efeitos da risperidona e do haloperidol em um modelo de

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ
MARTA DE OLIVEIRA VIANA ARRUDA
EFEITOS DA RISPERIDONA E DO HALOPERIDOL
EM UM MODELO DE ESQUIZOFRENIA
INDUZIDO PELA CETAMINA EM
CAMUNDONGOS
FORTALEZA-CE
0
2008
MARTA DE OLIVEIRA VIANA ARRUDA
EFEITOS DA RISPERIDONA E DO HALOPERIDOL
NO MODELO DE ESQUIZOFRENIA INDUZIDO
PELA CETAMINA EM CAMUNDONGOS
Dissertação
submetida
à
coordenação do Curso de Mestrado
Acadêmico
em
Ciências
Fisiológicas do Centro de Ciências
da Saúde da UECE, como requisito
parcial para obtenção do título de
Mestre em Ciências Fisiológicas
Orientadora: Profª. Dra. Silvânia M.
M. Vasconcelos
FORTALEZA-CE
2008
1
A773e
Arruda, Marta de Oliveira Viana
Efeitos da risperidona e do haloperidol em um modelo de
esquizofrenia induzido pela cetamina em camundongos /
Marta de Oliveira Viana Arruda.
Fortaleza, 2008.
132 p.; il.
Orientadora: Profª. Dra. Silvânia M. M. Vasconcelos.
Dissertação (Mestrado Acadêmico em Ciências
Fisiólogicas) – Universidade Estadual do Ceará, Centro de
Ciências da Saúde.
1. Neurolépticos – Experimento em animais. 2. Cetamina.
3. antipsicóticos;. 4. Camundogos.
Universidade Estadual do Ceará, Centro de Ciências da
Saúde.
CDD: 616.898
2
MARTA DE OLIVEIRA VIANA ARRUDA
EFEITOS DA RISPERIDONA E DO HALOPERIDOL EM UM MODELO DE
ESQUIZOFRENIA INDUZIDO PELA CETAMINA EM CAMUNDONGOS
A citação de qualquer trecho desta tese é permitida, desde que seja de conformidade
com as normas da ética científica.
Dissertação
submetida
à
Coordenação
do
Curso
de
Mestrado Acadêmico em Ciências
Fisiológicas do Centro de Ciências
da Saúde da UECE, como requisito
parcial para obtenção do título de
Mestre em Ciências Fisiológicas.
Aprovada em __ / __ / __
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________________
Profª. Dra. Silvânia Maria Mendes Vasconcelos – UFC/UECE
(Orientadora)
_________________________________________________
Prof. Dr. Krishnamurti de Morais Carvalho - UECE
_________________________________________________
Profª. Dra. Francisca Cléa Florenço de Sousa - UFC
3
“Quando passares pelas águas, eu
estarei contigo, e passares pelos rios,
eles não te arrastarão; e quando andares
pelo fogo, não te queimarás, e a chama
não te arderá; Porque eu sou o Senhor
teu Deus...”.
Isaías 46:2-3
4
"A verdadeira descoberta não consiste em
procurar novas paisagens, mas em possuir
novos olhos.”
(Marcel Proust)
5
Aos meus pais, que me deram o bem
mais valioso do mundo, a vida.
Ao meu esposo, Júlio, aos meus filhos,
Bruno e Júlio Jr., por todo o amor,
carinho e compreensão.
6
AGRADECIMENTOS
À minha orientadora, Profª Dra Silvânia Maria Mendes Vasconcelos, pelas lições,
paciência, dedicação e acolhimento, tão importantes e necessários, sem os quais, jamais teria
conseguido alcançar meu objetivo. A ela, a quem devo o enriquecimento deste estudo,
permitindo-me construí-lo às luzes de sua valiosa orientação, e incentivo na minha formação
científica, minha eterna gratidão.
Ao Prof. Dr. Krishnamurti de Morais Carvalho, pelo apoio e por ter gentilmente aceitado
participar da banca examinadora.
À Profa. Dra. Francisca Cléa Florenço de Sousa, o meu sincero agradecimento por ter
aceitado o convite para participar da banca examinadora.
À Profa. Dra. Ana Maria Sampaio Assreuy pela colaboração e disposição para nos ajudar,
muito obrigada pela atenção e valiosa ajuda.
Aos alunos da graduação Jamile, Adelaide, Marcelo Andrade, Ítalo Hugo, Victor,
Guilherme e Ana Luiza, e os da Pós-graduação Edna Camelo, José Eduardo, Paula
Matiaz e Natália Celedônio pela ajuda e pela amizade.
Às minhas amigas Celi Girão, Islene Victor e Ana Célia pelo incentivo e preciosa amizade.
À minha chefe Telma Solange do Hospital Universitário Walter Cantídio e a todas as colegas
que me ajudaram de uma forma ou de outra para que eu tivesse mais tempo para dedicar-me
na conclusão desse trabalho.
À minha irmã Márcia pelo carinho e disposição eterna para me ajudar.
À Rosa e demais colaboradores que fazem o laboratório de toxinologia da UECE, pela
calorosa convivência diária e ajuda ofertada.
Aos professores Nilberto e Cláudia pela gentileza na liberação de espaço e equipamentos
para realização de parte dos experimentos.
7
A todos os Professores e funcionários que fazem o Curso do Mestrado Acadêmico de
Ciências Fisiológicas do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Estadual do Ceará UECE.
À Coordenação do curso de Pós-Graduação e aos demais colegas de pós-graduação que me
acompanharam durante esse período de realização do curso de mestrado.
À Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico - FUNCAP,
pelo apoio financeiro.
8
RESUMO
Este estudo apresenta a ação dos antipsicóticos (APC) Risperidona (Risp) e haloperidol
(Halo) sobre os efeitos comportamentais causados por Cetamina (Ceta), em camundongos,
nos testes: Campo aberto (OF), Rota rod (RR), suspensão da calda (TS), Labirinto Cruz
elevado -LCE (Tempo nos braços abertos - TBA; Tempo nos braços fechados -TBF), Placa
furada (Tempo de mergulho -TM, Nº de mergulho -NM) e Interação social ativa (Tempo de
Interação Social -TIS). Os animais usados foram camundongos swiss, machos, albinos (25-30
g). As drogas foram administradas, sozinhas (Risp: 0,1 ou 0,2 mg/kg, ip; Halo: 0,1 e 0,2
mg/kg, ip) ou 30 minutos antes de Ceta (10 mg/Kg, ip). Os resultados mostraram que Ceta
aumentou (63,3 ± 4,2) e APC diminuíram a atividade locomotora quando comparada com o
controle (25,5 ± 4,2). APC, em ambas as doses, bloqueram a hiperlocomoção causada por
Ceta.
No RR, Ceta diminuiu (15 ± 4,1) o tempo de permanência dos animais quando
comparado ao controle (59 ± 0,6) e este efeito não foi observado com APC sozinhos. Prétratamento com APC reverteu o efeito de Ceta sozinha no RR. Ceta (17,3 ± 5,6) diminuiu o
tempo de imobilidade, no teste TS, quando comparada com o controle (80.2 ± 10.2), e o prétratamento com APC reverteu esta mobilidade. No LCE Ceta aumentou (112,8±14) o TBA
comparado com o Controle (30,5±12) e APC diminuíram (Halo 0,1: 16,9±4,5); Risp 0,1:
23±13,8); Risp 0,2: 0,9±0,6). Pré-tratamento diminuiu o TBA no grupo da Ceta, na dose mais
alta (Halo 0,2+ Ceta: 33,6±21; Risp 0,2+ Ceta : 0±0). No grupo da Ceta (122,5±10,4) sozinha,
o TBF comparado com o do Controle (223,7±14,5), foi reduzido, porém, pré-tratamento na
dose mais alta (Halo 0,2+ Ceta: 233±24,3; Risp 0,2+ Ceta: 276,5±15,2), reverteu esse efeito.
Ceta (10±1,2) diminuiu o TM quando comparado ao Controle (13,3±1,1). O NM da Ceta e
dos APC não foi diferente do Controle (27,5±2,6). Ceta (16,8±2,8) diminuiu o TIS quando
comparado com o Controle (46,6±6,5) e, pré-tratamento com APC não reverteu o efeito da
Ceta sozinha nesse teste. A ação dos neurolépticos nesse modelo produziu bloqueio dos
efeitos causados pela administração aguda de cetamina. Sugere-se que o mecanismo de ação
da Cetamina envolve o sistema dopaminérgico.
Palavras-chaves: Esquizofrenia; cetamina; antipsicóticos; camundongos.
9
ABSTRACT
This study presents the actions of the antipsychotics (APC) risperidone (Risp) and haloperidol
(Hal) on the behavioral effects elicited by Cetamine (Ceta), in mice in the following tests:
Open-field (OF), Rota rod (RR) Tail suspension (TS), Elevated Plus-maze (EPM)- (Time in
open arms-TOA; Time in closed arms -TCA), Hole Board (Time of head-dip -THD, number
head-dips-NHD) and Active social interaction (Time social interaction -TSI). Thus, animals
used were male Swiss albino mice (25-30 g). Drugs were administered alone (Risp: 0.1 or 0.2
mg/kg, ip; Hal: 0.1 and 0.2 mg/kg, ip) or thirty minutes before Ceta (10 mg/Kg, ip). The
results showed that Ceta increase (Ceta: 63.3 ± 4.2) and APC decreased the locomotor activity
as compared to control (25.5 ± 4.2). Mice pretreated with APC, at both doses, blocked
hyperlocomotion caused for Ceta. In RR, Ceta decreased (Ceta: 15 ± 4.1) the permanence
time of the animals as compared to control (Control: 59 ± 0.6) and this effect did not observed
with APC alone. Pretreatment with APC reverted the effect of Ceta alone in the RR. While
Ceta (17.3 ± 5.6) decreased the time of immobility, in the TS test, as compared to control
(80.2 ± 10.2), the pretreatment with APC reverted this mobility. In EPM Ceta incresed
(112.8±14) the TOA compared to Control (30.5±12), APC decresed TOA (Hal 0.1: 16.9±4.5;
Risp 0.1: 23±13.8; Risp 0.2: 0.9±0.6), pretreatment at higher dose (Hal 0.2+Ceta: 33.6±21;
Risp 0.2+Ceta : 0±0), reverted effect of the Ceta alone. The TCA of the Ceta alone
(122.5±10.4) was shorter than Control Group (223.7±14.5), and this effect was reverted with
pretreatment at higher dose (Hal 0.2+Ket: 233±24.3; Risp 0.2+Ceta: 276.5±15.2). APC as
well as Ceta (10±1.2) decresed the THD compared at Control (13.3±1.1). APC and Ceta
(16.8±2.8) decresed the TSI compared at Control (46.6±6.5) and pretreatment with APC not
reverted the effect of the Ceta alone. The action of neuroleptics in this model has made
blockade of effects caused by acute administration of Cetamine. Thus, we suggest that the
mechanism of action of Cetamine involve the dopaminergic system.
Keywords: Schizophrenia; cetamine; antipsychotics; mice.
10
SUMÁRIO
LISTA DE QUADROS
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
LISTA DE ABREVIATURAS
1 INTRODUÇÃO
21
1.1. Apresentação e Caracterização
22
1.1.1.
22
O sistema dopaminérgico
1.1.1.1. Dopamina
22
1.1.1.2. Receptores dopaminérgicos
28
1.1.1.3. Gânglios da base
32
1.1.1.4. As vias dopaminérgicas no SNC
34
1.1.2. O Sistema Glutamatérgico
35
1.1.2.1. Glutamato
35
1.1.2.2. Receptores
38
1.1.2.3. Transportadores do Glutamato
42
1.1.2.4. Vias do Glutamato
44
1.1.3. Esquizofrenia
46
2.1.3.1. Histórico e Definição
46
2.1.3.2. Prevalência
47
2.1.3.3. Sintomatologia
47
2.1.3.4. Diagnóstico e Classificação
48
2.1.3.5. Teorias para esquizofrenia
52
2.1.4. Neurolépticos – tratamento padrão para esquizofrenia
59
3.1.4.1. Histórico
59
3.1.4.2. Classificação e estrutura química dos neurolépticos
61
3.1.4.3. Farmacocinética
63
3.1.4.4. Mecanismo de ação
65
11
3.1.4.5. Usos clínicos
68
3.1.4.6. Efeitos colaterais
68
3.1.5. Cetamina
72
1.1.5.2 Definição, estrutura química e farmacocinética
72
1.1.5.3 Mecanismo de ação
73
1.1.5.4 Uso clínico
74
1.1.5.5 Efeitos adversos
75
1.1.5.6 Cetamina no modelo de esquizofrenia
76
3.1.6. Importância do estudo
78
2 OBJETIVO GERAL
81
3 MATERIAIS E MÉTODOS
83
3.1 Animais
84
3.2 Tratamento dos animais
84
3.3 Testes comportamentais
85
3.3.1. Campo aberto - Avaliação da atividade locomotora; Grooming,
86
Rearing, Estereotipias; Andar em círculos e Ataxia.
3.3.2. Catalepsia
86
3.3.3. Rota rod
87
3.3.4. Suspensão da calda
87
3.3.5. Teste de interação social
88
3.3.6. Placa furada
88
3.3.7. Labirinto cruz elevado
89
3.3.8. Análise estatística
90
4 RESULTADOS
91
4.1 Avaliação da atividade locomotora
92
4.2 Catalepsia
101
4.3 Rota rod
103
4.4 Suspensão da calda
106
4.5 Teste de interação social
108
4.6 Placa Furada
110
12
4.7 Labirinto cruz elevado
113
5 DISCUSSÃO
120
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
134
7 CONCLUSÂO
137
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
139
13
LISTA DE FIGURAS
Figura 1
Biossíntese da dopamina
23
Figura 2
Vias do metabolismo da dopamina
28
Figura 3
Sinalização dopaminérgica
31
Figura 4
Modelo estrutural do receptor dopaminérgico
32
Figura 5
Vista anterior de corte frontal do hemisfério
33
cerebral mostrando o corpo estriado e suas
relações com outras estruturas encefálicas
Figura 6
Vias dopaminérgicas
35
Figura 7
Estrutura Química do glutamato
35
Figura 8
Síntese do glutamato
36
Figura 9
Integração metabólica do glutamato no SNC
38
Figura 10
Subtipos de receptores do glutamato
40
Figura 11
Receptor NMDA
41
Figura 12
O Diagrama de uma sinapse glutamatérgica típica
44
Figura 13
Rotas do glutamato no cérebro
46
Figura 14
Estrutura química dos neurolépticos típicos
63
clorpromazina, haloperidol e supirida; e dos
neurolépticos atípicos risperidona e clozapina
Figura 15
Receptores
dopamínicos
e
atividade
dos
65
antipsicóticos
Figura 16
Estrutura Química da Cetamina
72
Figura 17
Efeitos das drogas no teste do campo aberto em
94
camundongos
Figura 18
Efeitos das drogas na atividade locomotora
96
vertical (rearing) em camundongos
Figura 19
Efeitos das drogas na atividade de auto-limpeza
(grooming) em camundongos.
14
97
Figura 20
Efeitos
comportamentais
haloperidol
nos
da
Ceta
camundongos:
e
do
99
Atividade
estereotipada; Andar em círculo e Ataxia.
Figura 21
Efeitos comportamentais da Ceta e da risperidona
nos
camundongos:
Atividade
100
estereotipada;
Andar em círculo e Ataxia.
Figura 22
Atividade de catalepsia induzida por drogas em
102
camundongos.
Figura 23
Efeitos das drogas na coordenação motora
(tempo
de
permanência
na
barra)
104
dos
camundongos no teste do Rota Rod
Figura 24
Efeitos das drogas na coordenação motora
105
(número de quedas) dos camundongos no teste do
Rota Rod
Figura 25
Os efeitos das drogas no teste de suspensão da
107
cauda em camundongos
Figura 26
Efeitos das drogas no teste de interação social em
109
camundongos
Figura 27
Efeitos das drogas no teste da placa furada em
111
camundongos – Tempo de mergulho
Figura 28
Efeitos das drogas no teste da placa furada em
112
camundongos- n° de mergulho
Figura 29
Efeitos das drogas no teste do LCE em
114
camundongos (Tempo de permanência nos
braços abertos)
Figura 30
Efeitos das drogas no teste do LCE em
camundongos (Número de entradas nos braços
abertos)
15
114
Figura 31
Efeitos das drogas no teste do LCE em
116
camundongos (tempo de permanência nos Braços
Fechados)
Figura 32
Efeitos das drogas no teste do LCE em
117
camundongos (Número de entradas nos Braços
Fechados)
Figura 33
Atividade
locomotora
vertical
rearing) dos camundongos no LCE
16
(número
de
119
LISTA DE TABELAS
Tabela 1
Afinidade de drogas antipsicóticas risperidona e
67
haloperidol, para os receptores de
neurotransmissores humanos
Tabela 2
Curva dose resposta da Cetamina - Resultados
dos testes comportamentais com camundongos,
realizados preliminarmente, para definir dose da
cetamina a ser utilizada nos experimentos
posteriores
17
93
LISTA DE QUADROS
Quadro 1
Classificação dos neurolépticos
64
Quadro 2
Tratamento agudo com cetamina
85
18
LISTA DE ABREVIATURAS
HVA
Ácido Homovanílico
AC
Adenilil Ciclase
AMPc
Adenosina 3,5-monofosfato cíclico
ATP
Adenosina Trifosfato
AMPA
Alfa-amino-3-hidroxi-5-metilisoxazol-4-propionato
EAAT
Aminoácido Ácido Excitatório
ALE
Atividade Locomotora Espontânea
COMT
Catecolamina O-metil-transferase
Ceta
Cetamina
CPFm
Córtex Pré-Frontal Medial
DSM-IV-TR
Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders Fourth Edition, "Text revision"
LSD
Dietilamida do Ácido Lisérgico
DOPAC
Diidroxifenilacético
DA
Dopamina
EEP
Efeito Colateral Extrapiramidal
PCP
Fenciclidina
CSF
Fluido Cerebrospinal
Glu
Glutamato
GS
Glutamina Sintetase
GDP
Guanosina Difosfato
GTP
Guanosina Trifosfato
Halo
Haloperidol
LCE
Labirinto em Cruz Elevado
MAO
Metabolizada pela monoamina oxidadase
µM
Micromolar
19
NMDA
N-metil-D-aspartato
NLP
Neuroléptico (s)
NQ
Número de Quedas
PET
Positron Emission Tomography
PPI
Prepulse Inhibition of Acoustic Startle
Risp
Risperidona
SPECT
Single Photon Emission Computed Tomography
SNC
Sistema Nervoso Central
TS
Suspensão da Calda
TP
Tempo de Permanência
TBF
Tempo nos Braços Fechados
TIS
Teste de Interação Social
TDA
Transportador da Dopamina
UECE
Universidade Estadual do Ceará
20
INTRODUÇÃO
21
1 INTRODUÇÃO
1.1 Apresentação e Caracterização
1.1.2 O Sistema dopaminérgico
1.1.1.1 Dopamina
A maioria das moléculas neurotransmissoras são (1) aminoácidos; (2) aminas
derivadas de aminoácidos ou (3) Pepitídios construídos de aminoácidos. Não incluída
nessa classificação, mas vale ser citada pelo seu importante papel como
neurotransmissor, a acetilcolina é derivada da acetilcoenzima A, produto da respiração
celular na mitocôndria, e colina, um lipídio. Reconhecida como neurotransmissor em
1959, a dopamina (DA) faz parte do grupo das aminas derivadas de aminoácidos,
também denominadas de monoaminas devido a um grupo amino (NH2) presente em
sua estrutura química (BEAR et al., 2002).
As monoaminas incluem as catecolaminas (Dopamina, noradrenalina,
adrenalina) e a 5-hidroxitriptamina (serotonina). Aquelas são denominadas de
catecolaminas devido a um grupo catecol (um anel benzeno com dois grupos hidroxil
adjacentes) nas suas estruturas químicas (HOFFMAN, 2006).
Localização
A maior parte do conteúdo de catecolaminas do sistema nervoso central (SNC)
é DA, e quantidades extremamente grandes são encontradas no gânglio basal
(especialmente o núcleo caudado), no acumbens, no tubérculo olfatório, no núcleo
22
central da amígdala, na eminência média, e em campos restritos do córtex frontal
(BLOOM, 2006).
Dopamina
Dopamina β-hidroxilase
Figura 2 - Biossíntese da dopamina. Adaptada de
wikipédia.org/wiki/dopamine#biosynthesis
23
Funções
A DA é um neurotransmissor predominante no cérebro de mamíferos onde
controla uma variedade de funções incluindo atividade locomotora, cognitiva, reforço
positivo, comportamento alimentar e regulação endócrina. Tem também várias funções
na periferia, dentre elas: modulação da função cardiovascular, liberação de
catecolaminas, tônus vascular, função renal e motilidade gastrointestinal. A DA tem
sido o foco de muitas pesquisas, principalmente devido a sua ligação com patologias
graves como a doença de Parkinson e a esquizofrenia (MISSALE et al., 1998).
Síntese
A síntese da DA demonstrada na Figura 1, segue a mesma via da
noradrenalina, onde o precursor é o aminoácido aromático tirosina, presente nos
líquidos orgânicos. São duas reações que transformam a tirosina em DA. A primeira
reação é catalizada pela enzima citosólica tirosina hidroxilase, contida nos neurônios
catecolaminérgicos, que converte a tirosina em um composto denominado L-DOPA
(L-1,3-diihidroxifenilalanina). A segunda reação é a descarboxilação da L-dopa
catalizada pela enzima dopa descarboxilase dando origem a dopamina (VALLONE et
al, 2000).
Neurônios Dopaminérgicos não produzem noradrenalina, pois carecem de
dopamina β-hidroxilase. A primeira reação enzimática é a etapa limitante nesta via
biossintética, de forma que a atividade da tirosina hidroxilase é determinante na
velocidade de síntese de catecolaminas. Explicando melhor, a falta da enzima ou da
sua ativação são fatores que levam à diminuição da DA nos neurônios (RANG et al.,
2007).
A tirosina-hidroxilase é ativada por fosforilação catalizada pela acetil-CoA
carboxilase. A atividade da enzima é regulada por vários sinais no citosol do terminal
axonal, como exemplo: a liberação de DA ocorre através de um mecanismo
dependente de cálcio. De forma que, quando DA é liberada a uma taxa elevada, o
24
aumento da concentração de cálcio que acompanha a liberação de neurotransmissores
conduz a um aumento na atividade da enzima, controlando dessa forma a produção de
DA conforme o seu gasto. Além disso, períodos prolongados de estimulação causam
um aumento na síntese de RNAm que codifica essa enzima. Por outro lado, liberação
diminuída de dopamina no terminal provoca um aumento da concentração de DA no
citosol inibindo assim a enzima – inibição pelo produto final (BEAR et al., 2002).
Armazenamento e liberação
Uma vez sintetizada moléculas de DA são incorporadas e concentradas em
vesículas sinápticas que a transportam desde o corpo celular, ao longo do axónio até
um terminal sináptico. Quando ocorre a estimulação neuronal (potencial de ação chega
ao botão sináptico) a despolarização resultante abre canais de cálcio regulados por
voltagem. A presença dessa alta concentração local dos ions cálcio, próximo as
vesículas sinápticas, provavelmente causa uma alteração na membrana das vesículas,
permitindo sua fusão com a membrana do botão sináptico e conseqüente esvasiamento
do conteúdo dentro da fenda sináptica (mecanismo de exocitose). A DA se difundirá
para membrana pós-sináptica onde se ligará a proteína G específica, incorporada ao
receptor, resultando na transmissão do impulso (KINGSLEY, 2001).
Recaptação e transportadores da dopamina
Após liberada nas terminações nervosas DA tem que ser inativada para limitar a
duração de sua influência. O transportador da dopamina (TDA) é uma proteína de
transporte da membrana plasmática neuronal que se acredita ter o papel de controlar a
concentração
de
dopamina
extracelular,
liberada
durante
o
processo
de
neurotransmissão, através da recaptação da fenda sináptica para terminal nervoso. O
TDA é um importante alvo para uma variedade de agentes terapêuticos e drogas de
abuso. Transportadores dopaminérgicos e seu papel no terminal nervoso foram
primeiro caracterizados em 1969. No início dos anos 80, através de estudos com
25
radiotraçadores houve uma melhor compreensão da distribuição, farmacologia e
regulação do TDA. Em anos recentes, técnicas de neuroimagens têm permitido
determinar a densidade dos TDA e sua ocupação in vivo. Além do exposto, técnicas de
clonagem do TDA têm contribuído para uma melhor compreensão desta família de
gene (BANNON et al., 2001).
O TDA é membro de uma grande família de transportadores dependente de
Na+/Cl-. O TDA utiliza gradiente iônico através da membrana plasmática como força
movente para acumulação intracelular de neurotransmissor (LESTER et al.,1994;
RUDNICK, 1997). O TDA exibe uma dependência iônica com uma aparente
estequiometria de transporte de 2Na+:1Cl-:1DA, sugerindo que o transporte de DA seja
um processo eletrogênico (BANNON et al., 2001).
Análises eletrofisiológicas (SONDERS et al., 1997) têm confirmado a natureza
eletrogênica da atividade do TDA e demonstraram um aumento na velocidade do
TDA, na hiperpolarização. Em adição, estudos têm relatado que receptores DA
localizado no terminal nervoso DA (auto-receptores DA) modulam a atividade do
TDA. Dessa forma hiperpolarização mediada por auto-receptor DA poderia servir para
simultaneamente diminuir a liberação de DA, e aumentar a remoção de DA
extracelular, mediada pelo transportador. Dessa forma, algumas condições podem
alterar a função do TDA, como exemplo, tratamento com drogas (BANNON et al.,
2001).
O TDA é um importante alvo para psico-estimulantes, tais como, cocaína e
anfetamina. As propriedades destas drogas são fortemente correlacionadas com suas
afinidades para o TDA, com evidências do envolvimento dos neurônios DA
mesolímbicos nas drogas de abuso. A cocaína, por exemplo, se liga ao TDA e impede
o transporte de DA (RITZ et al., 1987). As anfetaminas, por sua vez, conseguem
acesso ao terminal nervoso DA por processo de difusão através da membrana
plasmática e transporte mediado pelo TDA. No citosol, libera DA dos estoques
vesículares provocando em seguida a liberação de DA (BANNON et al., 2001).
Em ambas as situações acima, os psico-estimulantes elevam a concentração
extracelular de DA, provavelmente prolongando a neurotransmissão, e causando
26
ativação comportamental (aumento da atividade locomotora e/ou comportamentos
estereotipados) em animais experimentais. A confirmação destes fatos foi obtida pelo
estudo em animais com TDA modificado geneticamente (knockout) (GIROS et al.,
1996; JONES et al., 1998). Os roedores exibiam hiperatividade locomotora
significativa (mas não estereotipias) Contudo, nenhuma ativação comportamental
adicional ocorreu em resposta à cocaína ou a anfetamina. Na ausência de TDA, o
tempo de remoção da DA do espaço extracelular foi significativamente prolongado e
os estimulantes falharam em aumentar mais ainda a concentração extracellular de DA
(BANNON et al., 2001).
Degradação
De volta ao terminal axonal a DA é transportada para dentro das vesículas para
serem reutilizadas ou ser enzimaticamente degradada (BEAR et al., 2002). Como
esquematizado na Figura 2, a DA é metabolizada pela monoamina oxidadase (MAO)
e catecolamina O-metiltransferase (COMT) sendo seus principais produtos o ácido
diidroxifenilacético (DOPAC), após a recaptação para o terminal axonal, e o ácido
homovanílico (HVA) em locais extra-axonal. Em cérebros de roedores, o DOPAC é o
metabólito mais encontrado, sendo que no homem o HVA é mais predominante. Estes
são excretados na urina, e frequentemente utilizados como índice de renovação da DA
nos seres humanos. Substâncias que provocam a liberação de DA aumentam a
concentração de HVA, geralmente sem alterar a concentração de DA (RANG et al.,
2007; COOPER, 1991).
27
Dopamina (DA)
Catecolamina
O-metiltransferase (COMT)
Monoamina oxidase (MAO),
Aldeído desidrogenase
Ácido diidroxifenilacético
(DOPAC)
3-Metoxidopamina
Monoamina oxidase (MAO),
Aldeído desidrogenase
Catecolamina
O-metiltransferase (COMT)
Ácido homovanílico (HVA)
Figura 3 - Vias do metabolismo da dopamina
Fonte: Adaptada de wikipédia.org/wiki/dopamine#biosynthesis
1.1.1.2 Receptores dopaminérgicos
Em 1978, os receptores de DA foram propostos, primeiro com base em
evidências farmacológicas e bioquímicas, existir como duas populações distintas, uma
acoplada positivamente à AC e outro independente do sistema da adenosina 3,5monofosfato cíclico (AMPc) (SPANO et al., 1978).
Posteriormente, estudos bioquímicos demonstraram a primeira evidência da
existência dos receptores de DA no SNC, onde se observou que a DA podia estimular
a adenilil ciclase (AC) (KEBABIAN & CALNE, 1979). O estudo mostrou que DA na
28
pituitária inibia a secreção de prolactina, mas não estimulava a formação de AMPc
(KEBABIAN & CALNE, 1979) e, embora o antipsicótico sulpirida fosse um
antagonista da DA, quando testado na pituitaria anterior ele não era capaz de bloquear
a AC (KEBABIAN & CALNE, 1979; SPANO et al., 1978). Em 1979, Kebabian &
Calne resumiram essas observações e sugeriram chamar de D1 o receptor que
estimulava AC, e D2 o que não era acoplado a este efetor (MISSALE et al, 1998).
No final dos anos 70, concomitante com os estudos realizados com os
receptores DA em níveis centrais, foi descoberto, através de testes funcionais (fluxo
sanguíneo renal e medidas de aceleração cardíaca no cão), a existência dos receptores
periféricos específicos para DA. Estes receptores foram nomeados DA1 e DA2 devido
algumas propriedades farmacológicas que os distinguiam de seus congêneres centrais
(GOLDBERG et al., 1978).
As decobertas acima levaram a divergentes opniões sobre a identidade, ou não
identidade, dos receptores centrais com os receptores periféricos, porém estudos
bioquímicos e de biologia molecular nos tecidos periféricos, subseqüentes, apontaram
grandes similaridades entre os receptores DA centrais e os periférico, de modo que a
classificação DA1/ DA2 foi abandonada (ANDERSEN et al., 1990; MISSALE et al
1988).
Esse conceito de duplo receptor da DA permaneceu por uma década quando
pesquisas, envolvendo clonagem de gene que codifica receptores dopaminérgicos,
revelaram um alto grau de complexidade do receptor que até então não se conhecia.
Após a introdução de procedimentos com clonagen de genes, três novos subtípos dos
receptores DA foram caracterizados e foram denominados D3, D4 e D5/D1b. Estudos
estruturais, farmacológicos, e bioquímicos, indicaram que todos os subtipos do
receptor de DA se enquadram em uma das duas categorias, inicialmente reconhecidas
do receptor. Portanto, o conceito de classificação D1/D2 desenvolvido no final de 1970
é ainda válido, sendo que os receptors D1 e D5/D1b são classificados como subtipos do
receptor D1-símile e D2, D3, e D4 como D2-símile. O receptor de mamífero nomeado
originalmente D1b, baseado na sua alta homologia com o receptor D1, passou a ser
denominado receptor D5 (MISSALE et al, 1998).
29
Resumindo, os receptores D1 e D5 ativam o AC (acopla à proteína Gs para
estimular a adenilil ciclase e aumentar AMPc). Os pares dos receptores D2 acoplam
aos múltiplos sistemas efetores, incluindo a inibição da AC (acopla a proteína Gi para
inibir a adenilil ciclase e diminuir AMPc), a supressão de correntes de Ca2+ e a
ativação de correntes de K+. Os sistemas efetores pelos quais receptores D3 e D4 estão
associados não foram definidos claramente (GREENGARD, 2001). Um modelo de
sinalização dopaminérgica pode ser observado na Figura 3.
Foram identificados, inclusive, duas isoformas do receptor D2 que diferem no
comprimento da terceira alça intracelular, D2 curto (D2S) e D2 longo (D2L) (NESTLER
et al., 2001; COOPER et al., 2003). Na Figura 4, um modelo estrutural do receptor
dopaminérgico é demonstrado.
As diversas funções da dopamina são devido a sua capacidade de se ligar aos
múltiplos receptores. Em nível celular, as ações da dopamina dependem da expressão
do subtipo do receptor e das ações convergentes de outros transmissores para os
mesmos neurônios alvo (BLOON, 2006).
Os estudos de clonagem produziram uma rica informação a respeito da estrutura
das proteínas receptoras, sendo capaz de definir a distribuição desses receptores no
SNC e na periferia, além da expressão dos receptores nas células alvo. Possibilitou,
dessa forma, caracterizar a farmacologia, além da avaliação de uma possível ligação
dos genes do receptor para possíveis desordens. Contudo, a função de muitos desses
receptores é ainda completamente desconhecida, revelando que há, ainda, uma grande
lacuna entre biologia molecular e abordagem funcional (MISSALE et al, 1998).
30
DA
DA
Receptor
D1
Proteína G
estimulatória
Adenilato
ciclase
GDP
AMPc
Receptor
D2
GDP
Proteína G
Inibitória
Figura 3 - Sinalização dopaminérgica - Estimulação e inibição da adenilato ciclase
pelas diferentes famílias de receptores dopaminérgicos (D1 símile e D2 símile). DA
(dopamina), ATP (adenosina trifosfato), AMPc (adenosina monofosfato cíclico), GTP
(guanosina trifosfato),GDP (guanosina difosfato).
Fonte: http://www.scielo.br/img/revistas/qn/v27n6/22286f3.gif.scielo..br
Além dos receptores pós-sinápticos, como visto anteriormente, a DA liga-se
também a receptores localizados na membrana pré-sináptica, denominados autoreceptores. Os auto-receptores dopaminérgicos do terminal pré-sináptico podem
modificar a neurotransmissão inibindo tanto a síntese quanto a liberação de DA,
podendo modificar, inclusive, a taxa de descarga desses neurônios, alterando a
condutância dos canais de sódio e/ou potássio. Em adição, o receptor D2 é encontrado
tanto pré quanto pós sinapticamente em neurônios no caldado-putâmen, núcleo
acúmbens e tubérculo olfatório (POTTER & HOLLISTER, 2006).
31
Figura 4 - Modelo estrutual do receptor dopaminérgico. Menegatti, 2004
1.1.1.3 Gânglios da base
Os gânglios ou núcleos da base são vários pares de núcleos subcorticais, cada
membro do par em hemisférios opostos. O maior núcleo nos gânglios da base é o
corpo estriado, formado pelo núcleo caudado e o núcleo lentiforme. Como mostrado
na Figura 5, o núcleo lentiforme é formado pelo putâmen (parte lateral) e o globo
pálido (parte medial) (Tortora, 1999).
Embora o putâmen seja mais ligado topograficamente ao globo pálido, do ponto de
vista filogenético, estrutural e funcional, suas afinidades são com o núcleo caudado.
O corpo estriado é dividido em neoestriado (striatum) que corresponde ao caudado e
ao putâmen, e paleoestriado (palidum) ao globo pálido. Aferências excitatórias do
tálamo e córtex fazem contatos sinápticos nos gânglios basais, além das aferências
excitatórias vindas do tronco encefálico. Essas conexões são importantes para a
realização do importante papel dos núcleos da base na coordenação e regulação dos
movimentos. Os gânglios basais estão organizados para facilitar os movimentos
voluntários e inibir movimentos competitivos, que poderiam interferir no
movimento adequado. A disfunção desses circuitos pode levar a distúrbios do
32
movimento caracterizados por movimentos voluntários descoordenados, presença
de movimentos involuntários, ou ambos (MACHADO, 1999).
Figura 5 - Vista anterior de corte frontal do hemisferio cerebral mostrando o corpo
estriado (Núcleo caudado; Núcleo lentiforme: Putâmen e Globo pálido) e suas relações
com outras estruturas encefálicas.
Adaptado de http://pt.wikipedia.org/wiki/N%C3%BAcleos_da_base
1.1.1.4 As vias dopaminérgicas no SNC
A idéia de que um neurônio tenha somente um neurotransmissor é geralmente
denominada de princípio de Dale. No entanto muitos neurônios que contém peptídios
33
violam o princípio de Dale, uma vez que estas células liberam mais do que um
neurotransmissor: um aminoácido, ou uma amina e um peptídio. Portanto, os
aminoácidos e os neurotransmissores aminérgicos podem ser usados para agrupar a
maioria dos neurônios em classes distintas, sendo por isso os neurônios que contêm
aminoácidos
e
neurotransmissores
aminérgicos,
classificados
conforme
o
neurotransmissor, como exemplo neurônios glutamatérgicos, dopaminérgicos,
adrenérgicos etc (BEAR et al., 2002).
Os neurônios dopaminérgicos formam três sistemas principais, conforme
demonstrados na Figura 6: (1) Via nigroestriatal, responsável por 85% da dopamina
no cérebro, consiste de corpos celulares situados na substância negra, cujas fibras se
projetam para o corpo estriado; (2) Via mesolímbica/mesocortical, com corpos
celulares no mesencéfalo que se projetam para partes do sistema límbico (núcleo
acumbens, núcleo amigdalóide e córtex frontal) e; (3) sistema túbero hipofisário,
formados por neurônios curtos que vão do hipotálamo ventral para eminência mediana
e hipófise (RANG et al., 2007).
As funções das vias dopaminérgicas, no SNC são divididas em (1) coordenação
dos
movimentos
voluntários
(sistema
nigroestriatal);
(2)
relacionada
ao
comportamento (sistemas mesolímbicos e mesocortical); (3) controle endócrino
(sistema túberoinfundibular) - liberação de dopamina por neurônios desse sistema
inibe a prolactina. São reconhecidas ainda outras duas vias, a saber: via medularperiventricular, com projeções ainda não bem definidas e a via incerto-hipotalâmica,
com conexões entre a zona incerta medial e o hipotálamo e a amigdala. (POTTER &
HOLLISTER, 2005).
1
2
3
34
Figura 6: Vias dopaminérgicas ((1) Via nigroestriatal; (2) Via
mesolímbica/mesocortical; (3) Via túbero-hipofisária).
Adaptada de http://iibce.edu.uy/2000-11/index.html
1.1.3 O Sistema glutamatérgico
1.1.3.1 Glutamato
O ácido L-glutâmico ou glutamato (Glu) é
o maior neurotransmissor excitatório do sistema
nervoso central dos mamíferos. É classificado
como neurotransmissor do grupo do aminoácido
ácido. É encontrado em altas concentrações no
Figura 7 - Estrutura Química do Glutamato
SNC (NICOLL, 2006).
Pesquisas demonstram que a função do Glu é diversa, e bem mais complexa que
a simples generalização de correntes excitatórias. Entre outras funções, o glutamato
tem um papel importante no desenvolvimento cerebral (diferenciação neuronal, gênese
axonal etc) (BALÁZS et al., 1988), e no sistema nervoso maduro, onde Glu é central
para a plasticidade a qual está implicada intimamente na memória, e relacionada com
funções cognitivas (COYLE et al., 2002).
35
O glutamato está envolvido, além do fisiológico, em diversos processos
patológicos. A ativação persistente de canais iônicos dependente de glutamato pode
causar degeneração neuronal (OLNEY et al., 1997), e dependendo das circunstâncias,
esta ocorre por meio de necrose ou de apoptose (ANKARCRONA et al., 1995),
fenômeno este conhecido como
“excitotoxicidade''. Este fenômeno tem sido
relacionado com o final de uma via comum de morte neuronal, em uma gama de
desordens incluindo as doenças de Huntington e Alzheimer (COYLE et al., 2002).
Síntese e armazenamento
O Glu é um aminoácido natural utilizado pelos tecidos periféricos,
principalmente, como substrato energético. Sendo um aminoácido não essencial, o
organismo, caso necessário, pode produzir seu próprio Glu a partir de outras fontes
protéicas, portanto este pode ser sintetizado a partir do cetoácido α-cetoglutarato, um
intermediário do ciclo do ácido cítrico. A síntese deste aminoácido é uma reação de
transaminação, ou seja, é sintetizado a partir da adição de amônia ao α-cetoglutarato,
pela ação da glutamato desidrogenase. (BERG et al., 2004).
α-cetoglutarato
Glutamato
Figura 8 - Síntese do glutamato
O Glu tem passagem dificultada na barreira hematoencefálica e praticamente
todo glutamato, utilizado em nível central, é gerado no próprio SNC (SILVEIRA,
2004). Após sintetetizado é armazenado nos terminais pré-sinápticos em vesículas e
em forma livre. São liberados na fenda sináptica, após estímulo neuronal, onde vão
estimular receptores glutamatérgicos (DIAS et al., 2000).
36
Recaptação do Glutamato
A captação do glutamato conforme esquematizado na Figura 9 se dá
principalmente pelos astrócitos através de transportadores, assim que é captado é
convertido em glutamina pela ação da glutamina sintetase (GS) e liberada para o
interstício onde é re-captada pelo neurônio pré-sináptico (BLÜML et al, 2002), e sob a
ação da enzima glutaminase transforma-se em glutamato (BRADFORD & WARD,
1978).
Astrócito
Neurônio
Glicose
Piruvato
Glicose
Lactato
Piruvato
37
Glutamato
Glutamina
Glutamato
Neurônio
Figura 9 - Integração metabólica no SNC. O glutamato liberado na fenda sináptica é
captado principalmente pelos astrócitos e convertido em glutamina pela GS. A
glutamina é recaptada para o neurônio que a reconverte em glutamato (adaptado de
HERTZ et al., 2000).
1.1.3.2 Receptores
O sistema glutamatérgico, como observado na Figura 10 inclui receptores
ionotrópicos (iGluR) e metabotrópicos (mGluR). Os iGluR são ligados a um canal
iônico, e classificados em NMDA (N-metil-D-aspartato) e Não NMDA. Os receptores
não-NMDA, por sua vez, são subdivididos em Ampa (alfa-amino-3-hidroxi-5metilisoxazol-4-propionato) e Cainato (Ácido Kaínico). Os mGluR agem através de
segundos mensageiros via ativação da proteína G (NICOLL, 2006).
Em condições fisiológicas, a ativação de mGluRs via glutamato produz uma
corrente pós-sináptica lenta. Estes são escontrados em toda a região do cérebro, sendo
considerado um dos maiores moduladores de segundo mensageiros no SNC em
mamíferos (BRESSAN & PILOWSKY, 2003). Os mGluRs formam uma classe de
oito receptores (mGluR1-8) classificados em três grupos (I, II e III). Os receptores do
grupo I (mGluR1 e mGluR5) são acoplados a proteína Gq que ativa cascatas de
segundos mensageiros (fosfolipase C, etc.) promovendo a liberação de Ca2+ de
38
estoques intracelulares. Os receptores do grupo II (mGluR2 e mGluR3) e do grupo III
(mGluR4, mGluR6, mGluR7 e mGluR8) são acoplados a proteína Gi, negativamente
acoplada a adenilato ciclase inibindo a formação de AMPc. Os mGluRs parecem ter
um papel importante que modula tanto pré-sinapticamente quanto pós-sinapticamente
os efeitos do glutamato nas sinapses glutamatérgicas onde os iGluRs também são
acopladas (COYLE et al., 2002).
Os receptores AMPA e Cainato se localizam em regiões telencefálicas e
medeiam a transmissão rápida em sinapses excitatórias. Quando ativados, estes
receptores induzem uma despolarização rápida do neurônio pós-sináptico que dura
alguns milisegundos. (BRESSAN & PIPLOWSKY, 2003). Os receptores AMPA são
formados por subunidades GluR 1-4. Enquanto que os receptores cainato são formados
por subunidades GluR 5-7 e KA1-2 (COYLE et al., 2002).
O receptor NMDA, conforme ilustrado na Figura 11 é formado por diferentes
subunidades (proteínas heteroméricas) denominadas NR1 (onde se liga a glicina),
NR2A-D (onde se liga o Glu). Diferentes combinações de subunidades determinam
especificidades na capacidade funcional de cada receptor, como, por exemplo,
afinidade pelo glutamato e limiar para abertura do canal iônico (BRESSAN &
PIPLOWSKY, 2003).
39
Figura 10: Subtipos de receptors do glutamato. São conhecidas três famílias dos
receptores ionotrópicos do glutamato (N-metil-D-aspartato, AMPA, e Cainato), cada
um deles é composto de subunidades distintas. Os receptores metabotrópicos
aglomeram-se em três grupos, os membros de cada grupo compartilham características
farmacológicas e estruturais. (Meador-Woodruff & Kleinman, 2002).
O receptor NMDA, como o nome sugere, foi identificado pelos efeitos
excitatórios do análogo sintético, o ácido N-metil-D-aspartato (HOLLMANN, 1994).
Os receptores NMDA são canais iônicos que controlam a condutância de Na+ e K+ e
em especial de Ca2+ através da membrana neuronal (BRESSAN & PIPLOWSKY,
2003).
Para ocorrer o fluxo de íons através do canal iônico, alguns eventos prévios são
necessários para permitir uma mudança na conformação alostérica do receptor, e dai a
abertura do canal (BRESSAN & PIPLOWSKY, 2003). Esses eventos são: (1)
despolarização da membrana neuronal - a atividade do receptor NMDA é voltagem
dependente. No potencial de repouso da membrana o canal está bloqueado por
magnésio, que é liberado quando ocorre a despolarização. (2) ocupação de um ligando
no sítio de ligação, denominado de sítio modulatório da glicina (COYLE et al., 2002).
Neste sítio de ligação, evidências indicam que além da glicina, a D-serina, sintetizada
nos astrócitos, é um potente agonista endógeno desse sítio de ligação (WOLOSKER et
40
al., 1999). (3) O receptor NMDA possui alguns sítios modulatórios, entre os quais o
zinco é um importante inibidor da condutância do receptor NMDA, especialmente
àqueles que contêm a subunidade NR2A (FAYYAZUDDIN et al., 2000). O zinco é
concentrado em alguns terminais glutamatérgicos e liberado junto com o glutamato
(CHOI & KOH, 1998). Outro sítio modulador é o sítio de ligação para poliaminas, que
quando ocupado, aumenta a condutância, pelo menos em parte, aumentando a
afinidade do sítio modulatório da glicina no receptor NMDA (ROCK &
MACDONALD, 1995). Finalmente, após ativação do canal NMDA e conseqüente
abertura desse, ocorrerá a entrada de Ca2+, para o interior do neurônio pós sináptico
permitindo a sinalização intracelular (COYLE et al., 2002 ).
Figura 11 - Receptor NMDA. Os diversos sítios de ligação no receptor modulam a
abertura do canal e consequentemente a neurotransmissão. Fonte: Adaptado de
Bressan e Piplowsky, 2003.
Dentro do canal do receptor NMDA há, inclusive, um sítio de ligação para
anestésicos dissociativos tais como fenciclidina (PCP), MK-801 e cetamina, os quais
41
servem como inibidores não competitivos (JENTSCH & ROTH, 1999), pois não
competem pelo mesmo sítio que o glutamato. Essas drogas exercem seus efeitos ao
penetrar no canal aberto, bloqueando-o (NICOLL, 2006).
1.1.3.3 Transportadores do glutamato
A descoberta que o glutamato era um neurotransmissor foi através da
demonstração de um transporte do glutamato, de elevada afinidade sódio-dependente,
em preparações sinaptossomal (DIVAC et al., 1977). Coyle et al., (2002) descrevem
cinco transportadores do aminoácido ácido excitatório (EAAT) que são dependente de
sódio e independente de cloro. EAAT 1 têm sua expressão mais elevada no cérebro,
mas são encontrados também nos tecidos periféricos e na placenta. No cérebro, o
cerebelo parece ter um nível mais elevado, dependendo da espécie. EAAT 2 é
expressado primeiramente no cérebro, embora os níveis baixos foram relatados no
pâncreas e na placenta; a expressão mais elevada ocorre no prosencéfalo, e mais baixa
no cerebelo. Sua expressão é predominantemente, se não exclusivamente, nas células
gliais (astrócitos). O transportador neuronal predominante é EAAT 3, que é
expressado também no rim e uma menor extensão em outros tecidos periféricos. Além
dos acima descritos, duas formas menores, foram identificadas: EAAT 4, que é
expressado em células cerebelares de Purkinje; e o EAAT 5, que é limitado para a
retina.
Adicionalmente, EAAT 3, apesar de largamente distribuído no sistema
neuronal glutamatérgicos no cérebro, não é expressado consistentemente em todos
esses sistemas, e alguns sistemas não-glutamatérgicos expressam-no (ROTHSTEIN et
al., 1994), portanto EAAT 3 parece não ser um marcador específico para os neurônios
glutamatérgicos (COYLE et al., 2002).
A inibição farmacológica do transportador do glutamato em modelos de cultura
de tecido foi mostrada por promover excitotoxidade e neurodegeneração.
(ROTHSTEIN et al., 1993), podendo indicar que o transporte defeituoso do
42
neurotransmissor glutamato pode esta relacionado com a fisiopatologia de algumas
doenças.
Glutamato e células gliais
A ação neuroprotetora dos transportadores do glutamato expressado pelos
astrócitos representa uma faceta do importante papel da astroglia em modular a
neurotransmissão glutamatérgica (COYLE et al., 2002). Conforme dito anteriormente,
glicina é um co-agonista obrigatório para que a neurotransmissão glutamatérgica
ocorra. Os astrócitos expressam uma alta afinidade pelo transportador dependente de
sódio para glicina GlyT-1 o qual mantém concentrações de glicina que são
subsaturadas para seu sítio modulatório (Kd = 20 nM ) no receptor NMDA apesar de
níveis micromolares (µM) no fluido cerebrospinal (CSF) (BERGERON et al., 1998).
Além disso, astrócitos do prosencéfalo expressam serina racemase, a qual gera Dserina, um potente agonista do sítio modulatório da glicina (ROGERS et al., 1991).
Na Figura 12 podemos observar um modelo típico de neurotransmissão
glutamatérgica representando as três células principais, bem como os diversos
receptores envolvidos no processo.
43
Figura 12 – O Diagrama de uma sinápse glutamatérgica típica. Evidências sugerem
que a transmissão glutamatérgica requer três células: uma que libera o glutamato présináptico, uma célula glial pré-sináptica que libera o agonista endogenous para o “sítio
modulatório da glicina”, e um neurônio pós-sináptico. (MEADOR-WOODRUFF &
KLEINMAN, 2002).
1.1.3.4 Vias do glutamato
Na Figura 13 observamos as vias glutamatérgicas sendo a via (1) uma das mais
longas do cérebro. Nessa via os corpos celulares originam-se no córtex e os axônios
descem pela cápsula interna (fenda entre o putamen e o caudado), e ao nível da ponte
ramificam-se para esta e para o núcleo rubro no tronco cerebral, onde excitam os
neurônios motores que controlam uma variedade de músculos. No tronco cerebral,
esses axônios cruzam (decussação), para o lado contralateral e depois prosseguem para
a medula espinhal. Em cada nível da espinha dorsal, eles excitam neurônios motores
(contração muscular). Os neurônios da via (2) se originam no córtex e projetam-se
44
para o neoestriado (caudado e putamen) e são também importantes no controle do
comportamento motor. A via (3) projeta-se do córtex pré-frontal para o estriado
ventral; sendo fundamental para o sistema límbico e o comportamento relacionado aos
estímulos de recompensa. A via (4) mostra uma “alça motora” excitatória entre o
córtex e o tálamo, esses neurônios excitam-se uns aos outros, sendo que esse circuito
fica ativo enquanto uma atividade motora contínua está sendo executada. A
informação do hipocampo utiliza uma via do glutamato; esses axônios projetam-se
através do fórnix para chegar ao corpo mamilar (5). Essa via é parte do chamado
“circuito Papez”. Um grande número de neurônios do glutamato tem corpos celulares
na oliva inferior do tronco cerebral (6), os quais se projetam para o cerebelo, e estão
envolvidos na coordenação motora (SILVEIRA, 2004).
45
Figura 13: Rotas do glutamato no cérebro
Fonte: http://www.psiquiatriageral.com.br/cerebro/neurotransmissores.htm
1.1.4 Esquizofrenia
1.1.4.1 Histórico e definição
A esquizofrenia é uma crônica, e grave doença cerebral que se desenvolve em
aproximadamente um por cento da população (KUMAMOTO et al., 2006). O
transtorno se inicia por volta dos vinte e cinco anos de idade e persiste por toda a vida.
É discutida como uma única doença, contudo compõe um grupo de transtornos com
etiologias variadas. O problema clínico da esquizofrenia atraiu a atenção de figuras
importantes da psiquiatria e da neurologia, entre os quais Benedict Morel (1809-1873),
psiquiatra francês, definiu os conceitos de esquizofrenia e aplicou o termo démence
précoce para pacientes deteriorados cuja doença havia se iniciado na adolescência. A
46
denominação démence précoce foi traduzido posteriormete por Emil Kraepelin (18561926) como dementia precox. Esse termo enfatizava o processo cognitivo distinto
(dementia) e o início precoce (precox) da doença. Por sua vez, Eugen Bleuler (18571939) denominou-a de esquizofrenia, o termo dementia precox, na literatura. Bleuler
escolheu o termo esquizofrenia para expressar a presença de cisões (schisms) entre
pensamento, emoção e comportamento e enfatizou que ao contrário do conceito de
Kraepelin, a esquizofrenia não necessariamente precisava ter curso deteriorante
(SADOCK & SADOCK, 2005).
1.1.4.2 Prevalência
A prevalência para toda a vida é de um por cento, sendo as taxas de incidência e
prevalência aproximadamente iguais no mundo todo. É igualmente prevalente em
homens e mulheres, porém difere quanto ao início e ao curso da doença, sendo o início
mais precoce entre homens. As idades de pico do início são entre 10 e 25 anos para os
homens e 25 e 35 para mulheres. O início da esquizofrenia antes dos 10 e após os 60
anos é bastante raro. A doença é encontrada em todas as classes sociais e áreas
geográficas (SADOCK & SADOCK, 2005).
1.1.4.3 Sintomatologia
Segundo Trimble (1996), a esquizofrenia não deve ser considerada uma doença,
mas uma síndrome, reconhecida por um conjunto de sinais e sintomas. Os sintomas
característicos da esquizofrenia são alucinações e delírios, transtorno do pensamento e
fala, além de perturbação das emoções e do afeto, déficit cognitivo e volição (MAJ &
SARTORIUS, 2005). As alucinações podem ser do tipo: visuais, auditivas, e táteis
47
(CUTTING, 1990). Straus et al. (1974), sugeriram a distinção de dois perfis de
sintomas na esquizofrenia: sintomas positivos e sintomas negativos. Os sintomas
positivos são definidos pela presença de características anormais como alucinações,
delírios e pensamento desorganizado. Os sintomas negativos se caracterizam pela
ausência de funções normais e por sintomas, tais como: afeto embotado, restrição
emocional e déficits cognitivos.
Uma classificação mais atual, quanto aos sintomas, é encontrada na literatura
que descreve sintomas positivos (ex. ilusão, alucinação), negativos (isolamento social
ou pobreza na interação social) e sintomas cognitivos (ex. Deficits na atenção e
memória de trabalho, flexibilidade mental) (CORBET et al., 1993, WANG et al.,
2007). Abi-Dargam, (2004) propõe que os sintomas positivos são causados por
hiperestimulação dos receptors dopaminérgicos D2, em regiões subcorticais,
especialmente áreas estriatais, enquanto que sintomas negativos e cognitivos são
devidos à hipofunção dopaminérgica no córtex pré-frontal dorsolateral em pacientes
esquizofrêncicos, uma área que corresponde ao córtex pré-frontal medial em roedores.
O referido autor encontrou, utilizando técnicas de neuroimagem, uma up-regulation
dos receptors D1 dopaminérgicos, e atribuiu a esse resultado a um efeito compensatório
do déficit de dopamina nessa área.
1.1.4.4 Diagnóstico e classificação
Não existe um exame laboratorial para o diagnóstico da esquizofrenia, porém
este se baseia principalmente na história psiquiátrica e no exame do estado mental
(SADOCK & SADOCK, 2005).
Os critérios de diagnósticos, para esquizofrenia, dependem do sistema de
diagnóstico adotado. O manual diagnóstico e estatístico de doenças mentais – IV
Edição- Revisado (DSM-IV-TR - Diagnostic and Statistical Manual of Mental
Disorders - Fourth Edition, "Text revision") é a principal referência de diagnóstico
48
para os profissionais de saúde mental, utilizado nos Estados Unidos, inclusive no
Brasil (WIKIPÉDIA, 2008). Esse manual define um quadro de sintomas e
comportamentos que são utilizados como critérios para o diagnóstico da esquizofrenia.
Abaixo estão relacionados dois dos critérios conforme o DSM-IV-TR, que são
avaliados, ao ser realizado o diagnóstico da síndrome:
Critério A
Sintomas característicos: no mínimo dois dos seguintes quesitos, cada qual presente
por uma porção significativa de tempo durante um período de um mês (ou menos se
tratados com sucesso):
(1) Delírios
(2) alucinações
(3) discurso desorganizado (i.e.,descarrilamento ou incoerência)
(4) Comportamento acentuadamente desorganizado ou catatônico
(5) Sintomas negativos (embotamento afetivo):
Critério B
Disfunção social / ocupacional: Por uma porção significativa do tempo desde o início
da perturbação, uma ou mais áreas importantes do funcionamento, tais como trabalho,
relações interpessoais ou cuidados pessoais, estão acentuadamente abaixo do nível
alcançado antes do início (ou quando o início se dá na infância ou adolecência,
incapacidade de atingir o nível esperado de realização interpessoal, acadêmica ou
profissional).
Conforme o DSM-IV-TR, a presença de alucinações ou delírios não é
necessária para um diagnóstico da esquizofrenia, tendo em vista, que esses sintomas
estão também presentes em outras doenças psicóticas. De um modo geral, o transtorno
é diagnosticado como tal quando o paciente exibe dois dos sintomas de três a cinco do
critério A (conforme acima). Para o diagnóstico outros critérios devem ser avaliados,
49
como exemplo o critério B requer que o funcionamento comprometido (acentuada
diminuição de capacidade para trabalho ou interações sociais ) esteja presente durante
a fase ativa da doença. Os sintomas devem persistir por pelo menos seis meses
(podendo nesse período os sinais característicos serem manifestados apenas por
sintomas negativos), e não deve haver diagnóstico de transtorno esquizoafetivo e
transtorno do humor, bem como, devem ser excluídos também os pacientes cujos
sintomas passam estar relacionados ao uso de drogas, ou a alguma doença física
(SADOCK & SADOCK, 2005).
O DSM-IV-TR classifica os subtipos de esquizofrenia como paranóide,
desorganizada, catatônica, indiferenciada e residual, com base na apresentação clínica
do paciente. Sadock & Sadock (2005) descreve os subtipos de esquizofrenia conforme
abaixo:
Tipo Paranóide
Surge em torno dos 30 anos de idade. Caracteriza-se com a preocupação com
um ou mais delírios ou alucinações auditivas freqüentes, classicamente delírios de
perseguição ou grandeza. Os pacientes costumam ter seu primeiro episódio da doença
em idade mais avançada que os tipos catatônicos e desoganizado. Tendem a serem
tensos e deconfiados e às vezes podem apresentar-se hostis ou agressivos. Nos
pacientes em que a esquizofrenia ocorre no final da segunda ou a terceira década de
vida, geralmente possuem uma vida social já estabelecida que pode ajudá-los a
enfrentar a doença. Em geral, demonstram menos regressão de suas faculdades
mentais, respostas emocionais e comportamento do que nas outras formas da doença.
Tipo Desoganizado
Anteriormente denominado hebefrênico, caracteriza-se por regressão acentuada
para um comportamento primitivo, desinibido e desorganizado. Seu início costuma ser
precoce, antes dos vinte e cinco anos de idade. Os pacientes desorganizados, em geral,
50
são ativos, mas de uma forma não construtiva, sem objetivo. Com transtorno do
pensamento pronunciado e seu contato com a realidade é pobre. Apresenta aparência
pessoal desleixada e o comportamento social e as respostas emocionais são
inadequadas.
Tipo Catatônico
Possui característica clássica uma pertubação acentuada da função motora, que
pode envolver estupor, rigidez, excitação ou posturas bizarras. As características
associadas encluem esteriotipias, maneirismos e flexibilidade cérea. O mutismo é
comum.
Tipo Indiferenciada
DSM-IV-TR classifica, como indiferenciado, os pacientes claramente
esquizofrênicos com dificuldade diagnóstica para um subtipo da esquizofrênia.
Tipo Residual
De acordo com o DSM-IV-TR, o tipo residual da esquizofrenia caracteriza-se
por evidências contínuas de transtorno esquizofrênico na ausência de um conjunto de
sintomas ativos ou de sintomas suficientes para satisfazer o diagnóstico de outro tipo
de esquizofrenia. São comuns nesse tipo: Embotamento emocional, retraimento social,
comportamento excêntrico, pensamento ilógico. Quando ocorrem delírios ou
alucinações não são proemimentes.
1.1.4.5 Teorias para esquizofrenia
Uma vez que a esquizofrenia é um transtorno complexo e multifatorial, foram
desenvolvidas ao longo dos anos diversas investigações em várias áreas na tentativa de
51
compreender as causas para o desenvolvimento da patologia, surgindo então diversas
teorias tentando explicar essa desordem.
A causa da esquizofrenia ainda é obscura, e acredita-se que a doença envolve
uma combinação de fatores genéticos e ambientais (LEWIS & LIEBERMAN, 2000).
Estudos com gêmeos esquizofrênicos revelam uma incidência de 35 a 58% para
gêmeos monozigóticos e de 6 a 26% em gêmeos dizigóticos (TRIMBLE, 1996). Podese então observar que a predisposição genética é um fator importante, devido à
incidência familiar, porém não é causa determinante.
Os resultados acima sugerem que fatores ambientais e psicossociais
desconhecidos podem contribuir para o desenvolvimento do transtorno. Sadock &
Sadock (2005) descrevem que alguns fatores ambientais, como exemplo sazonalidade
ao nascimento ou alteração alimentar sazonal, têm sido relacionados para um maior
risco de surgimento da doença e que esses fatores poderiam estar relacionados,
indiretamente, com uma causa infecciosa.
Os autores acima sugerem, ainda, que estressores sociais do contexto urbano,
poderiam contribuir para o desenvolvimento da doença, haja vista que uma maior
prevalência para a esquizofrenia foi encontrada em cidades com populações de mais de
um milhão de pessoas, havendo uma correlação (prevalência x densidade
populacional) mais fraca em cidades com menor número populacional. Esse efeito da
densidade populacional é considerado consistente com a observação de que a
incidência de esquizofrenia, em filhos de pais portadores do transtorno, chega a ser
duas vezes mais alta em cidades do que em comunidades rurais.
Além do exposto, acredita-se que há um componente no desenvolvimento que
pode estar relacionado com à esquizofrenia (BROOME et al., 2005). O modelo postula
que os genes envolvidos no neurodesenvolvimento (JONES et al., 1994) e/ou os
insultos ambientais no início da vida conduzem o cérebro a uma alteração no
desenvolvimento, que predispõe por sua vez ao posterior início de psicoses.
(MURRAY E LEWIS, 1987; BULLMORE et al., 1998; MCDONALD et al., 1999).
Outro modelo denominado “diátese-estresse” postula uma integração de fatores
biológicos, psicossociais e ambientais, como exemplo uma pessoa pode ter uma
52
vulnerabilidade específica (diátese) que, quando influenciada por um estressor,
permite que sintomas da esquizofrenia se desenvolvam. Preconiza-se que a diátese ou
o estresse podem ser biológicos, ambientais ou ambos (SADOCK & SADOCK, 2005).
Quanto à teoria neuroquímica, uma das mais estudadas atualmente, as pesquisas
na tentativa de descobrir anormalidades, foram inicialmente frustrantes, não sendo
encontrados marcadores bioquímicos em material cerebral póst-mortem ou amostras
em pacientes vivos. Mais recente, estudos de imagem possibilitaram maiores
descobertas com respeito às anormalidades neuroquímicas. Entre as teorias
neuroquímicas, as principais centralizam-se na dopamina e no glutamato, embora
outros mediadores como a serotonina tenha também merecido atenção (POTTER &
HOLISTER, 2006)
Inicialmente a idéia de que a disfunção da serotonina pudesse estar envolvida
com a esquizofrenia foi baseada no fato de que o alucinógeno LSD (dietilamida do
ácido lisérgico), agonista do receptor 5HT2, produz sintomas semelhantes à
esquizofrenia (BUSATTO & KERWIN, 1997), sendo que essa idéia não foi bem
aceita como única base para fisiopatologia da doença. Por outro lado, foi sugerido um
papel para a serotonina nos transtornos psicóticos devido à utilidade clínica de
fármacos antipsicóticos, como exemplo clozapina e risperidona, no tratamento da
disfunção, os quais possuem atividade serotoninérgica (SADOCK & SADOCK, 2005).
Entre os diversos sistemas de neurotransmissores implicados na fisiopatologia
da esquizofrenia o sistema dopaminérgico foi um dos mais amplamente estudados
(BRESSAN & PILOWSKV, 2003). Este modelo, que postula hiperfunção
dopaminérgica, é baseado em diversas evidências: (1) sintomas psicóticos
apresentados por pacientes usando droga que induz a liberação de dopamina nas
terminações pré-sinápticas, como exemplo anfetamina. (2) a eficácia terapêutica de
neurolépticos típicos, utilizados para tratar esquizofrenia, em muitos pacientes
(DUNCAN et al., 1999), pelo bloqueio de receptores dopaminícos tipo D2 ( KAPUR &
SEEMAN, 2001). (3) aumento do número de receptores dopaminícos póst-mortem no
cérebro de pacientes esquizofrênicos que não havia sido tratados com antipsicóticos.
(4) A tomografia por emissão de pósitrons (Positron emission tomography - PET)
53
mostrou um aumento no número de receptores dopamínicos tanto em esquizofrênicos
tratados quanto os não tratados em comparação com exames de indivíduos não
esquizofrênicos (POTTER & HOLISTER, 2006).
Apesar dos diversos achados sugerindo aumento na atividade dopaminérgica, a
teoria básica da dopamina não especifica se a hiperatividade decorre de liberação
excessiva de dopamina, do excesso de receptores de dopamina, da hipersensibilidade
destes à dopamina ou a uma combinação de tais mecanismos (SADOCK & SADOCK,
2005).
Estudos de neuroimagem PET e SPECT (Single photon emission computed
tomography) têm clareado a importância da ocupação dos receptores da dopamina
como um preditor das respostas dos antipsicóticos (LIEBERMAN et al., 1998). Esses
estudos demonstraram que os antipsicóticos requerem uma occupação do receptor
estriatal D2 em torno de 65% a 70% para terem um efeito desejado sobre os sintomas
da esquizofrenia (FARDE et al., 1992; KAPUR et al., 2000). Essa descoberta foi usada
como um dos argumentos que contribuíram para o questionamento da hipótese
dopaminérgica.
Estando os receptores dopaminérgicos exclusivamente ligados a fisiopatologia
da doença, a eficácia dos antipsicóticos típicos estaria relacionada a um maior grau de
bloqueio do receptor dopaminérgico, diferente dos revelados pelos estudos de
neuroimagem. Em adição, alguns antipsicóticos atípicos são eficientes no tratamento
da esquizofrenia, embora bloqueiem um menor número de receptores da dopamina,
como exemplo clozapina que ocupa o receptor D2 em cerca de 38%-63% e o D1 em
torno de 38%-52% (FARDE & NORDSTROM, 1992; PILOWSKY et al., 1992). Estas
evidências sugerem que além do receptor D2, outros sistemas de neurotansmissores
podem estar envolvidos na psicofarmacologia da esquizofrenia (BRESSAN &
PILOWSKY, 2003).
Além do sistema dopaminérgico, pesquisas têm indicado que uma disfunção na
neurotransmissão modulada pelo aminoácido excitatório glutamato, pode ter um papel
principal na fisiopatologia da esquizofrenia (HERESCO-LEVY, 2003).
54
O primeiro estudo a respeito da hipótese glutamatérgica foi o realizado por
Kim et al., (1980) o qual sugeriu que pacientes com esquizofrenia apresentavam
diminuição na concentração de glutamato no líquido céfalo-raquidiano. Embora esse
achado não tenha sido reproduzido consistentemente (BJERKENSTEDT et al., 1985:
PERRY, 1982; TSAI et al., 1998), o estudo originou uma teoria sugerindo déficit de
glutamato na esquizofrenia, o que estimulou pesquisadores a realizarem uma série de
estudos na área. Contudo, essa teoria foi posteriormente modificada, devido a diversas
evidências como as abaixo descritas.
O sistema glutamatérgico, visto anteriormente, condensa uma série de
receptores que são ativados pelo glutamato (COTMAN et al., 1995), entre os quais os
receptors
NMDA são especialmente importantes para compreensão da doença
(BRESSAN & PILOWISKY, 2003).
Como estudado, PCP é um antagonista não competitivo do receptor NMDA. A
ligação dessa substância ao seu sítio no interior do canal bloqueia esse receptor e
impede a neurotransmissão. Essa droga foi primeiramente desenvolvidada, na década
de cinqüenta, para ser utilizada como anestésico, porém seu uso não foi aprovado
tendo em vista seus efeitos psicotogênicos (delírios e agitação extrema), vivenciados
por pacientes logo após o término dos efeitos anestésicos. Seus efeitos sedativos e
anestésicos são similares a estados de transe e usuários dessa droga relatam
experiências de saída do corpo e separação do meio ambiente, sendo por isso
classificada como anestésico dissociativo (NIDA, 2008).
Amplamente usada como droga de abuso, PCP é popularmente conhecida como
“angel dust” ou pó dos anjos. Usuários dessa droga desenvolvem com grande
freqüência sintomas psicóticos que muito se assemelham ao quadro esquizofrênico
(LUBY et al, 1959).
PCP induz um estado transiente em indivíduos normais, caracterizados por
sintomas positivos e negativos e por disfunção cognitiva, que é geralmente observado
em pacientes esquizofrênicos (LUBY et al., 1959; JAVITT, 1987; SIMPSON et al.,
1991). Imagina-se que o mecanismo de psicose subjacente da PCP nos seres humanos
é relevante para fisiopatologia da esquizofrenia (MORITA et al., 2000).
55
Em roedores, PCP induz diversas mudanças no comportamento que pode ser
inibido pela administração aguda e crônica de drogas neurolépticas (MURRAY &
HORITA, 1979; MORITA et al., 2000). Foi então sugerido que a administração de
PCP em ratos pode ser um modelo animal da esquizofrenia com face e validade
preditiva (JAVITT E ZUKIN, 1991; OGAWA et al., 1994; SAMS-DODD,1999).
Adicionalmente, estudos controlados mostraram que inúmeros antagonistas do
receptor NMDA agindo no mesmo sítio de ligação da PCP (Cetamina e MK801) ou no
sítio de ligação do glutamato também induzem sintomas psicóticos (JAVITT &
ZUKIN, 1991; OLNEY & FARBER, 1995).
Foi sugerido que o modelo NMDA pode oferecer um modelo farmacológico
mais convincente do que os modelos que mimetizam hiperfunção dopaminérgica
(KEGELES et al., 2000). Os antagonistas NMDA induzem sintomas positivos (ex.
delírios e alucinações) em voluntários sadios (KRYSTAL et al, 1994), além de
sintomas negativos (ex. embotamento afetivo, retraimento emocional), e déficits
cognitivos (ex: memória semântica e fluência verbal) (NEWCOMER et al., 1999).
Alguns aspectos do modelo NMDA distinguem do monoaminérgico como
exemplo os efeitos mediados por PCP e similares (MK 801, cetamina), não são na sua
maior parte, mediados pelo aumento na transmissão dopaminérgica, portanto não são
bloqueados por antipsicóticos típicos (GEYER & MOGHADDAM, 2002). Estudos em
voluntários humanos os efeitos psicotomiméticos da cetamina não foram bloqueados
por antipsicóticos típicos, mas foram reduzidos significativamente por antipsicóticos
atípicos (MALHOTRA et al., 1997a).
Alterações no comportamento social foi encontrado em modelos animais de
esquizofrenia, como exemplo em ratos lesionados no hipocampo ventral (BECKER et
al., 1999) ou após tratamento com PCP (SAMS DODD, 1999) porém esse
comportamento não foi encontrado após administração com anfetamina (BECKER et
al., 2003).
O envolvimento do sistema dopaminérgico na fisiopatologia da esquizofrenia
não foi descartado. Pesquisas têm sugerido que as vias neuronais envolvidas no
modelo NMDA da esquizofrenia estão possivelmente integradas com as vias do
56
modelo dopaminérgico (MOORE et al, 1999). Estudos têm apontado para essa
possibilidade sugerindo que a hipótese glutamatérgica estaria relacionada com uma
hipofunção glutamatérgica em áreas frontocorticais a qual poderia então induzir a um
aumento na função dopaminérgica. (OLNEY & FARBER, 1995; CARLSSON et al.,
1999).
A hipótese, acima descrita, é consistente com estudos de ligação em receptores
glutamatérgicos, em ratos, que demonstrou diminuição da ligação do glutamato após
tratamento subcrônico (cinco dias) com cetamina. Esse mesmo estudo revelou uma
ligação aumentada no receptor D2 da dopamina no hipocampo e aumento dos
transportadores da dopamina no estriado, porém não ficou claro se a alteração na
ligação da dopamina foi conseqüência do antagonismo do receptor NMDA ou se
cetamina bloqueou o transportador da dopamina (BECKER et al., 2003).
Estudos de neuroimagem, realizados na tentativa de estabelecer uma relação
entre o sistema dopaminérgico e o glutamatérgico, avaliaram o impacto de
antagonistas não-competitivos do receptor NMDA no sistema dopaminérgico através
de radiotraçadores para receptores D2 ([11C]-raclopride) e PET. Testes com cetamina
produziram uma diminuição da ligação do radiotraçador em voluntários normais,
indicando aumento na liberação de dopamina (BREIER et al., 1998; SMITH et al.,
1998; VOLLENWEIDER et al., 2000).
Em adição, estudo realizado acordo com Breier et al., (1998) mostrou uma
correlação da diminuição da ligação do radiotraçador com a ocorrência de sintomas
psicóticos induzidos pela cetamina. Adler et al., (1999) estenderam estes estudos para
pacientes com esquizofrenia e verificaram que a cetamina induz liberação de
dopamina ainda maior em pacientes com esquizofrenia do que em voluntários sadios.
Na tentativa de explicar a patogênese da esquizofrenia, foi sugerido que o
hipofuncionamento do córtex pré-frontal pode ser o responsável pelo desenvolvimento
de sintomas negativos, enquanto os positivos poderiam ser atribuídos ao aumento da
atividade dopaminérgica no sistema límbico (KHAN & DAVIS, 1995; KNABLE &
WEINBERGER, 1997). Segundo Pietraszek (2003) estas áreas (cortical e subcortical)
57
estão funcionalmente integradas via sistema glutamatérgico sugerindo que disfunção
nessa integração poderia precipitar sintomas psicóticos.
Estudos de áreas cerebrais realizados por Tsai et al., (1995) encontraram
dimuição da concentração do glutamato no hipocampo de pacientes com esquizofrenia
quando comparado ao controle, porém outros autores sugerem uma deficiência na
função do receptor glutamatérgico (DEUTSCH et al., 2001; OLNEY et al., 1999).
Ambos os resutados são consistentes com a hipótese de hipofunção do sistema
glutamatérgico.
Entre os achados que dão sustentação a hipótese de deficiência do receptor, vale
citar um estudo realizado por Mohn et al., (1999) que desenvolveram uma espécie de
camundongo o qual expressava somente 5% dos níveis normais da subunidade
NMDAR1, importante para a funcionalidade dos receptores NMDA. Esses animais
apresentaram alterações de comportamento associadas tradicionalmente a modelos
animais de esquizofrenia, como exemplo aumento da atividade motora, estereotipias,
déficit em interações sociais e sexuais. Estes comportamentos foram revertidos com
tratamento antipsicótico (haloperidol e clozapina).
Outros receptores do sistema glutamatérgico além do receptor NMDA foram
também descritos com um possível envolvimento na fisiopatologia da esquizofrenia
como um estudo realizado com cérebro de esquizofrênico que revelou aumento nos
iGLURs no córtex pré-frontal e diminuição no hipocampo (Deakin et al., 1989;
Nishikawa & Takashima, 1983; Kerwin et al., 1988; Kerwin et al., 1990), porém o
receptor NMDA tem sido o mais extensivamente estudado, possivelmente pelos
diversos efeitos psicotogênicos relacionado ao antagonismo no sítio da fenciclidina.
Evidências, como as acima descritas, levaram pesquisadores a proporem que a
hipofunção dos receptores NMDA estaria envolvida na complexa fisiopatologia da
esquizofrenia (BECKER et al., 2003; Bressan et al., 2001; Duncan et al., 2006).
1.1.5 Neurolépticos – tratamento padrão para esquizofrenia
58
A terapia medicamentosa sozinha dificilmente é suficiente para se obter
melhora clínica adequada, sendo, portanto, utilizadas para o tratamento da
esquizofrenia, além da abordagem medicamentosa, estratégias não farmacológicas tais
como terapia individual, terapia de grupo e abordagens familiares. O uso combinado
de antipsicóticos e tratamentos psicossociais têm sido realizados com sucesso na
maioria pacientes com esquizofrenia (SADOCK & SADOCK, 2005).
1.1.5.1 Histórico
Com relação ao tratamento medicamentoso, o uso de fármacos com eficácia
comprovada em distúrbios psiquiátricos generalizou-se por volta da década de
cinqüenta. A introdução de medicação antipsicóticas revolucionou estratégias de saúde
no cuidado mental e conduziu-as à era do desinstitucionalização, um período em que
os pacientes com esquizofrenia, e outras desordens psicóticas relacionadas, foram
liberados dos hospitais para serem cuidados na comunidade (MIYAMOTO et al.,
2002).
No início dos anos 50 alguns dos efeitos antipsicóticos foram obtidos com
extratos da planta de Rauwolfia, da qual foi estraída o princípio ativo da reserpina, que
mais tarde foi sintetizada em laboratório. Embora a reserpina e os alcalóides
relacionados exerçam efeitos antipsicóticos, estes são relativamente fracos e são
associados com os efeitos colaterais severos, incluindo sedação, o hipotensão, diarréia
e humor deprimido. Assim, a reserpina foi utilizada inicialmente para tratar
hipertensão (BALDESSARIN & TARAZI, 2007).
O desejo de descobrir drogas que tivesse os efeitos sedativos similares ao da
prometazina, um derivado fenotiazínico, conduziu pesquizadores entre 1949 a 1951, à
síntese da clorpromazina. Sendo utilizada inicialmente por seu efeito sedativo na
indução anestésica, observou-se a habilidades desse composto em produzir um efeito
59
calmante, diferente de uma mera sedação. Em meados da década de cinqüenta,
fármacos fenotiazínicos foram introduzidos para o tratamento da esquizofrenia, os
quais melhoraram consideravelmente o prognóstico desta e de outras desordens
psicóticas (BALDESSARIN & TARAZI, 2007), antes tratadas com terapias
agressivas, como exemplo o procedimento cirúrgico conhecido como lobotomia
(MASIEIRO, 2003).
As drogas utilizadas para tratar os distúrbios psiquiátricos são classificadas em
três classes: (1) antipsicóticos ou neurolépticas – usados no tratamento de doenças
psiquiátricas graves; (2) estabilizadores do humor (sais de lítio e alguns
anticonvusivantes) e (3) antidepressivos – usados no tratamento de distúrbios afetivos
e correlatos (BALDESSARIN & TARAZI, 2007).
O termo neuroléptico, introduzido para denotar os efeitos da clorpromazina e da
reserpina nos pacientes psiquiátricos, visava diferenciar o efeito desses agentes
daqueles dos depressors clássicos do SNC (BALDESSARIN & TARAZI, 2007). Essas
drogas foram as primeiras que demonstraram ser úteis na esquizofrenia, mudaram a
história da psiquiatria, e tornou o pensamento psiquiátrico voltado para uma base mais
biológica (POTTER & HOLLISTER, 2005).
Em geral, os efeitos iniciais desses fármacos são lentidão na resposta a estímulos
externos e sonolência, porém a pessoa é facilmente despertada. Tipicamente os
pacientes usando antipsicóticos se tornam menos agitados, e aos poucos (em geral no
transcorrer de alguns dias) os sintomas psicóticos de alucinação, delírio, e pensamento
desorganizado ou incoerente tendem a desaparecer. (BALDESSARIN & TARAZI,
2007).
1.1.5.2 Classificação e estrutura química dos neurolépticos
Além dos derivados fenotiazínicos outras classes de antipsicóticos clássicos
foram surgindo, tais como as butirofenonas, (haloperidol), e os tioxantenos
(flupentixol), entre outros. Entretanto, estas “novas” classes de antipsicóticos clássicos
60
não representaram significativa inovação em relação ao tratamento com os
fenotiazínicos, sendo muito semelhantes em suas propriedades (RANG et al., 2007).
Em muitos pacientes com esquizofrenia, as drogas antipsicóticas clássicas (por
exemplo, clorpromazina e haloperidol) foram largamente usadas devido à eficácia no
tratamento dos sintomas positivos da esquizofrenia, e também por impedir a recaída do
paciente, em relação aos sintomas psicóticos (KANE, 1989), porém, há muitas
limitações no uso destes agentes, devido aos seus efeitos colaterais, tais como efeitos
extrapiramidais (MIYAMOTO et al., 2002). Embora a clorpromazina ainda seja
utilizada, com menor freqüência, no tratamento das psicoses, muitas das drogas
pioneiras foram substituídas por novos fármacos (POTTER & HOLLISTER, 2005)
Na busca de novos agentes antipsicóticos mais efetivos que aqueles
classicamente empregados no tratamento da esquizofrenia, com menores efeitos
colaterais, pesquisadores descobriram a clozapina em 1958 (MEYER & SIMPSON,
1997). A clozapina é um fármaco que apresenta muitas vantagens em relação aos
antipsicóticos clássicos disponíveis até então, sendo efetivo no tratamento dos
sintomas positivos e sobre os sintomas negativos (LIEBERMAN, 1993) e cognitivos
dos esquizofrênicos (LIEBERMAN & KANE, 1989). Em comparação aos
antipsicóticos clássicos, provoca menos hiperprolactinemia e efeitos extrapiramidais
(LIEBERMAN & KANE, 1989), o que lhe conferiu a denominação de antipsicótico
atípico (MEYER & SIMPSON, 1997). Contudo, o principal inconveniente no
tratamento com a clozapina é o fato de produzir agranulocitose em cerca de 1-2% dos
pacientes (RANG et al., 2007), sendo por esse motivo ter sido o seu uso suspenso nos
estados Unidos e limitado em outros países.
Considerada um protótipo atípico (MEYER & SIMPSON, 1997) a clozapina foi
reintroduzida em 1990 devido às diversas vantagens apresentadas por esse
antipsicótico, entre as quais se mostrou capaz de prevenir psicoses em pacientes
refratários e intolerantes aos antipsicóticos clássicos (KANE et al., 1988). Uma
característica distinta da clozapina em comparação com antipsicóticos convencionais é
a afinidade relativamente elevada dessa droga para o receptor 5-HT2A. Foi proposto
por Meltzer et al., (1989) que as ações antagônicas combinadas para os receptores 561
HT2A/D2, com potência relativamente maior para o receptor 5-HT2A, poderia ser
fundamental em termos de aumentada eficácia e um reduzido efeito colateral
extrapiramidal (EEP) (MIYAMOTO et al, 2002).
O modelo teórico acima inspirou pesquisadores para o desenvolvimento da
risperidona, na tentativa de imitar as afinidades, para os receptores HT2A/D2, da
clozapina, embora risperidona tenha uma afinidade substancialmente mais elevada
para ambos os receptores do que o clozapina (MIYAMOTO et al, 2002).
Atualmente, as drogas neurolépticas são classificadas em típicas e atípicas, como
exemplificadas no Quadro 1. Estes termos são amplamente usados, mas não
claramente definidos, mas baseia-se na capacidade dos neurolépticos típicos em
produzir EEP (ELLENBROEK et al., 1991, RANG et al., 2007), enquanto os atípicos
promovem uma a ação antipsicótica com doses que não produzem, de modo
significativo esses sintomas (especialmente discinesia tardia ou distonia) após
administração crônica. Além disso, tem sido afirmado que os antipsicóticos atípicos
produzem melhor resultados clínicos e qualidade de vida para o paciente que as drogas
típicas (MELTZER, 1999), com menores taxas de recaídas e reinternação hospitalar
(AYUSO-GUTIERREZ & DEL, 1997). As estruturas químicas dos neurolépticos
típicos e atipicos foram demonstradas na Figura 14.
62
Figura 14 - Estrutura química dos neurolépticos típicos clorpromazina (1),
haloperidol (2) e supirida (3) e dos neurolépticos atípicos risperidona (4) e clozapina
(5). Fonte: Menegatti et al., 2004.
1.1.5.3 Farmacocinética
Os fármacos antipsicóticos, em sua maioria sofre rápida absorção, porém
incompleta. Muitas dessa drogas são submetidas a um metabolismo de primeira
passagem. O haloperidol tende a ser menos metabolizado, tendo uma disponibilidade
sistêmica média em torno de 65%. São em sua maioria altamente lipossolúveis e
ligados às proteínas (92-99%). Tendem a ter grandes volumes de distribuição
(habitualmente 7L/Kg). Tem uma duração de ação clínica muito prolongada, por
provável seqüestro em compartimentos lipídicos do corpo e alta afinidade por
receptores selecionados de neurotransmissores. (POTTER & HOLLISTER, 2005)
São em sua maioria quase que totalmente metabolizados por uma variedade de
processos. As principais vias metabólicas são os processo oxidativos mediados
63
sobretudo por enzimas microssomiais hepáticas e outras enzimas metabolizadoras de
fármacos (POTTER & HOLLISTER, 2005).
O haloperidol é metabolizado basicamente por uma reação de N-desalquilação e
os fragmentos resultantes podem ser conjugados com àcido glicurônico. (POTTER &
HOLLISTER, 2005; BALDESSARIN & TARAZI, 2007). Metabolizados quase
totalmente a substâncias mais polares, são eliminados na urina e em certo grau na bile,
quantidade muito pequena é excretada de forma inalterada. (POTTER &
HOLLISTER, 2005). As concentrações plasmáticas do haloperidol encontrada na
prática clínica são de aproximadamente 10 a 30ng/ml (BALDESSARIN & TARAZI,
2007).
Tipo Químico
Principais Representantes
Neurolépticos típicos (Clássicos)
Fenotiazinas
Clorpromazina, Flufenazina e Tioridazina
Butirofenonas
Haloperidol, Espiroperidol e Droperidol
Tioxantinas
Flupentixol, Clopentixol
Neurolépticos atípicos
Benzamida
Sulpirida
Difenilbutilpiperazina
Pimozide
Dibenzodiazepinas
Clozapina
Benzisoxazol
Risperidona
Tienobenzodiazepínico
Onlanzapina
Dibenzotiazepina
Quetiapina
Quadro 1. Classificação dos neurolépticos
Adaptado de Rang et al., 2007
64
1.1.5.4 Mecanismo de ação
O preciso mecanismo de ação psicótica dos neurolépticos é desconhecido,
postula-se que seja, pelo menos em parte, pela capacidade dessa droga bloquear a
dopamina nas vias mesolímbica e mesocortical (POTTER & HOLLISTER, 2005). Os
neurolépticos possuem a propriedade comum de bloquear os receptores da dopamina,
particularmente os D2 (MIYAMOTO et al, 2002). Além dos receptores
dopaminérgicos, outros sistemas como o histaminérgico (H1), o noradrenérgico (α1, α2)
e o colinérgico (m1), são também alvos de bloqueio por essas drogas. Acredita-se que
o bloqueio destes últimos tenha maior relação com os efeitos colaterais do que com o
efeito terapêutico (BALDESSARIN & TARAZI, 2007). O bloqueio dos receptores D2
pelos antipsicóticos é demosntrado na Figura 15.
Figura 15 – Receptores dopamínicos e atividade dos antipsicóticos
Fonte: http://gballone.sites.uol.com.br/cursos/farmaco4.html
65
O grau de bloqueio sobre os receptores varia consideravemente entre as drogas. A
potência das drogas antipsicóticas típicas são classificadas como: baixa, intermediária
e alta. Essa classificação é baseada na afinidade da doga para o receptor
dopaminérgico D2 e a dose média terapêutica comparada com a dose de 100 mg da
clorpromazina. Como exemplo, o haloperidol considerado um neuroléptico típico,
protótipo de alta potência, tem relativamente alta afinidade para receptor D2 e as doses
de 2 a 4 mg é equivalente a aproximadamente 100 mg da clorpromazina. Drogas de
baixa potência (exemplo: Tioridazina) tem dose terapêutica maior que 40 mg
equivalente para os efeitos de 100 mg da clorpromazina.
O
haloperidol
atua
predominantemente
bloqueando
receptores
D2
(VASCONCELOS et al., 2003), mas é um antagonista dopaminérgico não seletivo e
bloqueia também os receptores da serotonina (5-HT2), os receptores da noradrenalina
(α1), enquanto que efeitos desprezíveis são observados nos receptores D1 (POTTER &
HOLLISTER, 2005).
Além dos receptores da serotoniana e D2, risperidona é um antipsicótico com
propriedades antagônicas para receptores adrenérgicos (MIYAMOTO et al, 2002), e
receptores H1, sendo praticamente destituída de efeitos anticolinérgicos (OLIVEIRA,
2002). Apesar da afinidade relativamente alta da risperidona para receptores α1 e α2, o
potencial terapêutico dessa droga para bloquear os receptores adrenérgicos é incerto
(MIYAMOTO et al, 2002). A afinidade do haloperidol e da risperidona, bem como
outros neurolépticos, para os vários receptores é demonstrada na Tabela 1.
Todas as substâncias antipsicóticas inicialmente aumentam e depois diminuem
a atividade elétrica dos neurônios dopaminérgicos do mesencéfalo na substância negra
e no tegumento ventral e também a liberação de dopamina em regiões contendo
terminações dopaminérgicas (O,DONNELL & GRACE, 1996), embora o bloqueio do
receptor seja imediato, os antipsicóticos, como muitas drogas neuroativas, levam
várias semanas para produzirem efeito, (RANG et al, 2007).
Segundo Gorenstein & Scavone (1999) a latência de duas a três semanas entre o
início do tratamento, e a resposta terapêutica de psicofármacos, é considerada uma
66
evidência de que são necessárias alterações na função neural para se obter um efeito
terapêutico.
Um exemplo de alterações que ocorre ao nível de receptores dopaminérgicos
com o uso crônico de neurolépticos é o fenômeno da up-regulation demonstrada por
Vasconcelos et al. (2003) após o tratamento de ratos com haloperidol por trinta dias,
na área do estriado, fenômeno esse que desapareceu após quinze dias de supensão da
medicação.
Adicionalmente, pesquisadores encontraram um alargamento no estriado após
tratamento cônico com neurolépticos convencionais, mas não com neurolépticos
atípicos tanto em pacientes esquizofrênicos (CORSON et al., 1999) quanto em ratos
(CHAKOS, et al., 1998). Estes dados sugerem que antipsicóticos convencional pode
induzir mudanças plásticas a longo prazo que leva a alterações morfológicas no
estriado, e que podem estar relacionados com a eficácia, e alguns efeitos colaterais das
drogas típicas (MIYAMOTO et al, 2002).
Tabela 1 - Afinidade de drogas antipsicóticas risperidona e haloperidol, para os
receptores de neurotransmissores humanos (Ki, nM)a
Receptor
Clozapina
Risperidona
Olanzapina
Ziprazidona
a Os valores são medias geométricas de no mínimo três determinações.
b Bovino.
Adaptado de Duncan e Lieberman, 1999
a Os valores são medias geométricas de no mínimo três determinações.
b Bovino.
Adaptado de Duncan e Lieberman, 1999
67
Quetiapina Haloperidol
1.1.5.5 Usos clínicos
Como salientado anteriormente, o principal uso clínico dos neurolépticos é no
tratamento da esquizofrenia. O haloperidol é também usado na coréia de Huntington e
síndrome de Tourette (RANG et al., 2007). Outras indicações são distúrbios
esquizoafetivos (possui algumas características da esquizofrenia), os distúrbios
afetivos, incluindo nos episódios maníaco do distúrbio afetivo bipolar e no controle
dos distúrbios comportamentais em pacientes com demência senil do tipo Alzheimer.
Esses medicamentos também são usados, em pequenas doses, para alívio da ansiedade
em distúrbios emocionais. Foi sugerida, para o haloperidol, uma faxa terapêutica de 2
a 20 ng/mL (POTTER & HOLLISTER, 2005).
A risperidona é utilizada principalmente na esquizofrenia na dose inicial de 1mg
duas vezes ao dia, aumentando-se até 3 mg duas vezes, embora dose ótima encontre-se
entre 4 e 6 mg, (OLIVEIRA, 2002), podendo ser bem tolerada na doença de Alzheimer
(POTTER & HOLLISTER, 2005).
Alguns pacientes podem não responder a um determinado tratamento, sendo
assim refratários ao tratamento instituído, as vezes, sendo necessário, tentar várias
drogas para encontar a mais eficaz para determinado paciente. Esse fenômeno, pode
ser devido aos diferentes perfis de ações das drogas sobre os receptores (POTTER &
HOLLISTER, 2005).
1.1.5.6 Efeitos colaterais
Os agentes antipsicóticos compartilham muitos efeitos farmacológicos, sendo a
clorpromazina e o haloperidol comumente usados como protótipos (RANG et al.,
2007). Apresentam elevado índice terapêutico, sendo bastante seguros. Os efeitos
colaterais são devidos a gama de ações farmacológicas, como as descritas
68
anteriormente, sendo as mais importantes aquelas sobre o SNC e sistema locomotor,
sobre o sistema cardiovascular e sitema nervoso autônomo, funções endócrinas, além
de efeitos comportamentais.
Os Principais efeitos colaterais dos antipsicóticos, de um modo geral, são:
Efeitos sobre o SNC /atividade motora:
A sedação (efeito de pequena intensidade no caso do haloperidol)
(BALDESSARIN & TARAZI, 2007) é um efeito imediato e ocorre com muitos
antipsicóticos, tendendo a diminuir com o uso continuado. A atividade antihistamínica (H1) contribui para as propriedades sedativas (RANG et al, 2007).
A maioria dos neurolépticos consegue diminuir a atividade motora espontânea
em todas as espécies de animais estudadas, incluindo o homem. Podem ocorrer efeitos
extrapiramidais tais como: parkinsonismo (tremor), acatisia (necessidade compulsiva
de estar em movimento, sem, contudo demonstrar comportamento agitado), discinesia
tardia (movimentos involuntários, anormais e repetitivos localizados principalmente na
região orofacial, tronco e membros), distonias agudas (espasmos musculares, língua
protusa, torcicolo, etc), além da síndrome neuroléptica malígna (caracterizada por
contração muscular e febre alta). A discinesia tardia é uma desordem, freqüentemente
irreversível e pode desenvolver-se com a o uso crônico de neurolépticos (após meses
ou anos), sendo o principal problema da terapia antipsicótica clássica (RANG et al.,
2007).
Em doses elevadas, produzem imobilidade cataléptica típica que permite que o
paciente seja colocado em posturas anormais persistentes. Parece que o corpo estriado
é a principal estrutura responsável pela catalepsia induzida por neurolépticos
(HARTGRAVES & KELLY, 1984). A imobilidade cataléptica dos animais tratados
com neurolépticos lembra a catatonia de alguns pacientes psicóticos (BALDESSARIN
& TARAZI, 2007). A catalepsia é um modelo laboratorial de neurolépticos para
estudar parkinsonismos em humanos. Hoffman & Donovan (1995) mostraram que a
69
catalepsia é vista como um importante modelo para prognosticar efeitos
extrapiramidais induzidos por neurolépticos.
Efeitos sobre o sistema nervoso autônomo e cardiovascular:
Os neurolépticos apresentam vários efeitos colaterais, como: hipotensão
postural que resulta em parte do bloqueio de α-adrenoceptores e em parte de uma ação
vasodilatadora direta (principalmente as fenotiazinas) (BALDESSARIN & TARAZI,
2007).
Podem ser encontradas alterações, tais como alta freqüência cardíaca em
repouso. Pressão arterial média e volume sistólico diminuídos. Alterações
eletrocardiográficas, entre outras (POTTER & HOLLISTER, 2005).
Efeitos endócrinos:
Provocam alterações sobre o sistema endócrino, entre elas a mais freqüente é o
aumento da secreção da prolactina podendo o paciente apresentar ginecomastia,
galactorréia e mamas dolorosas, que é causada pelo bloqueio do efeito inibitório tônico
da dopamina sobre a liberação da prolactina pela hipófise (POTTER & HOLLISTER,
2005).
Efeitos comportamentais:
Nos animais e seres humanos os efeitos principais dos neurolépticas típicos são
semelhantes. Em doses baixas, o comportamento exploratório diminui e as respostas a
vários estímulos são menores, mais lentas e em menor número, embora seja
conservada a capacidade de discriminar os estímulos. Outros efeitos comportamentais
como “pseudodepressão”, que se deve a acinesia, podem ocorrer (BALDESSARIN &
TARAZI, 2007).
70
Outros Efeitos:
Outros efeitos incluem: O bloqueio sobre os receptores muscarínicos produz
visão turva e pressão ocular aumentada, boca e olhos secos, constipação e retenção
urinária. Pode ocorrer ganho de peso, reações cutâneas (urticária) e reações
idiosincrásicas: Icterícia (clorpromazina) e agranulocitose (mais comum com a
clozapina) (RANG et al, 2007).
Os efeitos indesejáveis relatados para o haloperidol, especificamente, são
principalmente
autonômicos
(sedação,
hipotensão
postural,
etc.),
reações
extrapiramidais (distonia aguda, parkinsonismo medicamentoso, acatisia, síndrome
neuroléptica maligna e discinesia tardia) (JOHANN & VAZ, 2006), além de ser
considerado o agente causal mais freqüente da síndrome neuroléptica maligna
(HANEL et al., 1998).
Os EEP reduzidos são associados com o tratamento da risperidona em baixas
doses (4 a 6 mg por dia), até mesmo em níveis elevados de ocupação do receptor D2,
podem ser devido às propriedades antagônicas da droga para o receptor 5-HT2A
(MELTZER et al., 1989; GERLACH, 1991). Entretanto, em doses mais elevadas, a
risperidona produz EEP, indicando que o antagonismo do receptor 5-HT2A sozinho não
pode completamente eliminar EEP associados com o bloqueio elevado do receptor D2
(MIYAMOTO et al, 2002).
De acordo com Oliveira (2002) outros efeitos colaterais comuns à risperidona são
insônia, agitação, sedação tontura, rinite, hipotensão, ganhos de peso e distúrbios
mentruais, podendo estar presente galactorréia. Há relatos de síndrome neuroléptica
malígna (BALDESSARIN & TARAZI, 2007).
Comparado
com
os
neurolépticos
típicos,
risperidona
possui
maior
especificidade para o sistema mesolímbico do que para o dopaminérgico estriatal
sendo essa propriedade relacionada a uma menor incidência de efeitos extrapiramidais.
Acredita-se que a atividade no receptor 5HT2A da serotonina resulta em maior
atividade contra sintomas negativos da esquizofrenia. Estudos por meio de metanálise
71
demonstraram que a risperidona é superior ao haloperidol quanto à eficácia sobre os
sintomas negativos (MARDER et al., 1997).
Atualmente, tem-se investido em pesquisas na tentativa de se decobrir novos
compostos antipisicóticos atípicos mais seletivos para o sistema mesolímbico com a
finalidade de reduzir seus efeitos sobre o sistema extrapiramidais (POTTER &
HOLLISTER, 2005).
1.1.6 Cetamina
1.1.6.1 Definição, estrutura química e farmacocinética
O cloridrato de cetamina, 2-(o-clorofenil)-2(metilamino)-cicloexanona, é quimicamente relacionada
à fenciclidina. A cetamina foi sintetizada em 1963,
sendo usada pela primeira vez em humanos, em 1965
possui peso molecular de 238 daltons e pKa de 7,5
Figura 16 - Estrutura
Química da Cetamina
(CORSSEN & DOMINO, 1966; COHEN & TREVOR,
1974; REICH & SILVAY, 1989).
Na anestesia é utilizada atualmente na forma
racêmica ((±)-cetamina) ou como isômero (+)-cetamina. A (+)-cetamina é considerada
três a quatro vezes mais potente que o isômero (-)-cetamina para alívio da dor em
doses equianalgésicas. A forma racêmica e a (-)-cetamina produz mais alterações
psíquicas e agitação que a (+)-cetamina (MARIETTA et al., 1977; RYDER et al.,
1978; WHITE et al., 1985; SCHUTTLER et al., 1992). A (+)-cetamina é duas vezes
mais potente que a forma racêmica para prevenir a sensibilização central da medula
espinhal (JAKSCH et al., 2002).
72
Cetamina é tipicamente administrada por via intravenosa, podendo ser
administrada por via intramuscular, oral e retal. As doses de indução são as seguintes:
0,5 a 1,5 mg/kg (intavenosa), 6 mg/kg (intramuscular), 4 a 10 mg/kg (retal) (WHITE et
al., 1982). Cetamina é altamente biodisponível após a injeção intravenosa ou
intramuscular. Doses orais não são bem absorvida devido ao metabolismo de primeira
passagem (TREVOR & WHITE, 2006).
Uma vez que cetamina é um fármaco altamente lipofílico, e com fraca ligação às
proteínas plasmáticas (10-30%) (GARCIA, 2007), essa substância apresenta rápida
distribuição nos órgãos ricamente perfundidos incluindo o cérebro, com redistribuição
subseqüente para os tecidos de menor perfusão (TREVOR & WHITE, 2006). O
metabolismo da cetamina é feito pelas enzimas microssomais hepáticas através de Ndesmetilação, formando norcetamina (um metabólito ativo). Esta, por sua vez, é
hidroxilada a hidroxinorcetamina. Esses produtos são conjugados a derivados
glicuronídeos hidrossolúveis e excretados na urina (WHITE et al., 1982: CORSSEN et
al., 1988). É metabolizada também pelos rins, intestinos e pulmões. Seu clearance de
eliminação é alto (1000 a 1600 mL.min.-1), o que corresponde a uma meia-vida de
eliminação curta de 2 a 3 horas (GARCIA, 2007).
Muito utilizada a via de administração intramuscular devido a concentração
plasmática terapêutica ser alcançada mais rapidamente. Após a administração venosa
de cetamina, o efeito máximo ocorre em 30 a 60 segundos e a meia-vida de
distribuição é relativamente curta (11 a 16 minutos) (CLEMENTS & NIMMO, 1981).
1.1.6.2 Mecanismo de ação
Da mesma forma que a fenciclidina a cetamina interage com o canal do Nmetil-D-aspartato (NMDA) (KRYSTAL et al., 1994), nessa interação com o canal, a
droga se liga de forma não competitiva ao receptor da PCP e inibe a ativação do canal
do glutamato (JAVITT & ZUKIN, 1991) Segundo Smith (1981) e Eide (1998), quanto
73
menor a dose da cetamina maior sua afinidade pelos receptores NMDA. A S(+)
cetamina tem maior afinidade por esses receptores que a forma racêmica (LIU et al.,
2006).
Imaginava-se antigamente que os efeitos analgésicos promovidos pela
cetamina fossem mediados por sua interação com receptores opióides, no entanto o
uso de doses subanestésicas (EIDE et al., 1998) e a não reversão da analgesia por
naloxona, um antagonista opióide (MIKKELSEN et al., 1999), descartou essa
hipótese. Diferente do receptor NMDA encefálico, na medula espinhal, há dois pontos
de ligação para a cetamina: um dentro do canal do receptor (que irá diminuir o tempo
de abertura do canal) e outro na porção hidrofóbica do receptor (que irá diminuir a
freqüência de abertura do canal). Quando usada em pequena dose (exemplo 1 mg.kg-1
em bolus por via venosa) a cetamina inibe de forma competitiva e não-competitiva os
canais iônicos dos receptores NMDA (N-metil-D-aspartato) da membrana póssináptica dos neurônios do corno dorsal da medula espinhal. (SCHMID et al., 1999;
FISHER et al., 2000; DICKENSON, 1995;
ORSER 1997) bloqueando assim os
efeitos excitatórios do neurotransmissor glutamato (TREVOR & WHITE, 2006).
Além dos receptores NMDA, o principal sítio de ação terapêutica da cetamina,
foi encontrado que essa droga age também sobre uma variedade de receptores,
incluindo nicotínicos (SCHELLER et al., 1996), muscarínicos (HUSTVEIT et al.,
1995), opióides µ, d e k (HUSTVEIT et al., 1995; SMITH et al., 1980; FINCK &
NGAI, 1982) e altera os canais de sódio do sistema nervoso central e periférico
(SCHELLER et al., 1996), os canais monoaminérgicos e os de cálcio voltagemdependentes (HIROTA & LAMBERT, 1996).
1.1.6.3 Uso clínico
Cetamina é utilizada com finalidade anestésica, sendo descrita na literatura
como anestésico dissociativo, devido a uma grande perda sensorial e analgesia, além
74
de amnésia e paralisia do movimento, sem perda real da consciência (SU et al., 2007;
MORGAN et al., 2004). Usada em diversos procedimentos cirúrgicos, mas
principalmente em procedimentos cirúrgicos traumatológicos em humanos e na clínica
veterinária para induzir sedação em animais para cirurgias e eutanásia (WAGNER et
al., 2002).
A principal desvantagem da cetamina é a presença de delírios e
comportamentos irracionais durante a recuperação (BARASHI et al, 1991), sendo por
esse motivo que
atualmente o seu
uso clínico tem sido reduzido (FISHER et
al.,2000). É utilizada com maior freqüência nas cirurgias pediáticas, tendo em vista
que as reações psicomiméticas ocorrem com menor intensidade e freqüência que nos
adultos (SUSSMAN et al., 1974). O uso do diazepan ou midazolan por via intravenosa
antes da cetamina diminui a incidência desses efeitos (TREVOR & WHITE, 2006).
Devido as suas propriedades psicoativas, cetamina tem sido utilizada como
droga de abuso, conhecida entre outros nomes por Special-K. Os efeitos da droga
ocorrem 30 a 45 min após a ingestão ou inalação da droga. Os usuários relatam
experiências de saída ou flutuação do corpo, alucinações visuais e incoordenação
motora entre outros. Muitos países incluem cetamina em suas legislações como
substância controlada (SMITH et al, 2002).
1.1.6.4 Efeitos adversos
Interação da cetamina com os diversos receptores, como visto anteriormente,
produz alterações em diversos sistemas. Em relação ao sistema cardiovascular a droga
causa estimulação cardiovascular através da excitação do sistema nervoso simpático
central e, possivelmente inibição da recaptação da noradrenalina nas terminações
nervosas simpáticas, aumentando a freqüência cardíaca, pressão arterial e débito
cardíaco. Aumentos máximos dessa variação ocorrem de 2 a 4 minutos após injeção
intravenosa (TREVOR & WHITE, 2006).
75
Devido as suas propriedades broncodilatadora e simpaticomimética, a cetamina
tem papel importante na anestesia. Apresenta efeito mínimo sobre o sistema
respiratório e raramente ocorre apnéia, após doses anestésicas de cetamina (2 mg.kg-1
por via venosa) (RAEDER & STENSETH, 2000). Na maioria dos pacientes, cetamina
diminui a freqüência respiratória, entretanto o tônus muscular das vias aéreas
superiores são bem mantidos e os reflexos das vias aéreas são geralmente preservados
(TREVOR & WHITE, 2006).
Entre outros efeitos adversos, cetamina aumenta acentuadamente o fluxo
sangüíneo cerebral, consumo de oxigênio e a pressão intracraniana, sendo o seu uso
perigoso em pacientes cuja pressão intracraniana está elevada (TREVOR & WHITE,
2006).
Os efeitos psicológicos indesejáveis da cetamina lembram os da fenciclidina,
ocorrendo principalmente no período pós-operatório, chamadas de reações
emergenciais. Os mais comuns são: pesadelos, experiências extracorpóreas (sensação
de flutuar fora do corpo) e ilusões. É descrito na literatura que a incidência desses
efeitos varia de 5% a mais de 30% após doses utilizadas comumente utilizadas para
indução anestésica. Alguns dos fatores que estão associados a essas alterações são a
idade e o sexo. O efeito dissociativo produz nos pacientes um estado cataléptico,
permanecendo com os olhos abertos e mantendo muitos reflexos (RAEDER &
STENSETH, 2000).
1.1.5.5 Cetamina no modelo de esquizofrenia.
Conforme visto anteriormente, diversas pesquisas têm utilizado PCP e MK 801
como modelo para estudar a esquizofrenia. Mais recentemente, estudos têm utilizado a
cetamina como modelo para investigar aspectos dessa síndrome devido aos seguintes
aspectos: (1) as diversas similaridades, em relação às alterações comportamentais,
apresentadas na recuperação anestésica da cetamina com as exercidas pela PCP; (2) A
cetamina induz sintomas psicóticos com doses subanestésica, que lembram os
sintomas da esquizofrenia (BECKER et al., 2003).
76
Estudo realizado por Krystal et al, (1994) demonstrou efeitos similares aos
sintomas positivos e negativos da esquizofrenia, utilizando cetamina em doses
subanestésicas (0,1 ou 0,5 mg/Kg) em indivíduos saudáveis. Os efeitos
comportamentais nos seres humanos saudáveis que imitam sintomas esquizofrênicos
positivos, negativos e cognitivos foram também descrito por Lahti et al., (2001) e
Malhotra et al., (1996). Pacientes com esquizofrenia usando cetamina apresentaram
sintomas similares àqueles experimentado durante a fase ativa de sua doença (LAHTI
et al., 1995; MALHOTRA et al., 1997b).
Em
roedores,
doses
subanestésicas
de
cetamina
produzem
diversas
anormalidades comportamentais, entre as quais o aumento da atividade locomotora
(JENTSCH & ROTH, 1999). Devido a esse efeito e tendo em vista a atividade
locomotora está associada com a função límbico-estriatal, indução da hiperlocomoção
pode estar indiretamente ligada à esquizofrenia, já que o aumento da atividade
locomotora na esquizofrenia é geralmente associado com anormalidades límbicas
(IMRE et al., 2006).
Outra evidência da similaridade das alterações produzidas pelo uso da cetamina
com as encontrada na patologia esquizofrênica foi demonstração de que doses
subanestésicas repetidas induziu mudanças sutis na distribuição celular de proteínas
sensoras de cálcio que, em parte, lembraram àquelas descritas em cérebro pós-mortem
de pacientes esquizofrênicos (BERNSTEIN et al., 2003).
Para o modelo glutamatérgico, a cetamina possui algumas vantagens em relação
à PCP. Esta droga difere no potencial de neurotoxicidade em comparação à cetamina
(OLNEY et al., 1989) e produz um forte bloqueio não competitivo dos canais de cálcio
associados ao NMDA, enquanto cetamina é um bloquedor mais fraco desse canal.
Tendo em vista que são requeridas doses subanestésicas da cetamina para induzir os
sintomas da esquizofrenia, sugere-se que a ação da cetamina predomina sobre o
receptor NMDA, ao invez de outros sistemas (DUNCAN et al., 1999). Contrariamente,
uma vez que PCP requer uma maior dose para produzir o mesmo efeito que a Ceta,
terá também maior interação com outros sistemas de neurotransmissores tais como
dopamina, acetilcolina e GABA (BECKER et al., 2003).
77
1.1.7 Importância do estudo
A esquizofrenia é caracterizada como um transtorno que tem grave
deteriorização funcional (WALLACE E LIBERMAN, 1985; RABINOWITZ et al.,
2007), Esta tem como causa principal o comprometimento cognitivo. Este promove
déficits neuropsicológicos na atenção, na memória de trabalho, na aprendizagem
verbal e na solução de problemas (SÁ JUNIOR & SOUZA, 2007). Tais déficits têm se
refletido, como prejuízo, no comportamento social, na performance no trabalho e nas
atividades da vida diária do indivíduo com esquizofrenia (MATZA et al., 2006).
Os avanços farmacológicos no tratamento da esquizofrenia têm contribuído,
efetivamente, no controle dos sintomas psicóticos, ocasionando, conseqüentemente,
um melhor resultado clínico. Os atuais antipsicóticos apresentam melhores resultados
em sintomas positivos, o que não acontece com os negativos. A presença destes
sintomas negativos está relacionada a um maior comprometimento do funcionamento
social e pessoal. Intervenções, que levem a uma melhora no desempenho social, como
medidas comportamentais de reabilitação, ou novas medicações com maior eficácia
para os sintomas negativos, devem ser consideradas como metas no tratamento de
pacientes com esquizofrenia (SÁ JUNIOR & SOUZA, 2007).
Os neurolépticos são drogas de uso bastante difundido para o tratamento de
distúrbios psiquiátricos, mais especificamente a esquizofrenia. Pacientes que fazem
uso destas, o fazem de forma crônica, o que acarreta efeitos colaterais indesejáveis,
tais como: efeitos sobre a atividade locomotora, algumas vezes demonstrando acatisia,
síndrome
parkinsoniana,
síndrome
neuroléptica
maligna,
entre
outros
(BALDESSARIN & TARAZI, 2007). Partindo deste pressuposto, ao se tratar uma
patologia como a esquizofrenia, com este tipo de droga, normalmente adquirem-se
outras doenças, como é o caso da síndrome parkinsoniana.
A esquizofrenia tem com freqüência um curso crônico e geralmente
incapacitante, pois afeta pessoas jovens no auge do seu processo produtivo. Além
78
disso, os efeitos adversos dos medicamentos contribuem para não aderência ao
tratamento e aumento nas taxas de recidiva dos sintomas e re-hospitalizações durante o
curso da doênça (FLEISCHHACKER, 1995; BARNES & MCPHILLIPS, 1999). O
suicídio que pode ocorrer em até dez por cento dos casos é outro fator complicador
(RANG et al, 2007).
Considerando que a neuropatologia e psicopatologia da esquizofrenia são ainda
pouco compreendidas (BECKER et al., 2003). Pode-se concluir que pesquisas nessa
área são de fundamental importância, o que poderá traduzir, no futuro, em
possibilidade de cura e/ou uma melhor qualidade de vida para os pacientes com
indicação de submeter-se a terapia neuroléptica A investigação dos efeitos dos
neurolépticos no modelo NMDA é importante para compreender a fisiopatologia da
esquizofrenia, bem como para o entendimento do mecanismo de ação dessas drogas.
Portanto, um estudo mais detalhado dos eventos comportamentais induzidos por
estas drogas se faz necessário. Para os testes foi utilizada uma droga típica
(haloperidol) e outra atípica (risperidona). Neste trabalho foi proposto o estudo da
atividade locomotora, que é prejudicada com o uso dos neurolépticos, No teste de
labirinto e placa furada procurou-se saber como estas drogas interferem com a
ansiedade dos animais. No teste de interação social, por sua vez, avaliou-se os efeitos
das drogas sobre o comportamento social do animal.
O estudo das alterações comportamentais induzidas pelos neurolépticos é
importante, pois pouco se sabe sobre a fisiopatologia da esquizofrenia, o que dificulta
o tratamento e o desenvolvimento de drogas mais eficazes na terapêutica
esquizofrênica. Outro ponto relevante é que a descoberta dos verdadeiros mecanismos
(visto que não estão totalmente elucidados), pelos quais essas drogas causam efeitos
colaterais comportamentais, permitirá o desenvolvimento de drogas possivelmente
mais seletivas, para seus alvos receptores, com menores efeitos indesejados.
Vasconcelos et al. (2005) relata sobre a importância do uso de modelos animais
com a finalidade de compreender os mecanismos da esquizofrenia e conseqüentemente
o possível desenvolvimento de novas drogas para o tratamento deste transtorno. Como
visto, pesquisas têm apontados para uma disfunção na integração entre sistemas de
79
neurotransmissores. Para compreender a interação entre os sistemas dopaminérgicos e
glutamatérgicos, e seu possível envolvimento na fisiopatologia dessa síndrome, no
presente trabalho, nós analisamos os efeitos da risperidona e do haloperidol em um
modelo comportamental induzido pela cetamina em camundongos.
80
OBJETIVO GERAL
81
2 OBJETIVO GERAL
Estudar os efeitos de neurolépticos típico (haloperidol) e atípico (risperidona),
nas alterações comportamentais induzidos pela Cetamina (modelo de
esquizofrenia), bem como avaliar a interação entre os sistemas de
neurotransmissores dopaminérgicos e glutamatérgicos e as suas relações com a
esquizofrenia.
82
MATERIAIS E MÉTODOS
83
3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Animais
Foram utilizados camundongos Swiss machos com peso entre e 25-30g. O
presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética para o uso de animais da
Universidade Estadual da Ceará (UECE), protocolo nº 07465201-0.
3.2 Tratamento dos animais
Os animais foram tratados com os neurolépticos haloperidol (0,1 e 0,2 mg/Kg
i.p), ou risperidona (0,1 e 0,2 mg/Kg i.p). Ambas as drogas foram administradas
sozinhas ou após pré-tratamento com cetamina 10 mg/kg (i.p). No pré-tratamento os
neurolépticos foram administrados 30 minutos antes da aplicação da cetamina.
Imediatamente após a administração da cetamina ou água, os testes foram realizados.
O Quadro 2 mostra o esquema de tratamento utilizado no estudo.
As drogas foram preparadas a partir de comprimidos (risperidona) ou ampolas
(haloperidol e cetamina) adquiridos em farmácia local. Os controles receberam uma
quantidade equivalente de água destilada (ip). Os animais foram mantidos a uma
temperatura (± 26º C), com ciclo claro / escuro de 12 horas, com água e comida livres.
84
Quadro 2 – Tratamento agudo com cetamina
Drogas testes
ou
Àgua
Haloperidol (o,1 ou 0,2 mg/Kg)
Risperidona (0,1 ou 0,2 mg/Kg)
30 min.
Cetamina (10 mg)
ou Água
Imediatamente
Testes Comportamentais
(Campo aberto, Catalepsia, Rota rod, suspensão da cauda), ou
( Interação social, Placa furada, Labirinto cruz elevado)
3.3 Testes comportamentais
Para minimizar o estresse do animal, para todos os testes, os camundongos
foram pesados uma hora antes do experimento. Os animais foram divididos em dois
grupos, sendo que cada grupo foi submetido a diferentes baterias de testes. O grupo
um foi submetido aos testes do campo aberto, catalepsia, rota rod e suspensão da
cauda, nesta ordem. O grupo dois foi submetido aos testes de interação social seguido
pelo teste da placa furada e posteriormente o do labirinto cruz elevado.
Para a escolha da dose da cetamina que reproduzia o modelo de psicose foram
realizados os seguintes testes preliminares: campo aberto, catalepsia, rota rod e
85
suspensão da calda com grupos de dez animais utilizando cetamina nas doses de 5,
10, 15 e 20 mg.
3.3.1 Campo aberto - Avaliação da atividade locomotora; Grooming, Rearing,
Estereotipias; Andar em círculos e Ataxia.
Ao colocar o animal em um novo ambiente, a tendência dele é explorá-lo apesar
do estresse provocado pelo novo. (MONTGOMERY, 1955). Para avaliar essa
atividade exploratória o teste foi realizado em uma sala atenuada de sons, e com pouca
luminosidade. Os camudongos foram colocados em um campo aberto, com área de 30
x 30 X 15 cm que foi feito de acrílico com paredes transparentes e fundo preto,
dividida em nove quadrados de áreas iguais. Os animais foram previamente habituados
durante um minuto nesse aparelho e, logo em seguida iniciado o teste. O observador
colocou individualmente cada animal nesse campo e registrou o número de travessias
de um quadrante para outro, número de auto-limpeza (grooming) e atividade vertical
(rearing) durante 3 minutos. Estudos mostram que alterações nestes parâmetros têm
correlação com a ansiedade do homem (MASUR, 1972). Este teste também vem sendo
muito utilizado para avaliação da atividade locomotora em modelos de esquizofrenia
(JENTSCH & ROTH, 1999; IMRE et. al., 2006).
Outros parâmetros avaliados no aparelho do campo aberto foram alterações
comportamentais tais como comportamento esteriotipado (comportamento incomum
como balanço da cabeça de um lado para outro, andar para trás rapidamente;
perseverações que inclui movimentos repetidos e exagerados), andar em círculo e
ataxia (incoordenação motora). Esteriotipia é um parâmetro comportamental que tem
sido avaliado em modelos experimentais de esquizofrenia (SALGADO et al., 2006).
3.3.2 Catalepsia
86
O teste fundamenta-se no fato de que alguns roedores, incluindo camudongos,
quando sob efeito de uma droga neuroléptica, apresentam intensa rigidez muscular.
Dessa forma quando são colocados com suas patas dianteiras apoiadas em uma barra
horizontal, permanecem nessa posição por período significativo. Os animais foram
colocados em uma barra horizontal com 0,5 cm de diâmetro e cinco cm de altura onde
foram habituados por sessenta segundos com suas patas dianteiras na barra e, então se
registrou o tempo que o animal passou nesta posição (máximo 180s). Foram realizadas
no máximo até três tentativas, quando o animal caia da barra (CARLINI , 1973; PIRES
et al., 1998).
3.3.3 Rota rod
A coordenação motora é um parâmetro importante na investigação dos efeitos
gerais de uma droga especialmente das depressoras. O teste da barra giratória foi
proposto por Dunham & Miya, 1957. Avalia o efeito de relaxamento muscular ou de
incoordenação motora produzido por uma droga. O animal foi colocado com as quatro
patas sobre uma barra giratória de 2,5 cm de diâmetro, elevada a 25 cm do piso, com
12 rotações por minuto (RPM), onde foram registrados: o nº de quedas (NQ) e o tempo
de permanência (TP) na barra. O teste foi realizado por período máximo de um minuto
sendo o animal recolocado após a queda por até três tentativas. Foram realizada uma
seleção de treinamentos prévios, evitando assim o uso de animais incapazes de
permanecer sobre a barra giratória. (CARLINI & BURGOS, 1979)
3.3.4 Suspensão da cauda
87
Descrito por Porsolt et al. (1987) este teste é utilizado na avaliação de drogas
antidepressivas. O modelo baseia-se no fato de que camundongos suspensos pela
cauda demonstram um padrão temporal de movimentação para fugir, seguido de
imobilidade. Uma diminuição no tempo de imobilidade em relação ao grupo controle
sugere ação antidepressiva. Para o teste os animais foram suspensos 58 cm acima de
uma mesa com um esparadrapo fixado cerca de um cm na ponta da cauda, sendo a
duração da imobilidade registrada por no máximo cinco minutos.
3.3.5 Teste de interação social
O modelo foi adaptado de File (1993) que postulou inicialmente como modelo de
ansiedade. Hoje sendo muito utilizado para avaliação de drogas neurolépticas, como
modelo de sintomatologia negativa da esquizofrenia (RUNG et al., 2005). O teste foi
realizado numa caixa aberta (100X100X40 cm) com altura de 25 cm. Os animais
foram observados aos pares, e foi medido com auxílio de um cronômetro, o tempo de
interação social ativa tais como: seguir, cheirar, limpar um ao outro, subir em cima do
outro, durante um período de 10 minutos. Para o teste os camundongos não se
conheciam previamente. Foi realizada, uma hora antes do teste, uma habituação
durante cinco minutos, para que os animais pudessem se familiarizar com a arena. A
habituação foi realizada com pares de animais que estavam anteriormente na mesma
gaiola.
3.3.6 Placa furada
Colocar os animais em ambientes estranho gera alterações comportamentais
acompanhadas de desvios fisiológicos (BLANCHARD et al., 1993). Esse teste
reproduz nos animais um estado semelhante à ansiedade no homem medida através de
88
sinais como a atividade exploratória (LEITE & SIQUEIRA, 2006). O aparelho
consiste de uma caixa quadrada (50 X50 X 50 cm), confeccionada com acrílico
transparente com 16 orifícios de dois centímetros de diâmetro eqüidistantes uns dos
outros e das bordas. Trinta minutos após o tratamento o animal foi colocado na região
central permitindo que o animal explorasse livremente o aparelho por 5 minutos.
Foram contados o número de mergulho e o tempo de mergulho realizado por cada
animal nesse período.
3.3.7 Labirinto cruz elevado
O labirinto em cruz elevado (LCE) (Lister, 1987) consiste de dois braços
abertos opostos (30 x 5 x 25 cm) e dois fechados (30 x 5 x 25 cm), também opostos,
em forma de cruz. Os braços abertos e fechados estão conectados por uma plataforma
central (5 x 5 cm). O aparelho foi confeccionado em acrílico transparente e o chão em
acrílico preto, e possui uma altura de 45 cm do nível do chão. Após o tratamento com
as drogas ou água, os animais foram colocados no centro do aparelho com a cabeça
voltada para um dos braços fechados e o seu comportamento observado por 5 min. As
medidas comportamentais registradas no LCE foram: freqüência de entradas e o tempo
despendido nos braços abertos e nos fechados. A freqüência total de entradas foi
obtida pela soma simples das freqüências de entradas nos braços abertos e nos
fechados. Um aumento seletivo nos parâmetros correspondentes aos braços abertos
revela um efeito ansiolítico (PELOW et al. 1985), entre outros achados. Neste teste,
cuidados foram realizados para evitar a queda do animal ao chão, ficando o observador
próximo do animal durante o teste.
89
3.3.8 Análise Estatística
Todas as análises foram realizadas usando one-way análise de variância
(ANOVA) em um programa de computador Prisma, versão 3.0. Quando os resultados
foram significantes, múltiplas comparações foram feitas usando teste Tukey como o
teste post hoct. Os resultados foram considerados significantes no p < 0,05, e
apresentados como mean + E.P.M.
90
RESULTADOS
91
4 RESULTADOS
Os valores encontrados, quando da utilização de cetamina para escolha da
dose a ser utilizada no modelo experimental de psicose, foram demostrados em uma
curva dose resposta na Tabela 2. A dose de 10 mg foi escolhida devido a um
aumento da atividade locomotora em relação ao controle que foi significantivo.
4.1 Avaliação da atividade locomotora
Os animais tratados com cetamina (10 mg/Kg, i.p.) apresentaram um aumento
na ALE (63,3 ± 4,2) quando comparado ao grupo controle (25,5 ± 4,2). Por outro lado,
os animais que receberam neurolépticos apresentaram efeito oposto, com uma
diminuição deste comportamento. Neste trabalho, a hipermotilidade induzida pela Ceta
foi diminuída significativamente pelo pré-tratamento com neurolépticos [Hal 0,1 +
Ceta: 5,9 ± 2,8; Halo 0,2 + Ceta: 2,2 ± 0,8; Risp 0,1 + Ceta: 29,9 ± 6,3; Risp 0,2 +
Ceta: 2,2 ± 0,8]. Entretanto, os animais que receberam Ceta e foram pré-tratratados
com risperidona 0,1 mg apresentaram uma redução na motilidade semelhante ao grupo
controle [ F(9,105) = 39,09; p < 0,0001)], como mostrado na Figura 17.
92
Tabela 2 - Curva dose resposta da Cetamina - Resultados dos testes comportamentais com camundongos, realizados
preliminarmente, para definir dose da cetamina a ser utilizada nos experimentos posteriores. Para a realização dos testes, foi seguido o
mesmo protocolo utilizado na metodologia.
Suspensão da
cauda
*
*
*
*
*
*
*
*
Os valores estão representados como média ± EPM do número de animais em parênteses. * = P < 0,05 quando comparado ao controle.
(ANOVA e Tukey post hoc).
93
Figura 17 - Efeitos das drogas no teste do campo aberto em camundongos. A haloperidol sozinho e em associação com Ceta. B - Risperidona sozinha e em prétratamento com Ceta. A figura mostra a atividade locomotora (número de travessias),
contadas em três minutos. Os resultados são apresentados com a média + EPM. (n =
10 a 14). a and b (p<0.05) quando comparado ao controle ou Cetamina,
respectivamente. Análise de variância e teste post-hoc de Tukey.
A Figura 18 mostrou que o grupo que recebeu Ceta (1,1 ± 0,7), assim como, os
grupos que receberam neurolépticos (Hal 0,1: 5,1 ± 1,4; Hal 0,2: 0,7 ± 0,2; Risp 0,1:
0,7 ± 0,4; Risp 0,2: 1,6 ± 0,6) diminuíram o número de rearing em comparação com o
grupo controle (13,45 ± 1,6) [ F(9,106) = 30,69; p < 0,0001]. Um efeito similar foi
observado no pré-tratamento (Hal + Ceta ou Risp + Ceta). Na Figura 19 observa-se
que todas as drogas diminuíram o número de grooming em comparação ao controle
(3,3 ± 0,3), exceto o haloperidol (2,3 ± 0,4) na menor dose [F(9, 107) = 19,26; p <
0,0001].
A
Nº atividade vertical
20
Controle
Ceta 10mg
Halo0,1
Halo 0,1+Ceta10
Halo0,2
Halo 0,2+Ceta10
10
a,b
a
a,c
a,c
a
0
B
Nº Atividade vertical
20
Controle
Ceta 10mg
Risp 0,1
Risp 0,1+Ceta10
Risp0,2
Risp 0,2+Ceta10
10
a
0
a
a
a
a
Figura 18 - Efeitos das drogas na atividade locomotora vertical (rearing) em
camundongos. A - haloperidol sozinho e em associação com Ceta. B - Risperidona
sozinha e em pré-tratamento com Ceta. A figura mostra o número de rearing, contados
em três minutos. Os resultados são apresentados com a média + EPM. (n = 10 a 14). a,
b e c (p<0.05) quando comparado ao controle, Ceta e Halo 0,1, respectivamente.
Análise de variância e teste post-hoc de Tukey.
A
n° de auto limpeza
4
3
Controle
Ceta 10mg
Halo 0,1
Halo 0,1+Ceta10
Halo 0,2
Halo 0,2+Ceta10
b
2
a,c
1
a,c
a
a
0
B
n° de auto limpeza
4
Controle
Ceta 10mg
Risp 0,1
Risp 0,1+Ceta10
Risp 0,2
Risp 0,2+Ceta10
3
2
a
a
1
a
a
a
0
Figura 19 - Efeitos das drogas na atividade de autolimpeza (grooming) em
camundongos. A - haloperidol sozinho e em associação com Ceta. B - Risperidona
sozinha e em pré-tratamento com Ceta. A figura mostra o número de grooming,
contados em três minutos. Os resultados são apresentados com a média + EPM. (n =
10 a 14). a, b e c (p<0.05) quando comparado ao controle, Ceta e Halo 0,1,
respectivamente. Análise de variância e teste post-hoc de Tukey.
Ainda no Campo aberto foram avaliados os efeitos da Cetamina no
comportamento estereotipado (Ceta: 2,7 ± 0,6, F(9,99) = 9,299, p < 0,0001) (Figura
20A), no comportamento de andar em círculo (Ceta: 3 ± 0,6. F(9,99) = 12,54, p <
0,0001) (Figura 20B), bem como ataxia (Ceta: 3,1 ± 1 F(9,99) = 9.045, p < 0,0001)
(Figura 20C). Tais efeitos não foram apresentados pelo grupo controle (0,0 ± 0,0).
Risp na dose 0,1 mg/Kg mostrou uma reversão da atividade esteriotipada (Risp 0,1 +
Ceta: 0,2 ± 0,2) (Figura 21A) e ataxia (Risp 0,1 + Ceta: 0,3 ± 0,2) quando comparada
o grupo da ceta sozinha (Figura 21C), porém não reverteu o comportamento de andar
em círculo (Figura 21B).
A
atividade esteriotipada/
3min
5
4
Controle
Ceta 10
Halo 0,1
Halo 0,1+Ceta
Halo 0,2
Halo 0,2 + Ceta
a
3
2
1
b
b
0
b
b
Andar em círculos/ 3min
B
5
4
Controle
Ceta10
Halo 0,1
Halo 0,1+ Ceta
Halo 0,2
Halo 0,2 + Ceta
a
3
2
b
1
b
b
b
0
Total de ataxia / 3min.
C
5
4
Controle
Ceta10
Halo 0,1
Halo 0,1+Ceta
Halo 0,2
Halo 0,2 + Ceta
a
3
2
1
b
b
0
b
b
Figura 20 - Efeitos comportamentais da Ceta e do haloperidol nos camundongos: (A)
atividade esteriotipada (B) andar em círculos, e (C) ataxia nos camundongos. A
figura representa número de vezes que os animais demonstraram o comportamento no
aparelho do teste do campo aberto por três min. Os resultados são apresentados com a
média + EPM. n = 10. a and b (p<0.05) quando comparado ao controle ou Cetamina,
respectivamente. Análise de variância e teste post-hoc de Tukey.
A
atividade esteriotipada/ 3min
5
4
Controle
Ceta 10
Risp 0,1
Risp 0,1 + Ceta
Risp 0,2
Risp 0,2 + Ceta
a
3
a,e
2
1
b
0
b
b
B
Andar em círculos / 3min
5
4
Controle
Ceta10
Risp 0,1
Risp 0,1 + Ceta
Risp 0,2
Risp 0,2 + Ceta
a,c
a
3
2
1
b
b
0
b,d
C
Total score of ataxia/3min.
5
Controle
Ceta10
Risp 0,1
Risp 0,1 + Ceta
Risp 0,2
Risp 0,2 + Ceta
a
4
3
2
1
b
b
0
b
b
Figura 21 - Efeitos comportamentais da Ceta e da risperidona nos camundongos: (A)
atividade esteriotipada (B) andar em círculos, e (C) ataxia nos camundongos. A
figura representa o número de vezes que os animais que demonstraram o
comportamento no aparelho do teste do campo aberto por três minutos. Os resultados
são apresentados com a média + EPM. n = 10. a, b, c, d e e (p<0.05) quando
comparado ao controle, Ceta, Risp 0,1, Risp 0,1 + Ceta e Risp 0,2 respectivamente.
Análise de variância e teste post-hoc de Tukey.
4.2 Catalepsia
Como podemos observar na Figura 22, no grupo que recebeu haloperidol na
dose 0,1 mg/Kg e o da cetamina, o efeito da catalepsia não foi significativamente
diferente do controle, porém o grupo do haloperidol 0,2 mg/dl foi significativamente
diferente, quando comparado ao controle. Os animais que fizeram uso de risperidona
em ambas as doses, não apresentaram catalepsia.
atividade cataléptica (s)
A
100
a
75
50
25
0
Controle
Ceta 10mg
Halo 0,1
Halo 0,1 +Ceta10
Halo0,2
Halo 0,2+Ceta10
atividade cataléptica (s)
B
5
4
3
2
Controle
Ceta 10mg
Risp 0,1
Risp 0,1+Ceta10
Risp 0,2
Risp 0,2+Ceta10
1
0
Figura 22 – Atividade de catalepsia induzida por drogas em camundongos. A figura
mostra o tempo que o animal permaneceu na barra, sem expressar movimento, contado
após um minuto de habituação. (A) O grupo do haloperidol 0,2 mg apresentou
catalepsia significativa em relação ao controle. (B) Os grupos que receberam
Risperidona não apresentaram catalepsia. Os resultados são apresentados com a média
+ EPM. (n = 10 a 14). a (p<0.05) quando comparado ao controle. Análise de variância
e teste post-hoc de Tukey.
4.3 Rota rod
No teste Rota Rod (Figura 23) Ceta (15,06 ± 4,1) diminuiu significativamente
o tempo de permanência dos animais na barra em comparação ao controle (59,01 ±
0,6). Os neurolépticos sozinhos não foram diferentes do controle. Entretanto, no grupo
dos animais que receberam Ceta e foram pré-tratados com haloperidol na dose 0,2 mg
(Hal 0,2 + Ket: 41 ± 5,5) ou risperidona na dose 0,1 mg (Risp 0,1 + Ceta: 42,8 ± 6,3)
houve um aumento no tempo de permanência na barra em comparação ao grupo da
Ceta sozinha [ F(9,110) = 9.101; p < 0,0001].
Cetamina (2,9 ± 0,1) aumentou o número de quedas (Figura 24) dos animais
quando comparados com o grupo controle (0,14 ± 0,01), este efeito não foi modificado
no pré-tratamento com neurolépticos [F(9,120) = 12,15; p < 0,0001].
Figura 23 – Efeitos das drogas na coordenação motora (tempo de permanência na
barra) dos camundongos no teste do Rota Rod (n= 10 a 14 por grupo). A - Halo
sozinho e em pré-tratamento com Ceta. B - Risp sozinha e em pré-tratamento com
Ceta. Os resultados são apresentados com a média + EPM. a, b e c (p<0.05) quando
comparado ao controle, Ceta e Halo 0,1, respectivamente. Análise de variância e teste
post-hoc de Tukey.
.
Figura 24 – Efeitos das drogas na coordenação motora (número de quedas) dos
camundongos no teste do Rota Rod (n= 10 a 14 por grupo). A - Halo sozinho e em
pré-tratamento com Ceta. B - Risp sozinha e em associação com Ceta. Os resultados
são apresentados com a média + EPM. a, b e c (p<0.05) quando comparado ao
controle, Ceta e Halo 0,1, respectivamente. Análise de variância e teste post-hoc de
Tukey.
4.4 Suspensão da cauda
No Teste de Suspensão da Cauda (Figura 25), o grupo da Ceta (17.3 ± 5.6)
diminuiu significativamente o tempo de imobilidade dos camundongos, quando
comparado ao grupo controle (80.2 ± 10.2). Contudo, o pré-tratamento com
neurolépticos, em ambas as doses, bloqueou o efeito da Ceta. Haloperidol na maior
dose (Hal 0.2: 176.1 ± 8) assim com risperidona em ambas as doses (Risp 0.1: 189.7 ±
19); Risp 0.2: (175.2 ± 12) aumentaram significativamente o tempo de imobilidade
quando comparados ao grupo controle [F(9,123) = 19.96; p < 0001].
Tempo de imobilidade (s)
A
300
a,b,c
200
a,b,c
100
a,b
Controle
Ceta 10mg
Hal 0.1
Hal 0.1 + Ceta
Hal 0.2
Hal 0.2 + Ceta
a,b
Controle
Ceta 10mg
Risp 0.1
Risp 0.1 +Ceta
Risp 0.2
Risp 0.2 +Ceta
b
a
0
Tempo de imobilidade (s)
B
300
a,b
a,b
200
b,c
100
a
0
Figura 25 - Os efeitos das drogas no teste de suspensão da cauda em camundongos.
A - Haloperidol sozinho e em associação com Ceta. B - Risperidone sozinho e em prétratamento com Ceta. A figura mostra o tempo de imobilidade em cinco minutos. Os
resultados são apresentados com a média + EPM. (n=10 a 14). a, b e c (p<0.05)
quando comparado ao controle, Ceta e Halo 0,1 (em A) ou Risp 0,1(em B)
respectivamente. Análise de variância e teste post-hoc de Tukey.
4.5 Teste de interação social
No teste de interação social (TIS) (Figura 26) o grupo de animais que
receberam Ceta (16,8 ± 2,8), assim como o grupo dos que receberam neurolépticos
(Hal 0,1: 28,3 ± 3,6; Hal 0,2: 15,2 ± 3,5; Risp 0,1: 12,7 ± 2,9; Risp 0,2: 8 ± 2,5),
diminuíram o TIS comparado com o grupo controle (46,6 ± 6,5). O pré-tratamento
com neurolépticos não reverteu os efeitos da Ceta sozinha [F(9,92)= 15.52; p<
0.0001].
Tempo Interação social
ativa (s)
A
75
Controle
Ceta 10
Halo 0,1
Halo 0,1 +Ceta10
Halo 0,2
Halo 0,2+Ceta10
50
a
25
a
a
a
a
0
Tempo Interação social
ativa (s)
B
75
Controle
Ceta 10
Risp 0,1
Risp 0,1+Ceta10
Risp 0,2
Risp 0,2+Ceta10
50
25
a
a
a
a
a
0
Figura 26 – Efeitos das drogas no teste de interação social em camundongos. A Haloperidol sozinho ou em associação com cetamina. B – Risperidona sozinha ou em
pré-tratamento com cetamina. A figura mostra o tempo de interação social ativa
entre os pares de camundongos por 10 min. Os resultados são apresentados com a
média + EPM. (n=10 pares). a (p<0.05) quando comparado ao controle. Análise de
variância e teste post-hoc de Tukey.
4.6 Placa furada
Na placa furada (Figura 27) o grupo da Ceta (10 ± 1,2) , assim como, o grupo
dos neurolépticos (Hal 0,1: 7,9 ± 0,8; Hal 0,2: 2 ± 0,3; Risp 0,1: 2,7 ± 0,4; Risp 0,2:
1,9 ± 0,3) diminuíram o tempo de mergulho quando comparado ao grupo controle
(13,3 ± 1,1). Nos grupos pré-tratatados com neurolépticos (Hal 0,1+ Ceta: 5,3 ± 0,8;
Hal 0,2 + Ceta: 2,9 ± 0,6; Risp 0,1 + Ceta: 3,3 ± 0,6; Risp 0,2 + Ceta: 0,9 ± 0,2)
observou-se redução do tempo de mergulho quando comparado com o grupo da Ceta
sozinha [F(9,187) = 35.11; p < 0,0001].
O Nº de Mergulho (Figura 28) do grupo da Ceta (23,2 ± 2) não foi diferente do
grupo controle (27,5 ± 2,6), enquanto os grupos dos neurolépticos sozinhos, bem
como, os grupos dos que receberam Ceta e foram pré-tratados com neuroléptico (Hal
0,1+ Ceta: 9,3 ± 1,4; Hal 0,2 + Ceta: 4,2 ± 0,8; Risp 0,1 + Ceta: 5,8 ± 1,2; Risp 0,2 +
Ceta: 1,5 ± 0,4) reduziram o nº de mergulho [F(9,193) = 37.32; p < 0,0001].
A
Controle
Ceta 10
Halo 0,1
Halo 0,1 +Ceta10
Halo 0,2
Halo 0,2+Ceta10
Tempo de mergulho (s)
20
15
a
10
a
a,b
5
a,b,c
a,b
0
B
20
Tempo de mergulho
(s)
Controle
Ceta 10
Risp 0,1
Risp 0,1+Ceta10
Risp 0,2
Risp 0,2+Ceta10
15
a
10
5
a,b
a,b
a,b
a,b
0
Figura 27 – Efeitos das drogas no teste da placa furada em camundongos. A Haloperidol sozinho ou em associação com cetamina. B – Risperidona sozinha ou em
pré-tratamento com cetamina. A figura mostra o tempo de mergulho dos
camundongos registrado durante 5 minutos. Os resultados são apresentados com a
média + EPM. (n=20). P < 0.05. a, b e c (p<0.05) quando comparado ao controle,
Ceta e Halo 0,1, respectivamente. Análise de variância e teste post-hoc de Tukey.
A
Nº Mergulho
40
Controle
Ceta 10
Halo 0,1
Halo 0,1 +Ceta10
Halo 0,2
Halo 0,2+Ceta10
30
20
a,b
a,b
10
a,b,c a,b
0
B
Nº Mergulho
40
Controle
Ceta 10
Risp 0,1
Risp 0,1+Ceta10
Risp 0,2
Risp 0,2+Ceta10
30
20
10
a,b
a,b
a,b
a,b
0
Figura 28 – Efeitos das drogas no teste da placa furada em camundongos. A Haloperidol sozinho ou em associação com cetamina. B – Risperidona sozinha ou em
pré-tratamento com cetamina. A figura mostra o número de mergulho dos
camundongos contados em 5 minutos. Os resultados são apresentados com a média +
EPM. (n=20). a, b e c (p<0.05) quando comparado ao controle, Ceta e Halo 0,1,
respectivamente. Análise de variância e teste post-hoc de Tukey.
4.7
Labirinto cruz elevado
Braços Abertos – Tempo de permanência:
No Labirinto em Cruz Elevado (Figura 29) o grupo tratado com Ceta aumentou
(Ceta: 112,8 ± 14), enquanto os grupos dos neurolépticos diminuíram o tempo de
permanência nos braços abertos (Hal 0,1: 16,9 ± 4,5; Risp 0,1: 23 ± 13,8; Risp 0,2:
0,9±0,6) quando comparados com o do grupo controle (30,5 ± 12). Os grupos que
receberam Ceta, e foram pré-tratados com neurolépticos, diminuíram o tempo de
permanência nos braços abertos, na dose mais alta (Hal 0,2+ Ceta: 33,6 ± 21; Risp 0,2
+ Ceta: 0 ± 0), quando comparados ao grupo da Ceta sozinha [F(9,193) = 4.767; p <
0,0001].
Braços Abertos – Número de entradas:
O grupo de animais tratados com Ceta aumentou (Ceta: 6,9 ± 0,7), e o grupo
dos neurtolépticos diminuíram (Hal 0,1: 1 ± 0,2; Hal 0,2: 0,7 ± 0,3; Risp 0,1: 0,4 ± 0,2;
Risp 0,2: 0,1±0,1) o número de entradas nos braços abertos quando comparado ao
grupo controle (4,6 ±0,7). Os grupos que receberam Ceta, e foram pré-tratados, com
ambas as doses de neurolépticos, diminuíram o nº de entrada nos braços abertos (Hal
0,1+ Ceta: 1 ± 0,2; Hal 0,2+ Ceta: 0,5 ± 0,2; Risp 0,1 + Ceta: 1 ± 0,2; Risp 0,2 + Ceta:
0 ± 0), quando comparados ao grupo da Ceta sozinha [F(9,197) = 40.68; p < 0,0001)]
(Figura 30).
A
Controle
a
120
80
b
Ceta 10
Halo 0,1
Halo 0,1 +Ceta10
Halo 0,2
Halo 0,2+Ceta10
10
ada Braços Abertos
Braços Abertos (s)
A
8
6
4
a
Controle
Ceta 10
Halo 0,1
Halo 0,1 +Ceta10
Halo 0,2
Halo 0,2+Ceta10
Figura 29 – Efeitos das drogas no teste
do LCE em camundongos. A Haloperidol sozinho ou em associação
com cetamina. B – Risperidona sozinha
ou em pré-tratamento com cetamina. A
figura mostra o tempo de permanência
dos camundongos nos braços abertos
contados em 5 minutos. Os resultados
são apresentados com a média + EPM
(n= 20). a, b e d (p<0.05) quando
comparado ao controle, Ceta e Risp 0,1
+ Ceta 10, respectivamente. Análise de
variância e teste post-hoc de Tukey.
Figura 30 – Efeitos das drogas no teste
do LCE em camundongos. A Haloperidol sozinho ou em associação
com cetamina. B – Risperidona sozinha
ou em pré-tratamento com cetamina. A
figura mostra o número de entradas
dos camundongos nos braços abertos
contados em 5 minutos. Os resultados
são apresentados com a média + EPM.
(n=20). a e b (p<0.05) quando
comparado ao controle e Ceta
respectivamente. Análise de variância e
teste post-hoc de Tukey.
Braços Fechados – Tempo de permanência:
No grupo da Ceta (122,5 ± 10,4) sozinha, o tempo de permanência nos braços
fechados (Figura 31) comparado com o do Controle (223,7 ± 14,5), foi reduzido,
porém, no grupo pré-tratatado com neurolépticos na dose mais alta (Hal 0,2+ Ceta:
233 ± 24,3; Risp 0,2 + Ceta: 276,5 ± 15,2), reverteu esse efeito. Com os grupos que
receberam drogas neurolépticas sozinhas, o tempo nos braços fechados (Hal 0,1: 244,9
± 11,5; Risp 0,1: 223 ± 24; Risp 0,2: 294 ± 2,3) não diferiu do controle, exceto o grupo
do haloperidol 0,2 mg (148 ± 31,5) que foi reduzido [F(9,194) = 6.734; p < 0.0001].
Braços Fechados – Número de entradas:
O número de entradas nos braços fechados (Figura 32), dos animais que
receberam Ceta sozinha (6,7 ± 0,8), não diferiu do grupo controle (5,4 ± 0,5). Esse
parâmetro foi reduzido para os grupos dos animais que receberam neurolépticos
sozinhos (Hal 0,1: 2,4 ± 0,3; Hal 0,2: 0,7 ± 0,2) Risp 0,1: 1,9 ± 0,3; Risp 0,2: 1,6 ±
0,2). Os grupos que receberam Ceta e foram pré-tratados com neurolépticos (Hal 0,1+
Ceta: 2,3 ± 0,4; Hal 0,2 + Ceta: 1,8 ± 0,4; Risp 0,1 + Ceta: 2,4 ± 0,4; Risp 0,2 + Ceta:
1,1 ± 0,1) diminuíram o nº de entradas nos braços fechados, significativamente, em
todas as doses, quando comparados ao grupo da ceta sozinha [F(9,195) = 24.03; p <
0.0001].
Figura 31 – Efeitos das drogas no teste do LCE em camundongos. A - Haloperidol
sozinho ou em associação com cetamina. B – Risperidona sozinha ou em prétratamento com cetamina. A figura mostra o tempo de permanência dos
camundongos nos Braços Fechados contados em 5 min. Os resultados são
apresentados com a média + EPM. (n=20). a, b e c (p<0.05) quando comparado ao
controle, Ceta e Halo 0,1, respectivamente. Análise de variância e teste post-hoc de
Tukey.
Figura 32 – Efeitos das drogas no teste do LCE em camundongos. A - Haloperidol
sozinho ou em associação com cetamina. B – Risperidona sozinha ou em prétratamento com cetamina. A figura mostra o número de entradas dos
camundongos nos Braços Fechados contados em 5 min. Os resultados são
apresentados com a média + EPM. (n=20). a e b (p<0.05) quando comparado ao
controle e Ceta, respectivamente. Análise de variância e teste post-hoc de Tukey.
No LCE foi avaliado também o parâmetro nº de Rearing (Figura 33), onde se
observou uma redução dessa atividade com o grupo da Ceta (9,4 ± 1,4) quando
comparado com o controle (15,3 ± 1,5). Neurolépticos sozinhos e Ceta pré-tratados
com neurolépticos (Hal 0,1+ Ceta: 4,2 ± 0,9; Hal 0,2+ Ceta: 0,4 ± 0,2; Risp 0,1 + Ceta:
1,6 ± 0,6; Risp 0,2 + Ceta: 0,1 ± 0,1) apresentaram também uma redução no nº de
Rearing [F(9,189) = 32.07; p < 0,0001].
A
Nº Rearing no LCE
20
Controle
Ceta 10
Halo 0,1
Halo 0,1 +Ceta10
Halo 0,2
Halo 0,2+Ceta10
15
a
10
a
a,b
5
a,b,c
a,b
0
B
Nº Rearing no LCE
20
Controle
Ceta 10
Risp 0,1
Risp 0,1+Ceta10
Risp 0,2
Risp 0,2+Ceta10
15
a
10
5
a,b
a,b
a,b
a,b
0
Figura 33 – Mostra a atividade locomotora vertical (número de rearing) dos
camundongos no LCE por 5 min A - Haloperidol sozinho ou em pré-tratamento com
cetamina. B – Risperidona sozinha ou em pré-tratamento com cetamina. Os resultados
são apresentados com a média + EPM. (n= 20). a, b e c (p<0.05) quando comparado
ao controle, Ceta e Halo 0,1, respectivamente. Análise de variância e teste post-hoc
de Tukey.
DISCUSSÃO
5 DISCUSSÃO
Pesquisas farmacológicas demonstraram que doses subanestésicas de Cetamina
induzem sintomas da esquizofrenia nos seres humanos (LAHTI et al., 1995;
KRYSTAL et al, 1994; NEWCOMER et al., 1999) assim como ativação
comportamental (como exemplo aumento na atividade locomotora) em animais
experimentais (LIU et al., 2006). O mecanismo exato desta ativação funcional é
desconhecido. Duncan et al., (1998b) sugeriram que doses relativamente baixas de
cetamina produz uma gama de efeitos excitatórios após a administração sistêmica, e
tais efeitos podem resultar tanto de ações desinibitórias (por exemplo: atividade
reduzida de neurônios inibitórios), ou quebra do regulamento de feedback negativo dos
neurônios que secretam aminoácidos excitatórios.
Estudos encontraram alterações que apontam para uma disfunção no sistema
glutamatérgico. Estudo em cérebros de pacientes esquizofrênicos revelou uma baixa
densidade dos receptores glutamatérgicos (MOGHADDAM, 1994; TSAI et al., 1998).
Pesquisa mais recente, com animais tratados subcrônicamente com cetamina, mostrou,
duas semanas após completar o tratamento, diminuíção da ligação do glutamato no
córtex frontal, e esse achado se correlacionou com aumento da atividade locomotora
dos animais, após uso de antagonista NMDA (MK 801), em dose a qual sozinha, não
alterou a ALE dos animais (BECKER et al., 2003) mostrando com isso além da
disfunção, uma sensibilização do sistema glutamatérgico.
Becker et al., (2003) encontrou, inclusive, um aumento na ligação dos
receptores D2 no hipocampo e aumento na densidade dos transportadores da dopamina
no estriado dos animais tratados com Ceta. Sobre esse achado o autor refere que não
está claro se essa alteração na ligação da dopamina é uma conseqüência do
antagonismo do receptor NMDA ou devido ao bloqueio do transportador da dopamina
pela cetamina.
No presente trabalho, foi demonstrado que cetamina administrada de forma
aguda em doses subanestésicas (5, 10 e 15 mg/Kg, i.p), em camundongos, induz a uma
hiperatividade, observada no teste do campo aberto. É conhecido que os mecanismos
dopaminérgicos têm um papel importante em mediar à atividade locomotora, e a
cetamina, com sua ação através de múltiplos mecanismos, pode exercer uma influência
sobre a transmissão dopaminérgica e receptores (MANDRYK et al., 2005).
Têm sido sugeridas algumas hipóteses para explicar esse aumento da atividade
locomotora em animais por antagonistas NMDA entre as quais foi proposto o bloqueio
da influência inibitória tônica de neurônios gabaérgicos sobre uma projeção excitatória
para o córtex pré-frontal medial por essa classe de droga (KRYSTAL et al., 2003;
LORRAIN et al., 2003). JODO et al., (2005) sugerem que entradas excitatórias
provenientes do hipocampo ventral para o córtex pré-frontal medial pode desencadear
o desenvolvimento de anormalidades comportamentais.
Tem sido descrito um forte aumento na neurotransmissão dopaminérgica com
administração aguda de cetamina e PCP no prosencéfalo (HERTEL et al. 1996;
VERMA & MOGHADDAM 1996; JENTSCH et al. 1997a), enquanto que a
administração a longo prazo de PCP reduz neurotransmissão dopaminérgica frontal
(JENTSCH et al. 1997b), o que pode indicar que essas alterações na transmissão
dopaminérgica pode variar dependendo do estágio em que se encontra a doença.
A ativação locomotora apresentada pelos animais neste estudo pode estar
relacionada a uma redução na função do sistema glutamatérgico de inibição da
liberação de dopamina em animais tratados com cetamina, o que pode explicar uma
liberação aumentada de dopamina com o uso de antagonistas dopaminérgicos
(ADAMS & MOGHADDAM, 1998; MATHÉ et al., 1999; SCHMIDT & FADAYEL,
1996). Adicionalmente, sugere-se que o bloqueio dos transportadores dopaminérgicos
no estriado (BECKER et al., 2003), por cetamina, pode contribuir para exarcebação
desse efeito.
Estudos realizados utilizando camundongos geneticamente modificados, os
quais apresentavam uma reduzida expressão do subtipo do receptor NMDA R1 (NR1)
exibiam um fenótipo alterado que incluía aumento da atividade locomotora (MOHN et
al., 1999), reduzida atividade metabólica no córtex pré-frontal medial, córtex
cingulado anterior e hipocampo (DUNCAN et al., 2002), déficits na interação social
(DUNCAN et al,. 2004; MOHN et al., 1999) e déficits em testes de memória (PPI prepulse inhibition of acoustic startle) (DUNCAN et al., 2006). No modelo estudado
por Duncan et al., (2006)
somente antipsicótico atípico onlanzapina reverteu o
aumento da atividade locomotora dos camundongos modificados geneticamente, o
mesmo efeito não foi observado com haloperidol.
Duncan et al., (2006) referem que há uma diferença entre efeitos metabólicos
cerebrais produzidos por administração aguda de antagonista NMDA daqueles que
resultam da redução crônica da função do receptor no camundongo modificado
geneticamente. Antagonistas NMDA produz uma marcada ativação de certas regiões
cerebrais enquanto que o modelo modificado geneticamente produz redução seletiva
neuroanatomicamente na atividade metabólica cerebral (DUNCAN et al., 2002).
Portanto, estado fisiológico induzido por déficit crônico na função do receptor NMDA
difere do induzido por administração aguda de antagonistas NMDA, sendo este um
modelo de exarcebação psicótica aguda (DUNCAN et al., 2006).
Ao contrário do trabalho descrito por Duncan et al., (2006), neste estudo o
aumento na atividade locomotora, induzida por antagonista NMDA, foi revertido pelos
neurolépticos típico e atípico em todas as doses. Pode-se sugerir que mecanismos de
ação de antipsicóticos atípicos podem estar envolvidos
com mecanismos
fisiopatológicos da doença na fase crônica, enquanto que neuroléptcos clássicos, cuja
ação antipscótica está possivelmente relacionada ao antagonismo D2, tenha uma
eficácia maior na sintomatologia aguda da psicose. Corroborando com essa idéia,
estudos têm demonstrado que neurolépticos atípicos (risperidona) têm uma melhor
resposta para tratar pacientes refratários à terapia neurolépticas do que neurolépticos
convencionais (haloperidol) (MARDER & MEIBACH, 1994; WIRSHING et al,.
1999). Essas diferentes respostas podem estar relacionadas a diferentes graus de
afinidades para os receptores principalmente para os serotoninérgicos, como
discutiremos adiante.
Tem sido descrito que propriedades psicotogênicas da cetamina estão
relacionadas a um estado hipoglutamatérgico com conseqüente deficiência para
receptores da dopamina e da serotonina (SWERDLOW et al., 1996). A cetamina
utilizada em nosso estudo foi a (+)-cetamina, a qual foi descrita possuir maior
afinidade pelo receptor NMDA do que a (±)-cetamina (LIU et al., 2006). Uma vez que
foram utilizadas em nosso estudo doses subanestésicas de cetamina, é possível que
propriedades antagônicas para o receptor NMDA predominem, e seja esse mecanismo
responsável pelo aumento da atividade locomotora e esteriotipias apresentadas pelos
animais, tendo em vista que baixas doses da Ceta podem não exercer maior efeito
sobre outros receptores.
Devido às várias evidências, como as acima discutidas, foi sugerido que a
cetamina pode ter uma atividade agonista dopaminérgica indireta, e que a estimulação
comportamental induzida pela cetamina, portanto está conectada com o sistema
dopaminérgico (IRIFUNE et al., 1991). Contrariamente, um estudo sugeriu que a
cetamina pode não ser seletiva para o receptor NMDA, e que a cetamina teria uma alta
afinidade para o receptor dopaminérgico D2 e para o sítio de ação da serotonina, e
dessa forma age como agonista parcial no receptor D2 (KAPUR & SEEMAN, 2002),
entretanto, estes resultados não foram reproduzidos por Liu et al., (2006). Estudo
realizado por Aalto et al., (2002) encontrou que cetamina não alterou a ligação do
[11C]-raclopride (um potente ligante dos receptores D2) no estriado quando a cetamina
induziu efeitos comportamentais típicos tais como alucinações, levantando a
possibilidade de que os efeitos da cetamina não estavam correlacionados com a
substituição da ligação do [11C]-raclopride.
Resultados similares foram observados com o receptor 5-HT2A, onde cetamina
não mostrou afinidade apreciável para os receptores de 5-HT2A ocupados por [3H]ketanserin (RABIN et al, 2000). Segundo Liu et al., (2006), não está claro que
cetamina ocupa diretamente o receptor D2 da dopamina e da serotonina (5-HT2), sendo
necessários estudos adicionais para conclusões definitivas.
Em relação aos neurolépticos, uma diminuição da atividade locomotora em
camundongos mostrou um efeito depressivo agudo desta classe de droga. A
hipomotilidade causada por neurolépticos pode ser resultado de uma reduzida
excitabilidade do sistema nervoso central ou sedação (POYARES et al., 2006). Várias
drogas antipsicóticas, incluindo as de baixa potência, tem um proeminente efeito
sedativo. Este efeito ocorre principalmente no início do tratamento, e geralmente o
paciente desenvolve tolerância (BALDESSARINI & TARASI, 2007).
Entre os grupos pré-tratados com neurolépticos, o grupo da risperidona 0,1 mg
+ Ceta, reverteu a atividade locomotora para níveis próximos do controle. Risperidona,
um
antipsicótico
com
propriedades
antagônicas
para
os
receptores
D2,
serotoninérgicos 5HT2A, tem sido o foco de diversos estudos clínicos (JESTE et al.,
2000; KEEFE et al., 2006; WANG et al., 2007). Estudo realizado por Su et al. (2006)
usando MK-801 (antagonista NMDA semelhante a cetamina) mostrou que risperidona
tem um efeito inibitório sobre a hiperatividade induzida por MK-801 em camundongos
nas doses (0,03 mg/Kg) que quando administrada sozinha não alterou a atividade
locomotora espontânea. Foi também sugerido por eles que esta inibição foi
provavelmente causada pelo bloqueio dos receptores serotoninérgicos 5-HT2A pela
risperidona. Conforme visto anteriormente, risperidona possui uma afinidade
significativamente alta para o receptor da serotonina 5-HT2A (Ki: 0,29 nM)
(DUNCAN & LIEBERMAN, 1999).
Tem sido descrito o envolvimento da serotonina na fisiopatologia da
esquizofrenia. Foi encontrado que em esquizofrênicos, sítios de ligação 5-HT2A
estavam diminuídos no córtex parietal e frontal (LARUELLE et al., 2000; CANAL et
al., 2001).
O mecanismo pelo qual um antagonista do receptor da serotonina 5-HT2A inibe
hiperlocomoção induzida por um antagonista NMDA não está completamente
esclarecido (Su et al. 2006).
Estudos neuroquímicos têm demonstrado que
antagonistas NMDA aumentam a liberação de serotonina, que por sua vez aumenta a
atividade de receptores serotoninérgicos 5-HT2A sobre neurônios glutamatérgicos no
córtex para liberar glutamato (ADAMS & MOGHADDAM, 2001; AGHAJANIAN &
MAREK, 1999). Glutamato liberado atuaria sobre receptores AMPA e Cainato
causando mudanças comportamentais e induzindo mudanças neuropatológicas que
podem ocorrer com a exposição de antagonistas NMDA (MOGHANDDAM et., al
(1997); Olney et al., 1999). Risperidona inibe a liberação de glutamato induzida por
antagonista NMDA no córtex pré-frontal medial por bloquear receptores da serotonina
5-HT2A sobre terminais glutamatérgicos levando a uma atenuação da atividade cortical
e subcortical dos neurônios glutamatérgicos, o que diminui a hiperlocomoção (SU et
al. 2007).
Não se pode descartar também o envolvimento de outros mecanismos. Como
descrito anteriormente risperidona não bloqueia somente o receptor 5-HT2A, mas
também os receptores dopaminérgicos D2, receptores histamínicos H1 e adrenérgicos
α1. Tem sido descrito que o antagonista adrenoreceptor prazosin reduz hiperlocomoção
induzida por antagonista NMDA (HARKIN et al., 2001).
Com relação ao rearing e grooming, os animais tratados com cetamina e
neurolépticos, exceto o grupo do haloperidol 0,1 mg (grooming), mostraram uma
diminuição desses comportamentos quando comparado ao controle, sendo que esse
efeito, em animais tratados com cetamina sozinha, foi, possivelmente, causado pela
ataxia mostrada nestes grupos (MANDRYK et al., 2005). Em camundongos tratados
com neurolépticos sozinhos, a redução desse comportamento evidenciou um efeito
depressivo agudo dessas drogas, caracterizado por intensa hipomotilidade nesses
grupos, demonstrada no teste do campo aberto, por provável sedação (MATTEI &
FRANÇA, 2006).
Diversas drogas antipsicóticas têm sido utilizadas para produzir sedação, sendo
utilizadas para tratar pacientes esquizofrênicos com insônia aguda ou para tratar
comportamento de agitação. O efeito colateral da sedação pode está relacionado ao
bloqueio dos receptores α1 centrais e periféricos, além do bloqueio de receptores H1
(POYARES et al., 2006). Curiosamente, no grupo haloperidol 0,1 mg o número de
grooming não diferiu do controle
Entre os efeitos neurofarmacológicos adversos da cetamina, os psicomiméticos
são causados, provavelmente, pelo bloqueio da função do receptor NMDA (JAVITT &
ZUKIN, 1991). Tais respostas comportamentais consistem de locomoção cabaleante e
movimentos repetidos de balanço da cabeça (DUNCAN et al., 1998a; DUNCAN et al.,
1998b).
Igualmente,
pacientes
esquizofrênicos
exibem
com
freqüência
comportamentos esteriotipados ou repetidos, embora não sejam tipicamente
hiperativos (GEYER & MOGHADDAM, 2002).
Resultados semelhantes, em nossos experimentos, que após injeção de Ceta 10
mg o animal mostrou comportamento esteriotipado (comportamento incomum como
balanço da cabeça de um lado para outro, andar para trás rapidamente; perseverações
que inclui movimentos repetidos e exagerados), incluindo ataxia (marcha
descoordenada) e andar em círculos. Tais comportamentos no grupo da Ceta 10 mg
foram significantes quando comparado ao grupo controle. A despeito dessas alterações
motoras causadas pela cetamina, estudos em humanos têm demonstrado déficits
motores, similares aos da disfunção estriatal primária, em pacientes com esquizofrenia
que ainda não iniciaram tratamento com neurolépticos, sugerindo um envolvimento
desses sinais no processo da esquizofrenia (CALIGUIRI et al., 1993; CHATTERJEE
et al., 1995).
A ataxia foi revertida pelas duas classes dos neurolépticos, contudo levando em
consideração que esses parâmetos são comportamentos avaliados com o animal em
movimento, e nesse caso tendo risperidona (risp 0,1 mg + Ceta) demonstrado atividade
locomotora para níveis próximos do controle, pode-se concluir que reversão da ataxia
e do comportamento estereopado foi melhor observado no grupo risperidona 0,1 mg +
ceta. Não obstante, riperidona 0,1 mg não reverteu o comportamento de andar em
círculos.
Resultados no teste Rota rod mostraram uma redução no tempo de permanência
dos animais na barra, bem como, aumento do número de quedas no grupo dos animais
que receberam cetamina, possivelmente devido a um comprometimento da
coordenação motora apresentada por esse grupo, evidenciada no teste da ataxia. Neste
estudo, risperidona na menor dose e haloperidol na maior dose aumentou o tempo dos
animais sobre a barra.
Estudos têm demonstrado diferentes respostas entre neurolépticos típicos e
atípicos. Estudo duplo-cego controlado tem sugerido que risperidona entre outros
antipsicóticos atípicos parece ser mais efetivo do que o haloperidol em tratar sintomas
positivos e negativos da esquizofrenia (MARKOWITZ et al., 1999). Meltzer et al.,
(1989) sugeriram que combinadas ações antagônicas nos receptores 5-HT2A/D2 com
maior potencia relativa para o receptor-HT2A poderia ser críticas para a atipicidade do
fármaco, em termos de eficácia aumentada e reduzida capacidade de produzir sintomas
extrapiramidais.
É possível que essa ação combinada da risperidona sobre receptores D2 e
serotoninérgicos tenha contribuído para atenuar alterações motores, tendo em vista
uma melhora desse efeito nos camundongos com a menor dose de risperidona. Apesar
da alta potência do haloperidol sobre receptores D2 ela somente reverteu a
incoordenação motora dos animais que receberam Ceta quando utilizada a maior dose.
Esse último resultado pode ser explicado pela baixa afinidade, do haloperidol, por
receptores 5-HT2A (DUNCAN & LIEBERMAN, 1999). Efeitos colaterais com doses
mais elevadas da risperidona (SU et al. 2006) pode ter contribuído para não eficácia
dessa droga, na maior dose (Risp 0,2 mg + Ceta), em reverter a incoordenação motora
desses animais no teste do Rota rod.
O déficit motor (ataxia) apresentado pelos animais que fizeram uso de cetamina
pode estar relacionado com alterações agudas no sistema dopaminérgico no estriado,
uma vez que essa área anatômica é em grande parte responsável pelo comportamento
motor (MACHADO, 1999), e/ou circuitos cerebelares, os quais são responsáveis pelo
equilíbrio postural (ALMEIDA & OLIVEIRA, 2006). Outras drogas, além da
cetamina, antagonistas do receptor NMDA têm sido descritas por desenvolver esse
comportamento em animais, tais como dizocilpina (MK 801) (SU et al. 2006) e
fenciclidina (PCP) (CASTELLANI & ADAMS, 1981) indicando o envolvimento
primário do sistema glutamatérgico.
O tempo de permanência na barra dos animais, que receberam simples dose de
neurolépticos, não foi diferente do grupo controle, apesar do efeito sedativo agudo
dessas drogas conforme comentado anteriormente. Interessante notar que, embora o
grupo de animais que receberam Halo 0,2 mg/Kg tenha apresentado catalepsia
significativa, em relação aos demais grupos, com relação ao parâmetro “tempo de
permanência na barra” mostrou-se semelhante ao grupo controle.
Catalepsia é um dos efeitos colaterais produzidos por neurolépticos típicos em
animais de laboratório (MANDHANE et al., 1997), e imagina-se que esse efeito seja
devido ao bloqueio dos receptores D2 a nível central, principalmente em áreas
estriatais. Vasconcelos et al. (2003) encontrou catalepsia em roedores após trinta dias
em uso de halo, e este efeito se correlacionou com uma reduzida atividade locomotora.
Estes efeitos desapareceram após três dias de suspensão da droga. Após sete dias de
suspensão desta, observou-se um aumento (up regulation) de receptores D2 no
estriado. Os autores referem que esses fenômenos se devem ao bloqueio dos receptores
D2, porém outros mecanismos podem também estar envolvidos.
Os animais que fizeram uso da risperidona não apresentaram catalepsia, pois
apesar da forte afinidade pelos receptores D2 (DUNCAN & LIEBERMAN, 1999), em
baixas doses (4 a 6 mg por dia) não costuma causar efeitos extrapiramidais em
humanos (MELTZER et al., 1989). Acredita-se que aumentada atividade
dopaminérgica no estriado contribui para reduzido efeito colateral extrapiramidal
(MELTZER & STAHL, 1976; DAVIS & KAHN, 1991). Jakab & Goldman-Rakic
(1998) propuseram que os receptors 5-HT2A nos neurônios corticais piramidais podem
ter um papel crucial na psicose em virtude de sua habilidade para modular
neurotransmissão glutamatergica intracortical e córtico-subcortical, o que pode
contribuir para habilidade dos antagonistas 5-HT2A de atenuar alguns dos efeitos
comportamentais da cetamina (MIYAMOTO et al., 2002).
No teste de suspensão da cauda, o qual analisa efeito antidepresivo de drogas
em animais, o grupo da cetamina apresentou um tempo de imobilidade reduzido,
podendo revelar um efeito antidepressivo ou excitante para o SNC. Esta imobilidade
foi revertida pelos neuroléticos em todas as doses. Contrariamente os neurolépticos
mostraram efeito depressor para o SNC.
Bressan et al., (2002) relataram uma correlação positiva entre a taxa de
ocupação de receptores D2 no estriado e a intensidade de sintomas depressivos em
pacientes esquizofrênicos estáveis. Indivíduos com taxa de ocupação superior a 78%
tiveram maior chance de apresentar sintomas depressivos. Tendo em vista que
risperidona ocupa os receptores D2 em torno de 75% ou mais (FARDE et al., 1994;
BUSATTO et al., 1993), quando a dose supera 4 mg/kg e, haloperidol ocupa os
receptores D2 em taxas superiores a 78% no estriado em humanos (KAPUR et al.,
2000). No presente estudo, além do efeito sedativo comentado anteriormente, é
possível que o bloqueio dos receptores D2, tenha sido um dos mecanismos pelo qual os
animais apresentaram hipomotilidade no teste da suspensão da cauda.
É importante ressaltar que a esquizofrenia é caracterizada por sintomas,
positivos (ilusão, alucinação), sintomas negativos (interação social reduzida) e
cognitivos (déficits na atenção e memória). A maioria destes sintomas está relacionada
com alteração dopaminérgica (WANG et al., 2007). Acredita-se que sintomas
positivos estejam relacionados à hiperestimulação subcortical de receptores D2 e
sintomas negativos à hipoestimulação subcortical dos receptores D1 no córtex préfrontal (ABI-DARGHAM, 2004).
Estudos recentes (SU et al., 2007; WANG el al, 2007) têm demonstrado que
antagonismos no receptor NMDA produzem efeitos semelhantes ao sintomas
negativos da esquizofrenia, tais como déficits cognitivos e pobreza no comportamento
social, e esses sintomas são revertidos por neurolépticos atípicos. Neste estudo foi
demonstrada uma redução na interação social dos camundongos após dose aguda de
cetamina, porém não revertida pelos neuroléticos risperidona e haloperidol nas doses
dadas.
Trabalhos têm mostrado a eficácia da risperidona sobre sintomas negativos da
esquizofrenia, sendo descrito que a ação antagônica da risperidona sobre os receptores
5-HT2A pode resultar em uma maior efetividade para tratar esses sintomas (VAN
KAMMEN & MARDER, 2005). Wang et al. 2007 relatam que risperidona é efetivo
para os sintomas negativos, porém devido aos seus efeitos colaterais, essa eficácia é
limitada, sendo necessárias drogas coadjuvantes ou novas estratégias de tratamento.
Estudos demonstraram déficit em receptores colinérgicos no córtex pré-frontal
de pacientes esquizofrênicos (ARNOLD et al. 2004; DEUTSCH et al., 2005).
Baseando-se nesses resultados Wang et al. (2007) realizaram estudo em camundongos
o qual demonstrou prejuízo na interação social, após doses sub-crônicas de antagonista
NMDA, não revertida após risperidona 0,5 mg. Contudo, esse efeito foi revertido
quando Risp 0,5 mg foi associada com galantamine (um modulador alostérico do
receptor nicotínico da acetilcolina - RnAch). Concluiu, então, que esse prejuízo na
interação social estaria associado com hipofunção de receptores D1 no córtex préfrontal medial, e galatamine atuaria em sinergismo com a risperidona, aumentando a
liberação de dopamina no Córtex pré-frontal medial (CPFm), através de ativação dos
receptores RnAch. Esta ativação promove a liberação de DA, sendo que galatamine
aumenta a liberação de DA por potencializar alostericamente esse receptor.
Consistente com o estudo acima, há relatos de que as funções dopaminérgicas
estriatais e límbicas estão sob o controle inibitório do córtex pré-frontal, e lesões dos
terminais dopaminérgicos no CPFm conduzem à liberação aumentada da dopamina no
núcleo accumbens (mesolimbico) e em outros núcleos dos gânglio basais (MITCHELL
& GRATTON, 1992; PYCOCK et al., 1980).
Hipofunção dos receptores D1 no córtex foi demonstrada também por AbiDargham, (2004) que encontrou uma up-regulation dos receptores D1 no córtex préfrontal dorsolateral, uma área envolvida na memória de trabalho, em pacientes com
esquizofrenia. O autor concluiu que este resultado pode representar um efeito
compensatório do déficit de dopamina no córtex, e fornece a evidência para um
desequilíbrio cortical/subcortical no cérebro esquizofrênico.
Interessante observar que pesquisa em macacos indicou que a exposição
crônica com neurolépticos resulta na densidade cortical pré-frontal diminuída do
receptor D1 após seis meses de tratamento (LIDOW & ELSWORTH, 1997); e o
tratamento com um agonista D1 reverteu os déficits na memória de trabalho associados
aos neurolépticos (CASTNER et al., 2000).
Estes resultados sugerem que déficits cognitivos, bem como déficit na interação
social podem estar relacionados ao uso crônico de neurolépticos, e/ou alterações
primárias de receptores a nível cortical, o que poderia causar uma hipofunção de
receptores D1.
Os testes labirinto cruz elevado e placa furada são testes clássicos de avaliação
de ansiedade em camundongos (BAKSHI & KALIN, 2002). O grupo de animais que
recebeu Ceta sozinha, no LCE, permaneceu maior tempo nos braços abertos, com um
maior nº de entradas para essa área do labirinto do que o grupo controle, o que poderia
indicar um efeito ansiolítico da Cetamina. Contudo, esse efeito de ansiedade não foi
confirmado no teste da placa furada onde o nº de mergulho não diferiu do grupo
controle, além do reduzido tempo de mergulho do grupo da Ceta, comparado ao
controle. Considerando os dados apresentados, pode-se concluir que, nas condições
experimentais do presente trabalho, Ceta 10 mg, não apresentou efeito ansiolítico,
sendo que essas alterações comportamentais, apresentadas por esse grupo de animais,
podem estar relacionadas à hiperestimulação do SNC causada pela cetamina, descrito
por Kapur & Seeman, (2002) como o resultado de uma perturbação neuroquímica
multissistêmica.
Becker et al., (2003) não encontrou alteração no grupo da cetamina (doses
subcrônicas) em relação ao controle, mesmo sob condições estressantes (maior nível
de luminosidade) no teste do LCE. É provável que a diferença entre essas alterações
comportamentais com o uso da cetamina na forma aguda e crônica esteja relacionada
ao fenômeno da tolerância.
Sintomas depressivos são comuns durante todos os estágios da esquizofrênia e
estão associados com pobreza de resultado (como exemplo déficit de cognição),
recaída e suicídio (BIRCHWOOD et al., 1993; ROY et al., 1983; TOLLEFSON et al.,
1999). Estudo duplo-cego demonstrou a eficácia da risperidona em reduzir ansiedade e
depressão (CONLEY & MAHMOUD, 2000). Pode-se concluir, portanto, que resposta
“ansiogênica” apresentada pelos neurolépticos sozinhos, caracterizada pelo maior
tempo dos animais nos braços fechados, pode ser devido a efeitos agudos da
risperidona e do haloperidol, podendo estar relacionado a efeito sedativo que é
freqüente no início do tratamento com essas drogas, conforme comentado
anteriormente.
Os grupos de animais que receberam cetamina, e foram pré-tratados com
neurolépticos na maior dose, permaneceram maior tempo nos braços fechados (TBF)
em relação a ceta sozinha. Pode-se observar também um menor nº de entrada para os
braços fechados (Nº EBF), o que pode indicar que ambos os fenômenos (maior TBF e
menor Nº EBF) podem confirmar o efeito sedativo dessas drogas quando
administradas agudamente. Igualmente, no teste da placa furada, os animais que
receberam Ceta e foram pré-tratados com neurolépticos, exceto haloperidol 0,1mg,
diminuíram o tempo de mergulho em relação a Ceta sozinha. De qualquer forma podese concluir que os neurolépticos reverteram a hiperexcitabilidade (no teste do LCE)
causada pela Ceta e produziu uma hipomotilidade nos animais no teste da placa furada.
Os achados do presente trabalho concordam com estudos clínicos, sugerindo
que efeitos comportamentais (CORBETT et al., 1995; HOFFMAN, 1992) dos
antagonistas NMDA, como cetamina, são bloqueados por drogas antipsicóticas
(DUNCAN et al., 1998b) como haloperidol e risperidona. A ação dos antipsicóticos
neste modelo bloqueou os efeitos causados pela administração aguda da cetamina.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
• Cetamina administrada agudamente em doses subanestésicas, em camundongos,
induz a uma hiperatividade locomotora nos teste de comportamento, sugerindo
um aumento da ação dopaminérgica a nível de córtex pré-frontal.
•
Este aumento da atividade locomotora produzido pela Ceta foi revertido pelos
neurolépticos haloperidol e risperidona, provavelmente por antagonizar os
receptores D2 e/ou serotoninérgicos.
• Neurolépticos administrados sozinhos causaram um efeito depressor do SNC ou
sedação demonstrada por redução da atividade locomotora no teste do campo
aberto, diminuído rearing e grooming, maior tempo de imobilidade no teste de
suspensão da cauda.
•
Cetamina causa esteriotipias e ataxia em camundongos sendo esse
comportamento revertido pelos neurolépticos.
• Não se sabe o exato mecanismo pelo qual os animais apresentam esteriotipias,
porém é possível que as propriedades antagônicas da cetamina para o receptor
NMDA, sejam o responsável pelas propriedades psicotogênicas da droga.
• Cetamina causou uma incoordenação motora no animal, no teste do Rota rod, e
esse efeito foi revertido pela menor dose da risperidona e maior do haloperidol,
o que pode revelar melhor resposta dos neurolépticos atípicos para alterações
motoras comportamentais.
•
Ao contrário do haloperidol, os animais que fizeram uso da risperidona não
apresentaram catalepsia, possivelmente pela maior afinidade dessa droga para o
receptor da serotonina 5-HT2A.
• Cetamina diminuiu tempo de interação social ativa dos animais, porém esse
efeito não foi revertido pelos neurolépticos talvez devido aos efeitos colaterais
agudos dessas drogas, tais como: sedação e hipomotilidade.
• No teste de suspensão da cauda, o tempo de imobilidade foi reduzido pela
cetamina e revertido pelos neuroléticos. Essa mobilidade pode ser devido a uma
hiperexcitabilidade causada pela cetamina. Esse efeito pode ter sido o
responsável pelo maior tempo dos animais nos braços abertos no LCE.
Neurolépticos reverteram essa hiperexcitabilidade, aumentando o tempo dos
animais nos braços fechados.
• Apesar da hiperexcitabilidade causada pela cetamina, o tempo de mergulho no
teste da placa furada foi reduzido em relação ao controle, possivelmente devido
à incoordenação motora presente nesse grupo de animais. Devido ao efeito
depressor do SNC, os neurolépticos não foram capazes, nesse teste, de reverter
esse efeito.
CONCLUSÃO
7 CONCLUSÃO
A ação dos neurolépticos neste modelo comportamental produziu um bloqueio
dos sintomas causados pela administração aguda da cetamina. Mais estudos, incluindo
dosagens de monoaminas, serão necessários para confirmar o envolvimento do
mecanismo de ação da cetamina no sistema dopaminérgico.
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Acesso em: 10/03/2008 às 22h.
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