No encerramento do debate que Os Verdes, agendaram, importa sublinhar, não só a importância das matérias que estiveram em discussão, como também a sua inequívoca oportunidade. De facto, tanto o TTIP como o CETA poderão ter efeitos muito pesados, na vida dos povos da europa e sobretudo no nosso País. E como se viu durante o debate, o que esteve em discussão foi a tentativa do poder económico se sobrepor ao poder politico. O que esteve em causa foi saber se consentimos ou não esta pretensão das multinacionais de conquistar a Europa. O que esteve em causa foi saber se pactuamos ou não com a pretensão das multinacionais de procederam a um alargamento e á salvaguarda dos seus fabulosos lucros. O que esteve em causa foi saber se defendemos o Estado de Direito e o primado da Lei ou se entregamos o nosso destino, de bandeja, às multinacionais. E as bancadas, neste debate, tiveram a oportunidade de o dizer. De dizer de que lado estão. Ouvimos falar dos potenciais benefícios para a economia provenientes destes Acordos, porque reduzem os obstáculos, tarifários e não tarifários. Benefícios para as exportações e para o investimento e de oportunidades para as empresas e trabalhadores portugueses. É só vantagens. As mesmas vantagens, curiosamente vindas dos mesmos que há uns anos anunciavam a adesão ao Euro como o salto para a bonança. Era só vantagens. A economia vai crescer. As Exportações nem se fala, o investimento vai disparar, e o emprego vai aparecer. Afinal foi o que se viu. E agora a solução, para os mesmos, está nestes Tratados. Sucede que os estudos que existem obrigam a uma revisão em baixa de tanto otimismo. Vejamos: Em meados do mês passado Bruxelas deu a conhecer um relatório sobre os impactos esperados do TTIP. E o que nos diz o relatório é que depois do Tratado ser implementado na totalidade, portanto em 2030, a diferença no PIB da União Europeia com e sem TTIP é de 0,5%”, isto num cenário, descrito no relatório como ambicioso. Para Portugal, o mesmo relatório aponta para uma taxa de crescimento quase residual: 0,4%. E depois, deixemo-nos de conversas, Todos nós já percebemos que estes Tratados visam proteger as multinacionais e nós que temos uma pequena economia aberta, assente sobretudo nas Micro, PME’s, não tendo portanto multinacionais, significa que estes Acordos representarão uma verdadeira facada na vida das PME’s. Ou os senhores acreditam mesmo que as nossas Micro, PME’s vão competir em pé de igualdade com as poderosas multinacionais? Mas fácil é acreditar no pai Natal. E sobre o emprego, importa recordar o relatório do PE chamado “TTIP and jobs”. Este relatório prevê que 1 milhão de europeus perderá o emprego como resultado do TTIP”. A própria CE, aliás, confirma que no mínimo 600 mil europeus perderão o emprego, podendo o numero chegar ao dobro se o TTIP for integralmente cumprido. Mas este relatório, apresentado em Bruxelas, no fim do mês passado, também sublinha que a UE e os EUA vão emitir mais 21 milhões de toneladas de CO2 para a atmosfera, se o TTIP for por diante, pondo em causa os acordos de Paris sobre as alterações climáticas. Mas isso, pelos vistos não interessa nada porque para as multinacionais, o combate às alterações climáticas, são uma chatice. Como é, aliás, uma chatice, por exemplo, que na Europa só seja permitido o cultivo de um transgénico, enquanto nos Estados Unidos se podem cultivar 150 variedades diferentes de transgénicos. Mas o TTIP pode resolver esse problema às multinacionais e permitir-lhes transformar a europa num paraíso para os transgénicos e para a sua produção. Em síntese, a entrada em vigor destes Tratados, constituirá um ataque sem paralelo à soberania dos Estados e à sua capacidade de definir livremente as políticas económicas e sociais que melhor entendam para dar resposta necessidades dos respetivos povos. Não estranha por isso, que mais de 3 milhões de cidadãos europeus, dos quais quase 23 mil são portugueses, assinaram a Iniciativa Europeia contra a ratificação do CETA e do TTIP. Também entre nós a Plataforma Não aos Tratados TTIP/CETA/TISA promoveu uma petição dirigida à Assembleia da República, através da qual milhares de cidadãos portugueses reclamam “que o texto do CETA e as suas consequências sejam debatidos publicamente na às Assembleia da República” e “que a decisão sobre a sua ratificação ou não ratificação tenha lugar na Assembleia da República”. Para Os Verdes a exigência da não ratificação do CETA e do TTIP, constitui um imperativo político, mas também moral, porque estes Tratados representam uma ameaça ao desenvolvimento soberano do nosso país, aos direitos sociais e laborais dos portugueses, uma ameaça aos serviços públicos e aos nossos valores ambientais. Por nós, são as multinacionais que devem estar sujeitas às regras dos Estados e não os Estados que têm de se submeter às regras das multinacionais.