eficácia e eficiência às organizações. Assim, apresenta-se como foco deste Estudo o Marketing de Atendimento aos Clientes das Empresas Aéreas, proposta por sintetizar um diferencial que traduz vanguarda quando a questão é competitividade. 2- Competitividade a Atendimento Todas as relações e inter-relações entre as organizações e o macrosistema são fundamentadas na competitividade e as tentativas constantes de auto-superação e inovação contínuas e também de sobrevivência encontram todas as suas justificativas e respostas nela. Enfim, a competitividade é a razão de ser dos estudos que desenvolvem propostas de otimização e excelência de sistemas, o que, na verdade, aos poucos, sai de cena sendo suplantado pela globalização que, por sua vez, trouxe a certeza de que não basta ser bom, é preciso tentar ser o melhor. Uma série de fatores, conjuntamente, consolidou uma drástica mudança no comportamento dos consumidores em todo o mundo, tornando-os mais exigentes e centralizadores de atenções. Como exemplo de fatores históricos, é interessante citar que entre o fim da segunda guerra e a década de setenta, a situação era muito confortável para as empresas pois a demanda pelos produtos era maior que a oferta (mercado essencialmente comprador). Porém, na década de setenta, com a recessão provocada pela crise do petróleo, a situação se inverteu e a competição entre as empresas acirrou-se. Quanto aos fatores econômicos, pode-se citar a globalização e a difusão das ISO 9.000 (conformidade e qualidade) e 14.000 (gestão ambiental) e, mais recentemente, a ISO 18.000 (saúde e segurança no trabalho, em outras palavras, qualidade de vida) que mudaram o comportamento dos consumidores . Fatores tecnológicos como o advento da telemática (telecomunicações + informática) tornaram um maior número de informações acessíveis em tempo real aos consumidores. Há também fatores de ordem política e social como o fim da Guerra Fria e o surgimento da então concorrência entre blocos comerciais bem como o resgate da liberdade, com o fim do ciclo das ditaduras e a entrada em cena do chamado consumidor-cidadão, consciente e exigente de seus direitos. A nível de Brasil, iniciativas como o PBQP (Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade), lançado em 1.990 pelo governo, o Código de Defesa do Consumidor, o Prêmio Nacional da Qualidade, dentre outros, também contribuíram para a adoção de uma nova postura do consumidor e para a incontestável era do cliente que há muito já suplantou a era do produto. Observando, hoje, a expressiva variedade de ofertas de produtos e serviços, quantitativa e qualitativamente, bem como o acesso cada vez mais facilitado às informações, maravilha propiciada pela telemática, fica claro que o poder de barganha passou da empresa para o cliente, ou seja, não é difícil para o consumidor trocar de opção pois elas efetivamente existem. Nesse sentido, a falta de enfoque no cliente será, muito em breve, fator de exclusão de mercado tendo em vista que o julgamento da oferta de valor das organizações é relativo, concorrência, muito feito salutar se de maneira beneficia os comparativa clientes, e esta a aí, irrefutável e sublime para fervilhar a disputa por maiores fatias do mercado. Sam Walton, fundador da Wal-Mart, imensa cadeia de varejo americana, afirmou que "Clientes podem demitir todos de uma empresa, do alto executivo para baixo, simplesmente gastando seu dinheiro em algum outro lugar", citado em Almeida (1995, contracapa). Em síntese, como ainda afirmou Almeida (1995, p.168), a mudança da cultura do "levar vantagem em cima do cliente" para uma cultura do "real interesse pelo cliente", ou, simplesmente, amar o cliente, é estratégia competitiva das mais poderosas. 2.1- Marketing e Competitividade Levitt em seu livro Marketing para o desenvolvimento dos negócios (1975), citado em Penteado (1990, p.6), definiu marketing de uma maneira muito simples: é conquistar e manter clientes. E é essa definição simples que traduz o objetivo de ouro do marketing: fidelizar clientes. Na verdade, nada mais é que um caso de amor bem resolvido entre a empresa e seus clientes. O marketing na sua abordagem mais atual, procura identificar as necessidades, conveniências, desejos e expectativas dos mercados considerados alvos, no intuito de satisfazê-los de tal forma peculiar, criativa e superior à concorrência, desencadeando um sentimento de plenitude que torne os clientes leais. A situação almejada é a seguinte: a oferta da empresa supera as expectativas do cliente, deixando-o maravilhado e, assim, o produto/serviço passa a ser desejado e o cliente fica com ele mesmo que apareça outra opção. A isso pode-se chamar de fidelização/lealdade. Só que o marketing ainda vai além de detectar as necessidades, desejos, expectativas e conveniências atuais dos clientes. Cabe a ele ainda vislumbrar as necessidades e conveniências potenciais do mercado, estimulando seus desejos. Ora, o marketing bem-sucedido é aquele decorrente da visualização do potencial evolutivo do mercado e como o próprio sufixo "ing" indica em inglês, o marketing pressupõe elaborações estratégicas e implementações dinâmicas e velozes com realimentação e evolução contínuas, planejamento para o futuro e adoção de uma postura eminentemente pró-ativa onde a inflexibilidade, a resistência a mudanças e a letargia não têm vez. Essa idéia é a que, na essência, converte-se em real vantagem competitiva, conforme já mencionado, tendo em vista que, no contexto atual, fatores como globalização, variável ambiental e tecnologia de informação sugerem a adoção de uma nova visão da empresa que já passou pelo planejamento estratégico, qualidade e orienta-se agora, eminentemente, para o consumidor. Isso explica a busca incessante das organizações por uma orientação para o mercado (ao invés de para o produto) através da implantação de uma cultura de marketing e a crescente adesão da administração de marketing em organizações dos mais diversos setores como empresarial, filantrópico e internacional. E conforme enfatizou Vavra (1993, p.21) "a abertura de mercados causa tumulto porque força as empresas à adoção de uma perspectiva voltada para o consumidor ...., elas são forçadas a se engajarem em marketing! Isso requer informações sobre consumidores ". Na verdade, marketing é muito importante para ser responsabilidade só do departamento de marketing. 2.1.1- Marketing O marketing na sua abordagem mais atual pretende identificar as necessidades, desejos e expectativas de mercados-alvo selecionados, no intuito de mais que satisfazê-los, encantá-los, de modo mais rápido e eficiente que a concorrência, visando a lealdade dos clientes sem negligenciar o bem-estar da sociedade a longo prazo. Essa idéia é a que, na essência, converte-se em real vantagem competitiva, considerando a satisfação dos clientes como melhor indicador dos lucros de longo prazo de uma empresa. Colocando de forma mais simples: é atrair, conquistar e tornar clientes leais de maneira mais rápida e efetiva que a concorrência. É o que eu defino como marketing essencial. Fala-se muito, também, em "marketing oriented" que, basicamente, procura satisfazer as necessidades e superar as expectativas do cliente. Em se tratando de marketing bem sucedido, acredita-se que o gerenciamento dos consumidores, o desenvolvimento deles e as respostas às suas necessidades individuais constituem, agora, a única fórmula bem sucedida de marketing para a maioria dos negócios. As novas regras de marketing são claras quanto aos seus elementos importantes e imprescindíveis: customização e personalização bem como a dinâmica de envolvimento do cliente num diálogo interativo. Enfim, o marketing moderno é uma batalha pela lealdade dos consumidores. Satisfazer clientes e mantê-los para aumentar o valor de duração de sua fidelidade é a chave da rentabilidade e o imperativo do Marketing de Relacionamento, cujos componentes básicos são qualidade, serviços ao cliente e pós-marketing. Quanto ao pós-marketing, sabe-se que é o processo, ou a estratégia a longo prazo, de proporcionar satisfação contínua aos indivíduos ou organizações que são clientes atuais ou que já foram clientes. Seu objetivo é construir relacionamentos duradouros com todos os clientes, maximizando sua satisfação. Pós-marketing também significa o fortalecimento da lealdade dos clientes ao encontrar e administrar suas expectativas que estão diretamente relacionadas à qualidade básica de um produto ou serviço adquirido e ao grau de serviço recebido. As atividades de pós-marketing baseiam-se na seguinte idéia: todas as pessoas são clientes de alguém. A interação continuada pós-venda é uma parte muito importante do pós-marketing e é tão necessária quanto a venda se uma organização deseja contar com oportunidades continuadas de negócios com o mesmo cliente no futuro. O marketing deve, então, mudar a mentalidade de "completar uma venda" para a de "iniciar um relacionamento"; de "fechar um negócio" para "construir lealdade". O mercado de hoje é muito agressivo e composto por muitos concorrentes, cada um deles oferecendo produtos ou serviços relativamente equivalentes. O que é consideravelmente mais difícil em tal dinâmica de mercado é manter os clientes comprando regularmente uma marca ou serviço. Dados os custos decorrentes de conquistar novos clientes, a única maneira de lucrar em tal situação é aumentar o tempo de vida de compra dos clientes atuais. Portanto, a retenção de clientes é de longe mais importante do que a atração de clientes, o que é reforçado por algumas estatísticas: sessenta e cinco por cento dos negócios das empresas são resultantes da manutenção de clientes satisfeitos, além do que, custa cinco vezes mais conquistar um novo cliente que manter um cliente atual. Em princípio, sabe-se que um programa de retenção começa com a identificação do "tipo certo" de clientes, uma vez que existem certos clientes que não justificam os esforços da empresa para mantê-los. Se certos tipos de clientes não permanecem, nem têm potencial para isso, e não se tornam lucrativos, as empresas não devem investir para atraí-los nem tampouco recuperá-los. Existem 20 % de clientes que podem representar, por exemplo, 5 clientes que constantemente compram mais que qualquer outro cliente. Assim, para aumentar os negócios em 50%, não é necessário conquistar 500 novos clientes, basta conquistar e manter outros cinco clientes com o perfil daqueles 5 que garantem 80% ou 90% do negócio. Nessa linha de pensamento, fica claro que se a empresa consegue manter os melhores clientes, os concorrentes irão brigar pelos segmentos menos importantes. Dessa forma, mantem-se a concorrência neutralizada. Deve-se considerar, ainda, o fator individualização ou personalização que é mister na conservação ou retenção dos clientes, uma vez que a individualização implica conseguir que os consumidores ensinem à empresa o que querem, que a empresa lembre-se disso e que devolva-lhes o desejado. Para obter uma relação idêntica em algum outro momento ou lugar, o consumidor tem de reinventar a relação, o que é trabalhoso. Esse é o verdadeiro segredo da conservação do consumidor. A empresa que tenha sido capaz de desenvolver lealdade por parte de sua clientela poderá cobrar um preço maior pela confiança que o cliente deposita em seus serviços. Outro benefício econômico proporcionado por clientes antigos é a propaganda gratuita que eles fazem. Clientes fiéis conversam muito com seus amigos sobre a empresa ao longo dos anos e trazem muitos negócios. Seria interessante ainda colocar a diferença entre confiança e credibilidade no que tange à fidelização. Confiança vai além de credibilidade por ser o elemento que cria a fidelização. É fundamental também registrar que os funcionários leais são tão importantes quanto os clientes leais e podem, concretamente, ajudar a empresa a criar a lealdade do consumidor porque funcionários fiéis sabem mais sobre o negócio e seus clientes, provendo a esses clientes melhores serviços. Em tese, afirma-se, indubitavelmente, que, a lealdade do cliente é a chave para a lucratividade e o crescimento futuro das organizações. 2.2- Marketing e Satisfação O responsável marketing em hoje relação ao vem tornando mundo dos o cidadão negócios. mais Os bons profissionais da área reconhecem que eles e as organizações às quais pertencem não mais prosperarão através de vendas efêmeras e ausência de serviços aos clientes. Os relacionamentos são construídos através de interação e mudanças. Porém, as empresas nesse final de milênio vêm sentindo dificuldade em sua busca pela interação. Pode ser que a organização não possua uma intimidade relativa com seu mercado ou até desconheça seus clientes. Podem acontecer ainda fatores inibidores de desenvolvimento de relacionamentos ativos como, por exemplo, baixa frequência de compra. O after marketing reconhece todas essas dificuldades e preconiza a formação de um programa de comunicação com os clientes que ajude no estabelecimento de relacionamentos mais profícuos e duradouros. Atualmente, é mister para as empresas conquistar clientes para atendê-los relacionamentos durante efêmeros muito e tempo superficiais, em contraste com considerando que relacionamentos de longo prazo com clientes são especialmente importantes e mais vantajosos porque os relacionamentos de curto prazo, em que o cliente aparece e vai embora, são, normalmente, muito mais dispendiosos para desenvolver. Começa a ficar clara a idéia de que é o relacionamento a longo prazo que ajudará as empresas durante os períodos de recessão e conturbação orçamentária dos clientes. São as estratégias de pós-marketing que farão a diferença na retenção e consequente obtenção da lealdade dos clientes ao reconhecerem o valor tanto para relacionamento a empresa duradouro quanto bem para como os da clientes de um responsabilidade compartilhada entre as partes. A conquista da lealdade dos clientes é indispensável à consecução dos mais diversos objetivos aos quais as organizações se propõem, eminentemente em se tratando de lucro. Sob tais perspectivas, o marketing de relacionamento assume grande importância, fornecendo a chave para reter os clientes, envolvendo laços estruturais para mantê-los fiéis, atendendo a suas necessidades personalizando seus e desejos serviços. Ou e ainda seja, é individualizando e imprescindível o reconhecimento de que para conquistar e manter clientes não basta vender, é preciso administrar o relacionamento com eficiência pois, como escreveu Theodore Levitt (1985) em seu livro "A Imaginação de Marketing", citado em Penteado (1990, p.92), uma venda para o vendedor é o fim do processo e para o comprador é apenas o início. O marketing de relacionamento é baseado na premissa de que os clientes devem merecer atenção contínua, principalmente aqueles tidos como estratégicos. Satisfazer clientes e mantê-los para aumentar o valor de duração de sua fidelidade é a chave da rentabilidade e o imperativo do Marketing de Relacionamento, cujos componentes básicos são qualidade, serviços ao cliente e pós-marketing, de acordo com Terry Vavra ( 1993, p.285). O pós-marketing ou after marketing pode ser entendido como uma forma consciente e ampla de conduzir negócios, oferecendo serviços de acompanhamento de alto nível aos clientes no intuito de fidelizá-los cada vez mais. 2.3- Serviços e Fidelização nas Companhias Aéreas As dimensões crescentes e a importância cada vez maior dos elementos de serviços nos negócios e na economia, bem como o surgimento de grande quantidade de novos tipos de serviços constitui uma mudança estrutural da economia. Assim, já é fato que o mundo ocidental vivencia uma sociedade de serviços ou uma economia de serviços ou ainda uma sociedade da informação. Hoje, a importância crítica de gerenciar os relacionamentos intra e inter-organizacionais recebe uma atenção nova e ressaltada. A American Airlines, a pioneira, que em 1981 foi a primeira empresa aérea que criou o seu plano de passageiro frequente, em que às milhas voadas são atribuídos pontos que, acumulados, podem ser convertidos em viagens gratuitas, e posteriromente, a TAM, em 1993, foi a primeira empresa aérea brasileira a lançar um programa de fidelização, através de um programa de milhagem, apresentado como um diferencial competitivo. Carlzon (1994: 16) apresenta que: No ano passado, cada um dos nossos 10 milhões de clientes aproximadamente cinco entrou em empregados contato da SAS, com e este contato durou um média de quinze segundos de cada vez. Desta forma, SAS é criada 50 bilhões de vezes por ano nas mentes de nossos clientes, quinze segundos de cada vez. Estes 50 bilhões de momentos da verdade são os que basicamente determinam se a SAS será bem sucedida ou falhará como empresa. Estes são momentos em que precisamos provar a nossos clientes que a SAS é sua melhor alternativa. Para a maioria das empresas aéreas, a natureza de como alcançar e manter uma vantagem competitiva está mudando gradualmente como decorrência da sociedade de serviços bem como da emergente concorrência por serviços. Para Kolter (1999: 94): A construção da marca exige mais do que a construção da imagem da marca. Ela requer que todos os funcionários, distribuidores e revendedores da empresa podem afetar a experiência com a marca, o desafio é gerenciar a qualidade de todos os contatos. Jan Carlzon, ex-presidente da Scandinavian Airlines (SAS), expressou isso muito bem em seu livro A Hora da Verdade. Quando ele presidia a SAS, aceitou o desafio de assegurar que os cinco milhões de passageiros anuais da empresa que interagiam com uma média de cinco funcionários da SAS – o que perfazia um total de 25 milhões de contatos com a marca – experimentassem, em cada ocasião, uma hora da verdade positiva. Cada um de seus funcionários deveria proporcionar a impressão de marca correta a todo passageiro com quem interagisse. Nesse sentido, a compreensão dos serviços e de sua utilidade para fidelização do passageiro bem como do seu poder de sustentar uma posição competitiva cada vez melhor, independentemente do mercado ser nacional ou internacional, é de fundamental criticidade, tanto para Companhias Aéreas como seus prestadores de serviços. É mister fazer com que as organizações assimilem que a intensidade da concorrência é tal que fomentou uma realidade onde meras soluções técnicas oferecidas aos clientes não são suficientes para estabelecer uma posição competitiva. A tendência das empresas Aviação é oferecer a seus clientes uma variedade de serviços como parte integrante de suas ofertas. "As Companhias Aéreas têm que compreender que eles também são parte da economia de serviços", afirmou devidamente Gronroos (1995, p.5). Na conjuntura atual, não é simples para uma empresa produzir soluções técnicas mais proficientes em forma de serviços ou bens que as de seus concorrentes. O que faz a diferença hoje são os serviços complementares, oferecidos de maneira competitiva aos clientes, haja vista que suas expectativas são crescentes devido ao maior acesso à informação e ao maior esclarecimento e intimidade em relação à qualidade, o que leva a uma exigência por melhores serviços proporcionalmente maior. Exigência esta que, conforme colocado por Davidow & Uttal (1991, p.23) citados em Cardoso (1994, p.21), "traz uma menor disposição em acreditar que um produto por si, sem suporte ou serviço, seja capaz de fazer o que deveria". A gestão de serviços é um fator de grande importância na economia atual. A título de observação, em períodos de contração econômica, o setor de serviços manteve o nível geral de emprego, inibindo seu declínio e, em tempos de expansão econômica, o índice de empregos nesse setor cresceu mais rápido que no setor de manufaturados (in Gronroos, 1995, p.8). Portanto, o setor de serviços pode ser considerado como mantenedor ou até, contingencialmente, gerador de empregos. Normann (1993, p.19), vide Cardoso (1994, p.12), afirmou que "a onda de serviços como fenômeno torna-se mesmo mais persuasiva quando consideramos que entre 80 a 85 por cento dos produtos de tecnologia de informação são vendidos para o setor de serviços e o restante para o setor industrial". Os serviços, sejam eles produzidos por empresas prestadoras de serviços ou por fabricantes de bens, interferem sobremaneira na produção de riquezas atualmente. Conforme Giarini (Notes on the Concept of Service Quality and Economic Value 1990), citado em Gronroos (1995, p.9) argumentou: "os serviços não constituem mais um simples setor secundário, mas estão se movimentando para serem o foco da ação econômica, no que têm se tornado ferramentas de produção indispensáveis para satisfazer as necessidades básicas e aumentar a riqueza das nações". Em se tratando de Brasil, Moreira (1993, p.613) citado por Cardoso (1994, p.12), realizou uma pesquisa comparativa entre a situação da agropecuária, da indústria e dos serviços, constatando que "o percentual do emprego em serviços oscilou em torno de 50 % entre o período 1950-1980, mas cresceu a 59%, em média, no período 1980-1988 (....), mesmo considerando que a renda per capita seja uma medida grosseira do nível de desenvolvimento econômico de um país (...), quanto maior a renda per capita de um país (...), maior é a porcentagem do emprego no setor de serviços ". E ainda destacou (1993, p.612) ".....a função social do setor de serviços como agente de estabilização do emprego: à medida em que aumentava a produtividade na indústria e na agricultura, a tendência de deslocamento de pessoal e perda de empregos nessas áreas eram absorvidas pelo setor de serviços ". E ainda pode-se citar algumas questões que realçam a consolidação dos serviços no panorama sócio-econômico atual como a terceirização que já é uma constante nas grandes organizações, criando um sistema simultâneo de fornecimento e consumo de serviços, sem falar no downsizing ou horizontalização, ou ainda, o "achatamento" de estruturas empresariais no afã de aumentar o contato com os clientes, fortalecendo o trabalho em equipe, expondo os colaboradores das organizações à prática de melhores serviços e tornando o conhecimento do processo de prestação de serviços excelentes altamente estratégico. Não é nenhuma novidade a situação vexatória do nível de serviços no Brasil. Não obstante, é sabido que a má qualidade dos serviços prestados não é privilégio brasileiro. Como afirmou Tom Peters, citado por Almeida (1995, p.44): "De forma geral, nos EUA, os serviços fedem". Ou seja, a regra mundial é o relacionamento inadequado e indolente com o cliente. Ao contrário do que muitos pensam, a má qualidade dos serviços deriva de uma cultura empresarial desfocada do cliente, herança da era do produto, e não de questões educacionais da população ou de parâmetros de desenvolvimento de um país. Além do mais, em se tratando de produtos, um dos fatores decisivos é o domínio da tecnologia, o que requer, muitas vezes, investimentos solenes. Já, em se tratando de serviços os fatores decisivos são os recursos humanos e os sistemas gerenciais, ou seja, investimento em pessoas e relacionamentos e, nesse sentido, o Brasil pode efetivamente obter vantagem pois, em se tratando de interação humana, pesquisas apontam o Brasil como um dos países mais hospitaleiros do mundo, o que constitui uma característica que não é produto de importação que pode ser adquirido e copiado e sim um traço cultural que requer um tempo inefável para se consolidar. Característica perspectiva esta que, deliciosa de competitiva para o Brasil. em última conquista instância, de delineia-se vanguarda e como vantagem 3- Considerações Finais Ser competitivo com chances efetivas de sucesso é saber gerenciar com excelência, numa perspectiva de superação contínua, um conjunto de fatores como custos, recursos humanos, tecnologia, qualidade no processo, produtos e serviços, produtividade, mercado, concorrência, dentre outros. Estes fatores muito em breve se constituirão em meros pré-requisitos para uma organização que pretende ser competitiva nesse contexto globalizado e é nesse sentido que se busca sobremaneira a diferenciação como meio de se obter liderança e vanguarda. Os relacionamentos entre organizações e clientes internos, via endomarketing e entre clientes externos e internos via atendimento excelente e diferenciado como no caso de Programas de Fidelização de Clientes Aéreas, como no caso das empresas aéreas e seus programas de milhagem, importantes na competitividade. O marketing vive, neste momento, um período de alinhamento de seus métodos e de seus processos aos processos e métodos de produção, criados no bojo da globalização. Os avanços tecnológicos experimentados pelas comunicações e pela tecnologia de informação promoveram considerável inovação nas práticas de marketing. A redução de custos e o aumento do volume de vendas provocados por essas inovações garantem o fortalecimento competitivo. Novas atividades e funções passam a ser desenvolvidas no âmbito do marketing como um todo, especialmente em se tratando de after marketing. Técnicas, métodos e concepções são criados e implementados simultaneamente à implantação de novos modelos gerenciais, aplicados sobre uma nova estrutura organizacional, mais enxuta, mais ágil e horizontalizada (o famoso "downsizing"). 4- Bibliografia CARDOSO, David. Serviço inspirado no Cliente: estratégias para qualidade do serviço. São Paulo: IMAM, 1994. CARLZON, Jan. A Hora da Verdade. 10a edição. Rio de Janeiro, RJ : COP, 1994. GRONROOS, Cristian. Marketing, gerenciamento de serviços: a competição por serviços na hora da verdade. Rio de Janeiro: Campus, 1995. HAMEL, Gary & PRAHALAD, C.K. Competindo pelo Futuro - Estratégias Inovadoras para Obter o Controle do seu Setor e Criar os Mercados de Amanhã. Rio de Janeiro: Campus, 1995. KOTLER, P. Marketing para o século XXI. São Paulo: Futura, 1999. LAS CASAS, A. L. Marketing de serviços. São Paulo: Atlas, 1991. LOBOS, Júlio. Encantando o Cliente - Externo e Interno. São Paulo: J. Lobos, 1993. MCKENNA, R. Marketing de Relacionamento. Rio de Janeiro: Campus, 1993. OLIVEIRA, Marcos A. A descoberta do Cliente: em busca de um jeito brasileiro de prestar serviços. São Paulo; Nobel,1995. PENTEADO, Dernizo. Sucesso empresarial planejado. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1990. VAVRA, Terry G. A empresa totalmente voltada para o Cliente: do planejamento à ação. Rio de Janeiro: Campus, 1992. WHITELEY, Richard. Crescimento orientado para o cliente. Rio de Janeiro: Editora Campus, 1996.