Universidade Federal de Goiás Campus Catalão Departamento de Matemática Disciplina: Fundamentos de Análise Professor: André Luiz Galdino Gabarito da 1a Lista de Exercı́cios 1. Prove que para todo x 6= 0 ∈ IR é verdade que (1 + x)2n > 1 + 2nx. Solução: É fácil ver que (1 + x) 2n = n 2 (1 + x) = n 1 + 2x + x 2 Agora, observe que 1 + 2x + x2 = (1 + x)2 ≥ 0, ou seja, 2x + x2 ≥ −1. Sendo assim, pela Desigualdade de Bernoulli, temos n n 2 2 1 + 2x + x = 1 + (2x + x ) ≥ 1 + n(2x + x2 ) = 1 + 2nx + nx2 > 1 + 2nx. 2. Usando indução prove as seguintes: a) 1 + 2 + · · · + n = n(n+1) 2 para todo n ∈ IN. Solução: Base da indução: Seja n = 1: Sendo assim, temos 1= 1(1 + 1) 2 e portanto a afirmação é verdadeira nesse caso. Passo da indução: Por hipótese de indução, suponha que a afirmação 1 + 2 + · · · + n = n(n + 1) seja verdadeira para algum n > 1 ∈ IN. Portanto, 2 1 + 2 + · · · + n + (n + 1) = n(n + 1) n(n + 1) + 2(n + 1) + (n + 1) = 2 2 (n + 1) (n + 1) + 1 (n + 1)(n + 2) = = . 2 2 Portanto, a afirmação é verdadeira para todo n ∈ IN. Pág. 1 de 15 b) 1 + 3 + 5 + · · · + 2n − 1 = n2 para todo n ∈ IN. Solução: Base da indução: Seja n = 1: Sendo assim, temos 1 = 12 e portanto a afirmação é verdadeira nesse caso. Passo da indução: Por hipótese de indução, suponha que a afirmação 1+3+· · ·+2n−1 = n2 é verdadeira para algum n > 1 ∈ IN. Portanto, 1 + 3 + 5 + · · · + 2n − 1 + 2(n + 1) − 1 = n2 + 2n + 1 = (n + 1)2 Portanto, a afirmação é verdadeira para todo n ∈ IN. c) 1 + x + x2 + · · · + xn = 1−xn+1 1−x para todo x 6= 1. Solução: Base da indução: Seja n = 1: Sendo assim, temos 1 − x1+1 1 − x2 (1 − x)(1 + x) = = = (1 + x) 1−x 1−x 1−x e portanto a afirmação é verdadeira nesse caso. Passo da indução: Por hipótese de indução, suponha que a afirmação 1+x+x2 +· · ·+xn = 1 − xn+1 seja verdadeira para algum n > 1 ∈ IN. Portanto, 1−x 1 + x + x2 + · · · + xn + xn+1 = = 1 − xn+1 1 − xn+1 + (1 − x)xn+1 + xn+1 = 1−x 1−x 1 − x(n+1)+1 1 − xn+1 + xn+1 − xn+2 = 1−x 1−x Portanto, a afirmação é verdadeira para todo n ∈ IN. 3. Dados m, n ∈ IN com n > m, prove que ou n é multiplo de m ou existem q, r ∈ IN tais que n = mq + r e r < m. Prove que q e r são únicos com essa propriedade. Pág. 2 de 15 Solução: (a) Suponha que n 6= km, para todo k ∈ IN, e seja A = {k ∈ IN | n < km}. Se m ≥ 1, então (n + 1)m ≥ n + 1 > n, ou seja, n + 1 ∈ A e, portanto, A é não vazio. Seja k0 ∈ IN o menor elemento de A. Como n < k0 m, então k0 6= 1. De fato, se k0 = 1 então n < m, o que nos leva a um absurdo, pois, contradiz a hipótese. Sendo k0 > 1 vem que K0 = q + 1, onde q ∈ IN e q < k0 , ou seja, q ∈ / A, pois, k0 é menor elemento de A. Logo, n ≥ qm, ou ainda, n > qm. Dessa forma, n = qm + r com r ∈ IN e r < m. De fato r < m, pois caso contrário, r ≥ m, terı́amos n ≥ qm + m = (q + 1)m = k0 m, o que claramente é um absurdo. (b) Agora vamos provar a unicidade de q e r. Sejam q 0 , r0 ∈ IN tais que n = q 0 m + r0 = qm + r. Se q 0 > q, então r0 < r < m. Assim, q 0 = q + p e r = r0 + s, com p, s ∈ IN. Logo, (q + p)m + r0 = qm + r0 + s, consequentemente pm = s, ou seja, s ≥ m. O que é um absurdo, pois, r < m. Por outro lado, Se q 0 ≤ q, então r < r0 < m. Assim, q = q 0 + p e r0 = r + s, com p, s ∈ IN. Logo, q 0 m + r + s = (q 0 + p)m + r, consequentemente s = pm, ou seja, s ≥ m. O que é um absurdo, pois, r0 < m. Portanto, q 0 = q e r0 = r. 4. Seja X ⊂ IN um subconjunto não-vazio tal que m, n ∈ X se, e somente se, n, m + n ∈ X. Prove que existe k ∈ IN tal que X é o conjunto dos multiplos de k. Solução: Seja k = min(X). Afirmo que kIN = X, onde kIN = {k, 2k, 3k, · · · }. De fato, (a) kIN ⊂ X, ou melhor, kn ∈ X para todo n ∈ IN. Vamos provar esta afirmação por indução: Base da indução: Seja k = 1: Sendo assim, temos k.1 = k ∈ X e portanto a afirmação é verdadeira nesse caso. Passo da indução: Por hipótese de indução, suponha que a afirmação kn ∈ X seja verdadeira para algum n ∈ IN. Portanto, k(n + 1) ∈ X, pois kn, k ∈ X e, por definição de X, kn + k = k(n + 1) ∈ X. Portanto, kIN ⊂ X. Pág. 3 de 15 (b) Agora vamos provar que X ⊂ kIN, ou melhor, se p ∈ X então existe n ∈ IN tal que p = kn. Seja p ∈ X. Se p = kn para algum n ∈ IN, então p ∈ IN. Suponhamos, por contradição, que p 6= kn para todo n ∈ IN. Como p > k, pelo Exercı́cio 3, existem n, r ∈ IN tal que r < k e p = kn + r. Uma vez que kIN ⊂ X temos que kn, kn + r ∈ X e, por definição de X, kn, r ∈ X o que nos leva a uma contradição, pois, r < k e k = min(X). Logo, X ⊂ kIN. Portanto de (a) e (b) vem que kIN = X. 5. Dado n ∈ IN, prove que não existe x ∈ IN tal que n < x < n + 1. Solução: Seja n ∈ IN. Suponha, por contradição, que existe x ∈ IN tal que n < x < n + 1. Como n < x temos que x = n + p, com p ∈ IN. Se p = 1 temos um absurdo, pois, x = n + 1 e x < n + 1. Por outro lado, se p 6= 1, então p > 1 e p = 1 + q, com q ∈ IN. Dessa forma, x = n + p = n + (1 + q) = (n + 1) + q, ou seja, x > n + 1 o que é um aburdo, pois, x < n + 1. Portanto, não existe x ∈ IN tal que n < x < n + 1. 6. Indicando com card(X) o número de elementos do conjunto finito X, prove: a) Se X é finito e Y ⊆ X, então card(Y ) ≤ card(X). Solução: Se Y = ∅, então cad(Y ) = 0 e, consequentemente, card(Y ) ≤ card(X). Por outro lado, suponha Y 6= ∅ e que Y = {y1 , y2 , · · · , yn } com n ∈ IN. Se Y = X, então n = card(Y ) = card(X), e não há nada a fazer. Suponhamos, então, que Y 6= X. Sendo assim, X = {y1 , y2 , · · · , yn , x1 , x2 , · · · , xm } com m ∈ IN. Logo, card(Y ) = n < n + m = card(X), o que completa a demonstração. b) Se X e Y são finitos então X ∪ Y é finito e card(X ∪ Y ) = card(X) + card(Y ) − card(X ∩ Y ). Solução: Se X = ∅ (ou y = ∅), então X ∪ Y = Y (ou X ∪ Y = X), X ∩ Y = ∅ e card(X) = 0 (ou card(Y ) = 0). Além disso, card(X ∪ Y ) = card(X) + card(Y ) − card(X ∩ Y ). Então, suponhamos que X, Y 6= ∅. Digamos que X = {x1 , x2 , · · · , xm } e Y = {y1 , y2 , · · · , yn } com m, n ∈ IN. a) Se X ∩ Y = ∅ então xi 6= yj para todo i, j. Sendo assim, X ∪ Y = {x1 , x2 , · · · , xm , y1 , y2 , · · · , yn } e, portanto, card(X ∪ Y ) = card(X) + card(Y ) − card(X ∩ Y ). Pág. 4 de 15 b) Se X ∩ Y 6= ∅, façamos X = A ∪ C e Y = B ∪ C tal que A ∩ B = A ∩ C = B ∩ C = ∅. Assim, temos: X ∩Y = (A ∪ C) ∩ (B ∪ C) = = X ∪Y (A ∪ C) ∩ B ∪ (A ∪ C) ∩ C (A ∩ B) ∪ (C ∩ B) ∪ (A ∩ C) ∪ (C ∩ C) =C ∩C =C = (A ∪ C) ∪ (B ∪ C) = (A ∪ B) ∪ C (A ∪ B) ∩ C = (A ∩ C) ∪ (B ∩ C) = ∅ Portanto, card(X ∪ Y ) = card(A ∪ B) + card(C) = card(A) + card(B) + card(C) = card(A) + card(C) + card(B) + card(C) − card(C) = card(A ∪ C) + card(B ∪ C) − card(C) = card(X) + card(Y ) − card(X ∩ Y ) Assim, completamos a demonstração. 7. Seja P(X) o conjunto cujos elementos são todos os subconjuntos de X. Prove por indução que se X é finito então card(P(X)) = 2card(X) . Solução: Se X = ∅, então P(X) = {∅} e, consequentemente, card(P(X)) = 2cad(X) = 20 = 1 e não há nada a fazer. Então, suponhamos que X 6= ∅ e que card(X) = n para algum n ∈ IN. Base da indução: Seja n = 1: Sendo assim, temos que X = {x1 } e P(X) = {∅, {x1 }}. Portanto, card(P(X)) = 2card(X) = 21 = 2 e a afirmação é verdadeira nesse caso. Passo da indução: Por hipótese de indução, suponha que card(P(X0 )) = 2card(X0 ) seja verdadeira sempre que card(X0 ) = n, para algum n ∈ IN. Além disso, P(X0 ) = {P1 , P2 , P3 , · · · , P2n }, com P1 = ∅. Pág. 5 de 15 Fazendo X = X0 ∪ {a}, com a ∈ / X0 , temos que card(X) = n + 1. Portanto, P(X) = P(X0 ) ∪ {{a} ∪ P1 , {a} ∪ P2 , {a} ∪ P3 , · · · , {a} ∪ P2n } = 2n + 2n = 2n+1 = 2card(X) Portanto, card(P(X)) = 2card(X) . 8. Não existe uma função sobrejetora do conjunto X para o conjunto P(X). Solução: Primeiramente, vejamos o seguinte Teorema: Teorema 1 (Cantor) Sejam X um conjunto arbitrário, Y um conjunto contendo pelo menos dois elementos e F(X; Y ) o conjunto de todas as funções de f : X → Y . Nenhuma função ϕ : X → F(X; Y ) é sobrejetora. Demonstração: Dada ϕ : X → F(X; Y ), indicaremos com ϕx o valor de ϕ no ponto x ∈ X. Assim, ϕx é uma função de X e Y . Construiremos agora uma f ∈ F(X; Y ) tal que ϕx 6= f para todo x ∈ X. Isto é feito escolhendo, para cada x ∈ X, um elemento f (x) ∈ Y , diferente de ϕx (x). Como Y possui pelo menos dois elementos, isto é possı́vel. A função f : X → Y assim obtida é tal que f (x) 6= ϕx (x) e, portanto, f 6= ϕx , para todo x ∈ X. Logo f ∈ / ϕ(X) e, consequentemente, ϕ não é sobrejetora. Considerando o conjunto {0, 1}, veremos que existe uma bijeção φ : P(X) → F(X; {0, 1}) De fato, para cada A ∈ P(X), consideremos ξA : X → {0, 1} de modo que 1, se x ∈ A ξA (x) = 0, se x ∈ /A Defina φ : P(X) → F(X; {0, 1}) como sendo φ(A) = ξA . É fácil ver que, φ é uma bijeção. Como {0, 1} contém dois elementos, pelo Teorema 1, temos que não existe nenhuma função ϕ : X → F(X; {0, 1}) que seja sobrejetiva. Portanto, não existe nenhuma função ψ : X → P(X) que seja sobrejetiva. Nota 1 Como consequência do Teorema 1, temos que o conjunto F(IN; {0, 1}) é não enumerável. Pág. 6 de 15 9. Prove que o conjunto P(IN) de todos os subconjuntos de IN não é enumerável. Solução: Sabemos, pelo Exercı́cio 8, que não existe uma função sobrejetora do conjunto IN para o conjunto P(IN). Consequentemente, não existe uma função bijetora do conjunto IN para o conjunto P(IN), ou seja, P(IN) não é enumerável. 10. Seja {In }n∈IN o conjunto enumerável de intervalos fechados e limitados tal que In = [an , bn ] satisfazendo ∞ \ In+1 ⊂ In para todo n ∈ IN. Então In não é vazia. n=1 Solução: Para cada n ∈ IN, temos que In+1 ⊂ In , o que significa que an ≤ an+1 ≤ bn+1 ≤ bn ou ainda, a1 ≤ a2 ≤ · · · ≤ an ≤ · · · ≤ bn ≤ · · · ≤ b2 ≤ b1 . Dai vemos claramente que as sequências (an ) e (bn ) são, respectivamente, não decrescente e não crescente. Além disso, como a1 ≤ an < bn ≤ b1 vemos que (an ) é limitada supiormente por b1 e (bn ) é limitada inferiormente por a1 . Logo, essas duas sequências, que são monótonas e limitadas, possuem limites, digamos A e B respectivamente, podendo A = B. Como an < bn , é claro que an ≤ A ≤ B ≤ bn Portanto, [A, B] ⊂ In para todo n ∈ IN. Logo, [A, B] ⊂ ∞ \ In n=1 ou seja, ∞ \ In não é vazia. n=1 11. Dê exemplo de uma sequência decrescente X1 ⊃ X2 ⊃ X3 ⊃ · · · de conjuntos infinitos cuja interseção ∞ \ Xn seja vazia. n=1 Pág. 7 de 15 Solução: Basta considerar, X1 = IN X2 = {2, 3, 4, · · · } X3 = {3, 4, 5, · · · } .. . Xn = {n, n + 1, n + 2, · · · } .. . Se existisse x∈ ∞ \ Xn n=1 então x ∈ Xn para todo n ∈ IN e, consequentemente, x ≥ n para todo n ∈ IN. Mas, isto é um absurdo, pois, IN não é limitado superiormente. 12. Uma função f : X → IR é dita ser limitada superiormente quando sua imagem f (X) = {f (x) | x ∈ X} é um conjunto limitado superiormente. Então põe-se o supremo de f como sendo sup(f ) = sup{f (x) | x ∈ X}. Prove que se f, g : X → IR são limitadas superiormente, então a soma f + g : X → IR também é. Além disso, tem-se sup(f + g) ≤ sup(f ) + sup(g). Enucie e prove um resultado análogo para o ı́nfimo. Solução: (a) Sejam f, g : X → IR funções limitadas superiormente, ou seja, existem M1 e M2 tais que f (x) ≤ M1 e g(x) ≤ M2 , para todo x ∈ X. Logo, f (x) + g(x) ≤ M1 + M2 , para todo x ∈ X. Então f + g é limitada superiormente. Por outro lado, f (x) + g(x) ≤ sup(f ) + sup(g), para todo x ∈ X. Portanto, sup(f ) + sup(g) é uma cota superior para f + g e, consequentemente, sup(f + g) ≤ sup(f ) + sup(g). Uma função f : X → IR é dita ser limitada superiormente quando sua imagem f (X) = {f (x) | x ∈ X} é um conjunto limitado superiormente. Então põe-se o supremo de f como sendo sup(f ) = sup{f (x) | x ∈ X}. Pág. 8 de 15 Prove que se f, g : X → IR são limitadas superiormente, então a soma f + g : X → IR também é. Além disso, tem-se sup(f + g) ≤ sup(f ) + sup(g). (b) Uma função f : X → IR é dita ser limitada inferiormente quando sua imagem f (X) = {f (x) | x ∈ X} é um conjunto limitado inferiormente. Então põe-se o ı́nfimo de f como sendo inf (f ) = inf {f (x) | x ∈ X}. Prove que se f, g : X → IR são limitadas inferiormente, então a soma f + g : X → IR também é. Além disso, tem-se inf (f + g) ≤ inf (f ) + inf (g). De fato, Sejam f, g : X → IR funções limitadas inferiormente, ou seja, existem M1 e M2 tais que f (x) ≥ M1 e g(x) ≥ M2 , para todo x ∈ X. Logo, f (x) + g(x) ≥ M1 + M2 , para todo x ∈ X. Então f + g é limitada inferiormente. Por outro lado, f (x) + g(x) ≥ inf (f ) + inf (g), para todo x ∈ X. Portanto, inf (f ) + inf (g) é uma cota inferior para f + g e, consequentemente, inf (f + g) ≥ inf (f ) + inf (g). 13. Uma sequência (xn ) diz-se periódica quando existe p ∈ IN tal que xn+p = xn para todo n ∈ IN. Prove que toda sequência periódica convergente é constante. Solução: Suponhamos que (xn ) seja periódica e convergente, ou seja, lim(xn ) = a para algum a. Sendo m ∈ IN temos que (xm , xm+p , xm+2p , · · · , xm+rp , · · · ) é uma subsequência constante de (xn ). Portanto, lim(xm ) = a, ou seja, xm = a para todo n ∈ IN. √ 14. Dados a, b ∈ IR+ , defina indutivamente as sequências (xn ) e (yn ) pondo x1 = ab, √ n xn+1 = xn yn , yn+1 = xn +y . Prove que (xn ) e (yn ) convergem para o mesmo limite. 2 Solução: Afirmo que 0 < xn ≤ yn , para todo n ∈ IN. De fato, por indução temos: Base da indução: Seja n = 1: Sendo assim, temos que 0 < x1 = √ ab ≤ e a afirmação é verdadeira nesse caso. Pág. 9 de 15 a+b = y1 2 y1 = a+b 2 e Passo da indução: Por hipótese de indução, suponha que 0 < xn ≤ yn , para algum n > 1 ∈ IN. Portanto, 0 < xn+1 = √ xn yn ≤ xn + y n = yn+1 2 Portanto, 0 < xn ≤ yn , para todo n ∈ IN. Observe que: (a) xn+1 = (b) yn+1 = √ xn y n ≥ xn +yn 2 ≤ p x2n = xn , ou seja, (xn ) é não decrescente. yn +yn 2 = yn , ou seja, (yn ) é não crescente. (c) Além disso, as sequências (xn ) e (yn ) são, respectivamente, limitadas superiormente e inferiormente, pois, 0 < x 1 ≤ xn ≤ y y ≤ y 1 Logo, lim(xn ) = x0 e lim(yn ) = y0 , com 0 < x 1 ≤ x0 ≤ y 0 ≤ y 1 Por fim, como yn+1 = xn +yn 2 temos que lim(yn+1 ) = lim( y0 = xn + y n ) 2 x0 + y 0 2 2y0 = x0 + y0 o que nos leva a y0 = x0 , ou seja, lim(xn ) = lim(yn ). 15. Se A ⊆ B e A é não enumerável, então B deve ser não enumerável. Solução: Suponhamos por contradição que B seja enumerável. Sendo assim, todo subconjunto de B deve ser enumerável, inclusive A. Mas isto é uma contradição. Portanto B é não enumerável. 16. Prove que |x + y| = |x| + |y| se, e somente se, x e y são ambos negativos ou ambos positivos. 17. Sejam a e b números reais positivos. Mostre que: Pág. 10 de 15 (a) −b < x < a ⇔ |2x + b − a| < a + b. (b) −2b < x + a − b < 2a ⇔ |x| < a + b. 18. Justifique ou dê contra-exemplo para as implicações seguintes: (a) a 6= b ⇒ |a| 6= |b|. (b) |a| 6= |b| ⇒ a 6= b. 19. Seja Y ⊂ Q. I Mostre que o conjunto das frações do tipo 1 , com n ∈ N , possui inf (Y ) = 0 e 2n sup(Y ) = 12 . Solução: Com efeito, em primeiro lugar, temos 1 2 ∈Y e 1 2n < 1 2 para todo n > 1. Logo elemento de Y e, portanto, sup(Y ) = 12 . Por outro lado, como 0 < 1 2n 1 2 é o maior para todo n ∈ IN, vemos que 0 é cota inferior de Y . Assim, basta provar que nenhum número racional c > 0 é cota inferior de Y . Com efeito, sendo Q I arquimediano, dado c > 0, podemos obter n ∈ IN tal que n > 1 c − 1. Isto significa 1 + n > 1c . Logo, pela desigualdade de Bernoulli temos 2n = (1 + 1)n ≥ 1 + n > 1 c ou seja, 21n < c. Logo nenhum c > 0 é cota inferior de Y e, portanto, inf (Y ) = 0. 20. Use a propriedade do supremo para provar a existência da raiz n-ésima positiva de qualquer número a > 0, com a 6= 1. Solução: Evidentemente devemos supor n > 1. Sendo assim, devemos mostrar que existe b > 0 ∈ IR tal que bn = a. Para isso consideremos o conjunto C dos números c ≥ 0 tais que cn < a. O conjunto C não é vazio, pois contém o número 1 se a > 1, e contém a se a < 1 (Verifique! Ou seja mostre que se 0 < a < 1, então an < a para todo inteiro n > 1. Sugestão: Observe que b = 1 a > 1.). É fácil ver também, que o conjunto C é limitado superiormente, pelo número 1 se a < 1 e pelo próprio a se a > 1. Portanto, possui supremo, digamos sup(C) = b. Afirmamos que bn = a. Para mostrar esta afirmação, vamos primeiro mostrar que bn < a é um absurdo. De fato,sendo 0 < ε < 1 temos: (b + ε)n = bn + nbn−1 ε + · · · + εn n(n−1) n−2 n n−1 n−1 = b + ε nb + 2 b ε + ··· + ε n(n−1) n−2 n n−1 < b + ε nb + 2 b + · · · + 1 = bn + Kε Pág. 11 de 15 onde K é a expressão entre colchetes, que independe de ε. Agora, fazendo ε< a − bn K temos bn < (b + ε)n < a o que é um absurdo, pois assim b não seria o supremo do conjunto C. Por outro lado, se bn > a, então n 1 1 < b a Então com raciocı́nio análogo ao que acabamos de fazer, existe ε > 0 tal que n n 1 1 1 < +ε < b b a o que nos leva a n b > b 1 + bε n >a Mas isto contradiz o fato de b ser supremo do conjunto C. Portanto, somente podemos ter bn = a. 21. Prove, por indução finita, que 1 + 3 + 5 + ... + (2n + 1) = (n + 1)2 para todo n ≥ 0. 22. Para que valores de n a afirmação dada é verdadeira? Justifique sua resposta por indução finita. (a) 3n > n!. (b) n2 > n + 1. 23. Sejam u e v dois números reais, com u > v > 0. Prove que (a) un − v n > (u − v)n . (b) Usando (a) prove que √ n u−v > √ n u− √ n v para todo natural n ≥ 2. 24. Seja a seqüência 1 − an+1 xn = 1 + a + ... + a = 1−a n com a ∈ IR e 0 < a < 1. Prove que esta seqüência é crescente e limitada para todo n. Pág. 12 de 15 Solução: A sequência (x1 , x2 , · · · , xn , · · · ) é crescente, pois xn+1 = xn + an+1 Além disso, ela é limitada pois 0 < xn < 1 1−a para todo n ∈ IN. 25. Prove que a seqüência com x1 = 0 e x2 = 1 dada por 1 xn+2 = (xn + xn+1 ) 2 para todo n = 1, 2, 3, 4, ... é limitada. a+b Solução: Antes vejamos que, dado a e b, digamos com a < b, sua média aritmética é o 2 a+b ponto médio do segmento de reta [a, b]. Logo obtém-se somando-se ao número a a metade 2 1 da distância de a e b, ou seja (b − a), ou então subtraindo-se de b a mesma quantidade. 2 Seguindo essa ideia, e voltando ao exercı́cio vemos que os termos da sequência são: x1 = 0, x2 = 1, 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 x3 = 1 − , x4 = 1 − + , x5 = 1 − + − , x6 = 1 − + − + , · · · 2 2 4 2 4 8 2 4 8 16 Separando os termos de ordem par dos termos de ordem ı́mpar temos: x1 = 0 x3 = 1 − x5 = x7 = .. . x2n+1 1 1 = 2 2 1 1 1 1− + − 2 4 8 1 1 1 1− + − 2 4 8 = 1 1 + 2 8 + 1 1 − 16 32 = 1 1 1 + + 2 8 32 1 1 1 1 1 1 1 1 + + + ··· + = = 1 + + 2 + · · · + n−1 2 2.4 2.42 2.4n−1 2 4 4 4 Fazendo um cálculo análogo para os termos pares teremos 1 1 1 x2n = 1 − 1 + + 2 + · · · + n−1 4 4 4 Assim, vemos que a sequência (xn ) é limitada, com 0 ≤ xn ≤ 1. Pág. 13 de 15 26. Prove que se, lim xn = a > 0, existe n0 ∈ IN tal que n > n0 ⇒ xn > 0. Solução: Seja ε = a 2 > 0. Então (a − ε, a + ε) = que a 3a , . Como lim xn = a, existe n0 ∈ IN tal 2 2 n > n 0 ⇒ xn ∈ a 3a , 2 2 ou seja, xn > a2 . Assim, para todo n > n0 temos que xn > 0. 27. Sejam (xn ) e (yn ) seqüências convergentes. Prove que se xn ≤ yn para todo n ∈ IN então lim xn ≤ lim yn . Solução: Suponhamos, por contradição, que lim xn > lim yn . Sendo assim, temos que 0 < lim xn − lim yn = lim(xn − yn ) Daı́, pelo Exercı́cio 26, temos que xn − yn > 0, ou seja, xn > yn . Mas isto é um absurdo, pois, por hipótese xn ≤ yn para todo n ∈ IN. Portanto, lim xn ≤ lim yn para todo n ∈ IN. 28. Sejam xn ≤ zn ≤ yn para todo n ∈ IN. Se lim xn = lim yn = a, prove que lim zn = a. Solução: Como lim xn = lim yn = a, dado arbitrariamente ε > 0, existem n1 , n2 ∈ IN tais que n > n1 ⇒ xn ∈ (a − ε, a + ε) n > n2 ⇒ yn ∈ (a − ε, a + ε) Tomando n0 = max{n1 , n2 }, temos que: se n > n0 então n > n1 e n > n2 . Além disso, n > n 0 ⇒ a − ε < x n ≤ zn ≤ y n < a + ε Donde concluimos que lim zn = a. 29. Seja (xn ) a seqüência definida por |xn+2 − xn+1 | ≤ λ |xn+1 − xn | para 0 < λ < 1. Prove que (xn ) é uma seqüência de Cauchy, e portanto convergente. Pág. 14 de 15 Solução: Temos que |x3 − x2 | ≤ λ|x2 − x1 | |x4 − x3 | ≤ λ2 |x2 − x1 | De um modo geral, |xn+1 − xn | ≤ λn−1 |x2 − x1 | para todo n ∈ IN. Daı́ segue-se que, para n, p ∈ IN arbitrários, vale |xn+p − xn | ≤ |xn+p − xn+p−1 | + · · · + |xn+1 − xn | ≤ λn+p−2 + λn+p−3 + · · · + λn−1 |x2 − x1 | = λn−1 λp−1 + λp−2 + · · · + λ + 1 |x2 − x1 | p .|x2 − x1 | ≤ = λn−1 . 1−λ 1−λ λn−1 .|x2 1−λ − x1 | Como lim λn−1 .|x2 − x1 | = 0 1−λ segue-se que, para qualquer ε > 0 dado, existe n0 ∈ IN tal que n > n0 ⇒ 0 < λn−1 .|x2 − x1 | < ε 1−λ Consequentemente, uma vez que podemos sempre supor m ≥ n e tomar m = n + p, m, n > n0 ⇒ |xm − xn | < ε Portanto, a sequência é de Cauchy, e portanto convergente. 30. Para todo x > 0, temos que: a 1 (x + ) > 2 x r a . 2 Solução: Para x > 0, a desigualdade acima é equivalente a r a x2 − 2 x+a>0 2 Como esse polinômio do segundo grau possui discriminante negativo temos que a afirmação é verdadeira. Pág. 15 de 15 Fim do Gabarito