TRYPANOSOMATIDAE CLASSIFICAÇÃO TAXONÔMICA Reino: Protista Sub-reino: Protozoa Filo: Sarcomastigophora Subfilo: Mastigophora Classe: Zoomastigophorea Ordem: Kinetoplastida Família: Trypanosomatidae Gênero: Leishmania Subgênero: Viannia Complexo Leishmania (Viannia) braziliensis ou Complexo Leishmania braziliensis Subgênero: Leishmania Complexo Leishmania mexicana Complexo Leishamnia donovani Leishmania CLASSIFICAÇÃO TAXONÔMICA Complexo Leishmania braziliensis Os parasitos não apresentam tropismo visceral. Ocasionam lesões cutâneas de caráter extensivo, onde não costumam ser abundantes. Ampla distribuição no Brasil. Complexo Leishmania mexicana Os parasitos não apresentam tropismo visceral. Não causam metastases em mucosas e cartilagens. Complexo Leishmania (Leishmania) donovani Os protozoários apresentam tropismo visceral. Complexo Leishmania(Viannia) braziliensis Espécies: L.(V.)braziliensis L.(V.) guyanensis L.(V.) panamensis L.(V.) peruviana Complexo Leishmania (Leishmania) mexicana Espécies: L.(L.) mexicana L.(L.) amazonensis L.(L.) venezuelensis L.(L.) peruviana Complexo Leishmania (Leishmania) donovani Espécies: L.(L.) donovani L.(L..) infantum L.(L.) chagasi* Formas evolutivas Amastigota Oval ou esférica, sem flagelo livre. Promastigota Citossomo longo, presença de flagelo livre. Leishmania (Promastigotas) Promastigotas) Biologia e Ciclo Biológico Hospedeiros vertebrados: incluem uma grande variedade de mamíferos, dentre eles, o homem. Reservatórios: mamíferos silvestres e cães domésticos. Habitat: Sistema Mononuclear Fagocitário (nos vacúolos digestivos de macrófagos teciduais que fagocitam os parasitos). Vetores: insetos flebotomíneos Filo:Arthropoda Classe:Insecta Ordem: Diptera Subordem: Nematocera Família: Psychodidae Sub-família: Phlebotominae Gêneros: Lutzomyia: compreende a maioria das espécies cujas fêmeas picam o homem. Neste gênero encontram-se todos os vetores de leishmanioses das Américas. Phlebotomus: abrange todos Ásia e África. os vetores da Europa, Biologia dos flebotomíneos A incubação dura 6-17 dias. As larvas alimentam-se de matéria orgânica e, 15 a 70 dias depois, formam pupas. Os adultos nascem dentro de 1 a 3 meses, mas só vivem 2 a 4 semanas. Unicamente as fêmeas adultas são hematófagas. A atividade destes insetos é crepuscular ou noturna. Biologia dos flebotomíneos Durante o dia ficam abrigados em lugares tranqüilos e frescos, como os ocos de árvores. Seus vôos são curtos e silenciosos. A população flebotômica oscila pouco onde o clima for constantemente quente e úmido. Em geral, há incremento da transmissão após as chuvas. Vetores (Brasil) Leishmania (V.) braziliensis Lutzomyia whitmani Lutzomyia pessoai Lutzomyia intermedia Lutzomyia wellcomei L.(L.) chagasi* Lutzomyia longipalpis Leishmania Ciclo Biológico Ciclo Biológico Inseto “sangue ou linfa intersticial” macrófagos contendo as leishmanias nas formas amastigotas. Tubo digestivo do inseto macrófagos se rompem formas amastigotas são liberadas, transformam-se em promastigotas, as quais sofrem uma série de mudanças morfológicas e fisiológicas. Promastigotas reprodução assexuada por divisão binária simples longitudinal. Leishmania Ciclo Biológico Promastigotas metacíclicas formas infectantes encontradas livres ou aderidas na porção anterior do aparelho bucal (proventrículo e faringe) do inseto. Ciclo no hospedeiro invertebrado: varia de 3 a 5 dias, dependendo da espécie. As formas promastigotas são introduzidas no local da picada pelo flebotomíneo. Estes flagelados são interiorizados pelos macrófagos teciduais. O núcleo do macrófago chega a deslocar-se do centro para dar lugar ao vacúolo parasitóforo com as formas amastigotas, esgotando-se sua resistência. Foco de transmissão de Leishmaniose Tegumentar Americana Região Metropolitana São Paulo - SP. Canídeo silvestre - reservatório Leishmania (Leishmania) chagasi (Adaptados para viver em temperaturas em torno de 37ºC). Amastigotas no sítio de inoculação, multiplicam-se rapidamente dentro dos macrófagos teciduais. O parasito ou macrófagos parasitados, podem expandir-se e promover a multiplicação em macrófagos teciduais dos órgãos distantes, ocorrendo a visceralização das formas amastigotas, principalmente nos órgãos linfóides. Os macrófagos móveis (monócitos) podem levá-los a todos os pontos do organismo. Após sucessivas multiplicações e na ausência do controle parasitário pela célula hospedeira, esta se rompe e os amastigotas liberados serão fagocitados por outros macrófagos. O ciclo se completa quando as amastigotas são ingeridas por novos flebotomíneos. Persistência do parasito em uma determinada área, depende basicamente de dois fatores: Vetor suscetível para espécie de Leishmania. Hospedeiro reservatório. Leishmaniose por L. guyanensis Distingui-se da “úlcera de verão” pela benignidade das lesões e pela ausência de complicações mucosas oronasais, além de apresentar diferenças em seus aspectos epidemiológicos. Patologia Na área do tegumento onde se processa a ação parasitária, ocorre reação inflamatória caracterizada por: Hiperplasia histiocitária, Edema e infiltração celular Hipertrofia do epitélio Frequentemente a inflamação cutânea evolui para necrose, formando uma úlcera rasa ou uma ulceração profunda de bordos salientes, com o fundo da úlcera granuloso e limpo. A contaminação bacteriana tende a alterar esse quadro histológico. Patologia Úlcera leishmaniótica Tendência a cronicidade e na fase ulcerativa os parasitos tornam-se cada vez menos abundantes. Lesões não ulcerosas (nodulares) Epiderme mostra-se muito espessada Lesões mucosas: leishmanioses cutâneas por Leishmania (Viannia) braziliensis. Marcada tendência a formação de metástase na mucosa nasal. Leishmanioses cutâneas, por Leishmania (Viannia) braziliensis Nódulos circunscritos de infiltrados histiocitários podem surgir, com raros parasitos e tendência a ulceração. As úlceras costumam progredir em extensão e profundidade, determinando destruição de cartilagens e ossos do nariz, região palatina, faringe e laringe. É possível o encontro de metástases cutâneas, por vezes múltiplas. Leishmaniose por L. (Leishmania) mexicana (Ambientes Silvestres da Mesoamérica) Zoonose florestal, muitas das vezes infecta o homem em ambientes silvestres. Lesões infiltrativas da pele, geralmente leva a ulceração franca com 1 a 2 meses, a maioria das vezes indolor e única. O envolvimento linfático é raro e há tendência para cura espontânea. O principal vetor não é antropofílico. Leishmaniose por L. panamensis - caráter benigno, lesões únicas e pouco numerosas . L. peruviana (UTA)-em geral a infecção encaminha-se para cura espontânea Sintomatologia e Formas Clínicas L.T.A Período de Incubação: Muito variável, geralmente de 2 a 3 meses, mas pode encurtar-se por dias ou estender-se por mais de 1 ano. Lesões iniciais geralmente são pápulos vesiculosas; a maioria das vezes chegam a ser tão discretas que passam despercebidas. A pápula termina por ulcerar e exibe os caracteres típicos da lesão leishmaniótica: ulceração crônica, indolor, de contornos irregulares, com bordas salientes e talhadas a pique; pouco exsudativa e com fundo granuloso. Diagnóstico Diagnóstico Parasitológico Pequisa do parasito por impressão /aposição. As amastigotas são vistas no interior de macrófagos ou empalhados na lâmina, quando os macrófagos se rompem. Histopatologia Biópsia ou raspagem das lesões ulceradas, especialmente nas bordas da úlcera, junto a base. As úlceras mais novas são ricas em parasitos. Diagnóstico Diagnóstico Imunológico Reação de Montenegro (intradérmica). Esta prova pode ser negativa nos casos recentes. E positiva por toda a vida do paciente, o que limita o seu valor diagnóstico em áreas endêmicas. RIFI- títulos de ac são baixos em casos recentes. Biologia Molecular-PCR (DNA do parasito). Leishmaniose cutânea Leishmaniose Visceral Hipertrofia e hiperplasia do sistema macrofágico das vísceras é a razão da espleno e hepatomegalias, bem como das alterações da medula óssea. Os histiócitos transformam-se, neste caso , em extenso campo de cultura para Leishmania, crescendo ao mesmo tempo que estende a infecção parasitária. O baço aumenta de volume, sua cápsula fica espessa e sua polpa, ao exame microscópico, mostra predominância de macrófagos, e conseqüentemente a circulação dos capilares é contraída, provocando grande congestão do órgão. Leishmaniose Visceral Em microscopia observa-se considerada hipertrofia das células de Kupffer, aglomerando-se nos espaços porta. Medula óssea tecido hematopoético vai sendo substituído por macrófagos parasitados. Há comprometimento dos linfonodos, que ficam ingurgitados e cheios de parasitos. Pelas alterações que ocorrem nos órgãos formadores e reguladores da composição sangüínea, sobrevém anemia. A vida média das hemácias está diminuída. Leishmaniose Visceral As placas de Peyer podem ter hiperplasia histiocitária, necrose e formação de pequenas úlceras na mucosa. A fibrose do fígado é acompanha de hipertensão porta, ascite e outras manifestações correlatas. Leishmaniose visceral Leishmaniose dérmica pós calazar Pacientes tratados de leishmaniose visceral e após decorridos alguns anos, é possível que surja na pele lesões nodulares, infiltrativas e com eritema, as quais contêm grande número de parasitos. Nordeste brasileiro L.(L.) chagasi na pele, foi comprovada em 20% dos casos,com lesões muito ricas em parasitos. Leishmaniose Visceral Sintomatologia e Formas Clínicas As manifestações clínicas da leishmaniose visceral refletem o equilíbrio entre a multiplicação dos parasitos nas células do Sistema Fagocítico Mononuclear (SFM), a resposta imunitária do indivíduo e as alterações degenerativas resultantes desse processo Leishmaniose Visceral Sintomatologia e Formas Clínicas A febre é o sintoma mais notável; irregular ou remitente. Esplenomegalia é a segunda manifestação de importância clínica. Aumento do fígado costuma ser em escala menor que o do baço. Intensa palidez de pele e mucosas, conseqüência de severa anemia. Com a progressão da doença acentua-se a anemia e há marcada tendência às hemorragias. Sintomatologia e Formas Clínicas Visceral Perturbações do apetite e emagrecimento. A evolução pode ser rápida, levando o paciente a caquexia e a morte dentro de algumas semanas, ou assumir um curso crônico. As formas crônicas são as mais comuns e apresentam evolução lenta, que pode durar anos, com fase de remissão e recaídas. Leishmaniose dérmica pós-calazar. Sintomatologia e Formas Clínicas Visceral Refratária: na realidade é uma forma evolutiva do calazar clássico que não respondeu ao tratamento, ou respondeu parcialmente ao tratamento com antimoniais. É clinicamente mais grave, devido ao prolongamento da doença sem resposta terapêutica. Os pacientes com calazar, em geral, têm como causa de óbito as hemorragias e as infecções associadas em virtude da debilidade física e imunológica. Diagnóstico Parasitológico Demonstração dos amastigostas em tecido ou do isolamento do organismo através de cultura. O aspirado de medula óssea é o procedimento mais seguro e os amastigotas podem ser vistos em 55 a 86% dos casos. O baço apresenta uma maior sensibilidade (96 a 98%), mas também maior risco de hemorragias. Diagnóstico Imunológico Método de ELISA RIFI- títulos de ac são baixos em casos recentes. Biologia Molecular-PCR (DNA do parasito). Epidemiologia Leishmanioses: zoonoses citadas desde a antigüidade . Cão em função do estreito convívio com o homem, passou a configurar como principal reservatório da leishmaniose. Casos humanos são precedidos por casos caninos. Epidemiologia Leishmanioses cutâneas, mucocutâneas, difusas e viscerais. Alta prevalência, com lesões disfigurantes (tegumentares) e as vezes fatais (viscerais), levam a OMS a incluí-las entre as seis mais importantes endemias do mundo. Leishmaniose mucocutânea é autóctone do Novo Mundo. Epidemiologia L.T.A. é uma zoonose primariamente de mamíferos silvestres, mas o homem e alguns animais domésticos são “eventualmente” infectados ao penetrarem no ecótopo florestal, onde circula o parasito. Leishmania (Viannia ) braziliensis invade também áreas suburbanas e zonas rurais, onde o cão e muares são encontrados com o parasito. Ciclo epidemiológico Reservatórios domésticos Lutzomyia Cães domésticos e o homem. Epidemiologia A transmissão da Leishmania (Viannia ) braziliensis depende em grande parte da espécie de flebotomíneo na floresta primitiva. Derrubada a floresta, cresce uma mata secundária onde a fauna de vertebrados e insetos não é mais a mesma. A presença do homem e dos animais domésticos, tende a interferir no ecossistema em que circula L. (Viannia ) braziliensis associada a Lutzomyia whitmani, a qual é facilmente adaptada ao “meio modificado”. Epidemiologia O número de pessoas e cães infectados pela Leishmania, tem aumentado absurdamente nas últimas décadas, pois a transmissão está na dependência da densidade de insetos na região, de sua antropofilia e freqüência com que os indivíduos são picados. O ecossistema que circula L. mexicana pertence as florestas tropicais de clima úmido e as fontes de infecção estão representadas por roedores silvetres. A doença é exclusivamente silvestre e a população exposta ao risco é constituída por trabalhadores. A Leishmaniose Visceral ocorre na África, Ásia, América Central e do Sul, e Europa. Durante o período das chuvas, aumenta a densidade dos insetos transmissores e cerca de 3 meses depois, começa a aumentar consideravelmente o número de pacientes com calazar. As áreas rurais são as mais atingidas pelas endemias e nas áreas urbanas, a periferia, as quais guardam algumas características da zona rural. Epidemiologia Calazar A proporção de insetos com “infecção natural” é muito baixa, assim a transmissão fica na dependência de existir uma densidade grande de L. longipalpis. Os cães quando infectados, apenas 40% apresentam sinais clínicos. O parasito adaptou-se também a um canídeo silvestre (Dusycion vetulus = Lycalopex vetulus),a raposa. Leishmaniose visceral (Calazar) Leishmaniose tegumentar difusa (lesões nodulares) Epidemiologia Número de casos por ano. Aumento em função das pessoas com HIV. Outras espécies de animais domésticos que estão infectados e podem apresentar importante elo na cadeia de transmissão. Controle Conhecimento preliminar das condições epidemiológicas em cada região. Coleta de dados epidemiológicos, como conhecer as áreas endêmicas e suas prevalêcia ou incidência. Inquéritos sorológicos nos cães para avaliar sua importância como fonte de infecção. Estudo da fauna flebotomínica da região. Estudo sobre reservatórios silvestres do parasito. Estabeleciemento de um plano de controle, aprovado e apoiado por autoridades competentes. Recrutamento e formação adequada do pessoal. Controle Combate aos flebotomíneos de caráter domiciliar (L. intermedia); quando for de caráter silvestre a profilaxia se traduz por construção de casas fora da área florestal e não desmatar. Para impedir o aparecimento de novos casos é preciso interromper a transmisão com aplicação de inseticidas. Telagem das casas e uso de mosquiteiros. Diagnóstico em animais domésticos ATENÇÃO! O Centro de Referência em Leishmanioses IPEC-Fiocruz disponibiliza orientação e atendimento clínico e laboratorial (sorológico, parasitológico e histopatológico, entre outros) tanto de pacientes humanos quanto animais, buscando trazer à população a oportunidade de realizar um tratamento correto e eficaz.