J. Bras. Nefrol. 1996; 18(1): 51-55 51 L. Yu et al - Revisão/Atualização em Insuficiência Renal Aguda Revisão/Atualização em Insuficiência Renal Aguda: Terapia contínua de substituição renal em insuficiência renal aguda definições nomenclatura e indicações Luis Yu, Paulo César A. Galvão, Emmanuel A. Burdmann Disciplina de Nefrologia - Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Endereço para correspondência: Prof. Luis Yu Av: Dr. Enéas C. Aguiar, 255 Sala 711F CEP: 05403-900 São Paulo,SP Tel.: (011) 853-5079 Fax.: (011) 883-7683 Os novos métodos dialíticos, genericamente denominados de terapia contínua de substituição renal, vem sendo empregados no tratamento da insuficiência renal aguda (IRA) há mais de uma década, substituindo a hemodiálise convencional, principalmente em pacientes gravemente enfermos nas unidades de terapia intensiva. Adeptos desta modalidade dialítica preconizam as vantagens destes métodos sobre a hemodiálise e a utilizam inclusive, em indicações não-renais tais como sepsis e na síndrome da angústia respiratória aguda do adulto (SARA). Entretanto, as vantagens dos métodos contínuos sobre a hemodiálise não estão ainda definitivamente estabelecidas. Uma das razões para este fato é a falta de unifor midade na nomenclatura e na definição dos diferentes métodos contínuos, impossibilitando a leitura adequada e principalmente comparações entre os trabalhos científicos publicados. Neste sentido, no I Simpósio Internacional sobre terapia contínua de substituição renal realizado em San Diego, EUA em novembro de 1995, diversos pesquisadores da área reuniram-se em sessão plenária para propor a uniformidade dos termos e definições dos métodos contínuos. Assim, a iniciativa do JBN em propiciar aos colegas brasileiros uma pequena atualização sobre estes novos métodos parece oportuna, pois, estes vem sendo cada vez mais utilizados em nosso meio, haja visto o interesse dos grandes fabricantes de equipamentos de diálise em trazer e divulgar máquinas e filtros para hemofiltração. A seguir, serão apresentadas sucintamente as definições e nomenclatura propostas por Bellomo no simpósio acima referido, bem como, as principais indicações clínicas e alguns aspectos técnicos importantes. 1 Te r a p i a C o n t í n u a d e S u b s t i t u i ç ã o Renal A impossibilidade de se realizar diálise peritoneal ou hemodiálise convencional em pacientes hipercatabólicos com IRA e instabilidade hemodinâmica, motivou o desenvolvimento de novos procedimentos de substituição renal extracorpórea, os quais são chamados genericamente de Terapia Contínua de Substituição Renal, seguindo a tendência mundial que tem utilizado o termo Continuous Renal Replacement Therapy (CRRT). 2,3 Hemofiltração Artério-Venosa Contínua (CAVH): É a técnica em que o circuito extracorpóreo começa em uma artéria e termina em uma veia, e o sangue passa através de um filtro impulsionado pela própria pressão arterial do paciente. Este filtro é composto por uma membrana de alta permeabilidade, e o ultrafiltrado produzido é reposto em sua totalidade, ou uma grande parte dele, com soluções de reposição apropriadas. O volume reposto pode ser igual ao volume ultrafiltrado, no caso de não ser necessário balanço hídrico negativo, ou o volume reposto pode ser menor que o volume ultrafiltrado, dependendo do balanço negativo desejado. A solução de reposição nor malmente é colocada no lado arterial do sistema A publicação desta seção foi possível graças à colaboração dos Laboratórios Biosintética Ltda. 52 J. Bras. Nefrol. 1996; 18(1): 51-55 L. Yu et al - Revisão/Atualização em Insuficiência Renal Aguda extracorpóreo (reposição pré-dilucional).O clearance de solutos é exclusivamente convectivo. Hemofiltração Veno-Venosa Contínua (CVVH ): É uma técnica semelhante à anterior, com a diferença que o circuito inicia-se e termina em uma veia, e o fluxo de sangue é deter minado por uma bomba. A vantagem deste procedimento em relação ao anterior é que pode-se ajustar o volume do ultrafiltrado e portanto, o clearance convectivo através do ajuste do fluxo sanguíneo pela bomba rolete. Hemodiafiltração Artério-Venosa Contínua (CAVHDF): É uma técnica de substituição renal em que o circuito é modificado em relação à CAVH, com a passagem de dialisato contracorrente no compartimento apropriado do hemofiltro. Como na CAVH, utilizamse membranas de alto fluxo, sendo necessária solução de reposição para repor as perdas parcial ou totalmente. O clearance de solutos é convectivo e difusional. A hemodiafiltração tem geralmente um clearance total maior que a hemofiltração, sendo indicada para pacientes hipercatabólicos. Hemodiafiltração Veno-Venosa Contínua (CVVHDF): É uma técnica de substituição renal em que o circuito é modificado em relação à CVVH, com vés do uso de uma bomba rolete acoplada a linha de drenagem do ultrafiltrado. A membrana utilizada não é necessariamente de alta permeabilidade, podendose utilizar membranas convencionais. Hemodiálise Artério-Venosa Contínua (CAVHD): É uma técnica de substituição renal semelhante à CAVHDF, porém, utilizam-se membranas de baixa per meabilidade, como o cuprofane, o que determinará um baixo volume de ultrafiltrado. Por isto, geralmente não é necessário o uso de solução de reposição, tornando o procedimento tecnicamente mais simples. Por outro lado, há o inconveniente de menor clearance, e da utilização de membranas pouco biocompatíveis. O clearance de solutos é quase que totalmente difusional. Hemodiálise Veno-Venosa Contínua (CVVHD): É um procedimento semelhante à CAVHD, com a diferença do acesso vascular, que neste caso é venoso, determinando a necessidade de se utilizar uma bomba de sangue. Nesta técnica, utiliza-se também dialisadores com membranas de baixa permeabilidade. As principais características destes métodos encontram-se resumidas na Tabela 1. Tabela 1 Características dos métodos terapêuticos contínuos para o tratamento da IRA Acesso Bomba de sangue Filtrado (ml/h)* Filtrado (l/dia)* Fluxo dialisato (l/d) Reposição fluido (l/d)* Depuração uréia( ml/min) SCUF CAVH CVVH CAVHD CVVHD CAVHDF CVVHDF A-V Não 100 2,4 0 0 1,7 A-V Não 600 14,4 0 12 10 V-V Sim 1.000 24 0 21,6 16,7 A-V Não 300 7,2 1,0 4,8 21,7 V-V Sim 300 7,2 1,0 4,8 21,7 A-V Não 600 14,4 1,0 12 26,7 V-V Sim 800 19,2 1,0 16,8 30 Abreviações: SCUF, ultrafiltração ; CAVH, hemofiltração A-V ; CVVH, hemofiltração V-V ; CAVHD, hemodiálise contínua A-V; CVVHD, hemodiálise contínua V-V; CAVHDF, hemodiafiltração A-V; CVVHDF, hemodiafiltração V-V; A-V, arterio-venoso; V-V, veno-venoso. * valores médios a passagem de dialisato contracorrente no compartimento apropriado do hemofiltro. Como na CVVH, utilizam-se membranas de alto fluxo, bomba de sangue e soluções de reposição são necessárias para repor as perdas parcial ou totalmente. O clearance de solutos é convectivo e difusional. Ultrafiltração Lenta Contínua (SCUF): É uma forma de CAVH ou CVVH sem o uso da solução de reposição, usado no manejo de pacientes com edema refratário, com ou sem insuficiência renal. A principal utilidade é manipular líquido e não solutos, principalmente em pacientes com insuficiência cardíaca refratária e edema agudo de pulmão. O volume ultrafiltrado pode ser espontâneo ou controlado atra- Considerações Gerais Sobre a Escolha do Método Dialítico A diálise peritoneal (DP) é, sem dúvida, o método dialítico mais simples e de baixo custo, não requerendo equipamento especializado. A DP normalmente não causa instabilidade hemodinâmica, não necessita de anticoagulação sistêmica e nem de acesso vascular. Por outro lado, é menos eficiente quando comparada aos métodos extracorpóreos. A DP pode não controlar a uremia em pacientes hipercatabólicos e não é efetiva para correção rápida de hipercalemia grave e/ou para retirar rapidamente grandes quantidades de volume em pacientes hipervolêmicos. A DP J. Bras. Nefrol. 1996; 18(1): 51-55 53 L. Yu et al - Revisão/Atualização em Insuficiência Renal Aguda pode não ser exeqüível em pacientes com cirurgias abdominais recentes ou antigas devido à formação de lojas abdominais. Por sua vez, todos os métodos extracorpóreos necessitam de via de acesso vascular, de anticoagulação sistêmica, e podem causar alterações hemodinâmicas e desequilíbrio osmótico. A HD deve ser considerada pela alta eficiência dialítica para pacientes hipercatabólicos, pacientes com alterações eletrolíticas emergenciais como hiperpotassemia, em intoxicações exógenas por substâncias dialisáveis ou para os casos onde a DP e hemofiltração tenham falhado. A hemofiltração e hemodiafiltração devem ser consideradas em pacientes hemodinamicamente instáveis, em pacientes oligúricos que se encontram hipervolêmicos e que necessitam ultrafiltração diária, em pacientes hipercatabólicos necessitando de volume elevado de nutrição parenteral e em pacientes com SARA e septicemia devido a um possível efeito benéfico decorrente da retirada de mediadores inflamatórios. 4,5 A tabela 1 demonstra algumas das situações clínicas de IRA comumente encontradas e as indicações preferenciais de tratamento dialítico. 6,7 Indicações Não-Renais de Hemofiltração e Hemodiafiltração Alguns autores tem demonstrado que as terapias contínuas de substituição renal que utilizam membranas biocompatíveis e de alta permeabilidade retiram mediadores inflamatórios, como TNF (fator de necrose tumoral), PAF (fator agregador de plaquetas) e interleucinas (IL-1, IL-6, IL-8) e fator depressor do miocárdio, podendo trazer benefícios aos pacientes com falência de múltiplos órgãos mesmo com função renal normal. Na maioria dos relatos as casuísticas são pequenas, retrospectivas, não controladas e com populações heterogêneas de pacientes. Mesmo assim, alguns autores preconizam o uso de terapias contínuas de substituição renal em falência de múltiplos órgãos e síndrome da angústia respiratória do adulto. 8,13 Entretanto, até o presente momento, não existem subsídios clínicos definitivos para a inclusão desta modalidade dialítica no tratamento destas patologias. Aspectos Técnicos Acesso vascular O acesso vascular é necessário para hemodiálise convencional e para terapias contínuas de substituição renal. Os vasos mais freqüentemente utilizados são as veias jugular, subclávia e femoral. Todos estes acessos permitem a colocação de cateteres de duplo lúmen, com a obtenção de bom fluxo sanguíneo (até 300 ml/ min). Para o paciente, que tem condições de deambular, o acesso femoral é menos confortável. A incidência de infecção e tempo de permanência do acesso é semelhante para todos os vasos, porém, a recirculação, que pode determinar dose insuficiente de diálise, é maior na veia femoral para fluxos de sangue superiores a 250 ml/min. 14 Para fluxos de sangue menores, a recirculação é comparável nos três locais de acessos vasculares. Para os procedimentos arteriovenosos, o acesso vascular é obtido através de uma punção arterial e uma punção venosa, preferencialmente nos vasos femurais, mas há a possibilidade de se utilizar um shunt artério-venoso no antebraço ou perna. Anticoagulação A anticoagulação necessária para os procedimentos contínuos é freqüentemente o maior inconveniente destes métodos extracorpóreos. Em nosso meio utiliza-se a heparina sódica, na dose de 500 a 1000 unidades por hora, sob a forma de infusão contínua. 15 Se a anticoagulação for insuficiente, a performance e a durabilidade do filtro serão reduzidas e, eventualmente, o circuito extracorpóreo coagulará, determinando perda sanguínea e má adequação da diálise. O excesso de anticoagulação, por outro lado, pode resultar em complicações hemorrágicas. A anticoagulação regional, com heparina e protamina, não tem trazido bons resultados. A ligação da molécula de heparina com a protamina é instável, podendo causar sangramentos tardios. Outra alternativa, bastante utilizada no exterior, é a anticoagulação com citrato de sódio que é feita através da infusão de citrato trissódico a 4% no sistema extracorpóreo, na dose de 170 ml/h, de forma pré-dilucional. 16 O citrato é quelado, para evitar hemorragia, pela infusão simultânea de cloreto de cálcio via endovenosa, na dose de 10 ml/h, ajustando-se esta infusão para manter o cálcio iônico plasmático normal. O tempo de coagulação ativado (ACT), é determinado na linha venosa do circuito extracorpóreo, devendo permanecer entre 180 e 240 segundos. O inconveniente do uso de citrato é a necessidade de dosagens freqüentes do cálcio ionizado e do ACT. Outro anticoagulante pouco utilizado, porém bastante promissor, é o mesilato de nafamostato, um 54 J. Bras. Nefrol. 1996; 18(1): 51-55 L. Yu et al - Revisão/Atualização em Insuficiência Renal Aguda inibidor sintético de proteases com potente efeito inibidor sobre o sistema de coagulação. Em trabalho recente, foram analisados 200 casos de terapia contínua de substituição renal anticoagulados com nafamostato. Houve baixa incidência de complicações hemorrágicas (11%). A dose preconizada é de 0,1 a 0,3 mg/kg/h com ajuste do ACT para 150 segundos. 17 Solução de reposição Na hemodiálise contínua, arterial ou venosa, não é necessário o uso de soluções de reposição por causa do pequeno volume de ultrafiltrado decorrente da utilização de membranas de baixa permeabilidade. Por outro lado, em todos os procedimentos que utilizam membranas de alta permeabilidade (CAVH, CVVH, CAVHDF, CVVHDF) e por conseguinte, apresentam volume de ultrafiltrado muito grande, é imprescindível o uso de solução de reposição. Na hemodiafiltração (CAVHDF e CVVHDF), a reposição pode ser feita com solução fisiológica ou ringer lactato, de forma pré-dilucional, pois a utilização de dialisato ajuda a corrigir os distúrbios eletrolíticos. Na hemofiltração (CAVH e CVVH), o clearance de solutos é convectivo, determinado por um grande volume de ultrafiltrado, geralmente maior do que 1000 ml/h. Neste caso, a solução de reposição também é necessária, devendo ser formulada cuidadosamente para evitar graves distúrbios eletrolíticos, pois não há passagem de dialisato. A solução de Ringer lactato é uma boa opção de solução base para reposição nesta modalidade dialítica. Como o volume de reposição pode ser maior do que 25 litros por dia, a solução de reposição deve ser aquecida a 37°C para evitar-se hipotermia. A grande quantidade de lactato infundida deverá ser metabolizada no fígado para bicarbonato. Em pacientes com acidose láctica, hepatopatas ou em pacientes submetidos a transplante de fígado, pode ser necessário usar solução tamponada com bicarbonato, a qual deve ser preparada imediatamente antes da utilização. A solução utilizada na UTINefrologia do HCFMUSP tem a seguinte fórmula básica: SF 0,9% 700 ml + SG 5% 250 ml + Bicarbonato de Sódio a 10% 30 ml + MgSO4 10% 1 ml + KCl 19,1% 1,5 ml. O volume infundido depende do balanço hídrico desejado. O cálcio na dose de 4 mEq/h deve ser administrado em via venosa diferente da utilizada para a solução de reposição, pois pode precipitar com o bicarbonato. Evidentemente, estas composições e velocidade de infusão devem ser ajustadas a partir de dosagens séricas freqüentes dos eletrólitos, do cálcio iônico, do bicarbonato e do nível de hidratação do paciente. Dose de diálise É importante avaliar a dose efetivamente recebida de diálise em pacientes portadores de IRA. A quantificação da dose prescrita e recebida de diálise em pacientes renais crônicos é extensamente estudada, sendo amplamente praticada nos serviços de diálise. Entretanto, o mesmo não ocorre com pacientes em IRA. Sabe-se que a evolução e o prognóstico destes pacientes pode estar diretamente relacionada à dose de diálise recebida, principalmente em pacientes com IRA em UTI. 18 Dados recentes comparando os procedimentos dialíticos contínuos com hemodiálise intermitente em doentes críticos com IRA, tendem a mostrar melhor evolução nos pacientes submetidos a procedimentos contínuos de substituição renal. 19 Entretanto, a metodologia utilizada para avaliar dose de diálise Tabela 2. Escolha inicial do método dialítico para o tratamento da IRA Indicação IRA não complicada Sobrecarga de volume Uremia Hipertensão intracraniana Choque Nutrição Intoxicações Alterações eletrolíticas IRA na gravidez Condição clínica Método Preferencial Nefrotoxicidade Choque cardiogênico IRA complicada AVCH, Sind. hepato-renal Sepsis, SARA Queimados Barbitúricos, teofilina Hiperpotassemia grave Uremia nos últimos trimestres DP, HD SCUF, CAVH, DP, CVVHD HD, CVVHDF CVVHD, CVVHDF, DP CAVH, CAVHDF, CVVHD, DP HD, CVVHDF, CVVH hemoperfusão, HD, CVVHDF HD, CVVHDF DP Abreviações: SCUF, ultrafiltração ; CAVH, hemofiltração A-V ; CVVH, hemofiltração V-V ; CAVHD, hemodiálise contínua A-V; CVVHD, hemodiálise contínua V-V; CAVHDF, hemodiafiltração A-V; CVVHDF, hemodiafiltração V-V; DP, diálise peritoneal; A-V, arterio-venoso; V-V, veno-venoso J. Bras. Nefrol. 1996; 18(1): 51-55 55 L. Yu et al - Revisão/Atualização em Insuficiência Renal Aguda (KT/V, URR) precisaria ser validada para pacientes em IRA ou outros métodos desenvolvidos neste sentido. Na prática clínica a dose de diálise oferecida ao paciente deve ser constatemente monitorizada, analisando-se a superfície corpórea do paciente, diurese residual, clearance da diálise, tipo de membrana empregada, duração da diálise, recirculação do acesso vascular e nutrição do paciente. Referências 1. Bellomo R. Consensus Statement - Standardized Terminology for CRRT. In: International Conference on CRRT (Syllabus). November, San Diego, 1995; 8-10 2. Reynolds HN, Borg U, Belzberg H, Wiles CE. Efficacy of continuous arteriovenous hemofiltration with dialysis in patients with renal failure. Crit Care Med. 1991; 19:1387-1394 3. Bellomo R, Parkin G, Love J, Boyce N. Use of continuous hemodiafiltration: an approach to the management of acute renal failure in the critically ill. Am J Nephrol. 1992; 12:240-245 4. 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