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Raiva
Introdução
A Raiva bovina é uma das doenças infecto-contagiosas que mais tem causado preocupações ao governo
e pecuaristas, tanto por ser uma zoonose, refletindo em impacto para a Saúde Pública, ou pelos prejuízos
causados pela doença na América Latina.
Esses prejuízos atingem as cifras de U$ 30 milhões/ano, provocando a morte de pelo menos 100.000
animais.
No ano 2001 confirmou-se um total de 3.243 casos de raiva no país, dos quais 307 eram de eqüídeos
(eqüínos, asininos e moares) e 2157 de bovídeos (bovinos e bubalinos).
No ano de 2000, só no Estado de São Paulo foram registrados cerca de 850 casos de raiva, quase o
dobro do ano anterior, com um prejuízo de US$ 9 milhões.
As perdas indiretas são muito grandes, como na queda de produção de leite e carne e nos custos de
tratamento de profissionais e pessoas que tiveram contato com animais suspeitos de serem portadores do
vírus e que poderão se infectar se não forem tratados e vacinados.
Sabe-se que muitas mortes por raiva não são notificadas ao Setor de Vigilância Sanitária o que eleva as
perdas e prejuízos pela doença além dos registros oficiais.
Estados como Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e
alguns estados do Norte e Nordeste, têm uma incidência de raiva em bovinos e eqüinos bastante
significativa, por possuírem uma topografia ideal que serve de esconderijo para os morcegos
hematófagos, como montanhas, pedreiras, furnas etc..
Etiologia
O transmissor da raiva em bovinos são os morcegos hematófagos, encontrados desde o México até o
Norte da Argentina.
Os principais morcegos hematófagos encontrados no Brasil são:
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Desmodus rotundus
Diphyla ecaudata
Diaemus youngui
Os morcegos hematófagos além de causarem prejuízos pela transmissão do vírus rábico, são
responsáveis também pela depreciação do couro animal, perda de produtividade devido a sua ação
espoliativa e pelo aparecimento de infecções secundárias e de miíases, ao causar a ferida no local onde
se alimentam de sangue.
De acordo com as informações e notificações a maioria dos casos de raiva em humanos são transmitidas
por cães e gatos, porém existem varios relatos de casos de raiva humana transmitida por herbívoros.
A doença é causada por um vírus RNA envelopado do gênero Lyssavirus do grupo dos Rhabdovírus,
que após ser transmitido ao animal se multiplica no local da mordedura, levando a um quadro de
encefalite e ganglioneurite.
A doença tem um período de incubação médio de 30 a 90 dias, que pode sofrer variações por diversos
fatores como a extensão, a profundidade e a localização da ferida causada pela mordedura, como
também a cepa e a carga viral transmitida na mordedura.
Após a incubação o vírus ataca inicialmente o Sistema Nervoso Periférico, para posteriormente chegar ao
Sistema Nervoso Central, onde inicia novamente uma intensa multiplicação sendo disseminado para
diversos órgãos e glândulas, em especial as salivares sendo eliminados pela saliva, onde então
contaminam os outros animais e os seres humanos.
Nos cães e gatos, a concentração de vírus é muito maior na saliva do que no Sistema Nervoso Central.
Sintomas
Quando são contaminados com o vírus rábico, a primeira sintomatologia que o animal apresenta é a
mudança de comportamento, em que na maioria das vezes se afastam do rebanho, não se alimentam ou
bebem água, pois logo perdem o apetite e apresentam sinais de lacrimejamento e corrimento nasal.
Como a morte ocorre 3 a 4 dias após o aparecimento dos primeiros sintomas, a evolução da doença é
muito rápida, os animais começam a fazer movimentos anormais das extremidades posteriores,
apresentam uma alta hipersenbilidade no local da entrada do vírus e uma dilatação pupilar, tremores
musculares e aumento da libido.
Os sintomas são muito rápidos, em que os animais apresentam uma salivação intensa, incoordenação
dos membros posteriores, com dificuldade de ficar em pé e na fase final da doença o animal começa a
apresentar um andar cambaleante com mugidos seguidos e entrecortados, caindo ao solo e
apresentando dificuldades de se levantar, pela paralisia que acontece no membro posterior.
O processo de debilidade orgânica é aumentado devido à dificuldade de deglutição e de beber água e os
sintomas aparecem com mais intensidade como o aumento da salivação que se torna abundante, as
contrações musculares ficam mais intensas, aparecem os movimentos de pedalagem e finalmente a
dificuldade respiratória, asfixia e a morte.
Diagnóstico
O diagnóstico laboratorial é altamente necessário, pois os sintomas da doença podem ser confundidos
com outras encefalites, porém pelo histórico da existência de morcegos na região, a não vacinação e a
ocorrência da doença em todas as categorias de animais do rebanho, podem levar a uma suspeita de
raiva.
O diagnóstico ainda se torna mais difícil nos bovinos, devido ao hábito dos morcegos hematófagos de
praticarem a hematofagia à noite sugando os bovinos nas partes baixas dos membros posteriores, o que
dificulta o aparecimento dos sinais, pois os animais ao caminharem pelo pasto que está molhado por
orvalho, apagam todos os rastros que levariam a um sinal de ataque por morcegos.
À necrópsia, o principal material para envio ao laboratório é o cérebro dos animais suspeitos, como
também a presença de grandes quantidades de alimentos no rúmen e a bexiga apresenta-se cheia.
Com isto, à espera dos exames laboratorais deve-se tomar todas as medidas profiláticas necessárias até
que se tenha o resultado.
Profilaxia
Para que seja implementado um bom programa de profilaxia das doenças infecto-contagiosas, o Médico
Veterinário responsável por sua execução deve ter um amplo conhecimento dos principais fatores que
afetam a saúde animal tais como:
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Ambientais, onde as variações climáticas têm uma grande importância
Biológicos como as bactérias, vírus, fungos, helmintos, protozoários, carrapatos, moscas etc.
Nutricionais como as carências minerais e vitamínicas
Principais mecanismos de disseminação das doenças, como o contato entre animais e
profissionais, água, solo, pastagens, tânsito de animais, parasitas vetores como mosca-dos-
chifres, mosca-dos-estábulos, mosca doméstica, carrapatos e no caso da raiva o conhecimento
de combate aos morcegos hematófagos
A profilaxia da raiva em herbívoros é feita mediante tomadas de medidas diretas e indiretas de controle,
pela utilização de programas estratégicos e contínuos, utilizando-se a vacinação do rebanho nas regiões
onde haja incidência de raiva e a eliminação dos agentes transmissores da raiva que são os morcegos
hematófagos.
Para se controlar a raiva rural devem ser tomadas duas ações, ou seja:
Controle do Morcego hematófago
O Médico Veterinário ou o pecuarista ao suspeitar que exista a presença de um surto de raiva em uma
determinada propriedade, a primeira providência a tomar, é fazer a notificação para o Setor de Vigilância
Sanitária da região.
Este setor público tomará as providências para coleta de material para diagnóstico laboratorial e dar inicio
a um programa de combate ao morcego hematófago.
O controle do morcego hematófago exige uma ação conjunta entre o pecuarista e o técnico responsável
pela Vigilância Sanitária, a médio e longo prazos, para que sejam localizados os esconderijos dos
morcegos, que muitas vezes, dependendo da topografia são locais de difícil acesso.
O processo de controle de morcegos hematófagos tem que ser seletivo e apropriado, para que não ocorra
a morte de morcegos não hematófagos, como os frugívoros, insetívoros e ictiófagos responsáveis pela
manutenção do ecossistema.
O Setor de Vigilância Sanitária efetuará a captura dos morcegos hematófagos em redes apropriadas, que
após identificados receberão uma pasta com anticoagulante que é passada nas suas costas e
posteriormente soltos.
Como os morcegos têm uma vida social muito comum, pois vivem em grupos de famílias, ao brigarem uns
com os outros por espaço se ferem e se lambem, ingerindo a pasta, iniciando assim um processo de
hemorragia que os leva à morte, em um curto espaço de tempo.
Como o repovoamento dos morcegos é muito rápido o sistema de controle deve ser feito de uma forma
contínua e sistemática, tomando-se o cuidado de não eliminar-se toda a população, mantendo a
densidade populacional do morcego hematófago em níveis aceitáveis.
Imunização do Rebanho
S imultaneamente ao controle do morcego hematófago, o pecuarista deve vacinar todos os animais da
fazenda, com exceção das aves, que não são suscetíveis ao vírus rábico.
Nas áreas de ocorrência da raiva a vacinação dos herbívoros deverá ser anual nos bovídeos e eqüídeos
com idade superior ou igual a 3 meses.
Animais que receberam a vacina pela primeira vez deverão receber uma dose de reforço após 30 dias.
As vacinações devem ser feitas sob orientação de um Médico Veterinário e, dependendo da avaliação
oficial, as mesmas podem extender-se às outras áreas.
Tratamento
Não existe tratamento para raiva e sim programas de profilaxia e vacinação dos animais.
Atualmente são produzidas no Brasil dois tipos de vacinas anti-rábicas, sendo uma vacina de vírus vivo
atenuado e uma outra vacina inativada, em que ambas apesar de apresentarem diferenças do ponto de
vista técnico, devem ser conservadas a uma temperatura de 2 a 8 ºC.
Vacinas atenuadas
São específicas, sendo atenuadas para uma determinada espécie.
Temos como exemplo, as vacinas atenuadas que estão sendo utilizadas para herbívoros no Brasil, as
quais se forem aplicadas em outras espécies animais podem induzir a doença, inclusive com riscos de
contaminação para o homem.
Vacinas inativadas
S ão produzidas de uma forma em que o RNA viral é destruído tornando-se absolutamente inócuo e
representam cerca de 95 % da produção nacional.
As vacinas inativadas apresentam inúmeras diferenças, com relação às atenuadas, tais como:
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Pela excelente inocuidade que possui, podem ser utilizadas para todas as espécies animais
São vacinas mais resistentes e adequadas para as nossas condições climáticas, devido terem
maior termoestabilidade do que a atenuada, resistindo melhor às alterações do meio ambiente,
comuns em um País de clima tropical
São vacinas que apresentam boa inocuidade e ausência de riscos a seres humanos e as
espécies animais
Têm a vantagem de serem mais conhecidas pelos produtores rurais
As vacinas anti-rábicas após produzidas passam por uma bateria de testes oficiais nos Laboratórios
Oficiais de Referência Animal do Ministério da Agricultura, quanto a sua esterilidade, inocuidade e
potência, para depois desses testes, estando dentro dos padrões exigidos pela legislação, serem
liberadas para o comércio.
As vacinas anti-rábicas após fabricadas, devem seguir os padrões de conservação entre 2 a 8 ºC e
quando chegarem ao comércio e na fazenda manter este padrão.
No transporte da revenda para a fazenda e fazenda para o campo a conservação deve ser feita em caixa
de isopor com gelo.
Vários protocolos para vacinação de herbívoros são indicados, porém o que apresenta melhor resultado é
a primovacinação dos animais até os 3 meses de idade, no seguinte esquema:
Bezerros provenientes de mães não vacinadas
Realizar a primeira vacinação logo ao nascer e repetir uma segunda dose 30 dias após, pois estes
animais estão descobertos imunologicamente, em virturde das mães não transmitirem anticorpos
maternos através do colostro.
Muitos técnicos questionam essa vacinação ao nascer, pois os bezerros não têm ainda completado o seu
sistema de defesa, porém, com certeza ela é importante, pelo estímulo que exerce nas células de
memória, as quais serão ativadas quando os bezerros receberem a segunda dose 30 dias após a
primovacinação.
Bezerros provenientes de mães vacinadas
R ealizar a primeira dose aos 3 meses de idade, considerando que estes animais já estão cobertos
imunologicamente, pela imunidade passiva adquirida da mãe vacinada através do colostro, que os
protegeram até os 3 meses de idade.
Após a implementação do programa inicial, repetir anualmente as vacinações, sempre que for necessário
nas regiões onde existam surtos de raiva herbívora.
Dosagem
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA - padronizou o uso de 2 ml de vacina por
animal (bovinos e eqüínos) em aplicação subcutânea e intramuscular.
Solução Intervet
Os benefícios obtidos com o controle da raiva herbívora são muitos, quando se contabiliza os lucros
financeiros que serão obtidos pela eliminação da doença.
Por isto, a INTERVET se mantém integrada no controle da raiva herbívora, possuindo em sua linha de
produtos a vacina BOVILIS® RAIVA.
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