revista julho 2009

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Coletânia de
Abstracts
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ACOMETIMENTO RENAL POR HIV E LES EM CRIANÇA: RELATO
DE CASO
Autores: Suelen Bianca Stopa Martins/UNICAMP; Veronica Maria V.G.
Gil/PUC-SP; Vera Maria Santoro Belangero/UNICAMP; Livia Cláudio de
Oliveira/UNICAMP; Thalita Vera Ribeiro Valim/UNICAMP; Leandro L. L.
Freitas/UNICAMP
A doença renal associada ao vírus da imunodeficiência humana (HIV) temse tornado uma complicação comum em pacientes infectados com o vírus,
sendo frequente a glomerulosclerose segmentar focal (GESF) colapsante. O
lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença autoimune que pode acometer diversos órgãos, em especial o rim. O objetivo é apresentar o caso de
uma criança com diagnósticos de nefropatia associada ao HIV (HIVAN) e
LES com nefrite lúpica. Salienta-se a importância do caso por sua raridade
e dificuldade terapêutica. Paciente, 7 anos, feminino, HIV positivo por transmissão materno-fetal em uso de terapia antirretroviral (TARV). Iniciou o quadro de síndrome nefrótica aos 5 anos, com função renal normal, sorologias
para hepatite B e C negativas, complementos (C3, C4 e CH50) normais, fator
antinúcleo (FAN) e anticorpo antiDNA (ADNA) negativos. Foi tratada com
presdnisona, espironolactona e captopril. Em 11 meses de evolução, apresentou três episódios de descompensação da síndrome nefrótica por quadros infecciosos e um quadro convulsivo. No terceiro episódio, realizaramse novos exames, que mostravam consumo de C3 e CH50, piora da função
renal, FAN 1/640 e ADNA 1/40. Com a presença de quatro dos 11 critérios
para o diagnóstico de LES, a paciente recebeu pulsoterapia com metilprednisolona. Transferida a esse serviço para a realização de biópsia
renal, que mostrou 50% dos glomérulos com crescentes celulares e o
restante com proliferação mesangial e endocapilar segmentar, afluxo
de neutrófilos e espessamento de alça capilar sem duplo contorno.
Presença de um glomérulo com esclerose colapsante, com coroa podocitária. Túbulos com atrofia moderada. À imunofluorescência, positividade
granular capilar e mesangial para IgG, lambda, IgA, kappa, C3 IgM e C1Q. À
microscopia eletrônica, depósitos subepiteliais com espículas. Diagnóstico
anatomopatológico de nefrite lúpica (classe Vb) e HIVAN. Paciente atualmente em seguimento ambulatorial em uso de TARV, prednisona, captopril e
espironolactona. Pouco descrito na literatura, o caso envolve duas entidades graves e complexas com acometimento renal. A terapêutica da HIVAN
se faz com TARV com três drogas. Além disso, a paciente necessita de tratamento imunossupressor pela lesão causada pelo LES (nefrite lúpica, não
lúpus-like). Dessa forma, caracteriza-se a dificuldade terapêutica, que exige
ponderação no momento da escolha do tratamento, visando ao benefício
da paciente.
AVALIAÇÃO CLÍNICA E TRATAMENTO DE CRIANÇAS COM
HIPERCALCIÚRIA IDIOPÁTICA
Autores: Marcia Camegaçava Riyuzo/Departamento de Pediatria FM
Botucatu UNESP; Celia Sperandeo Macedo/Departamento de Pediatria
FM Botucatu UNESP; Herculano Dias Bastos/Departamento de Pediatria FM Botucatu UNESP
Hipercalciúria idiopática (HCa), excreção urinária de cálcio (Cau) > ou
igual 4mg/kg/dia e normocalcemia é etiologia frequente em crianças
com hematúria e/ou calculose renal. Objetivo: Descrever as características clínicas e as respostas ao tramento de crianças com HCa idiopática. Métodos: Estudo retrospectivo de 130 crianças, idade entre 1,74 a
15 anos, 75 meninos; atendidas no Ambulatório de Nefrologia Pediatrica
no período entre 1984 a 2000. Tratamento G1-1984 a 1986, aumento ingestão hídrica e hidroclorotiazida (HCT) (0,4 a 2 mg/kg/dia) em 6, G2-1987 a 1997,
dieta com restrição de sódio em 8, G3 dieta e HCT em 20, G4 dieta e citrato de
potássio (CK) (1 a 3g/dia) em 13, G5 HCT e CK, G6 aumento de ingestão de K, a
partir de 1998, em 3, G7 Dieta e HCT em 17, G8 dieta e CK em 12 e G9 HCT e CK.
Resultados: Hematúria macroscópica ocorreu em 52,3%, dor abdominal em
23,8%, hematuria microscópica em 21,5%, dor lombar em 16,9%, disúria em
13,7%, infecção urinária de repetição em 20%, 63,07% tinham antecedentes
familiares de calculose, 39,2% tinham mais de 2 sintomas. A mediana de Cau
< 4mg/kg/dia foi observada em 75/112 (66,9%) em 1 ano de seguimento (4/6 do
G1, 4/4 do G2, 15/17 do G3, 11/12 do G4, 27/36 do G5, 3/3 do G6, 5/17 do G7, 5/12
do G8 e 1/5 do G9, e em 48/60 (80%) em 5 anos (16 estavam sem medicação,
16 recebiam HCT, 2 recebiam CK e 14 recebiam HCT e CK; 3 apresentavam
dores lombares, 1 dor abdominal e 3 eliminaram cálculo. Conclusão: Crianças
com HCa requerem seguimento prolongado, a maioria é assintomatica e há
necessidade de reavaliar o tratamento.
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ANÁLISE GENÔMICA DE ESCHERICHIA COLI EM CRIANÇAS COM
BEXIGA NEUROGÊNICA: COMPARAÇÃO DE DIFERENTES SÍTIOS DE
COLETA EM BACTERIÚRIA ASSINTOMÁTICA E INFECÇÃO URINÁRIA
Autores: Marcelo de Sousa Tavares/Santa Casa de Belo Horizonte;
Hilton Marcus Peloi/Universidade Estadual de Londrina; Halha Ostrenski Saridakis/Universidade Estadual de Londrina; Alessandra V. Nimtz/
Universidade Estadual de Londrina
Objetivo: analisar o genoma bacteriano de Escherichia coli (E. coli) isoladas
de urinas coletadas assepticamente de crianças com bexiga neurogênica e
compará-lo com o genoma de outras E. coli isoladas do mesmo paciente nas
regiões adjacentes. As comparações foram realizadas na condição de bacteriúria assintomática (BA) e, posteriormente, com infecção do trato urinário
(ITU). Métodos: Análise transversal de amostras de urina, material de região
perianal e periuretral em crianças com até 12 anos incompletos com bexiga
neurogênica entre 2006 e 2007. As cepas de E. coli foram estocadas, tiveram
o DNA extraído e feita amplificação por PCR com primer específico BOX A1R.
Feita análise de Cluster com os produtos do primer usando o algoritmo UPGMA (unweighted pair-group method, com média aritmética) e o coeficiente
de Jaccard (J), com tolerância de 2%. O agrupamento foi obtido considerando um nível de similaridade de 90% na análise de Cluster. Resultados: A análise do genoma bacteriano foi realizada em 16 pacientes com Escherichia coli
em mais de um local de coleta, 10 deles em duas coletas de urina e 6 tendo
apenas a primeira (BA). Desses, 12 realizavam sondagem vesical intermitente e 4 tinham refluxo vesico-ureteral, sendo que todos os 4 usavam antibiótico profilático. Dos 10 casos com duas coletas, somente em 3 (30%) houve
a mesma Escherichia coli isolada na colonização e na ITU. Nos outros 7, os
genomas encontrados foram diferentes nas duas amostras. Analisando a coleta simultânea nos três locais, na primeira coleta, a mesma Escherichia coli
estava presente nos três locais em 4 pacientes, na urocultura e periuretral
em 4, na urocultura e perianal em 2 e diferente nos três locais em 6 pacientes.
Nos 10 casos da segunda coleta, em 2 casos a mesma Escherichia coli foi
isolada nos 3 locais, em 3 casos na urocultura e periuretral, em 1 a urocultura
era igual à perianal e, em 4 casos, os três locais demonstraram Escherichia
coli com perfil genômico diferente. Conclusões: Uma elevada porcentagem
dos pacientes apresentou bacteriúria assintomática e a maioria por E. coli. O
presente estudo comprova a capacidade de mudança do genoma da E. coli,
com prováveis consequências para o paciente, como mudança de virulência
da bactéria. Diversos mecanismos podem atuar como facilitadores dessa
mudança, como interação com outras bactérias e utilização de medicamentos, que deve ser extremamente criteriosa, em face do possível desenvolvimento de resistência.
EFEITO DO DANO RENAL NO CRESCIMENTO SOMÁTICO EM
CRIANÇAS COM REFLUXO VESICOURETERAL
Autores: Cristiane dos Santos Dias/UFMG; José Maria Penido Silva/
UFMG; Ana Cristina Simões Silva/UFMG; Eleonora Moreira Lima/UFMG;
Louisie Galantini Lana/UFMG; Ana Luiza Lanna Trivelato/UFMG; Marcela Silva Lima/UFMG; Renata Cristiane Marciano/UFMG; José Silvério
Santos Diniz/UFMG; Eduardo Araújo Oliveira/UFMG
Introdução: O refluxo vesicoureteral (RVU) tem sido considerado um
marcador de doença generalizada de todo o trato urinário. Objetivos:
Avaliar a influência do dano renal no crescimento de crianças e adolescentes com RVU primário. Metodologia: 527 pacientes acompanhados por um tempo médio de 6 anos. Medidas de interesse: Escore Z de
estatura por idade (HAZ) e Delta HAZ: HAZ na última consulta – HAZ
na admissão. Resultados: Na admissão, a média de HAZ foi -0,18 (DP =
1,2) e 35 (6,6%) pacientes apresentaram HAZ menor que 2. Após ajuste
por modelo de regressão logística, duas variáveis foram associadas ao
menor quartil de HAZ: baixa condição socioeconômica e lesão renal
bilateral. Ao final do acompanhamento, a média de HAZ foi -0,07 (DP
= 1,12). Houve aumento significativo de HAZ quando os dados finais
e da admissão foram comparados. Um total de 67 (13,6%) pacientes
apresentou ganho maior de 1 escore e 146 (30%) obtiveram ganho
maior que 0,5 escore Z na estatura. Apenas duas variáveis foram significantemente associadas a um acréscimo maior que 0,5 Z escore no
delta HAZ: idade de diagnóstico < 24 meses e presença de dano renal
à admissão. Conclusão: Nossos achados sugerem que o dano renal
bilateral afeta de forma negativa o crescimento somático, independentemente de condições socioeconômicas e de outros fatores clínicos.
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ATUALIZAÇÃO DO ESTUDO MULTICÊNTRICO BRASILEIRO DE
CISTINOSE NEFROPÁTICA
Autores: Maria Helena Vaisbich/Instituto da Criança – HCFMUSP; Vera
H. Koch/Instituto da Criança – HCFMUSP; Rejane Menezes/Hospital
Pequeno Príncipe/PR; Jussara Soares Fontes de Sousa/Hospital Pequeno
Príncipe/PR; Vera Maria Santoro Belangero/UNICAMP/SP; Liliane Cury
Prates/UNICAMP/SP; Elias David Neto/Unidade de Transplante Renal
HCFMUSP/SP; Lilian Monteiro Pereira/Unidade de Transplante Renal
HCFMUSP/SP; Júlio Toporosvski/Santa Casa/SP; Olberes Vítor Braga de
Andrade /Santa Casa/SP; Vanda Benini/Santa Casa/SP; Eleonora Moreira
Lima/UFMG/MG; Ana Cristina Simões e Silva/UFMG/MG; José Silvério
Santos/UFMG/MG; Célia Macedo/UNESP/SP; Márcia Ryuzo/UNESP/SP;
Henrique Laia Franco/Hospital Antônio Pedro – Niterói/RJ; Solange F.
Ramos de Mello/Londrina/PR ; Alessandra Vitorino Naghettini/Universidade Federal de Goiás/GO; Paula Ronsse Nussenzveig/Hospital Estadual
Infantil Darcy Vargas/SP; Natália Andreia da Cruz/Hospital Estadual Infantil Darcy Vargas/SP; Kélia Regina Xavier/UnB/Brasília; Maria Cristina
de Andrade/UNIFESP/SP; João Tomaz de Abreu Carvalhaes/UNIFESP/
SP; Paulo Koch Nogueira/Hospital do Rim e Hipertensão UNIFESP/SP;
Roberta Sobral/Universidade Federal da Bahia
O grupo de Estudo Multicêntrico Brasileiro de Cistinose Nefropática,
fundado em 1999 e composto por 16 unidades de Nefrologia Pediátrica
coordenadas pelo Instituto da Criança – HCFMUSP, pretende conhecer os
pacientes, suas características e facilitar seu tratamento. O recrutamento
de pacientes se baseia em consentimento informado, e é feito através de
questionários aos centros de diálise pela SBN, divulgação feita pela internet, participação em reuniões e publicações. Protocolo: questionário inicial
e de seguimento, a medida da concentração de cistina intraleucocitária no
início e durante o tratamento e o acompanhamento do paciente em relação
aos dados clínicos e de exames subsidiários. Identificaram-se 102 (42 meninas) pacientes com Cistinose, 46 seguidos no Instituto da Criança/SP, 15 no
Hospital Pequeno Príncipe/PR, 12 na UNICAMP/SP, 10 na Unidade de Transplante Renal – HCFMUSP/SP e 3 na Santa Casa/SP; os outros pacientes são
seguidos no Instituto da Criança e por seus médicos em diferentes serviços de Nefrologia. 23/102 (22,5%) têm função renal normal, 19/102 (18,6%)
apresentam deficiência de função renal em tratamento conservador, 26/102
estão em diálise (18 em diálise peritoneal e 8 em hemodiálise) e 34/102 receberam um transplante renal. Acometimento extrarrenal: hipotireoidismo
em 63pacientes, diabetes mellitus em 8, acometimento muscular em 7, do
sistema nervoso central em 5, acometimento hepático em 5 e disfunção da
deglutição em 2. Durante esse período, 10 pacientes foram a óbito. Ciste
amine foi usada por 81 casos. Os parâmetros de crescimento melhoraram,
principalmente nos pacientes que iniciaram ciste amine com < 2 anos de
idade (20 crianças). GHrecombinante foi administrado em 15 casos em que
a velocidade de crescimento permanecia baixa ou com Z score < -2,5. Cisteamine retardou o acometimento extrarrenal, principalmente o hipotireoidismo. Observou-se melhor situação da saúde oral nas crianças < 6 anos
de idade, comparada com a saúde oral da população brasileira da mesma
idade e de pacientes com cistinose > 6 anos . O estudo mostra a importância de um estudo multicêntrico para doenças raras, como a cistinose,
divulgando o conhecimento e facilitando a coordenação de recursos para
propiciar melhor tratamento. Este estudo melhorou o acesso dos pacientes
ao tratamento com profundo impacto na qualidade de vida.
ACESSANDO OS DIREITOS SOCIAIS: TRATAMENTO FORA DE
DOMICÍLIO
Autores: Lisiane Picasso/Irmandade Santa Casa de Porto Alegre;
Daniele Fantinel/Irmandade Santa Casa de Porto Alegre; Adriane Péres
Barboza/Irmandade Santa Casa de Porto Alegre
O presente trabalho visa esclarecer a Portaria SAS 055, de 24 de fevereiro
de 1999, que aborda o acesso ao tratamento fora de domícilio para pacientes do Sistema Único de Saúde. Tendo em vista que o Serviço de Nefrologia
Pediátrica do Santa Casa de Porto Alegre é referência para transplante renal pediátrico em todo o Brasil, absorvemos grande demanda de pacientes
oriundos de outros Estados. Percebemos que, na busca por esse tratamento, na maioria das vezes pacientes e familiares chegam com condições
sociais e econômicas precárias para se manter em nosso estado durante
o período em que deverão permanecer aqui. Considerando tal situação, é
relevante abordar o tema para maior esclarecimento quanto ao que dispõe
a Portaria e viabilizar aos pacientes acesso a esse direito.
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APLICAÇÃO DO ÍNDICE DE LESÃO CRÔNICA EM UM GRUPO
DE PACIENTES PORTADORES DE SÍNDROME NEFRÓTICA
IDIOPÁTICA COMO INDICADOR DE CRONICIDADE
Autores: Patrícia Marques Fortes/UFG; Marise Amaral Rebouças
Moreira/UFG; Alessandra Vittorino Naghettini/UFG; Claúdia Maria
Salgado/UFG
Introdução: O índice de lesão crônica (ILC) é um dos 4 índices propostos na
determinação do índice de biópsia (IB), usado na avaliação histomorfológica
da nefrite lúpica. Objetivo: Determinar a aplicabilidade do ILC como indicador
de resposta à corticoterapia e de evolução para insuficiência renal (IR) na
síndrome nefrótica com lesões mínimas (SNLM) e glomeruloesclerose segmentar e focal (GESF) em crianças e adolescentes. Método: Avaliaram-se,
retrospectivamente, por microscopia óptica, 46 lâminas de biópsias renais, realizadas no período de julho/1997 a julho/2007, em portadores de
SNLM/GESF idiopática, de ambos os sexos e idade de 1-17 anos. As lesões histológicas se dividiram em: 21 com laudo de SNLM e 25 de GESF. O ILC
avaliou quantitativamente as seguintes variáveis (pontuadas de 0–3; com somatória máxima de 12): atrofia tubular, fibrose intersticial, esclerose glomerular global, cicatriz glomerular segmentar. A resposta à corticoterapia foi assim
classificada: com resposta – sem descompensação clínico-laboratorial e sem
corticoide por, no mínimo, 2 anos e sem resposta – pacientes corticorresistentes, corticodependentes e recidivantes frequentes. A pressão arterial foi
avaliada segundo a técnica padronizada pela Fourth Task Force. IR foi definida clearance creatinina < 15ml/minuto/1,73m2. Resultado: A pontuação do ILC
foi mais alta nos pacientes sem resposta à corticoterapia (3,74 ± 1,53 versus
2,00 ± 1,74) p = 0,001 e nos que evoluíram com IR ao término do acompanhamento (5,75 ± 0,50 versus 2,76 ± 1,72) p = 0,004. O ILC também apresentou correlação com níveis mais elevados de pressão arterial sistólica após 2 anos de
acompanhamento (r = 0,339 e p = 0,023). Conclusão: Em pacientes pediátricos
com SNI, o aumento do ILC está associado a fatores de mau prognóstico
como pior resposta à corticoterapia, aumento dos níveis pressóricos e com
maior chance de evoluir com IR.
AVALIAÇÃO CLÍNICA, LABORATORIAL E HISTOPATOLÓGICA
DE UM GRUPO DE CRIANÇAS PORTADORAS DE SÍNDROME
NEFRÓTICA IDIOPÁTICA (SNI) APÓS PADRONIZAÇÃO DOS
CRITÉRIOS HISTOMORFOLÓGICOS
Autores: Patrícia Marques Fortes/UFG; Marise Amaral Rebouças Moreira/UFG; Alessandra Vittorino Naghettini/UFG; Cláudia Maria Salgado/UFG
Objetivo: Avaliar a prevalência de GESF em um grupo de crianças portadoras de SNI antes e após padronização dos critérios histomorfológicos
e classificação de suas variantes patológicas segundo D’Agati. Comparar
os achados clínico-laboratoriais na chegada ao serviço e no momento da
biópsia, com o laudo final. Método: Selecionaram-se, retrospectivamente,
96 lâminas de biópsias renais realizadas em portadores de síndrome nefrótica, das quais 50 foram excluídas por: história familiar de doença renal,
GESF 2ª, outras glomerulopatias e deterioração das lâminas. Analisaramse 46 lâminas de pacientes de ambos os sexos, com idade entre 1 a 17
anos e biopsiados no período de julho/1997 a julho/2007. Variáveis: idade,
estatura, pressão arterial, proteinúria de 24h, colesterol, triglicérides, proteína sérica total, albumina, índice de massa corpórea. As lâminas foram
avaliadas por 3 patologistas por microscopia óptica e imunofluorescência.
Os achados histopatológicos foram divididos em 2 grupos: laudo inicial imediatamente à biópsia e laudo final – após reavaliação e classificação
das variantes da GESF. Resultados: A idade da chegada variou 80,7 ± 46,6
meses. Sexo masculino 21 (45,6%). Os pacientes com GESF apresentaram
maior proteinúria 2227,7 ± 1709,8 mg/24h na chegada (p = 0,021). A idade
130,8 ± 46,6 meses (p = 0,004) e o percentil de pressão sistólica 24,5 ± 80,6
mmHg (p = 0,001) foram maiores na GESF, no momento da biópsia. Não
encontramos diferença em qualquer dos outros parâmetros avaliados
entre SNLM e GESF. Houve diferença entre a prevalência das lesões
histomorfológicas no laudo inicial – GESF 10 (21,7%) e no laudo final
– GESF 25(54,3%), p = 0,001. Prevalência das variantes patológicas
da GESF: inespecífica 9(36%), peri-hilar 7(28%), celular 5(20%), extremidade 4(16%) e não houve qualquer caso de colapsante. Conclusão:
Após padronização dos critérios histomorfológicos, aumentou a prevalência da GESF. A variante mais prevalente foi a inespecífica. Sugerimos que
a padronização, prévia às descrições histopatológicas encontradas na
GESF, permitiu melhor caracterização das lesões glomerulares.
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AVALIAÇÃO DA ESTATURA FINAL DE ADULTOS PORTADORES
DE SÍNDROME NEFRÓTICA CORTICOSSENSÍVEL NA INFÂNCIA
E ADOLESCÊNCIA
AVALIAÇÃO DO IMPACTO DO TRATAMENTO DE
HIPERCALCIÚRIA PRIMÁRIA SOBRE A DENSIDADE MINERAL
ÓSSEA EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Autores: Teresinha Lermen Donatti/USP; Vera Hermina Kalika Koch/USP
Autores: Maria Goretti Moreira Guimarães Penido/Universidade Federal
de Minas Gerais – Centro de Nefrologia da Santa Casa de Belo Horizonte;
Marcelo de Sousa Tavares/Universidade Federal de Minas Gerais – Centro de
Nefrologia da Santa Casa de Belo Horizonte; Mariana Guimarães Penido/Centro de Nefrologia da Santa Casa de Belo Horizonte; Carolina Saliba Freitas/Universidade Federal de Minas Gerais; Cintia Domingues Bernardes/Universidade
Federal de Minas Gerais; Edianna Lúcia Godinho Soares/Universidade Federal
de Minas Gerais; Marcelo Mendes Ferreira/Universidade Federal de Minas
Gerais; Mariana Campos Linhares/Universidade Federal de Minas Gerais; Ana
Carolina Silva Barbosa/Universidade Federal de Minas Gerais
O objetivo de nosso estudo foi avaliar a estatura de adultos com síndrome nefrótica idiopática corticossensível na infância e na adolescência e analisar a
influência da doença, suas coomorbidades e o alvo de estatura no crescimento
desses pacientes. Casuística: 60 pacientes com idade mínima de 19 anos ou desenvolvimento genital P4G4 nos masculinos e menarca nos femininos portadores
de síndrome nefrótica corticossensível na infância e na adolescência. Resultados:
Avaliamos 60 pacientes com idade média inicial de 5 a 3m e idade média final de
20a5m, acompanhados, em média, por 15 a 2m. A dose média de prednisona utilizada foi de 1.264 mg/kg. O “Zscore” médio do desvio padrão da estatura inicial
(-0,60; SD: 1,0) e final (-0,64; SD: 0,92) não diferiu significativamente (Teste T: p =
0,72) ao longo do período de estudo, e as variações do “Zscore” estatura na idade adulta não puderam ser atribuídas a diferenças na atividade da doença pelas
diferentes respostas ao corticoide tanto inicial como sequencial, idade de início e
idade final do uso da prednisona, dose cumulativa da prednisona, sexo, tipo histológico, coomorbidades associadas, drogas imunossupressoras e índice de massa
corpórea. O “Zscore” estatura final se correlacionou significativamente apenas
com o “Zscore” estatura inicial e com o “Zscore” alvo de estatura. Seis pacientes
atingiram “Zscore” estatura < -2 na idade adulta e apresentaram em sua análise,
assim como na da casuística total, forte correlação com o “Zscore” estatura inicial e com o “Zscore” alvo de estatura. Conclusão: o “Zscore” estatura ao início
do acompanhamento com idade média de 5a3m (SD: 2a5m) e na idade média de
20a5m (SD: 3a1m) se correlacionou fortemente com o alvo de estatura. A doença
e suas coomorbidades não impediram o paciente de seguir em busca e atingir seu
alvo de estatura cristalizado na estatura final.
AVALIAÇÃO DA FARMACOCINÉTICA DA CICLOSPORINA (CSA)
EM CRIANÇAS COM SÍNDROME NEFRÓTICA IDIOPÁTICA (SNI)
Autores: Luciana dos Santos Henriques/Instituto da Criança - HCFMUSP;
Maria Helena Vaisbich/Instituto da Criança - HCFMUSP; Fabíola de Marcos Matos/Instituto da Criança – HCFMUSP; Alexandre Ferraro/Instituto
da Criança – HCFMUSP; Vera H. Koch/Instituto da Criança – HCFMUSP
A ciclosporina é opção no tratamento da SNI na infância, em pacientes corticorresistentes (CR) e corticodependentes (CD). Sua eficácia e toxicidade
correlacionam-se com a concentração sérica, que é afetada por biodisponibilidade oral, absorção e variabilidade farmacocinética intrapaciente e
interpaciente. O nível sérico é usado no ajuste da dose, considerando-se
a área sob a curva de 12 horas (AUC0-12) como padrão. Apesar da controvérsia, na prática emprega-se o nível do vale (C0) ou após 2 horas da administração (C2). Este estudo prospectivo avaliou a farmacocinética da ciclosporina em crianças com SNI no estado compensado e descompensado
da doença, pois alterações hemodinâmicas e a hipercolesterolemia, entre
outros fatores, podem interferir na farmacocinética. Estudamos 10 crianças
(4 meninas) com SNI (7CR e 3CD), 3 com GESF e 7 com LHM, idade de 7,6 ±
4,7 anos; a droga foi iniciada após 30,5 meses (4-171) de doença. A dose de
CSA foi de 4,5 ± 1,1 mg/kg/dia, administrada conjuntamente com corticosteroide (CE). O objetivo do tratamento é a retirada do CE e, posteriormente,
da CSA. As coletas de sangue foram realizadas no hospital sob supervisão:
a primeira, imediatamente antes da dose matinal (C0) e, após receberem a
medicação, as coletas foram seriadas: após 1 hora (C1), 2 horas (C2), 4 horas
(C4), 6 horas (C6), 8 horas (C8) e 12 horas (C12). Também foram avaliados os
níveis plasmáticos de albumina, colesterol, função renal e proteinúria. Este
protocolo foi realizado nos pacientes em descompensação e em remissão
com a mesma dose de CSA. Calculamos a AUC0-12 pelo método trapezoidal
para cada paciente em ambas as situações. A comparação da AUC0-12 no
estado compensado versus descompensado não mostrou diferença significativa (p = 0,36). Na comparação entre compensado e descompensado
nos diferentes pontos da curva não se observaram diferenças significativas
em nenhum dos pontos. Observaram-se diferenças significativas entre albumina sérica na remissão (3,9 ± 0,5 g/dL) e na descompensação (2,1 ± 0,8 g/dL) (p = 0,0001), entre a proteinúria na remissão e na
descompensação (p = 0,0004) e nos níveis de colesterol na remissão
(350 ± 111) e na descompensação (200 ± 48) (p = 0,001). Neste estudo
prospectivo, não observamos diferença significativa na farmacocinética da
ciclosporina em pacientes com SNI no estado compensado e descompensado da doença, apesar das diferenças detectadas no colesterol e albumina
séricos e na proteinúria.
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Hipercalciúria Primária (HP) tem sido associada à redução de massa óssea
em crianças e adultos. Objetivo: avaliar a densidade mineral óssea (DMO) de
crianças e adolescentes com Hipercalciúria Primária (HP), antes e após tratamento específico. Metodologia: Coorte histórica de pacientes pediátricos
acompanhados de janeiro 1989 a dezembro 2008, na Unidade de Nefrologia
Pediátrica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da UFMG.
Comparararam-se densitometrias ósseas (DO) da coluna lombar (L1–L4),
antes e depois do tratamento com álcali (citrato de potássio) e/ou tiazídico.
Considerou-se o Escore Z da DMO da coluna lombar corrigida para idade. DO
foi feita com aparelho DEXA–Lunar DPX-IQ. Procedeu-se à análise descritiva
de gênero, idade e forma de apresentação clínica inicial. Análise da idade inicial de acompanhamento feita pelo teste U de Mann-Whitney. Escores Z da
DMO antes e após tratamento por análise de variância (ANOVA). Limite de
significância p = 0,05. Resultados: 66 pacientes; 40 masculinos, 26 femininos. A
apresentação clínica inicial foi dor abdominal isolada (2 1%), dor abdominal +
hematúria (18%), hematúria macro ou microscópica (17%) e outras manifestações clínicas (34%). A idade inicial de acompanhamento não diferiu entre os
gêneros (p > 0,05). Mediana de estatura para idade das meninas foi igual a P50
e meninos, entre o P25-P50 (p > 0,05). Houve diferença significativa (p < 0,001)
entre as densidades minerais ósseas antes e após tratamento DMO inicial
0,742 ± 0,190 g/cm2 e DMO após tratamento 0,807 ± 0,210 g/cm2. Conclusões:
Constatou-se aumento significativo da massa óssea dos pacientes após o tratamento com álcali e/ou tiazídico, indicando a necessidade de terapia nesses
pacientes para prevenir osteopenia/osteoporose.
O PAPEL DO 3º SETOR NA MELHORIA DA QUALIDADE DE VIDA
DE CRIANÇAS E JOVENS RENAIS CRÔNICOS NO ESTADO DO
RIO DE JANEIRO RJ – FUNDAÇÃO DO RIM FDR
Autor: Elenir Klen dos Santos Carrijo/Fundação do Rim
Introdução: A FDR, instituição sem fins lucrativos, vem atuando desde 2005
junto à Nefrologia Pediátrica do estado do Rio de Janeiro, com o objetivo
de promover ações que contribuam para melhorar a Qualidade de Vida de
Crianças e Jovens Renais Crônicos (tratamento dialítico e transplante renal).
Metodologia/população atendida: Por meio de um Censo (realizado pela FDR),
definiram-se a população a ser atendida e suas necessidades específicas.
A partir do conhecimento desses fatores, criaram-se três áreas de atuação,
cada uma com seus respectivos projetos, buscando uma melhor distribuição de recursos. Os projetos são desenvolvidos em 43 Unidades de Diálise
UDs, onde esses jovens e crianças são atendidos. Área Médica: Em conjunto com nefrologistas pediátricos, criaram-se os projetos de “Fisioterapia” e
“Hemoarte” (suporte psicológico) realizados durante as sessões de diálise e
o projeto de “Suplementação Nutricional”. Área Assistencial: Junto com as
assistentes sociais, levantaram-se as demandas imediatas, como “Cestas
básicas, Medicamentos não custeados pelo governo, Exames e outros”. Área
Educacional: Reintegrar crianças e jovens no contexto escolar e profissionalizante por meio dos projetos, “Reforço Escolar” durante as sessões de diálise,
cursos profissionalizantes em parceria com outras instituições e “Família empreendedora” na capacitação das famílias, possibilitando aumento de renda.
Resultados: 218 crianças e jovens estão cadastrados na FDR. Dessa população, 84,4% participam pelo menos de um dos projetos citados. Em 2008, foram
realizadas 1.715 sessões de fisioterapia, prestados cerca de 400 atendimentos
psicológicos, distribuídas 1.558 cestas básicas, e 32% de pacientes tiveram
suas necessidades atendidas em outros projetos, tais como: Volta à Escola,
Reforço Escolar, Família Empreendedora, Visita ao Especialista, Auxílio Medicamentos, Exames, Fraldas etc.. Conclusão: A ampla rede de ajuda multidisciplinar, estruturada pela FDR e distribuída nas UDs, certamente contribui para
melhorar a sobrevida e a qualidade de vida desses jovens e crianças.
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AVALIAÇÃO DOS NÍVEIS PRESSÓRICOS EM PACIENTES
PEDIÁTRICOS DE 3, 4 E 5 ANOS DE IDADE NASCIDOS COM
BAIXO PESO
AVALIAÇÃO HISTOLÓGICA DE CRIANÇAS COM SÍNDROME
NEFRÓTICA BIOPSIADAS EM UM SERVIÇO DE NEFROLOGIA
GERAL
Autores: Julyanne Luize de Lima Rios/FBVIMIP; Daniela Raposo Vieira
de Oliveira/FBVIMIP; Ricardo Cavalcante Maranhão/FBVIMIP; Erika
Cavalcante Maranhão/FBVIMIP; Luísa Pessoa Rocha de Medeiros/FBVIMIP; Marcela Austregésilo de Medeiros/FBVIMIP; Emídio Cavalcanti
de Albuquerque/IMIP; José Pacheco Martins Ribeiro Neto/IMIP
Autores: Júlio Ricardo Ramos/UNIOESTE; Luis Alberto Batista Peres/
UNIOESTE; João Paulo Silva Leite/UNIOESTE
Introdução: Recentes pesquisas vêm relacionando o baixo peso ao nascer
a níveis pressóricos mais elevados na primeira infância, assim como maior
prevalência de hipertensão arterial (HA) na população adulta. No Brasil, são
escassos os dados referentes a esses aspectos. Objetivo: Verificar a frequência de níveis pressóricos elevados em crianças de 3, 4 e 5 anos que nasceram com baixo peso. Material e métodos: Estudo descritivo transversal
realizado entre agosto 2008 e janeiro de 2009. Avaliaram-se 115 crianças de
3 a 5 anos de idade atendidas no ambulatório Mãe-Canguru do Instituto de
Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP), que nasceram com
baixo peso (menos de 2.500g). A pressão arterial (PA) foi aferida conforme
as diretrizes do “IV Report on the Diagnosis, Evaluation, and Treatment of
High Blood Pressure in Children and Adolescents”, utilizando um tensiômetro oscilométrico, DINAMAP. A média da PA entre três aferições foi utilizada
na análise dos dados. O peso e a altura do paciente foram avaliados
durante a entrevista com os responsáveis da criança. Os dados do
nascimento foram obtidos do prontuário do paciente. As informações foram codificadas pelo programa SPSS 13.0. Este estudo teve a aprovação
do Comitê de Ética do IMIP. Resultado: Dos 115 pacientes participantes, 39
(33,9%) estavam com 3 anos, 36 (31,3%) com 4 anos e 40 (34,8%) com 5 anos.
A média de peso ao nascimento entre os participantes foi de 1,63 ± 0,36kg. A
média da PA sistólica foi de 102,1 ± 11,2 mmHg e da PA diastólica foi de 61,1
± 7,3 mmHg. Entre os participantes da pesquisa, 23 (20,0%) apresentaram
níveis da PA com percentil ≥ 95. A PA se apresentou limítrofe, ou seja, entre
o percentil 90 e 95, em 25 participantes (21,7%). Conclusão: O percentual
de crianças que apresentaram níveis pressóricos elevados foi alto entre os
participantes, 20%. Os dados obtidos com este estudo são comparáveis aos
da literatura, que mostram maior prevalência de níveis pressóricos elevados
na população que nasce com baixo peso. Os autores salientam a importância da aferição da PA na rotina do exame pediátrico dos pacientes nascidos
com baixo peso.
PERITONITE ESCLEROSANTE EM CRIANÇAS EM DIÁLISE
PERITONEAL (DP) – COMPLICAÇÃO GRAVE E DE DIFÍCIL
TRATAMENTO
Autores: A. L. Oliveira/Clínica de Doenças Renais; V. Kipper/Clínica de
Doenças Renais; A. Zagury/Clínica de Doenças Renais; F. Alves/Clínica
de Doenças Renais; A. Gama/Clínica de Doenças Renais; L. A. Mariz/
Clínica de Doenças Renais; F. N. Macedo/Hospital Jesus/RJ; M. F.
Bandeira/Clínica de Doenças Renais
Introdução: A Peritonite Esclerosante é uma grave complicação da Diálise Peritoneal, embora rara. É caracterizada pelo aparecimento de espessamento e
esclerose difusa da membrana peritoneal, resultando em obstrução intestinal
e podendo ocasionar, nos casos mais graves, desnutrição crônica e morte.
Material e Métodos: Relatamos três casos de peritonite esclerosante em
crianças que iniciaram Diálise Peritoneal aos 7 dias de vida, aos 24 meses
e aos 7 anos. O tempo de permanência em DP foi, respectivamente, 36, 55 e
16 meses (Tempo médio em DP 36 meses). Todas se encontravam em Diálise
Peritoneal Automatizada no momento da peritonite esclerosante. Houve 5 episódios de peritonite. Duas das crianças haviam apresentado um episódio de
peritonite cada e o número de episódios de peritonite foi de 1 a cada 36 meses.
Uma criança apresentou obstrução intestinal um mês após um transplante
renal com rejeição aguda do enxerto. As outras duas apresentaram sintomas
sugestivos de obstrução intestinal após episódios de peritonite. Todos foram
submetidos a laparotomia e debridamento das alças. Duas delas foram submetidas à biópsia do peritôneo. Elas foram mantidas com nutrição parenteral
durante todo o período pós-operatório e todas foram transferidas definitivamente para hemodiálise. Duas não chegaram a receber alta hospitalar e
vieram a falecer após 4 e 5 dias de internação. A terceira criança recebeu
alta após 2 meses de internação e encontra-se em tratamento com corticoide.
Conclusão: A peritonite esclerosante é uma complicação grave e pode ocorrer na dependência de peritonite ou do tempo de permanência em DP.
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Introdução: A síndrome nefrótica é um distúrbio glomerular comum na
infância, caracterizado por proteinúria severa, hipoproteinemia, edema e
hiperlipidemia. A maioria das crianças apresenta uma forma idiopática,
com padrão histológico de doença por lesões mínimas, glomeruloesclerose segmentar e focal ou proliferação mesangial. Objetivo: Avaliar o exame
histológico de crianças com síndrome nefrótica submetidas à biópsia
renal na Região Oeste do estado do Paraná. Métodos: Revisaram-se os
prontuários de todas as crianças, menores de 13 anos, atendidas no Ambulatório de Nefrologia do Hospital Universitáro do Oeste do Paraná, no
período de 1º de março de 2000 a 17 de dezembro de 2008. Obtiveram-se
os seguintes dados: idade, raça, sexo, história familiar de nefropatia, proteinúria de 24 horas, creatinina e outros exames laboratoriais disponíveis,
drogas utilizadas para tratamento, resposta terapêutica de acordo com
a evolução da proteinúria e exame histológico disponível. Os pacientes
submetidos à corticoterapia foram classificados como corticossensíveis,
corticorresistentes e corticodependentes. Foram analisados os exames
histológicos quando disponível. Critério para indicação de biópsia renal foi
corticorresistência ou corticodependência. Resultados: Avaliaram-se 51
pacientes com síndrome nefrótica com idade média de 4,7 anos (variando
de 1 ano a 13 anos), 68% eram do sexo masculino e 32% do sexo feminino.
Quanto à raça, 84,4% eram da raça branca, 11,1% eram da raça negra, e
4,4%, da raça amarela. Os pacientes tiveram tempo de seguimento médio
de 49 + 7,8 meses. Dentre os 51 pacientes estudados, 12 foram submetidas
à biópsia renal, que foi submetida à microscopia óptica de luz. A análise
histológica revelou lesões mínimas em 7 crianças, glomerulonefrite proliferativa mesangial em 2, glomeruloesclerose segmentar e focal em 2 e
glomerulonefrite crescentérica em 1. Conclusões: Lesões mínimas foi a
glomerulonefrite primária mais frequentemente encontrada em crianças
biopsiadas em nosso meio.
AVALIAÇÃO DO TRATAMENTO EM CRIANÇAS COM SÍNDROME
NEFRÓTICA IDIOPÁTICA
Autores: Júlio Ricardo Ramos/UNIOESTE; Mariana C. Espiga/UNIOESTE;
Luis Alberto Batista Peres/UNIOESTE; João Paulo Silva Leite/UNIOESTE
Introdução: A síndrome nefrótica é um distúrbio glomerular comum na infância, caracterizado por proteinúria severa, hipoproteinemia, edema e hiperlipidemia. Objetivo: Avaliar a resposta ao tratamento em crianças com síndrome
nefrótica na Região Oeste do estado do Paraná. Métodos: Revisaram-se os
prontuários de todas as crianças, menores de 13 anos, atendidas no Ambulatório de Nefrologia do Hospital Universitáro do Oeste do Paraná, no período de
1º de março de 2000 a 17 de dezembro de 2008. Foram obtidos os seguintes dados: idade, raça, sexo, história familiar de nefropatia, proteinúria de 24 horas,
creatinina e outros exames laboratoriais disponíveis, drogas utilizadas para
tratamento, resposta terapêutica de acordo com a evolução da proteinúria e
exame histológico disponível. Os pacientes submetidos à corticoterapia foram
classificados como corticossensíveis, corticorresistentes e corticodependentes. Analisou-se a evolução do tratamento, classificando-o em: remissão total,
remissão parcial e recidiva. Resultados: Foram avaliados 51 pacientes com
síndrome nefrótica com idade média de 4,7 anos (variando de 1 ano a 13 anos),
68% eram do sexo masculino e 32% do sexo feminino. Quanto à raça, 84,4%
eram da raça branca, 11,1% eram da raça negra e 4,4% da raça amarela. Os
pacientes tiveram tempo de seguimemto médio de 49 ± 7,8 meses. Dentre os
51 pacientes estudados, encontramos: 50,9% corticossensíveis, 21,5% corticorresistentes e 11,7% corticodependentes, sendo 11,7% com períodos variáveis de resposta. Quanto ao tratamento realizado além do corticoide: 1 paciente fez uso de azatioprina, 8 pacientes fizeram uso de ciclofosfamida, 6 de
ciclosporina e 2 de micofenolato mofetil. A situação atual dos pacientes quanto à resposta terapêutica é: 50% encontram-se em remissão; destes, 49% sem
prednisona e 51% com prednisona, e/ou ciclofosfamida, e/ou ciclosporina e/
ou micofenolato mofetil. Conclusões: A droga de escolha para início de tratamento é a prednisona, e, em 50% dos casos, essa droga pode ser suficiente
para a remissão prolongada. Outras drogas utilizadas foram ciclofosfamida,
ciclosporina e micofenolato mofetil.
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ANTÍGENOS SANGUÍNEOS E INFECÇÃO URINÁRIA NA
INFÂNCIA
BIÓPSIAS RENAIS REALIZADAS EM 2008 NO SERVIÇO DE
NEFROLOGIA PEDIÁTRICA DA SANTA CASA DE SÃO PAULO
Autores: Maria Cristina de Andrade/UNIFESP; Valeria Bonetti/Universidade Federal de Uberlandia; Cristina Mangia/UNIFESP; João Tomas de
Abreu Carvalhaes/UNIFESP
Autores: Michele Káren dos Santos/Santa Casa de São Paulo; Júlio
Toporovski/Santa Casa de São Paulo; Dino Martini Filho/Santa Casa de
São Paulo; Vanda Benini/Santa Casa de São Paulo; Simone Paiva Laranjo Martins/Santa Casa de São Paulo; Pedro Ravizzini/Santa Casa de
São Paulo; Valderez Raposo de Melo/Santa Casa de São Paulo; Letícia
Mendes/Santa Casa de São Paulo
Introdução: Os antígenos dos diversos grupos sanguíneos estão presentes
nas células epiteliais humanas e podem influenciar a aderência bacteriana,
sendo, consequentemente, fator de maior suscetibilidade para ITU. Objetivos: Determinar os fenótipos dos grupos sanguíneos ABO (H), Lewis e P em
83 crianças com ITU sintomática por E. coli, com diagnóstico comprovado
laboratorialmente e comparar os resultados obtidos com um grupo controle constituído por crianças aparentemente sadias. Além disso, as crianças
com ITU foram agrupadas segundo a presença de reinfecções ou não e de
alteração anatômica do trato urinário baixo, analisando posteriormente o
comportamento fenotípico entre elas. Resultados: Não houve diferença significante entre os dois grupos na frequência dos fenótipos ABO (H), Lewis e
P, nem em relação às frequências esperadas para a população geral branca. A presença de recorrências ou de alteração do trato urinário não modificou a distribuição dos fenótipos sanguíneos entre os grupos. Conclusão:
O presente trabalho demonstrou que a herança genética para os antígenos
sanguíneos pesquisados não foi útil para detectar, entre as crianças estudadas, as que eram de maior suscetibilidade para ITU por E. coli. Palavraschave: Infecção urinária, criança, uropatias.
AVALIAÇÃO OFTALMOLÓGICA EM CRIANÇAS E
ADOLESCENTES PORTADORES DE SÍNDROME NEFRÓTICA
QUE USARAM CORTICOESTEROIDES: COMPARAÇÃO
ENTRE A ANÁLISE DO OFTALMOLOGISTA GERAL E DO
OFTALMOLOGISTA PEDIÁTRICO
Autores: Maria Aparecida de Paula Cançado/UNIFESP; Flávia Vanesca
Félix Leão/UNIFESP; Márcia A. Fernandes/UNIFESP; Nilva Simeren
Bueno de Moraes/UNIFESP; João Tomas de Abreu Carvalhaes/
UNIFESP
Introdução: O reconhecimento dos benefícios decorrentes do uso dos corticosteroides trouxe crescente preocupação com seus efeitos colaterais.
Pacientes portadores de síndrome nefrótica se beneficiam com o uso dessa
classe de medicamentos. Os corticosteroides podem causar complicações
oculares, como aumento da pressão intraocular e catarata subcapsular
posterior em até 30% dos pacientes tratados. Objetivo: Comparar a avaliação oftalmológica realizada pelo oftalmologista geral e pelo oftalmologista
pediátrico em crianças e adolescentes portadores de síndrome nefrótica
que usaram corticosteroides. Método: Selecionaram-se os pacientes portadores de síndrome nefrótica que usaram pelo menos um ciclo completo de corticosteroide. Os pacientes foram encaminhados para o setor de
oftalmologia e avaliados por três oftalmologistas diferentes, um deles com
ampla experiência pediátrica. A avaliação oftalmológica compreendeu:
motilidade extrínseca ocular, acuidade visual com tabela Snellen, pressão
intraocular com tonômetro de Goldman, Biomicroscopia com lâmpada de
fenda, Gonioscopia com lente de Zeiss, exame do disco óptico com lente
78D, oftalmoscopia direta, campo visual de Goldman e refração. Os critérios
para diagnóstico de catarata foram sinais de opacificicação do cristalino
através da utilização do exame com lâmpada de fenda (biomicroscopia).
Para o diagnóstico do glaucoma, foi necessário o preenchimento de pelo
menos três dos critérios: medida da pressão intraocular com tonômetro de
aplanação maior que 18 mmHg, tamanho da escavação maior que 0,5
mm, oftalmoscopia mostrando aumento do globo ocular e alteração
de campo visual pela campimetria. Resultados: Dos 107 pacientes selecionados, apenas 67 compareceram à avaliação oftalmológica. Apresentavam idade entre 2 e 17 anos, sendo 38 do sexo masculino. Na avaliação
realizada pelos oftalmologistas com formação generalista, em 45 pacientes
(67,2%) não se encontraram alterações oftalmológicas. Catarata foi observada em 19 pacientes (28,4%) e sinais sugestivos de glaucoma em 3 (4,4%).
Na avaliação com o oftalmologista pediátrico, constatou-se que apenas 10
pacientes (10,7%) apresentavam catarata subcapsular posterior discreta.
Nenhum apresentou glaucoma ou alteração de pressão intraocular. Conclusão: A avaliação oftalmológica de crianças e adolescentes portadores de
síndrome nefrótica deve ser feita por profissionais com formação em oftalmopediatria. Mesmo assim, nesse grupo, a prevalência de catarata foi menor do
que a relatada na literatura (30%) para uso crônico de corticosteroides.
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Introdução: A biópsia renal tem diversas indicações. Objetivo: Descrever e
avaliar as biópsias realizadas em 2008. Materiais e Métodos: Realizadas de
fevereiro a dezembro 49 biópsias em 46 crianças. Retiraram-se, em geral,
dois fragmentos, um para análise anatomopatológica (AP) e um para imunofluorescência (IF). Resultados: Quanto ao procedimento, das 49 biópsias, 46
foram guiadas por ultrassonografia (USG) (93,9%) e 3 às cegas (6,1%). Dos
46 pacientes, 27 eram do sexo feminino (58,7%) e 19 do masculino (41,3%)
e a média de idade foi de 11,1 anos, variando de 5 a 16. As indicações foram: 11 (22,2%) para controle de nefrotoxicidade por uso de ciclosporina; 8
(16,3%) devido a lúpus; 8 (16,3%) por suspeita de rejeição de enxerto renal;
8 (16,3%) por síndrome nefrótica de evolução não habitual; 6 por hematúria
e proteínuria; 4 (8,2%) por proteinúria; 1 (2%) por hematúria; 1 por síndrome nefrítica com complemento baixo após 8 semanas; 1 para controle de
glomerulonefrite proliferativa endo e extracapilar (GNPEE) e 1 para controle
pós-tratamento de rejeição vascular. Como intercorrências clínicas, hematúria em 1 (2%) paciente, dor em 1 paciente e sangramento pelo trocater em
outro. Destes, 2, o com hematúria e o com sangramento, foram submetidos
a biópsia às cegas. No USG de controle, observamos fina lâmina líquida
em 12 (24,5%) e hematoma em 2 (4%), com USG posterior normal. Foram
71,4% de USG de controle normais e 96% de pacientes sem queixas após.
Ao todo, foram 79 fragmentos, sendo 49 enviados para exame AP e 30 para
IF. Os fragmentos enviados para AP apresentavam de 1 a 48 glomérulos.
Os resultados do AP foram: rim histologicamente conservado/lesões histológicas mínimas – 12 (24,5%); glomeruloesclerose segmental e focal – 2
(4%); GNPEE – 3 (6,1%); glomerulonefrite proliferativa endocapilar pura – 1
(2%); nefropatia por IgA – 1 (2%); glomerulopatia proliferativa mesangial – 8
(16,3%); glomerulopatia proliferativa difusa – 1 (2%); necrose tubular aguda
(NTA) – 4 (8,2%); rejeição vascular – 4 (8,2%); rejeição tubulointersticial – 1
(2%); fibrose tubulointersticial – 3 (6,1%) e ausência de fibrose intersticial
– 8 (16,3%). Conclusões: São de grande importância para nosso serviço e
as indicações e os resultados sofrem influência de ser este um serviço de
referência em Nefropediatria.
EPIDEMIOLOGIA DA INSUFICIÊNCIA RENAL EM CRIANÇAS NO
BRASIL
Autores: Maria Cristina de Andrade/UNIFESP; Cristina Mangia/UNIFESP;
Ana Paula Brecheret/UNIFESP; João Tomas de Abreu Carvalhaes/UNIFESP
Objetivo: Este estudo avalia a incidência, os custos e o prognóstico da insuficiência renal em crianças brasileiras. Métodos: Estudo de coorte observacional baseado em dados governamentais. Esses dados foram colhidos de
todos os hospitais afiliados ao Sistema Único de Saúde (SUS). Analisaramse todas as crianças do período neonatal aos 19 anos de idade com diagnóstico de insuficiência renal, com base na décima revisão da Classificação
Internacional de Doenças (CID-10). Resultados: Os dados demográficos foram colhidos em oito coortes, de 1998 a 2007. Houve 666.725 admissões hospitalares por doença renal, sendo 43.174 das admissões por insuficiência
renal. A taxa média de mortalidade foi de 4% nessas coortes. A taxa de admissões e mortalidade permaneceu constante, com alta mortalidade abaixo
de 1 ano de idade desde 1998. A incidência em meninos foi mais alta que em
meninas, mas sem significância (p > 0,05). A média do tempo de internação
foi de 9,55 dias. A média dos custos anuais foi de $5.075,641 milhões e a média por paciente, de $588. Além disso, as malformações do sistema urinário
apresentaram coeficiente de incidência em 1999 de 0,08/1000 habitantes ou
seja, cinco vezes menor que em 2005 (0,44/1000). Conclusão: A insuficiência
renal é um problema de saúde prevalente que afeta crianças desde o período neonatal até a adolescência e apresenta alta taxa de mortalidade pósnatal. A insuficiência renal é associada a um largo espectro de diferentes
etiologias e diferentes níveis de morbidade com consequente impacto na
evolução. Por esse motivo, diagnóstico e tratamento precoces devem ser
estabelecidos. Palavras-chave: Insuficiência renal aguda, insuficiência renal crônica, crianças, lactentes, prognóstico.
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AVALIAÇÃO INICIAL E EVOLUTIVA DE CRIANÇAS COM BEXIGA
NEUROGÊNICA CONGÊNITA ATENDIDAS EM AMBULATÓRIO
ESPECIALIZADO DE UM HOSPITAL DE ENSINO
Autores: Karen Previde Olandoski/IcR-HCFMUSP; Vera Hermina Kalika
Koch/IcR-HCFMUSP
Introdução: A bexiga neurogênica é considerada fator de risco importante
para insuficiência renal crônica. A preservação da função renal é um dos
principais objetivos do tratamento nefrourológico dos portadores dessa
doença. Objetivos: Descrever as características demográficas e de função
renal de 58 pacientes com bexiga neurogênica congênita e identificar fatores
de risco associados à piora de função glomerular e tubular nessa população,
utilizando como marcadores a quantificação do ritmo de filtração glomerular
e o desenvolvimento de microalbuminúria e acidose metabólica. Métodos:
Estudo retrospectivo de uma coorte de 58 pacientes portadores de bexiga
neurogênica congênita com seguimento mínimo de seis meses, matriculados em ambulatório de Disfunções Miccionais da Infância de um hospital
de ensino. Resultados: Das 58 crianças avaliadas, 33 eram do sexo feminino
(56,9%). A idade média com que as crianças chegaram ao serviço foi de 4,2
± 3,5 anos, a média de tempo de seguimento foi de 3,8 ± 3,1 anos. A etiologia
predominante de bexiga neurogênica foi mielomeningocele, em 42 dos 58
pacientes (72,4%). O encaminhamento à Unidade ocorreu por infecção urinária em 48 (82,8%) casos. Dentre os 49/58 (84,5%) pacientes com ITU de repetição ao início do seguimento, 41/49 (83,7%) apresentaram melhora no período de seguimento. A hipertensão arterial foi diagnosticada em 11 (19,3%)
das crianças na avaliação inicial e em 18 (31%) na avaliação final. A média
do RFG inicial foi de 146,7 ± 70,1 mL/1,73m2/min e a média final, de 193,6 ± 93,6
mL/1,73m2/min, com p = 0,0004. A microalbuminúria estava presente em 20
(54,1%) dos exames na avaliação inicial e em 26 (61,9%) na avaliação final. A
acidose metabólica estava presente em 11 (19%) dos exames na avaliação inicial e em 19 (32,8%) na avaliação final. As crianças que chegaram
à Unidade de Nefrologia mais precocemente (< 3 anos) foram aquelas que
mais apresentaram acidose metabólica no decorrer do acompanhamento (p
= 0,01). Os pacientes que não tinham acidose metabólica ao final do estudo
apresentaram valores menores de Z-escore peso final (p = 0,048), Z-escore
altura/estatura inicial (p = 0,047) e Z-escore altura/estatura final (p = 0,022)
com relação aos pacientes do grupo que evoluiu com acidose. Conclusão:
Pacientes com bexiga neurogênica congênita evoluem com acometimento
renal glomerular e tubular precoce, cujo manejo demanda acompanhamento por profissional especializado.
CICLOSPORINA A: DEZ ANOS DE EXPERIÊNCIA CLÍNICA EM
101 CRIANÇAS COM SÍNDROME NEFRÓTICA IDIOPÁTICA
Autores: Valderez Raposo de Mello/Santa Casa de São Paulo; Maira
Tinte/Santa Casa São Paulo; Vanda Benini/Santa Casa de São Paulo;
Julio Toporovski/Santa Casa de São Paulo; Simone Paiva Laranjo/Santa
Casa de São Paulo; Ana Cláudia Guersoni/Santa Casa de São Paulo;
Eliana Biondi Medeiros Guidoni/Santa Casa de São Paulo
Dentre as novas drogas destinadas ao tratamento de Síndrome Nefrótica
Idiopática (SNI) de difícil manuseio, salienta-se a Ciclosporina A (CsA). Neste
trabalho, relatamos nossa experiência com um grupo de 101 crianças e adolescentes entre 1 e 17 anos, sendo 37 com SNI corticodepedente (SNICD) e
64 SNI corticorresistente (SNICR), tratados previamente com prednisona,
metilprednisolona e ciclofosfamida sem resultados clínicos ou laboratoriais
satisfatórios. A CsA foi empregada na dose inicial de 5mg/kg/dia, visando obter nível sérico entre 50 a 150ng/ml por radioimunensaio em T0, sendo mantida
por tempo variável, 36 (± 33) meses, associada inicialmente à prednisona oral.
Todas as crianças tinham biópsia renal recente e foram rebiopsiadas, em média, a cada 16 meses durante o tratamento. Apesar dos problemas referentes
à dependência e à nefrotoxicidade à droga, em SNICR ocorreram 53,2% de
remissões totais e 21,8% de remissões parciais, sendo possível suspender o
corticoide em 37,5% dos que tiveram remissão total. No grupo com SNICD, foi
possível retirar o corticoide em 83,8% dos casos e, nos demais, diminuir sensivelmente a dose. Os principais efeitos colaterais foram hipertricose, 55,4%,
hipertrofia gengival, 52,5%, alterações de função renal (FR), 4%, e hepática
(FH), 1%, além de lesões de nefrotoxicidade crônica em 17,8%, ressaltando,
dessa maneira, a necessidade de biópsia renal seriada. A retirada da CsA resultou em 48,6% de recidivas em SNICD e 61% em SNICR, com a reintrodução,
20,8% dos casos apresentaram resistência secundária, num acompanhamento médio de 36 meses.
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CISTINOSE: IMPACTO DO DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO
ESPECÍFICO PRECOCES
Autores: Solange Farah Ramos de Mello/Universidade Estadual de
Londrina; Thais Pereira Cardoso/Universidade Estadual de Londrina
A cistinose nefropática, doença de depósito lisossomal de cistina, é causa genética, autossômica recessiva, de síndrome de Fanconi. O quadro clínico inclui, dentre as principais manifestações, baixo ganho ponderoestatural, o qual
pode ser observado ao diagnóstico, mas também no seguimento, a depender
de causas multifatoriais, dentre as quais desequilíbrio hidroeletrolítico e ácido básico, sintomas gastrintestinais, má aderência ao tratamento e queda de
ritmo de filtração glomerular. O objetivo deste relato de caso é ilustrar sua
evolução ponderoestatural favorável e enfatizar a importância do diagnóstico
e do tratamento específicos precoces, bem como do transplante preemptivo.
Apresenta-se o caso de paciente masculino portador de cistinose nefropática, atualmente com 15 anos. O diagnóstico, realizado com a idade de 1 ano e
2 meses, baseou-se em presença de cristais de cistina em leucócitos (medula
óssea e córnea) e dosagem de cistina intraleucocitária (2nmol /1/2 cistina/mg
proteína). Cysteamine oral foi introduzido com a idade de 1 ano e 7 meses e
colírio aos 3 anos. O declínio do clearance de creatinina iniciou-se aos 9 anos
e 4 meses, com progressão para doença renal crônica estágio 5 aos 11 anos.
Realizado transplante renal (doador vivo relacionado) aos 11 anos e 2 meses
de idade, sem realização de tratamento dialítico. Os gráficos mostram a recuperação de curva ponderoestatural após diagnóstico e instituição de tratamento específico com cisteamine. Peso inicial evoluiu de percentil 2,5 para 10,
25, 50 e 75 até início de queda de função renal, quando apresentou retificação
na curva ponderal. Após transplante, recuperou velocidade, permanecendo
em percentil 25. A estatura evolui de percentil 10 para 25 e 50, persistindo até
início da insuficiência renal. Após transplante, evoluiu para percentil entre 50
e 75, mantendo-se nesse canal. O paciente manteve função tireoidiana normal, desenvolvimento neuropsicomotor adequado. Evoluiu com boa acuidade
visual e discreta fotofobia. Ressalta-se a importância do diagnóstico e do tratamento precoces, exemplificando seu impacto na curva ponderoestatural,
no desenvolvimento e na qualidade de vida.
CRESCIMENTO E COMPOSIÇÃO CORPORAL EM CRIANÇAS
E ADOLESCENTES COM SÍNDROME NEFRÓTICA
CORTICODEPENDENTE
Autores: Iza de Castro Oliveira/Unicamp; Vera Maria Santoro
Belangero/Unicamp
Objetivo: Avaliar o crescimento e a composição corporal em crianças e
adolescentes com síndrome nefrótica corticodependente (SNCD). Métodos: Incluíram-se todas as crianças e adolescentes, de 5 a 18 anos, em
acompanhamento por pelo menos dois anos, com diagnóstico de SNCD.
Coletaram-se, dos prontuários médicos, os dados referentes a: tempo de tratamento, idade de início de tratamento, valores consecutivos do colesterol,
albuminemia, proteinemia total, dose de uso de corticoide e peso e estatura
e idade da primeira consulta no ambulatório, para o cálculo do z-escore de
estatura/idade. Avaliações antropométricas como dobra cutânea triciptal e
subescapular, índice de massa corpórea, circunferência muscular do braço
e circunferência da cintura e z-escore de estatura/idade foram realizadas
durante as consultas de rotina e somente quando se considerou a criança
sem edema clinicamente visível. Admitiu-se nível de significância p < 0,05.
Resultados: Estudaram-se 18 crianças e adolescentes, 11 do sexo masculino (61,1%), com idade entre 6 e 16 anos (12,22 ± 2,98), com tempo médio de tratamento de 6,75 ± 3,75 anos. Os valores do z-escore inicial foram
significativamente maiores que os do final, sendo, respectivamente, de -0,69
± 0,80 e de -2,07 ± 1,61 (p = 0,003). A evolução individual do valor do z-escore
é de que 14 pacientes tiveram diminuição dos valores, sendo o valor médio
de perda de -1,37±1,55. Comparando-se vários parâmetros que poderiam ser
responsáveis pela diferença de evolução do Z-escore, pode-se observar
que a proteinúria residual é significativamente menor nos pacientes com
manutenção do Z-escore de estatura/idade e valores significativamente
menores da circunferência muscular do braço no grupo com diminuição do
z-escore de estatura/idade. Conclusão: Na casuística estudada, observa-se
déficit de estatura na maioria dos pacientes. Sugere-se que isso ocorreu
pela gravidade do quadro nefrótico, que necessitou de dose elevadas e
prolongada de corticoide. Observou-se que essa situação foi acompanhada
de redução da massa magra, que pode ser um indicio de comprometimento
muscular nesse grupo de pacientes.
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CÁLCULOS URINÁRIOS EM PACIENTES PEDIÁTRICOS COM
HIPERCALCIÚRIA E HIPOCITRATÚRIA PRIMÁRIAS PODEM
ESTAR ASSOCIADOS À REDUÇÃO DE MASSA ÓSSEA?
Autores: Maria Goretti Moreira Guimarães Penido/UFMG; Santa Casa de
Belo Horizonte; Marcelo de Sousa Tavares/UFMG/Santa Casa de Belo Horizonte; Mariana Guimarães Penido/Santa Casa de Belo Horizonte; Carolina
Saliba de Freitas/UFMG; Marcelo Mendes Ferreira/UFMG; Edianna Lúcia
Godinho Soares/UFMG; Mariana Campos Linhares/UFMG; Cintia Domingues
Bernardes/UFMG; Fernanda Silva Trindade/UFMG; Maarmedi Cunha/UFMG
Associação entre Hipercalciúria (HI) e Hipocitratúria (HC) Idiopáticas e redução da densidade mineral óssea (DMO) tem sido observada em adultos
e crianças. Frequentemente, pacientes hipercalciúricos formam cálculos
urinários. Em estudo anterior, os autores demonstraram que a presença de
cálculos em pacientes com HI não alterava seu metabolismo ósseo, mas
demonstraram que a presença de HC associada alterava significativamente
a massa óssea de pacientes pediátricos. Objetivo: Avaliar se a presença de
cálculos urinários alteraria o metabolismo ósseo dos pacientes hipercalciúricos portadores de HC. Metodologia: avaliaram-se 44 pacientes pediátricos
portadores de HI e HC, divididos em dois grupos: com cálculos urinários
(G1), sem cálculos urinários (G2) e um grupo controle (G3). Todos foram submetidos à densitometria óssea (DO) com aparelho DEXA – Lunar DPX-IQ,
e analisaram-se a DMO da coluna lombar (L2 – L4) e a densidade mineral
óssea volumétrica (DMOvol). Os valores da DO dos três grupos foram comparados entre si. Resultados: 25 (57%) masculinos, 19 (47%) femininos; 25
(57%) portadores (G1) e 19 (43%) não portadores de cálculos (G2); 29 controles (G3). Os valores médios para DMO foram: 0,581 ± 0,079 para pré-escolar,
0,671 ± 0,092 para escolar e 0,843 ± 0,219 para adolescente. A análise da
DMO (p = 0,92) e DMOvol (p = 0,22) não mostrou diferenças entre G1 e G2.
Conclusões: A presença de cálculos urinários não alterou o metabolismo
ósseo em pacientes hipercalciúricos portadores de HC; provavelmente a HC
seja a principal responsável pela redução da DMO em pacientes hipercalciúricos.
COMPARAÇÃO DOS NÍVEIS PRESSÓRICOS EM PACIENTES
PEDIÁTRICOS AOS 3, 4 E 5 ANOS DE IDADE NASCIDOS COM
BAIXO PESO E OS NASCIDOS COM PESO ADEQUADO
Autores: Daniela Raposo Vieira de Oliveira/FBVIMIP; Julyanne Luize de
Lima Rios/FBVIMIP; Ricardo Cavalcante Maranhão/FBVIMIP; Marcela
Austregésilo de Medeiros/FBVIMIP; Luísa Pessoa Rocha de Medeiros/
FBVIMIP; Erika Cavalcante Maranhão/FBVIMIP; Emídio Cavalcanti de
Albuquerque/IMIP; José Pacheco Martins Ribeiro Neto/IMIP
Introdução: Pesquisas recentes vêm relacionando o baixo peso ao nascer a
níveis pressóricos mais elevados na primeira infância, assim como maior prevalência de hipertensão arterial (HA) na população adulta. No Brasil, esses
dados são escassos. Objetivo: Comparar os níveis pressóricos de pacientes
aos 3, 4 e 5 anos que tiveram baixo peso ao nascer (BPN) com os que tiveram
adequado peso ao nascer (APN). Material e Métodos: A amostra foi constituída de 306 pacientes dos 3 aos 5 anos, atendidos no ambulatório de pediatria do
Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP) e no ambulatório Mãe-Canguru, destinado ao acompanhamento de crianças que nasceram com baixo peso (menos de 2.500g). A pressão arterial (PA) foi aferida conforme as diretrizes do “IV Report on the Diagnosis, Evaluation, and Treatment of
High Blood Pressure in Children and Adolescents”, utilizando um tensiômetro
oscilométrico, DINAMAP. A média da PA entre três aferições foi utilizada na
análise dos dados. Os dados do nascimento foram obtidos a partir do prontuário do paciente. As informações obtidas foram codificadas pelo programa
SPSS 13.0. Este estudo teve a aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa em
Seres humanos do Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira. Resultado: Das 306 crianças avaliadas, 191 constituíam o grupo APN e 115, BPN.
A frequência de níveis pressóricos elevados foi de: percentil ≥ 90 e < 95 – APN
= 13,6% versus BPN = 21,7%; percentil ≥ 95 – APN = 17,3% versus BPN = 20%.
Verificou-se uma média dos níveis pressóricos sistólicos mais elevados com
significância estatística (p < 0,05) aos 3, 4 e 5 anos de idade nos pacientes com
BPN, quando comparados aos pacientes com APN. Conclusão: Neste estudo,
os dados obtidos são comparáveis aos da literatura, que mostram prevalência
de níveis pressóricos mais elevados nas crianças com BPN em comparação
aquelas com APN. Este estudo sugere que as crianças com BPN constituem
um provável grupo de risco para desenvolvimento de HA e, portanto, fortalece
a inclusão da aferição da PA na rotina de seu exame físico.
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CONCENTRAÇÃO PLASMÁTICA DE GH E IGF-I EM PACIENTES
PEDIÁTRICOS PORTADORES DE DOENÇA RENAL CRÔNICA
Autores: Maria Fernanda Soares Naufel/UNIFESP-EPM; Eliane Beraldi
Ribeiro/UNIFESP-EPM; João Tomás de Abreu Carvalhaes/UNIFESP-EPM
Introdução: Crianças e adolescentes portadores de doença renal crônica
(DRC) apresentam alta prevalência de disfunções nutricionais que costumam
ser resistentes a intervenções, sendo a desnutrição energético-protéica e o
déficit de crescimento achados comuns nesta população. Apesar de serem
vários os aspectos que interferem no crescimento linear de crianças com
DRC, a alteração no metabolismo do hormônio de crescimento (GH) é um dos
principais fatores. O GH estimula a produção de insulin-like growth factor-I
(IGF-I), que é considerado o estímulo primário para o crescimento. Objetivo:
Determinar a concentração plasmática do GH e IGF-I e compará-los entre
si e ao estado nutricional de crianças e adolescentes portadores de DRC.
Metodologia: Estudo prospectivo e transversal com pacientes pediátricos
renais crônicos, idade entre 5 e 18 anos, sendo que 24 se encontravam em
hemodiálise (HD) e 19 em tratamento conservador. Vinte participantes sadios
pareados por sexo e idade com os pacientes em HD formaram o grupo controle. Os testes estatísticos utilizados foram Kruskall-Wallis e Spearman, fixando
em 5% o nível de rejeição da hipótese de nulidade. Resultados: Sexo e idade
não diferiram entre os grupos. Observou-se um déficit de estatura importante entre os pacientes urêmicos de ambos os grupos quando comparados ao
grupo controle (P = 0,001). A concentração de GH não diferiu entre os grupos,
enquanto o IGF-I se apresentou diminuído no grupo HD quando comparado ao
grupo de crianças sadias (P = 0,022). Houve correlação positiva entre o GH e o
IGF-I no grupo controle (P = 0,017), mas o mesmo não ocorreu entre os grupos
caso. Quando comparados todos os participantes (n = 63), observou-se correlação positiva entre o escore-Z de estatura para idade e o IGF-I (P = 0,0001). O
clearance de creatinina apresentou associação positiva com IGF-I (P = 0,025)
e negativa com o GH (P = 0,024). Conclusão: Há um déficit de estatura importante em pacientes pediátricos com DRC, e esse fato se deve possivelmente
à baixa concentração plasmática de IGF-I encontrada. Também foi possível
constatar que, quanto menor a taxa de filtração glomerular, menores os níveis
de IGF-I e maiores os níveis de GH. Assim, o GH parece não estimular adequadamente a produção de IGF-I nesses pacientes, diferente do que ocorre entre
indivíduos saudáveis, provavelmente pela baixa concentração de receptores
do GH constatada entre a população urêmica em estudos anteriores.
ALTERAÇÕES POSTURAIS EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES
APÓS TRANSPLANTE RENAL
Autores: Alice C R Gama/UNIFESP; Maria Cristina de Andrade/UNIFESP;
Cristina Mangia/UNIFESP; Paula G. Machado/UNIFESP; Aluisio B. Carvalho/UNIFESP; José P. Medina/UNIFESP; Denise Diniz/UNIFESP
Com o aumento da sobrevida dos pacientes e do enxerto na última década, a reabilitação da criança submetida a transplante renal passou a
ser de primordial importância. Objetivo: Avaliar a presença e o tipo das
alterações musculoesqueléticas em crianças e adolescentes no póstransplante renal. Métodos: Avaliação de 41 pacientes durante o período
de abril a novembro/2007, com determinação da força muscular, desvios
ortopédicos e medidas de peso e estatura. Os dados: idade, clearance
de creatinina, etiologia da doença renal crônica (DRC), tempo e tipo de
tratamento prévio e tempo de transplante foram obtidos do prontuário.
Resultados: Os pacientes tinham idade entre 6 e 21 anos, com média de
13anos (IC 95% = 11,9-14,3anos), não havendo diferença significativa entre os gêneros. Os valores médios dos escores z dos indicadores P/I, E/I
e IMC/I foram: -1,22, -2,29 e 2,23, respectivamente. Todos os pacientes
apresentaram alteração no alinhamento da cabeça e das escápulas, e a
média do número de alterações ortopédicas/paciente foi de 9,68. A força
muscular foi considerada boa apenas para 12,20% dos pacientes. Em relação à etiologia, o diagnóstico mais frequente foi uropatia (41,5%). Antes
do transplante renal, 56,1% dos pacientes realizavam hemodiálise, 36,6%,
diálise peritonial, e 7,3%, tratamento conservador. Um total de 24% dos
pacientes realizou o transplante renal há menos de 1 ano, 29%, entre 1-2
anos, e 47%, entre 3-7 anos. Conclusões: As alterações musculoesqueléticas foram observadas em todos os pacientes. Essas alterações – que
provavelmente tiveram início durante os estágios da DRC – não foram corrigidas com o transplante renal, reforçando a necessidade de intervenção
e tratamento precoces. Palavras-chave: Avaliação postural, doença renal
crônica, transplante renal, criança, adolescente.
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ETIOLOGIA DA DOENÇA RENAL CRÔNICA NA UNIDADE RENAL
PEDIÁTRICA DO IMIP
CONTRIBUIÇÃO DO DIABETES MELLITUS E DA HIPERTENSÃO
ARTERIAL PARA INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA
Autores: Carolina Falcão Lessa/FBVIMIP; Fernanda Marinho de Moura/
FBVIMIP; Ana Cláudia de Aquino Carneiro/IMIP; Marcela Correa de
Araújo Pandolfi/IMIP; Iracy de Araújo Oliveira/IMIP; Roberta Souza da
Costa Pinto/IMIP; José Pacheco Martins Ribeiro Neto/IMIP
Autores: Danilo Bastos Pinto/Universidade Iguaçu – Itaperuna-RJ; Clarisse
T Hoffmann/Universidade Iguaçu – Itaperuna-RJ; Saulo Espíndula Pereira/
Universidade Iguaçu – Itaperuna-RJ; Elisabete Mesquita Cunha/Universidade Iguaçu – Itaperuna-RJ; Rafael Santos Aguiar/Universidade Iguaçu –
Itaperuna-RJ; Isabela M Condé Oliveira/Universidade Iguaçu – ItaperunaRJ; Gabriel V. Rangel Pereira/Universidade Iguaçu – Itaperuna-RJ
Introdução: A Doença Renal Crônica (DRC) na criança e no adolescente
constitui importante problema de saúde, interferindo significativamente no
crescimento e no desenvolvimento nessa faixa etária. A identificação das
principais causas da DRC em nosso meio pode permitir o desenvolvimento de
estratégias que possa atenuar sua prevalência e suas complicações. Objetivo: Conhecer a etiologia da DRC em nosso meio. Material e Métodos: Foram
revisados 194 prontuários dos portadores de DRC acompanhados no nosso
serviço, no período de outubro/1993 a fevereiro/2009. Resultados: Observamos
a frequência das seguintes patologias: Glomerulopatias crônicas – 49,5%;
Anomalias congênitas do trato genitourinário – 23,8% (doença renal policística – 8,7%, nefropatia do refluxo – 17,4%, displasia renal – 21,7% e uropatia
obstrutiva – 52,2%); Distúrbio miccional – 12,9%; Vasculites/Colagenoses – 3%
(lúpus eritematoso sistêmico – 83,3% e poliarterite nodosa – 16,7%); Doenças
genéticas e hereditárias – 3,6% (nefronoftise, 62,5%, cistinose, 12,5%, anemia
falciforme, 12,5%); e Miscelânia – 7,2%. De 194 crianças com DRC, 107 (55,1%)
já se encontravam em estágio de Doença Renal em Fase Final (DRFF) quando encaminhadas a nosso serviço. Conclusões: As glomerulopatias crônicas
representaram a principal causa de DRC em nosso serviço, seguidas de anomalias congênitas do trato urinário. Salientamos que 55,1% dos pacientes já
estavam em DRFF quando referenciados a nosso serviço, sugerindo falha na
identificação precoce da doença de base. Os autores enfatizam a necessidade da detecção precoce dessas anormalidades numa fase em que a
evolução para DRFF pode ser evitada ou atenuada.
CONCENTRAÇÃO PLASMÁTICA DE GRELINA TOTAL E
ACETILADA EM PACIENTES PEDIÁTRICOS PORTADORES DE
DOENÇA RENAL CRÔNICA
Autores: Maria Fernanda Soares Naufel/UNIFESP-EPM; Eliane Beraldi
Ribeiro/UNIFESP-EPM; João Tomás de Abreu Carvalhaes/UNIFESP-EPM
Introdução: A importância de uma ingestão alimentar (IA) adequada para o
crescimento e o desenvolvimento ponderal e cognitivo de crianças e adolescentes com doença renal crônica (DRC) já foi comprovada. Todavia,
atingir esse objetivo continua sendo um desafio. Como o mecanismo causador dessa redução do apetite ainda não é compreendido por completo,
fortalece-se a hipótese de que hormônios orexígenos e anorexígenos podem estar relacionados a esse fator. A grelina (GRE) é um hormônio que,
quando acetilado, tem como uma de suas principais funções o estímulo do
apetite. Inúmeros estudos constataram elevada concentração de GRE total
em adultos e crianças com DRC; todavia, não há estudos que avaliam a proporção de GRE acetilada e desacetilada nessa população. Objetivo: Analisar os níveis plasmáticos de GRE total e acetilada em crianças e adolescentes com DRC tanto em tratamento conservador (TC) quanto em hemodiálise
(HD) e compará-los entre si e com um grupo controle. Metodologia: Incluiu
crianças e adolescentes (idade entre 5 e 18 anos) com DRC, sendo que 24
se encontravam em HD e 19 em TC. O grupo controle foi formado por 20 participantes pareados por sexo e idade com o grupo HD. Os níveis de GRE total
foram dosados em duplicata pelo Kit: Grelina (Total) Humana – ELISA, da
Linco®. A concentração de GRE acetilada foi mensurada em duplicata pelo
Kit Linco®: Grelina (Active) Humana – ELISA. Utilizou-se o teste estatístico de
Kruskall-Wallis e definiu-se como limite de significância um p < 0,05. Resultados: Não houve diferença entre sexo e idade dos participantes. A concentração de GRE total foi significantemente maior (p = 0,0006) nos pacientes
em HD (2009 ± 1278 pg/ml) quando comparados com o TC (1117 ± 891 pg/
ml) e com o grupo controle (655 ± 256 pg/ml). A quantidade de GRE acetilada
não diferiu entre os grupos (HD: 174 ± 113; TC: 211 ± 130 e Controle: 177 ± 94
pg/ml). Conclusão: Apesar da alta concentração de GRE total encontrada, a
quantidade acetilada do hormônio não diferiu entre os grupos. Assim, grande
parte da GRE acumulada se encontra na forma desacetilada. Conclui-se que o
hormônio orexígeno GRE, apesar de aumentado nos pacientes pediátricos com
DRC, não influencia a melhora do apetite, já que grande parte da alta concentração observada apresenta-se na forma desacetilada, que pode ser um dos
fatores responsáveis pela baixa IA desses pacientes, já que existe a hipótese
de essa forma do hormônio ter um efeito antagônico ao da acetilada.
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Objetivo: Avaliar a prevalência do Diabetes Mellitus (DM) e da Hipertensão
Arterial Sistêmica (HAS) como principais causas de Insuficiência Renal Crônica (IRC) em pacientes do centro de diálise de médio porte em cidade do
Noroeste Fluminense. Material e Métodos: Estudo de coorte retrospectivo
com base em análise de prontuários dos pacientes mantidos em diálise no
período de janeiro de 1997 a junho de 2008 e aplicação de questionário aos
pacientes que se encontram em tratamento renal substitutivo atualmente.
Resultados: Estudaram-se 267 pacientes submetidos à diálise no período de
janeiro de 1997 a junho de 2008, sendo 165 do sexo masculino (61,8%) e 102 do
sexo feminino (38,2%). A média de idade dos pacientes no início do tratamento foi de 53 anos. Do total dos pacientes estudados, 74 (27,7%) tiveram como
causa da IRC a HAS, 63 (23,6%), a Glomerulonefrite Crônica, em 50 (18,7%) o
motivo foi o DM, 40 (14,9%) iniciaram diálise por outras causas (bexiga neurogênica, Lúpus Eritematoso Sistêmico, Insuficiência Cardíaca Congestiva, rim
policístico, hidronefrose) e, nos 40 (14,9%) restantes, não foi possível determinar a causa da IRC. Dos pacientes estudados, 144 (53,9%) encontram-se em
terapia substitutiva, 84 (31,46%) foram a óbito, 28 (10,48%) se transferiram de
hospital, 5 (1,87%) realizaram transplante, 3 (1,12%) transferiram o tratamento
e 3 (1,12%) receberam alta hospitalar. Dentre os 144 em diálise atualmente, a
renda média de 78 deles foi de R$1.272,06, enquanto os outros 66 optaram por
não responder. Com relação aos pacientes que foram a óbito, o tempo médio
de terapia dialítica foi de 3 anos e 2 meses. Conclusões: No Centro de Diálise
do Hospital São José do Avaí, Itaperuna-RJ, cidade de médio porte (cerca
de 90 mil habitantes), observamos o predomínio do sexo masculino, sendo a
idade média de início do tratamento de 53 anos, tendo como principal causa a
HAS, seguida de GNC e DM, respectivamente. A taxa de mortalidade ocorreu
em, aproximadamente, um terço dos casos, em geral cerca de 3 anos após o
início do tratamento.
GLOMERULONEFRITE DIFUSA AGUDA DE REPETIÇÃO
Autores: Juliana Pavan/UNIFESP; João Tomas de Abreu Carvalhaes/
UNIFESP; Maria Aparecida de Paula Cançado/UNIFESP; Flávia Valesca
Felix Leão/UNIFESP; Ana Paula Weiss/UNIFESP
Introdução: A glomerulonefrite difusa aguda (GNDA) pós-estreptocócica
é caracterizada por processo inflamatório de origem imunológica relacionada à infecção por estreptococos beta-hemolítico, principalmente do
grupo A, mas também dos grupos C e G. A imunidade estreptocócica está
diretamente relacionada à proteína M tipo-específica (sorotipos 1 a 120).
Apresenta maior incidência entre 2 e 7 anos, sendo, comumente, episódio
isolado. Excluindo essa faixa etária, a incidência diminui, pois o teor de anticorpos contra os sorotipos da proteína M aumenta com a idade e, antes
do primeiro ano de vida, a criança é protegida pela imunidade antitóxica
transplacentária. A nefritogenicidade da bactéria está relacionada com o
tipo-especificidade da proteína M, sendo os sorotipos 1,4,12 e 25 associados à faringite; e 2, 42, 49, 56 e 60, a impetigo. Objetivos: Relatar dois casos de
GNDA pós-estreptocócica de repetição. Material e métodos: Avaliação dos
dados clínicos, exames laboratoriais e anatomopatológico de 202 pacientes
do ambulatório de nefrologia pediátrica. Resultados: Acompanhamos 202
crianças com diagnóstico de GNDA pós-estreptocócica, durante 15 anos,
com evolução conforme a literatura, contudo, 2, WRP e TSS, sexos masculinos, apresentaram repetição do quadro, sendo 2 e 3 episódios, respectivamente. Edema, hipertensão, hematúria e hipocomplementemia, precedidos
por piodermite ou faringite, compuseram todos os quadros. WRP apresentou o primeiro episódio aos 2 anos de idade e o segundo, aos 10 anos, e TSS
aos 4 , aos 5 e aos 7 anos. Esses quadros foram similares, apresentaram
resolução completa dos sintomas e normalização dos exames laboratoriais
antes dos próximos episódios e foram confirmados por biópsia renal após
o último episódio. Conclusão: A GNDA, apesar de ser descrita como manifestação única, pode repetir-se e devemos estar atentos para essa possibilidade orientando os pacientes quanto ao tratamento e à prevenção às
infecções estreptocócicas.
14/8/2009 17:28:41
CORRELAÇÃO DA ANAMNESE DIRIGIDA E DO EXAME
URODINÂMICO NA CRIANÇA NEUROLOGICAMENTE NORMAL
COM DISTÚRBIO VESICAL FUNCIONAL
Autores: Marcela Prates Braz/UROPED – Clínica de Urologia Pediátrica
do Rio de Janeiro; Fabricia P. Costa/UROPED – Clínica de Urologia
Pediátrica do Rio de Janeiro; Domingos T. G. Bica/UROPED – Clínica de
Urologia Pediátrica do Rio de Janeiro ; Marcelo Pereira Braz/UROPED –
Clínica de Urologia Pediátrica do Rio de Janeiro
Introdução: Sabendo-se que o exame urodinâmico é invasivo, questiona-se
atualmente a necessidade da avaliação urodinâmica de uma criança neurologicamente normal que apresente distúrbio vesical funcional. Objetivo:
Correlacionar a anamnese urológica detalhada da criança neurologicamente
normal portadora de distúrbios da micção com os achados urodinâmicos. Material e Métodos: Estudo retrospectivo por análise aleatória de 54 pacientes
por meio de anamnese dirigida, coletada previamente ao estudo urodinâmico.
Os dados analisados foram os seguintes: idade, sexo, passado de infecção do
trato urinário, presença de enurese noturna, frequência urinária, urge-incontinência diurna, presença de posturas típicas de contenção e autoavaliação do
jato urinário. Esses dados foram analisados por um dos autores, que desconhecia o resultado do estudo urodinâmico. Posteriormente, foi confrontado
o diagnóstico emitido com base na anamnese dirigida com o resultado da
urodinâmica. Resultados: Nos 54 pacientes analisados, 46 meninas e 9 meninos, com idade média de 7,3 anos, o diagnóstico baseado no questionário dirigido foi compatível com os achados urodinâmicos em 68% dos casos. Quando
analisamos separadamente, o quadro de bexiga instável foi acertadamente
diagnosticado por meio da anamnese em 83% dos casos. Já o diagnóstico
de disfunção miccional foi compatível em ambas as avaliações em 57% dos
casos. Conclusão: A anamnese urológica detalhada direcionada ao padrão
miccional é uma estratégia adequada para o diagnóstico da maioria dos pacientes com disfunção vesical funcional. No entanto, 32% dos pacientes com
queixas miccionais necessitarão de estudo urodinâmico complementar para
confirmação de seu diagnóstico. Com base em nosso estudo, poderia haver
redução da realização de um procedimento invasivo (exame urodinâmico)
em 68% dos pacientes. Os achados nos respaldam a tratar esses pacientes
com base inicialmente nos dados obtidos por meio da anamnese, reservando
a avaliação urodinâmica para aqueles em que o tratamento inicial instituído
se mostrou ineficaz.
LEISHMANIOSE VISCERAL (CALAZAR) E ALTERAÇÕES RENAIS
EM CRIANÇAS
Autores: Natália de Albuquerque Rocha/UFC; Luiz Fernando Leonavicius
Guimarães Franco/UFC; Ana Valeska Vasconcelos Garcia/UFC; Marcos
Paula da Silva/UFC; Geraldo B. Silva Júnior/UFC; Elizabeth De Francesco
Daher/UFC; Raquel S. Kataoka/UFC
Introdução: A leishmaniose visceral (calazar) é uma doença endêmica
em nosso meio. Alterações renais, como queda da taxa de filtração
glomerular, disfunção tubular e distúrbios hidroeletrolíticos, têm sido
descritos no calazar. São raras as descrições de calazar em crianças.
O objetivo deste estudo é investigar a ocorrência de alterações renais
em crianças com calazar. Metodologia: Realizou-se estudo retrospectivo com crianças internadas em hospitais terciários de Fortaleza, Ceará,
Brasil, com diagnóstico confirmado de calazar, no período de agosto
de 2005 a novembro de 2007. Avaliaram-se as características clínicas e
laboratoriais na admissão hospitalar e durante a internação. A análise
estatística foi realizada através do programa Epi-Info 6.04. Resultados:
Incluíram-se 60 pacientes, com média de idade de 5,6 ± 4,6 anos, sendo
30 (50%) do sexo masculino. O tempo médio de internação foi de 21 ± 9
dias. Os principais sinais e sintomas na admissão foram: esplenomegalia
(91%), febre (90%), hepatomegalia (78%), palidez (70%), anorexia (50%),
tosse (46%), astenia (45%), dor abdominal (26%), vômitos (18%), calafrios
(16%), diarreia (13%), dispneia (13%), edema (13%), cefaleia (11%),
disúria (8%) e desidratação (3%). A média de ureia e creatinina na admissão foi de 25 ± 8,3mg/dL e 0,4 ± 0,1mg/dL, respectivamente. Insuficiência renal aguda (creatinina > 1,2mg/dL) foi observada em 3 casos (5%),
com oligúria em 2 casos. Hipercalemia foi encontrada em 8 casos (13%),
hipocalemia em 12 (20%), hipernatremia em 1 (1,6%) e hiponatremia em
27 (45%). Conclusão: Calazar é uma doença frequente em crianças em
nossa região. Importantes alterações renais podem ser encontradas, incluindo insuficiência renal aguda e distúrbios hidroeletrolíticos.
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DIÁLISE PERITONEAL EM CRIANÇAS DE BAIXO PESO –
SUCESSOS E LIMITAÇÕES
Autores: L. P. Conceição/CDR Clínica de Doenças Renais-RJ; V. G. Kipper/CDR Clínica de Doenças Renais-RJ; M. F. Bandeira/CDR Clínica de
Doenças Renais-RJ; A. L. Oliveira/CDR Clínica de Doenças Renais - RJ
Introdução: A diálise peritoneal (DP) em recém-nascidos (RN) e em crianças de baixo peso com insuficiência renal aguda ou crônica representa a
opção terapêutica de escolha. O diagnóstico da insuficiência renal crônica
(IRC), a indicação da terapia dialítica (TD) e seu início se dão de forma muito dolorosa para a criança, a família e os acompanhantes. A indicação da
terapia deve considerar a avaliação médica, mas também a vontade e a
capacidade dos cuidadores, embora, em RN e lactentes com IRC, a DP seja
a única forma de TD. A Diálise Peritoneal Automatizada (DPA) é a modalidade considerada de escolha no serviço, porém a limitação do peso corporal,
relacionado ao baixo volume de infusão, impõe a necessidade de diálise peritoneal ambulatorial contínua (DPAC) em alguns casos. Objetivo: Descrever
os sucessos e as limitações da DP em crianças de baixo peso entre 2004 a
2009. Resultados: Foram acompanhadas 7 crianças (6 do sexo masculino)
com peso entre 1,8kg a 15kg. A idade ao início da terapia variou entre 7 dias
a 4 anos (idade média, 20 meses). Quatro crianças fizeram DPA e 3, DPAC. O
tempo de acompanhamento variou entre 1 a 54 meses (tempo médio, 16m ±
17m). Somente uma criança necessitou da troca de um cateter. Ocorreram
6 episódios de peritonite nesse grupo, sendo 2 naqueles que fizeram DPA
(1episódio/46meses) e 4 nas crianças em DPAC (1ep/6m), totalizando um
episódio para cada 19,3 meses para ambos os métodos. O Drop-out ocorreu em 57% por peritonite (4/7), todos transferidos para hemodiálise. Não
houve óbito no período do estudo. Conclusões: A DPA é um método efetivo
e seguro para o tratamento dessas crianças, permitindo o crescimento e o
desenvolvimento, mantendo a criança em ambiente domiciliar, permitindo
o acompanhamento escolar e maior possibilidades de passeios e viagens.
As limitações são a indisponibilidade de máquinas cicladoras para crianças
de baixo peso, aumentando o risco de peritonite. A complicação infecciosa
continua sendo o principal fator limitante da DP.
DOENÇA DA MEMBRANA FINA
Autores: Ana Paula Weiss/UNIFESP; João Tomas de Abreu Carvalhaes/
UNIFESP; Maria Aparecida de Paula Cançado/UNIFESP; Flávia Vanesca
Félix Leão/UNIFESP; Juliana Pavan/UNIFESP
Introdução: A doença da membrana fina (DMF) é uma patologia transmitida por herança autossômica dominante, relacionando-se com mutações
nos genes CO4A3 e COL4A4, que codificam as cadeias α 3 e α 4 do colágeno
tipo 4, o principal componente da membrana basal glomerular. Trata-se de
uma variância de penetração do complexo Síndrome de Alport/Doença
da Membrana Fina. A referida patologia caracteriza-se usualmente por
hematúria glomerular persistente, proteinúria discreta, manutenção da
função renal normal, história de hematúria em outros membros da família e evolução benigna. A biópsia renal apresenta, à microscopia óptica,
glomérulos normais ou discreta proliferação mesangial. À imunofluorescencia, evidencia pequenos depósitos mesangiais de IgM, C3 e C1q. Na
microscopia eletrônica, a membrana basal encontra-se adelgaçada na
maioria das alças capilares. Objetivos: Relato evolutivo de 8 pacientes
do Ambulatório de Nefrologia Pediátrica, com diagnóstico de Doença
da Membrana Fina no período de 1986 a 2009. Metodologia: Análise de
dados clínicos e laboratoriais dos pacientes no período referido. Resultados: Analisamos dados clínicos e laboratoriais de 8 pacientes, 5 do sexo
feminino e 3 do sexo masculino. Os sintomas iniciais relatados foram: hematúria macroscópica em um paciente, hematúria evidenciada em exame de sedimento urinário de rotina em 6 pacientes e hipertensão arterial
sistêmica em 1 paciente. A média de idade do início dos sintomas foi de 3
a 4 anos. A totalidade dos pacientes apresentava história familiar de nefropatia: 1 paciente com história familiar de Síndrome de Alport, 2 com
familiares submetidos a transplante renal, 3 com relato de doença renal
crônica de origem indeterminada e 2 com hematúria recorrente familiar.
Evolutivamente, apenas 2 pacientes apresentaram proteinúria nefrótica
com resposta adequada à terapêutica antiproteinúrica – inibidor da enzima conversora da angiotensina e inibidores do receptor de angiotensina
II. Nenhum dos pacientes evoluiu com piora da função renal ou hipertensão arterial sistêmica. Conclusão: Comparado à literatura, podemos observar a evolução benigna da patologia descrita, sendo que nenhum dos
pacientes avaliados evoluiu para doença renal crônica.
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DIABETES INSIPIDUS NEFROGÊNICO: CARACTERIZAÇÃO
CLÍNICA, LABORATORIAL E GENÉTICA DE CINCO PACIENTES
BRASILEIROS
EL ENFOQUE CLÍNICO Y METAPSICOLÓGICO DE LA
DEPRESIÓN. ARTICULACIÓN ENTRE LA INSUFICIENCIA RENAL
CRÓNICA DEL HIJO Y LA DEPRESIÓN EN LA MADRE
Autores: Maria Helena Vaisbich/Instituto da Criança – HCFMUSP
e UFMG; Juliana Carneiro/UFMG; Wolfanga Boson/UFMG; Bruna
Resende/UFMG; Luiz De Marco/UFMG; Rachel S. Honjo/Instituto da
Criança – HCFMUSP; Chong Ae Kim/Instituto da Criança – HCFMUSP;
Vera H. Koch/Instituto da Criança – HCFMUSP
Autor: Rosana Alves Costa Garino /Universidade de Paris 5
O Diabetes Insipidus Nefrogênico (NDI) é caracterizado por falta da resposta
do néfron distal ao hormônio antidiurético (AVP) e, consequentemente, os rins
não concentram a urina. As manifestações clínicas são poliúria, polidipsia e
hipostenúria, com episódios recorrentes de desidratação e febre, falta de apetite e deficiência de crescimento. A maioria de casos de DIN é causada por
mutações no gene que codifica o AVPR2 (arginina-vasopressina receptor-2).
Os receptores mutantes são sequestrados intracelularmente; alguns receptores podem alcançar a superfície da célula, mas são incapazes de se ligar ao
AVP ou de desencadear corretamente um sinal intracelular. Os “Pharmacological chaperones”, compostos novos, foram estudados como uma terapia
potencial para libertar os mutantes de V2R e podem restaurar sua localização
e função na membrana. Consequentemente, a caracterização molecular da
doença é necessária. Nesse sentido, estudamos os dados clínicos, laboratoriais e moleculares de 5 meninos com DIN. A idade ao diagnóstico variou de 6
a 24 meses (X = 14.6 meses) e de 7,8 a 19 anos (X = 12.2 anos) no final do seguimento. O período de seguimento foi de 132.2 ± 50.9 meses. A média do z-score
do peso era -4,5 e da estatura, -3,6 ao diagnóstico. Na última visita médica,
o z-score do peso era -0,3 e da estatura, -0,9. Três pacientes apresentaram
ureterohidronefrose e resíduo vesical aumentado. Mutações no gene AVPR2
foram encontradas em todos os pacientes e o estado de portador da mãe foi
confirmado em 4 de 5 casos. Duas crianças não relacionadas apresentaram
mutações idênticas (S167L) no AVPR2. Dois pacientes tiveram uma mutação já
descrita em outros casos brasileiros (R337X) e um paciente mostrou de novo
mutação (Y128D) no AVPR2, com a análise molecular da mãe normal. Assim, o
risco de recorrência nessa família é significativamente reduzido. Este estudo
relata a caracterização clínica e laboratorial do DIN e enfatiza a importância
do diagnóstico molecular da doença e do aconselhamento genético para as
famílias afetadas. A possibilidade de tratamento com chaperones torna a análise molecular recomendada.
EVOLUÇÃO CLÍNICA DE CRIANÇAS COM DOENÇA
RENAL CRÔNICA (DRC) EM UM PROGRAMA PREDIÁLISE
INTERDISCIPLINAR
Autores: Cristina M. Bouisson Soares/UFMG; José Silvério Santos Diniz/
UFMG; Eleonora Moreira Lima/UFMG; José Maria Penido Silva/UFMG;
Gilce R Oliveira/UFMG; Mônica R Canhestro/UFMG; Enrico A Colosimo/
UFMG; Ana Cristina S e Silva/UFMG; Eduardo Araujo Oliveira/UFMG
O objetivo deste estudo de coorte retrospectivo foi descrever a evolução de 107 pacientes com DRC, admitidos no período de 1990 a 2006
no Programa Interdisciplinar de Assistência à Criança com DRC em
tratamento conservador. Os eventos de interesse foram: progressão
para DRC estágio V (sobrevida renal), sobrevida do paciente, hipertensão e crescimento somático. Sobrevida foi estudada usando o método
de Kaplan-Meier. Os pacientes foram classificados em 4 grupos, de
acordo com a doença renal primária: nefrouropatias congênitas, doenças glomerulares, doença cística renal e miscelânea. A mediana do
tempo de seguimento foi de 94 meses (Amplitude inter-quartil, -AI-, 38-145). A
probabilidade de atingir o estágio V em 5 anos após a admissão foi de
36%. Considerando o grupo total de pacientes, o decréscimo médio
por ano da taxa de filtração glomerular (TFG) foi de 5,8 ml/min/1,73m2
(DP 12,4). O grupo com doenças glomerulares teve uma taxa média de
deterioração da TFG de 10 ml/min/1,73m2 por ano (AI de -24 a -5,7), enquanto a taxa média de deterioração da TFG para os grupos de doenças císticas, nefrouropatias congênitas e miscelânea foi de 2,5 ml/min
(AI de -10 a -0,34), 2,2 ml/min (AI de -5,0 a -0,52) e 0,36 ml/min (AI -2,5
a +2,6), respectivamente (p < 0,01). Os resultados deste estudo suportam o conceito de que crianças com doenças glomerulares têm uma
deterioração mais rápida da função renal. Portanto, pacientes com
doenças glomerulares necessitam ser encaminhados precocemente
para um centro de nefrologia pediátrica para evitar um tratamento prédialítico inadequado.
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El presente artículo comunica reflexiones y conceptualizaciones acerca de la
relación entre el estado depresivo de la madre y la insuficiencia renal crónica
(IRC) de un hijo adolescente, centrándose en las particularidades del vínculo
materno-filial, los procesos identificatorios de los hijos, la identidad maternal y
el ejercicio de sus funciones. Estas hipótesis han surgido a partir de los casos
estudiados en una investigación exploratoria todavía en curso que se realiza,
en el Servicio de Salud Mental Pediátrica del hospital Italiano de Buenos Aires. El objetivo general de esta investigación, ha sido de analizar el impacto de
la insuficiencia renal crónica dentro del grupo familiar con un hijo enfermo, y
más específicamente, las consecuencias psicológicas que implican para el
enfermo crónico que está atravesando la etapa de la adolescencia. En este
trabajo propongo como objetivo principal analizar si los comportamientos de
las madres, están relacionados con a la enfermedad crónica de sus hijos.
Población: La población de estudio fue seleccionada entre 14 de las Familias
con hijos portadores de IRC, entre 12 y 22 años de edad, del servicio de nefrología Método: La investigación es de tipo exploratorio-descriptiva. Estamos
trabajando con Estudios de casos, utilizando el Método clínico con aplicación
de técnicas de exploración psicológica y psicopedagógica. Observables: He
observado que hay posibilidad en algunos casos, de desorganización del aparato psíquico y de los vínculos familiares a nivel emocional debido a la IRC y
un gran riesgo de depresión reactiva en la madre. Por otra parte también he
verificado que son las madres en gran mayoría quienes acompañan y apoyan
a sus hijos dentro del contexto del tratamiento de la IRC Conclusión: La IRC
es una enfermedad que evoluciona en forma progresiva e irreversible, altera
el equilibrio emocional del paciente en forma total y con frecuencia lleva a la
aparición de síntomas psicológicos, donde también hay una batalla continua
por la supervivencia. Según los observables, los comportamientos de las madres podrían estar relacionados con la enfermedad crónica de sus hijos. La
depresión reactiva es una reacción al estrés, como también un trastorno que
puede presentar síntomas depresivos y ansiosos. Este tipo de depresión es
considerado la forma más frecuente para enfrentar un suceso doloroso de la
vida; o un acontecimiento adverso como puede ser el caso de tener a un hijo
que padece de IRC .
AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA EM PACIENTES PEDIÁTRICOS
CANDIDATOS A TRANSPLANTE RENAL
Autores: Aline Maria Luiz Pereira/UNIFESP-EPM; Sofia Boschetti/
UNIFESP-EPM; Paulo César Koch Nogueira/UNIFESP-EPM; José Osmar
Medina Pestana/UNIFESP-EPM
Introdução: A avaliação nutricional é componente essencial no tratamento
de pacientes pediátricos com doença renal crônica (DRC), antes e após o
transplante renal (TXR). Objetivo: Avaliar os índices antropométricos de pacientes pediátricos candidatos a TXR. Métodos: A amostra foi constituída
por 156 crianças e adolescentes (68 meninas) candidatos a TXR (Clcr ≤ 20
ml/min/1,73 m2) no Hospital do Rim e Hipertensão, em um período de dois
anos (2005 a 2007). O peso (kg) e a estatura (cm) foram medidos na primeira
avaliação clínica. Com os valores obtidos, calculou-se o índice de massa
corporal (IMC) e todos os índices antropométricos (estatura/idade-EI, peso/
idade-PA e IMC) foram analisados em escore-z de desvio padrão (SDS).
Para avaliação do estado nutricional, utilizou-se o IMC de acordo com a
classificação da Organização Mundial (OMS, 1995). Resultados: A média da
idade foi 11,0 ± 4,8 anos. A maior parte dos pacientes (n = 71) estava em
hemodiálise (45,5%); 39 (25%), em diálise peritoneal, e 46 (29,5%), em tratamento conservador. A média de EI observada foi -2,08 ± 1,54 SDS. Déficit de
crescimento (EI < -2 SDS) estava presente em 53,8% dos pacientes (n = 84).
A presença de baixo peso (IMC < percentil 5) foi observada em 20,5% dos
pacientes (n = 32) e o excesso de peso (IMC ≥ percentil 85), em 7,1% dos
pacientes (n = 13). Conclusões: A maior parte dos pacientes dessa amostra
apresenta déficit importante de crescimento e a terapia específica com hormônio de crescimento deverá ser considerada. O déficit ponderal, observado em muitos pacientes deste estudo, pode ser minimizado com o uso de
suplementação nutricional adequada. O déficit de crescimento parece ser a
consequência mais grave da DRC no período que antecede o TXR, enquanto
o excesso de peso está presente em poucos pacientes. Esforços devem ser
feitos para tratar o déficit ponderal e estatural antes do TXR.
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FATORES PREDITIVOS DE REFLUXO VESICOURETERAL EM
LACTENTES COM DILATAÇÃO DA PELVE RENAL FETAL
Autores: Cristiane dos Santos Dias/UFMG; Eleonora Moreira Lima/
UFMG; José Maria Penido Silva/UFMG; Mariana Guerra Duarte/UFMG;
Mariana Passos Raminho/UFMG; José Silvério dos Santos Diniz/UFMG;
Mariana Affonso Vasconcelos/UFMG; Ana Cristina Simões Silva/UFMG;
Eduardo Araújo Oliveira/UFMG
Objetivo: Identificar fatores preditivos para refluxo vesicoureteral primário
(RVU) em lactentes com dilatação da pelve renal (DPR) fetal. Metodologia:
Estudo prospectivo realizado com 250 neonatos diagnosticados com DPR
isolada entre 1999 e 2008. O principal evento de interesse foi a presença de
RVU moderado-grave (graus III-V). Odds ratio (OR), sensibilidade, especificidade e acurácia diagnóstica (avaliada pela área sobre a curva –“receiver
operating characteristic curve”) da DPR fetal e pós-natal foram avaliadas.
A gravidade da DPR foi classificada de acordo com o sistema proposto pela
Sociedade de Urologia Fetal (SFU). Uma regressão logística binária foi realizada para identificar as variáveis significantemente associadas ao RVU.
Resultados: RVU esteve presente em 23 (9,2%) dos pacientes, 16 deles com
graus III-V. O diagnóstico de acurácia para DPR fetal foi 0,7 (IC 95%, 0,630,75) e 0,65 (IC 95%, 0.59-0.71) para DPR pós-natal. Os resultados combinados de DPR fetal e pós-natal também foram avaliados. Ambos os testes <
10 mm foram considerados indicadores negativos de RVU moderado/grave,
com sensibilidade de 97% e OR de 19,1. Após ajuste por regressão logística, apenas o sistema de graus da SFU (grau > 1) e dilatação ureteral foram
variáveis independentemente associadas ao RVU de graus III-V. Conclusão:
Houve progresso na acurácia diagnóstica de RVU clinicamente significativo
quando ambas DPR fetal e pós-natal < 10 mm foram consideradas indicadores negativos de refluxo.
ESTUDIO DE LOS PROCESOS PSICOLÓGICOS Y LOS
EFECTOS EN LA ADOLESCENCIA, EN LA FAMILIA Y EN LA
SOCIALIZACIÓN, EN PACIENTES CON INSUFICIENCIA RENAL
CRÓNICA (IRC) INFANTIL
Autores: Ferraris J, Kleiman S, Costa Garino R, Dawson MS, Ghezzi L,
Larrarte AM, Laster B, Repetto M./Hospital Italiano de Buenos Aires
Objetivos Generales: Definir y describir las relaciones que se establecen
entre los efectos de la enfermedad renal crónica en la infancia, el retraso
pondo estatural, la aparición tardía de los caracteres sexuales secundarios
y las características psicológicas del estadio puberal-adolescente Objetivos específicos: Describir las características clínicas, psicológicas,
intelectuales y vinculares de los pacientes seleccionados para este
estudio. Planificar posibles estrategias de prevención e intervención
Población Veinte pacientes, entre 12 y 20 años con IRC del servicio
de nefrología pediátrica del departamento de pediatría del Hospital
Italiano Métodos La presente investigación es de tipo exploratoriodescriptiva. Estudios de casos, utilizando el Método clínico con aplicación
de técnicas de exploración psicológica y psicopedagógica Resultados Los
pacientes que padecen IRC, arribarían a la adolescencia de manera tardía. Los pacientes en diálisis no presentan proyectos vitales por fuera del
tratamiento. Los pacientes trasplantados usualmente organizan proyectos
vitales y actividades recreativas y de contacto con pares. Los pacientes
trasplantados gozan de una mejor cualidad de vida Se observaron en ambos tipos de pacientes Estados de retracción emocional, social, inhibición,
evitación, dificultad en expresarse verbalmente; dificultades para desplegar las fantasías; conductas regresivas; dificultades en la libidinización del
cuerpo; dificultades escolares e inhibición intelectual; dependencia en los
vínculos familiares. La IRC genera estados de ansiedad que promueven cuidados excesivos y sobredimensionamiento de las necesidades del paciente; Usualmente un miembro de la familia se instalaría en el rol del cuidador,
habitualmente la madre, con poca posibilidad de movilidad y monopolizando
el discurso familiar; La enfermedad le otorgaría sentido unívoco a la vida familiar y a la historia de sus integrantes; En el vínculo fraterno se observó ambivalencia; El espacio de pareja de los padres se presentó altamente comprometido. En algunos casos se presentaron problemas de no adherencia al
tratamiento. Expectativas: Diferenciar estado emocional en la adolescencia
de la edad cronológica en la que es habitual ubicar esta etapa; Evaluar las
condiciones de pasaje del paciente del departamento de pediatría hacia el
servicio de adultos y optimizar las condiciones para ese tránsito. Promover
grupos de reflexión como espacio de prevención.
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ESTUDO DAS CONDIÇÕES DENTÁRIAS E SALIVARES DE
PACIENTES PORTADORES DE INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA
SUBMETIDOS A TRATAMENTO HEMODIALÍTICO
Autores: Andréa Paula Fregoneze/PUCPR; Marcelo José S. Bönecker/
USP; João Armando Brancher/PUCPR; Evelise Tissori Vargas/Hospital
Pequeno Príncipe – Curitiba – PR; Rejane de Paula Meneses/Hospital
Pequeno Príncipe – Curitiba – PR
Esta pesquisa objetivou estudar as condições dentárias e salivares de pacientes portadores de insuficiência renal crônica (IRC) submetidos a tratamento
hemodialítico. Entre as condições dentárias, avaliaram-se prevalência de
placa visível, cálculo e cárie dentária. Os parâmetros salivares investigados
foram fluxo, pH, capacidade tampão e dosagens das concentrações de proteínas totais, ureia, creatinina e cálcio. Participaram da pesquisa 34 pacientes renais crônicos, entre 4 e 25 anos, submetidos à hemodiálise no Hospital
Pequeno Príncipe, em Curitiba/PR. Os resultados foram comparados com um
grupo constituído por 34 pacientes saudáveis, pareados em sexo e idade,
cujos pais buscaram tratamento odontológico na Unidade de Saúde Nossa
Senhora da Conceição, em Campo Magro/PR. A presença de placa visível
e cálculo foi verificada seguindo-se os critérios propostos por Alaluusua &
Malmivirta (1994) e Greene & Vermillion (1964), respectivamente. A presença
de cárie dentária foi investigada pelo Índice de Cárie por superfície de Klein
et al. (1937). Para as avaliações bioquímicas salivares, coletaram-se
as amostras pelo método Spitting, preconizado por Navazesh (1992),
e posteriormente realizaram-se as análises. O fluxo salivar foi calculado
pela fórmula de Banderas-Tarabay (1997). Para as avaliações sialoquímicas,
empregaram-se testes colorimétricos enzimáticos, os quais foram realizados
em triplicata para cada amostra de saliva. O pH salivar foi mensurado com o
auxílio de um medidor digital e a capacidade tampão com o kit Caritest ® - SL.
Os resultados revelaram que não houve diferença na prevalência de placa
visível e cálculo entre os grupos. Os índices CPOS e ceos foram estatisticamente menores para o grupo renal crônico. Ao término da sessão de hemodiálise, os pacientes apresentaram valores médios de pH e ureia maiores que
o grupo saudável. Os valores médios de fluxo salivar, proteínas totais, creatinina e cálcio não apresentaram diferença entre os grupos. A capacidade
tampão diferiu significativamente entre os grupos, apresentando-se normal
para quase todos os pacientes renais crônicos. Concluiu-se que a IRC não
determina alterações quantitativas, e sim qualitativas no fluido salivar, e estas
justificam as condições bucais presentes, como, por exemplo, a baixa prevalência de cárie dentária.
HISTOPLASMOSE PERITONEAL EM CRIANÇA SUBMETIDA À
DIÁLISE PERITONEAL DOMICILIAR
Autores: Lívia Cláudio de Oliveira/Unicamp; Sumara Zuanazi Pinto
Rigatto/Unicamp; Anna Cristina Gervasio de Brito Lutaif/Unicamp;
Liliane Cury Prates/Unicamp; Cíntia Andrade Santana/Unicamp
A peritonite é a complicação mais frequente e séria da diálise peritoneal.
Peritonites por fungos são eventos menos frequentes que as infecções
bacterianas, porém mais graves. Neste trabalho, descreve-se um caso de
peritonite por Histoplasma capsulatum em uma criança em diálise peritoneal domiciliar. A paciente de 13 anos, em diálise peritoneal há 2 anos,
foi submetida a transplante renal doador cadáver, recebendo imunossupressão tríplice e indução. Evoluiu com CIVD, necessitou de hemodiálise,
sendo necessária transplantectomia. Apresentou, nos 6 meses seguintes,
sucessivas peritonites bacterianas por agentes diferentes, e peritonites
sem crescimento de bactéria, fungo ou BK nas culturas, sendo trocado
cateter de diálise peritoneal. Após diagnóstico de peritonite septada,
foram colhidas culturas, removido cateter e iniciada hemodiálise. Após
18 dias, houve crescimento de Histoplasma capsulatum em 3 amostras
de líquido peritoneal. Paciente foi tratada inicialmente com Anfoterecina
B por 2 semanas e, posteriormente, com Itraconazol por 6 meses, com
boa evolução clínica. Até hoje, mantém-se em programa de hemodiálise.
A histoplasmose é uma infecção esporádica na população comum,
considerada uma infecção frequentemente oportunista, secundária
à imunossupressão. Esse agente pode permanecer latente nas vias
aéreas por muitos anos. Nesse caso, é possível que a imunossupressão
decorrente do transplante e suas complicações tenham permitido a disseminação desse agente. Como este é o quarto caso descrito na literatura
de histoplasmose peritoneal em paciente dialítico, e o terceiro no Brasil,
demonstra-se a importância de pesquisar agentes não habituais quando
da dificuldade de resolução da peritonite.
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INFECÇÕES POR VÍRUS DA FAMÍLIA HERPESVIRIDAE EM
CRIANÇAS E JOVENS COM INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA:
CARACTERIZAÇÃO MOLECULAR E CLÍNICA
GLOMERULOESCLEROSE FOCAL E SEGMENTAR COM
DEPÓSITOS DE IGA EM PACIENTE PEDIÁTRICO COM COLITE
ULCERATIVA
Autores: Arnauld Kaufman/Clínica Gamen; Renata Alves Otero/FOUFRJ; Carla Martins/FO-UFRJ; Dennis C Ferreira/Instituto de Microbiologia UFRJ; Gloria F B Castro/FO-UFRJ; Norma Santos/Instituto de
Microbiologia UFRJ
Autores: Mariana Fontes Turano/UFF; Maria Lucia Ribeiro Caldas/
UFF; Aline Coelho Moreira de Fraga/UFF; Márcia Antunes Fernandes/
UFF; Rafael del Castillo Villalba/UFF; Ioma Rodrigues Klemz/UFF; Igor
Pietrobom/UFF
Alguns vírus oportunistas, particularmente os membros da família Herpesviridae, são frequentemente responsáveis por lesões orais associadas a alterações sistêmicas, dentre elas a insuficiência renal crônica (IRC), em que
os pacientes apresentam uma série de manifestações bucais. Dessa forma,
torna-se necessária a investigação desses tipos virais a fim de estabelecer
possíveis correlações. O objetivo deste estudo foi identificar a presença do
HSV-1, HSV-2, VZV, HCMV, EBV, HHV-6, HHV-7 e o HHV-8, na cavidade bucal de
crianças e adolescentes com IRC e correlacionar os tipos virais com possíveis
manifestações bucais, tipo de tratamento para IRC e terapia medicamentosa
utilizada. A amostra foi composta por 2 grupos: o Grupo Renal (GR), composto
por 30 indivíduos com IRC, e o Grupo Saudável (GS), composto por 30 sujeitos
saudáveis em tratamento na Clínica de Odontopediatria da FO/UFRJ. A faixa
etária variou de 3 a 18 anos e a média de idade foi de 10,53 anos. Realizou-se
exame intraoral e coleta de material por meio do esfregaço de swab na mucosa bucal. Para análise molecular, empregou-se a técnica de nested-PCR para
a identificação das espécies virais. O programa Epi info 3.2.2 foi usado para
análises estatísticas. Constatou-se que as prevalências dos tipos virais EBV,
CMV e HHV-6 no GR (20%, 13,3% e 19,4%, respectivamente) foram significantemente maiores do que no GS (EBV: 14,3%; CMV: 0%; HHV-6: 19,4%). O HHV-7
foi detectado no GR (39,3%), mas sem diferença para o GS. Os tipos HSV-1,
HSV-2, VZV e HHV-8 não foram identificados em ambos os grupos. Dentro do
GR, os sintomas de maior frequência foram a sensação de boca seca (60%),
seguida de alterações do paladar (33,3%). Ocorreu relação entre a presença
do HHV-7 com o uso de anticoagulantes (p ≤ 0,05) e do HHV-6 com a sensação
de boca seca (p ≤ 0,01). Com base nos resultados encontrados, pode-se concluir que a infecção por EBV, CMV, HHV-6 e HHV-7 foi mais frequente no GR
do que no GS. No entanto, não houve relação entre os tipos virais e o tipo de
tratamento realizado para IRC.
A colite ulcerativa é uma doença intestinal inflamatória crônica ativa
cujo mecanismo patogênico está associado à alteração da resposta
imune. Doenças glomerulares com o mesmo mecanismo patogênico
têm sido descritas em pacientes com colite ulcerativa ativa. Entretanto, a associação de nefropatia por IgA e colite ulcerativa é incomum
e raramente tem sido descrita em pacientes pediátricos. Relatamos o
caso de paciente feminina de 15 anos com história de colite ulcerativa
diagnosticada dois anos antes do aparecimento de síndrome nefrótica e
hematúria. A paciente estava em tratamento com mesalazine desde seu
diagnóstico de colite ulcerativa. Realizada biópsia renal, que diagnosticou glomeruloesclerose focal e segmentar com depósitos mesangiais
de IgA. A associação de síndrome nefrótica em pacientes com colite
ulcerativa e glomeruloesclerose focal e segmentar poderia estar relacionada ao uso de mesalazine e/ou sulfasalazine. O depósito mesangial
secundário de IgA pode ser parte da resposta alterada do sistema imune
em pacientes com colite ulcerativa.
NEFROLITÍASE ASSOCIADA AO USO
DE TOPIRAMATO EM CRIANÇAS
Autores: Júlio Ricardo Ramos/UNIOESTE; Luis Alberto Batista Peres/
UNIOESTE; Marta Regina Clivati/UNIOESTE; José Roberto Leonel
Ferreira/UNIOESTE
Introdução: Topiramato é uma droga antiepiléptica com ação inibitória
da anidrase carbônica, utilizada nas epilepsias da infância, e tem alguns
efeitos colaterais, como nefrolitíase. Objetivo: Estimar a prevalência de
nefrolitíase em crianças usuárias de topiramato. Métodos: Estudo transversal realizado com 20 crianças usuárias de topiramato e 20 controles
que faziam acompanhamento no ambulatório de Nefrologia do Hospital
Universitário do Oeste do Paraná. Os seguintes achados foram registrados: idade, sexo, raça, peso, doença neurológica de base, história familiar de nefrolitíase, dose utilizada de topiramato. Ultrassonografia de vias
urinárias foi realizada em todas as crianças, como exame de screening.
Crianças em que houve imagem compatível com litíase urinária foram
submetidas ao parcial de urina e mensuração da creatinina sérica. A prevalência de nefrolitíase foi calculada em ambos os grupos. Resultados: A
prevalência de nefrolitíase em crianças usuárias de topiramato foi de 10%
e, no grupo controle, de 0%. Em todos os casos, a localização dos cálculos
foi em rim direito. No grupo topiramato e no grupo controle, respectivamente, a média de idade foi de 8,4 + 4,6 anos e 5,9 + 3,4. Quanto à raça,
80% eram caucasianos em ambos os grupos e, quanto ao sexo, 60% e 50%
eram do sexo masculino, respectivamente. A dose de topiramato utilizada
pelo grupo em estudo variou entre 2 a 9 mg/Kg/dia, com média de 5,1 mg/
kg/dia, sendo que metade dos pacientes utilizava a dose entre 2 a 5 mg/
Kg/dia. No seguimento da investigação dos pacientes com nefrolitíase, o
parcial de urina mostrou-se alterado em 50% dos casos, sendo a hematúria o achado significativo; a gasometria venosa mostrou-se compatível
com acidose metabólica em ambos os casos. Conclusão: A prevalência de
nefrolitíase em pacientes usuários de topiramato foi maior que no grupo
controle, sendo neste estudo de 10%. A monitorização do trato urinário é
necessária em crianças usuárias de topiramato.
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RELAÇÃO ENTRE TEMPO DE CIRCULAÇÃO EXTRACORPÓREA
E DESENVOLVIMENTO DE INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA EM
PÓS-OPERATÓRIO DE CIRURGIA CARDÍACA CONGÊNITA
Autores: Oreste Ferra Neto/Santa Casa de Campo Grande; Luciana
Cenci N. Farias/Santa Casa de Campo Grande; Manuela Janini
Gonçalves/Santa Casa de Campo Grande; Marcus Vinícius R. P.
Caldas/Santa Casa de Campo Grande; Aparecida Afif El Ossais Villa
Maior/Santa Casa de Campo Grande
A insuficiência renal aguda (IRA) é conhecida como uma complicação
importante da cirurgia cardíaca em crianças. Apresenta incidência entre 1 a 31%, e está relacionada a uma mortalidade superior a 50% dos
casos. A incidência é bastante variável, devido à utilização de critérios
variados para a definição de IRA. As causas da IRA são multifatoriais,
sendo que a circulação extracorpórea apresenta efeitos deletérios na
função renal. Realizamos um estudo retrospectivo, no período entre os
meses de agosto a novembro de 2008, no qual foram analisadas todas
as cirurgias que necessitaram de CEC, divididas em dois grupos, um
com CEC < 60 minutos e outro com CEC > 60 minutos, quanto à presença
ou não de IRA. Analisamos ainda idade, sexo, peso, % de variação de
creatinina e tipo de cardiopatia: simples (malformações do septo interatrial e do septo interventricular, persistência do conduto arterioso e
tetralogia de Fallot de boa anatomia) e complexas (todas as demais).
Definimos IRA por um aumento de 50% na creatinina pré-operatória.
Analisamos 19 pacientes; desses, 57,8% apresentaram IRA quando dividimos em dois grupos principais. De acordo com o tempo de CEC, tivemos
10 pacientes com tempo < 60 minutos e, desses, 50% com IRA; no grupo com
tempo > 60 minutos, composto de 9 pacientes, 66,6% apresentaram IRA, mas
sem significância estatística (p = 0,64). Posteriormente, realizamos a análise do grupo com IRA (n = 11), dividido quanto ao tempo de CEC (< 60
minutos ou > 60 minutos). Em relação à idade, média de 8,2 + 4,26 meses
no primeiro e 51 + 41,34 meses no segundo. Foram 20% e 83,3% do sexo
masculino no primeiro e segundo grupo, respectivamente. Quanto ao
peso, média de 5940 + 1880 gramas no primeiro e 15117 + 10355 gramas
no segundo. Quanto ao percentual de variação de creatinina, tivemos
aumento de 213,3 + 166% no primeiro grupo, e de 218,8 + 229,9% do segundo, sem significância estatística. O grupo com CEC < 60 minutos era
composto de 60% de pacientes com cardiopatia simples, contra 66,6%
de pacientes com cardiopatia complexa no outro grupo. Quando separamos os grupos quanto à presença ou não de IRA, observamos que,
no grupo IRA (n = 11), a média de idade foi de 31,55 + 36,9 meses e, no
grupo não IRA (n = 8), média de 82,38 + 58,1 meses, com significância
estatística entre as médias. Concluímos que não houve significância
estatística entre a presença de IRA com o tempo de CEC, talvez pelo
número reduzido da amostra, mas observamos maior incidência de IRA
em pacientes com menor idade.
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ESTUDO DE PREVALÊNCIA DE INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO
EM CRIANÇAS ATENDIDAS EM AMBULATÓRIOS DE
NEFROLOGIA PEDIÁTRICA NA CIDADE DE MANAUS
EXPERIÊNCIA DE UM ÚNICO CENTRO COM USO DE
CICLOFOSFAMIDA EM CRIANÇAS COM SÍNDROME
NEFRÓTICA CORTICODEPENDENTES (SNCD)
Autores: Nataly Accioly Santiago/UFAM; Marcia Bronzoni Barbalho/
UFAM; Lucyana Santiago Arruda/Uniniltonlins; Flavio Cavalcante de
Souza /UNINORTE
Autores: R. M. Abreu/Hospital Geral de Bonsucesso; T. L. Cleto/Hospital
Geral de Bonsucesso; J. A. A. Montalvão/Hospital Geral de Bonsucesso; C. A. P. Moraes/Hospital Geral de Bonsucesso; RHLL Novais/Hospital Geral de Bonsucesso; LFV Oliveira/Hospital Geral de Bonsucesso;
V. M. Sá/Hospital Geral de Bonsucesso; S. P. Silva/Hospital Geral de
Bonsucesso; F. A. Tozzatto/Hospital Geral de Bonsucesso; A. Zagury/
Hospital Geral de Bonsucesso
Introdução: A real incidência de infecção do trato urinário (ITU) é desconhecida. Estima-se que pelo menos 8% das meninas e 2% dos meninos
apresentarão um episódio de ITU na infância. O foco de atenção, além do
diagnóstico e do tratamento, visa minimizar os danos renais, que têm sido
documentados em 5 a 15% das crianças após a primo infecção febril. Objetivo: Determinar a prevalência de ITU na faixa etária pediátrica nos ambulatórios de nefrologia pediátrica na cidade de Manaus. Metodologia: Estudo
retrospectivo de casos de ITU encaminhados aos ambulatórios de nefrologia pediátrica na cidade de Manaus, de janeiro de 2004 a dezembro de
2008. Foram levantados os seguintes dados: sexo (Feminino e Masculino);
faixa etária (0-29 dias de vida; 30 dias de vida-1 ano e 11 meses; 2 anos-6
anos e 11 meses;7 anos-17 anos e 11 meses); sintomas (febre e disúria);
urocultura (URC); ultrassonografia renal (USG) ; uretrocistografia miccional (UCM) e cintilografia renal-DMSA. Os critérios de inclusão foram: URC
positiva(105 ou mais colônias/ml de urina, colhidas por saco coletor ou jato
médio), com clínica sugestiva de ITU.E/ou história clínica sugestiva, mesmo
sem urocultura. Os critérios de exclusão foram a presença de litíase renal
e malformações do trato urinário. Teste de Fisher foi utilizado para análise
de dados. Resultados e Discussão: 170 casos foram levantados, 36 casos
(21,2%) tinham uroculturas colhidas durante o episódio agudo,134 (78,8%)
já haviam iniciado ou terminado o tratamento na primeira consulta. A E.coli
foi o principal agente etiológico: 20(57%). Noventa (52,9%) pacientes apresentavam febre, 64 (37%) disúria e 28 (16,4%) as duas queixas simultâneas.
Em 16 (9,4%) prontuários, não constavam os sintomas iniciais. O sexo feminino foi o mais acometido: 132 (77,2%) e a faixa etária predominantemente
acometida foi de 2 anos aos 6 anos e 11 meses: 90 (51,8%). A USG renal foi
normal em 109 (84%) crianças; 16 tinham refluxo (36,4%), DMSA foi realizada
em 85 (50%) das crianças – dessas, 56 (66%) tinham hipocaptações. Conclusão: A infecção urinária corresponde à maioria dos encaminhamentos
aos ambulatórios de nefrologia pediátrica, mas a minoria dos casos chega
aos serviços com a coleta de urocultura. A conscientização de mais profissionais da rede básica será, com certeza, o primeiro passo para futuros
trabalhos na área.
CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Autores: Luciene Pereira da Conceição/CDR Botafogo – Clínica de
Doenças Renais/RJ; Viviane Ganem Kipper de Lima/CDR Botafogo –
Clínica de Doenças Renais/RJ
Introdução: Atualmente, crianças e adolescentes portadores de insuficiência
renal crônica (IRC) formam um grupo numeroso com características peculiares. A hemodiálise (HD) é uma opção de tratamento devido à necessidade de
eliminação dos produtos tóxicos, tais como ureia, creatinina, potássio, entre
outros. É realizado por uma membrana semipermeável, que separa dois compartimentos, sangue do paciente e uma solução de diálise, viabilizando o processo de difusão de solutos e ultrafiltração do excesso de líquido. O acesso
vascular permanente, que oferta alto fluxo de sangue e constante, é vital para
a realização crônica e efetiva da HD. Há 20 anos, a fístula arteriovenosa (FAV)
tem sido o principal acesso vascular para esses pacientes. É imprescindível
o papel educador da equipe de enfermagem com crianças, adolescentes e
suas famílias, conscientizando-os quanto à importância dos cuidados, a prevenção e a detecção de complicações, reduzindo a ansiedade e promovendo
o autocuidado. Desse modo, os objetivos do trabalho são: desenvolver uma
ferramenta de cuidados com a FAV para toda a equipe de enfermagem; educar
os profissionais de enfermagem sobre os cuidados com a FAV; estimular o autocuidado de crianças e adolescentes com a FAV. O cenário é uma clínica de
HD localizada no município do Rio de Janeiro. O sujeito do estudo compreende
a equipe de enfermagem da unidade, com 30 (trinta) técnicos e (5) cinco enfermeiras. Foi desenvolvida uma ferramenta de educação para a equipe de enfermagem e apresentada a todos por meio de uma aula expositiva para divulgar
e padronizar as informações ao paciente. Logo após, o formulário foi distribuído e anexado nas salas de diálise, em locais estratégicos e de fácil consulta.
Concluímos que, com esse instrumento, os funcionários estão mais atentos e
mais preocupados em orientar essa população. Consequentemente, crianças
e adolescentes se tornam mais comprometidos com os cuidados com a FAV.
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Objetivos: Identificar os fatores associados com remissão prolongada persistente (RPP) em 129 crianças com SNCD submetidas ao tratamento com
ciclofosfamida (CI). Material e Métodos: Análise retrospectiva de 129
crianças (83 do sexo masculino, 46 do sexo feminino) com SNCD
tratados com CI na dose 2,45 ± 0,37mg/kg/dia por um tempo de 10
semanas (6-16). A idade do início da doença (IID) foi de 2,9 anos (1,1-14,1),
e a idade do início do tratamento (IIT), de 5,1 anos (2-15). Todos os pacientes
tiveram pelo menos dois anos de seguimento pós-tratamento. RPP foi definida quando a remissão foi mantida pelo menos por dois anos consecutivos.
Sessenta pacientes fizeram BR, sendo que 22/60, pré-tratamento. As lesões
histológicas encontradas foram: lesão glomerular mínima (46), glomeruloesclerose segmentar e focal (10) e glomerulonefrite mesangial difusa (4). Os seguintes parâmetros que poderiam influenciar a RPP foram analisados: IID, IIT,
tempo de doença (TD) ao início do tratamento, lesão histológica, sexo, dose
cumulativa em mg/kg, dose cumulativa em mg/m2 e dose de prednisona (mg/
kg) ao recidivar. Resultados e Discussão: Dos 129 pacientes, 51 obtiveram
RPP versus 78. Em todos os pacientes, a probabilidade de RPP foi de 38%,
27%, 22% e 22% aos 2, 5, 10 e 15 anos, respectivamente. A IIT e a dose de
prednisona ao recidivar foram os únicos parâmetros relacionados à RPP em
análise univariada. Com análise multivariada, somente a idade do início do tratamento teve influência sobre RPP (p = 0,003).Os pacientes com RPP tinham a
IIT maior do que aqueles sem RPP: 6,5 (2,8-14,2) x 4,4 (2-15) anos (p = 0,0009),
respectivamente. Em crianças que iniciaram tratamento com idade > 6,5 anos,
a probabilidade de estar em remissão foi de 54%, 38,6%, 27,5% e 27,5% aos 2,
5, 10 e 15 anos versus 28,7%, 20,4%, 18,4% e 18,4% naqueles que iniciaram
tratamento com idade < 5 anos (p = 0,005 Logrank test). 22 pacientes iniciaram
o tratamento com CI com conhecimento prévio da lesão histológica versus
107. A probabilidade de remissão prolongada persistente em 2, 5, 10 e 15 anos
não diferiu entres ambos os grupos (p = 0,83, Logrank test), sugerindo que BR
não seja necessária pré-tratamento.
ROTINA DE AVALIAÇÃO PSIQUIÁTRICA EM POSSÍVEIS
DOADORES RENAIS
Autores: Adilson W. Quinalha/ISCMPOA; Daniel Medeiros/FUMM; Carolina Silva Schiefelbein/UFCMPOA; Alena Franzen Quinalha/ISCMPOA
Introdução: Este trabalho apresenta o roteiro das entrevistas psiquiátricas realizadas em candidatos à doação de rim, tanto para transplantes
pediátricos quanto de adultos, realizados na Santa Casa de Porto Alegre.
Objetivo: Relatar a rotina de avaliação psiquiátrica de doadores renais
adotada pelos autores. Metodologia: Todos os possíveis doadores são
entrevistados pela consultoria psiquiátrica. Em uma primeira entrevista,
examinam-se fatores de risco que levariam à exclusão ou ao adiamento
do transplante, como abuso de álcool e/ou drogas, história pregressa de
doença psiquiátrica severa, ganho secundário com a doação, bem como
relação muito conflituosa com o receptor e ambivalência intensa em relação à doação. Os achados e a impressão sobre o doador são discutidos
com a equipe clínica. Uma segunda entrevista é agendada para poucas
semanas antes do transplante. Seus objetivos são esclarecer o doador
sobre o procedimento cirúrgico, bem como conversar sobre os riscos e
complicações. Fala-se sobre dor no pós-operatório, tempo de hospitalização, risco de rejeição do enxerto, visando minimizar fantasias de culpa
no caso de haver rejeição do enxerto. Também se abordam a volta à vida
laboral, o cuidado com a saúde pós-doação, a importância de comparecer
às consultas marcadas. Sentimento de abandono por parte da equipe após
o transplante e medo de mais tarde precisar do rim doado são abordados
nessa entrevista. Conclusão: A sistematização da avaliação psiquiátrica
de doadores renais tem sido importante para o sucesso global dos transplantes, pois seleciona pacientes aptos não só física, mas também emocionalmente para realizar a doação.
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GLOMERULOPATIA POR POLIARTERITE NODOSA NA INFÂNCIA
– RELATO DE CASO
GLOMERULOPATIAS NO SERVIÇO DE NEFROLOGIA PEDIÁTRICA
DA FUNDAÇÃO SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DO PARÁ
Autores: Gabriela Santos Oliveira/Unifesp; Ana Carolina Franco Neves/
Unifesp; Flávia Vanesca Félix Leão/Unifesp; Maria Aparecida Paula
Cançado/Unifesp; João Tomáz de Abreu Carvalhaes/Unifesp
Autores: Cássia de Barros Lopes/UFPA; Natássia Maia de Sá /UFPA;
Paola Pontes Pinheiro/UFPA
Introdução: Poliarterite nodosa é uma rara vasculite sistêmica definida pela
presença de vasculite necrotizante, afetando a parede de vasos, com pouco ou nenhum processo imune, evoluindo com aneurismas e suas complicações. O prognóstico da PAN depende da gravidade e da reversibilidade
do acometimento renal. Esse acometimento, porém, tem as mais diversas
apresentações. Objetivo: Descrever como concluímos o diagnóstico de
uma criança de 2 anos que chegou ao serviço no ano de 2000, com quadro
de hematúria macroscópica e picos hipertensivos. Resultados: Em 2001,
apresentava Urina I com incontáveis hemácias, leucocitúria e proteinúria.
Dismorfismo eritrocitário positivo. Prot 24h (17/07/01) -0,37g – 26mg/kg/d.
Urocultura negativa. Não apresentava hipercalciúria ou hiperuricosúria. Albuminemia e colesterolemia normais. USG de Rins e Vias Urinárias normal.
Biópsia renal (04/06/01) – MO – Esclerose segmentar em 1 glomérulo amostrado e discreta área de fibrose intersticial. IF – Ausência de depósitos fluorescentes em glomérulos. ME – Membrana basal intacta. Angioressonância
(2001) – imagem sugestiva de aneurisma em polo médio de rim. D Cistoscopia (18/06/02) – Evidenciada bexiga de paredes lisas com mucosa cor-derosa pálido, meatos ureterais tópicos e pérvios, ejaculando urina hemática
(++/4+), Arteriografia renal e mesentérica (03/08/04) – Microaneurismas
difusamente distribuídos pelo parênquima renal. Mesentérica superior em
primeiros ramos jejunais com aspecto semelhante ao observado nas renais,
com imagens sugestíveis de microaneurismas em pequenos números. Os
nefrogramas são normais. Fundo de olho e audiometria – sem alterações.
Biópsia muscular (2007) normal. Autoanticorpos negativos. Conclusão: Com
base no achado de microaneurismas por exame discutido em reunião multidisciplinar, chegou-se ao diagnóstico e se iniciou o tratamento. Discussão:
A PAN é uma rara e importante desordem da vasculatura, acometendo
também crianças, que podem ter graves complicações, como, por exemplo, sangramentos. Seus achados são inespecíficos em diversos exames e
seu diagnóstico depende, portanto, do conhecimento pelo nefrologista para
conduzir uma investigação invasiva e multidisciplinar.
PERCENTUAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES QUE FORAM
ATENDIDOS NUM HOSPITAL-ESCOLA DO RECIFE E QUE
NUNCA HAVIAM AFERIDO A PRESSÃO ARTERIAL
Autores: Lucas Diniz Pacheco/FBVIMIP; Ricardo Cavalcante Maranhão/
FBVIMIP; Daniela Raposo Vieira de Oliveira/FBVIMIP; Julyanne Luize
de Lima Rios/FBVIMIP; Daniela de Almeida Figueiras/FBVIMIP; Marcela
Austregésilo de Medeiros/FBVIMIP; Luísa Pessoa Rocha de Medeiros/
FBVIMIP; Erika Cavalcante Maranhão/FBVIMIP; José Pacheco Martins
Ribeiro Neto/IMIP; Emídio Cavalcanti de Albuquerque/IMIP
Introdução: A hipertensão arterial (HA) tem alta prevalência na população
adulta. Evidências na literatura sugerem que a HA do adulto tem início na infância. Diretrizes nacionais e internacionais têm recomendado que a aferição
da pressão arterial (PA) seja realizada pelo menos uma vez ao ano a partir dos
3 anos de idade na rotina do exame pediátrico. Objetivo: Avaliar o percentual
de crianças e adolescentes que nunca aferiram a PA anteriormente. Métodos: Estudo descritivo transversal realizado com 675 pacientes do ambulatório
de pediatria do Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira (IMIP),
realizado entre agosto e dezembro de 2007. Participaram pacientes com idade
de 3 anos até 18 anos. Durante a entrevista com os responsáveis da criança
ou adolescente, foi perguntado se o menor já aferira a PA antes daquela visita,
assim como se havia antecedente familiar positivo de HA na família. Os dados
foram analisados no SPSS 13.0. Resultados: A média da idade dos pacientes
foi de 8,04 ± 3,04 anos. Identificamos que 68,9% dos pacientes estudados nunca tinham aferido a PA anteriormente a este estudo. Em 80,9% dos pacientes,
encontramos história familiar positiva de HA até parentes de segundo grau.
Conclusão: Verificamos um percentual elevado de crianças e adolescentes
que nunca aferiram a PA anteriormente ao estudo, mesmo numa população
com elevada frequência de antecedentes familiares positivos para HA. Esses
dados sugerem a não percepção da importância dessa avaliação neste grupo
etário pelos profissionais da saúde. Estratégias devem ser estabelecidas para
valorizar a aferição da PA e assegurar sua realização pelos profissionais de
saúde neste grupo etário.
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Introdução: As glomerulopatias ainda são consideradas, equivocadamente,
condições benignas na criança, porém se sabe que, em até 26% dos casos, essas doenças evoluem para insuficiência renal crônica. O diagnóstico das glomerulopatias depende do conjunto das manifestações clínicas, dos achados
laboratoriais e da análise histopatológica, esta realizada a partir da biópsia
renal, que tem sido de suma importância para a compreensão dos diferentes
tipos histológicos e na orientação dos pacientes quanto ao prognóstico de
tais doenças. Objetivo: Identificar os resultados de biópsias renais realizadas
em crianças e traçar um perfil histopatológico, clínico e laboratorial das glomerulopatias nessa população. Metodologia: Estudo descritivo transversal, retrospectivo, com análise quantitativa de biópsias renais realizadas em crianças
atendidas na Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, no período de
janeiro de 2002 a julho de 2008. Encontradas 110 biópsias renais, porém, deste
total, foram excluídas 11, por não apresentarem material suficiente para estudo
histológico e imunofluorescência. A avaliação histológica do fragmento renal
foi realizada por meio de microscopia óptica, utilizando-se as colorações HE,
prata metenamina, PAS e tricômio de Masson e através da imunofluorescência direta, utilizando-se soro anti-imunoglobulina, antifibrinogênio, anticomplemento. Resultados: A Lesão histológica mínima (LHM) foi a glomerulopatia mais
frequente, diagnosticada em 60% dos pacientes, seguida da glomeruloesclerose segmentar e focal (GESF) em 10%, glomerulonefrite membranoproliferativa
em 10%, glomerulonefrite crescêntica em 7%, glomerulonefrite membranosa
em 6%, glomerulonefrite membranoproliferativa em 4%, glomerulonefrite endocapilar em 1%, nefropatia por IgA em 1% e glomerulopatias não tipáveis em
1%. Dentre os achados clínicos, o edema esteve presente em 75,6% dos pacientes. A proteinúria foi o achado laboratorial mais frequente (79, 3%), seguido
de hematúria (62,1%); 53% dos pacientes eram do sexo masculino, com média
de idade entre 7 e 10 anos. Conclusão: A LHM foi a lesão renal primária mais
frequente, seguida de GESF. O sexo masculino foi o mais acometido, a média de
idade foi dos 7 aos 10 anos. O edema e a proteinúria foram os achados clínicolaboratoriais mais encontrados. A identificação das principais glomerulopatias
na população pediátrica, no estado do Pará, região norte do Brasil, contribui
para a casuística nacional das glomerulopatias na infância.
QUALIDADE DE VIDA DE DOADORES E NÃO DOADORES DE
RIM E OS ASPECTOS BIOPSICOSSOCIAIS ENVOLVIDOS NO
TRANSPLANTE PEDIÁTRICO
Autores: Cláudia Hilgert/HSL-PUCRS; Gibsi P. Rocha/HSL-PUCRS; Ana
Maria T. Verçoza/HSL-PUCRS; Evelyn Vigueras/HSL-PUCRS; Larissa Ferreira Rios/HSL-PUCRS; Lauro Toffolo/HSL-PUCRS; Márcia A. Coutinho/HSLPUCRS; Martina Cezar Kopittke/HSL-PUCRS; Mayara Mayer/HSL-PUCRS;
Vinicius Correa da Luz/HSL-PUCRS; Norma Escosteguy/HSL-PUCRS
Objetivo: Avaliar a qualidade de vida de pais doadores e não doadores
de rim e os aspectos biopsicossociais envolvidos no transplante renal de
pacientes pediátricos. Metodologia: Este é um estudo do tipo seccionaltransversal. A pesquisa foi realizada com 31 pais de pacientes transplantados que fazem acompanhamento regular com a Dra. Ana Maria Verçosa,
no ambulatório de nefrologia pediátrica do HSL/PUC-RS. Realizamos entrevista por meio de questionários individuais entregues aos pais, doadores e não doadores. A amostra foi composta por 61 pais, 15 doadores e 46
não doadores, avaliados durante 6 meses. Os entrevistados responderam
a dois questionários elaborados pelos autores e ao questionário SF-36. A
análise estatística foi realizada no programa SPSS. As técnicas estatísticas consistiram de tabelas de contingências, testes qui-quadrado, MannWhitney e Teste de Monte Carlo para a obtenção de significância do teste
qui-quadrado de 5%. Resultados: A qualidade de vida de doadores e não
doadores apresentaram as seguintes médias nos 8 domínios do SF 36:
Capacidade Funcional, 92,5/90; Aspecto Físico, 100/100; Dor, 72/72; Estado
Geral de Saúde, 89,5/82; Vitalidade, 60/65; Aspecto Social, 100/87,5; Aspecto Emocional, 100/100 e Saúde Mental, 68/68. Não houve diferença significativa quanto à comparação entre a qualidade de vida de pais doadores
e não doadores. Conclusões: Apesar de não termos encontrado diferença
significativa entre a qualidade de vida de pais doadores e não doadores
de rim, acreditamos que esta pesquisa reforça a necessidade de se estabelecerem programas que estimulem a doação entre vivos.
14/8/2009 17:28:44
INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO (ITU) EM CRIANÇAS: QUANDO
ENCAMINHAR PARA O AMBULATÓRIO DE NEFROLOGIA
PEDIÁTRICA
Autores: Tatiana Rocha Bastos/FAMEMA; Tamira Alvares Teles/FAMEMA; Inaiê Rodrigues Luz/FAMEMA; Mauricio Braz Zanolli /FAMEMA
Introdução: No período da infância e da adolescência, as vulvovaginites
(VV) e as balanopostites (BP) podem causar sintomas urinários, mas nem
sempre com evidência de ITU; no entanto, muitas vezes são prescritos
antibióticos desnecessariamente. Além disso, o tratamento inadequado
dessas condições podem levar a ITU. A obstipação intestinal (OI) pode
também favorecer e ser fator causador de ITU e ITU de repetição. Objetivo: Analise retrospectiva dos prontuários de pacientes atendidos no
Ambulatório de Nefrologia Pediátrica da FAMEMA com encaminhamento
por ITU, ITU de repetição, queixas urinárias e outros (malformações, febre
a esclarecer, hidronefrose, insuficiência renal aguda), com a finalidade de
verificar encaminhamentos incorretos, ou seja, não confirmados de ITU,
tratando-se apenas de VV ou BP; e averiguação dos casos de ITU cuja
condição associada provável que levou a ITU foi VV, BP ou OI, em que o
manejo das causas de base poderia ser realizado na atenção primária,
tornando o encaminhamento desnecessário. Método: Selecionaram-se
131 prontuários atendidos entre 1999 a 2007, sendo analisados os seguintes dados: sexo, idade, procedência, diagnóstico de encaminhamento,
confirmação diagnóstica, presença de OI, VV, BP, litíase, malformações e
outras patologias associadas ao quadro, tempo de seguimento, tratamento e alta. Foram excluídos 31 com dados insuficientes. Os resultados foram
codificados em uma tabela do Microsoft Excel e realizada análise inicial.
Resultados: Dos 100 prontuários selecionados, 93 foram encaminhados
por ITU, ITU de repetição ou queixas urinárias. Em 65% dos prontuários
selecionados, confirmou-se ITU. Destes, 26,15% estavam associados à OI
isoladamente, 32,31%, à VV, e 18,46 %, a VV e OI. Dos não confirmados
(35%), 62,86% tratavam-se apenas de VV, e 5,7% de BP. No total, foram
87% dos pacientes que poderiam ser acompanhados na atenção primária. Das ITUs não confirmadas, 17,1% provinham do serviço interno (interconsultas, pronto-socorro), 17,1% provinham de Unidades de Saúde da
Família, 48,6%, de Unidades Básicas de Saúde, 14,3%, de outros serviços
e, em 2,9%, não consta encaminhamento no prontuário. Conclusão: Existe
necessidade de melhor avaliação das ITUs nos atendimentos primários e
secundários antes de serem encaminhados para o ambulatório Nefrologia
Pediátrica.
MANIFESTAÇÕES RENAIS NA SÍNDROME DE JOUBERT
Autores: Maria Cristina de Andrade/UNIFESP; Ana Paula Weiss/
UNIFESP; João Tomas de Abreu Carvalhaes/UNIFESP
Objetivo: Descrever caso clínico de um paciente com Síndrome de Joubert
associado com alterações renais. Descrição do caso: Paciente de 2 meses
admitida com quadro hipotonia e hiperpneia. Ao exame físico, observaram-se,
além da respiração irregular, movimentos oculares anormais e hipertensão
arterial; não sendo evidenciadas alterações na ausculta cardíaca e pulmonar.
Durante investigação clínico-laboratorial inicial, as causas cardíacas e pulmonares foram descartadas. Aventaram-se hipóteses diagnósticas de patologias
neurológicas com doença renal. Os exames laboratoriais mostraram presença de alcalose respiratória, acidose metabólica e hipercalemia, com função
renal normal. A ressonância magnética evidenciou alterações neurológicas
compatíveis com “sinal do dente molar”, imagem frequentemente associada à Sindrome de Joubert. Levando-se em consideração a associação dessa síndrome com alterações renais, a investigação nefrológica demonstrou
imagens císticas em parênquima renal. Comentários: Patologias cardíacas e
pulmonares estão frequentemente associadas com manifestações clínicas
como taquipneia e distúrbios metabólicos. Entretanto, pode ser necessária
investigação neurológica porque diversas doenças que acometem o sistema
nervoso central apresentam tais alterações. A associação entre alterações
renais e malformações de sistema nervoso central é frequente em diversos
processos sindrômicos, justificando-se sua investigação. A Síndrome de Joubert e as desordens a ela relacionadas caracterizam-se por aplasia do vermix
cerebelar, ataxia, movimentos oculares anormais, respiração irregular e retardo do desenvolvimento neuropsicomotor. As alterações renais mais comuns
são os cistos renais e a nefronoftise, que pode progredir para doença renal
terminal. Palavras-chave: Insuficiência renal; hipotonia muscular; manifestações oculares; ataxia.
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INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA EM CRIANÇAS COM
SÍNDROME NEFRÓTICA
Autores: Lívia Cláudio de Oliveira/Unicamp; Vera Maria Santoro
Belangero/Unicamp; Sumara Zuanazi Pinto Rigatto/Unicamp; Anna
Cristina Gervasio de Brito Lutaif/Unicamp; Rosângela Corghi Gonçalves/
Unicamp; Thalita Vera Ribeiro Valim/Unicamp; Suellen Bianca Stopa
Martins/Unicamp; Larissa Camargo Passerotti/Unicamp
Introdução: A Síndrome Nefrótica (SN) na infância pode ter complicações
graves nos períodos de descompensação da doença, como a insuficiência
renal aguda (IRA). No entanto, existem poucos relatos na literatura de IRA
renal relacionada à SN. Objetivo: Avaliar fatores de risco na IRA em SN na
infância. Material e Métodos: Estudo retrospectivo de todos os casos de
IRA não pré-renal em crianças e adolescentes em acompanhamento na
Unidade de Nefrologia Pediátrica da Unicamp. IRA durante o episódio de
descompensação foi definida como aumento da creatinina acima de 50% do
nível basal por pelo menos 2 semanas, descartadas as de causas pré-renais
(resposta rápida à reposição volêmica e albumina) e as relacionadas à
evolução natural da doença (perda irreversível da função renal). Resultados: Sete pacientes preencheram critérios: idade média de 8,6 ±
4,5 anos; tempo médio de evolução da doença de 6,1 ± 4 anos, sendo
3 corticossensíveis, 3 corticodependentes/recidivantes frequentes e
um corticorresistente. Cinco pacientes tinham biópsia com SN por Lesões
Mínimas. Somente 2 dos 7 pacientes foram atendidos na Unidade. Os demais receberam atendimento inicial em outro serviço e foram encaminhados
posteriormente. A creatinina anterior à IRA era de 0,39 ± 0,12 mg%, atingindo
nível máximo de 2,9 ± 3,1 mg%. Todos os pacientes apresentavam proteinúria nefrótica (8,75 ± 6,2 g/24h) e hipoalbuminemia (1,5 ± 0,49 mg/dL) durante
o evento. Dentre os possíveis fatores de risco para IRA, diarreia, vômitos
e/ou desidratação foram presentes em 5/7 pacientes, e infecção do trato
urinário em 1 paciente. Uso de uma ou mais drogas nefrotóxicas em vigência da descompensação, precedendo o episódio de IRA, evidenciou-se em
5/7 pacientes (furosemida em 4, inibidor de ECA em 4, ciclosporina em 4 e
amicacina e cefalosporina em 1). Todos os pacientes receberam terapia de
suporte e 3 necessitaram de terapia dialítica (por 10 ± dias). Houve recuperação da função renal em todos os casos, com retorno da creatinina ao nível
basal em 32 ± 10 dias. Discussão: Como em 5/7 pacientes foram detectados
fatores de risco previsíveis (uso de drogas nefrotóxicas e diurético), deve-se
salientar a importância da suspensão da ciclosporina e inibidor de ECA, da
correção da dose dos antibióticos nefrotóxicos e da não recomendação do
uso da furosemida durante a descompensação da SN.
DOENÇA RENAL CRÔNICA ESTÁGIO II A IV EM TRATAMENTO
CONSERVADOR
Autores: Emmanuela Bortoletto Santos/Hospital Pequeno Príncipe
de Curitiba; Rejane de Paula Meneses/Hospital Pequeno Príncipe de
Curitiba
Introdução: O papel do nefropediatra no acompanhamento de crianças portadoras dos diversos estágios de doença renal crônica (DRC) é fundamental para melhorar os índices de morbidade e mortalidade, além de permitir
melhores condições para o transplante renal. Pacientes e métodos: Estudo
retrospectivo a partir da coleta de dados clínicos e laboratoriais de pacientes
atualmente em acompanhamento no ambulatório de tratamento conservador.
Foram selecionados os pacientes em estágio II a IV de DRC classificados por
meio da Taxa de Filtração Glomerular (TFG) pela fórmula de Schwartz. Resultados: 70 pacientes, 30 do sexo feminino, com idade média de 9,9 ± 5,2 anos,
encontram-se em estágio II a IV de DRC. Um total de 53 pacientes é portador
de uropatia obstrutiva, 6 glomerulopatias, 5 tubulopatias, 1 trauma, 3 doença
cística renal, 2 com diagnóstico indeterminado. O tempo de acompanhamento
é de 6,3 ± 4,8 anos, com TFG inicial de 50 ± 21 e atual de 45 ± 18mL/mn/1,73m2.
Um total de 48 pacientes realizou algum tipo de cirurgia urológica, 58% apresentam HTA e recebem pelo menos 1 anti-hipertensor, 41%, acidose metabólica, e recebem bicarbonato de sódio, 39%, anemia, e recebem terapia com
ferro e 5, com eritropoetina, 33%, rarefação óssea, produto cálcioxfósforo médio de 45 ± 8.5, recebendo carbonato de cálcio, vitamina D (21) e calcitriol (13).
Quatro pacientes recebem nutrição enteral por sonda e 3 por gastrostomia. A
estatura por idade em Z-score é de -2.1 ± 1.9DP e o IMC médio é de 17.5 ± 3.6.
Conclusão: antes do estágio V, muito temos a oferecer em um programa de
tratamento conservador, retardando, de forma significativa, a necessidade de
diálise e transplante renal.
14/8/2009 17:28:44
PREVALÊNCIA DA ENURESE MONOSSINTOMÁTICA E
POLISSINTOMÁTICA EM 739 CRIANÇAS ESCOLARES
PROTEINÚRIA ISOLADA E SÍNDROME DE BARTTER COMO
DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DE CISTINOSE NEFROPÁTICA
Autores: Giovana Teixeira Branco Vaz/UFMG; Mônica Maria Almeida
Vasconcelos/UFMG; Fabiana M Silva/UFMG; Paula G Magalhães/UFMG;
Aline Lima/UFMG; Samuel Reis/UFMG; Eleonora Moreira Lima/UFMG
Autores: Thalita Vera Ribeiro Valim/UNICAMP; Vera Maria Santoro
Belangero/UNICAMP; Anna Cristina Gervásio de Brito Lutaif/UNICAMP;
Sumara Zuanaze Pinto Rigatto/UNICAMP; Liliane Cury Prates/UNICAMP
Objetivo: O presente estudo visa investigar a prevalência da enurese em
crianças escolares. Material e métodos: Trata-se de um delineamento transversal, com participação de 739 crianças (6 a 12 anos de idade), estudantes
de 3 escolas públicas: 239 da escola 1 (classe socioeconômico C), situada
em Belo Horizonte (BH), e duas escolas (classe D), escola 2 no município
de Inhaúma, com 267 alunos, e escola 3 localizada na grande BH em área
de alto risco social com 233 crianças. Realizou-se uma entrevista no próprio
ambiente escolar, com perguntas sobre os hábitos miccionais noturnos dos
alunos. Considerou-se enurese quando a criança tinha pelo menos 1 episódio
de xixi na cama por mês. Os pesquisadores perguntavam os dados da criança, de moradia, sobre a família; e se, quando a criança fazia xixi na cama,
ela ficava com raiva, ou com vergonha. Após os resultados da entrevista,
os pesquisadores entregaram uma cartilha com o propósito de orientar sobre o funcionamento do trato urinário inferior e suas manifestações para as
crianças com queixa de enurese e foram encaminhadas para uma avaliação
médica. Resultados: A enurese foi detectada em 89 (12%) crianças, sendo 50
meninas, 31 com enurese noturna polissintomática (ENP) e com 19 enurese
noturna monossintomática (ENM) e 39 meninos (28 ENM e 11 ENP). A frequência da enurese nas crianças de 6 a 8 anos foi de 59,5% e de 40,5% entre
9 a 12 anos, sem diferença estatística entre as idades, assim como entre o
sexo. Observou-se significância estatística apenas para a covariável escola.
A chance de os alunos da escola 3 apresentarem enurese foi 2 vezes maior
em relação à escola 1 (p = 0,019). Conclusões: A enurese (EN) é um problema
comum que pode ser estressante para a criança e a família. Embora EN seja
uma condição com múltiplas causas, acarreta diversas consequências para o
desenvolvimento comportamental e psicossocial das crianças portadoras do
distúrbio. A entrevista individualizada na própria escola auxiliou a selecionar
as crianças portadoras de enurese. O diagnóstico adequado possibilita a prevenção de complicações relacionadas ao trato urinário inferior, assim como
uma melhora dos aspectos emocionais.
Cistinose nefropática é uma doença hereditária grave caracterizada por acúmulo de cistina em lisossomos em múltiplos locais do organismo. A apresentação clínica mais frequente é a de Síndrome de Fanconi com insuficiência renal crônica progressiva. No entanto, a natureza polimorfa de apresentação é
possível, tendo em conta as características do gene que codifica a cistinosina.
Neste relato, o objetivo é apresentar três casos de Cistinose, sendo dois deles
com manifestação inicial de proteinúria e outro com Síndrome de Bartter. Caso
1: Paciente do sexo masculino, 8 anos, encaminhado por síndrome nefrótica
córtico-resistente e insuficiência renal crônica classe II, com biópsia renal
mostrando glomeruloesclerose segmentar focal (GESF) e necrose tubular. Em
uso de prednisona e ciclosporina e sem déficit de crescimento. Nos exames
iniciais, apresentava, além de proteinúria, glicosúria e hipofosfatemia, mas
natremia, potassemia e bicarbonato sérico normais. Na evolução, apresentou
piora da função renal e da proteinúria (180 mg/kg/dia), hipopotassemia, porém
mantendo-se sem acidose. Realizado exame de lâmpada de fenda e vistos
cristais de cistina difusamente (depósitos birrefringentes). O caso sugere
apresentação intermediária entre cistinose infantil e juvenil. Caso 2: Paciente
irmão do caso 1, com 5 anos, assintomático, investigado por antecedente familiar. Apresentava proteinúria de 20 mg/kg/dia, sem qualquer outra evidência
de tubulopatia. Ao exame de lâmpada de fenda, também foram visualizados
depósitos de cristais de cistina. Caso 3: Paciente encaminhado por retardo do
crescimento e insuficiência renal crônica grau III, poliúria e polidpsia com 2
anos. Os exames mostravam proteinúria (52 mg/kg/dia), alcalose metabólica
com hipopotassemia, hiponatremia e elevação persistente de renina e aldosterona. Evoluiu com piora da função renal, da proteinúria e aparecimento de
glicosúria. Realizado exame de lâmpada de fenda, que foi positivo para cristais de cistina. A Cistinose é uma doença com grande variabilidade fenotípica,
que deve ser lembrada dentro de vários diagnósticos diferenciais, inclusive
em casos de proteinúria isolada e de Síndrome de Bartter.
PREVALÊNCIA DA HIPERTENSÃO ARTERIAL EM PACIENTES
COM DOENÇA RENAL CRÔNICA ATENDIDOS NA UNIDADE
RENAL PEDIÁTRICA DO IMIP
Autores: Mikaela Santos Aguiar/FBVIMIP; Carlos Émerson Borges
Silva/FBVIMIP; Paula Quental Lima/FBVIMIP; Roberta Raísa Kramer
Guedes Calixto da Silva/FBVIMIP; Ana Cláudia de Aquino Carneiro/
IMIP; José Pacheco Martins Ribeiro Neto/IMIP
Introdução: Hipertensão Arterial (HA) é uma complicação frequente
nos pacientes pediátricos com Doença Renal Crônica (DRC) e
responsável por elevada morbimortalidade nesses pacientes. Objetivo:
Conhecer a prevalência da HA nas crianças com DRC, atendidas
pela Unidade Renal Pediátrica do IMIP. Material e Métodos: O
estudo retrospectivo baseou-se numa amostra de 112 pacientes (69
masculinos, 43 femininos, com idade média 11,8 ± 4,5 anos) da Unidade
Renal Pediátrica do IMIP, abrangendo os tratamentos conservador,
hemodiálise, diálise peritoneal e transplante renal. Utilizamos os
critérios do “IV Report do National Blood Pressure Education Program
Working Group on High Blood Pressure in Children and Adolescents”
(NHBPEP) para classificação de HA. Consideramos a definição de
HA não controlada como pressão arterial (PA) igual ou maior que
o percentil 90 para sexo, idade, altura, estando em uso de terapia
anti-hipertensiva; e HA controlada quando PA estiver menor que o
percentil 90, mas estavam sob terapia anti-hipertensiva. Resultados:
HA foi encontrada em 68,5% dos pacientes. Em relação aos tipos
de tratamento de DRC, obtivemos as seguintes prevalências: diálise
peritoneal 79,3%; tratamento conservador 64,7%; hemodiálise 68,7%
e transplante renal 60%. Observou-se HA não controlada em 48,7%
dos pacientes. Esse controle inadequado foi maior entre os pacientes
em HD (83,3%) versus DP (65,2%), TC (46,6%) e TX (33,3%). Conclusão:
Observamos uma elevada prevalência de HA nos pacientes com DRC.
A refratariedade ao tratamento hipotensor foi maior na HD. Estratégias
para maior controle da PA nos pacientes devem ser implantadas e, em
especial, naqueles em HD, visando diminuir o impacto cardiovascular.
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REFLUXO VESICOURETERAL PRIMÁRIO: PERFIL DE 49
PACIENTES EM CONSULTÓRIO DE NEFROPEDIATRIA
Autores: Ana Lúcia Guterres de Abreu Santos/Renal Clínica – São Luís/
MA; Ricardo Ferreira Santos/Renal Clínica – São Luís(MA)
Introdução: O refluxo vesicoureteral (RVU) é achado frequente na
investigação de crianças com infecção do trato urinário (ITU) e
hidronefrose antenatal. Objetivo: Descrever o perfil clínico e imagenológico
de 49 pacientes com RVU primário. Material e Método: Foram
avaliados, retrospectivamente, 49 pacientes portadores de RVU primário
acompanhados em um consultório de nefropediatria entre setembro de
2008 e fevereiro de 2009. Analisaram-se os seguintes aspectos: gênero,
motivo da investigação e alterações ultrassonográficas, radiológicas e
cintilográficas. Resultados: Dos 49 pacientes acompanhados, 33 (67,3%)
eram do sexo feminino, sendo o motivo da investigação episódio(s) de
ITU em 42 (85,7%) casos e hidronefrose antenatal em 7 (14,3%). O RVU foi
detectado em 64 unidades renais, sendo bilateral em 15 (30,8%) pacientes,
e, dos 34 (69,4%) casos unilaterais, 20 (58,8%) foram à esquerda, 13 (38,2%)
à direita e, em 1 (2,9%), não estava descrito o lado afetado. O grau do
RVU avaliado pela uretrocistografia miccional (UCM), de acordo com a
classificação do International Reflux Study Comitte, apresentou a seguinte
distribuição: RVU Grau I = 2 (3,2%), Grau II = 13 (20,3%), Grau III = 23 (35,9%),
Grau IV =15 (23,4%) e Grau V = 5 (7,8%), não tendo sido definido em 6 casos.
A ultrassonografia (US) foi alterada em 28 (57,2%) pacientes investigados
por ITU. Dos 21 (42,8%) casos sem alterações na ecografia, 4 (19%) tinham
RVU Grau I ou II, 13 (62% ), RVU Grau III, 3 (14,2%), RVU Grau IV, e um caso
não foi graduado. Malformações renais associadas foram detectadas em
7 (14,2%) casos, sendo a mais frequente duplicidade pielocalicial (4/7).
A cintilografia renal com ácido dimercaptossuccínico (DMSA) esteve
alterada em 32 (65,3%) pacientes, evidenciando cicatrizes renais em 30
(93,7%) e exclusão funcional em 2 (6,3%) casos. Conclusão: O perfil clínico
foi semelhante ao relatado na literatura e os achados imagenológicos do
presente estudo reforçam a necessidade da investigação de RVU após
ITU, ainda que a ultrassonografia não evidencie alterações, bem como a
realização do exame cintilográfico à procura de dano renal.
14/8/2009 17:28:45
INSUFICIÊNCIA RENAL POR OXALOSE PRIMÁRIA – QUANDO
SUSPEITAR
LEISHMANIOSE VISCERAL E INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA:
RELATO DE CASO
Autores: Daniel Bruno Bentes Simões Zancanaro/Hospital de Base do
Distrito Federal; Dilma Ferreira da Silva/Hospital de Base do Distrito
Federal; Maya Caetano Paes de Almeida/Hospital de Base do Distrito
Federal; Sheila Viviane Assunção Nóbrega/Hospital de Base do Distrito
Federal; Kélia Regina Xavier/Hospital de Base do Distrito Federal
Autores: Marcela Corrêa de Araújo Pandolfi/IMIP; José Pacheco M
Ribeiro Neto/IMIP; Luiz Antônio Magnata da Fonte Filho/IMIP; Ana
Cláudia de Aquino Carneiro/IMIP; Iracy Oliveira de Araújo/IMIP; Auristela Pimentel de Silva Lins/IMIP
Objetivo: Descrever o caso de um lactente com quadro de insuficiência renal
cuja investigação clínica indicava insuficiência renal aguda pré-renal, porém
cujo diagnóstico final foi de uma doença rara, a oxalose primária. Método:
Análise do perfil clínico, laboratorial e histopatológico, ressaltando as condições que determinaram a injúria renal. Resultado: Lactente do sexo masculino,
eutrófico até o 2º mês de vida. Evoluiu aos 5 meses com quadro de diarreia
aguda associada à febre e a alterações respiratórias. Na segunda visita ao
serviço de emergência, 48 horas após a primeira avaliação, constatou-se insuficiência renal e respiratória associada à sepse. Os exames de admissão
demonstraram retenção azotada grave (creatinina de 9,7 mg/dL, ureia de 220
mg/dL), hipocalemia (2,9 mEq/L), acidose metabólica (bicarbonato sérico de
17,6 mEq/L), anemia (hemoglobina de 6,7mg/dL) e leucocitose leve com predomínio de neutrófilos sem desvio à esquerda. Foi internado na Unidade de
Terapia Intensiva por 25 dias, mantendo-se em terapia dialítica desde então.
Associou-se ao quadro clínico hemorragia digestiva alta com diagnóstico endoscópico de duodenite e pangastrite hemorrágica. Na avaliação diagnóstica,
apresentou ecografia com rins de forma, volume e contorno normais, porém
com hiperecogenicidade difusa bilateral sugestiva de nefrocalcinose. Realizada biópsia renal cirúrgica, que mostrou deposição maciça de oxalato de cálcio
em 100% dos túbulos renais. O exame oftalmológico detectou retinopatia
de depósito avançada. Evoluiu com alteração laboratorial compatível com
colestase, sendo indicada biópsia hepática para avaliação diagnóstica e
prognóstica (em andamento). A partir do diagnóstico de oxalose primária, a
criança foi mantida com piridoxina via oral em altas doses, diálise peritoneal
e submetida à investigação laboratorial e radiológica adicionais. Conclusões:
Este caso é um alerta para pediatras e nefrologistas de que a oxalose primária
é uma doença metabólica rara, de difícil diagnóstico e que deve ser incluída
no diagnóstico diferencial de insuficiência renal do lactente. Esse caso exige
um tratamento diferenciado, com considerações éticas e técnicas a respeito
de um futuro transplante renal.
DERMATOSES EM CRIANÇAS TRANSPLANTADAS RENAIS: UM
ESTUDO TRANSVERSAL COM 199 PACIENTES
Autores: Clotilde Druck Garcia/UFCSPA; Fernanda Razera/UFCSPA;
Luciana Weis/UFCSPA; Ana Paula Manzoni/UFCSPA; Renan Rangel
Bonamigo/UFCSPA; Magda Blessmann Weber/UFCSPA; Viviane de
Barros Bittencourt/UFCSPA
Introdução: Assim como na população adulta, a realização de transplantes
de órgãos sólidos vem aumentando também na população pediátrica. A imunossupressão medicamentosa prolongada ocasiona aumento e alteração
na forma de apresentação de diversas doenças. O estudo de uma amostra
importante de um grupo de transplantados pediátricos poderá contribuir para
acréscimo na compreensão quanto às dermatoses apresentadas. Materiais e
Métodos: Em estudo transversal, entre outubro de 2007 e outubro 2008, todos
os pacientes que estavam em acompanhamento no ambulatório de transplante renal pediátrico do Hospital da Criança Santo Antônio foram avaliados pela
equipe de Dermatologia da UFCSPA. Foi realizada uma análise de frequência
das dermatoses e utilizado o teste qui-quadrado para uma análise bivariada.
Resultados: Foram avaliados 199 pacientes (sem perdas), 44,7% eram do sexo
feminino, a média de idade foi de 14,14 anos (DP±: 5,6). O tempo médio entre o
transplante e a avaliação foi de 41,46 meses e 80% da população apresentava
alguma dermatose. Dentre as dermatoses encontradas, destacam-se acne
(15%), verruga viral (11%), dermatite seborreica (8%) e hiperplasia gengival
(7%). Como etiologia, 33% dessas dermatoses foram atribuídas ao uso de
medicamentos e 25%, a infecções. A análise bivariada não demonstrou associação entre a presença de dermatose e a origem do rim transplantado, o
uso de corticoesteroides e o tempo de imunosupressão. O gênero feminino
demonstrou associação com a presença de dermatoses (p < 0,05). Discussão/
conclusão: Entre as crianças transplantadas renais, as dermatoses são frequentes, principalmente geradas por medicamentos ou agentes infecciosos,
e ocorrem mais em meninas. Não houve influência do esquema terapêutico e
no tempo de imunossupressão na frequência das dermatoses.
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Introdução: A leishmaniose visceral (LV) é uma infecção sistêmica causada
por protozoário do gênero Leishmania. No Brasil, é endêmica na maioria dos
estados, constituindo importante problema de saúde pública. O envolvimento
renal no curso da LV é principalmente secundário a lesões túbulo-intersticiais,
sendo raro o acometimento glomerular. Descrevemos o caso de paciente
portadora de LV associada à insuficiência renal aguda (IRA) com dano glomerular. Apresentação do caso: Paciente de 8 anos e 10 meses de idade, sexo
feminino, admitida em nosso serviço com esplenomegalia, pancitopenia, púrpura de membros inferiores e IRA (ureia = 160 mg/dL e creatinina 5,9mg/dL). O
diagnóstico de LV foi confirmado pelo encontro de leishmânias no esfregaço
de medula óssea, sendo iniciado tratamento com anfotericina B lipossomal. A
paciente evoluiu com indicação de hemodiálise. O mielograma controle após 7
dias de tratamento com a Anfotericina lipossomal foi normal. Em decorrência
da persistência de proteinúria maciça e função renal alterada, realizou-se
biópsia renal, que evidenciou glomerulonefrite crescêntica com 66% de
crescentes fibrosos e fibrocelulares com focos de atrofia tubular e fibrose intersticial. A paciente foi tratada com pulsoterapia de metilprednisolona
seguida de ciclofosfamida, observando-se melhora clínica, retorno da função
renal a valores da normalidade, com suspensão da hemodiálise e diminuição
da proteinúria. Comentários: O envolvimento renal na LV é normalmente discreto, prevalecendo formas assintomáticas com acometimento tubulointersticial. Existem poucos casos descritos com dano renal mais grave e nos quais
o tratamento apenas da LV não é efetivo, havendo necessidade de tratamento
imunossupressor associado. Os fenômenos imunológicos parecem estar relacionados tanto na patogênese da lesão glomerular como no aparecimento
da vasculite cutânea. Este caso nos forneceu a oportunidade de discutir os
aspectos clínicos e histopatológicos da nefropatia da LV, além de ter importância em alertar a classe médica, da ocorrência de complicações renais
graves pouco descritas na literatura.
MANIFESTAÇÕES NEUROLÓGICAS EM PACIENTES PÓSTRANSPLANTADOS RENAIS
Autores: Mariana Passos Raminho/Serviço de Nefrologia Pediátrica
Hospital das Clínicas Minas Gerais; Eleonora Moreira Lima/Serviço
de Nefrologia Pediátrica Hospital das Clínicas Minas Gerais; Mariana
Guerra Duarte/Serviço de Nefrologia Pediátrica Hospital das Clínicas
Minas Gerais; José Maria Penido Silva/Serviço de Nefrologia Pediátrica Hospital das Clínicas Minas Gerais; Cristiane dos Santos Dias/
Serviço de Nefrologia Pediátrica Hospital das Clínicas Minas Gerais
Os pacientes transplantados fazem uso de medicações com efeitos de
neurotoxicidade. Objetivo: Relatar 2 casos em pós-transplante renal que
evoluíram com manifestações neurológicas. Materiais e Métodos: Estudo
observacional descritivo constando de relato de 2 casos. Resultados: Caso
1: A.G.S., 12 anos, com Insuficiência Renal Crônica em Diálise Peritoneal,
submetida a transplante renal em outubro de 2007, em uso de Tacrolimus,
Micofenolato sódico e Prednisona. Apresentou episódios de crises
convulsivas associado a rebaixamento do nível de consciência, hipotensão,
piora da função renal e mostrando na Tomografia de Crânio apagamentos dos
sulcos. Iniciou com Fenitoína e posterior com Carbamazepina. Após 20 dias de
uso desta medicação, evoluiu novamente com episódios de crise convulsiva.
Foi suspenso Tacrolimus e iniciada Rapamicina sem relato de novas crises.
Caso 2: G. G. J., 9 anos, com Insuficiência Renal Crônica, devido a Uropatia
Obstrutiva e Displasia Renal Bilateral, submetido ao segundo transplante
renal em agosto de 2008. Após 6 meses de seguimento, apresentou 3
episódios de crise convulsiva generalizada, associados a hipertensão
arterial, distúrbios visuais e piora da função renal. A Ressonância Magnética
de encéfalo não mostrou alterações. Fez uso de Fenitoína e posterior de
Lamotrigina, diminuindo-se a dose de Tacrolimus, sem apresentar novas
crises. Conclusão: O uso de Tacrolimus está associado ao quadro de PRES
(Síndrome de encefalopatia posterior reversível). Essa síndrome deve ser
suspeitada em todos os pacientes que apresentam sinais como hipertensão
arterial, alterações visuais, confusão mental e piora da função renal.
14/8/2009 17:28:45
MICOFENOLATO MOFETILA NO TRATAMENTO DAS
GLOMERULOPATIAS EM CRIANÇAS
NEFROPATIA POR IGA E PARACOCCIDIOIDOMICOSE
BRASILIENSIS
Autores: Rejane de Paula Meneses/Hospital Pequeno Príncipe de Curitiba; Karen Previdi Olandoski/Hospital Pequeno Príncipe de Curitiba;
Evelise Tissori Vargas/Hospital Pequeno Príncipe de Curitiba; Heloisa
Arantes Zanin/Hospital Pequeno Príncipe; Krissia Kamile Singer Wallbach/Hospital Pequeno Príncipe
Autores: Sumara Zuanazi Pinto Rigatto/Unicamp; Vera Maria Santoro
Belangero/Unicamp; Ricardo Mendes Pereira/Unicamp; Lívia Cláudio
de Oliveira/Unicamp
Este estudo tem o objetivo avaliar a resposta terapêutica do Micofenolato
Mofetila (MMF) em crianças portadoras de glomerulopatias primárias ou
secundárias. Foram selecionados 44 pacientes portadores de síndrome
nefrótica (SN) primária ou secundária, que completaram 12 meses de tratamento com MMF. A dose inicial foi de 500 ± 100 mg/m2/dia em 2 ou 3 doses,
em monoterapia ou em combinação com prednisona (PRED) ou deflazacort
(DFZ), chegando à dose mx de 1100 ± 100 mg/m2/dia (mx 2 g/dia). Se conversão da Ciclosporina (CsA) para MMF, dose inicial do MMF com redução
de 50% da CsA por uma semana. A associação com PRED ou DFZ, 2 ou 2,5
mg/kg/dia, foi indicada nos pacientes em recaída no início do estudo. Significância foi definida com p < 0,05. 44 pacientes, 18 meninas e 26 meninos,
com idade de 10,3 ± 4,6 anos, com SN há 60 ± 46 meses, foram avaliados.
Em 22 pacientes, o MMF foi o primeiro imunossupressor utilizado, 14 não
haviam respondido a outro imunossupressor, 8 realizaram conversão por
nefrotoxicidade a CsA na biópsia ou redução na taxa de filtração glomerular
(TFG). 22 pacientes eram corticodependentes (CD) e 22 corticorresistentes
(CR). Entre os 22 CD, o número de recaídas nos 6 meses pré-MMF e, nos 6
e 12 meses, pós-MMF foi de 30, 14 e 9 recaídas. 15 estavam em recaída no
início do estudo, 9 aos 6 meses de MMF e 4 aos 12 meses. 41 biópsias: 17
GESF, 14 LGM, 4 PMD, 6 GNC (2 LES). A dose do MMF no início do estudo foi
de 560 ± 103 mg/m2/dia e, aos 12 meses, foi de 1093 ± 266 mg/m2 /dia. A dose
cumulativa de corticoide foi de 131 mg, 112 mg e 39 mg aos 6 meses pré, 6
e12 meses pós-MMF. Resposta ao MMF: 20 e 17, resposta parcial aos 6 e 12
meses, 5 e 4 sem resposta aos 6 e 12 meses. O índice de hospitalizações, nos
6 meses pré-MMF, foi de 0,9/paciente e, nos 6 e 12 meses pós-MMF, foi de
0,25 e 0,07. Diferença significativa foi encontrada para proteinúria (1,0, 0,7 e
0,4 g/dia) p = 0.0046, proteinemia (5,5 ± 1,1, 6,0 ± 0,9 e 6,1 ± 0,8 g%), p = 0,0019,
albumina (3,1 ± 0,8, 3,4 ± 0,7 e 3,5 ± 0,8 g%) p = 0,0115, colesterol total (316 ±
181, 238 ± 109 e 185 ± 66 mg%) p < 0,0001. Houve boa evolução da função renal: creatinina (0,65 ± 0,24, 0,59 ± 0,20 e 0,57 ± 0,18 mg%), p = 0,048 e TFG (123
± 29, 136 ± 31 e 144 ± 33 mL/mn/1,73m2) p < 0,0001). Este estudo demonstra
a eficácia do tratamento com MMF, na ausência de nefrotoxicidade, com
melhora na morbidade e na qualidade de vida das crianças portadoras de
glomerulopatias. Observou-se que o efeito desejado do MMF ocorre após
alguns meses de tratamento, muitas vezes além dos 6 meses.
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE CRIANÇAS COM DOENÇA
RENAL CRÔNICA
Autores: Maria Cristina de Andrade/UNIFESP; Ana Paula Brecheret/
UNIFESP; Ulysses Fagundes/UNIFESP; Marise Lazaretti Castro/
UNIFESP; João Tomas de Abreu Carvalhaes/UNIFESP
Introdução: Desnutrição energético-protéica é uma complicação frequente
em portadores de doença renal crônica e contribui para aumentar a morbimortalidade nesses pacientes. Casuística e Métodos: Foram estudados 49
pacientes, sendo 21 (42,8%) meninas, com idades entre 5,3 a 19,5 anos (mediana: 11,7). Os pacientes foram distribuídos em três grupos: Grupo 1: tratamento conservador com clearance entre 37-75 ml/min/1,73 m2; grupo 2: clearance entre 15-37 ml/min/1,73 m2 e grupo 3: pacientes em diálise (clearance
<15ml/min/1,73m2). Análise estatística: dados apresentados como escore Z
e comparação entre os grupos realizada por meio da Análise de Variância
(ANOVA), com nível de significância de 5%. Resultados: Os valores médios
dos escores-Z do peso/idade (P/I), estatura/idade (E/I) e índice de massa
corpórea/idade (IMC/I) não apresentaram diferenças estatisticamente significantes entre os grupos. Com relação ao escore-Z P/I, os valores foram:
Grupo 1: -1,9 ± 1,8; grupo 2: -2,6 ± 3,1 e grupo 3: -2,5 ± 1,4 (p = 0,468). Quanto
à E/I, tivemos os seguintes resultados: Grupo 1: -1,5 ± 1,2; grupo 2: -2,3 ± 1,8
e grupo 3: -2,1 ± 1,1 (p = 0,181), enquanto o IMC/I demonstrou: Grupo 1: -1,2
± 1,4; grupo 2: -1,7 ± 3,9 e grupo 3: -1,6 ± 1,3 (p = 0,819). Baixa estatura foi
diagnosticada em 19 crianças e baixo peso em 22, distribuídas igualmente entre os grupos. Conclusão: As crianças estudadas apresentaram alto
índice de desnutrição, sem diferença do estado nutricional entre crianças
em tratamento conservador e dialítico, nem entre aquelas em tratamento
conservador quando considerado o grau de insuficiência renal.
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Apresenta-se um caso de Nefropatia por IgA associada a Paracoccidioidomicose brasiliensis. Na literatura, não se encontrou descrição de caso semelhante. A paciente, de 6 anos, apresentava quadro de dor abdominal há 1 ano,
com exames iniciais de protoparasitológico e urina I normais. Há 6 meses
havia piora da dor, vômitos e aparecimento de nódulos dolorosos no pescoço. Há 1 mês, febre alta diária, perda de peso (4 kg), palidez progressiva, e,
há 15 dias, urina cor de Coca-Cola. Proveniente de zona urbana de cidade
metropolitana, da qual nunca saíra, não apresentava antecedentes pessoais ou familiares relevantes. A biópsia ganglionar definiu diagnóstico
de paracoccidioidomicose. A investigação renal demonstrou hematúria de
> 100 hemáceas/campo com codócitos e acantócitos, cilindros hialinos, granulosos, hemoglobínicos e leucocitários; Proteinúria de 24 horas de 420 mg;
relação urinária de alfa 1 microglobulina/creatinina aumentad; Clearance de
creatinina: 28 ml/min/1,73m2; Calciúria de 24 horas 4,5 mg/kg/dia; Uricosúria de
24 horas 16 mg/kg/dia; C3 e C4 normais; Ac anti-DNA e FAN negativos. A biópsia renal evidenciou Nefropatia por depósitos paramesangiais de IgA. Com
o tratamento da infecção, houve resolução da doença renal em 5 meses. A
paciente está há mais de 4 anos sem medicamentos, não apresentou recidiva
da infecção e mantém urina I, microalbuminúria e função renal normais. A
associação temporal entre a manifestação renal e a paracoccidioidomicose
sugere relação direta de imunopatogenicidade. Teria havido modificação estrutural da IgA circulante (sistêmica ou mucosa) relacionada ao agente e/ou
a fatores genéticos do hospedeiro, favorecendo deposição de IgA e processo
inflamatório e proliferativo renal? Ou clearance inadequado de imunocomplexos de IgA por hiperprodução de IgA frente à estimulação antigênica fúngica
de longa data? Raros relatos de N. IgA e Tuberculose remetem à possibilidade
de imunopatogênese similar: em ambos, há apresentação antigênica inicial
na barreira mucosa respiratória, estímulo imune celular e humoral e antigenicidade prolongada. Este relato reforça a possibilidade na N. IgA de
diferentes mecanismos etiológicos e imunopatogênicos e, consequentemente, diferentes prognósticos: faces de doenças diferentes?
LATIN AMERICAN PEDIATRIC RENAL TRANSPLANT REGISTRY:
2004-2008
Autores: A. Delucchi, Goulart P., Koch P., Pestana M., Garcia C, Bittencourt V., Lillo AM, Ariza M., Bosque M., Carvalho D., Matuck T., Meneses R., Kotsifas C., Monteiro L., David E., Pinto V., Prates L., Belanguero
V., Lima E., Penido JM., Benini V., Laranjo S., Lima E., Silva JM., Ort/Latin
america registry-ALANEPE
Aim: to report the results of Latin American centers with a pediatric renal
transplant (RTx) program. Methods: analysis of RTx data in patients transplanted with ≤ 18 years, from January 2004 to December 2008. Demographics and
patient/graft survival were reported. Mean follow-up was 19.4 ± 8.8 months.
Reports were obtained from 13 countries (33 centers): Brazil (9), Argentina
(4), Chile (5), Venezuela (4), Peru (2), Mexico (2) and Cuba, Colombia, Costa
Rica, Nicaragua, Guatemala, Ecuador, Paraguay (1). Results: data from 1440
RTx was obtained. Mean age at Tx was 11.6 ± 4.3y, 55% of the receptors were
male. Etiology of ESRD: uropathy/vesicoureteral reflux/hypoplasia/dysplasia
(39.1%), glomerulopathy (22.9%), including 126 (11%) FSGS, congenital/hereditary (6.3%) vascular (4.3%), unknown (19.2%). The donor was deceased in
54.3%. Initial immunosupression was IL2RAb: 71%, ATG/TIMO: 13%, no induction 14%, Tacrolimus 64%, Cyclosporin 32%, MMF 54%, MPS 20%, no mTORi
96%, Steroid 90%, Steroid free/steroid withdrawal 10%. There were 136 (12%)
graft losses: death with a functioning kidney (3.4%), vascular thrombosis
(2.8%), acute rejection (2.8%), recurrence of kidney disease (1%). There were
47 deaths, infection was the main cause (48,9%). One, 2, 3 and 4 year patient
survival rates were respectively 96%, 95%, 95%, and 92%. One, 2, 3 and 4 year
LD graft survival rates were respectively 94%, 92%, 91% and 91% and DD rates
were 87%, 87%, 81%, 80%. LD graft and patient survival were better (p < 0.008
and p < 0.001). Conclusion: Collaborative pediatric renal transplant registry initiative is beginning in Latin American countries. The results are comparable to
the international experience. Efforts are being made to provide an online entry
of data in order to facilitate the report and provide an exchange of information
among the participating centers as well as with other centers in the world.
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OCORRÊNCIA DE TROMBOSE EM FÍSTULA ARTERIOVENOSA
CONCOMITANTE AO USO DE CONTRACEPTIVOS ORAIS: RELATO DE 3 CASOS
Autores: Regina Araujo Souza/UFMG; Mariana Guerra Duarte/UFMG;
José Maria Penido Silva/UFMG; Eleonora Moreira Lima/UFMG
A infertilidade e os ciclos anovulatórios são usuais entre mulheres com Insuficiência Renal Crônica (IRC), em tratamento dialítico. Apesar disso, várias
pacientes, na maioria adolescentes, necessitam usar contraceptivos, seja
para controle da excessiva perda sanguínea menstrual, seja como método
contraceptivo. O objetivo deste estudo é mostrar a associação entre uso de
contraceptivos orais e trombose de fístula arteriovenosa (FAV) em pacientes
com IRC em hemodiáise. No Centro Dialítico Herculano Mourão Salazar (HC
UFMG), referência para Nefrologia Pediátrica no estado de Minas Gerais, são
atendidas, em média, 14 adolescentes do sexo feminino em tratamento hemodialítico. Detectou-se trombose de FAV concomitante ao uso de anticoncepcionais em 3 pacientes. Esse número corresponde a 21,4% das adolescentes em hemodiálise e 100% das adolescentes em uso de anticoncepcionais.
Nenhuma era fumante, tinha diagnóstico prévio de doença vascular, diabetes
mellitus e/ou Lúpus Eritematoso. Estudos recentes mostram maior risco de
trombose venosa em pacientes que estão em uso de contraceptivos orais
com altas doses de estrogênio, quando comparados com os de baixa dose. Já
existem no mercado contraceptivos compostos apenas de progestagênios.
Conclusão: O aumento do risco de trombose de FAV concomitante ao uso de
contraceptivos aponta para uma avaliação criteriosa do uso e escolha do tipo
de medicamento, visando não só usufruir dos benefícios da medicação, mas
também prevenir a trombose e a falência dos acessos vasculares, cuja patência é essencial para a qualidade do tratamento e sobrevida do paciente.
PERFIL GINECOLÓGICO DAS PACIENTES TRANSPLANTADAS
DO HOSPITAL DA CRIANÇA SANTO ANTONIO – SANTA CASA
DE PORTO ALEGRE
Autores: Danitza Thomazi Gassen/Complexo Hospitalar Santa Casa de Porto
Alegre; Liliane Diefenthaler Herter/Complexo Hospitalar Santa Casa de Porto
Alegre, UFCSPA; Andréia Colombo/Complexo Hospitalar Santa Casa de Porto
Alegre; Camila Pereira Paim/Complexo Hospitalar Santa Casa de Porto Alegre; Viviane Barros/Complexo Hospitalar Santa Casa de Porto Alegre; Clotilde
Garcia/Complexo Hospitalar Santa Casa de Porto Alegre
Introdução:: A prevalência de disfunção ovariana é elevada em mulheres com
insuficiência renal crônica e parece resultar da disfunção em diversos níveis
do eixo hipotálamo-hipófise-ovariano (HH0). Essas pacientes costumam
apresentar ciclos irregulares, amenorreia, atraso no desenvolvimento
puberal, baixa estatura. No entanto, em pacientes transplantadas renais,
há melhora da função renal, da função endócrina do eixo HHO, incluindo a
melhora da fertilidade. Objetivo: Avaliar o perfil ginecológico das pacientes
transplantadas no Hospital da Criança Santo Antonio do Complexo Hospitalar Santa Casa de Porto Alegre. Materiais e Métodos: Foram selecionadas 48
pacientes transplantadas de 10 a 27 anos atendidas no ambulatório de Ginecologia Infanto-Juvenil de março/2006 a março/2009. Resultados: A média de
idade foi de 16,8 anos (10 a 27 anos) e a média de idade no momento do transplante foi de 11,5 anos (3-17 anos). Em 15 pacientes (33,3%), a menarca ocorreu antes do transplante, com média de idade de 11,7 anos (9-14 anos). Nas 31
pacientes (67,4%) em que a menarca ocorreu após o transplante, a média de
idade foi de 13 anos (11-17 anos). Vinte pacientes (41,7%) tinham vida sexual
ativa. A média da sexarca foi aos 15,9 anos (13-19 anos) e todas elas usavam
algum método contraceptivo. O método contraceptivo mais utilizado foi a pílula anticoncepcional oral (ACO) em 8 pacientes (40%), condom em 2 (10%), injetável trimestral em 2 pacientes (10%), injetável mensal em 2 pacientes (10%),
implante de progestágeno em 2 pacientes (10%) e pílula de progestágeno em
1 paciente, sendo que 1 não usava, pois tinha Síndrome de Mayer-RokitanskiKüster-Hauser. Das pacientes avaliadas, 16 já haviam realizado preventivo do
câncer de colo uterino, sendo 14 normais e 2 com lesão intraepitelial de baixo
grau. Vinte e duas pacientes (49%) tinham altura no percentil igual ou menor
que 5. A média da altura das 10 pacientes com 18 anos ou mais foi de 149,4 cm.
Conclusões: Na maioria das pacientes, a menarca ocorreu após o transplante
e o crescimento estatural ficou comprometido. Todas as pacientes com vida
sexual ativa usavam algum método contraceptivo. A contracepção após o
transplante é extremamente importante, já que a taxa de fertilidade aumenta
consideravelmente e a gestação tem maior morbidade materna e fetal.
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SÍNDROME DE RUBINSTEIN-TAYBI COM INSUFICIÊNCIA
RENAL CRÔNICA – RELATO DE CASO
Autores: Johnathan Santana de Freitas/UFG; Alessandra Vitorino Naghettini/UFG; Cláudia Maria Salgado/UFG; Patrícia Marques Fortes/UFG
Introdução: A Síndrome de Rubinstein-Taybi (SRST) é caracterizada por alterações faciais sindrômicas, retardo mental e polegares e hálux largos. Tem
causa mal definida, com cerca de 18 anomalias genéticas associadas. Os
achados clínicos são variáveis: alterações craniofaciais, neurológicas, ortopédicas, odontológicas, cardíacas, genitourinárias, oftalmológicas etc. Apresentamos relato de caso da síndrome com insuficiência renal crônica (IRC).
Caso: Paciente masculino, 9 anos, sem intercorrências neonatais, peso de
nascimento de 2560g. Microcefalia, palato alto e estreito, queixo fino, fendas
palpebrais inclinadas inferiormente, retardo do desenvolvimento neuropsicomotor, dedos das mãos e pés curtos e largos com sindactilia do dedo mínimo
bilateralmente, hipospádia. Apresentou enurese noturna, incontinência e
urgência urinária. Percentis: Peso < 10; Estatura < 2,5. Urina tipo I com proteinúria 2+. Radiografias de crânio e coluna normais. Ultrassonografia (USG) de
rins e vias urinárias: rins tópicos, de tamanho normal. Bexiga sem alterações.
Uretrocistografia miccional: sem refluxo vesicoureteral (RVU), bexiga sem alterações. Ecocardiograma: insuficiência tricúspide de grau discreto. Biópsia
renal (8 anos): “8 glomérulos. Aumento da matriz mesangial e hipercelularidade mesangial, mais de 80% de glomérulos obsolescentes e alteração tubulointersticial. Imunofluorescência: IgG 2+ no mesângio, IgM 3+ em membrana
basal glomerular, mesângio e núcleos celulares.” Evoluiu com IRC. Iniciada
terapia dialítica. Discussão: Trata-se de síndrome rara, em que 50% dos casos
têm anomalias ou doença renal, sendo as mais comuns hidronefrose, duplicações ureterais, RVU, infecção do trato urinário, litíases e síndrome nefrótica,
além de ectopia renal e válvula de uretra posterior. A USG renal de triagem
faz parte das diretrizes de seguimento clínico da doença. Pode ocorrer bexiga
neurogênica. O paciente apresentava alterações típicas da SRST e disfunção
miccional, tendo evoluído para IRC, o que não é esperado na síndrome. Por se
tratar de doença rara, é importante atentar para o fato de que podem ocorrer
alterações urinárias, visto que algumas podem levar a IRC, comprometendo a
qualidade de vida do paciente.
SÍNDROME HEMOLÍTICO-URÊMICA – ESTUDO
EPIDEMIOLÓGICO EM UBERLÂNDIA – MG
Autores: Maria Cristina de Andrade/UNIFESP; Valeria Bonetti/Universidade Federal de Uberlândia; Cristina Mangia/UNIFESP; J. Zuza/
Universidade Federal de Uberlândia; E. Andrade/Universidade Federal
de Uberlândia; M. Barcelos/Universidade Federal de Uberlândia; M.
Fonseca/Universidade Federal de Uberlândia; S. Nery/Universidade
Federal de Uberlândia; João Tomas de Abreu Carvalhaes/UNIFESP
Introdução:Oobjetivodestetrabalhofoidescreverosaspectosepidemiológicos,
clínicos e laboratoriais Síndrome Hemolítico-Urêmica (SHU) no município de
Uberlândia-MG. Métodos: Estudo clínico dos pacientes pediátricos atendidos
de janeiro de 1994 a janeiro de 2004, no setor de nefrologia pediátrica da
Universidade Federal de Uberlândia, com identificação de procedência, fator
desencadeante, tempo de internação, diálise e evolução. Resultados: Foram
estudadas 27 crianças, 70,4% do sexo masculino, com idade variando de 5
meses a 8 anos. Cerca de 81,5% dos pacientes eram provenientes da zona
urbana e 18,5%, da zona rural. Oito pacientes referiram ingestão de leite in
natura. Pródromos de diarreia foram relatados em 81,5% dos casos. Os sinais
e sintomas mais frequentes foram: febre e vômitos (85,1%), anúria (63%), crise
convulsiva (33%), comprometimento cardíaco (11%) e edema agudo de pulmão
(7,4%). Tratamento dialítico foi realizado em 20 pacientes (74%). O tempo médio
de internação foi de 25 dias (intervalo: 7 a 60 dias). No acompanhamento dos
pacientes, 2 foram a óbito (7,4%), 3 evoluíram com doença renal crônica (11%)
e 21 (77,8%) com hipertensão arterial. Discussão: Em comparação com dados
de literatura, observamos, em nossa casuística, discreto aumento na taxa de
mortalidade e de hipertensão arterial, talvez devido ao fato de que nossos
dados englobaram SHU típica e atípica, sendo que esta última apresenta
evolução menos favorável. Conclusão: Nossos resultados alertam quanto à
possibilidade de diagnóstico de SHU como etiologia de insuficiência renal
na infância, tanto na forma típica (pós-diarreia) quanto na atípica e sugere
que a investigação do agente etiológico deve ser feita sempre que possível.
Palavras-chave: Síndrome Hemolítico-Urêmica, Insuficiência renal aguda,
criança.
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O QUE É? QUANDO PENSAR? O QUE FAZER? SÍNDROME DE
LESCH-NYHAN
OBSERVAÇÕES SOBRE A MEDIDA DA PRESSÃO ARTERIAL EM
CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Autores: Roxana de Almeida Roque Fontes Silva/AMIP (Assistência
Médica Infantil da Paraíba); Werton de Medeiros Roque Filho/AMIP;
Larissa Tavares de Albuquerque Nóbrega/AMIP /FAMENE; Marina
Fontes Aguiar/AMIP/FCMPB
Autores: Ana Maria Teixeira Verçoza/Hospital São Lucas da PUC/RS;
Noemia Perli Goldraich/HCPA; Domingos O. d’Avila/Hospital São Lucas
da PUC/RS; Arthur Silva Lazaretti/Hospital São Lucas da PUC/RS
A Síndrome de Lesch-Nyhan é uma doença rara, com prevalência de cerca
de 1/380.000 nascidos vivos. É um erro inato do metabolismo das purinas, ligado a uma mudança na estrutura do braço longo do cromossomo X, levando
a um defeito no gene que codifica a enzima: hipoxantina guanina fosforribosiltransferase (HPRT). É uma patologia de herança autossômica recessiva,
portanto os homens são afetados e as mulheres, portadoras assintomáticas.
Manifesta-se por meio de sinais renais e neurológicos, a saber: hiperuricemia,
hiperuricosúria, nefrocalcinose, movimentos coreoatetóides extrapiramidais,
hiperreflexia, espasticidades das pernas, retardo mental e autoagressividade. Nosso objetivo é relatar o caso de um menino com essa síndrome. P.E.L.S,
5 anos, masculino, proveniente da zona rural do município de Curral de Cima/
PB, deu entrada em nosso serviço aos 10 meses, com queixa de urina “com
areia”. Ao exame: evidenciava-se atraso do desenvolvimento neurológico,
hipotonia generalizada e movimentos incoordenados dos membros, principalmente inferiores. Exames iniciais mostravam níveis elevados de ureia e
creatinina. Níveis de ácido úrico muito acima dos habituais. USG renal com
nefrocalcinose bilateral. Iniciamos as seguintes medicações: alopurinol e
bicarbonato de sódio. Orientamos dieta com restrição protéica. Após 1 mês,
o paciente retornou com melhora importante dos exames laboratoriais, bem
como desaparecimento da nefrocalcinose ao USG renal. Após 3 meses, por
problemas financeiros, o menor parou de receber as medicações prescritas
e retornou a nosso ambulatório com piora importante dos exames laboratoriais. Necessitou de internação para tratamento de infecção pulmonar, bem
como correção de distúrbios hidreletrolíticos e ácido-básicos. Atualmente, o
menor está com 5 anos, segue em tratamento ambulatorial, com adequado
desenvolvimento ponderoestatural, recebendo as medicações citadas e em
tratamento fisioterápico para melhorar as alterações neurológicas. Nosso
paciente ainda não apresentou sinais de autoagressividade. Conclui-se que,
apesar de rara, a Síndrome de Lesch-Nyhan deve ser lembrada diante da
evidência de nefrocalcinose e perda da função renal.
FATORES PREDITIVOS DE PROGRESSÃO PARA ESTÁGIO
V DA DOENÇA RENAL CRÔNICA EM UM PROGRAMA
INTERDISCIPLINAR PRÉ-DIÁLISE
Autores: Cristina M Bouisson Soares/UFMG; José Silvério Santos Diniz/
UFMG; Eleonora Moreira Lima/UFMG; Gilce R. Oliveira/UFMG; Mônica
R Canhestro/UFMG; Enrico A. Colosimo/UFMG; Ana Cristina S. e Silva/
UFMG; Eduardo Araujo Oliveira/UFMG
Introdução: O curso clínico da doença renal crônica (DRC) em crianças é
heterogêneo e ainda não foi completamente estabelecido. O objetivo deste
estudo de coorte retrospectivo foi identificar fatores preditivos associados
com a progressão de DRC entre crianças e adolescentes admitidos em um
Programa Interdisciplinar de Assistência à Criança com DRC em tratamento conservador. Métodos: Analisaram-se as seguintes variáveis à admissão:
idade, sexo, raça, pressão arterial, doença renal primária, escore tempo Z de
peso e altura, estágio da DRC e grau de proteinúria. Duas variáveis tempodependente foram consideradas: hipertensão arterial e proteinúria. O estágio
V da DRC foi considerado uma variável dependente. Análises de regressão
de Cox de tempo-fixo e tempo-dependente foram aplicadas para avaliar sobrevida renal. Resultados: Cento e sete pacientes com DRC estágio II na fase
IV foram acompanhados por um tempo mediano de 94 meses. Cinquenta e
sete pacientes (53,3%) evoluíram para estágio V. Após ajuste para o modelo
de tempo fixo, três variáveis basais foram consideradas preditoras independentes da DRC estágio V: doença glomerular (taxa de risco = 3,0, p = 0,015),
DRC estágio IV (taxa de risco = 2,6, p = 0,001), e proteinúria grave (taxa de risco
= 4,1, p = 0,006). Após ajuste pelo modelo tempo-dependente, três variáveis
foram encontradas como preditores independentes DRC estágio V: proteinúria como covariável tempo-dependente (taxa de risco = 1,9, p = 0,041), DRC
estágio IV (taxa de risco = 2, p = 0,0086) e albumina sérica basal < 3,5 g/dl
(taxa de risco = 2,6, p = 0,0015). Conclusões: Considerando os fatores passíveis de alteração, ainda são necessários estudos prospectivos controlados
para avaliar medidas de intervenção que possam modificar o curso clínico
de crianças em DRC.
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Introdução: Como em adultos, a medida da pressão arterial faz parte do
exame físico em crianças. Sua verificação é recomendada a partir dos
3 anos em crianças sem sintomas e é obrigatória nas sintomáticas, em
qualquer idade. Objetivos: Verificar frequência e qualidade das medidas de
pressão arterial em atendimento pediátrico. Outros objetivos: determinar a frequência de medidas da pressão arterial, em diferentes áreas de atendimento
pediátrico; identificar que membro da equipe de saúde realiza o procedimento; verificar a disponibilidade e a adequação dos equipamentos de medida,
em cada área; determinar a qualidade das medidas em relação a padrões
conhecidos. Material e Métodos: Estudo transversal, contemporâneo, sem intervenção. Foram observados todos os pacientes pediátricos atendidos pelo
Sistema Único de Saúde (SUS) no Hospital São Lucas (HSL) da Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) e no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS) durante uma jornada completa. Resultados: Foram observados 402
pacientes – 147 oriundos do HSL-PUCRS e 255 do HCPA-UFRGS, durante uma
jornada completa. As observações foram feitas por critérios preestabelecidos, por acadêmicos de medicina treinados. Consideraram-se adequadas
as medidas de pressão arterial que atenderam a todos os critérios. Em 402
observações, apenas 79 (20%) tiveram a pressão arterial medida: desses, apenas cinco (6%) seguindo todos os critérios exigidos. O esfigmomanômetro por
mais vezes disponível – e o mais utilizado – foi o modelo aneroide. Instrumentos oscilométricos foram usados apenas na UTI Pediátrica e na UTI Neonatal.
Tabela para correção de valores foi consultada em uma ocasião. As determinações foram feitas por auxiliares ou técnicos em enfermagem em 83% das
vezes; por acadêmico de medicina ou médico – residente ou contratado –, em
1,5%; 6,5% e 15%, respectivamente, das observações. Conclusões: Os dados
permitem concluir que a frequência de determinações da pressão arterial
foi baixa, exceto em crianças maiores e nas áreas de atendimento intensivo,
apesar de existir equipamento para medida em todos os locais. A qualidade
das medidas foi baixa, comparativamente, a padrões estabelecidos.
FATORES DE RISCO PARA O RETARDO DA FUNÇÃO DO ENXERTO EM TRANSPLANTES RENAIS PEDIÁTRICOS
Autores: Paulo Cesar Koch Nogueira/UNIFESP; Paula Goulart Pinheiro
Machado/UNIFESP; Kelly Harada/UNIFESP; José Osmar Medina
Pestana/UNIFESP
Objetivo: A ocorrência de retardo da função do enxerto (RFE) pós-transplante
renal (Tx) condiciona pior prognóstico para a função e a sobrevida do enxerto. O objetivo do presente trabalho é investigar os fatores de risco para a
ocorrência do RFE em crianças. Métodos: Análise retrospectiva da coorte de
pacientes pediátricos (< 18 anos no momento do transplante) que receberam
Tx nos últimos 20 anos (março de 1988 a julho de 2008). RFE foi considerado
a necessidade de diálise na primeira semana pós-Tx. Estudaram-se fatores de risco para RFE por meio de análise univariada, complementada
por modelo multivarido (regressão logística) para aqueles fatores que
se revelaram significantes na análise univariada. Resultados: Avaliamos
600 Tx realizados em 570 pacientes (30 retransplantes), sendo 270 (47,4%) do
sexo feminino e com média de idade no Tx de 12,8 ± 4,2 anos (2 a 18 anos).
Observamos que 118/600 Txs apresentaram RFE (19,7%). Os resultados (OR
e IC95%) da análise multivariada revelaram que doador falecido (10,4 e 3,4 a
31,5), retransplante (2,7 e 1,1 a 6,9), GESF como doença de base (2,0 e 1,1 a 3,6),
cirurgião com menos de 50 Tx pediátricos (1,8 e 1,1 a 2,8), tempo de isquemia
fria maior do que 16,5 horas (2,1 e 1,0 a 4,2), menos de 4 transfusões pré-Tx
(0,6 e 0,3 a 0,9) e idade do doador em anos (0,97 e 0,95 a 0,99) foram fatores de
risco estatisticamente associados à ocorrência de RFE. Tempo em diálise e
raça não mostraram associação significante com RFE. Discussão: Fatores já
conhecidos e descritos na literatura como associados a aumento no risco de
RFE, como o doador falecido, o maior número de transfusões e o retransplante, foram mais uma vez evidenciados. Nossa casuística permitiu, além disso, o
encontro de novos fatores que potencialmente contribuem para o RFE, como
a menor experiência do cirurgião e receptores com GESF. Além disso, apenas
quando consideramos o tempo de isquemia fria > 16,5 horas, observamos a
importância desse fator, o que sugere que o valor classicamente utilizado (24
horas) pode ser demasiadamente grande.
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PERFIL DOS PACIENTES COM SÍNDROME NEFRÓTICA
PRIMÁRIA ACOMPANHADOS EM HOSPITAL TERCIÁRIO
Autores: Lucimary de Castro Sylvestre/Hospital Pequeno Príncipe; Ana
Paula Smaniotto/Hospital Pequeno Príncipe; Emmanuela Bortoletto
Santos/Hospital Pequeno Príncipe; Jussara Soares Fontes de Sousa/
Hospital Pequeno Príncipe; Karen Previdi Olandoski/Hospital Pequeno
Príncipe; Mariana Faucz Munhoz da Cunha/Hospital Pequeno Príncipe;
Evelise Tissori Vargas/Hospital Pequeno Príncipe; Elisane Izabela
Wladika/Hospital Pequeno Príncipe; Rejane de Paula Meneses/Hospital Pequeno Príncipe; Donizetti Dimer Giamberardino Filho/Hospital
Pequeno Príncipe
Introdução: Nosso serviço, por se tratar de Hospital Terciário e Centro de
Referência em Nefrologia Pediátrica para o estado, acompanha grande
quantidade de pacientes com Síndrome Nefrótica (SN), nem sempre com
evolução favorável, dando-nos a impressão de predomínio dos casos graves, sem resposta adequada ao tratamento clássico. Objetivo: Avaliar o
perfil epidemiológico e o desfecho dos pacientes com SN Idiopática acompanhados em nosso serviço, comparando-os com dados de literatura. Metodologia: Trabalho retrospectivo com análise de prontuários dos pacientes
com Síndrome Nefrótica Idiopática diagnosticada e acompanhada em nosso serviço por pelo menos um ano, de janeiro de 2000 a dezembro de 2006.
Resultados: Avaliaram-se 129 pacientes, sendo 79 do sexo masculino; média
de idade ao diagnóstico 5,4 ± 3,2 anos, tempo médio de acompanhamento
de 49 ± 24 meses. Quarenta e nove (38%) pacientes eram corticorresistentes
(CR) e 80 (62%) corticossensíveis (CS), dos quais 35 eram corticodependentes (CD). Lesão Glomerular Mínima (LGM) foi encontrada em 50 (61%) casos,
GESF em 18 (22%) e outras lesões em 14 (17%); 47 pacientes não realizaram
biópsia. Relacionando biópsia com resposta ao corticoide, observa-se que,
dos 50 pacientes com LGM, 23 (46%) eram CS e 27 (54%) eram CR. Já dos
18 pacientes com GESF, 13 (72%) eram CR e cinco (28%) CS. No tempo de
seguimento abrangido pelo estudo, 2 (1,5%) dos 129 pacientes foram a óbito,
6 (5%) evoluíram com IRC (66% deles tinham GESF), 18 (14%) perderam o
acompanhamento, 3 (2%) foram transferidos de serviço, 74 (57,5%) continuavam em tratamento e 26 (20%) estavam em remissão há mais de um ano. A
média de hospitalizações foi de 5,9 hosp/paciente, compreendendo 44% das
internações na enfermaria de Nefrologia. A incidência de SNPI no serviço
foi de 3,15 casos/ano/100.000 habitantes menores que 19 anos de nossa cidade. Conclusão: A incidência de SN em nosso centro, com predomínio de
sexo masculino, é consonante com dados mundiais. Ao contrário do que se
pensava e em consonância com a literatura, houve predomínio de pacientes
CS, 80/129 comparados com 49/129 CR, com baixa taxa de evolução para IRC
e mortalidade.
ELABORAÇÃO E APLICABILIDADE DE PROTOCOLO DE
AVALIAÇÃO PSIQUIÁTRICA DE DOADORES RENAIS
Autores: Alena Franzen Quinalha/ISCMPOA; Carolina Silva Schiefelbein/UFCMPOA; Adilson W. Quinalha/ISCMPOA; Auri Santos Ferreira/
ISCMPOA; Lia Lopes/ISCMPOA; Bruno Aires Vieira/ISCMPOA; Viviane
Barros/ISCMPOA; Clotilde Druck Garcia/UFCSPOA
Introdução: Durante o trabalho de consultoria psiquiátrica, observou-se que,
após a doação, vários doadores apresentam queixas físicas e emocionais
que, por vezes, interferem em seu retorno ao trabalho, em sua vida conjugal e familiar. Objetivo: Detectar, precocemente, fatores que possam indicar
riscos de complicações no pós-transplante para o doador. Métodos: Foram
aplicados em 50 doadores renais, no pré-transplante, o Inventário de Depressão de Beck, o Instrumento de Qualidade de Vida WHOOQL abreviado e um
questionário elaborado pelos autores. Trata-se de um estudo-piloto. Os dados
foram coletados entre novembro de 2006 e maio de 2008. Resultados: Houve predomínio de mulheres e casados, com média de idade de 45,35 anos.
A maioria era parente de primeiro grau do receptor. A decisão de vir a ser
doador foi muito fácil. Receberam informações completas da equipe sobre a
cirurgia e os riscos cirúrgicos. A maioria não tinha história pessoal ou familiar
de doença mental e uso ou abuso de álcool ou drogas. Quanto ao WHOOQL
abreviado, predominaram os domínios social e físico. O de pior desempenho
foi o domínio geral. Em relação ao Inventário de Beck, a média foi 4,2; bem
abaixo da média da população não clínica (8,0). Conclusão: Observou-se que
o doador mostrava-se muito bem, sem dúvidas quanto ao procedimento a que
se submeteria. Talvez o transplante, por ser um ato altruísta, passe a sensação
de que o doador está protegido de qualquer mal. Ou, com a iminência da cirurgia, ele teria de se proteger com defesas de negação e maníacas.
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PREVALÊNCIA DE HIPERTENSÃO ARTERIAL EM UM AMBULATÓRIO DE PEDIATRIA GERAL DE UM HOSPITAL-ESCOLA NO
RECIFE
Autores: Ricardo Cavalcante Maranhão/FBVIMIP; Lucas Diniz Pacheco/
FBVIMIP; Daniela Raposo Vieira de Oliveira/FBVIMIP; Julyanne Luize
de Lima Rios/FBVIMIP; Erika Cavalcante Maranhão/FBVIMIP; Daniela
de almeida Figueiras/FBVIMIP; Luísa Pessoa Rocha de Medeiros/FBVIMIP; Marcela Austregésilo de Medeiros/FBVIMIP; Emídio Cavalcanti
de Albuquerque/IMIP; José Pacheco Martins Ribeiro Neto/IMIP
Introdução: A hipertensão arterial (HA) tem alta prevalência na população
adulta. Evidências na literatura sugerem que a HA do adulto tem seu início
na infância. Estudos em crianças mostraram uma prevalência em torno de 1
a 3%. Recentemente, algumas publicações revelaram aumento dessa prevalência relacionada a uma maior prevalência de obesidade. Objetivo: Avaliar
a prevalência de HA atual em um ambulatório de pediatria de um hospitalescola no Recife. Métodos: Estudo descritivo transversal realizado com 675
pacientes do ambulatório de pediatria do Instituto de Medicina Integral Prof.
Fernando Figueira (IMIP) realizado entre agosto e dezembro de 2007. Participaram pacientes com idade de 3 anos até 18 anos. A medida da PA foi obtida
com base nas orientações da “V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial”. O diagnóstico de HA foi definido após 3 aferições da PA, em ocasiões
diferentes, com percentil ≥ 95. Sobrepeso foi considerado percentil do IMC ≥
85 e < 95 e obesidade com percentil do IMC ≥ 95. Os dados foram analisados
no SPSS 13.0. Resultados: A média da idade dos pacientes foi de 8,04 ± 3,04
anos. Após as três aferições, 1,3% dos pacientes mantiveram nível pressórico ≥ percentil 95 (esse percentual foi de 10,8% na primeira ocasião, 3,1%
na segunda). O sobrepeso foi encontrado em 12% e obesidade em 10,5% dos
pacientes analisados. Ocorreu correlação estatisticamente significativa entre
níveis pressóricos e IMC (p < 0,0001). Conclusão: Não encontramos aumento
da prevalência de HA na população estudada. No entanto, verificamos uma
relação estatisticamente significativa da HA com sobrepeso e obesidade.
Portanto, é possível que o aumento da prevalência de sobrepeso/obesidade
possa contribuir para uma maior prevalência da HA citada em outros estudos.
Esforços devem ser direcionados para profilaxia do excesso de peso na população pediátrica como estratégia de prevenção da HA nesta população.
SÍNDROME HEMOLÍTICO-URÊMICA
Autores: Roxana de Almeida Roque Fontes Silva/AMIP (Assistência
Médica Infantil da Paraíba); Werton de Medeiros Roque Filho/AMIP;
Larissa Tavares de Albuquerque Nóbrega/AMIP/FAMENE; Marina
Fontes Aguiar/AMIP/FCMPB
A Síndrome Hemolítico-Urêmica (SHU) é uma das principais causas de insuficiência renal aguda (IRA) na infância. Caracteriza-se pela tríade clássica:
anemia hemolítica, trombocitopenia e IRA. Na infância, a maioria da SHU
está relacionada a quadros de diarreia com sangue, que tem como agente
responsável as cepas de Escherichia coli produtoras de Shiga-toxina. Nosso objetivo é relatar a experiência de nosso serviço no diagnóstico e manejo dessa patologia. Foi feito um estudo retrospectivo por meio de revisão de
prontuário de todos os pacientes internados na UTI de um hospital particular
de nossa capital, que receberam o diagnóstico de SHU, no período de janeiro
de 2000 a março de 2009. Nesse período, foram diagnosticados 6 casos de
SHU, com idade média de 1,3 ano, sendo 4 pacientes do sexo feminino e 2 do
sexo masculino. Houve história pregressa de diarreia com sangue em 5 casos.
Todos os diagnósticos foram clínicos-laboratoriais, exceto 1 paciente, que foi
confirmado por meio biópsia renal mostrando a lesão típica dessa doença:
microangiopatia trombótica. Todos os pacientes necessitaram de terapia renal substitutiva. Um paciente teve evolução desfavorável, culminando com
óbito. Um paciente teve recuperação completa da função renal, evoluindo
sem qualquer sequela. Dois pacientes apresentam proteinúria não nefrótica,
e 1 deles, hipertensão arterial persistente, necessitando de medicação antihipertensiva. Um paciente necessitou iniciar programa de diálise peritoneal
ambulatorial contínua, mas faleceu, após 4 anos, por complicações da insuficiência renal crônica. Um paciente encontra-se, no momento, em tratamento
em nossa UTI. Está na fase aguda da doença. É importante relatar que todos
os pacientes deram entrada em nosso serviço com hipótese diagnóstica de
sepse + CIVD e, após melhor análise dos casos, fez-se o diagnóstico de SHU.
Concluímos que o diagnóstico de SHU tem sido cada vez mais frequente em
nosso meio e que o manejo adequado é fundamental para a boa evolução
do caso.
14/8/2009 17:28:47
PREVALÊNCIA DE HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA
ENTRE UM GRUPO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM
SOBREPESO/OBESIDADE EM CAMPO GRANDE/MS
Autores: Oreste Ferra Neto/Santa Casa de Campo Grande; Sandro
Trindade Benites/HGECG
A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é um fator de risco bem estabelecido
para o desenvolvimento de doença cardiovascular no adulto. Embora a incidência de HAS persistente seja baixa nas crianças, o início da HAS na infância
pode contribuir para o desenvolvimento precoce da doença cardiovascular no
adulto. Identificar uma criança de risco para hipertensão e tratá-la de forma
adequada tem um forte impacto a longo prazo, em relação ao desenvolvimento de doença cardiovascular. As pressões sistólica e diastólica, entre crianças
e adolescentes americanos, aumentaram, em média, 1,4 e 3,3 mmHg, entre as
curvas de 1988 a 1994 e 1999 a 2000, em parte relacionado ao aumento da prevalência do sobrepeso e da obesidade.1 Em estudo relacionando o índice de
massa corpórea (IMC) com HAS, nota-se a prevalência de 11% de hipertensos no grupo com IMC > p95, contra 2% no grupo com IMC < p5.2 Avaliamos 24
crianças e adolescentes, pertencentes ao Grupo de Combate a Obesidade no
Meio Militar (G-COMM), do Hospital Geral de Campo Grande (HGECG), sendo
58% (n = 14) do sexo masculino e 42% (n = 10) do feminino, com média de
idade de 9,4 ± 2,6 anos. Os pacientes eram avaliados mensalmente por equipe
multidisciplinar (psicólogo, nutricionista, professor de educação física, médico nutrólogo, médico nefrologista pediátrico), em consultas individuais e em
reuniões de grupo. Em relação ao peso 16,6% (n = 4), encontravam-se na faixa
de sobrepeso (IMC entre p85 e p95), e 83,4% (n = 20) na faixa de obesidade
(IMC > p95), sendo que 41,7% com IMC > p99. Em relação à pressão arterial,
constatamos que 25% (n = 6) eram pré-hipertensos, 17% (n = 4) apresentavam
hipertensão estádio 1 e 4% (n = 1), hipertensão estádio 2. Sobre os antecedentes pessoais desses pacientes, 36,4% (n = 4) tiveram infecção urinária na
infância; 63,3% (n = 7) apresentavam algum grau de dislipidemia e 36,4% (n =
4) com glicemia de jejum alterada. Já nos antecedentes familiares, vimos que
100% (n = 11) possuíam antecedentes de HAS, 81,8% (n = 9) tinham diabéticos na família, 90,9% (n = 10), antecedentes de dislipidemia e 27,3% (n = 3),
alguma doença renal na família. Com o estudo, observamos a alta prevalência
de HAS em indivíduos com sobrepeso/obesidade, assim como a presença de
comorbidades que aceleram o desenvolvimento da doença cardiovascular no
adulto jovem, ressaltando a necessidade de acompanhamento multidisciplinar para o tratamento adequado dessa população.
Referências
1. Muntner P, et al. JAMA 2004; 291:2107.
2. Sorof JM, et al. Pediatrics 2004; 113:475.
PREVALÊNCIA DE SÍNDROME METABÓLICA EM CRIANÇAS E
ADOLESCENTES COM SÍNDROME NEFRÓTICA
Autores: Iza de Castro Oliveira/Unicamp; Vera Maria Santoro Belangero/Unicamp; Liliane Cury Prates/Unicamp
Objetivo: Avaliar a prevalência de Síndrome metabólica (SM) em pacientes
com Síndrome nefrótica (SN) corticorresistente (CR) e corticodependente (CD). Métodos: Incluíram-se todas as crianças e adolescentes, de 5 a 18
anos, em acompanhamento por pelo menos dois anos, com diagnóstico de
SN CR e CD. Dos prontuários, obtiveram-se tempo de tratamento, idade de
início de tratamento, etnia, etiologia da SN, dose de uso de corticoide (mg/
kg/dia), referência sobre o uso da ciclosporina e presença de hipertensão
arterial. No início do estudo, avaliaram-se peso, estatura, índice de massa
corpórea, circunferência abdominal, glicemia e insulinemia. Para a caracterização da SM, utilizaram-se quatro definições publicadas previamente: Cook
et al. (2003); Weiss et al. (2004); Silva et al. (2005) e Jollife et al. (2007). Admitiuse nível de significância p < 0,05. Resultados: Foram estudados 21 pacientes,
12 meninos (57,14%), com idade média de 12,38 ± 3,4. A prevalência de SM
variou de 14,28% (3/21) a 23,80% (5/21), dependendo da definição. A frequência de sobrepeso foi de 19,0% (4/21) e a de obesidade, de 23,5% (5/21). Na
avaliação de fatores predisponentes para a SM (tempo de tratamento, dose
de corticoterapia, etnia, antecedente familiar de obesidade), somente foram
estatisticamente significativos os seguintes: uso prévio de ciclosporina (p =
0,042); SN secundária à doença sistêmica (p = 0,041) e presença de obesidade (p = 0,008). Conclusão: a alta prevalência de sobrepeso e obesidade pode
estar relacionada com a alta prevalência da SM. Além do uso de ciclosporina,
a obesidade e a presença de doenças sistêmicas extrarrenais também são
fatores predisponentes da SM.
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PREVALÊNCIA DOS SINTOMAS DO TRATO URINÁRIO INFERIOR
EM CRIANÇAS DE 6 A 12 ANOS
Autores: Giovana Teixeira Branco Vaz/UFMG; Monica Maria Almeida
Vasconcelos/UFMG; Fabiana M Silva/UFMG; Paula G. Magalhães/
UFMG; Aline Lima/UFMG; Samuel Reis/UFMG; Eleonora Moreira Lima/
UFMG
Objetivo: O presente estudo visa investigar os sintomas do trato urinário inferior em crianças de 6 a 12 anos. Material e Métodos: Delineamento transversal, incluindo 739 crianças de 6 a 12 anos, matriculadas em três escolas públicas municipais, escola 1 de classe socioeconômica C, localizada em Belo
Horizonte (BH), escola 2 no município de Inhaúma/MG, classe D, e escola 3
na grande BH, classe D e de alto risco social. Os sintomas do DTUI foram
avaliados pela adaptacão transcultural do instrumento Dysfunctional
Voiding Scoring System (DVSS), constituído de 10 (dez) questões, 9 (nove)
para sintomas clínicos e 1 (um) para fatores ambientais (social e familiar), em
que foram atribuídos escores de 0 a 3, de acordo com a existência do sintoma.
Os pontos de corte preconizados pelo escore foram > 6 pontos para meninas e
escore > 9 para meninos. Os pesquisadores distribuíram para os professores
e para as crianças com escore alto uma cartilha sobre o funcionamento
do trato urinário inferior e gastrointestinal e sobre suas manifestações. As
crianças com escore elevado foram encaminhadas para avaliação médica.
Resultados: A Tabela 1 apresenta a comparação de proporções entre os
sintomas da criança, presentes ou ausentes com as variáveis categóricas idade, gênero e escola. Observa-se significância estatística (valor p
≤ 0,05) nessa comparação com todas as covariáveis. Conclusões: A prevalência dos sintomas estudados foi elevada; o instrumento utilizado baseado
em escore auxiliou a selecionar as crianças que devem ser encaminhadas
para uma avaliação da DTUI. O conhecimento desses distúrbios por parte dos
pais e professores poderá auxiliar na detecção das causas e na prevenção de
complicações, melhorando as condições de saúde física e emocional dessas
crianças. Esses resultados reforçam a necessidade de se investigarem os
sinais e sintomas do trato urinário inferior e gastrointestinal, com anamnese
detalhada para a identificação dos distúrbios de eliminações urinária e fecal.
REGISTRO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM TRATAMENTO
DIALÍTICO (TD) NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ) – UMA
CONTRIBUIÇÃO DO TERCEIRO SETOR
Autor: Elenir Klen dos Santos Carrijo
Introdução: Há poucos dados sobre a incidência e a prevalência de crianças
e adolescentes em Tratamento Dialítico (TD) no Brasil. A Fundação do Rim
(FDR), entidade sem fins lucrativos que presta atendimento a crianças e jovens renais crônicos, iniciou um trabalho de cadastramento de pacientes de
0 a 20 anos, junto às unidades de diálise do RJ. Objetivos: Conhecer a epidemiologia da Doença Renal Crônica em TD, analisar o perfil dessa população
e as razões de desfecho. O conhecimento dessas informações é importante
para garantir a eficácia no atendimento, aplicar melhor o recurso assistencial e fornecer dados para posteriores pesquisas. Metodologia: Desde 2005,
todas as unidades de diálise do Rio de Janeiro com pacientes até 20 anos
recebem uma ficha cadastral com dados de identificação pessoal, do TD,
perfil socioeconômico-cultural e identificação de necessidades. As unidades
assumem o compromisso de informar novas entradas em TD, assim como as
razões de saída. A assistente social da FDR analisa os dados. Resultados: 43
unidades de diálise participam do censo. Ao final de cada ano, o número de
crianças e adolescentes em TD foi 105 em 2005, 137 em 2006, 145 em 2007 e 169
em 2008. A entrada de novos casos foram, respectivamente, 84, 66, 55 e 68. A
incidência média foi de 11 novos casos (variação 10-15) por milhão de população/idade* entre 2005 e 2008. A prevalência é de 27 casos/milhão pop./idade.*
A distribuição por sexo, durante esses quatro anos, manteve-se semelhante,
sendo 56,2% para sexo masculino. Na distribuição por modalidade dialítica a
Hemodiálise (HD), é mais utilizada em 74,6%. A Diálise Peritoneal (DP) atinge a
maior frequência (25,4%) em 2008. Na distribuição por faixa etária entre 2005 e
2008, observaram-se um aumento na entrada de crianças menores de 10 anos
e uma redução na faixa de 15 a 20 anos. A sobrevida daqueles em tratamento
dialítico, ao final de 36 meses, é de 75,5% para os grupos de 5 a 10 anos; 77,3%
> 10 anos; e 54,8% para aqueles com menos de 5 anos. O transplante renal
constitui a razão maior de saída, exceto em 2007. A idade limite para o censo é
de 20 anos. Conclusão: As informações epidemiológicas desse registro mostram a realidade em nosso estado e auxiliam todos os envolvidos no cuidado
dessas crianças e adolescentes.
14/8/2009 17:28:48
SINDROME NEFRÓTICA E INFECÇÃO POR CITOMEGALOVÍRUS
– UMA ASSOCIAÇÃO OU UMA COINCIDÊNCIA?
SÍNDROME DE BARTTER: AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO
ESTATURAL E PERFIL METABÓLICO
Autores: Roxana de Almeida Roque Fontes Silva/UFPB (Universidade
Federal da Paraíba); Werton de Medeiros Roque Filho/UFPB; Lia Pontes
Lisboa/UFPB; Gustavo Duarte Alves/UFPB; Ilana de Andrade Santos/
UFPB
Autores: Maria Cristina de Andrade/UNIFESP; Marta Liliane A Maia /
Hospital Infantil Darcy Vargas; Paulo Cesar Koch Nogueira/UNIFESP;
João Tomas de Abreu Carvalhaes/UNIFESP
O citomegalovírus (CMV) humano é um membro da família Herpesviridae que
se encontra espalhado no mundo. Na maioria das vezes, a infecção por CMV
é inaparente, mas também pode causar uma vasta gama de doenças clínicas de gravidade variável, desde leves até fatais. O pulmão, o fígado, o rim, o
trato gastrointestinal e as glândulas exócrinas são os órgãos mais afetados,
além do sistema nervoso central e do fígado. Em crianças de baixa idade, a
infecção primária pelo CMV ocasionalmente causa pneumonite, hepatite e
erupções cutâneas petequiais. Há relatos na literatura de síndrome nefrótica
associada à infecção por CMV, seja ela congênita ou adquirida. Nosso objetivo é relatar o caso de uma paciente com menos de 2 anos, que iniciou um
quadro de síndrome nefrótica, evidenciada infecção ativa por CMV. R. R. S., 1
ano e 7 meses, feminino, natural e procedente de João Pessoa, deu entrada
em nosso serviço com queixas de edema progressivo há 12 dias, diminuição
da diurese e quadro de infecção de vias aéreas superiores. Ao exame, evidenciavam-se estado geral comprometido e palidez. Edema importante em face,
abdome e membros inferiores, dificultando, inclusive, a deambulação. PA
acima do percentil 90 para idade e estatura. Exames laboratoriais revelaram
hipoalbuminemia importante (0,7g%), hipercolesterolemia e relação proteína/
creatinina em amostra isolada de urina acima de 2mg%. Diante do diagnóstico de síndrome nefrótica em uma paciente tão pequena, iniciamos investigação de possíveis causas. Colheram-se todas as sorologias e evidenciamos a
presença de anticorpos IgM contra CMV (em títulos elevados), além de IgG.
Essa paciente recebeu antibioticoterapia para um quadro de broncopneumonia associado, bem como reposição de albumina humana e diuréticos. Após
melhora do quadro, iniciamos corticoterapia oral com prednisolona e, após 30
dias, evidenciamos a negativação da proteinúria. No momento, encontra-se
em tratamento com corticoide em dias alternados. Desse modo, concluímos
que, em crianças de baixa idade com quadro de síndrome nefrótica, devemos sempre pensar na possibilidade de ser secundária a alguma infecção,
inclusive a por CMV. Nesse caso, o tratamento específico da doença não foi
necessário, pois a paciente está apresentando resposta satisfatória ao tratamento com corticoide.
FATORES DE RISCO DE NÃO ADERÊNCIA AO USO
DE IMUNOSSUPRESSORES EM ADOLESCENTES
TRANSPLANTADOS – PROJETO DE PESQUISA
Autores: Alena Franzen Quinalha/ISCMPOA; Melina Nogueira de
Castro/HPSP; Carolina Silva Schiefelbein/UFCSPOA; Marcel Baensarb/
HPSP; Clotilde Druck Garcia/UFCSPOA; Viviane Barros/ISCMPOA
Introdução: O transplante renal é o tratamento de escolha na insuficiência
renal crônica da população pediátrica, pois, além da melhora da função do
rim, proporciona melhor desenvolvimento infantil. Aceitam-se, como fonte
doadora, cadáveres e doadores vivos, com importante índice de sucesso
em ambos os casos. Contudo, vencida a primeira etapa do tratamento,
às vezes observamos má adesão ao uso dos imunossupressores, especialmente entre a população adolescente, podendo acarretar a perda do
enxerto. O objetivo deste trabalho é, a partir dos dados obtidos, intervir
precocemente, visando auxiliar na boa evolução do transplante. Metodologia: Estudo de caso controle envolvendo 100 pacientes com idade
entre 10 e 19 anos, provenientes do ambulatório de nefrologia pediátrica
do HCSA. A análise incluirá 20 adolescentes sabidamente não aderentes
pela equipe clínica, pareados com 4 controles cada. Os pacientes serão
submetidos a uma entrevista semiestruturada, visando detectar fatores
de risco psicossociais. Essas informações serão confrontadas com dados do prontuário do último ano, em que se pesquisam a curva sérica do
imunossupressor tracolimos, as taxas de ureia e creatinina, a ocorrência
de biópsia, internação ou perda do enxerto. Realizam-se uma entrevista
psiquiátrica e a aplicação de um questionário, criado pelos autores, que
avaliará os possíveis fatores de risco para a má adesão. Será testada,
também, a aplicabilidade deste questionário. Resultados: Esta pesquisa
foi iniciada em janeiro de 2009 e conta com 15 adolescentes já avaliados.
O adequado vínculo familiar parece ser o principal fator envolvido na adesão ao tratamento por parte dos adolescentes.
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Introdução: A Síndrome de Bartter (SB) é uma das doenças mais comuns
que causam perda de cloro. Ela se manifesta por um quadro heterogêneo
tanto clínico quanto laboratorialmente. A identificação precoce dessa
doença constitui uma importante estratégia para se prevenir a morbimortalidade, principalmente no que se refere aos fatores que são
potencialmente removíveis, como alcalose, hipocalemia e hipocloremia, com impacto principalmente no ganho ponderoestatural. Objetivo: Determinar a proporção dos pacientes que apresentam Síndrome de
Bartter entre os pacientes atendidos no ambulatório de tubulopatias do setor
de Nefrologia Pediátrica do Hospital São Paulo UNIFESP-EPM, avaliando as
anormalidades clínicas e laboratoriais, visando incrementar a compreensão
dessa condição, assim como o impacto da terapêutica medicamentosa sobre
o desenvolvimento ponderoestatural, avaliação audiométrica e depuração
renal de creatinina. Avaliamos também o impacto dos episódios infecciosos
nos tratos respiratório e gástrico no controle metabólico. Pacientes e métodos: Dez pacientes apresentando SB foram analisados retrospectivamente no
período entre outubro de 2000 e outubro de 2006. Esses pacientes foram avaliados quanto aos dados demográficos, laboratoriais (gasometria, eletrólitos),
imagem (ultrassom de rins e vias urinárias) e audiométricos. Resultados: Na
amostra estudada, verificamos a existência de características faciais típicas
da doença em 80% dos casos, e melhora da disfunção metabólica com a terapêutica, sem comprometimento da função renal. A análise da função renal,
no início do acompanhamento, revelou 5 pacientes no estágio 1 de DRC, 4 no
estágio 2 e 1 no estágio 3. O ultrassom mostrou alteração parenquimatosa em
4 pacientes, e a audiometria revelou hipoacusia em 1 paciente. Houve aumento significativo do ganho de peso e altura nessas crianças (Z-E/l, p = 0,0014).
Doenças gastrointestinal e respiratória não resultaram em alterações importantes do perfil iônico estudado. Conclusão: Observou-se, em um seguimento
de 45 meses, a ocorrência de melhora nos perfís metabólico e nutricional e
também que o uso de drogas antiinflamatórias teve impacto na função renal
desses pacientes. Com base nesses achados, concluímos que a Síndrome
de Bartter pode ser controlada com terapêutica adequada. Palavras-chave:
Alcalose metabólica, poliúria, hipocalemia, atraso de desenvolvimento, Síndrome de Bartter.
FATORES DE RISCO PARA ATEROSCLEROSE SUBCLÍNICA EM
CRIANÇAS ASSINTOMÁTICAS DO SUL DO BRASIL
Autores: Ana Maria Teixeira Verçoza/Hospital São Lucas PUCRS; Carlos
Abaeté de Los Santos/Hospital São Lucas PUCRS; Matteo Baldisserotto/
Hospital São Lucas PUCRS, Domingos O. d’Ávila/Hospital São Lucas
PUCRS
Introdução: A aterosclerose pode ter início na infância. O processo depende
do número e da extensão dos fatores de risco e é um preditor para risco
de doença cardiovascular (DCV) na vida adulta. Os fatores de risco para
aterosclerose subclínica são similares para doença clínica. A espessura
da íntima–média da artéria carótida (EIMAC) é a medida da aterosclerose
subclínica e é preditor de subsequentes eventos vasculares. O objetivo
do estudo foi examinar as associações da EIMAC com fatores de risco
conhecidos, em crianças assintomáticas brasileiras. Método: Noventa e
três crianças assintomáticas foram examinadas. História familiar de DAC,
dados antropométricos, demográficos e clínicos foram coletados. Escores
Z dos índices de massa corporal (IMC) individuais foram calculados.
Glicose plasmática, frações lipídicas, fibrinogênio e Proteína C-reativa (PCR)
foram determinadas. Ultrassonografia de alta resolução avaliou o EIMAC.
Resultados: A idade variou de 49-169 meses; 49 eram do sexo masculino.
Os meninos apresentaram EIMAC significativamente aumentada (0,46 ±
0,06mm versus 0,43 ± 0,06 mm; p = 0,028). Os níveis de triglicerídeos (TRI) foram
significantemente mais elevados em crianças com sobrepeso ou obesas
(p ≤ 0,010). Os escores z do IMC e sobrepeso/obesidade associam-se
positivamente com EIMAC (r = 0,259; p = 0,012 e rS = 0,230; p = 0,027,
respectivamente). Em um modelo de regressão linear multivariada,
somente sobrepeso/obesidade e sexo relacionaram-se com EIMAC (R² =
0,125; p = 0,002). Conclusões: Sexo masculino com sobrepeso ou obesidade
foram fatores de risco para EIMAC aumentado. História familiar de doença
cardiovascular (HFDCV) não se relacionou com EIMAC.
14/8/2009 17:28:48
TERAPIA RENAL SUBSTITUTIVA (TRS) NA INJÚRIA RENAL
AGUDA (IRA) PEDIÁTRICA
Autores: João Domingos Montoni da Silva/FMUSP; Andreia Watanabe/FMUSP; Bianca Massaroppe Mioto/FMUSP; Ricardo Yamaguchi/
FMUSP; Ana Catarina Lunz Macedo/FMUSP; Ulisses Doria Filho/
FMUSP; Vera Hermina Kalika Koch/FMUSP
Introdução: A mortalidade de crianças com IRA depende da doença de base.
O avanço no cuidado ao paciente pediátrico gravemente enfermo motivou aumento na incidência de IRA dialítica. Objetivo: Descrever a casuística de pacientes submetidos a TRS na UTIP do Instituto da Criança, HCFMUSP, de abril
de 2007 a junho de 2008. Métodos: Estudo retrospectivo por análise de prontuários dos pacientes internados de 1º de abril de 2007 a 31 de junho de 2008,
com necessidade de TRS, para análise demográfica e de risco de mortalidade
com variáveis clínicas: tempo de internação, idade, doença de base, método
dialítico, risco pediátrico de mortalidade (PRISM). Resultados: 43/451 internações no período estudado evoluíram para TRS, sendo 30 hemodiafiltração venovenosa contínua (HDVVC), 13 diálise peritoneal (DP). A TRS foi indicada por
hipervolemia, distúrbios eletrolíticos e ácido-básicos em 100% dos casos. A
IRA foi secundária à doença oncológica em 11/43 (25,6%), complicações pré/
pós-transplante de fígado em 10/43 (23,2%); doença renal 10/43 (23,2%), 31/43
(72%) estavam em ventilação mecânica. O óbito ocorreu em 78/451 (17,3%)
e 22/43 (51,1%), sendo 8/13 (61%) em DP e 14/30 (46%) em HDVVC. Os óbitos
tiveram relação direta com o uso de 2 ou mais drogas vasoativas; hemocultura
positiva; risco de mortalidade pediátrico (PRISM) > 15%; TRS independente da
modalidade; transfusão de hemoderivados; ventilação mecânica e diagnóstico de doença de base (teste de Pearson Chi-Square). Não houve diferença
estatisticamente significativa no número de óbitos de acordo com o tipo de
TRS (HDVVC ou DP) e o sexo (teste de Pearson Chi-Square). Conclusões: A
necessidade de substituição renal foi elevada (9,5%), e a HDVVC foi o método
mais utilizado. A mortalidade elevada é semelhante àquela observada na literatura e maior nos pacientes que apresentam doença de base. O tipo de TRS
(HVVC ou DP) não teve associação com mortalidade.
CRIANÇAS E ADOLESCENTES TRANSPLANTADOS RENAIS:
ESTADO NUTRICIONAL E DETERMINAÇÕES BIOQUÍMICAS
Autores: Iza Cristina de Vasconcelos Martins Xavier/IMIP; Janine Maciel
Barbosa/IMIP; Mirella Gondim Ozias/IMIP; Aline Figuêiroa Chaves
Araújo/IMIP; Anne Ellen Alves Oliveira/IMIP
Introdução: Após realização do transplante renal, são frequentes situações
como dislipidemia, ganho ponderal mais elevado do que o normal ou estabelecido para obesidade, resistência à insulina, tolerância prejudicada à
glicose, desenvolvimento de diabetes melito pós-transplante e hipertensão.
Outras condições, no período pós-transplante, em que o manejo dietético e/ou
suplementos nutricionais também podem ser benéficos incluem hipofosfatemia, hiperuricemia, hiperpotassemia, falência crônica do enxerto e osteoporose, e exigem um plano nutricional específico e individualizado, para promover
o crescimento e desenvolvimento nessa faixa etária. Na hipoalbuminemia,
está associada a doença cardiovascular, mortalidade e nefropatia crônica do
enxerto. Objetivo: Avaliar estado nutricional e determinações bioquímicas de
crianças e adolescentes no pós-transplante imediato e tardio, assistidos numa
unidade renal pediátrica. Metodologia: Estudo de corte transversal cuja amostra foi composta por todos os pacientes transplantados. Os dados foram obtidos
com o auxílio de questionário estruturado a partir de informações do prontuário
referentes ao estado nutricional, além de dados clínicos e laboratoriais. A avaliação nutricional foi processada no programa Anthro-plus, versão 1.02, 2007. O
comitê de ética em pesquisa do IMIP aprovou o presente trabalho. Resultados:
Dos 18 pacientes avaliados, 72,2% (n = 13) eram do sexo masculino e tinham idade média de 14,3 anos (± 3,18DP). Mais da metade apresentava etiologia da IRC
decorrente de glomerulopatias crônicas (n = 12, 66,7%), com média de tempo
de diagnóstico de 7,2 anos (± 4,02DP). Na avaliação nutricional, encontrou-se
média de escore Z de Altura/Idade de -1,80 e de IMC/I de -0,72. Em relação aos
parâmetros bioquímicos, obteve-se média de colesterol = 155,5 e triglicerídeo
= 124,7, glicemia de jejum de 91,8, fósforo = 4,1, ácido úrico = 6,06, potássio =
4,1, ureia = 60,1, creatinina = 1,5, cálcio = 9,7 e albumina = 4,7. Conclusão: Esses resultados demonstram a importância do acompanhamento nutricional no
período pós-transplante, considerando todos os fatores disponíveis no serviço,
para cada paciente e com a família na prevenção da doença cardiovascular e
demais condições morbidade, tendo objetivos bem definidos de curto a longo
prazo. Descritores: Estado nutricional. Transplante renal. Pediatria.
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SÍNDROME NEFRÓTICA ASSOCIADA À MUTAÇÃO DO GENE
WT1 E TUMOR DE WILMS: RELATO DE CASO
Autores: Larissa Camargo Passerotti/UNICAMP; Sumara Zuanazi
Pinto Rigatto/UNICAMP; Vera Maria Santoro Belangero/UNICAMP; Gil
Guerra Junior/UNICAMP; Anna Cristina Gervásio de Britto Lutaif/UNICAMP; Liliane Cury Prattes/UNICAMP
Evidências recentes relacionam a mutação do gene WT – 1 (Wilm’s Tumor
suppressor gene) com Síndrome Nefrótica, a qual geralmente está associada
à síndrome de Denys-Drash (Pseudo-hermafroditismo masculino, síndrome
nefrótica e tumor de Wilms) ou Síndrome de Frasier (Pseudo-hermafroditismo
masculino, GESF e gonadoblastoma). No presente estudo, relatamos o caso
de paciente do sexo feminino (cariótipo 46 XX e ausência de alterações genitais) que, aos 2 anos e 6 meses de vida, veio encaminhada ao serviço de
Nefrologia Pediátrica da Universidade de Campinas (UNICAMP) com quadro
de edema, oligúria, em diálise peritoneal e uso de furosemida. Tinha história
pregressa, com 1 ano e 5 meses de vida, de ter realizado tratamento para tumor de Wilms, estádio V, de acordo com o quinto protocolo da National Wilm’s
Tumor Study (NWTS – 5). Foi submetida à biópsia do rim remanescente, que
mostrou quadro histológico compatível com GESF. Na admissão, apresentavase com os seguintes exames: Urina I com densidade 1023, pH 8,0, proteínas
3+, 10.000 hemácias/ml e 145.000 leucócitos/ml; proteinúria (24h) 2,85 g/dia;
colesterol total 319 mg/dl; LDL – colesterol 228 mg/dl; albumina sérica 2,5 g/dL;
Hb 9,3 g/dl; Ht-28,8%; creatinina 4,67 mg/dL; ureia 122 mg/dL; bicarbonato 19,6
mmol/l; potássio 3,4 meq/L . Submetida à pesquisa de mutação no gene WT1,
demonstrou a presença da mutação R394 no exon 9. Salienta-se a necessidade de acompanhamento e pesquisa de todos os casos de tumor de Wilms
quanto à possibilidade de aparecimento de síndrome nefrótica.
TACROLIMUS NA SÍNDROME NEFRÓTICA IDIOPÁTICA (SNI)
DE DIFÍCIL TRATAMENTO
Autores: Luciana dos Santos Henriques/Instituto da Criança – HCFMUSP; Maria Helena Vaisbich/Instituto da Criança – HCFMUSP;
Benita G. Schvartsman/Instituto da Criança – HCFMUSP; Maria Danisi
Fujimura/Instituto da Criança – HCFMUSP; Vera H. Koch/Instituto da
Criança – HCFMUSP
Foram estudadas 7 crianças com SNI de difícil tratamento (4 meninas), com
idade de 11,2 ± 2,6 anos, 5 corticorresistentes (CR) e 2 corticodependentes
(CD). Glomeruloesclerose segmentar e focal foi o diagnóstico em 4 e, em
3, lesão histológica mínima. Todas receberam previamente outros imunossupressores: 5 receberam ciclofosfamida (6 pulsos mensais), 7 receberam
ciclosporina em cerca de 12 meses (mediana), (7 a 42 meses), e 3 receberam micofenolato mofetil por 8 meses (mediana), (7 a 18 meses). O tacrolimus foi introduzido 5,8 ± 3,3 anos após o início da doença, e foi indicado
em 3 casos que não responderam à ciclosporina, 3 que não responderam
ao micofenolato e em 1 paciente CR que se tornou CD em doses altas após
ciclosporina. A dose inicial de tacrolimus foi de 0,1 ± 0,05 mg/kg/dia e o
ajuste da dose foi feito pelo nível sérico do vale (colhido antes de receber
a dose matinal), mantendo-se entre 4 e 8 ng/dl. No momento da introdução
do tacrolimus, os pacientes estavam em uso de corticoide, 5 recebiam
60 mg/m2/dia de prednisona. O tempo de uso de tacrolimus foi de 9,5 ±
3,2 meses. Todos os pacientes apresentaram resposta inicial satisfatória (30
dias): a proteinúria diminuiu de 110,5 mg/kg/dia (54-305) para 2,8 mg/kg/dia
(0-35), a albumina sérica aumentou de 1,1 ± 0,6 mg/dL para 2,5 ± 1,6 mg/
dL, sem alteração significativa da função renal (clearence de creatinina
estimado pela estatura). Entretanto, no período de uso do tacrolimus, 3
pacientes apresentaram 5 descompensações cada um, relacionadas a
infecções de vias aéreas superiores. No estado compensado da doença,
o nível sérico de tacrolimus foi de 6,13 ± 1,3 ng/dL e, no estado descompensado, foi 6,43 ± 1,3 ng/dL, diferença não significativa (p = 0,59). Dos 3
pacientes com descompensações concomitantes à infecção, atualmente
2 estão compensados e 1 está em remissão parcial, porém todos em uso
de corticoide. Dos demais, 1 está em remissão parcial e 3 estão compensados, sendo que 1 está sem corticoide há 7 meses e outro descompensou 1 mês após a suspensão do corticoide, necessitando de reintrodução.
Conclusão: O tacrolimus pode ser uma alternativa terapêutica na SNI de
difícil manejo em pacientes que não responderam a outros imunossupressores; porém, devemos monitorizar complicações infecciosas. Entretanto,
é necessário contar com um número maior de pacientes para avaliar sua
real eficácia e segurança.
14/8/2009 17:28:48
CICATRIZES RENAIS E DISFUNÇÃO VESICAL
Autores: Rejane de Paula Meneses/Hospital Infantil Pequeno Príncipe
de Curitiba; Daniele Braga/Hospital Pequeno Príncipe de Curitiba
Introdução: O interesse do nefropediatra no estudo das disfunções vesicais
na infância deve-se à evidência de alta incidência de refluxo vesicoureteral (RVU) e consequente achado de lesões cicatriciais renais. O tratamento
adequado das disfunções permite que um trabalho de prevenção de ocorrência ou progressão de lesões renais seja realizado. Este estudo tem o objetivo de demonstrar a correlação entre o achado de lesão renal cicatricial
na Cintilografia Renal ao DMSA e os achados do estudo urodinâmico e da
uretrocistografia miccional (UCM). Material e Métodos: A partir do banco de
dados de 160 pacientes acompanhados por disfunção vesical em programa
de reeducação miccional, foram selecionados 93 pacientes que realizaram Cintilografia Renal ao DMSA, Estudo Urodinâmico e Uretrocistografia
Miccional. Os 93 pacientes foram divididos em dois grupos: grupo I, sem
cicatrizes renais, e grupo II, com cicatrizes renais. Na análise estatística,
considerou-se que havia significância com p < 0.05 calculado pelo teste
de McNemar. Resultados: As características analisadas nos grupos foram:
sexo, idade, presença cicatrizes renais (CR), de contrações não inibidas de
detrusor (CNI), CNI de alta pressão (CNIAP), RVU, infeção do trato urinário (ITU), dissinergia (DS) e uretra em pião (UP). Grupo I (n = 53): 85% sexo
feminino, idade de 7,1 ± 2,6 anos, 0% (0) CR, 68% (36) CNI, 23% (12) CNIAP,
32% (17) RVU, 87% (46) ITU, 13% (7) DS e UP. Grupo II (n = 40): 83% do sexo
feminino, idade de 7,5 ± 2,9 anos, 100% (40) CR, 73% (29) CNI, 25% (10) CNIAP,
70% (28) RVU, 95% (38) ITU, 25% (10) DS e UP. O estudo da correlação entre
os fatores de risco pelo teste de McNemar demonstrou associação das cicatrizes renais com RVU e com dissinergia e uretra em pião (p = 0.02). Conclusão: O resultado deste estudo sugere que uma investigação detalhada
do aparelho urinário nas disfunções vesicais pode definir alguns fatores de
risco para lesão renal. Também sugere que a Reeducação Miccional com
biofeedback pode desempenhar papel importante na prevenção ou parada
de progressão das cicatrizes renais, em pacientes portadores de dissinergia de assoalho pélvico e uretra em pião, já que não se dispõe de farmacoterapia específica nestas condições de obstrução funcional.
TECNOLOGIA E HUMANIZAÇÃO – O IMPACTO DA DIÁLISE
PERITONEAL AUTOMATIZADA SOBRE A DINÂMICA DA
FAMÍLIA DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Autores: Viviane Ganem Kipper de Lima/CDR Botafogo – Clínica de
Doenças Renais/RJ; Luciene Pereira da Conceição/CDR Botafogo –
Clínica de Doenças Renais/RJ
O avanço da tecnologia no cuidado aos pacientes portadores de insuficiência
renal possibilita que crianças utilizem uma máquina (cicladora) para a realização da diálise peritoneal automatizada (DPA) em domicílio. O diagnóstico da
doença renal crônica (DRC) e o início da DPA trazem consigo a realidade
da dependência de um tratamento que utiliza equipamento de tecnologia
de saúde avançada, que fica no quarto da criança e que deve ser manipulado pelos pais. A partir desse momento, a família faz parte da equipe
da clínica e é também cobrada a realizar o procedimento com habilidade, responsabilidade e higiene. Desse modo, surgiu o objeto de estudo:
a incorporação da tecnologia da diálise peritoneal automatizada na
dinâmica da família de crianças com insuficiência renal crônica. Os
objetivos consistem em analisar a incorporação da tecnologia da diálise
peritoneal na dinâmica familiar de crianças com DRC; investigar o significado atribuído pelos familiares da criança com DRC à tecnologia da diálise
peritoneal; e identificar as estratégias utilizadas pelo familiar no convívio
com a tecnologia da diálise peritoneal. A primeira etapa do estudo será
a consulta aos prontuários da clientela e a elaboração do instrumento
de coleta de dados a ser realizada com os familiares, sujeitos do estudo.
Posteriormente, realizaram-se as entrevistas com os sujeitos. Os entrevistados foram 4 familiares de 3 pacientes, com idade entre 2 e 14 anos.
Quando questionados, por exemplo, se houve alguma mudança na rotina
com a chegada da máquina à sua residência, todos responderam que sim.
“Tudo. Mais por causa de horários, preocupações”; “Houve. Houve muita.
Olhe, só tenho sossego quando boto ela na máquina. Dever cumprido”.
“Sim, primeiro o agente fez um quarto que tenha todo o recurso pra ele
e com a limpeza”. Na conclusão, podemos perceber que a adaptação
é difícil, mas a motivação dos pais em salvar a vida da criança, ver sua
melhora e mantê-la em casa supera as adversidades. “Hoje em dia, é a
vida do meu filho.” “É tudo.”
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HIPERTENSÃO ARTERIAL EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES
PORTADORES DE DOENÇA FALCIFORME
Autores: HO CHI HSIEN/UNIFESP; Josefina A. Pellegrini Braga/
UNIFESP; João Tomás de Abreu Carvalhaes/UNIFESP
Objetivo: Estudar a incidência de hipertensão arterial em crianças e adolescentes portadores de doença falciforme do ambulatório de Hematologia
Pediátrica da UNIFESP. Métodos: Estudo longitudinal com medida antropométrica, peso e estatura, calculado o percentil da estatura/idade, escore-z
do peso/idade, da estatura/idade e do Índice de Massa Corpórea (IMC).
Pressão arterial (PA) foi feita em 3 medidas, com intervalo de 2 minutos entre elas, na primeira consulta e no retorno do paciente durante o período do
estudo. Resultados: 69 pacientes foram avaliados na primeira consulta e 52
no retorno. Os pacientes foram distribuídos em 3 grupos segundo as faixas
etárias: Grupo I (3 anos e 2 meses a 5 anos), Grupo II (5 a 9 anos) e Grupo
III (9 a 14 anos). Os valores médios da PA segundo os grupos, na primeira
consulta e no retorno, foram, respectivamente: Grupo I: PA sistólica (PAS),
89,9 e 90,7 mmHg; PA diastólica (PAD), 58,2 e 57,4 mmHg; Grupo II: PAS 98,7
e 100,4 mmHg; PAD 60,8 e 61,1 mmHg; Grupo III: PAS 98,6 e 98,2 mmHg; PAD
58,6 e 59,2 mmHg. Observou-se que 3,86 % dos pacientes apresentavam
hipertensão arterial, sem diferença estatística nos valores da PAS e PAD
entre os pacientes HbSS e HbSC. Conclusão: O encontro de hipertensão
arterial é um fator de alerta, confirmando a importância da medida rotineira
da pressão arterial na prática pediátrica. Unitermos: pressão arterial, hipertensão arterial, doença falciforme, criança, adolescente.
RESULTADO DE CAMPANHA DE PREVENÇÃO DE DOENÇAS
RENAIS EM CRIANÇAS
Autores: Rejane de Paula Meneses/Hospital Infantil Pequeno Príncipe de
Curitiba; Lucimary de Castro Sylvestre/Hospital Infantil Pequeno Príncipe de
Curitiba; Jussara Fontes/Hospital Pequeno Príncipe de Curitiba; Emmanuela
Bortoletto Santos/Hospital Pequeno Príncipe de Curitiba; Ana Paula Smaniotto/Hospital Pequeno Príncipe de Curitiba; Cilmara Cristina Kuwahara/Hospital
Pequeno Príncipe de Curitiba; Daniele Braga/Hospital Pequeno Príncipe de
Curitiba; Eduardo Maranhão Gubert/Hospital Pequeno Príncipe de Curitiba;
Romilda dos Santos Vieira/Hospital Pequeno Príncipe de Curitiba
Introdução: Nos últimos anos, a população tem sido amplamente informada
sobre o risco de doença renal crônica relacionada a diabetes, hipertensão
arterial (HÁ) e obesidade. Em crianças, pouco ainda se tem divulgado sobre
os fatores de risco, tais como infecção do trato urinário (ITU), HA e uropatias.
Com o objetivo de participar da Campanha de Prevenção no Dia Mundial do
Rim em 2008, oferecemos atendimento de triagem à comunidade pediátrica.
Métodos: Organizamos 3 equipes para atender crianças no Ambulatório de
Nefrologia, nos colégios público Barão do Rio Branco e particular Sagrado
Coração de Jesus de Curitiba. Os parâmetros clínicos foram avaliados por
meio de questionário enviado aos pais de cada aluno, buscando conhecer
antecedentes de ITU, incontinência urinária, doença do aparelho urinário
ou HA. Além das medidas antropométricas, realizamos 3 medidas de pressão arterial (PA) e fita urinária. Foi considerada HA quando a média das 3
medições encontrou-se acima do percentil 95, de acordo com sexo, idade e
percentil da estatura. Resultados: Foram atendidas 346 crianças: 70 no ambulatório de Nefrologia, 147 no colégio público e 129 no colégio particular.
Do total de atendimentos, 43 crianças (12,4%) tinham antecedentes de ITU,
30 crianças apresentavam enurese noturna (8,7%), 40 crianças apresentaram relato familiar de escapes urinários diurnos (12%), 9 crianças já apresentaram ou apresentam algum tipo de doença do aparelho urinário (2,6%),
33 crianças apresentaram média de PA sistólica e/ou diastólica acima do
percentil 95 (9,5%) e 68 crianças apresentaram algum tipo de alteração na
fita urinária – proteinúria, hematúria e/ou leucocitúria (19,7%). Os familiares foram orientados para confirmação dos achados de triagem e eventual
investigação. Não houve diferença significativa nos achados clínicos para
o grupo de escola pública em relação à privada. No grupo que procurou
atendimento no ambulatório, observou-se maior proporção de alterações,
possivelmente por apresentarem algum sintoma ou sinal prévio que levou
o familiar a procurar atendimento nesse dia em que foram oferecidas consultas gratuitas. Conclusão: O resultado da campanha foi bastante positivo
em termos de divulgação à comunidade, despertando grande interesse na
mídia local. Os resultados mostraram uma importante ocorrência de fatores
de risco para doença renal crônica em crianças, justificando a manutenção
de um programa de informação à comunidade para alcançarmos o objetivo
da prevenção.
14/8/2009 17:28:49
PERFIL DO PADRÃO MICCIONAL ENTRE ESCOLARES DA
REGIÃO LESTE DE GOIÂNIA
Autores: Alessandra Vitorino Naghettini/UFGO; Cláudia Maria Salgado/
UFGO; Johnathan Santana/UFGO; Luciana Salgado/UFGO; Marcus Vinícius
Calazans Barbosa /UFGO; Jorge Henrique Carneiro dos Santos/UFGO
Introdução: A detecção precoce de crianças em situação de risco do trato
urinário é difícil tanto porque a criança muitas vezes não sabe reconhecer os
próprios sintomas e, por isso, não comunica aos pais o que sente ou porque os
pais dessas crianças têm dificuldade para reconhecê-los. Objetivos: Avaliar
o hábito miccional em escolares e avaliar a percepção da família. Método:
Realizou-se um estudo transversal de base populacional em crianças de 6 a
10 anos, estudantes de seis escolas da Região Leste de Goiânia/GO. Aplicouse um questionário com questões fechadas, específico à criança e a seu responsável, durante entrevistas realizadas em momentos distintos. Avaliaram-se
as seguintes variáveis: incontinência urinária, enurese noturna, encoprese,
constipação, frequência de micção, manobras de retenção, urgência, disúria,
presença de fator de estresse anterior ao evento, sensibilidade da presença
dos fatos, história de ITU. Resultados: Foram avaliadas 213 crianças, das quais
113 (53,1%) eram meninas e 100 (46,9%) eram meninos. A média de idade foi
de 7,89 ± 1,25 anos. Um total de 15,1% das crianças e de 12,7% dos pais
relatou presença de incontinência; a enurese foi relatada, respectivamente,
por 23,6 e 19,9%, a encoprese, por 10,0 e 10,0%, diminuição da frequência da
evacuação por 50,2 e 31,7%, força durante a evacuação por 36,9 e 25,2%,
manobras de retenção por 40,4 e 35,6%, urgência, por 22,4 e 26,3%, disúria,
por 14,1 e 9,2%. Houve concordância em 74,4% das respostas. Para incontinência, essa concordância foi de 82,5%; para enurese noturna, de 80,8%; para
encoprese, de 87,6%; para diminuição da frequência de evacuação, de 61%;
para força durante a evacuação, de 64,1%; para manobras de retenção, de
61,5%; para urgência, de 63,9%; e, para disúria de 81,6%. As diferenças entre
as concordâncias foi estatisticamente significante pelo método de avaliação
de sinais de descartes (p < 0,05). História de ITU pregressa foi detectada em
16,7%. A relação da história pregressa de ITU com enurese, incontinência
urinária, encoprese apresentou resultado estatisticamente significante pelo
teste do Q-quadrado (p < 0,05). Conclusão: A detecção precoce de crianças
em situação de risco do trato urinário permite a instituição de medidas
preventivas e educacionais que reduzem as consequências.
A VISITA FAMILIAR/DOMICILIAR COMO INSTRUMENTO
FUNDAMENTAL NA AVALIAÇÃO PARA O TRATAMENTO CAPD DE
CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM DOENÇA RENAL CRÔNICA
Autor: Fátima Chagas Pompeu/UFMG
Objetivo: O presente trabalho visa apresentar o processo de recepção e encaminhamento para o tratamento dialítico domiciliar de crianças/adolescentes com Doença Renal Crônica (DRC) no Hospital das Clínicas – HC/UFMG.
A Diálise Peritoneal Ambulatorial Contínua (CAPD) é um tratamento dialítico
que depende primordialmente da integração do paciente e de seus familiares
com o tratamento. Os profissionais do Serviço Social e de Enfermagem,
durante a visita domiciliar, oferecem suporte técnico-científico para os
pacientes, com o intuito de orientar as adequações do domicílio para a
implantação do CAPD. Método: O estudo ora apresentado é descritivo e
respaldado na experiência profissional da Assistente Social e da Enfermeira do HC/UFMG ao longo dos últimos sete anos. Para tanto, realizaramse consulta bibliográfica e descrição das etapas traçadas até início do tratamento dialítico domiciliar. A visita domiciliar (VD) tem princípios científicos e
segue normas da Portaria do Ministério da Saúde. Realiza-se em duas etapas
para traçar o diagnóstico situacional ou estrutural em que o paciente e sua
família estão inseridos. A partir da primeira VD, é possível dar início às orientações para que sejam feitas as adaptações necessárias ou a construção do
quarto para que o tratamento se realize no domicílio, com segurança e sem
riscos para o paciente. São tiradas fotos da casa e do quarto a ser adequado
e também são entregues as orientações impressas, para esclarecer dúvidas
dos procedimentos relativos à reforma ou à construção. Toda a obra é avaliada e acompanhada. A segunda VD é realizada no intuito de conferir se as
orientações foram seguidas, e novas fotos são tiradas para o registro do antes
e depois da reforma ou construção. Se necessário, outras visitas são feitas até
o parecer favorável ao tratamento domiciliar. Conclusão: com a visita familiar,
é possível conhecer melhor a realidade familiar, socioeconômica do paciente
e estabelecer o vínculo paciente-família com os profissionais. Esse vínculo
favorece o processo de confiança e consolida a aderência ao tratamento.
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CONSTRUÇÃO DE UMA FERRAMENTA PARA O ACOMPANHAMENTO DE CRIANÇAS COM DOENÇA RENAL CRÔNICA EM DIÁLISE PERITONEAL
Autores: Viviane Ganem Kipper de Lima/CDR Botafogo – Clínica de
Doenças Renais/RJ; Luciene Pereira da Conceição/CDR Botafogo –
Clínica de Doenças Renais/RJ
Introdução: As indicações para o início da diálise em crianças com insuficiência renal crônica (IRC) são exames clínicos e laboratoriais, além de alterações
sutis, como o aumento de cochilos, dificuldade em aceitar dietas, o que leva
a déficit de crescimento e desenvolvimento e falta de atenção na escola. A
diálise peritoneal (DP) é o tratamento de primeira escolha para essas crianças, devido à preservação dos vasos sanguíneos e função renal residual,
realização de tratamento domiciliar, maior facilidade de acompanhamento
escolar, passeios e viagens. O treinamento do procedimento e higiene do
material e ambiente é dado pelo enfermeiro da DP, que, após a chegada
do material e certificação da segurança dos familiares, libera o tratamento
domiciliar. A rotina de retorno dessa criança à clínica é mensal e, quando
necessário, porém, a consulta de enfermagem (CE) não é sistematizada, e
sua realização fica a critério de cada enfermeiro. A sistematização da assistência de enfermagem (SAE) por meio da CE se faz necessária para o acompanhamento clínico, crescimento e desenvolvimento, sinais vitais, sinais
e sintomas, adequação ao tratamento, eliminações de líquido peritoneal,
diurese e evacuações, intercorrências, acompanhamento dos cuidadores
e retreinamento. É nesse momento precioso que conseguimos identificar os
problemas e suas possíveis causas, atuando na prevenção e no tratamento.
Objeto de estudo: sistematização da consulta de enfermagem com crianças com IRC em tratamento de DP. Objetivos: Desenvolver um instrumento
da consulta de enfermagem para a manutenção do tratamento de DP para
crianças com IRC; descrever a experiência no atendimento à criança com
doença renal crônica em acompanhamento de DP. A coleta de dados teve
início em fevereiro de 2009, com crianças em idade de 1 mês a 6 anos. Os
dados mais relevantes identificados foram a sede intensa, não uso de gastrostomia, dificuldade em aceitar a dieta, com mais de 3 refeições diárias.
A maior parte teve diurese maior que 500ml/24h e eliminações intestinais
normais. Todos com orifício do cateter limpo e seco e ultrafiltração menor
que 500ml e 50% apresentam fibrina no líquido peritoneal. Conclui-se que os
dados são de vital importância para a continuidade da assistência de enfermagem, facilitando a atuação médica e de outros profissionais no cuidado
integrado a essa clientela.
PREVALÊNCIA DE SÍNDROME METABÓLICA APÓS O
TRANSPLANTE RENAL
Autores: Valéria S. Godoy/Depto de Pediatria da FCM-UNICAMP; Área de
Nefrologia Pediátrica; Iza C. Oliveira/Depto. de Pediatria da FCM-UNICAMP;
Área de Nefrologia Pediátrica; Liliane Cury Prates/Depto. de Pediatria da
FCM-UNICAMP; Área de Nefrologia Pediátrica; Vera Maria Santoro Belangero/Depto. de Pediatria da FCM-UNICAMP; Área de Nefrologia Pediátrica
Introdução: Recentemente, a Síndrome Metabólica está sendo estudada com
o objetivo de determinar sua importância como fator de risco na evolução de
inúmeras doenças pediátricas. Objetivo: Determinar a prevalência e os possíveis fatores de risco para a Síndrome Metabólica em crianças e adolescentes
após o transplante renal. Material e Métodos: Estudaram-se todos os adolescentes e crianças do Ambulatório de Nefrologia Pediátrica da Unicamp que
haviam sido submetidos a transplante renal e que tinham mais de 6 meses de
pós-transplante. Síndrome Metabólica foi definida segundo o critério definido
por Cook et al. (US- National Cholesterol Education Program N.C.E.P). As avaliações clínicas (IMC e Pressão arterial) e laboratoriais (triglicérides, HDL e
glicemia) foram avaliadas em corte transversal. Estatística não paramétrica;
Teste do Chi Quadrado, p = 0,05. Resultados: Foram estudados 27 pacientes, 19
do sexo masculino, com idade média ao transplante renal de 10,3 ± 2,2 anos (5
a 18 anos) e tendo como principais doenças de base: uropatias (37%), enfermidades hereditárias (37%) e glomerulopatias em 26%. De acordo com o critério predeterminado, foram detectados 4/27 pacientes (14,8%) com Síndrome
Metabólica. O tipo de imunossupressão (p = 0,95), a idade ao transplante (p =
0,50), o tempo de transplante (p = 0,32) e o tipo da doença de base (p = 0,81) não
foram associados à presença ou não de Síndrome Metabólica. Conclusão:
A prevalência de Síndrome Metabólica foi inferior à encontrada em estudos
pediátricos de crianças e adolescentes obesos. Esses dados podem sugerir
que, embora a terapêutica empregada para o transplante renal seja fator de
risco para a Síndrome Metabólica, os benefícios sobre o crescimento e o metabolismo são preponderantes.
14/8/2009 17:28:49
RESPOSTA À VACINA CONTRA HEPATITE B EM CRIANÇAS com
INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA EM PROGRAMA DIALÍTICO
Autores: Ana Cláudia de Aquino Carneiro/IMIP; Marcela Correia de Araújo
Pandolfi/IMIP; Roberta Souza da Costa Pinto/IMIP; Iracy Oliveira de Araújo/IMIP;
Clécia Cristiane Silva Sales/IMIP; José Pacheco Martins Ribeiro Neto/IMIP
Introdução: Pacientes com insuficiência renal crônica (IRC) têm risco
aumentado de adquirir infecção pelo vírus da hepatite B (HBV) devido à
frequente exposição a derivados sanguíneos. A imunização com a vacina
HBV ainda é o modo mais efetivo para prevenir tal infecção. O nível sérico de albumina parece exercer alguma influência sobre a capacidade
de soroconversão e na manutenção de títulos anti-HBS protetores. Objetivo: Estudar a soroconversão protetora (títulos de 10 mUI/ml ou mais)
após a vacinação contra HBV em pacientes em diálise em relação ao
nível sérico de albumina. Material e Métodos: Avaliaram-se, em estudo
retrospectivo, 134 pacientes em IRC terminal em programa dialítico (HD
ou DP), em acompanhamento na Unidade Renal Pediátrica do IMIP no
período de fevereiro/1996 a fevereiro/2009. Foram analisados os níveis séricos de albumina desses pacientes, assim como a soroconversão após a
vacina (doses 0, 1, 6 meses). O método utilizado foi o Elisa (imunoensaio
enzimático tipo sandwich). Os resultados foram expressos como positivos
ou negativos. Resultados: Os pacientes foram distribuídos em grupos: Grupo 1 – pacientes que apresentaram soroconversão 93/134 (69,4%); Grupo
2 – pacientes que não soroconverteram (41/30,6%). A média do nível de
albumina foi: no grupo 1 = 3,48 ± 0,8 g/dL; e no grupo 2 = 3,35 ± 0,67 g/dL.
Não houve diferença estatisticamente siginificativa entre ambos os grupos (p = 0,369). Dos pacientes que apresentaram soroconversão, 20,4%
tornaram-se negativos durante o acompanhamento. A revacinação dos
pacientes soronegativos tornou-se efetiva em 87%. Conclusões: A soroconversão após a vacinação contra HBV foi observada em 69,4% de
nossos pacientes, porém 20,4% negativaram após as 3 doses aplicadas
contra HBV. O nível sérico de albumina parece não ter exercido influência
na soroconversão, uma vez que não houve diferença estatisticamente significativa. A revacinação (no esquema 0, 1 e 6 meses) mostrou-se efetiva
nos pacientes que eram soronegativos (87% soroconverteram). Novos estudos serão necessários para esclarecer outros fatores envolvidos na não
soroconversão em pacientes pediátricos em programa de diálise.
CREATININA (CLCR) DA DIÁLISE
Autores: Rejane de Paula Meneses/Hospital Pequeno Príncipe de
Curitiba; Lucimary de Castro Sylvestre/Hospital Pequeno Príncipe de
Curitiba; Jussara Fontes/Hospital Pequeno Príncipe de Curitiba
Objetivos: A medida da pressão intraperitoneal (PIP) é uma forma objetiva de
apreciar a tolerância ao volume intraperitoneal (VIP) prescrito no início da diálise e, a cada modificação de prescrição, portanto, é considerada importante
na adequação da diálise em crianças. O objetivo deste estudo foi detectar os
valores de PIP encontrados por faixa etária e por VIP e correlacioná-los com
as medidas de KtV e Clearance de creatinina (Clcr) semanal da diálise. Material e métodos: Os dados foram obtidos a partir dos registros realizados semestralmente em 84 pacientes submetidos à diálise peritoneal crônica. Foram
selecionadas 207 medidas de PIP correlacionadas com idade, VIP e medidas
de KtV e Clcr da diálise no mesmo período. A análise estatística de correlação foi realizada por meio do programa GraphPad Prism para Windows 4.03
(GraphPad Software Inc.). A significância estatística foi definida como p <
0,05. Resultados: 84 crianças com idade média de 7,9 ± 4,8 anos, em diálise
peritoneal há 2,3 anos (mediana), realizaram 207 medidas de PIP. A média da
PIP (cmH2O) por faixa etária foi de 10,7 ± 2,4 para crianças abaixo de 6 anos,
11,3 ± 1,7 entre 6 e 12 anos e 12,1 ± 2,8 acima de 12 anos (p = 0,003). A correlação da PIP com o VIP (ml/m2) foi significativa (p = 0,0004). A PIP encontrada
por faixa de VIP foi de 10,8 ± 2,5 para volume infundido abaixo de 800 ml/m2
(648 ± 117), 11,0 ± 1,9 para volume entre 800 e 1000 ml/m2 (918 ± 59), 11,5 ± 1,7
para volume entre 1000 e 1200 ml/m2 (1096 ± 51) e 12,0 ± 2,8 para volume acima
de 1.200 ml/m2 (1.483 ± 203). Além da significativa correlação entre a VIP, a PIP
e a idade do paciente também ocorreram em relação ao KtV (p = 0,001) e Clcr
(p = 0,0002) semanal da diálise. Quatorze pacientes de 82 apresentaram algum
tipo de hérnia (17%), sendo a maioria, 8 pacientes, abaixo de 6 anos. Esses 8
pacientes realizaram 60 medidas de PIP, sendo a média de 10,7 ± 2,4 cmH2O.
Conclusão: Em crianças, o volume de infusão prescrito na diálise peritoneal
parece ser um dos mais importantes parâmetros de adequação. A eficiência
da diálise relaciona-se ao VIP e ao tempo de contato. A PIP determina o grau
de tolerância, permitindo prescrição individualizada.
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HEMODIÁLISE EM CRIANÇAS COM MENOS DE 7KG
Autores: Samanta Loraine Bergamo/UNIFESP – Escola Paulista de Medicina; Marina da Rocha Lordelo/UNIFESP – Escola Paulista de Medicina;
Maria Luiza do Val Moreira/UNIFESP – Escola Paulista de Medicina; Marta Liliana de Almeida Maia/UNIFESP – Escola Paulista de Medicina; Zelia
Maria Andrade/UNIFESP – Escola Paulista de Medicina; João Tomaz de
Abreu Carvalhaes/UNIFESP – Escola Paulista de Medicina
A hemodiálise (HD) em crianças teve seu uso mais difundido nas últimas décadas, após o avanço tecnológico e de profissionais com formação específica.
Faltam evidências na literatura, especialmente para pacientes de baixo peso,
dado o pequeno número de crianças sob HD crônica e de poucos centros
exclusivamente pediátricos. Pelas oscilações hemodinâmicas, expoliação
sanguínea, necessidade de estabelecimento de circulação extracorpórea e
dificuldade de acesso venoso a HD nessa população não é o método de escolha. Objetivo: Relatar a experiência no tratamento de crianças em HD com
menos de 7kg em um serviço especializado em HD pediátrica. Metodologia:
Estudo retrospectivo por meio da análise dos prontuários dos pacientes admitidos com menos de 7kg durante o período de janeiro de 2000 a março de 2008,
atendidos em uma unidade de HD Pediátrica. Resultados: Foram avaliadas 8
crianças com menos de 7kg (sendo 7 meninos) com idade variando de 3 a 16
meses e peso médio de início de 5,2kg. Todos usaram Diálise Peritoneal (DP)
como método anterior e a causa para a mudança foi falha na adequação e peritonite de repetição. Quatro faleceram por complicações infecciosas (choque
séptico), 1 retomou a DP por perda de acesso venoso, 1 foi transferido para
outro serviço e 2 ainda estão em HD. O acesso venoso foi, em sua maioria, de
longa permanência (5/8 pacientes). Sete eram hipertensos (estágio 2). Todos
receberam mais de três transfusões sanguíneas por anemia ou para preenchimento do sistema de HD. Todos apresentavam patologias graves associadas tais como broncodisplasia, sangramento em sistema nervoso e um com
síndrome genética. O tempo médio de tratamento foi de 116 dias. As principais
intercorrências foram disfunção de cateter e hipotensão. As sessões foram
realizadas em máquinas Baxter 1550, usando linhas pediátricas ou neonatais
e priming com sangue ou solução salina a 0,9%. O fluxo sanguíneo médio foi
de 60 ml/min. A frequência das sessões proposta foi de 3x/semana com 4h/
sessão ou diária de 1 a 3h por sessão. Conclusão: A população do estudo consistia de crianças com diversas patologias associadas à DRC, e a mortalidade
observada não foi relacionada diretamente ao tratamento dialítico. Disfunção
de cateter foi complicação frequente, dado que é compatível com a literatura.
Apesar de não ser a primeira escolha, a HD em crianças de baixo peso é alternativa segura e factível como terapia de substituição renal.
INCIDÊNCIA E FATORES DE RISCO PARA INFECÇÃO DO TRATO
URINÁRIO EM UMA COORTE DE REFLUXO VESICOURETERAL
PRIMÁRIO
Autores: Cristiane dos Santos Dias/UFMG; Ana Cristina Simões Silva/UFMG;
José Silvério dos Santos Diniz/UFMG; Eleonora Moreira Lima/UFMG; José
Maria Penido Silva/UFMG; Louisie Galantini Lana/UFMG; Ana Luiza Lanna
Trivelato/UFMG; Marcela Silva Lima/UFMG; Lúcia Campos Vasconcellos/
UFMG; Mariana Rabelo Maia /UFMG; Eduardo Araújo Oliveira/UFMG
Introdução: A associação entre infecção do trato urinário (ITU) e refluxo vesicoureteral (RVU) predispõe a cicatrizes renais e, consequentemente, a hipertensão arterial e doença renal crônica. Objetivos: Avaliar, retrospectivamente, a incidência de ITU em pacientes com RVU e
identificar fatores de risco para recorrência de ITU. Metodologia: 740
pacientes encaminhados ao HC-UFMG entre 1970 e 2007. ITU recorrente
foi definida por mais de um episódio de ITU durante o seguimento. A
taxa de incidência de ITU foi calculada com base no número de eventos
por 1000 pessoas-mês. Um modelo de regressão logística foi aplicado
para identificar possíveis fatores preditivos. Resultados: ITU recorrente
foi observada em 122 (16,5%) casos. A taxa de incidência de ITU foi 8,4
episódios por 1000 pessoa-mês. Após análise multivariada, 5 variáveis
foram identificadas como fatores preditivos ITU recorrente: ITU como
apresentação clínica, idade < 6 meses, sexo feminino, disfunção do trato urinário inferior e grau de RVU (IV-V). O escore de risco com base
nesses fatores identificou 174 (24%) das crianças como baixo risco, 306
(42%) como risco intermediário e alto risco em 251 (34%). Conclusão:
O modelo preditivo de ITU recorrente pode ser utilizado para estimar
subgrupos de risco e, então, reconhecer precocemente pacientes que
possam beneficiar-se de medidas terapêuticas específicas.
14/8/2009 17:28:50
PAPEL EDUCATIVO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM NA
PRESERVAÇÃO DA FÍSTULA ARTERIOVENOSA EM
PERITONITES EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM
PROGRAMA DE DIÁLISE PERITONEAL
Autores: Clécia Cristiane da Silva Sales /Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira; Eliane Germano Lins/Instituto
de Medicina Integral Professor Fernando Figueira; Jailso Correia /
Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira; José
Pacheco Martins Ribeiro Neto/Instituto de Medicina Integral
Professor Fernando Figueira; Júlia Melo /Instituto de Medicina
Integral Professor Fernando Figueira; Auristela Pimentel Silva Lins
/Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira
Introdução: As peritonites constituem uma das principais complicações em diálise peritoneal (DP) e, com frequência, determinam
falência desse procedimento e, portanto, necessidade de mudar
para tratamento dialítico para hemodiálise (HD). Objetivos: Descrever características socioeconômicas e clínicas das peritonites em
crianças e adolescentes submetidos à DP. Métodos: Estudo tipo
corte transversal, retrospectivo, descritivo de todos os pacientes
em programa de DP na Unidade Renal Pediátrica do IMIP, no período de 1996 a 2006. Considerou-se peritonite o líquido peritoneal turvo com 100 ou mais células. Estudo aprovado pelo Comitê de Ética
em Pesquisa. Resultados: A mediana da idade dos 67 pacientes na
admissão no programa foi 9 anos, 57% eram do sexo feminino, 87%
eram provenientes do interior de Pernambuco, 94% tinham quartos de trocas de diálise em alvenaria, 51% renda familiar de até
um salário mínimo e 63% das genitoras até 3 anos de estudos. Dos
pacientes em DP, 39% iniciaram tratamento por hemodiálise. Apenas 6% tiveram break-in de 7 dias. Observaram-se 116 episódios de
peritonite em 57 pacientes (0,5 episódio de peritonite paciente/ano).
Os achados clínicos mais frequentes foram: dor abdominal (96%) e
febre (29%). Isolaram-se 52 microrganismos no líquido peritoneal:
estafilococos coagulase negativa (23,1%), Klebsiella sp (17,3%),
igual frequência de Pseudomonas e S. aureus (13,5%) e 3,8% de
fungos. Empregou-se o tratamento empírico inicial com cafalotina
e ceftazidima. O sucesso do tratamento foi verificado em 64% dos
casos, sendo necessário mudar o tratamento para HD, transitoriamente, nos 36% restantes. Conclusões: Apesar das condições socioeconômicas desfavoráveis dos pacientes analisados, a frequência de peritonites foi de 0,5 paciente/ano. No entanto, somente 64%
tiveram sucesso do tratamento com antimicrobianos, resultando em
alto percentual de transferência para HD. Portanto, novos estudos
serão necessários, com o objetivo de identificar os fatores de risco
envolvidos na peritonite, como também em sua abordagem terapêutica e, assim, estabelecer medidas preventivas para diminuir a
migração para HD em nossa população.
RECORRÊNCIA DE GESF PÓS-TRANSPLANTE: USO DE
RITUXIMABE
Autores: Viviane de Barros Bittencourt/Complexo Hospitalar Santa
Casa Porto Alegre; Clotilde Druck Garcia/Complexo Hospitalar
Santa Casa Porto Alegre; UFCSPA; Valter Duro Garcia/Complexo
Hospitalar Santa Casa Porto Alegre
A glomeruloesclerose segmentar e focal (GESF) é a doença primária em cerca de 10% dos receptores de transplante renal (TxR) pediátrico. Observou-se recorrência de GESF em 57% dos pacientes
pediátricos transplantados com essa doença em nosso serviço. A
plasmaferese é o tratamento de escolha, principalmente na população pediátrica, mas é uma terapia invasiva e cara. O Rituximabe
tem sido utilizado no tratamento desses casos com resultados promissores. Objetivo: Relatar a experiência no tratamento de GESF
pós-Tx com Rituximabe em 6 crianças. Método: 6 receptores de TxR
com recorrência de GESF após o Tx foram tratados com RItuximabe,
375 mg/m2/dose, 1 a 3 doses, associado com pulses de metilprednisolona (3 a 6 pulses). Cinco desses pacientes foram submetidos
a nefrectomia (química ou cirúrgica), com o objetivo de abolir a
diurese, facilitando, assim, o diagnóstico da recidiva. A média de
idade foi de 13,3 anos (1 paciente de 21 anos), doador foi vivo em
4 pacientes e a imunossupressão primária foi feita com Tacrolimo,
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Micofenolato Sódico e Prednisona (1 recebeu indução com Daclizumabe e 3 com Timoglobulina). Todos desenvolveram proteinúria
maciça na primeira semana após o transplante, com redução de
albumina e edema. Resultados: A resposta a Rituximabe foi rápida
e houve redução da proteinúria após o quinto dia em todos os casos. Uma paciente fez crise de broncoespasmo durante a infusão,
controlada com hidrocortisona. Dois pacientes fizeram quadro de
rejeição aguda (Banff 2A e 2B) associada à recidiva, que foi tratada
pela própria infusão de Rituximabe. Após um seguimento médio de
14 ± 5 meses (4-21 meses), 5 pacientes permanecem em remissão
e 1 paciente reiniciou com proteinúria de 2g/24h, 6 meses após o
tratamento, não respondendo a novo tratamento com Rituximabe.
Todos mantêm boa função do enxerto, média de creatinina de 0,88
± 0,2 mg/dl. Conclusão: O uso de Rituximabe surge como opção à plasmaferese no tratamento de GESF recorrente, sendo menos oneroso e
oferecendo menores riscos, pelo menos em curto prazo. No entanto, a
durabilidade da remissão e a segurança no longo prazo ainda são
questões em aberto.
431 TRANSPLANTES RENAIS PEDIÁTRICOS
Autores: Viviane de Barros Bittencourt/Complexo Hospitalar
Santa Casa de Porto Alegre; Clotilde Druck Garcia/Complexo
Hospitalar Santa Casa de Porto Alegre; Jerônimo Antonello/
Complexo Hospitalar Santa Casa de Porto Alegre; Diego Malheiros/Complexo Hospitalar Santa Casa de Porto Alegre; Roberta
Rohde/Complexo Hospitalar Santa Casa de Porto Alegre; Helena
Bonato/Complexo Hospitalar Santa Casa de Porto Alegre;
Santo Pascoal Vitola/Complexo Hospitalar Santa Casa de Porto
Alegre; Valter Duro Garcia/Complexo Hospitalar Santa Casa de
Porto Alegre
Objetivo: Relatar os resultados do transplante renal (TxR) pediátrico em 32 anos de funcionamento do centro. Método: Análise
dos TxR realizados em pacientes < 19 anos de mai/97 a fev/09.
Resultados: Foram realizados 431 Tx em 394 crianças (33 reTx, 2
fizeram 3 Tx), 53% eram meninos, 81,6% brancos. Idade média no
Tx: 11.1 + 4,5 anos. Foram feitos 55 Tx em crianças < 15kg (3 <
8kg). A modalidade prévia de diálise foi CAPD/APD em 47% dos
pacientes, HD em 37% e 16% estavam em tratamento conservador.
Doença básica: RVU/uropatia obstrutiva/hipoplasia, 38%, glomerulopatia, 25,5%, doenças hereditárias, 11%, desconhecida, 13%.
O doador foi vivo em 60,3%. A imunossupressão foi Aza+Pred até
1985, CsA+Aza+Pred até 1996; a partir de então, a Aza foi substuída por Micofenolato e a CsA gradativamente por Tac e iniciada
indução com Ac-anti-IL2. Foram transplantados 59 pacientes sem
corticoide de manutenção. Foram realizados 42 Tx em pacientes
com GESF, 57% recorreram pós-Tx. Destes, 14 foram tratados com
plasmaferese, com taxa de remissão de 50%. A partir de 2007, as
recidivas de GESF foram tratadas com rituximabe, total de 5 pacientes, todos entraram em remissão, 1 voltou a recidivar. Houve
10 casos de neoplasia: 3 PTLD, 2 tu de Wilms e 1 tu de células
claras em rim nativo, 1 neoplasia de colo uterino associada ao
HPV, 1 leiomioma de vesícula/fígado, 2 carcinomas de lábio. Observaram-se 14 casos de diabete melito pós-tx (2 com CsA, demais
com Tac). Hoje, 298 pacientes permanecem em acompanhamento
com enxerto funcionante, houve 133 perdas de enxerto (28 por
óbito do receptor, 41 por nefropatia crônica do enxerto, 18 por
não aderência comprovada, 17 por recorrência da doença, 13 por
rejeição aguda, 7 por trombose vascular, 3 por não funcionamento primário do enxerto, 3 por nefropatia por BK vírus, causas cirúrgicas em 3). Houve 32 óbitos (incluindo 4 pac nos primeiros 3
meses pós-retorno à diálise), sendo 23 nos primeiros 3 meses de
Tx. Infecção foi a principal causa. A sobrevida do enxerto no primeiro, no quinto e no décimo anos foi, respectivamente, de 90%,
72%, e 59% (com doador vivo, 91%, 74% e 63%; doador falecido,
89%, 69%e 50%). A sobrevida do receptor no primeiro, no quinto
e no décimo anos foi de 96%, 92%, e 90%. Conclusão: O TxR em
crianças, embora com maiores dificuldades técnicas, maior risco
imunológico e com os riscos de recorrência da doença básica, é a
melhor opção para crianças urêmicas, devendo ser realizado em
centros com experiência.
14/8/2009 17:28:50
CURSO CLÍNICO DE 47 CRIANÇAS E ADOLESCENTES TRANSPLANTADOS NA UNIDADE DE NEFROLOGIA PEDIÁTRICA DO
HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA UFMG, NO PERÍODO DE JUNHO
DE 2000 A FEVEREIRO DE 2009
Autores: Mariana Guerra Duarte/UFMG; Regina Araujo Souza/UFMG; José
Maria Penido Silva/UFMG; Cristiane dos Santos Dias/UFMG; Mariana Passos
Raminho/UFMG; Eleonora Moreira Lima/UFMG
Introdução: Nos últimos 20 anos, o transplante renal tornou-se terapia de substituição renal de rotina para crianças com doença renal. Objetivo: Descrever a evolução de crianças e adolescentes submetidas a transplante
renal na Unidade de Nefrologia Pediátrica do Hospital das Clínicas
– UFMG. Método: No período de junho de 2000 a fevereiro de 2009, foram
transplantados 47 crianças e adolescentes, com média de idade de 10,3 ± 3,7
anos, 26 (55%) do sexo feminino e 24 (51%) leucodérmicos. O tempo médio de
seguimento foi de 4,1 ± 2,6 anos. Quatro pacientes receberam transplante preemptivo, 31 (66%) estavam em diálise peritoneal e 12 (25,5%) em hemodiálise.
Utilizaram-se 27 (57,4%) enxertos de doadores falecidos e 20 (42,6%) de doadores vivos relacionados. Todos os pacientes tinham sorologia negativa para
Hepatite B e C. Resultados: As principais intercorrências no pós-operatório
imediato foram: 21 (44,6%) clínicas, 7 (15%) cirúrgicas, 6 (12,7%) clínicas/cirúrgicas, sendo 3 (6,4%) perdas do enxerto e 17 (36%) sem intercorrências. As
complicações tardias foram: nefropatia crônica do enxerto diagnosticada por
biópsia renal em 10 (21%) pacientes, má adesão medicamentosa em 8 (11%),
perda do enxerto renal em 3 (6,4%), recidiva da doença primária em 4 (8,5%),
estenose da artéria renal em 5 (10,6%), infecções viróticas em 12 (25,5%), doença linfoproliferativa em 1. Duas (4,2%) crianças faleceram e outras complicações ocorreram em 4. Indução com anticorpos monoclonais (daclizumab
ou basiliximab) foi feita em 45 (96%) pacientes. Quarenta e um pacientes permanecem em controle ambulatorial, tendo como imunossupressão de manutenção a associação de tacrolimus, micofenolato e prednisona em 28 (68%),
ciclosporina, micofenolato e prednisona em 7 (17%), rapamicina associada a
prednisona e micofenolato em 4 (10%) e rapamicina e prednisona em 2 (5%).
A conversão de tacrolimus para rapamicina foi feita em 7 pacientes, devido à
ocorrência de infecções viróticas, nefrotoxicidade, diabetes mellitus e doença linfoproliferativa. A média do clearence de creatinina no último controle foi
de 93,2 ± 35,7ml/min/1,73m2SC. Conclusão: A nefropatia crônica do enxerto,
assim como a má adesão medicamentosa e as infecções viróticas, permanecem como as principais complicações no pós-transplante renal da criança e
do adolescente com potencial comprometimento da função renal.
MICOFENOLATO MOFETIL EM CRIANÇAS COM SÍNDROME
NEFRÓTICA ESTEROIDE E CICLOFOSFAMIDA RESISTENTES
Autores: Valderez Raposo de Mello/Santa Casa de São Paulo; Vanda
Benini/Santa Casa de São Paulo; Julio Toporovski/Santa Casa de São
Paulo; Olbers Vitor Braga de Andrade/Santa Casa de São Paulo; Taís
Helena Mastrocinque/Santa Casa de São Paulo; Simone Paiva Laranjo/
Santa Casa de São Paulo; Eliana Biondi Medeiros Guidoni/Santa Casa de
São Paulo; Maíra Tinte Rodrigues/Santa Casa de São Paulo
Os objetivos deste trabalho foram avaliar os resultados do tratamento com
Micofenolato de Mofetil (MMF) em crianças com síndrome nefrótica idiopática (SNI) resistente aos corticoides (CE) e à ciclofosfamida (CyC). Os tópicos considerados referem-se ao diagnóstico histológico, comportamento
da função renal (FR) e efeitos colaterais. Dentre os pacientes, 65,4% haviam
recebido também ciclosporina A (CsA) e o material foi dividido em dois grupos: 1) o que recebeu CsA e, na sequência, MMF e 2) apenas MMF, em que
o intuito consistia em descartar a interferência da CsA na resposta terapêutica àquela droga. O estudo incluiu 52 crianças com idades entre 2 e 17
anos, média de 12 anos (± 4,7), acompanhados no serviço de Nefropediatria
da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo entre 2006-2008. A indicação
para o uso do MMF foi a resistência aos esquemas terapêuticos tradicionais
e resistência primária, secundária ou nefrotoxicidade à CsA. A duração do
tratamento variou de 6 meses a 2 anos. Todos os pacientes tinham diagnóstico anatomopatológico (AP) anterior ao tratamento: lesão histológica
mínima (LHM), n = 19; glomeruloesclerose segmentar e focal (GESF), n = 30
e outros, n = 3. Obtivemos remissão total em 12 pacientes, remissão parcial em 18, enquanto 22 não se beneficiaram com a terapia. Houve perda
de função renal no período de observação em 8 dos casos. Estatisticamente, não houve diferença significativa nos resultados comparativos entre
MMF usado isoladamente e o grupo que recebeu previamente CsA. Os
efeitos colaterais resumiram-se a distúrbios gastrintestinais (11), infecções
frequentes (1), plaquetopenia com leucopenia leves (1).
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FUNÇÃO DO ENXERTO RENAL 18 MESES PÓS-CONVERSÃO
PARA MICOFENOLATO SÓDICO EM PACIENTE PEDIÁTRICO
Autores: Rejane de Paula Meneses/Hospital Pequeno Príncipe de Curitiba
Introdução: A minimização dos efeitos adversos gastrointestinais (GI) com o
uso do micofenolato sódico (MFS) – comprimidos gastrorresistentes (myfortic®), favorecendo melhor ajuste de dose, permite planejar com maior segurança a redução na dose dos inibidores da calcineurina para a preservação
da função do enxerto renal em longo prazo. Este estudo visa avaliar o efeito
da conversão do MMF para MFS sobre a função do enxerto. Métodos: Foram selecionados os pacientes que realizaram conversão do MMF para MFS
há 18 meses. Todos receberam imunossupressão tripla, 21 pacientes com
Ciclosporina microemulsão (CsA), 4 com sirolimus (SRL) e 1 com tacrolimus
(TAC), além da prednisona e do MFS. Os dados clínicos e laboratoriais foram
avaliados aos 6 meses e aos 18 meses pós-conversão: taxa de filtração glomerular calculada (TFGc) pela fórmula de Schwartz, creatinina sérica, efeitos
adversos GI – diarreia, náuseas, vômitos e dor abdominal, dose do MFS, dose
da CsA e nível plasmático da CsA (T3) – 21 pacientes. A análise estatística
foi realizada utilizando o programa GraphPad Prism 4 para Windows versão
4.03 (GraphPad Software Inc.). Significância foi definida com valor do p < 0,05.
Resultados: 26 pacientes com idade média de 13,8 ± 3,0 anos, transplantados
há 36 ± 25 meses participaram do estudo. Na análise comparativa entre 6 e 18
meses pós-conversão, observamos diferença significativa na TFGc – 69,8 ±
23,4 e 87,0 ± 26,4 mL/min/1,73m2 (p = 0.0006) e na creatinina sérica – 1,18 ± 0,44
e 1,05 ± 0,42 mg% (p = 0.034), respectivamente. A dose do MFS era 646,6 ± 71,2
e 727,1 ± 100,4 mg/m2/dia aos 6 e 18 meses (p = 0.0001). Quanto aos efeitos GI,
7,7% dos pacientes apresentavam diarreia, náuseas e dor abdominal e 3,8%,
vômitos aos 6 meses pós-conversão e 3,8% apresentavam episódios de vômitos, sem diarreia, náuseas e dor abdominal aos 18 meses pós-conversão.
A dose de CsA era de 5,4 ± 1,8 e 4,3 ± 1,2 mg/kg/dia (p = 0,015), com nível de
CsA 440 ± 103 e 417 ± 111 ng/mL (p = 0.55), respectivamente, aos 6 e 18 meses
pós-conversão. Conclusão: Este estudo sugere que a imunossupressão com
MFS em transplante renal pediátrico tem benefícios em relação ao MMF, pois
proporciona melhor tolerância GI, ajuste e estabilização da dose do MFS, garantindo melhor função do enxerto em longo prazo. A maioria dos pacientes
recebia CsA e a redução da dose foi significativa ao longo do estudo. No entanto, não houve diferença significativa no nível sérico.
MEDIDA RESIDENCIAL DA PRESSÃO ARTERIAL E
MONITORIZAÇÃO AMBULATORIAL DA PRESSÃO ARTERIAL
NO DIAGNÓSTICO DA HIPERTENSÃO DO AVENTAL BRANCO E
MASCARADA EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Autores: Erika Arai Furusawa/Instituto da Criança – HC FMUSP; Vera Hermina Koch/Instituto da Criança – HC FMUSP; Ulysses Doria Filho/Instituo da
Criança – HC-FMUSP; Décio Mion Junior/Nefrologia – HC-FMUSP
Introdução: A medida da pressão arterial (PA) é a base para diagnóstico,
conduta e tratamento da hipertensão arterial (HA). A medida da PA no consultório pode, portanto, apresentar valores maiores ou menores que os obtidos durante a vigília pela monitorização ambulatorial da pressão arterial
(MAPA) ou pela monitorização residencial da pressão arterial (MRPA). Essas diferenças possibilitam a classificação dos pacientes em hipertensos do
avental branco (hipertensão isolada de consultório) e hipertensos mascarados (normotensão do avental branco), além do simples diagnóstico de hipertensão e normotensão. Objetivo: Avaliar a MRPA em comparação à MAPA
no diagnóstico de hipertensão do avental branco e mascarada. Casuística
e Métodos: Foram analisados os dados de 40 pacientes com hipertensão
arterial (14 meninas), idade média 12,1 ± 3,6 anos. A MRPA foi realizada com
aparelho eletrônico, oscilométrico por 14 dias, em dois períodos (vespertino e noturno). A colocação do equipamento da MAPA ocorreu na véspera
do início da MRPA. Para se estudar a concordância entre os métodos, utilizou-se o teste não paramétrico de Mc Nemar (nível de significância de 0,05)
e o índice kappa. Resultados: 10 pacientes apresentaram PA não controlada
( PA > p90 ) no consultório. A hipertensão do avental branco ocorreu em
7,5% dos pacientes pela MAPA e 12,5%, pela MRPA. A hipertensão mascarada ocorreu em 15% dos pacientes pela MAPA e 10% dos pacientes pela
MRPA. Houve concordância entre MAPA e MRPA (Mc Nemar p < 0,01), com
boa reprodutibilidade (índice kappa, 0,557) entre os métodos no diagnóstico
da hipertensão do avental branco e hipertensão mascarada. Conclusão: A
MRPA mostrou-se um método alternativo no diagnóstico da hipertensão do
avental branco e mascarada.
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EFEITO DA ORIENTAÇÃO NUTRICIONAL NO CONTROLE DA URICEMIA APÓS O TRANSPLANTE RENAL
COM ANTIGENEMIA PP65 PARA O CMV E TRATAMENTO
PREEMPTIVO EM TRANSPLANTE RENAL PEDIÁTRICO
Autores: Valéria S. Godoy/Depto. de Pediatria da FCM-Unicamp; Área de
Nefrologia Pediátrica; Iza C. Oliveira/Depto. de Pediatria da FCM-Unicamp;
Área de Nefrologia Pediátrica; Liliane Cury Prates/Depto. de Pediatria da
FCM-Unicamp; Área de Nefrologia Pediátrica; Vera Maria Santoro Belangero/Depto. de Pediatria da FCM-Unicamp; Área de Nefrologia Pediátrica
Autores: Regina Schroeder/UFCSPA; Gabriela Garbin/UFCSPA; Natália
Prado/UFCSPA; Viviane Bittencourt/CHSCPA; Jorge Neumann/CHSCPA;
Clotilde Garcia/UFCSPA; Valter Garcia/CHSCPA
Introdução: Os distúrbios do metabolismo do ácido úrico têm sido apontados
como causa relevante de hipertensão arterial e predisposição à Síndrome Metabólica. Após transplante renal em crianças e adolescentes, a combinação de
imunossupressores e a ingestão calórica protéica aumentada podem levar a
maior risco de hiperuricemia e de suas complicações. Objetivo: Avaliar o efeito da orientação nutricional quanto à ingestão de precursores do ácido úrico.
Material e Métodos: Foram estudados todas as crianças e os adolescentes do
Ambulatório de Nefrologia Pediátrica da Unicamp que haviam sido submetidos
a transplante renal e que tinham mais de seis meses de pós-transplante e que
não estavam sob uso de medicações uricosúricas por pelo menos 10 dias. No
momento zero do estudo, todos os pacientes passaram por consulta nutricional,
quando estes e seus acompanhantes foram orientados quanto às fontes exógenas de ácido úrico. Realizaram-se medidas séricas e urinárias de ácido úrico
pré e após 6 meses da orientação nutricional. Estatística não paramétrica (Teste
de Wilcoxon, p < 0,05). Resultados – Foram estudados 27 pacientes, 19 do sexo
masculino, com idade média ao transplante renal de 10,3 ± 2,2 anos (5 a 18 anos)
e tendo como principais doenças de base: Uropatias (37%), enfermidades hereditárias (37%) e glomerulopatias em 26%. Resultados: Os valores séricos da uricemia mostraram aumento significativo ( 5,3 ± 1,1 mg% versus 5,8 ± 1,4 mg%; p =
0,018) no período de observação. Da mesma forma, houve aumento significativo
da creatinina sérica ( 0,91 ± 0,45 versus 1,0 ± 0,52 mg%; p = 0,007). A excreção
urinária total em mg/kg/dia diminuiu significativamente no mesmo período (10,2
± 3,9 versus 8,5 ± 3,7 mg/kg/dia; p = 0,05), mas a relação ácido úrico/creatinina
urinária pré e pós-orientação dietética não mostrou diferença significativa (0,47
± 0,17 versus 0,43 ± 0,17; p = 0,26). Conclusão: Dos dados obtidos, pode-se sugerir
que o controle da uricemia é dificilmente obtido com a orientação nutricional
como terapêutica exclusiva.
INVESTIGAÇÃO DO REFLUXO VESICOURETERAL: CORRELAÇÃO
DA CINTILOGRAFIA RENAL COM DMSA E NECESSIDADE DE
AVALIAÇÃO COM URETROCISTOGRAFIA MICCIONAL
Autores: Marcela Prates Braz/UROPED – Clínica de Urologia Pediátrica
do Rio de Janeiro; Domingos T. G. Bica/UROPED – Clínica de Urologia
Pediátrica do Rio de Janeiro; Marcelo Pereira Braz/UROPED – Clínica de
Urologia Pediátrica do Rio de Janeiro
Introdução: O refluxo vesicoureteral (RVU) está presente em cerca de 25-40%
dos pacientes que apresentam infecção urinária (ITU) febril. Estudos recentes
têm demonstrado que a cintilografia com DMSA poderia estratificar aqueles
pacientes, que deveriam ser submetidos a uretrocistografia miccional (UCM),
e esta deveria ser solicitada apenas em pacientes que apresentassem
alterações cintilográficas. Objetivo: Análise de dados clínicos, epidemiológicos e evolutivos numa população de pacientes portadores de RVU confirmado por UCM e cintilografia renal com DMSA normal. Material e Métodos:
Realizado estudo retrospectivo por meio da análise dos prontuários de 102 pacientes (período de maio de 2005 a dezembro de 2008), com passado de ITU e
RVU confirmado por meio de UCM. Desse grupo, analisaram-se 42 pacientes
(41%) que apresentavam cintilografia normal no momento do diagnóstico. As
seguintes variáveis foram avaliadas: idade, sexo, grau do refluxo, lateralidade,
alteração em USG renal, presença de disfunção miccional e desenvolvimento
de cicatriz renal na evolução. Resultados: Dentro do grupo analisado, houve
predominância de pacientes do sexo feminino (66%), com média de idade de
2,8 anos. Disfunção miccional estava presente em 73% dos pacientes estudados e alterações ultrassonográficas foram observadas em 63% desses
pacientes. Observamos que 64% das unidades refluxantes estudadas apresentavam RVU de baixo grau (I, II) e 36% apresentavam de alto grau (III, IV
e V). Desse último grupo, 25% dos pacientes evoluíram com cicatriz renal.
Conclusão: Este estudo demonstra que, se tomássemos a cintilografia renal
sem alteração como parâmetro para continuar a investigação da criança portadora de ITU, deixaríamos de diagnosticar e tratar 41% dos casos de RVU. A
presença de disfunção miccional e/ou alterações ultrassonográficas, principalmente em pacientes do sexo feminino, deve nos alertar para a necessidade de estendermos a investigação do paciente portador de ITU.
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O citomegalovírus (CMV) infecção e CMV doença (DCMV) estão
associados ao aumento da morbimortalidade pós-transplante. O uso
de profilaxia reduz a gravidade dessa infecção, mas está associado
ao aumento de custos e riscos de efeitos adversos, resistência viral
e doença tardia. A terapia preemptiva reduz os custos e evita efeitos
indiretos da viremia, mas requer monitorização laboratorial seriada.
Objetivos: Descrever resultados do tratamento preemptivo para CMV,
avaliando sintomas, complicações e tempo de tratamento, comparando
a função renal nos pacientes que desenvolveram DCMV. Pacientes e
Métodos: Foi revisado, em retrospectiva, o prontuário de 179 crianças
transplantadas renais no período de novembro 2002 a agosto 2008, que
realizaram terapia preemptiva para CMV. Os pacientes foram testados
rotineiramente para antigenemia pp65 do CMV por imunofluorescência
(CMV BRITE TURBO-IQP- Holanda) após 2 semanas de Transplantes,
a cada 15 dias, até o 3º mês. O ponto de corte adotado foi de > 10
granulócitos/100.000. Pacientes com antigenemia positiva > 10 células,
mesmo assintomáticos, ou < 10 células sintomáticos, foram considerados
com DCMV e tratados com ganciclovir até negativar a antigenemia.
Resultados: Dos 179 pacientes estudados, a idade média foi de 10,4 (1 a
21) anos, sendo 97 (54,25%) meninos. A infecção ativa para CMV ocorreu
em 90 receptores (50,8%); destes, 65 (36%) desenvolveram DCMV:
antigenemia CMV positiva assintomática, 39 (60%) ,ou associada a
sintomas 26 (40%) como febre, leucopenia, provas hepáticas alteradas.
A frequência de DCMV, de acordo com a sorologia CMV IgG prétransplante do receptor, foi R-/23 (35%); R+/31(48%); sem dados, 11 (17%).
A antigenemia positivou, em média, 47 dias (13-216) após o transplante,
e os pacientes foram tratados com ganciclovir, em média, por 31 dias
(7-83), todos com sucesso, sem complicações severas. A frequência de
rejeição aguda foi semelhante nos pacientes com e sem DCMV: 12/65
(18%) e 27/114 (23,68%), respectivamente. A média da creatinina em 1
ano (N = 134) foi de 1,0 ± 0,4 mg/dl no grupo sem DCMV (N = 83), e de
1,0 ± 0,4 mg/dl (N = 51) nos DCMV(p > 0,05). Conclusão: No momento
do diagnóstico de DCMV, os pacientes estavam assintomáticos ou com
sintomas leves. Isso, provavelmente, se deve à rotina de antigenemia
seriada já a partir da segunda semana pós-transplante. O tratamento
preemptivo se mostrou eficaz. A taxa de rejeição e a função renal não
diferiram do grupo que não desenvolveu DCMV.
AVALIAÇÃO DE MAPAS PEPTÍDICOS EM CRIANÇAS COM
REFLUXO VESICOURETERAL
Autores: Edgar Perin Moraes/Instituto de Química da USP; Marina
Franco Maggi Tavares/Instituto de Química da USP; Marcelo de Sousa
Tavares/Santa Casa de Belo Horizonte; João Pedro S. Farah/Instituto de
Química da USP
Objetivo: Avaliar mapas peptídicos de crianças portadoras de refluxo vesicoureteral (RVU) e, por meio da comparação com amostras de
crianças normais, identificar possíveis marcadores de refluxo vesicoureteral. Material e Métodos: Coleta de urina de crianças portadoras de
RVU e de crianças normais em ambulatório de Pediatria e de Nefrologia
Pediátrica. Armazenamento a -20º C e envio posterior para análise em
laboratório de Cromatografia Capilar. Feita filtração inicial para eliminação de proteínas de alta massa polar e pré-concentradas em coluna de
fase reversa C2. Os mapas peptídicos foram obtidos via espectrometria
de massa/cromatografia capilar. Pelo método de classificação supervisionada SVM (Support Vector Machines), foi possível selecionar 4 peptídeos com potencial para discriminar amostras de pacientes com RVU
e saudáveis, tendo como picos (em m/z) 534 ± 0,5, 638 ± 0,5, 1181,2 ±
0,5 e 1534,6 ± 0,5, todos não encontrados em crianças saudáveis, mas
presentes em 7,08%, 91,6%, 87,5% e 75% dos pacientes com RVU, respectivamente. Conclusões: Os resultados indicam a necessidade de investigar um número maior de amostras para que os resultados sejam
mais conclusivos. O presente estudo abre uma nova perspectiva para o
diagnóstico não invasivo de RVU, associando-o não a um biomarcador,
mas a um perfil de peptídeos urinários.
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RECORRÊNCIA DE GESF PÓS-TRANSPLANTE RENAL
PEDIÁTRICO
Autores: Viviane de Barros Bittencourt/Complexo Hospitalar Santa
Casa Porto Alegre; Clotilde Druck Garcia/Complexo Hospitalar Santa
Casa Porto Alegre; UFCSPA; Diego Malheiros/Complexo Hospitalar
Santa Casa Porto Alegre; Helena Bonato/Complexo Hospitalar Santa
Casa Porto Alegre; Roberta Rohde/Complexo Hospitalar Santa Casa
Porto Alegre; Jerônimo Antonello/Complexo Hospitalar Santa Casa
Porto Alegre; Valter Duro Garcia/Complexo Hospitalar Santa Casa Porto
Alegre
A taxa de recorrência de GESF pós-transplante é de 30 a 70% e está
associada à perda de enxerto se não for tratada ou não responder ao
tratamento. Entre as estratégias utilizadas para reduzir o risco de recorrência, destacam-se o uso de inibidores de calcineurina pré-transplante
e, nos casos de recorrência, o uso precoce de plasmaferese (PP) e, mais
recentemente, Rituximabe. Objetivo: Relatar casuística de crianças com
recorrência de GESF pós-tx renal e seu manejo. Método: no período de
1990 a fev/2009, realizaram-se 42 tx em 37 crianças com GESF confirmada na biópsia pré-tx (11,2% dos Tx pediátricos no período, 45% das glomerulopatias). A definição de recorrência é a presença de proteinúria
(> 50mg/kg/dia) associada à hipoalbuminemia. A idade média no tx foi
11,4 ± 4,3 anos, 81% eram brancos, 60% meninas, 70% dos Tx realizados com doador vivo. A partir de 2001, passou-se a utilizar inibidores de
calcineurina, no mínimo, por 15 dias antes do tx nas crianças com GESF
transplantadas com doador vivo e, em algumas que entraram em lista de
espera e foi induzida anúria (por nefrectomia química ou cirúrgica), para
facilitar o diagnóstico da recorrência. Os pacientes que apresentaram
recorrência da doença foram tratados com 10 sessões de PP (3 sessões/
sem), iniciados imediatamente pós-recidiva (n = 14). A imunossupressão
foi feita com inibidor de calcineurina, micofenolato sódico ou mofetil (até
1997, utilizou-se azatioprina) e prednisona. A partir de 2007, passamos
a tratar as recidivas com Rituximabe, e não com PP. Resultados: Dos
42 transplantes, 24 (57%) apresentaram recorrência de GESF, 14 (58%)
foram tratados com PP. Entre os que receberam PP, 7 (50%) entraram em
remissão completa. Não houve casos de remissão entre os pacientes
não tratados com PP. Os pacientes tratados com PP apresentaram como
complicações infecciosas: doença por citomegalovirus (4) e varicela (2).
Aqueles que entraram em remissão após a PP não recidivaram. Cinco
pacientes foram tratados com Rituximabe, 1 a 2 doses. Todos entraram
em remissão, apenas 1 voltou a recidivar (após 6 meses) e não respondeu a novo tratamento. Tempo médio de seguimento desses 5 pacientes
é de 15 meses (4-21) meses. Conclusão: Nesta série de casos, o tratamento da recorrência de GESF com PP mostrou-se efetivo e seguro, com
taxa de remissão permanente de 50%. O uso de Rituximabe como alternativa de tratamento mostra-se promissor, necessitando ainda, contudo,
de um prazo maior de observação.
RESULTADOS DA CONVERSÃO DE INIBIDORES DE
CALCINEURINA PARA SIROLIMUS EM TRANSPLANTE RENAL
PEDIÁTRICO
Autores: Rejane de Paula Meneses/Hospital Pequeno Príncipe de
Curitiba; Jussara Fontes/Hospital Pequeno Príncipe de Curitiba; Ricardo
Jeczmionski/Hospital Pequeno Príncipe de Curitiba; Antonio Carlos
Camargo Junior/Hospital Pequeno Príncipe de Curitiba; Romilda dos
Santos Vieira/Hospital Pequeno Príncipe de Curitiba
O Sirolimus (SRL), diferente dos inibidores de calcineurina (ICN), é isento
de efeito nefrotóxico. Por essa razão, tem sido indicado na imunossupressão de manutenção no longo prazo. A combinação de ICN e SRL
pode resultar em imunossupressão excessiva em receptores pediátricos, maior incidência de infecção viral e doença linfoproliferativa (DLP).
O objetivo deste trabalho é analisar a evolução do enxerto renal em pacientes pediátricos, 12 meses após conversão de ICN para SRL. Foram
selecionados pacientes transplantados renais que realizaram a conversão do ICN para SRL e foram acompanhados pelo período mínimo de 12
meses. Dados clínicos e laboratoriais extraídos do prontuário: percentil
de pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica (PAD) calculado para idade, sexo e estatura, nível de SRL (HPLC-UV), taxa de filtração glomerular
(TFG), hemograma e colesterol total. Significância estatística p < 0.05.
Um total de 18 pacientes, com idade de 11.1 ± 4.8 anos, foi convertido
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de ICN para SRL, após, no mínimo, 6 meses de transplante com doador
vivo; eles foram acompanhados por um período mínimo de 12 meses. A
dose inicial de SRL foi significativamente mais baixa em relação à dose
prescrita aos 12 meses p = 0.015 (3,0 ± 0,7, 3,9 ± 1,3mg/dia), sem diferença
significativa no nível sérico de SRL (8,9 ± 5.0 e 8,4 ± 3,5ng/mL p = 0,89).
Drogas associadas foram o micofenolato sódico (775 ± 210mg/m2/dia) e
prednisona (0.22 ± 0.08mg/kg/dias alternados). Doze pacientes recebiam
imunossupressão prévia com ciclosporina e 6 com tacrolimus. Nefropatia crônica do enxerto estava presente em 7 pacientes, sinais de nefrotoxicidade em 5, recorrência de síndrome hemolítico e urêmico em 1, carga viral para EBV persistente elevada em 3 e DLP em 1. Comparando o
dados laboratoriais na conversão com 6 e 12 meses pós-conversão, não
há diferença significativa, mas uma tendência à melhora na TFG (69 ± 26,
67 ± 21 e 77 ± 35mL/min/1,73m2 p = 0,55) e pequena elevação no nível
de colesterol total (185 ± 52,2, 12 ± 71 e 204 ± 69mg/dL). Na conversão e
12 meses após SRL, 14 e 11 pacientes, respectivamente, apresentaram
algum grau de proteinúria. A carga viral para EBV reduziu nos 3 pacientes e a paciente com DLP manteve-se com função do enxerto estável.
Não houve diferença em relação a PAS e PAD. Observou-se um episódio
de rejeição aguda nesse período. Crianças recebendo ICN podem fazer
conversão para SRL em segurança. Parece haver benefício na função
do enxerto em longo prazo e controle da carga viral para pacientes com
EBV, sem efeitos adversos significantes.
TRANSIÇÃO DE CUIDADOS EM RECEPTORES TRANSPLANTE
RENAL: INFLUÊNCIA NA FUNÇÃO RENAL E SOBREVIDA DO
ENXERTO
Autores: Lilian Monteiro Pereira/UNICAMP; Liliane Cury Prates/UNICAMP; Kelcia Rosana Silva Quadros/UNICAMP; Raquel Lopes Silva
Santos/UNICAMP; Vera Maria Santoro Belangero/UNICAMP; Gentil
Alves-Filho/UNICAMP; Marilda Mazzali/UNICAMP
A maioria dos adolescentes é submetida a transplante renal na Nefrologia Pediátrica (Ped) e encaminhada à Nefrologia de Adultos
(Nefro Ad) aos 18 anos (Transição de Cuidados). A transição pode
estar associada à piora da função e à perda do enxerto renal. Objetivos: Analisar a função renal e a sobrevida do enxerto dos pacs
transplantados na Ped e transferidos para a NefroAd; comparar
com o grupo de pacientes transplantados com < 17,5 anos, em
seguimento na Nefro Ad desde o início do transplante. Métodos:
Análise de todos os transplantes renais realizados em receptores
< 18 anos, desde o início do programa. Grupo de Transição: todos
os pacs transplantados na Ped e transferidos para Nefro Ad com 18
anos. Função renal foi avaliada pela creatinina no momento da transição e nos 6 meses antes e após. Grupo Adultos: receptores < 17,5
anos transplantados diretamente na Nefro Ad. Analisou-se a creatinina ao completarem 18 a e nos 6 meses antes e após. Calculou-se
a sobrevida de enxerto nos 2 grupos. Excluídos os pacientes não
transferidos ou que perderam o enxerto com < 18 anos. Resultados:
51 pacs preencheram os critérios. O Grupo de Transição (n = 32)
foi transplantado aos 14,2 ± 2,4 a, 46,8% com doadores falecidos.
Doença de base foi glomerulopatia (47%) e uropatia (22%). Foram
transferidos para a Nefro Ad com 18,2 ± 1,6 ano, 52,8 ± 32,7 meses
após o transplante. Creatinina (mediana) 1,27 mg/dL no momento
da transição, 1,27 mg/dL nos 6 meses anteriores e 1,31 mg/dL nos
6 meses pós-transição (p = NS). Sobrevida do enxerto (120 meses)
de 100%. O Grupo de Adultos (n = 19) foi transplantado aos 15,8 ±
1,5 anos (p = 0,027), 26,3% com doadores falecidos (p < 0,001). As
principais doenças de base foram glomerulopatia (58%) e motivo
indeterminado (165). Aos 18 anos, estavam transplantados havia
27,5 ± 18,7 meses (p < 0,001). Creatinina (mediana) 1,37 mg/dL aos 18
anos, 1,25 mg/dL nos 6 meses anteriores e 1,39 mg/dL nos 6 meses
subsequentes (p = NS). Sobrevida do enxerto (120 meses) 58% (p <
0,001). Houve 9 perdas de enxerto nesse grupo: nefropatia crônica
(n = 7) e recidiva de GN (n = 2). As perdas ocorreram 112 ± 73 meses
pós-tx (a mais precoce, com 31 meses). Conclusões: não houve alteração significativa na função renal ou perda precoce do enxerto
após a transição de cuidados da Ped para a Nefro Ad. No Grupo de
Adultos, a sobrevida do enxerto foi inferior à do Grupo de Transição.
Portanto, o modelo de atendimento triangular (pais-paciente-médico), característico do atendimento pediátrico, é fundamental para a
boa evolução de adolescentes submetidos a transplante renal.
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TRANSPLANTE RENAL EM CRIANÇAS COM PESO INFERIOR
A 15 KG
Autores: Clotilde Druck Garcia/Complexo Hospitalar Santa Casa
Porto Alegre; UFCSPA; Viviane de Barros Bittencourt/Complexo
Hospitalar Santa Casa Porto Alegre; Roberta Rohde/Complexo Hospitalar Santa Casa Porto Alegre; Helena Bonato/Complexo Hospitalar Santa Casa Porto Alegre; Diego Malheiros/Complexo Hospitalar
Santa Casa Porto Alegre; Jerônimo Antonello/Complexo Hospitalar
Santa Casa Porto Alegre; Santo Pascual Vitola/Complexo Hospitalar
Santa Casa Porto Alegre; Valter Duro Garcia/Complexo Hospitalar
Santa Casa Porto Alegre
O transplante renal (TxR) em crianças pequenas, com peso inferior
a 15 kg, apresenta dificuldades peculiares, principalmente em função da maior incidência de complicações cirúrgicas e imunológicas.
Objetivo: Analisar a evolução dos pacientes com peso inferior a 15
kg, transplantados no Serviço de Nefrologia Pediátrica. Pacientes e
Métodos: Análise retrospectiva de 431 TxR realizados em pacientes
com menos de 19 anos entre maio/1987 e fev/2009. Cinquenta e cinco
crianças com peso igual ou inferior a 15 kg foram submetidas a 56
TxR (13,5% dos TxR pediátricos). Resultados: A média de idade foi de
3,7 ± 2,1 (0,9-12,5) anos e de peso foi de 12,6 ± 2,1 (5,1-14,9) kg no momento do transplante. 31 (55%) eram meninos e 48 (86%) eram brancos. A doença básica foi RVU/uropatia/displasia em 50% dos casos,
glomerulopatia em 13%, SHU em 7%, doenças hereditárias em 11% e
outras patologias em 9%. A forma de tratamento pré-transplante foi
CAPD/APD em 42 (75%), hemodiálise em 6 (11%) e 8 (14%) estavam
em tratamento conservador. O doador foi falecido em 21 (37,5%) e
vivo relacionado em 35 (62,5%) transplantes (uma criança recebeu
enxerto do pai adotivo). Com relação ao local de implante, 55 foram
extraperitoniais e apenas 1 foi colocado em posição intraperitonial.
As complicações cirúrgicas incluíram 4 tromboses vasculares (7,2%),
2 arteriais e 2 venosas, sendo que uma das tromboses venosas foi
corrigida com êxito. Houve dois casos de abcesso perirrenal e não
houve complicações ureterais, linfoceles ou reintervenção por sangramento. Das 55 crianças, 38 (69%) encontram-se em acompanhamento com o enxerto (recebido quando tinham < 15 kg) funcionante,
uma delas após retransplante. Outras 4 crianças também estão em
acompanhamento com enxerto funcionante, após terem sido retransplantadas com mais de 15 kg. Houve 18 perdas de enxerto num
período médio de seguimento de 4,4 ± 4,5 (0,1-15) anos, sendo 5 por
causa imunológica, 2 por recorrência da doença básica, 2 por não
aderência, 3 por trombose vascular e 6 por óbito (4 nos primeiros 3
meses). A sobrevida do receptor em 1 e 5 anos foi de 95% e 82%, e
do enxerto de 87% e 66%, respectivamente. Conclusão: O transplante
renal em crianças pequenas, embora tecnicamente mais difícil e de
manejo mais complicado na fase precoce, é procedimento seguro,
desde que executado por equipe experiente e habituada com o manejo e as complicações nesse grupo de pacientes.
TRANSPLANTE RENAL EM CRIANÇAS COM TROMBOSE
VENOSA: RESULTADOS
Autores: Santo Pascual Vitola/Complexo Hospitalar Santa Casa de
Porto Alegre/Serviço de Transplantes de Rim e Pâncreas; Enilde
Eloena Guerra/Complexo Hospitalar Santa Casa de Porto Alegre/
Serviço de Transplantes de Rim e Pâncreas; Fabian Silva Pires/Complexo Hospitalar Santa Casa de Porto Alegre/Serviço de Transplantes de Rim e Pâncreas; André Ricardo D Ávila/Complexo Hospitalar
Santa Casa de Porto Alegre /Serviço de Transplantes de Rim e Pâncreas; Márcio Augusto Averbeck/Complexo Hospitalar Santa Casa
de Porto Alegre/Serviço de Transplantes de Rim e Pâncreas; Valter
Duro Garcia/Complexo Hospitalar Santa Casa de Porto Alegre
Introdução: A trombose de veia cava é, geralmente, uma contraindicação para o transplante renal em crianças pequenas, devido às
dificuldades técnicas inerentes e às limitações do fluxo sanguíneo
venoso (drenagem venosa) do enxerto, com risco aumentado de
trombose do enxerto. Objetivos: Apresentamos nossa casuística
com o transplante renal em pacientes pediátricos com trombose
venosa, enfatizando os resultados. Métodos: Análise retrospectiva
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dos prontuários dos pacientes pediátricos (idade < 18 anos) submetidos a transplante renal, de 1977 a 2008. Resultados: Entre 1977 e
2008, realizaram-se 430 transplantes renais em 388 crianças (40 retransplantes, dos quais 2 foram submetidos a 3 Tx). Cinco pacientes
pediátricos, com trombose venosa, foram submetidos a transplante
renal, entre 2002 e 2008. Dois pacientes provinham do estado do
Rio Grande do Sul e 3 de outros estados do país. A idade média
foi de 4,4 anos (1-8) e 4 pacientes eram do sexo masculino. Quatro
crianças apresentavam peso inferior a 20 kg (média = 13,5 kg). A
etiologia da insuficiência renal compreende causas urológicas em
2 pacientes (válvula de uretra posterior e displasia renal) e glomerulonefrites nos outros 3 pacientes. Quatro pacientes tiveram rins
de doadores falecidos. Em um dos pacientes, o doador de rim foi
um dos pais (doador vivo). Um dos pacientes fora submetido previamente a transplante renal (doador vivo), com implante nos vasos
ilíacos esquerdos, pois já se sabia da trombose venosa de cava,
com extensão para a veia ilíaca direita. Porém, o mesmo evoluiu
com trombose do enxerto, sendo realizado novo transplante (doador falecido) do lado contralateral (direito), com sucesso. Todos
os 5 pacientes encontram-se em acompanhamento, com enxertos
funcionantes. Conclusão: O transplante renal pode proporcionar
uma melhor qualidade de vida, sem necessidade de diálise, mesmo
em crianças pequenas com trombose de veia cava inferior, em uma
idade em que o tratamento dialítico é difícil e as complicações da
trombose venosa podem comprometer a vida. Obteve-se boa função do enxerto renal em nossos pacientes.
TRANSPLANTE RENAL PEDIÁTRICO SEM CORTICOIDE
Autores: Clotilde Druck Garcia/Complexo Hospitalar Santa Casa
Porto Alegre; Viviane de Barros Bittencourt/Complexo Hospitalar
Santa Casa Porto Alegre; Roberta Rohde/Complexo Hospitalar Santa
Casa Porto Alegre; Helena Bonato/Complexo Hospitalar Santa Casa
Porto Alegre; Jerônimo Antonello/Complexo Hospitalar Santa Casa
Porto Alegre; Diego Malheiros/Complexo Hospitalar Santa Casa
Porto Alegre; Valter Duro Garcia/Complexo Hospitalar Santa Casa
Porto Alegre
Corticoides (CC) são usados na maioria dos esquemas de imunossupressão em transplante renal (TxR), embora estejam associados a
consideráveis efeitos adversos, principalmente em crianças. Novos
protocolos sem uso de CC têm sido usados com êxito em vários centros. Objetivo: Investigar os efeitos de um protocolo de imunossupressão sem CC na evolução de crianças submetidas a transplante
renal. Métodos: 59 crianças, com idade média 9,9 + 4,2 anos, submetidas a TxR, receberam protocolo sem CC de manutenção. A imunossupressão foi composta de Daclizumabe, Tacrolimo e Micofenolato.
CC foi usado apenas nos primeiros 5 dias, em doses decrescentes.
Critérios de inclusão: Baixo risco imunológico (primeiro transplante,
reatividade ao painel < 10%) e enxerto de doador vivo relacionado.
Quinze crianças necessitaram de acréscimo de corticoide (11 por rejeição aguda e 4 por troca de imunossupressão devido a neoplasia,
SHU, diarreia e infecção por EBV). Foram determinados a função do
enxerto e sua sobrevida, episódios de rejeição aguda e crescimento
(avaliado pelo escore Z). Todas as rejeições foram confirmadas por
biópsia. Resultados: Houve 1 perda precoce de enxerto (óbito por
infecção por adenovírus) e 5 perdas tardias (3 por não aderência,
1 óbito por neoplasia, 1 nefropatia por BK vírus). Um total de 12 (20%)
crianças tiveram 1 episódio de rejeição nos primeiros 6 meses (10 Banff
1A e 2 Banff 2). Todos reverteram com metilprednisolona, exceto 1,
que necessitou de Timoglobulina. Quatro crianças fizeram RA tardia
(3 por não aderência). A creatinina média no primeiro, sexto e décimo
segundo meses foi, respectivamente, 0,83 ± 0,27; 0,90 ± 0,25 e 0,89 ±
0,26 mg/dl. A sobrevida do receptor em 1 e 5 anos foi de 98% e 95% e
a do enxerto, 95% e 84%, respectivamente. A média de estatura em 6
e 12 meses foi de 0,28 ± 0,45 e 0,43 ± 0,72 nos pacientes pré-púberes
e 0,33 ± 0,28 e 0,46 ± 0,5 nos púberes. Nenhuma criança desenvolveu obesidade no período de seguimento. IMC médio em 1 ano foi
de 18,2 ± 2,8 nos pré-púberes e de 19,0 ± 2,7 nos púberes. Conclusão:
protocolos de imunossupressão sem CC podem ser empregados com
segurança em TxR pediátrico em pacientes selecionados, de baixo
risco imunológico, prevenindo efeitos colaterais conhecidos, como
obesidade e déficit de crescimento.
14/8/2009 17:28:52
DIAGNÓSTICO MOLECULAR DA INFECÇÃO PELO
CITOMEGALOVIRUS EM PACIENTES PEDIÁTRICOS
SUBMETIDOS A TRANSPLANTE RENAL
Autores: Adriana Blanco/Complexo Pequeno Príncipe; Marion
Burger/Complexo Pequeno Príncipe; Sonia Mara Raboni /Laboraratório de Virologia do HC-UFPR; Sueli M. Nakatani /Laboratório
Central do Estado – LACEN-PR; Jussara Soares Fontes de Sousa/
Serviço de Nefrologia Pediátrica- HPP; Romilda Virela Varistelo/
Serviço de Nefrologia Pediátrica-HPP; Emmanuela B. Santos/Serviço
de Nefrologia Pediátrica- HPP
Introdução: O diagnóstico precoce da infecção ativa pelo
citomegalovirus (CMV) tem como grande desafio a definição
do método mais eficaz e adequado para sua identificação e os
momentos ideais para a monitorização, particularmente em crianças.
Isso porque, apesar da alta frequência da infecção pelo CMV nos
pacientes submetidos a transplante renal, existem poucos estudos e
não há parâmetros para a definição da infecção ativa na população
pediátrica transplantada. Objetivo: Definir uma metodologia que
permita diagnosticar precocemente e de maneira eficaz a infecção
ativa pelo CMV em pacientes pediátricos submetidos a transplante
renal. Metodologia: No período de outubro de 2008 a fevereiro de 2009,
5 crianças transplantadas renais com idade média de 7 anos foram
incluídas para acompanhamento no presente estudo. O protocolo
prevê a realização da antigenemia aproximadamente nos dias 14, 28,
42, 56, 70 e 84 pós-transplante renal, assim como a detecção molecular
do CMV por meio da reação em cadeia pela polimerase (PCR), pela
técnica nested PCR in house nos dias 7, 14, 28, 42, 56, 70 e 84 póstransplante, sendo as amostras positivas submetidas à determinação
da carga viral por PCR em tempo real. Resultados e Discussão:
No período médio de 54 dias após o transplante renal, 3 crianças
apresentaram amostras sanguíneas com detecção de CMV por PCR
in house, sem manifestações clínicas de doença e com antigenemia
negativa realizada das mesmas amostras de sangue. Somente 1
criança desenvolveu quadro de doença ativa por CMV 36 dias após
a detecção molecular, apresentando, nessa ocasião, antigenemia
positiva e evoluindo bem com tratamento com ganciclovir. Os outros
2 pacientes não desenvolveram doença ativa por CMV e negativaram
a PCR sem qualquer tratamento específico. Esses resultados
evidenciam a ocorrência de viremias por CMV no período póstransplante renal na ausência de manifestações clínicas da doença
ativa. A detecção molecular serviu como alerta para monitoramentos
clínicos e laboratoriais mais cuidadosos. Assim, além da realização
de monitorização por PCR, antigenemia e controles clínicos nessas
crianças, torna-se urgente determinar os níveis de corte das cargas
virais de CMV em crianças transplantadas renais, método que pode
auxiliar na interpretação clínica dos resultados moleculares e permitir
a instituição de profilaxia ou tratamento precoce, quando indicados.
EVOLUÇÃO PARA DOENÇA RENAL CRÔNICA EM NEFROPATIA
POR IGA: MODELO DE PREDIÇÃO UTILIZANDO IDADE DE
APRESENTAÇÃO E HISTÓRIA FAMILIAR DE NEFROPATIA
Autores: Maria Goretti Moreira Guimarães Penido/UFMG; Santa Casa
de Belo Horizonte; Maria Virgínia Pereira Gomide Freitas/UFMG;
Marcelo de Sousa Tavares/UFMG; Santa Casa de Belo Horizonte;
Mariana Guimarães Penido/Santa Casa de Belo Horizonte; Aline
Aparecida Campos Reis/Santa Casa de Belo Horizonte; Marcelo
Mendes Ferreira/UFMG; Mariana Campos Linhares/UFMG; Cintia
Domingues Bernardes/UFMG; Edianna Lúcia Godinho Soares/UFMG;
Fernanda Silva Trindade/UFMG; Carolina Saliba de Freitas/UFMG
Introdução: A Nefropatia por IgA (IgAN) era considerada enfermidade
benigna e de bom prognóstico. Entretanto, estudos prospectivos com
longos anos de seguimento mostraram progressão para doença renal crônica terminal (DRCT) em adultos e crianças. Objetivo: Avaliar a
evolução de crianças com nefropatia por IgA (NIgA) para doença renal
crônica (DRC) e particularmente para DRC estádio V. Métodos: Coorte
de 61 crianças regularmente avaliadas em ambulatório especializado.
Os dados foram obtidos de registros em prontuários, considerando
como principal desfecho a DRC (clearance estimado de creatinina
pela fórmula de Schwartz < 90 ml/min/1,73m² em 2 coletas diferentes
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e consecutivas), sendo este desfecho dividido em DRC qualquer estádio (DRC) e DRC grau V (DRC-V). Foi conduzida análise univariada
adotando nível de significância de 0,25 a partir de covariáveis obtidas
do protocolo. A seguir, fizeram-se curvas de sobrevivência (KaplanMeier) para as variáveis significativas, teste de log-rank bicaudal e
quantificação do risco relativo e intervalo de confiança 95% pelo modelo de Cox. Resultados: 61 crianças (51% masculinos), mediana de
idade de apresentação da doença de 8 anos (2-18). Tempo médio de
acompanhamento a partir da biópsia renal de 128 meses. A apresentação clínica mais frequente foi hematúria (macro 54%; micro54%).
Foram feitos os seguintes relatos: história familiar de hematúria em
33%, diálise 23%, transplante renal 13%, hipertensão arterial 20%,
glomerulopatias 23% e outras nefropatias 38%. Dez pacientes (16%)
evoluíram para DRC e 4 (7%) para DRC-V. Verificou-se que, a cada
aumento de 1 ano na idade a partir de 8 anos, o risco de desenvolver
DRC-V elevou-se em 60%. Quanto à história família de transplante
renal, o risco de desenvolver DRC em qualquer estádio foi 4 vezes
maior que naqueles que não tinham essa história (IC95% 1-16). Não
houve significância para os outros itens analisados. Conclusão: A
NIgA caracteriza-se por ampla variabilidade clínica e sua história
natural permanece controversa e indefinida. A propensão a desfechos desfavoráveis reforça a necessidade de acompanhamento rigoroso de crianças e adolescentes com NIgA, além da preocupação
com outros fatores prognósticos. No estudo, o aumento na idade de
apresentação da doença foi fator de pior prognóstico, assim como a
história familiar de transplante renal.
MINERALIZAÇÃO E MARCADORES DE MINERALIZAÇÃO ÓSSEA
DE ADULTOS PORTADORES DE SÍNDROME NEFRÓTICA CORTICOSSENSÍVEL NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA
Autores: Teresinha Lermen Donatti/USP; Vera Hermina Kalika Koch/
USP; Rosa Maria Rodrigues Pereira/USP; Liliam Takayama/USP
Objetivos: Caracterizar a mineralização e os marcadores de mineralização óssea de adultos com síndrome nefrótica idiopática corticossensível na infância e adolescência e analisar a influência da
doença, suas coomorbidades e estatura final na mineralização desses pacientes. Casuística: A densitometria óssea (BMD = g/cm 2) foi
realizada em 26 pacientes com idade mínima de 19 anos ou desenvolvimento genital P4G4 nos masculinos e menarca nos femininos e
35 controles. Analisamos a 25(OH)VitD3 e Paratormônio (PTH) de 26
pacientes e 25 controles; C telopeptideo cross linked do colágeno
I (CTx) e N- terminal propeptídeos de tipo I Prócolageno (P1NP) de
22 pacientes e 23 controles e a Osteocalcina (Oc) de 25 pacientes
e 18 controles. Resultados: Idade média final dos 26 pacientes foi
de 22a2m; dose média de prednisona de 1097 mg/kg utilizada ao
longo de 6a1m. BMD L1L4: paciente 0,95, controle 0,99 (p = 0,16) com
“Zscore”: pacientes -1,0 e controles -0,6 (p = 0,07); BMD Cabeça do
fêmur: pacientes, 0,89, e controles, 0,90 (p = 0,67), com “Zscore”:
pacientes, -0,37, e controles, -0,09 (p = 0,26), e BMD do Fêmur total:
pacientes, 0,95, e controles, 0,99 (p = 0,28) com “Zscore”: pacientes -0,36 e controles 0,09 (p = 0,25). Seis pacientes tinham massa
óssea < -2 (massa óssea reduzida) e 2, < -2,5 (osteoporose). Dois
controles tinham BMD < -2 e 1, < -2,5. Pacientes com BMD < -2 receberam 2189 mg/kg de prednisona ao longo de 13 anos e os < -2,5,
2510 mg/kg durante 14 anos. Comparados com os de BMD normal,
houve significância estatística (p = 0,01). As demais variáveis analisadas em relação à doença e seu tratamento não apresentaram
influência significativa na BMD. Vitamina D (ng/ml): pacientes 16,0
e controles 14,8 (p = 0,51); PTH(pg/dL): pacientes, 22,8, e controles,
28,4 (p = 0,05); CTx (ng/l) pacientes, 0,93, e controles, 0,92 (p = 0,93);
P1NP (ng/l) pacientes, 81,2, e controles, 68,6 (p = 0,25), e Oc (ng/
ml) pacientes, 15,83, e controles, 11,98 (p = 0,17). Esses marcadores
relacionados à mineralização e à estatura final não apresentaram
qualquer significação estatística. Conclusões: A massa óssea e os
marcadores de mineralização dos pacientes não diferiram quando
comparados aos controles. Os 6 pacientes com massa óssea reduzida (2 com osteoporose) utilizaram dose total e tempo de uso da
prednisona significativamente maior. Não houve correlação entre
os níveis séricos dos marcadores de mineralização óssea e o crescimento, estatura final e mineralização dos pacientes adultos com
Síndrome Nefrótica na infância e na adolescência.
14/8/2009 17:28:53
PREVALÊNCIA DE PRÉ-HIPERTENSÃO E HIPERTENSÃO ARTERIAL EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES DO MUNICÍPIO DE
BOTUCATU/SP
Autores: Célia Sperandéo Macedo/Faculdade de Medicina de Botucatu – UNESP; Ana Elisa M. Rinaldi/Faculdade de Medicina de Botucatu – UNESP; Gleice Fernanda C.P. Gabriel/Universidade Estadual do
Oeste do Paraná – UNIOESTE; Márcia Camegaçava Riyuzo/Faculdade
de Medicina de Botucatu – UNESP; Jaime Olbrich Neto/Faculdade de
Medicina de Botucatu – UNESP; Roberto Carlos Burini/Faculdade de
Medicina de Botucatu – UNESP; Paulo Cesar Kock Nogueira/Escola
Paulista de Medicina – UNIFESP
O objetivo do estudo foi verificar a prevalência de pressão arterial alterada em crianças e adolescentes de Botucatu-SP. Estudo do tipo transversal, incluiu indivíduos de ambos os sexos de três escolas. Foram
avaliados peso, estatura para posterior cálculo do índice de massa
corporal (IMC) e aferida a pressão arterial.. O diagnóstico de sobrepeso foi estabelecido quando o IMC ≥ 85º e < 95º percentis e de obesidade quando o IMC ≥ 95º percentis. Outros indicadores antropométricos
mensurados foram: circunferência braquial (CB) no ponto médio entre
acrômio e olécrano, circunferência abdominal (CA) no ponto médio
entre a última costela e a crista ilíaca, considerando alterados valores
≥ 90º percentil segundo sexo e idade; dobra cutânea triciptal (DCT)
(ponto médio entre acrômio e olecrano) e dobra cutânea subescapular
(DCSE) (ângulo inferior da escápula), considerando alterados valores
≥ 90º percentil. A PA foi aferida por método auscultatório. A pressão
arterial sistólica (PAS) foi determinada no aparecimento do primeiro
som de Korotkoff (KI) e a pressão arterial diastólica (PAD) no K4. A
pressão arterial foi aferida em três dias distintos, quando a primeira medida
apresentou valor ≥ 95º percentil da PA segundo sexo, idade e percentil da altura. Pré-hipertensão (PH) e hipertensão arterial (HAS) foram diagnosticadas quando a PA apresentou valores entre os 90º e 95º percentis
e ≥ 95º percentil, respectivamente. As análises estatísticas realizadas
foram média e desvio padrão, teste de Student e correlação linear de
Pearson, adotando-se p < 0,05. Foram avaliadas 937 crianças (51,7%
meninas), com média de idade para ambos os sexos de 9,3 ± 2,5 anos.
A prevalência de sobrepeso e obesidade foi de 15% e 16,3%, respectivamente, e 40% apresentaram CA aumentada. A prevalência de PH foi
de 9,1% e de HAS foi de 2,9%. Entre os hipertensos, houve correlação
positiva significativa entre a PAS e as variáveis antropométricas peso
(r = 0,6), CA (r = 0,5), DCT (r = 0,4), DCSE (r = 0,4), IMC (r = 0,4). Nos préhipertensos, houve correlação da PAS e PAD com peso (r = 0,6 e 0,5),
CA (r = 0,5 e 0,35), IMC e DCSE (r = 0,39 e 0,28; p < 0,05) e DCT (r = 0,33
e 0,25;p < 0,05). Nessa amostra, a prevalência de PH e HAS foi compatível com outros estudos brasileiros e mostrou correlação positiva
com indicadores antropométricos alterados, sinalizando a influência
do excesso de peso na pressão arterial na infância.
AVALIAÇÃO DE FATORES DE RISCO PARA
DESENVOLVIMENTO DE DOENÇA RENAL ENTRE ESCOLARES
DA REGIÃO LESTE DE GOIÂNIA
Autores: Alessandra Vitorino Naghettini/UFGO; Cláudia Maria
Salgado/UFGO; Johnathan Santana/UFGO; Marcus Vinícius Calazans
Barbosa /UFGO; Jorge Henrique Carneiro dos Santos/UFGO
A detecção precoce de crianças em situação de risco para desenvolvimento da DRC permite a instituição de medidas preventivas e
educacionais que podem retardar sua evolução. Objetivos: Avaliar
a frequência de fatores de risco – hipertensão arterial(HA), obesidade, baixo peso de nascimento (BPN), distúrbios da micção, doença renal na família (DRF) – para desenvolvimento de doença renal e
suas correlações. Métodos: Realizou-se estudo transversal de base
populacional em 6 escolas municipais do Distrito Sanitário Leste
de Goiânia/GO. Foram avaliadas crianças entre 6 e 10 anos, cujos
pais/responsáveis assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. Os critérios de exclusão foram: portadores confirmados
de doença crônica ou aguda, uso de medicamentos nefrotóxicos. As
variáveis avaliadas foram idade, sexo, peso ao nascer, permanência
hospitalar no período neonatal (meses), história pregressa de infecção do trato (ITU) urinário, glomerulopatia, malformação do trato
urinário, presença de enurese, incontinência urinária (IU), urgência
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miccional, DRF, diabete (DM), HA. Realizou-se a avaliação física das
crianças com as seguintes variáveis: altura, peso, pressão arterial, perímetro da cintura e quadril; por meio delas, foram calculados: percentis e score-Z de altura, índice de massa corpórea (IMC), percentil de
pressão arterial e relação cintura/quadril. Fez-se, ainda, a avaliação
de presença de hematúria e proteinúria em uma amostra isolada de
urina. Resultados: Foram avaliadas 275 crianças, das quais 139 (50,7%)
eram meninas. A média de idade encontrada foi de 8,06 ± 1,33 anos.
Peso de nascimento < 2.500 foi observado em 17 (6,3%). Quarenta e
cinco (16,4%) apresentavam história de ITU pregressa, 11(4,0%), de
glomerulopatia e 6 (2,2%), de malformação do trato urinário. Cinquenta
(18,2%) apresentavam enurese noturna, 34 (12,4%) de IU, 49 (17,9%)
de urgência, antecedentes familiares de HA foram detectados em 54
(19,7%) dos pais e 123 ( 67,2%) dos avós, DM em 89 (33,8%), DR em 69
(26,5%). Observou-se obesidade familiar em 66 (25,2%).O score-Z de
IMC médio foi de -0,12, sendo que 18,8% acima do P85. Pressão arterial
foi detectada acima do P95 em 2,9%. O perímetro da cintura estava maior
ou igual ao P75 em 26,5% Na amostra de urina, detectou-se hematúria
em 24 (10,0%) e proteinúria em 15 (6,3%). A história de ITU apresentou
relação estatisticamente significante com a presença de enurese, alterações miccionais (P < 0,05). Conclusão: Os distúrbios da micção e
o excesso de peso foram os fatores de risco para DR mais comuns na
população estudada.
CORRELAÇÃO ENTRE PRESSÃO INTRAPERITONEAL (PIP),
VOLUME INTRAPERITONEAL (VIP), KT/V E CLEARANCE Do
PROTOCOLO DE ACOMPANHAMENTO DA CRIANÇA EM
PROGRAMA DE DIÁLISE PERITONEAL – RESULTADOS
Autores: Rejane de Paula Meneses/Hospital Pequeno Príncipe de
Curitiba; Lucimary de Castro Sylvestre/Hospital Pequeno Príncipe de
Curitiba; Jussara Fontes/Hospital Pequeno Príncipe de Curitiba
Existem poucas publicações sobre os aspectos evolutivos da criança em diálise peritoneal (DP), devido ao número limitado de pacientes
pediátricos que permanecem em DP por um longo período. A partir de
julho de 2000, avaliamos prospectivamente, com registros semestrais
dos dados antropométricos, pressão arterial(PA) e condição cardiovascular, exames laboratoriais, teste de equilíbrio peritoneal (TEP),
medidas de clearance e Kt/V, episódios de infecção, constipação e
complicações com catéter. Os dados foram comparados entre o primeiro, o segundo e o terceiro semestres. Oitenta e quatro crianças
participaram do protocolo, foram selecionadas 36 com um mínimo de
3 avaliações semestrais, 8 ± 5anos, 61% do sexo masculino, 45% de
uropatias, 28% de glomerulopatias, 8% de tubulopatias e 19% de outras
causas. A proporção estatura/idade manteve-se estável nos 3 períodos (14 < -2DP, 15 < -2DP, 15 < -2DP). Foram observados: tendência ao
aumento peso/estatura (p = 0.06), sem mudança no IMC (p = 0.53), Kt/V
diálise estável(3,1 ± 2,3, 3,0 ± 2,1 e 3,0 ± 1,4) e tendência a aumento
do Clearance da diálise (38 ± 21, 43 ± 26 e 45 ± 23), número de antihipertensores e PAS e/ou PAD > p95 sem variação (p = 0,15, p = 0,66, p =
0,9), melhora no índice cardiotorácico, no percentual de encurtamento
e na dimensão diastólica, sem alterar a diurese residual, valores da
ureia, bicarbonato, hematócrito e albumina, cálcio x fósforo estáveis
(p > 0.05), creatinina e PTH com elevação no último período avaliado
(p < 0.05), redução de peritonites, constipação, infecção e troca de
cateter. Houve mudança de modalidade DP com maior prescrição de
DPA (NIPD e CCPD). Nos pacientes mantidos em APD, a principal mudança de prescrição foi o número de trocas diurnas (p < 0,0001) e maior
percentual de solução 4,25% (p = 0,009), sem mudança no tempo de
contato (62 ± 29,62 ± 29 e 65 ± 28min) ou tempo de diálise noturna (9,9
± 1,8, 10,2 ± 2,5 e 10,2 ± 1,9horas). Naqueles mantidos em CAPD, não
houve diferença no número de trocas (p = 0,22) mas houve diferença
no uso de solução 4,25% (p = 0.03). Tendência à redução no volume
infundido (VI) por troca (984 ± 265, 958 ± 243, 922 ± 234mL/m2) e aumento
de VI por dia (6430 ± 3520, 6482 ± 3070, 6886 ± 3079mL/m2). Não houve
mudança em relação ao TEP, e a maioria permaneceu alto transportador. Um protocolo rigoroso de acompanhamento parece ser favorável
para minimizar as complicações da insuficiência renal crônica e da DP,
garantindo a sobrevida da técnica e a manutenção de condições clínicas favoráveis ao melhor prognóstico da criança renal crônica que
aguarda por um transplante renal.
14/8/2009 17:28:53
NEFRITE LÚPICA EM PACIENTES ADULTOS E PEDIÁTRICOS:
EXISTE DIFERENÇA?
Autores: Cloves Batista de Oliveira/UFTM; Rosana Rosa Miranda Corrêa/
UFTM; Camila Lourencini Cavellani/UFTM; Eumenia Costa da Cunha
Castro/UFTM; Marlene Antônia dos Reis/UFTM
A Nefrite Lúpica constitui uma das principais complicações sistêmicas do
Lúpus, afetando diretamente a evolução e o prognóstico da doença. É, juntamente com a nefropatia diabética, a glomerulopatia secundária mais prevalente em nosso meio. Embora mais comum em pacientes adultos, a nefrite
lúpica é encontrada em crianças e adolescentes, sendo importante causa de
síndrome nefrótica e insuficiência renal nessa população. Contudo, ainda são
poucos os estudos sobre nefrite lúpica em pacientes pediátricos. Metodologia: Por meio de um arquivo de biópsias renais, foram selecionados todos
os casos de Nefrite Lúpica entre 1996 e 2004, abrangendo pacientes adultos
(acima de 18 anos) e pediátricos (abaixo de 18 anos), a fim de se estudarem
as diferenças clínico-histopatológicas da Nefrite Lúpica entre esses grupos.
Resultados: Foram estudados 37 casos, sendo 29 pacientes adultos (média de
idade de 29,48 ± 7,56 anos, variando de 19 a 55 anos) e 8 pacientes pediátricos
(15,375 ± 1,28 anos, variando de 13 a 17 anos); em ambos os grupos, predominaram o sexo feminino e a raça branca; 77% dos adultos e 50% dos adolescentes/crianças apresentaram outras alterações sistêmicas características
do LES, predominando a poliartirte (70 e 100% em adultos e adolescentes
respectivamente); FAN foi o marcador imunológico mais solicitado, sendo positivo em 95% dos adultos e em 100% dos adolescentes/criança; em relação à
apresentação clínica da nefrite lúpica, 40% dos adultos e 75% dos adolescentes/crianças cursaram com proteinúria em níveis nefróticos; já insuficiência
renal ocorreu em 47,8 e 40% dos pacientes, respectivamente; sobre a análise
histológica renal, a classe IV predominou em ambos os grupos; a média de
glomérulos lesados foi maior nos adolescentes/crianças (90% contra 78%);
14% dos adultos apresentaram fibrose intersticial moderada a intensa, o que
não foi observado nos adolescentes. Conclusão: As alterações histológicas
mostram que, embora haja grande porcentagem de glomérulos lesados nos
pacientes pediátricos, não há sinais de fibrose intersticial moderada a intensa, o que sugere bom prognóstico. Nos casos pediátricos, a biópsia renal demonstrou que a lesão renal é menos intensa em crianças, embora a clínica
seja semelhante entre adultos e crianças.
OS ENXERTOS CRESCEM APÓS O TRANSPLANTE RENAL EM
CRIANÇAS?
Autores: Luciana de Santis Feltran/UNIFESP – Hospital do Rim e
Hipertensão; Paulo Cesar Koch Nogueira/UNIFESP – Hospital do Rim e
Hipertensão; Frederico A da Silva/UNIFESP – Hospital do Rim e Hipertensão; Sergio Ajzen/UNIFESP – Hospital do Rim e Hipertensão; Álvaro
Pacheco e Silva Filho/UNIFESP – Hospital do Rim e Hipertensão
Objetivo: Rins de doadores pediátricos são prioritariamente encaminhados a receptores pediátricos em São Paulo. Existe controvérsia acerca
dessa estratégia, uma vez que rins pediátricos oferecem menor massa
renal aos receptores. Por outro lado, rins de doadores pediátricos conservam, em teoria, potencial de crescimento, podendo oferecer melhora de
função com o tempo. O objetivo do presente trabalho é avaliar o crescimento dos enxertos renais durante o primeiro ano após o transplante renal
(Tx) em crianças. Métodos: Estudo prospectivo envolvendo 63 crianças (29
meninas) que receberam Tx renal e completaram pelo menos 12 meses de seguimento. Comparamos o crescimento dos enxertos em 2 grupos: a) Grupo
I – 31 crianças que receberam rins de doadores falecidos pediátricos
(< 15 anos) e b) Grupo II – 32 crianças receptoras de rins de doadores
vivos adultos (> 18 anos). Os pacientes foram acompanhados com avaliação antropométrica e medidas do volume do enxerto por ultrassom 1
semana, 6 e 12 meses após o Tx. Resultados: Os grupos foram comparáveis quanto ao gênero (grupo I = 16 e grupo II = 15 meninas), a idade no
Tx (11,0 ± 4,2 versus 11,5 ± 4,5 anos) e quanto aos dados antropométricos
(peso, idade e IMC) no momento do Tx, sendo diferentes apenas quanto
à idade do doador (8,8 ± 3,3 versus 40,2 ± 8,0 anos). O volume do enxerto
foi menor no grupo I após 1 semana (53,3 ± 17,4 versus 72,6 ± 21,0 cm3),
1 mês (53,8 ± 17,4 versus 65,5 ± 18,3 cm3) e 6 meses (53,0 ± 18,0 versus
64,3 ± 17,1 cm3) de transplante, mas, após 12 meses de Tx, o volume dos
enxertos foi comparável (62,3 ± 14,8 versus 64,5 ± 24,3 cm3). Não houve
diferença estatisticamente significativa entre os grupos quando comparamos a evolução antropométrica após o Tx. Conclusões: Nossos dados
suplemento.indd 36
demonstram que, um ano após o Tx, o volume dos enxertos provenientes de
doadores pediátricos é igual ao dos enxertos de doadores adultos, devido
à redução no volume dos enxertos adultos nos primeiros meses após o Tx
e principalmente ao crescimento dos enxertos provenientes de crianças
que observamos entre 6 e 12 meses após o Tx.
TRANSPLANTE RENAL PREEMPTIVO EM CRIANÇAS:
EXPERIÊNCIA DE UM CENTRO
Autores: Clotilde Druck Garcia/Complexo Hospitalar Santa Casa de
Porto Alegre, UFCSPA; Viviane de Barros Bittencourt/Complexo Hospitalar Santa Casa de Porto Alegre; Diego Malheiros/Complexo Hospitalar
Santa Casa de Porto Alegre; Helena Bonato/Complexo Hospitalar Santa
Casa de Porto Alegre; Roberta Rohde/Complexo Hospitalar Santa Casa
de Porto Alegre; Jerônimo Antonello/Complexo Hospitalar Santa Casa
de Porto Alegre; Valter Duro Garcia/Complexo Hospitalar Santa Casa de
Porto Alegre
Tempo prolongado em diálise está relacionado com maiores complicações em
crianças, com comprometimento do crescimento e desenvolvimento, doença óssea e anemia, além do potencial de inviabilizar acessos necessários no futuro. O
transplante renal preemptivo parece estar relacionado com melhor sobrevida
do paciente e do enxerto, além de evitar a morbidade da diálise e poupar os
acessos peritoneal e vasculares. Objetivo: Avaliar os resultados do transplante (Tx) renal preemptivo (P), sem diálise, em relação ao não preemptivo (NP)
em uma população pediátrica. Métodos: Analisamos os 382 Tx pediátricos
realizados em um único centro no período de janeiro de 1990 a fevereiro de
2009, comparando os dados de 68 (18,5%) receptores P com 314 (81,5%) receptores NP. Resultados: A média de idade dos receptores P foi 10,4 ± 4,4 anos
e, dos NP, 10,8 ± 4,6 anos. Cento e noventa e oito (63%) receptores NP estavam
em diálise peritoneal ao serem submetidos a Tx e 116 (37%) em HD; 31% dos
TxP foram realizados com doadores falecidos. Quando estratificados por ano,
houve variação no percentual de TxP (5-27%), mas, nos últimos 10 anos, tem
estado, na maior parte do tempo, em torno de 25%. A creatinina média em 6
e 12 meses foi de 0,97 ± 0,38mg/dL e 1,08 ± 0,51mg/dL no Grupo P e de 0,91 ±
0,39mg/dL e 1,04 ± 0,74mg/dL no grupo NP. A sobrevida do receptor em 1 e 5
anos no Grupo P foi de 98%(n = 58) e 96%(n = 24), respectivamente, e no NP
foi de 96% e 91%. A sobrevida do enxerto em 1 e 5 anos foi de 96%(n = 57) e
85%(n = 23) no grupo P e 89% e 75% para o grupo NP (p = 0,05). O percentual
de perda de enxerto por não aderência foi de 1,5% no grupo P e de 2% no
grupo NP. Perda por rejeição crônica no grupo P foi de 3% (2 pacientes), enquanto no grupo NP foi de 7,4% (23 casos). Conclusão: Com encaminhamento
e investigação precoces, o TxP pode ser realizado com sucesso em grande
parte dos receptores, apresentando bons resultados em pacientes pediátricos e evitando um período desnecessário de diálise, com as influências negativas sobre crescimento, desenvolvimento e metabolismo. Deve ser a primeira
opção sempre que possível em crianças, inclusive com doador falecido.
CISTATINA C E FUNÇÃO RENAL EM PACIENTES PEDIÁTRICOS
TRANSPLANTADOS RENAIS
Autores: Samantha Nagasako Soejima/UNIFESP; Maria do Carmo P Franco/
UNIFESP; Paula Goulart Machado/UNIFESP; Paulo César Koch Nogueira/
UNIFESP; José Osmar Medina Pestana/UNIFESP; Ricardo Sesso/UNIFESP
Na prática clínica, a taxa de filtração glomerular (TFG) é estimada por meio
da creatinina sérica (CrS). Entretanto, há estudos que demonstram que a
cistatina C (CysC) seria parâmetro melhor para diagnóstico de comprometimento da função renal. Objetivo: Avaliar e comparar a performance da
CysC plasmática e da TFG estimada pela CysC (eTFGcys) e da CrS e da TFG
estimada pela CrS (eTFGcr) em amostra de pacientes pediátricos transplantados renais e amostra de crianças da população geral. Métodos: A
CrS e a CysC foram determinadas em 50 crianças transplantadas renais
(RTx) e em 24 crianças saudáveis, assim como a eTFGcr e eTFGcys. Resultados: Houve correlação significante entre eTFGcr e eTFGcys (r = 0,75;
p < 0,001); entretanto, nas crianças transplantadas, a eTFGcys foi 6,7 ml/
min inferior à eTFGcr. Além disso, por meio da eTFGcys, 42% das crianças
transplantadas apresentavam TFG < 60 ml/min/1,73m2, enquanto por meio
da eTFGcr apenas 16% das crianças apresentaram valores inferiores (p <
0,001). Conclusão: A TFG estimada apresenta valores menores com o uso
da CysC em relação à CrS. Os resultados sugerem que, em crianças transplantadas, a eTFGcys é capaz de detectar mais precocemente a perda de
função renal do que a eTFGcr.
14/8/2009 17:28:53
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