HIPERTENSÃO E DIABETES: UM ESTUDO DE CASO

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HIPERTENSÃO E DIABETES: UM ESTUDO DE CASO CLÍNICO¹
SILVEIRA, Lauren²; RODRIGUES, Andressa²; GOULART, Márcia²; FAGUNDES,
Pâmela²; SCHMITT, Raquel²; LIMBERGER, Jane Beatriz³.
1
Trabalho de Pesquisa _UNIFRA
Acadêmico do Curso de Farmácia do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS
3
Professor do Curso de Farmácia do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS
E-mail: [email protected];
2
RESUMO
O Diabetes Melittus (DM) e a hipertensão arterial sistêmica (HAS) são doenças que afetam
um grande número de pessoas em todo o mundo, com alta mortalidade, mas com controle clínico
bem-sucedido na maioria dos casos, desde que seja feito diagnóstico precoce e adesão do doente ao
tratamento proposto. A maioria dos indivíduos acometidos pela Diabetes do tipo II (DM2) também
apresenta obesidade, hipertensão arterial. A diabetes seria o elo entre esses distúrbios, havendo
necessidade de intervenções, abrangendo essas múltiplas anormalidades metabólicas. Relatou-se
um caso clínico de uma mulher com Diabetes tipo II, Hipertensão, histórico de AVE e Ansiedade. A
paciente faz uso de Enalapril® 10mg, Hidroclorotiazida® 25mg e AAS® infantil para o tratamento da
hipertensão arterial; Omeprazol® 20mg para dor de estômago; Metformina® 450mg e Glibelclamida®
5mg para o controle da diabetes e Sinvastatina® 40mg para controle do colesterol. Durante a
anamnese farmacêutica, a paciente relatou que sente dor nos joelhos, mas parou de fazer uso do
medicamento Ibuprofeno® 600mg por estar sofrendo efeitos colaterais como dores estomacais.
Apresentou algumas interações medicamentosas e fármaco alimento. Após a intervenção
farmacológica, espera-se que a paciente melhore sua qualidade de vida, administrando os
medicamentos de forma correta, atentando para os horários e modo de administração, e, realize
periodicamente exames laboratoriais visando uma manutenção na glicemia.
PALAVRAS-CHAVE: Diabetes, Hipertensão.
1. INTRODUÇÃO
A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma doença prevalente, com alta
mortalidade em todo o mundo, mas com controle clínico bem-sucedido na maioria dos
casos, desde que seja feito diagnóstico precoce e adesão do paciente ao tratamento
proposto. É uma doença multifatorial, apresentando relação com fatores genéticos e
ambientais, porém a fisiopatologia não está totalmente elucidada.
Junto com o diabetes, o tabagismo e a dislipidemia, a hipertensão arterial constitui
importante fator de risco para as doenças cardiovasculares responsáveis por cerca de 30%
das mortes. A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma condição clínica multifatorial
caracterizada por níveis elevados e sustentados de pressão arterial (PA). Associa-se
1
frequentemente a alterações funcionais e/ou estruturais dos órgãos-alvo (coração, encéfalo,
rins e vasos sanguíneos). Estudos clínicos demonstraram que a detecção, o tratamento e o
controle da HAS são fundamentais para a redução dos eventos cardiovasculares
(SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2007).
Em 1985 estimava-se que existissem 30 milhões de adultos com Diabetes Mellitus
(DM) no mundo; esse número cresceu para 135 milhões em 1995, atingindo 173 milhões em
2002, com projeção de chegar a 300 milhões no ano 2030. Cerca de dois terços desses
indivíduos com DM vivem nos países em desenvolvimento, onde a epidemia tem maior
intensidade, com crescente proporção de pessoas afetadas em grupos etários mais jovens.
(SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2007).
A incidência do DM tipo II (DM2) é difícil de ser determinada em grandes populações,
pois envolve seguimento durante alguns anos, com medições periódicas de glicemia.
Quanto ao DM2, no qual a maioria dos indivíduos também apresenta obesidade,
hipertensão arterial e dislipidemia, e a hiperinsulinemia, a diabetes seria o elo entre esses
distúrbios,
havendo
necessidade
de
intervenções
abrangendo
essas
múltiplas
anormalidades metabólicas. (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2007).
Diante de todas estas considerações, resolveu-se desenvolver um estudo, aplicando
o método Dáder de atenção farmacêutica através do acompanhamento de um paciente do
Setor de Orientação e Atenção Farmacêutica da Unifra. Pretende-se, também, estabelecer
objetivos e traçar um plano de acompanhamento farmacoterapêutico no sentido de melhorar
as condições de saúde e bem-estar deste paciente para cuidar de si mesmo, tendo-se em
vista, o respeito pelas sugestões e decisões do pesquisado.
2. METODOLOGIA
Este é um estudo descritivo com uma abordagem qualitativa, do tipo estudo de caso,
desenvolvido no Centro Universitário Franciscano no Setor de Orientação e Atenção
Farmacêutica. Consiste em uma revisão literária de pesquisa bibliográfica, qualitativa e
descritiva com apresentação informatizada das referências e informações do quadro clínico
do paciente envolvido através de anamnese. A partir dos dados coletados foi realizada a
intervenção farmacêutica objetivando minorar os problemas relacionados a medicamentos
relatados pelo paciente, bem como melhorar a sua qualidade de vida, tendo em vista a
polifarmácia e morbidades associadas.
3. DISCUSSÃO DO CASO
2
O.B, brasileira, sexo feminino, aposentada, residente na cidade de Santa Maria, 75
anos, possui as seguintes doenças: Diabetes Melittus tipo II, Hipertensão Arterial Sistêmica,
histórico de AVE e ansiedade. Sua pressão atual, medida durante a anamnese, foi de
160/80mmHg e glicemia de jejum obtida através exame de sangue foi de 140mg/dL. Faz o
uso dos seguintes medicamentos: Enalapril® 10mg 2 vezes ao dia, Hidroclorotiazida® 25mg
1 vez pela manhã, AAS® 100mg 2 comprimidos no almoço, Omeprazol® 20mg 1 vez pela
manhã, Glibenclamida® 5 mg 1 vez ao dia, Metformina® 450mg 1 vez ao dia, Sinvastatina®
40mg 1 vez ao dia. Os medicamentos utilizados pelo paciente, bem como suas indicações
estão sumarizados na Tabela 1.
Tabela 1 – Relação medicamentos e indicações
Enalapril 10mg
Hipertensão
AAS® 100mg
Hipertensão
Hidroclorotiazida 25mg
Hipertensão
Omeprazol 20mg
Dor estomacal
Sinvastatina 40mg
Colesterol
Metformina 850mg
Diabetes Mellitus
Glibenclamida 5mg
Diabetes Mellitus
O Enalapril é indicado para HAS e insuficiência cardíaca congestiva. Como antihipertensivo inibe competitivamente a Enzima Conversora da Angiotensina (ECA)
diminuindo assim a conversão da angiotensina I em angiotensina II que é um potente
vasoconstritor; como vasodilatador na insuficiência cardíaca congestiva, diminui a
resistência vascular periférica e a pressão intravascular pulmonar, aumentando o débito
cardíaco e a tolerância aos exercícios (KATZUNG, 2003).
O AAS® infantil, ou seja, de 100mg é usualmente utilizado na profilaxia dos infartos e
reinfartos do miocárdio, pois é um inibidor da agregação plaquetária (KOROLKOVAS,
2011/2012).
O Hidroclorotiazida (HCTZ) é indicado para edema e HAS, age como diurético
interferindo na reabsorção de sódio nos rins, levando a excreção de sódio e água; como
anti-hipertensivo reduz o volume de líquidos e o débito cardíaco, atuando diretamente nos
vasos. (KOROLKOVAS, 2011/2012).
A Metformina age potencializando os efeitos da insulina existente, não estimula a
liberação de insulina das células beta funcionais das ilhotas do pâncreas (KOROLKOVAS,
2011/2012).
A Glibenclamida estimula a liberação de insulina das células beta funcionais do
pâncreas (KOROLKOVAS, 2011/2012).
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A Sinvastatina é indicado como antilipidêmico e redutor do colesterol, age inibindo
seletivamente a enzima redutase Hidroximetilglutaril-CoA (HMG-CoA). Reduz o LDL e em
menor escala triglicerídeos e aumenta pouco o HDL (KOROLKOVAS, 2011/2012).
Os inibidores da bomba de prótons como o Omeprazol, são eficazes ao reduzir a
toxicidade gastrintestinal induzida pelo Acido acetilsalicílico (KATZUNG, 2003). O
Omeprazol é indicado para o tratamento de úlcera duodenal, úlcera gástrica, esofagite de
refluxo, síndrome de Zollinger-Ellison, adenoma endócrino múltiplo e mastocitose sistêmica
(KOROLKOVAS, 2011/2012).
Durante a anamnese farmacêutica, foram levantados os seguintes PRM’s: Ansiedade
e Dores nos joelhos, estes foram classificados como PRMs 1, que segundo o Consenso de
Granada, é problemas de necessidade, onde o doente tem um problema de saúde por não
utilizar a medicação que necessita.
A paciente apresentou interação medicamentosa entre Enalapril e HCTZ, Enalapril e
AAS, Enalapril e Metformina, HCTZ e Omeprazol e interação fármaco-alimento com o
Enalapril.
Foi realizado o ajuste de horário da Glibenclamida 5 mg e Metformina 450 mg
segundo tabela em anexo. Estes ajustes foram realizados, pois o paciente estava tomandoos na hora e maneira errada. Após o levantamento, foi elaborada a Tabela 2 em que consta
a ficha farmacoterapêutica do paciente.
Tabela 2 – Farmacoterapia do paciente
Instruçõe
s
Posologia
Medicamento
(quanto
Modo de administração
Cuidados
Antes ou após as refeições.
Tomar com
tomar)
Turno
Enalapril 10mg
1 comp.
Omeprazol 20 mg
1 comp.
Hidroclorotiazida
1 comp.
copo cheio
25mg
Glibenclamida
Antes das refeições.
de água.
Tomar com alimentos.
Evitar mudar
de posição
1 comp.
Tomar com alimentos.
5 mg
4
rapidamente.
AAS 100mg
Metformina
2 comp.
Tomar junto com as refeições.
1 comp.
Tomar logo após o almoço.
450mg
Não deitar
logo após
ingerir o
medicamento
Tomar com
Enalapril 10mg
1 comp.
Antes ou após as refeições.
copo cheio
de água.
Sinvastatina
40mg
Pode causar
1 comp.
Tomar com ou sem alimento.
dor
muscular.
Após a intervenção farmacológica espera-se que a paciente melhore sua qualidade
de vida, administrando os medicamentos de forma correta, atentando para os horários e
modo de administração (com ou sem alimento), realizar periodicamente exames
laboratoriais visando uma manutenção na glicemia.
4. CONCLUSÃO
Diversos estudos têm mostrado que o controle rigoroso da glicemia e da pressão
arterial através do uso farmacoterapêutico, é capaz de melhorar a qualidade de vida e
aumentar a sobrevida dos pacientes acometidos por essas doenças, entretanto, acarreta
altos custos para o controle dessas complicações (GARATINI,2004; MACIEJEWSK e
MAYNARD, 2004), tanto da diabetes quanto da hipertensão arterial (UKPDS 34, 1998;
UKPDS38, 1998).
Com as visitas sucessivas e com o controle periódico dessas doenças espera-se
prevenir e esclarecer sobre fatores de riscos cardiovasculares, alcançar maior adesão dos
pacientes ao tratamento, valorizar a mudança de comportamento do hipertenso e do
diabético, estimulando o autocontrole, juntamente com a ajuda de equipes multiprofissionais
5
como farmacêuticos, médicos, enfermeiros, psicólogos, que são de suma importância para
orientar os pacientes sobre a importância do tratamento e o esclarecimento das doenças.
REFERÊNCIAS
CAVALLARI, FRANSÉRGIO; E.M., et al. Relação entre hipertensão arterial sistêmica e
síndrome da apnéia obstrutiva do sono. Rev Bras Otorrinolaringol. V.68, n.5, p.619-22,
2002.
FUCHS, L.W., Farmacologia Clínica: fundamentos da terapêutica racional. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan,2006.
GARATTINI, L. et al. Direct medical costs unequivocally related to diabetes in Italian
specialized centers. The European Journal of Health Economics, Berlim, v.5, n.1, p.1521, 2004.
KATSUNG, B.G. Farmacologia Básica e Clínica. 8ªed. Rio de Janeiro, RJ : Guanabara
Koogan, 2003.
KOROLKOVAS, A. Dicionário Terapêutico Guanabara. Rio de Janeiro, RJ : Guanabara
Koogan, 2011/2012.
MACIEJEWSKI, M.L.; MAYNARD, C.Diabetes-related utilization and costs for inpatient and
outpatient services in Veterans Adminitration. Diabetes Care, New York, v.27, p.69-73,
2004.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão. Arq
Bras Cardiol, p.1–48, 2006.
UKPDS 38 –UK Prospective Diabetes Study Group.Tight blood pressure control and risk
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London, v.317, n.7160, p.703-712, 1998.
WILD S, ROGLIC G, GREEN A, R, KING H. Global prevalence of diabetes. Estimates for the
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