reflexos de um ataque químico, biológico e nuclear

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ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA
JORGE LUIZ ALVES
REFLEXOS DE UM ATAQUE QUÍMICO, BIOLÓGICO E NUCLEAR
(QBN) NAS OPERAÇÕES LOGÍSTICAS E MILITARES
CONJUNTAS:
uma proposta para a doutrina
Rio de Janeiro
2011
JORGE LUIZ ALVES
REFLEXOS DE UM ATAQUE QUÍMICO, BIOLÓGICO E
NUCLEAR (QBN) NAS OPERAÇÕES LOGÍSTICAS E
MILITARES CONJUNTAS:
uma proposta para a doutrina
Trabalho de Conclusão de Curso – Monografia
apresentada ao Departamento de Estudos da
Escola Superior de Guerra como requisito à
obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos
de Política e Estratégia.
Orientador: Cel Inf Murilo Pinto Toscano Barreto.
Rio de Janeiro
2011
C2011 ESG
Este trabalho, nos termos de legislação
que resguarda os direitos autorais, é
considerado propriedade da ESCOLA
SUPERIOR DE GUERRA (ESG). É
permitida a transcrição parcial de textos
do trabalho, ou sua menção, para
comentários e citações, desde que sem
propósitos comerciais e que seja feita a
referência bibliográfica completa.
Os conceitos expressos neste trabalho
são de responsabilidade do autor e não
expressam
qualquer
orientação
institucional da ESG.
__________________________________
Jorge Luiz Alves – Cel Int
Biblioteca General Cordeiro de Farias
Alves, Jorge Luiz
Reflexos de um ataque químico, biológico e nuclear (QBN) nas
operações logísticas e militares conjuntas: uma proposta para a
doutrina / Cel Int Jorge Luiz Alves. Rio de Janeiro: ESG, 2011.
67 f: al.
Orientador: Cel Inf. Murilo Pinto Toscano
Trabalho de Conclusão de Curso – Monografia apresentada ao
Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como
requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política
e Estratégia (CAEPE), 2011.
1. Exército Brasileiro. 2. Doutrina Militar. 3. Gestão DQBN.
4. Ataque QBN. I.Título.
À minha esposa Líria e aos meus filhos Bruno, Marcelo e Luciano
pelo apoio, como resposta aos momentos de dedicação ao
estudo, nas atividades escolares da ESG.
Ao meu pai, ao meu saudoso irmão Dr. Eduardo, à amada
madrasta, à querida madrinha e à minha mãe, a eterna gratidão.
AGRADECIMENTOS
Aos estagiários da Turma Segurança e Desenvolvimento, pela integração
harmoniosa de todos os momentos.
Ao Corpo Permanente da ESG, pelos conhecimentos transmitidos e as
orientações, nos momentos oportunos e adequados, que me fizeram pensar, de
maneira estratégica, sobre a importância de se estudar o passado, o presente e o
futuro do Brasil com a finalidade de se atingir cada vez mais o bem comum.
A todos aqueles que depositaram em mim uma confiança sem limites
Em especial às seguintes personalidades:
Gen Ex GILBERTO ARANTES BARBOSA;
Gen Div R/1 SINVAL SENRA MARTINS;
Gen Bda R/1 DYONÉLIO FRANCISCO MOROSINI; e
Gen Bda R/1 HÉLIO DE OLIVEIRA SANTIAGO (in memorian).
O SENHOR é o meu pastor e nada me faltará. Deita-me em verdes
pastos e guia-me mansamente em águas tranquilas. Refrigera a
minha alma, guia-me pelas veredas da justiça, por amor do seu
nome. Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei
mal algum, porque Tu estás comigo, a Tua vara e o Teu cajado me
consolam. Prepara-me uma mesa perante os meus inimigos, unges a
minha cabeça com óleo, o meu cálice transborda. Certamente que a
bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida e
habitarei na casa do SENHOR por longos dias.
Salmo 23
RESUMO
Esta monografia, que aborda os reflexos de um ataque químico, biológico e nuclear
(DQBN) nas operações militares conjuntas, tem como proposta para a doutrina
militar, uma contribuição a oferecer aos profissionais das Forças Armadas (FFAA) do
Brasil, como ferramenta de gestão para atender às demandas atuais e futuras, estas
últimas decorrentes da Estratégia Nacional de Defesa, considerando aspectos
relevantes que venham a apoiar a evolução da doutrinária militar conjunta. É seu
objetivo, a partir da compreensão de como as Forças Armadas se inserem nesse
contexto, da análise do modelo dos meios de combates modernos, identificar os
elementos específicos que possam favorecer, à luz de ensinamentos já existentes, a
adoção de medidas preventivas e dos reflexos de uma guerra dessa natureza. A
metodologia adotada levou em consideração curso realizado na Escola de Instrução
Especializada (EsIE) do Exército Brasileiro (EB); estudo de documentação já
existente, visando buscar referenciais teóricos e também a experiência do autor
como oficial do EB no exterior. Inclui,ainda, as conclusões de estudos realizados por
instrutores da EsIE; de conferência solicitada no ano de 2005 ao EB pela Escola de
Comando e Estado-Maior de El Salvador; de surpresas ocorridas, em quase todo o
mundo, não só em tempo de paz mas como em combates. O campo de estudo
delimitou-se à experiência do autor, embora as conclusões possam ser aplicadas
pelo processo doutrinário DQBN. Discorre sobre a gestão de equipamentos
existentes como reflexos e quais serão os procedimentos adotados pelos militares
das FFAA, caso necessário.
Palavras chaves: Defesa Química. Biológica e Nuclear (DQBN). Operações
Conjuntas.
ABSTRACT
This monograph, which addresses the consequences of a chemical, biological and
nuclear (DNBQ) in joint military operations , is proposed for the military doctrine, a
contribution to make to professional Armed Forces (FFAA) in Brazil, as a
management tool to meet the demands current and future, the latter arising from the
National Defense Strategy, considering relevant aspects that will support the
development of joint military doctrine. It is your goal, from the understanding of how
the armed forces falls within that context, the model analysis of the means of modern
combat, identify the specific elements that might favor in light of existing teaching, the
adoption of preventive measures and reflections of a war of this nature. The
methodology took into account progress made in the School of Education Specialist
(EsIE) Brazilian Army (EB); study of existing documentation in order to get theoretical
as well as the author's experience as an officer of the EB abroad. It also includes the
findings of studies conducted by instructors ESIEE; Conference in 2005 requested
EB to the School of Command and General Staff of El Salvador; surprises occurred
in almost the whole world, not only in times of but peace as in fighting. The field
narrowed to the author's experience, although the conclusions can be applied by the
doctrinal process DQBN. Discusses the management of existing equipment as
reflections and what are the procedures adopted by the military of the armed forces if
necessary.
Keywords: Defense Chemical. Biological and Nuclear (DQBN). Joint operations.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 1
Teatro de Operações ............................................................................ 60
FIGURA 2
Roupa de Proteção .............................................................................. 61
FIGURA 3
Símbolo de Presença de Radiação ...................................................... 62
FIGURA 4
Descontaminação de Viaturas.............................................................. 62
FIGURA 5
Injeção de Atropina............................................................................... 63
FIGURA 6
Detectores Automáticos e de Papel de agentes QBN ......................... 63
FIGURA 7
Máscara Contra Gases ........................................................................ 64
FIGURA 8
Pessoa atingida pelo ataque em Alabja no Iraque ............................... 65
FIGURA 9
Posto de Descontaminação ................................................................. 65
FIGURA 10 Purificador de Água e Laboratório Químico de Campanha .................. 66
FIGURA 11 Ataque terrorista às Torres Gêmeas nos EUA no dia 11 de setembro
de 2001 ................................................................................................ 66
FIGURA 12 Ataque terrorista às Torres Gêmeas nos EUA no dia 11 de setembro
de 2001 ................................................................................................ 67
FIGURA 13 Símbolo da Presença de agente QBN ................................................. 67
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AC
Antes de Cristo
ADN
Ácido Desoxirribonucleico
ARN
Ácido Ribonucleico
CAAML
Centro de Adestramento Almirante Marques de Leão
CAEPE
Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia
DQBN
Defesa Química Biológica e Nuclear
DCNTÇ
Descontaminação
ESG
Escola Superior de Guerra
EsIE
Escola de Instrução Especializada
EB
Exército Brasileiro
ECEM
Escola de Comando e Estado-Maior
EME
Estado Maior do Exército
EUA
Estados Unidos da América do Norte
FFAA
Forças Armadas
GB
Guerra Bacteriológica
GQ
Guerra Química
OPAQ
Organização para não Proliferação de Armas Químicas
ONU
Organização das Nações Unidas
OM
Organização Militar
OTAN
Organização do Tratado do Atlântico Norte
QBN
Química Biológica e Nuclear
TO
Teatro de Operações
SUMÁRIO
1
1.1
2
2.1
INTRODUÇÃO ......................................................................................... 12
ANTECEDENTES HISTÓRICOS ............................................................. 12
DESENVOLVIMENTO .............................................................................. 16
REFLEXOS DE UM ATAQUE QUÍMICO NAS OPERAÇÕES
LOGÍSTICAS E MILITARESCONJUNTAS ........................................16
2.1.1
Equipamento de proteção individual de comprovada eficácia .......... 17
2.1.2
Proteções coletivas ................................................................................ 17
2.1.2.1
Roupas protetoras .................................................................................... 17
2.1.2.1.1 Roupa protetora permeável ...................................................................... 18
2.1.2.1.2 Roupa protetora impermeável .................................................................. 18
2.1.2.2
Cobertura protetora individual (situação de emergência) ......................... 19
2.1.2.3
Graxa para impregnação de calçados ...................................................... 19
2.1.2.4
Injeção de atropina ................................................................................... 19
2.1.2.5
Ampola de nitrito de amila ........................................................................ 19
2.1.2.6
Papel detector de agentes químicos ........................................................ 20
2.1.2.7
Luva para descontaminação química de urgência tipo MF1 francesa ...... 20
2.1.2.8
Estojo de reimpregnação e descontaminação M13 de fabricação
americana ................................................................................................. 20
2.1.2.9
Descontaminantes naturais ...................................................................... 21
2.2
REFLEXOS DE UM ATAQUE BIOLÓGICO NAS OPERAÇÕES
LOGÍSTICAS E MILITARES CONJUNTAS .......................................23
2.2.1
Bactérias ................................................................................................. 24
2.2.2
Vírus ........................................................................................................ 24
2.2.2.1
Grupo do vírus herpético .......................................................................... 25
2.2.2.2
Grupo adenovírus ..................................................................................... 25
2.2.2.3
Grupo papovavírus ................................................................................... 25
2.2.2.4
Grupo myxovírus ...................................................................................... 26
2.2.2.5
Grupo rhabdovírus.................................................................................... 26
2.2.2.6
Grupo arbovírus........................................................................................ 26
2.2.2.7
Grupo picornavírus ................................................................................... 27
2.2.2.8
Vírus da leucemia ..................................................................................... 27
2.2.3
Fungos .................................................................................................... 27
2.2.4
Quimioterapia antibacteriana e antibióticos ........................................ 28
2.2.5
Febre das trincheiras ............................................................................. 30
2.2.6
Tipos de tifo e febre ............................................................................... 31
2.2.7
Controle e prevenção das febres .......................................................... 32
2.3
REFLEXOS DE UM ATAQUE NUCLEAR NAS OPERAÇÕES
LOGÍSTICAS E MILITARES CONJUNTAS............................................ 33
2.3.1
Os três efeitos da explosão nuclear ..................................................... 33
2.3.1.1
Sopro ........................................................................................................ 33
2.3.1.2
Radiação térmica...................................................................................... 34
2.3.1.3
Radiação nuclear...................................................................................... 34
2.3.2
Medidas de proteção .............................................................................. 34
2.3.2.1
Proteção contra os efeitos mecânicos ...................................................... 35
2.3.2.2
Proteção contra os efeitos térmicos ......................................................... 35
2.3.2.3
2.3.3
2.3.3.1
2.3.3.2
2.3.3.3
2.3.3.3.1
2.3.3.3.2
2.3.3.4
2.3.3.5
2.3.3.5.1
2.3.3.5.2
2.3.3.6
2.3.3.7
2.3.3.7.1
2.3.3.7.2
2.3.3.7.3
Proteção contra os efeitos radioativos ...................................................... 35
Tipos de proteção ................................................................................... 36
Proteção individual ................................................................................... 36
Proteção coletiva ...................................................................................... 39
Proteção tática.......................................................................................... 39
Medidas táticas......................................................................................... 40
Medidas técnicas ...................................................................................... 40
Proteção logística de suprimentos............................................................ 41
Operações de descontaminação .............................................................. 42
Descontaminação de urgência ................................................................. 42
Descontaminação total ............................................................................. 42
Marcação de áreas contaminadas............................................................ 49
Descontaminação radioativa .................................................................... 50
Pelo combatente....................................................................................... 50
Pela EQP DBQN nível subunidade .......................................................... 50
Especificidade da Marinha do Brasil num ataque QBN ............................ 51
3
CONCLUSÃO .......................................................................................... 53
REFERÊNCIAS ........................................................................................ 57
APÊNDICE A - CONSULTAS REALIZADAS À EsIE, NO ANO DE
2005, PARA CONFERERÊNCIA A SER REALIZADA
NA ECEM DE EL SALVADOR ...................................... 59
12
1
INTRODUÇÃO
A guerra pode ser entendida como uma parte da evolução da História
humana, que, às vezes, oferece surpresas não somente ao inimigo, que a iniciou,
mas também ao mundo. O seu estudo minucioso deve considerar variados fatores
importantes. A Defesa Química, Biológica e Nuclear (DQBN) é um deles. Aprender
com os erros militares cometidos, para que não sejam repetidos; os erros
envolvendo civis, já que fazem parte da população, com repercussão sobre a
estratégia militar e, finalmente, a responsabilidade das Instituições de Ensino Civis e
Militares com seu papel de transmitir às gerações futuras o que a DQBN moderna
significa, principalmente, demonstrando que qualquer guerra será mais desastrosa e
destrutiva para a vida humana, instalações e propriedades, que qualquer experiência
anterior já tenha trazido. Há alguns anos vêm evoluindo a História da Guerra, bem
como inúmeras conferências e palestras a respeito.
Afirmar que poderá haver limitações em certos tipos de guerra não parece
lógico, pois se alguma justificativa for necessária, não será difícil encontrar uma
baseada na guerra psicológica. A suposição de que o emprego de gases seria mais
cruel que outras armas tem sido notoriamente falsa. As estatísticas têm mostrado
que a proporção de baixas por morte ou ferimento permanentes é muito menor com
gases de que com outras armas (BRASIL, 2003).
O surgimento da Defesa Química ocorreu numa época remota da história
das guerras e os êxitos obtidos por ela tanto no transcorrer da 1ª como da 2ª.
Grandes Guerras Mundiais ficou comprovado como uma das mais exitosas formas
de guerra moderna, seja empregada contra pessoal sob a forma de gases, seja sob
a forma de fumígenos para sinalização de alvos ou cobertura e seja, finalmente,
quando lançada sob a forma de incendiários contra instalações ou contra pessoal
(BRASIL,2011).
1.1
ANTECEDENTES HISTÓRICOS
Sabe-se que, no ano 200 a.C, um General cartaginês deixou em mãos
inimigas grande quantidade de vinho envenenado com raízes de mandrágora, que
ao ser ingerida provocou profunda sonolência nos soldados inimigos, facilitando a
vitória pelos cartagineses (BRASIL, 2011).
13
Posteriormente, ocorreu em 186 a.C. uma das primeiras tentativas de
emprego da Guerra Biológica (GB) na batalha naval travada entre as esquadras de
Aníbal e Eumenes II. A vitória coube ao cartaginês, que ordenou aos seus
marinheiros que lançassem jarros cheios de serpentes nos tombadilhos dos barcos
adversários (BRASIL, 2011a).
No ano de 1115, o imperador Frederico Barba Roxa, ou Barba Ruiva, do
Sacro Império Romano Germânico, tomou a cidade de Tortuga, envenenando a água
que supria a cidade. Nos séculos seguintes, tornou-se comum o artifício de lançar
corpos de animais ou seres humanos putrefados nos mananciais que supriam o
adversário. Sabe-se que o processo utilizado por Barba Roxa foi exaustivamente
empregado durante a Idade Média em suas guerras de sítio (BRASIL, 2011b).
Durante as Cruzadas, na Idade Média, a Guerra Biológica (GB) foi
amplamente utilizada por intermédio do emprego de corpos humanos atacados pela
“peste” e que eram lançados no interior das cidades sitiadas. O que se pode hoje
discutir é o acerto desta tática, uma vez que a doença voltava-se contra àqueles que
a disseminavam pela ação dos ventos em sentido contrário.
Há grande possibilidade de que a varíola tenha sido empregada pelos
portugueses e espanhóis que colonizaram e conquistaram a América. Acredita-se
que milhões de índios Astecas tenham sido atacados pela varíola, quando da
invasão de Cortez ao México. Vieira Fazenda declara que portugueses a utilizaram
com êxito contra indígenas brasileiros, ceifando vidas. De forma deliberada, há
certeza de que em 1763, no Canadá, o General britânico Armhest Jeoffrey Armhest,,
comandante das forças britânicas na América do Norte, teria entregue aos chefes
indígenas, objetos contaminados com varíola, disseminando a doença entre eles.
Calcula-se que 95% dos infectados tenham morrido (BRASIL, 2003c).
No século XV, Pioravanti Di Ronomia escreveu um “Tratado de Tática”, no
qual previa a utilização de materiais fecais e sangue para atingir tropas pela doença,
causando baixas ao oponente (BRASIL, 2003d).
É sabido que o Exército Russo encontrou na região de Port Harbin restos de
duas instalações construídas em 1936 pelos japoneses. Suspeita-se de que os
esforços nipônicos nesse sentido datam de 1931, havendo suposição de que pelo
menos um centro de estudos de GB japonesa havia caído em mãos dos Estados
Unidos da América (EUA). Em razão desse fato, em 1952, acusaram-se sem
fundamento aparente de que o Exército Americano havia utilizado guerra
14
bacteriológica contra a China e Coréia do Norte, durante o conflito coreano (BRASIL,
2003e).
Em relação ao Protocolo de Genebra, ou seja, o Tratado de Não Proliferação
de Armas Químicas (OPAQ), de 1925, suspeitou-se de que a GUERRA QUÍMICA
(GQ) poderia ser largamente empregada em conflitos futuros. Os vinte e noves
países signatários do Protocolo assinaram um tratado proibitivo daquele emprego de
forma de combate. Tem-se conhecimento de que os Estados Unidos, Brasil e
Uruguai não assinaram aquele protocolo na oportunidade, todavia mais de 40 países
a ele aderiram.
Em 1966, ao ser apresentado na Organização das Nações Unidas (ONU), a
OPAQ foi aprovada por 91 países, com 4 abstenções. Sabe que os Estados Unidos
e o Japão assinaram e prometeram respeitá-lo o Brasil e o Uruguai não o fizeram.
Há que atentar, ainda, para o detalhe de que o protocolo é muito vago em sua
essência, permitindo variadas possibilidades de seu emprego. Em 1969, a ONU
aprovou resolução que vai contra o emprego da GB, no entanto, como das outras
vezes, não houve unanimidade de todos os países, permitindo a algum país fazer
uso da GB.
A complexidade das guerras modernas e seus meios e equipamentos
requerem o emprego do princípio da massa, todavia, a concentração dessas tropas,
navios, aeronaves e equipamentos pode ser mínima, com a dispersão adequada de
meios empregados. É provável que um número expressivo de combatentes, e seus
equipamentos expostos aos ataques nucleares, venham a sofrer perdas e baixas
significativas.
Com relação ao conhecimento dos efeitos de uma explosão nuclear, tornase óbvia a importância das medidas a serem adotadas, bem como da proteção
contra este tipo de explosão com reflexos indesejáveis, não só para as tropas em
campanha como, também, para o apoio logístico prestado. Sem as ações devidas
virá a derrota.
Este é um dos objetivos do presente trabalho, ou seja, evitar que a linha de
suprimento seja cortada, os reflexos que o combatente tem que ter conhecimento
sob o risco do oponente vencer a batalha ou a guerra.
Embora não se possa afirmar que existe uma proteção total contra a Guerra
Nuclear, e entre esta pode-se citar como a mais importante, a disseminação de
informações para o público que esteja engajado na Defesa Química, Biológica e
15
Nuclear sobre suas ações preventivas, consequências e reflexos. , Essa proteção é
complexa e de difícil solução, uma vez que envolve não apenas os reflexos das
explosões QBN, por si só, como também problemas de ordem econômica,
psicológica e social. A população pode desesperar-se e desorientar-se.
Ao final do Século XX, conforme Figuras 8, 11 e 12, o mundo voltou a sofrer
os sobressaltos de agentes químicos, biológicos e nucleares. Inicialmente, foram
suspeitas de ataques com armas QBN as seguintes nações: Estados Unidos com a
ameaça de Bin Laden de lançar o agente Antraz sobre aquele país, depois do
ataque terrorista de 11 de setembro de 2001, às Torres Gêmeas. Posteriormente, o
Metrô de Tóquio, no Japão, sofreu um ataque e foi utilizado agentes químicos,
biológicos e nucleares (QBN), por Saddam Hussein, em Halabja, cidade curda
situada ao norte do Iraque no Oriente Médio.
A seguir, serão apresentados e analisados os reflexos de um ataque
químico, biológico e nuclear nas operações logísticas e militares conjuntas.
16
2
DESENVOLVIMENTO
2.1
REFLEXOS DE UM ATAQUE QUÍMICO NAS OPERAÇÕES LOGÍSTICAS
E MILITARES CONJUNTAS
Quando se fala em proteção química para as Forças Armadas (FFAA), em
operações conjuntas, distinguem-se três processos básicos, que abrangem todas as
ações relativas à proteção e reflexo individual, coletivo e tático, ou seja, tropas,
aeronaves e navios estacionados ou em deslocamentos.
Segundo EsIE (2003), as duas ações iniciais dizem respeito ao tipo de
equipamento de proteção que é empregado em uma defesa QBN. A terceira não se
refere ao material, mas sim às ações táticas adotadas, visando à proteção do
homem ou da tropa, como um todo. As três proteções trazem reflexos imediatos no
uso de materiais de defesa química, conforme abaixo especificado:
 Proteção individual – diz respeito às medidas de proteção que são
adotadas pelo próprio combatente, individualmente, em proveito próprio e
empregando os meios disponibilizados de proteção individual logo após
um ataque (máscaras contra gases, roupas protetoras especiais,
detectores individuais e outros).
 Proteção coletiva – diz respeito às medidas de proteção que são
adotadas pela tropa como um todo, ou por elementos especializados em
DQBN, em proveito da tropa, empregando os meios de proteção coletiva
(estojos, detectores de agentes químicos, abrigos antigás e aparelhos de
descontaminação, dentre outros).
 Proteção tática – diz respeito às medidas não relacionadas ao
equipamento, mas sim às táticas básicas de combate, tais como
camuflagem, utilização do terreno, dispersão da tropa e mobilidade e
outras medidas preconizadas, de acordo com a situação tática.
Os equipamentos de proteção contra a guerra química variam conforme a
sua fabricação e de acordo com as suas nacionalidades.
17
2.1.1
Equipamento de proteção individual de comprovada eficácia
 Máscara contra gases;
 Cobertura e roupas protetoras individuais;
 Graxa para impregnação de calçados e pomada - Dank;
 Estojos individuais de primeiros socorros, para neurotóxicos e vesicantes;
 Estojos individuais para reimpregnação e descontaminação;
 Papéis detectores individuais de agentes químicos;
 Detectores individuais de neurotóxicos;
 Luva de descontaminação química de urgência;
 Seringa autoinjetante de atropina; e
 Saco de transporte de feridos, com filtros para respiração.
2.1.2
Proteções coletivas
 Tinta M5, para detecção de agentes vesicantes;
 Papel M6, impregnado de tinta M5;
 Gizes detectores de agentes vesicantes;
 Estojos diversos, para detecção de agentes químicos e sua identificação,
coleta e análise de amostras, testes de água e de alimentos;
 Detectores automáticos;
 Estojos para sinalização de áreas contaminadas;
 Equipamento de descontaminação de urgência;
 Equipamentos diversos para os postos de descontaminação, tais como
cisternas d'água, aparelhos de descontaminação, moto bombas, duchas,
aquecedores d'água, etc;
 Abrigos portáteis antigás; e
 Protetores coletivos para suprimento de ar em abrigos.
2.1.2.1
Roupas protetoras
Roupas protetoras, conforme figura nº 02, são vestimentas destinadas à
proteção de todo o corpo do combatente, em especial da pele, pela qual penetram
18
agentes químicos no organismo, principalmente os líquidos. Aos elementos em
combate ou em trabalhos de descontaminação e manuseio de agentes químicos,
torna-se obrigatório o uso dessa vestimenta.
As roupas protetoras, assim como as máscaras contra gases, conforme
figura nº 07, reduz o poder de combate do homem, pois tem sua visibilidade e
liberdade de movimentos limitadas, além do desgaste físico causado pelo uso
contínuo do equipamento e a perda de líquido pelo organismo.
Esses conjuntos de roupas protetoras, normalmente, são compostas por
diversas peças tais como calça, camisa, capuz, luvas, botas, umas vezes macacão e
outras, uma capa longa de material especial. Esses conjuntos são, basicamente, de
três tipos diferentes.
2.1.2.1.1 Roupa protetora permeável
A roupa protetora permeável é uma roupa especial, que possui tratamento
químico (ou impregnação), destinado a reagir com o agente tóxico, de modo a retêlo, e permitir, apenas, a passagem do ar puro.
É usada, normalmente, sobre o uniforme de campanha, porém pode ser
substituída em dias quentes. Seu emprego é realizado por tropas sob ameaça
iminente de ataque químico, ou por aquelas que venham a operar em áreas
contaminadas.
Oferecem proteção durante seis horas, após a contaminação com o agente
químico líquido, ao fim do que deve ser substituída. Não devem ser utilizadas para
proteção contra umidade ou chuva, reduzindo a sua ação protetora.
2.1.2.1.2 Roupa protetora impermeável
A roupa protetora impermeável é uma vestimenta que não exige
impregnação, para que se torne resistente aos agentes químicos, pois é
confeccionada de material, normalmente, resistente ou impermeável aos agentes
líquidos e seus vapores.
Em virtude do desconforto e da perda da eficiência consequentes do uso da
roupa impermeável, ela não é utilizada em operações de combate, sendo mais
eficiente para os trabalhos de descontaminação.
19
2.1.2.2
Cobertura protetora Individual (situação de emergência)
A cobertura protetora individual é confeccionada de um saco de papel
especial, ou matéria plástica, impermeável aos agentes líquidos, que apesar de
dobrada para acondicionamento, pode ser rapidamente aberta e vestida, para
proteger o homem contra agentes líquidos, principalmente os espargidos por
aeronaves.
A cobertura evita a contaminação do homem, de sua vestimenta de combate
e de seu equipamento individual. É de tamanho suficiente para permitir a colocação
da máscara contra gases.
2.1.2.3
Graxa para impregnação de calçados
Sua aplicação torna o couro do calçado resistente à penetração de agentes
químicos, principalmente os agentes vesicantes. A forma mais eficaz de aplicar a
graxa no calçado é mergulhá-lo num recipiente, contendo a graxa derretida, pois a
impregnação será feita interna e externamente, entretanto, este método é de difícil
execução em combate, sendo o mais comum o de aplicar, externa e internamente, a
graxa com um pano ou uma esponja, no couro do calçado. No pé também se passa
a graxa.
2.1.2.4
Injeção de atropina
Alguns estojos de proteção individual possuem injeções de atropina,
conforme figura nº 05. Ela pode apresentar-se na forma de seringa convencional,
bisnaga com agulha adaptada ou seringa autoinjetante. A atropina é um eficaz
antídoto para os agentes tóxicos dos nervos. Devido à rápida ação destes agentes,
recomenda-se que, mesmo sobre a roupa, a injeção seja aplicada o mais rápido
possível, mas precisamente na coxa, onde o alcance da mão é mais imediato.
2.1.2.5
Ampola nitrito de amila
As ampolas de nitrito de amila devem ser distribuídas à tropa, quando se
suspeitar que o inimigo poderá empregar agentes tóxicos do sangue. O combatente
20
que for atacado por esses agentes, deve quebrar uma ampola e inalar seus vapores
para neutralizar a ação do agente.
2.1.2.6
Papel detector de agentes químicos
Os agentes tóxicos dos nervos e os vesicantes podem ser detectados por
esses papéis, conforme figura nº 06, que em contato com o agente, mudam de cor.
Conforme a coloração apresentada pelo papel, pode se identificar os agentes
tóxicos dos nervos da série G, os da série V e os vesicantes. São usados de
diversas formas, sendo mais comum o seu contato com as superfícies suspeitas de
contaminação e o seu surgimento em partes do uniforme, para imediata constatação
do agente, ao menor contato com o papel. Os papéis detectores mais conhecidos
são o ABC-M 8, de fabricação americana, e o PDF1, de fabricação francesa.
2.1.2.7
Luva para descontaminação química de urgência tipo MF1 francesa
A luva para descontaminação individual conhecida é de fabricação francesa
e é empregada pelo exército daquele país. Destinada à descontaminação da pele,
roupas, equipamentos e armamento, realiza operações de descontaminação
individual e reimpregnação de material. A luva contém um pó inerte, em duas faces,
para absorver a contaminação na forma líquida e neutralizá-la, enquanto a outra
face é confeccionada em tecido esponjoso, para absorver e limpar a superfície
contaminada. Possui fecho em velcro, para fixá-la na mão. Permite descontaminar
uma superfície de até 9 (nove) m2.
2.1.2.8
Estojo de reimpregnação e descontaminação M13 de fabricação
americana
O
exército
dos Estados Unidos emprega
o estojo M13 para a
descontaminação individual e reimpregnação de equipamentos. O estojo contém as
peças
necessárias
a
estes
trabalhos.
São
elas:
uma
almofada
para
descontaminação da pele, dois sacos para reimpregnação de roupa ou
descontaminação de equipamentos e uma lâmina para corte de tecidos do uniforme.
21
Almofada para descontaminação da pele
É uma pequena almofada, contendo pó para descontaminação de pele. A
almofada deve ser colocada entre os dedos da mão, de modo que um lado possa
ser usado para secar e outro, para limpar a contaminação da pele.
Saco para reimpregnação e descontaminação
Tem a forma de uma almofada, maior que a anterior, contendo pó para
descontaminação e reimpregnação e, ainda, uma cápsula contendo um corante
detector.
Antes de ser utilizado, deve ser quebrada a ampola, em seguida, deve ser
utilizado no uniforme e no equipamento.
As superfícies que estiverem contaminadas com agentes vesicantes, ou
neurotóxicos, apresentarão coloração vermelha ou marrom, caracterizando a
presença destes agentes.
A ação do pó contido no saco só elimina o perigo das contaminações
líquidas e não dos vapores, vesicantes e neurotóxicos do sangue.
2.1.2.9
Descontaminantes naturais
Condições meteorológicas
A evaporação e a descontaminação química são as formas principais pelas
quais a ação do tempo executa a descontaminação. A ação é lenta, porém eficiente
na maioria dos casos de descontaminação.
Os elementos meteorológicos que afetam na persistência dos agentes
químicos e que são, portanto, agentes descontaminantes naturais, são:
 O ar (vento);
 A aeração promove a descontaminação. Fortes ventos dispersam
rapidamente os vapores dos agentes, bem como contribuem a
vaporização dos agentes líquidos; e
 Temperatura.
Altas temperaturas aceleram a evaporação e contribuem também para a
dispersão dos vapores.
22
Umidade e precipitação
A água tende a hidrolizar os agentes químicos, rápida ou lentamente, na sua
maioria. É um dos melhores descontaminantes.
A chuva, além de causar alguma hidrólise descontamina e remove
mecanicamente os agentes, podendo no entanto, causar concentrações de agentes
nas áreas de escoamento. Há que se ter o devido cuidado para não contaminar
outros setores.
Raios solares
O sol, além de determinar influência na temperatura e nos ventos, tem em
sua radiação um elemento de descontaminação, pela ação sobre alguns agentes
que perdem parte de suas propriedades químicas quando atingidos por radiação
infravermelha, ultravioleta, etc.
Terra
O tipo de solo também afeta a persistência dos agentes. Solos permeáveis
absorvem os agentes líquidos com maior rapidez. Pode-se, também, usá-la para
cobrir áreas contaminadas com uma camada de 10 cm de terra, obtendo-se uma
boa proteção e misturando-se cal à terra.
Fogo
É um meio rápido, simples e eficaz, para descontaminar áreas e objetos,
pela vaporização acelerada que, também, muitas vezes destrói os agentes,
transformando-os em substâncias inofensivas. Poderão ser usados combustíveis
para tal tipo de operação.
As condições ideais ocorrem durante períodos de lapse (dias quentes e
ensolarados) com velocidade do vento, em torno, de 6 a 16 Km em direção à
localização das forças oponentes.
As áreas em que estiverem ocorrendo as queimadas deverão ser
demarcadas e protegidas por sentinelas.
A operação de queima é, de certa forma, complexa pelas suas ampliações.
Em todos os casos, portanto, a coordenação com o escalão superior e unidades
vizinhas é indispensável.
23
Água
Além da água da chuva, pode-se usar água quente, lançada sobre os
materiais a descontaminar, por ser mais eficiente que a fria. A adição de sabões ou
produtos detergentes aumentam o efeito dissolvedor.
Deve ser esguichada sob pressão, para haver uma boa retirada da
contaminação das reentrâncias e das superfícies.
Pode-se usá-la, também, para imergir objetos, principalmente em água
fervente
ou
vapor
úmido,
constituindo-se
numa
excelente
técnica
de
descontaminação deixando-se por cerca de 30 minutos no mínimo. Pode-se dizer
que a água hidrolisa a Lewisita, resultando em resíduo tóxico e vesicante que pode
ser removido esfregando-se com água saponificada. Soluções alcalinas destroem
propriedades vesicantes.
Pode se concluir que as tropas da Marinha, do Exército e da Aeronáutica,
como reflexo do adestramento, independente de qualquer alerta, devem adotar
medidas de proteção e de descontaminação individuais, táticas e coletivas para
manter a impulsão do combate, ou, a defesa, nas operações conjuntas, conforme
figura nº 01.
2.2
REFLEXOS DE UM ATAQUE BIOLÓGICO
LOGÍSTICAS E MILITARES CONJUNTAS
NAS
OPERAÇÕES
Os argumentos usados contra a possível utilização da Guerra Biológica (GB)
não se mostram adequados, pois a história mostra que o seu emprego é a única
forma de combate a ser utilizada como contra-resposta ao oponente e de dissuasão
biológica, pelo aperfeiçoamento científico dos meios de defesa.
A evolução das ciências físicas e biológicas, os investimentos das grandes
potências, a ineficiência das convenções internacionais, o acirramento das
diferenças ideológicas, se leva a considerar a Guerra Biológica (GB) como de
provável emprego num próximo conflito. Deve-se estar preparado para enfrentar
essa realidade (BRASIL, 2000).
24
2.2.1
Bactérias
Alguns tipos de bactérias possuem propriedades específicas de agir não só
em organismos vivos como em alguns suprimentos. Exemplo é a sua reação com os
combustíveis que abastecem viaturas, navios ou aeronaves. Elas modificam suas
cores (BRASIL, 2000a).
Misturadas ao combustível produzem algas que entopem dutos e bicos
injetores, podendo causar acidentes aéreos no caso de aeronaves já em vôo.
Viaturas e navios podem ter danificados seus motores, ficando indisponíveis.
2.2.2
Vírus
Propriedades gerais dos vírus em um ambiente operacional
Os vírus são os menores entre os agentes infecciosos (20-300m micra de
diâmetro) e em seu genoma contêm uma molécula, seja de ADN ou de ARN, a qual
se reduplica no interior de células vivas.
Em um estágio de seu processo de reduplicação, os vírus convertem-se
para uma forma não infecciosa que corresponde a uma etapa essencial do seu ciclo
de crescimento.
O genoma viral provoca o desvio dos processos normais do metabolismo da
célula que os recebe, no sentido de produzir mais ácido nucléico viral e codifica a
síntese de proteínas que lhe vão formar uma concha protetora (capsídeo).
Muitas informações sobre as relações vírus-hospedeiro têm sido obtidas de
estudos com bacteriófagos, ou seja, vírus que atacam bactérias e posteriormente o
militar em operações, podendo colocá-lo fora de combate.
Fundamentos da classificação
As seguintes propriedades, relacionadas na ordem de importância, têm sido
sugeridas como base para a classificação dos vírus. O volume de informações
disponíveis nas diversas categorias não é uniforme para todos os vírus. Para alguns
desses agentes, o conhecimento atual restringe-se a poucos dos itens relacionados
(BRASIL, 2003):
 Tipo de ácido nucléico: ARN ou ADN;
25
 Tamanho e morfologia, incluindo tipo de simetria, número de capsômeros
e presença de membranas;
 Sensibilidade aos agentes físicos e químicos especialmente o éter;
 Propriedades imunológicas;
 Processos naturais de transmissão;
 Tropismos em relação a hospedeiros, tecidos ou células;
 Patologia, incluindo o aparecimento de corpúsculos de inclusão; e
 Sintomatologia.
2.2.2.1
Grupo do vírus herpético
Uma vez contraído, ocorrem infecções latentes que podem perdurar por toda
a vida do hospedeiro, mesmo na presença de anticorpos circulantes. Os vírus do
herpes simples, herpes zóster, varicela e o citomegalovírus podem acometer o
combatente. Vírus relacionados encontram-se em macacos, coelhos, bovinos,
cavalos, porcos, cães e aves, devendo ter-se o cuidado devido. Uma vez contraído
há que se buscar o atendimento médico com o tratamento devido.
2.2.2.2
Grupo adenovírus
São vírus de tamanho médio, resistentes ao éter e exibem simetria cúbica.
Foram identificados 32 tipos patogênicos para o homem. No homem, mostram
preferência pelas mucosas e persistem durante anos no tecido linfóide, necessitando
tomar a vacina, caso contrário, o tratamento adequado (BRASIL, 2003a).
2.2.2.3
Grupo papovavírus
Apresenta ciclo de crescimento relativamente lento, caracterizado pela
reduplicação no interior do núcleo. Os papovavírus produzem infecções latentes e
crônicas nos seus hospedeiros naturais e, todos, dão origem a tumores. O
papovavírus dos macacos foi inadvertidamente inoculado ou administrado via oral
em milhões de seres humanos, como um contaminante de vacinas virais preparadas
26
em culturas de tecidos de macacos, levando os escalões superiores a supervisionar
o plano de vacinação da OM.
2.2.2.4
Grupo myxovírus
São vírus de tamanho médio contendo ARN e lipídeos essenciais e exibindo
simetria helicoidal. O diâmetro da hélice interna de ribonucleoproteína é de 9 m
micra Os vírus esféricos medem cerca de 100 m micra, mas variam entre 80-200 m
micra. Os myxovírus, entre os quais se encontram os vírus da influenza humana e
suína e o da peste aviária, são sensíveis à actinomicina D (dactinomicina).
2.2.2.5
Grupo rhabdovírus
Este grupo, proposto recentemente, inclui vírus dotados de morfologia fora
do comum. Em estrutura, apresentam-se em forma alongada, assemelhando-se a
uma bala, isto é, uma extremidade achatada e outra arredondada. Neste grupo
encontram-se o vírus da raiva, da estomatite vesicular de bovinos, o da septicemia
hemorrágica da truta arco-íris, o vírus Hart-Park (Flanders) os vírus sigma e cocóide
dos insetos e, pelo menos, 3 vírus de plantas (amarelidão necrótica da alface,
mosaico do milho e mosaico estriado do trigo), uma vez inoculado o combatente há
que procurar o tratamento médico devido.
2.2.2.6
Grupo arbovírus
Multiplicam-se em variadas espécies de animais incluindo o homem,
cavalos, aves domésticas e selvagens, morcegos, cobras, e insetos (mosquitos) e
carrapatos. Com base em inter-relações antigênicas foram divididos em vários
grupos. Os integrantes mais comuns patogênicos para o homem compreendem os
vírus do dengue, encefalite japonesa e da febre amarela, difundir o conhecimento
devido para vacinação adequada.
27
2.2.2.7
Grupo picornavírus
É subdividido em enterovírus e rhinovírus. Entre os rhinovírus, mais de 70
tipos foram encontrados e mostram-se como a causa mais comum do resfriado no
homem. Sabe-se que também existem rhinovírus em outras espécies. Destes, o
mais estudado tem sido o rhinovírus da febre afitosa, dos bovinos, Os picornavírus
são pequenos, resistentes ao éter, encerram ARN e mostram simetria cúbica.
2.2.2.8
Vírus da leucemia
Inclui vírus do complexo da leucose aviária e da leucemia murina.
Caracterizam-se pelo ARN de elevado peso molecular. Nenhum vírus de leucemia
humana foi até agora identificado, podendo levar o combatente à morte sem a ação
preventiva correta.
Restam alguns vírus para os quais os dados disponíveis não permitem a
inclusão em nenhum dos grupos acima relacionados. Entre esses, os agentes da
hepatite infecciosa, da mononucleose infecciosa, da coriomeningite linfocitária, e da
rubéola, uma vez sentindo qualquer sintoma procurar o médico da OM.
Imunidade das doenças produzidas por vírus
Em grande número de doenças, a imunidade só se desenvolve à custa da
infecção, sendo impossível obtê-la artificialmente. Noutros casos, consegue-se
imunizar com vacinas, como na febre aftosa, peste suína, poliomielite ou na raiva.
Por outro lado, podem-se citar exemplos de doenças causadas por vírus,
nas quais não se estabelece imunidade duradoura, mesmo havendo persistência da
infecção, como acontece com os vírus do grupo linfogranulona – psitacose.
Basicamente, a imunidade dos vírus é representada por anticorpos que
criam no organismo.
2.2.3
Fungos
Utilização dos fungos em combate
Concorrem com as bactérias para a circulação da matéria orgânica na
natureza (BRASIL, 2003b).
28
Produzem, nos vegetais e nos animais, doenças que recebem a
denominação de micoses.
Há cogumelos que parasitam vegetais, tais como: Phitophora infestans
(parasita a batata inglesa), Ustilago tritici (parasita o trigo) e Ustilago mayadis
(parasita o milho).
Há, ainda, os que parasitam o homem: Absiética; Rhizopus (causam
infecções no ouvido); Microsporum; Trochosporum, Tricophyton.
2.2.4
Quimioterapia antibacteriana e antibióticos
Índice Quimioterápico
Índice quimioterápico é a relação entre a dose máxima tolerada por um
organismo e a dose mínima curativa (BRASIL,2000b).
Existe um índice quimioterápico para cada composto, em relação a cada
organismo e a cada microorganismo causador de doença.
Assim, por exemplo, o ”606” é geralmente bem tolerado pelo rato na dose de
0,12 g por quilo (0,14 g já matam o animal); por outro, lado a dose menor desta
substância da série dos arsenobenzóis capaz de curar a infecção pelo Trypanosoma
equiperdum é de 0,004 g por quilo.
Desta forma, pode-se afirmar que o que propriamente caracteriza a
quimioterapia é o emprego de alto parasitropismo a baixo organotropismo, ou seja,
índice quimioterápico elevado.
Só em 1925 foi que o pesquisador alemão Domagk iniciou nova era no
domínio da quimioterapia – a era dos sulfas, que representa, inquestionavelmente,
uma das aquisições mais importantes da medicina.
Antibióticos
- De origem bacteriana. Ex: Subtilina, bacitracina e bacilina.
- De cogumelos. Ex: Estreptomicina e terramicina.
- De vegetais superiores. Ex: Alicina e tomatina.
Penicilina
A denominação foi criada em 1929 por Fleming, para designar uma
substância bacteriostática e bactericida por ele descoberta no líquido de cultivo de
29
um cogumelo do gênero Penicillium. Dez anos mais tarde, em Oxford, é obtido sob
forma concentrada e estável, de extraordinário valor quimioterápico.
Estreptomicina
De espectro de atividade menos extenso que a penicilina, o que torna exato
é o fato de agir precisamente sobre uma série de germes gram-positivos insensíveis
à penicilina.
Para sua obtenção cultiva-se o Streptomyces griseue em tanques de
fermentação, procedendo-se a extração depois de 2-3 dias a 25-30º C.
É um agente terapêutico preciso, pois veio preencher lacunas importantes
deixadas pela sulfa e pela penicilina. Entre as indicações mais solidamente
estabelecidas da estreptomicinoterapia, mencionaremos o tratamento da tularemia,
meningite, infecções pulmonares, endocardite e infecções urinárias produzidas por
bastonetes gram-negativos.
Cloranfemicol
Extraído originalmente do Streptomyces venezuelae, isolado de uma
amostra de terra procedente de Caracas, em 1947, hoje preparado sinteticamente,
provindo sua denominação, cloranfenicol ou cloromicetina, do fato de ser a droga
derivada do ácido dicloracético, composto jamais encontrado antes de 1947, em
produto natural e que se usou no passado apenas em cáustico, no tratamento de
verrugas.
É um antibiótico de largo expectro, atuando sobre bactérias gram-positivas e
gram-negativas, riquétzias e vírus do grupo linfogranulomapsitacose.
A droga é administrada na base de 50 mg por Kg (2-4 g por dia em adultos),
em doses fracionadas de 0,25 g, a intervalos de 3 horas, parecendo praticamente
atóxica na posologia habitual.
Tetraciclinas
Três são os membros deste grupo atualmente em uso:
- Cloro-tetraciclina ou aureomicina;
- Oxitetraciclina ou terramicina; e
- Tetraciclina propriamente dita.
30
O espectro de atividades das tetraciclinas é semelhante ao do cloranfenicol.
Nas infecções por gram-positivos representam a segunda escolha (a primeira se
reserva à penicilina), sendo porém de grande utilidade em pacientes alérgicos a
penicilina ou em infecções por germes resistentes a esse antibiótico.
Administram-se pela via oral na mesma dose que o cloranfenicol ou em
injeções intramusculares (100 mg a intervalos de 6-8 horas).
Um inconveniente das tetraciclinas é produzir, não raro, distúrbios
gastrentéricos e desequilíbrio da flora intestinal.
2.2.5
Febre das trincheiras
A doença
é
caracterizada
por
cefaléia,
exaustão,
dores,
suores,
extremidades frias e febre. Ocorrem recorrências e a doença pode levar um ano ou
mais para completar o seu curso. A Febre das trincheiras é encontrada em alguns
continentes como a Europa e a África (BRASIL, 2000c).
Riquétzias
O isolamento de riquétzias é tecnicamente bastante difícil e, por isso, é de
utilidade limitada no diagnóstico. As riquétzias são obtidas, com maior frequência, de
sangue colhido logo após a instalação da doença, mas têm sido encontradas até o
12º dia do seu curso.
Tratamento
Tanto o cloranfenicol como as tetraciclinas são eficazes. A dose de ataque
inicial, 2-3 g para um paciente de 70 kg, é dada num período de 2-4 horas. A
quantidade total de antibiótico administrada nas primeiras 24 horas de terapêutica é
de 4-6 g. Em seguida, a dose diária é 2-3 g, dividida em 4 doses. Uma resposta
deve ser observada em 1-2 dias, e a progressão do quadro clínico é usualmente
interrompida na própria oportunidade em que o tratamento começa.
Para evitar recaídas, continua-se o tratamento por 3-5 dias após a
temperatura voltar ao normal. A doença é estimulada pelas sulfonamidas, as quais
são contraindicadas.
Os antibióticos não eliminam as riquétzias do organismo, mas sim, impedem
seu crescimento. A cura depende do mecanismo imunitário do paciente, que
31
usualmente leva 2 semanas para alcançar a etapa em que o parasito pode ser
controlado. Se o tratamento é iniciado depois do sexto dia da doença, a imunidade
se desenvolve como na infecção não tratada, e não ocorrem recaídas. Se os
antibióticos são ministrados mais cedo, na doença, e é curto o período de
tratamento, a resposta imunitária não é adequadamente estimulada, e ocorrem
recaídas.
Estas
recaídas
podem
ser
prevenidas,
nos
pacientes
tratados
precocemente no processo de infecção, dando-se um segundo período curto, de
antibióticos, 6 dias após o término do tratamento original.
2.2.6
Tipos de tifo e febre
Tifo epidêmico
Devido à sua prolongada permanência no homem, como uma infecção
latente (doença de Brill) ele pode reativar-se, prontamente, em condições ambientais
adequadas, tal como resultado do baixo padrão sanitário da comunidade.
Tifo murino
Endêmico: de distribuição mundial, especialmente em áreas altamente
infestadas pelos ratos, como os portos de mar. Ele pode existir nas mesmas áreas e
ser confundido com o tifo epidêmico ou a Febre tsutsugamushi.
Grupo da Febre maculosa
Estas infecções ocorrem no mundo todo, apresentando, como regra,
algumas diferenças imunológicas ou epidemiológicas em diferentes áreas. A
transmissão comum é por um carrapato. As doenças que são assim agrupadas
incluem as Febres maculosas das Montanhas Rochosas (de Leste a Oeste),
colombiana, brasileira e mexicana; a Febre Mediterrânea (botonosa), Sul-Africana do
carrapato e Febre de Quênia; tifo do carrapato do Norte de Queensland; e a
riquetsiose norte-asiática são transmitidas pelo carrapato.
Riquetsiose variceliforme
A doença humana tem sido encontrada em moradores de apartamentos no
Norte dos Estados Unidos. Entretanto, a infecção também ocorre na Rússia, África e
Coréia.
32
2.2.7
Controle e prevenção das febres
O controle é alcançado interrompendo a cadeia de infecção, ou através da
imunização e tratamento com antibióticos.
Prevenção através da quebra da cadeia de infecção
 Tifo epidêmico: Despiolhação com DDT.
 Tifo murino: habitação à prova de ratos e uso de venenos para ratos,
como o ANTU (alfanaftiltioureia).
 Tifo dos cerrados: limpeza das áreas de vegetação secundária, em que
vivem ratos e ácaros.
 Febre maculosa: medidas análogas podem ser usadas para as Febres
maculosas: limpeza da terra infestada e profilaxia pessoal, na forma de
vestuário protetor, como o uso de botas altas, meias sobre as pernas das
calças, repelentes de carrapatos etc.
 "Rickettsialpox": eliminação de roedores e seus parasitos nos domicílios
humanos.
Prevenção da transmissão
Da Febre Q pela pasteurização adequada do leite: o aquecimento da C.
burneti em leite cru integral, por 30 minutos a 61,5º C (143º F) não é suficiente para
destruir todas as riquétzias viáveis, mas o aquecimento a 63º C (145º F), já é
suficiente. As condições de pasteurização atualmente recomendadas, de "altatemperatura-pouco-tempo", 71,5º C (161º F) por 15 segundos, são adequadas.
Profilaxia pela vacinação: a imunização ativa pode ser realizada utilizando-se
antígenos formalinizados, preparados a partir de sacos vitelinos de embriões de pinto
infectados. Há vacinas disponíveis em relação ao tifo epidêmico (R. prowazeki), Febre
maculosa das Montanhas Rochosas (R. rickettsi), e algumas outras riquetsioses.
Conclui-se que os reflexos de um ataque biológico nas operações logísticas
e militares conjuntas não são visíveis aos olhos e seus efeitos podem ser lentos no
organismo do combatente, que não fez uso de medicamento preventivo tipo vacinas,
podendo colocar em risco a impulsão de um ataque ou de uma operação defensiva
por falta de reflexos necessários na iminência de um ataque QBN pelo oponente.
33
2.3
REFLEXOS DE UM ATAQUE NUCLEAR
LOGÍSTICAS E MILITARES CONJUNTAS
NAS
OPERAÇÕES
Uma força naval leva toda a sua logística embarcada para um tipo de
operação militar, ficando totalmente independente do apoio terrestre – princípio da
permanência. Isto não ocorre com a força terrestre, e pela mobilidade, com a força
aérea. Não são todos os navios brasileiros que estão preparados para transitarem
em uma área de precipitação de partículas radioativas (fall-out). Mais precisamente,
somente as fragatas e as corvetas possuem a capacidade de atuarem como
“cidadelas”, ou seja, serem completamente estanques aos agentes QBN (BRASIL,
2009).
Assim sendo, toda a logística de uma força naval estará vulnerável a um
ataque QBN
Como os navios se protegem de um ataque QBN? Por meio da
pressurização do navio, de forma a proporcionar uma pressão de ar no interior do
navio, o mesmo caso ocorre com aeronaves, nas quais existe uma pressão interior
maior que a pressão atmosférica. Toda a tripulação usa dosímetros individuais, para
monitoramento da exposição à radiação. O navio pode formar ao seu redor, como se
fosse uma redoma, uma nuvem de partículas de água do mar pulverizada, formando
um escudo d’água, visando impedir que agentes QBN possam adentrar a esta
redoma e ou se concentrem nos conveses.
As roupas especiais e máscaras, conforme figura nº 02 e nº 07, só são
utilizadas para descontaminação dos conveses, após o navio ter passado em uma
área de exposição de agentes QBN.
Infelizmente, esta proteção é de difícil solução com relação à população,
uma vez que envolve não apenas os efeitos das explosões, por si só, como,
também, problemas de ordem econômica, psicológica e social.
2.3.1
Os três efeitos da explosão nuclear
2.3.1.1
Sopro
O sopro é o efeito mais destrutivo de uma explosão nuclear, liberando
energia que poderá arremessar pessoas e objetos a grandes distâncias.
34
Pressão direta é capaz de produzir somente pequenos danos a pessoal,
mas pode causar danos em equipamentos e instalações militares.
Maioria das perdas são causadas por efeitos indiretos, sendo atirado contra
objetos, queda de estruturas ou sendo atingido por objetos carregados pelo sopro
(BRASIL, 2005a).
2.3.1.2
Radiação térmica
A radiação térmica dura cerca de 3 segundos com a maioria dos danos
sendo causados no primeiro segundo.
Ela progride em linha reta e qualquer coisa que faça sombra servirá de
proteção para o calor, obrigando-se ao uso de equipamento de proteção individual
ou coletivo.
A radiação térmica pode produzir queimaduras na pele exposta a grandes
distâncias.
2.3.1.3
Radiação nuclear
Há duas categorias de radiação nuclear:
Radiação inicial – é emitida uma bola de fogo e é irradiada durante o
primeiro minuto após a detonação. Os raios gama são os mais perigosos.
Radiação residual – é toda radiação emitida, após o primeiro minuto da
explosão.
2.3.2
Medidas de proteção
De um modo geral, dois são os princípios aplicados na proteção contra os
efeitos das explosões nucleares:
- Distância; e
- Blindagem.
Só é possível ter-se proteção adequada se estiver a distâncias maiores que
os alcances desses efeitos, ou se estiver protegido por uma blindagem apropriada
dentro destes alcances.
35
2.3.2.1
Proteção contra os efeitos mecânicos
As ondas de sopro podem provocar efeitos diretos e indiretos. Os primeiros
resultam da fase positiva da onda, atuando sobre o corpo e provocando danos sobre
os pulmões, estômago, intestinos e ouvidos, chegando ao extremo de provocar
hemorragias internas.
Os efeitos do sopro sobre o organismo fazem-se sentir, principalmente, nas
junções entre os tecidos e os órgãos que contém ar e nas áreas onde os ossos e as
cartilagens se juntam com tecidos moles. As principais consequências se
apresentam sob a forma de danos do sistema nervoso central, parada súbita do
coração e sufocação.
Os efeitos indiretos são mais importantes, abrangendo os casos devidos
provocados pela explosão.
Qualquer que seja o tipo, a melhor proteção é proporcionada pelos abrigos
subterrâneos de construção sólida. Qualquer anteparo, no entanto, como toca,
depressão no terreno, ou mesmo árvore, poderá ser utilizado como abrigo, servindo
mais para defesa contra os efeitos diretos, principalmente. A proteção contra os
efeitos de esmagamento vai depender da resistência dos materiais utilizados como
abrigo, levando o escalão considerado a estar prevenido.
2.3.2.2
Proteção contra os efeitos térmicos
Qualquer obstáculo à passagem dos raios solares e que não seja de fácil
combustão, oferecerá alguma proteção contra a radiação térmica.
Contra-encostas, árvores e mesmo a roupa constituem boa proteção. As
roupas claras e frouxas, além de refletir a radiação térmica, servem também como
radiador entre a pele e a vestimenta. A toca constitui, também para esse efeito, uma
proteção ideal, salvo nas proximidades do arrebentamento, não havendo solução.
2.3.2.3
Proteção contra os efeitos radioativos
É difícil por não poderem ser percebidos pelos sentidos, necessitando-se de
aparelhos especiais para sua detecção, além de poderem perdurar por tempo
indeterminado.
36
Os anteparos não impedem, além disso, que radiações como raios X e,
gama e neutrons penetrem dentro de abrigos, viaturas, navios e aeronaves.
A grandes distâncias do arrebentamento, a radiação inicial poderá ser
desprezada.
Quanto à radiação residual, a melhor medida protetora, se assim o permitir a
situação tática, é retirar-se a tropa da zona da explosão e fazer-se o controle da
água, alimentos e equipamentos sujeitos à contaminação.
Deve-se, ainda, evitar que o homem ultrapasse a dosagem limite que é de
100roentgens e sempre que possível. Considera-se como dosagem letal, a dose de
450roentgens (TAHUATÁ, 1999).
2.3.3
Tipos de proteção
A proteção pode ser estudada sob três aspectos:
- Individual,
- Coletiva, e
- Tática.
Será estudado cada um isoladamente.
2.3.3.1
Proteção individual
Qualquer ação individual que possa aumentar a proteção contra as
explosões convencionais, via de regra também pode ser usada como proteção
contra as explosões nucleares (BRASIL, 2005).
A posição deitada é ideal até que a onda de sopro tenha passado e para
evitar ofuscação, não se deve olhar na direção da explosão, pelo menos nos 10
segundos iniciais.
As pessoas que estiverem em viaturas e navios no momento da explosão,
normalmente não terão tempo para saltar e deitar. Sendo possível, deve-se procurar
dirigir a viatura, o navio e as aeronaves no sentido contrário ao da explosão, e
procurar proteger-se dos estilhaços de vidros das janelas e pára-brisas, e de
possíveis capotagens e acidentes marítimos e aéreos.
37
Em carros de combate e navios, a proteção será quase total. Aeronaves
possuem a vantagem da alta velocidade, isto é claro, dependendo da distância no
ponto de arrebentamento.
Em instalações militares, em princípio, os andares do subsolo oferecem a
melhor proteção e os andares de cima são os piores. As janelas abertas e a
ausência de cortinas e de materiais facilmente inflamáveis ajudarão a diminuir os
efeitos da explosão.
A primeira indicação da precipitação radioativa (FALLOUT) pode ser o
aparecimento de uma poeira caindo no ar, ou a medição de radioatividade por meio
de aparelho detector.
Constatada a sua existência, tudo deve ser feito para diminuir os seus
efeitos. Isso pode ser conseguido por meio dos seguintes reflexos imediatos:
 procurar um abrigo fechado;
 manter a roupa abotoada e fechada, protegendo as partes expostas;
 sacudir, esfregar e escovar a roupa periodicamente;
 melhorar continuamente o abrigo individual;
 no interior de veículos, procurar a melhor proteção, impedindo ao máximo
a entrada de poeira;
 não beber água e não comer nada, a não ser que haja certeza de não
haver contaminação na água e na comida ou mediante autorização;
 sair da área contaminada, o mais rapidamente possível atingindo um
abrigo apropriado ou uma área limpa;
 dar especial atenção às contaminações das unhas e das partes do corpo
coberta de cabelos;
 sempre que possível, trocar de roupa;
 lavar as mãos periodicamente; e
 descontaminar a área afetada, se possível. Se for água de rios captá- las
a montante e escoá-las a jusante.
38
2.3.3.2
Proteção coletiva
O planejamento das medidas de proteção coletivas é o meio mais eficaz de
diminuir os efeitos das explosões nucleares e para acelerar a recuperação de
pessoal e material.
O planejamento para a proteção coletiva deve abordar, pelo menos, quatro
importantes aspectos.
 evacuação da população civil;
 construção de abrigos coletivos;
 medidas de recuperação; e
 disseminação de informações básicas sobre proteção individual e
coletiva.
A evacuação das populações dos possíveis objetivos, embora de grande
valor do ponto de vista da proteção, é uma medida de grande envergadura e de
difícil execução, exigindo:
 sistema de alarme eficiente;
 estudo detalhado das vias de acesso e meios de escoamento; e
 estudo detalhado dos locais estratégicos e locais de recebimento de
pessoal, como hospitais e outros.
Devido às dificuldades inerentes ao movimento de grandes massas de
pessoal, vários aspectos devem ser bem analisados, antes da adoção dessas
medidas de proteção.
Dentre esses pode se destacar:
 Possibilidade de mudança brusca da direção dos ventos, colocando os
centros de recebimento do pessoal dentro da zona fallout ou de
precipitação radioativa;
 Possibilidade de outras explosões, em áreas diversas; e
 Impossibilidade quase se dar uma contra-ordem ou mudar a direção de
deslocamento previamente estabelecida, em função da direção dos
ventos.
39
Todavia, sempre que as condições não permitirem uma evacuação realizada
com calma e ordenada, por locais seguros e afastados, deve-se proceder,
inicialmente medidas passivas de proteção, procurando abrigo em locais próximos,
relativamente fechados e com possibilidade de ser adotado um sistema de
respiração seguro.
A proteção coletiva deve começar pela inclusão de abrigos ou condições
apropriadas nas novas construções, ou pela modificação das estruturas já
existentes, tornando-as mais resistentes ao sopro, ao fogo e às radiações nucleares.
Não deve ser esquecido que apenas as estruturas especiais de concreto armado
podem resistir a sobrepressões superiores a 17 ton/m2 e que a maioria das casas
residenciais é seriamente danificada sobrepressões de 350 kg/m 2. Por outro lado, as
doses maiores que 500rem podem ser consideradas fatais para, praticamente, todos
os combatentes expostos.
As construções subterrâneas oferecem os melhores abrigos contra as
explosões nucleares. Tais construções, no entanto, dependem de iluminação e
ventilação artificial, com suas partes exteriores à prova de sopro.
O tempo da permanência nos abrigos pode variar de algumas horas até 7 ou
mais dias. Implica na necessidade de suprimentos, de alimentos e água não
contaminados. Todos devem estar preparados e adestrados para passar por
situação dessa natureza.
As medidas de proteção contra a radiação nuclear podem ser agrupadas em
passivas e ativas. A proteção passiva significa a permanência ou o trabalho na
região contaminada, usando toda a proteção possível, principalmente contra os raios
gama. No tocante à proteção ativa, podem ser previstas medidas de evacuação ou
de descontaminação, ambas apresentando problemas sérios para a sua execução.
2.3.3.3
Proteção tática
A Defesa Nuclear agrupa medidas táticas e técnicas que permitirão às
Unidades reduzir, tanto quanto possível, os efeitos de arrebentamentos nucleares.
Estas medidas ficam compreendidas como:
40
2.3.3.3.1 Medidas táticas
 Dispersão e grau de proteção das Instalações Militares;
 Mobilidade;
 Camuflagem; e
 Sigilo.
2.3.3.3.2 Medidas técnicas
Não distribuir combustíveis e óleos contaminados por elétrons, pois sua
ação nos motores de viaturas, turbinas de aeronaves e motores de navios, bem
como nos sistemas de freios causarão panes, tirando os meios de transporte das
operações, reduzindo o poder de combate da operação conjunta:
 Transmissão e exploração do alerta por mensagens QBN;
 Definição da proteção Individual e Coletiva;
 Elaboração dos procedimentos para descontaminação.
“A Defesa Nuclear e sua Segurança são objetos de ações sistemáticas e
permanentes”.
São consideradas ações permanentes, as medidas corretas a adotar no
momento, ou após o arrebentamento nuclear. Constituem-se nas “Condutas e
reflexos de Combate”.
a.
Meios de Defesa QBN
Os meios de Defesa QBN compreendem:
 Pessoal especializado; e
 Material de comprovada eficácia.
a) Pessoal Especializado
 Especialistas QBN.
a) Material de defesa QBN
Está dividido em:
41
 Material DQBN de 1o Escalão.
 Material DQBN de 2o Escalão.
a. Material de DQBN de 1o Escalão:
 Material Individual;
 Material Individual das Viaturas, Navios e Aeronaves;
 Material de Dotação das instalações militares; e
 Materiais Coletivos de Dotação de nível até subunidade.
a. Material DQBN de 2o Escalão:
São centralizados no âmbito da Unidade, sob a responsabilidade do Chefe
do grupo DQBN e sob as ordens do Oficial de Defesa QBN do nível Unidade.
b. Dispositivos Permanentes de Defesa Nuclear
Os dispositivos permanentes de Defesa Nuclear compreendem as Medidas
de Combate. A de nível Unidade é atribuição do Oficial de Defesa QBN, em tempo
de paz, estabelecer e catalogar as medidas que deverão ser adotadas, assim como
os Postos que estarão em permanente estado de alerta (PO QBN, Centros de
Comunicações, PC de nível Unidades, etc.).
2.3.3.4
Proteção logística de suprimentos
Os suprimentos da Organização Militar, particularmente, explosivos e
inflamáveis, precisam estar dispersos. Os entulhos são mantidos à distância, para
que não venham a incendiar-se próximo a estes materiais. Objetos como rádios,
geradores, ferramentas, fogões e vasilhames de combustíveis devem estar
protegidos, para reduzir o perigo de serem atingidos por fragmentos lançados pela
onda de choque nuclear. Os suprimentos devem permanecer embalados, para que
fiquem protegidos contra a radiação da poeira. Alimentos e água são armazenados
em locais cobertos e protegidos das radiações dos raios x, gama, alfa, beta e
nêutrons (BRASIL, 2011).
A contaminação radiológica deverá ser assinalada por placas triangulares,
sendo que a superfície do lado contrário ao da contaminação deverá ser pintada de
42
preto e branco. A superfície que fica voltada para a contaminação deverá ter a
palavra "ÁTOMO" pintada em preto, em três posições, como mostra a figura 13
adaptada. A data da descoberta da contaminação deve ser escrita na superfície
voltada para a mesma.
2.3.3.5
Operações de descontaminação
A descontaminação tem por finalidade evitar que seja retirado do combate, o
militar
cuja
pele,
vestimenta,
equipamentos
e
armamentos
tenham
sido
contaminados, tornar possível o emprego de material anteriormente contaminado
(armamento, viaturas, aeronaves e navios, etc) sem perigo para o usuário, e permitir
a utilização e ocupação de instalações militares, anteriormente contaminadas
(BRASIL, 2011a).
2.3.3.5.1 Descontaminação de urgência
A descontaminação de urgência é aquela realizada pelo combatente, com os
meios disponíveis no seu equipamento individual, e visa a remover poeiras e
substâncias radioativas que possam constituir um perigo direto e imediato.
2.3.3.5.2 Descontaminação total
A descontaminação total compreende todas as operações, que devem ser
executadas em complementação à de urgência; visa em particular, reduzir o risco
radiológico a níveis tão baixos quanto possíveis, permitindo que o equipamento seja
utilizado sem restrições de tempo x dose. Possui, ainda, as
seguintes
características:
 Realizada em áreas não contaminadas; e
 Conduzida por equipes especializadas e qualificadas.
É realizada após o término da precipitação radioativa, devendo ser rápida e
não dificultar a execução da missão a ser cumprida:
43
Vestimentas
 Escovar ou sacudir vigorosamente, retirando a poeira.
Pessoal
 Escovar cabelo, unhas, lavar as mãos e os olhos.
Equipamento e Armamento
 Sacudir e escovar as peças de tecido;
 Lavar o capacete;
 Lavar as peças de couro e a máscara contra gases;
 Limpar o armamento e elemento filtrante da máscara com um pedaço de
pano ligeiramente úmido.
Viaturas, Aeronaves e Navios
 Escovar e limpar, primeiramente, as partes que entram em contato com o
pessoal (estribos, bancos, maçanetas, etc.).
Obs.: Um veículo, aeronave ou navio contaminado por poeiras secas perde
uma parte considerável desta contaminação, quando entra em movimento. Há que
se observar o funcionamento mecânico.
Postos Rádio e Instrumentos Ópticos
 Limpar com um pedaço de pano seco, ou ligeiramente úmido.
Medidas de Segurança Necessárias
 Colocação da máscara contra gases, ao proceder operações de: sacudir,
escovar, secar e lavar; e sempre que houver partículas radioativas em suspensão no
ar; e
 Enterrar os pedaços de pano utilizados.
A descontaminação total de uma Organização Militar(OM) é decidida pelo
Comandante. É, normalmente, realizada por pessoal e meios especializados da OM
e/ou por Unidade especializada em Defesa QBN. Compreende as seguintes medidas:
44
 Descontaminação do pessoal, de pequenos materiais e de viaturas,
aeronaves e navios;
 Montagem de um Posto de Descontaminação Total, fora da área
contaminada, captando água a montante e escoando a jusante.
Posto de Descontaminação Total
A implantação de um Posto de Descontaminação Total é decidida pelo
Comandante da OM, após ter recebido as propostas do Of DQBN e ter ouvido o
médico do Batalhão, quando então determina:
 O tempo disponível;
 As prioridades para descontaminação;
 Os limites no terreno para as instalações de:
 Pessoal e seus suprimentos; e
 Materiais coletivos.
 As condições em que deverá ser efetuada a troca de peças (roupas,
calçados, máscaras, etc.); e
 As medidas de segurança terrestres, marítimas e aéreas a adotar.
Escolha do Local
O Oficial DQBN deverá ter sempre em mãos um planejamento para os locais
que possuam condições para a instalação de Posto de Descontaminação Total.
Estes locais obedecerão às seguintes características:
 Acesso e circulação fácil;
 Possibilidades de camuflagem;
 Proximidade de um ponto d’água;
 Arejamento;
 Posicionamento “vento abaixo” das unidades amigas.
Organização
A área onde o posto é instalado é dividida, conforme figura nº 09,
basicamente
em
“ZONA
QUENTE”,
onde
ocorrem
as
operações
de
descontaminação e “ZONA FRIA” onde não há perigo de contaminação. A “ZONA
QUENTE” é localizada “vento abaixo”, em relação à “ZONA FRIA”. A distribuição de
45
setores, com suas respectivas atividades, é feita em uma sequência lógica de ações
e obedece ao seguinte dispositivo:
Zona de Reunião e Espera
É o local onde é feita a descarga do material e desembarque de viaturas e,
se for o caso, de aeronaves. Navios não é o caso, para que a tropa se organize e
aguarde a sua vez de, ordenadamente, adentrar ao posto.
Entrada
Setor onde é feito o controle e verificação do desembarque, e os veículos e
aeronaves, se for o caso, são recolhidos pelo pessoal do posto. A partir deste
momento, o pessoal e suas viaturas, aeronaves e navios separam-se, e o material
coletivo, permanece embarcado.
Setor de viaturas, aeronaves, navios e material
Todo o material coletivo, conforme figura nº 04, é desembarcado e
descontaminado na linha de material.
Armamento coletivo, munição, ferramentas, utensílios, equipamento óptico,
material de comunicações e outros mais são descontaminados, de acordo com as
técnicas mais adequadas a cada um deles. As viaturas, aeronaves e navios passam
pela sua linha de descontaminação, onde ocorre, basicamente: a lavagem para
retirar o excesso de lama e a graxa; a aplicação da solução de descontaminação e o
enxaguamento para retirar a solução.
Ao fim da descontaminação, a viatura, a aeronave e o navio serão
novamente lubrificados.
Este setor é equipado, normalmente, com moto-bombas para lavagem e
enxaguamento, cisternas para armazenar água e aparelhos para lançar a solução
descontaminante. Todo líquido contaminado deste setor é canalizado para fossas ou
meio equivalente.
Setor de pessoal
A linha de descontaminação de pessoal pode ser montada ao ar livre, ou em
unidade pré-montada. É disposta em, uma sequência lógica, onde inicialmente, o
combatente, deixa seu armamento
individual e, prosseguindo, deixa
seu
46
equipamento individual, materiais individuais diversos, roupa, toma banho com água
morna e sabão, passa pelo posto médico, recebe material novo ou descontaminado,
faz uma detecção para verificar se há resíduos de contaminação e sai do setor de
pessoal em direção à saída do posto. A água do banho é conduzida para uma fossa.
O setor deve dispor de aquecedores, cisternas, duchas de campanha e recipientes
para recolher o material que será conduzido a sua linha de descontaminação.
Setor de equipamento individual e vestimentas
Saída – Setor onde é realizada uma detecção de controle nos materiais e
viaturas para liberação. Neste local, os motoristas reassumem suas viaturas e as
conduzem com o material coletivo descontaminado para a zona de reequipamento.
Zona de Reequipamento - É o local onde a unidade reorganiza-se. As
viaturas, aeronaves e navios, se for o caso, são reequipados, todo o material é
verificado e conferido, e a unidade retorna à sua missão.
Setor de viaturas, aeronaves, navios, se for o caso e material coletivo
As viaturas, aeronaves e navios são inspecionados e monitorados com
contadores de radioatividade em área específica.
Neste setor, passam pelas seguintes operações:
 Lavagem (com moto- bombas);
 Descontaminação com solução descontaminante; e
 Inspeção e monitoração.
Observação: Se a taxa de exposição final, ainda, é superior àquela fixada
pelo Escalão Superior, os meios de transporte de pessoal ou combate deverão
retornar para uma segunda passagem.
Setor de descontaminação do pessoal
Neste setor, o pessoal realiza as seguintes atividades:
 Desequipar e despir-se;
 Submeter-se a controle médico e radiológico;
 Descontaminar-se;
 Submeter-se, novamente a controle radiológico; e
 Vestir-se e reequipar.
47
A descontaminação é efetuada nas duchas de campanha, equipadas ou não
com aquecedores de água, com ajuda de sabão descontaminante radiológico. As
atividades de desequipar e despir-se, devem ser realizadas na seguinte sequência:
1o - Armamento e equipamento individual;
2o - Sapatos;
3o - Roupas;
4o - Luvas;
5o - Roupas de baixo; e
6o - Meias.
Observações:
 A limpeza do corpo é completa, devendo ser dada uma atenção especial
às mãos e às partes peludas do corpo;
 O controle médico visa a assegurar o tratamento a todos os feridos, antes
da descontaminação; e
 Controle radiológico.
Setor de material individual e uniformes especiais
Este setor funciona, paralelamente ao Setor de Descontaminação do
Pessoal, recebendo os equipamentos, armamentos e roupas protetoras. As citadas
peças são tratadas da seguinte forma:
Armamento Individual - É desmontado, sendo retirada a graxa com
gasolina, monitorados com detectores, engraxados e novamente montados.
Instrumentos - Aparelhos ópticos, material rádio, etc são lavados com ajuda
de jatos úmidos (vapor d'água).
Vestimentas Especiais e Equipamento Individual - São monitorados,
lavados e novamente monitorados para a verificação de suas taxas de exposição.
Segurança após a descontaminação
Após a Operação de Descontaminação, algumas medidas deverão ser
adotadas, tais como:
 Balizar a zona contaminada pelas Operações;
48
 Fixar sobre as viaturas, aeronaves e navios e suprimentos pesados,
etiquetas adesivas em que constem as seguintes indicações:
 Data de contaminação e data de descontaminação;
 Partes, eventualmente não descontaminadas; e
 Precauções para o manuseio de materiais descontaminados.
Ácidos
Os ácidos são perigosos no contato com o corpo, particularmente, os olhos, por
isso, devem ser manuseados com o máximo de cuidado . Ácidos devem ser usados
somente por pessoal familiarizado com as medidas padronizadas para manuseio de tais
substâncias químicas. Botas, luvas, aventais de borracha e capuzes são usados
durante todas as operações envolvendo uso de ácidos fortes. Se ocorrer o contato do
corpo com o ácido, a área deve ser imediatamente lavada com água em abundância.
Uma solução de 5% de água e bicarbonato de sódio é usada para lavar o ácido dos
olhos e do corpo. Esta solução neutraliza o ácido.
Pastas
Pastas de detergentes ou agentes complexos frequentemente removem a
contaminação que não foi removida por outros meios. A pasta gruda em superfícies
verticais ou teto. Eles podem ser utilizados para descontaminação de superfície ou
pessoal. Pastas são preparadas pela mistura de detergente, tartaratos ou citratos
com pequena quantidade de água. Uma das vantagens do uso das pastas sobre os
métodos à água é que o espalhamento da contaminação é reduzido. Algumas
pastas comerciais para limpeza das mãos são viáveis.
Agentes Oxidantes
Em casos extremos, fortes agentes oxidantes tais como o permanganato de
potássio, dicromato de sódio, ácido nítrico ou água régia (3 partes de ácido
hidroclorídico concentrado e 1 parte de ácido nítrico concentrado) pode ser usado.
Esses agentes são usados para dissolver a superfície relativamente inerte contendo
radioisótopos absorvidos. Eles devem ser usados somente sob supervisão de
indivíduos treinados no seu emprego e familiarizados com seus perigos. Aventais,
luvas e botas de borracha ou neopreno e óculos de segurança são usados durante o
emprego desses agentes. Borracha oferece somente limitada proteção. O objeto
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contaminado é imerso ou a superfície é coberta com a solução do agente oxidante. A
exposição do objeto à solução deve ser limitada, devido à natureza corrosiva da
solução. Após o tratamento, o objeto ou superfície é completamente enxaguado com
água e detergente e então com água limpa. Permanganato de potássio e dicromato
de potássio ou sódio podem ser usados em casos extremos para descontaminação
da pele. Eles podem ser usados para essa finalidade apenas sob supervisão de
pessoal médico.
Floculamento
A técnica de floculação é aplicada para remoção de partículas de radioisótopos
suspensas em um líquido aquoso. Alumen, sais férricos, ou sais do alumínio são
adicionados numa solução levemente básica contendo a contaminação em suspensão.
A solução pode ser feita com lixívia (hidróxido de sódio), bicarbonato de sódio ou outros
alcalinos químicos. A filtragem do líquido remove as partículas radioativas precipitadas.
Em campanha, o floculamento é usado em conjunto com uma unidade móvel de
purificação de água, ou realizado pela Engenharia.
Troca iônica
A troca iônica é aplicada para remover os radioisótopos solúveis catiônicos
ou aniônicos (positivos ou negativos). Uma variedade de trocadores de íons são
encontrados no comércio. Noventa e nove por cento ou mais dos radioisótopos
dissolvidos podem ser removidos. A exata eficiência depende da resina trocadora de
íons, do íon considerado e da acidez da solução.
2.3.3.6
Marcação de áreas contaminadas
A contaminação radiológica deverá ser assinalada, conforme figura nº 13 e
03 adaptadas, por placas triangulares sendo que a superfície do lado contrário a da
contaminação deverá ser pintada de preto e branco. A superfície que fica voltada
para a contaminação deverá ter a palavra "ÁTOMO" pintada em preto, em três
posições. A data da descoberta da contaminação deve ser escrita na superfície
voltada para a mesma.
50
2.3.3.7
Descontaminação radioativa
Deve ser estabelecida desde que a missão e as circunstâncias permitam-na.
Deve ser realizada pelos mais baixos escalões. Esta descontaminação não
se reveste das mesmas características de urgência da descontaminação química
(BRASIL, 2011b).
2.3.3.7.1 Pelo combatente
 Deve ser estabelecida desde que a missão e as circunstâncias
permitam-na.
 Deve ser realizada pelos mais baixos escalões. Esta descontaminação
não se reveste das mesmas características de urgência da descontaminação
química.
Pessoal e Equipamento Individual
PELE – Lavar e escovar com água e sabão e se possível escovar unhas e
cabelos.
VESTIMENTAS – Escovar e sacudir ao vento.
EQUIPAMENTOS – Escovar.
CAPACETE – Limpar com pano úmido
ARMAMENTO – Escovar e limpar
Material Coletivo
Descontaminação máxima dos veículos – para deslocamento em terrenos
não contaminados (BRASIL, 2003).
Retirada da poeira – lavagem com ajuda do reboque de 600 litros.
Limpeza das lagartas e troca de óleo da caixa.
2.3.3.7.2 Pela EQP DBQN nível subunidade
Pessoal e Equipamento Individual
PELE – Ducha (banho)
51
VESTIMENTAS – Tirar a poeira e lavar, se necessário.
EQUIPAMENTOS – Lavar, se necessário.
CAPACETE – Lavar com água e sabão.
ARMAMENTO – Desmontar e retirar a graxa com gasolina.
Material coletivo
Descontaminação máxima dos veículos – para deslocamento em terrenos
não contaminados.
Retirada da poeira – lavagem com ajuda do reboque de 600 litros.
Limpeza das lagartas e troca de óleo da caixa de mudança de marchas.
2.3.3.7.3 Especificidade da Marinha do Brasil num ataque QBN
Os procedimentos operacionais dedicados a uma Força Naval submetida a
uma exposição QBN seguem doutrinas específicas, na sua quase totalidade
baseada em conhecimentos de origem estrangeira. Com esta concepção, tem-se os
próprios navios modernos que incorporar recursos tecnológicos para se contraporem
a ameaças. Entre as isolações de navios, estão a compartimentação do navio em
sub-cidadelas, que visam impedir que em uma eventualidade da contaminação
interna do navio, não haja o completo comprometimento do meio, mantendo, assim,
a sua capacidade de combate (BRASIL, 2011c).
Outros sistemas
Há outros sistemas específicos, denominados “PRE WETTING” que
consistem pulverização por água, deixando o navio envolto a uma nuvem, para
manutenção de uma camada de contínua limpeza externa. Por outro lado, uma série
de manobras são previstas pelos navios, o que dependerá de diversos fatores, como
o tipo da bomba, a altura, a profundidade da detonação do artefato e condições
atmosféricas.
Obs 1: Quando necessário e possível utilizar solução de sabão que é um
descontaminante.
52
Obs 2: O controle da descontaminação efetua-se com a ajuda de um
detector de radiação, munido de sonda beta-gama. Deverá ser passado lenta e
paralelamente à superfície (cerca de 10 cm) que tenha de ser verificada.
53
3
CONCLUSÃO
Finalmente, pode-se concluir que um ataque QBN pode ser para impedir o
uso de instalações logísticas de suprimentos e levar a tropa em operações conjuntas
à derrota, retirando-a do campo de batalha.
Todavia, quando de um ataque QBN, menores quantidades de suprimentos
devem ser escalonadas no Teatro de Operações (TO) pois, corre-se o risco de maior
quantidade de suprimento ser contaminado, prejudicando a impulsão e a
permanência no combate.
Suprimentos contaminados não são distribuídos, a não ser que ofereça
vantagem tática. A decisão tem que ser das Organizações Militares (OM) que são
supridas e das que têm a missão de suprir.
Evitar que a contaminação seja difundida, monitorando constantemente os
estoques e sua correta manipulação e com relação às clases de suprimento abaixo
relacionadas (ALVES, 2005):
a) CLASSES DE SUPRIMENTO
Classe I
 somente as reservas orgânicas deverão estar completas;
 coberturas plásticas adequadas protegendo todo o suprimento;
 rações operacionais contaminadas não devem ser fornecidas;
 água contaminada não deve ser fornecida. Há que ser purificada,
conforme figura nº 10. Quando acondicionada em sacos ou garrafas plásticas estas
devem ser lavadas e descontaminadas com água e sabão e serem submetidas à
monitoração;
Classe III
 combustíveis, óleos e lubrificantes devem ser bem protegidos;
Classe V(M)
 toda munição fornecida tem de estar devidamente identificada;
54
Classe V (SUP QBN) – e Classe VIII
 prioridade de suprimento para as OM que estão em posição mais
avançada no campo de batalha;
Classe IX
 os suprimentos eletrônicos têm de ser testados antes de serem
distribuídos. Itens contaminados somente serão entregues em caso de emergência.
a) OUTRAS MEDIDAS A SEREM OBSERVADAS
Óleos, Combustíveis e Lubrificantes Contaminados
 podem atuar nos sistemas de freios, motores e turbinas, colocando esses
meios indisponíveis;
Manutenções
 devem ser feitas em áreas cobertas para viaturas e aeronaves,
protegendo as de radiação e agentes químicos;
Roupas de Proteção
 nos mecânicos gera fadiga e perda líquida no organismo, necessitando
reduzir o tempo de trabalho e planejar equipes para revezamento;
Postos de Descontaminação
 devem ser instalados próximos às instalações de saúde, captando água a
montante e escoando a jusante, evitando contaminações em outras áreas;
Suprimentos Diversos já Contaminados
 distribuir esses suprimentos somente para as Organizações Militares
contaminadas com o mesmo agente, se fôr o caso;
55
Suprimentos Contaminados
 não devem ser transportados por eixos de transportes não contaminados
a não ser que haja imposição tática;
Troca de Posição
 um número maior de trocas de posições de instalações logísticas devem
ocorrer, evitando sua localização pelo oponente;
a)
ADOÇÃO DE MEDIDAS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL
 Previsão de rotas alternativas;
 Maior dispersão das instalações;
 Planejamento de utilização de meios civis, principalmente hospitais;
 As atividades desenvolvidas são lentas, em virtude de se evitar
contaminação;
 Os recompletamentos somente para as Organizações Militares que
tenham prioridade;
 Os serviços de banho e lavandería devem dedicar se ao apoio de
descontaminação;
 Planejar a necessidade de descontaminação de viaturas, aeronaves e
navios;
a)
PROTEÇÃO DE SUPRIMENTOS E EQUIPAMENTOS
Os suprimentos das Organizações Militares, principalmente, explosivos e
combustíveis, têm de estar dispersos no terreno. Os entulhos são mantidos à
distância, para que não venham a incendiar-se próximos a estes suprimentos
(ALVES, 2005a).
Objetos como rádios, geradores, ferramentas, fogões e vasilhames de
combustíveis devem estar protegidos, para reduzir o perigo de serem atingidos por
fragmentos lançados pela onda de choque.
Os suprimentos devem permanecer embalados, para que fiquem protegidos
contra a poeira radioativa. Alimentos e água são armazenados em locais cobertos.
56
O equipamento individual deve ser colocado em locais protegidos, tais como,
tocas de combatentes, ou outras tocas que lhe forem especificamente destinadas.
Objetos como rações de combate, galões de combustíveis e ferramental
devem ser protegidos, para reduzir o perigo de serem danificados por fragmentos
atirados, violentamente, pelo efeito do sopro.
As rações de combate e os suprimentos permanecem empacotados, para
proteção contra a precipitação, e os recipientes d’água devem ser guardados em
tocas cobertas, todos protegidos adequadamente, principalmente, da radioatividade.
Não se pode descuidar da preparação e da atualização constante de novos
conhecimentos doutrinários para os combatentes, tornando-os aptos a verem um
novo Teatro de Operações (TO) que já é uma realidade nos conflitos modernos, com
os melhores meios disponibilizados pela moderna tecnologia militar.
Que haverá um ataque químico, biológico e nuclear haverá. Só não se sabe
onde, quando, porque e como. As Forças Armadas não podem, jamais, serem pegas
de surpresa, sofrendo as consequências e os reflexos em instalações logísticas e
operações militares conjuntas, dessa guerra lenta e insidiosa, que poderá retirar o
combatente e os meios empregados do campo de batalha, e levar a tropa a perder a
impulsão do ataque ou a manutenção de uma posição defensiva ou até mesmo
perder a guerra.
Exemplo prático foi o ataque incendiário surpresa às Torres Gêmeas nos
EUA que eliminou significativo número de vidas, além das vítimas feridas. Outro foi o
ataque com agente QBN ao metrô de Tóquio no Japão. Uma gota do agente Sarin
ou neurotóxico, em um duto ou aparelho de ar condicionado, tem a capacidade de
matar milhares de pessoas intoxicadas.
57
REFERÊNCIAS
ALVES, Jorge Luiz. Reflexos de um Ataque Químico, Biológico e Nuclear nas
Operações Logísticas e Militares Conjuntas. El Salvador, América Central: [s.n.].
2005.
AZEVEDO, Pedro Cordolino. História Militar. Evolução da arte da guerra. Rio de
Janeiro: Biblioteca do Exército, 1998.v. 12, 13.
BRASIL. Ministério da Defesa. Comando do Exército. Portaria nº 019 do EstadoMaior do Exército, 5ª Subchefia. Planejamento de Implantação da Política de
Defesa Química, Biológica e Nuclear. Brasília,DF,30 mar. 1989.
BRASIL. Ministério da Defesa. Comando do Exército. Portaria nº 464. Diretriz
Estratégica de Comando e Controle. Brasília.DF13 set. 2001.
BRASIL. Ministério da Defesa. Estratégia Nacional de Defesa. Brasília,DF, 2008.
BRASIL. Ministério da Defesa. Marinha do Brasil. Centro de Adestramento Almirante
Marques de Leão. CAAML-1205. Manual de Ações de Defesa NBQ. Rio de
Janeiro, 2009.
BRASIL. Ministério da Saúde. Estatística Anual de casos de intoxicação e
envenenamento no Brasil. Brasília,DF: Fiocruz; Sinitox, 1996.
BRASIL. Ministério da Defesa. Comando do Exército. Escola de Instrução
Especializada - EsIE. Defesa Química Biológica e Nuclear (DQBN). Disponível em:
<http://www.esie.ensino.eb.br/. Acesso em: 26 abr. 2011
BRASIL. Ministério da Defesa. Comando do Exército. Escola de Instrução
Especializada - EsIE. Defesa Química Biológica e Nuclear (DQBN). Rio de
Janeiro, 13 nov. 2003.1CD-ROM.
BRASIL. Ministério da Ciência e Tecnologia. Comissão Nacional de Energia NuclearCNEN. Radioproteção e Dosimetria. Rio de Janeiro. Disponível em:
<http://www.cnen.gov.br/. Acesso em: 7 abr. 2011.
Centro de Adestramento Almirante Marques de Leão - CAAML. REPORTING
NUCLEAR DETONATIONS, BIOLOGICAL AND CHEMICAL ATTACKS –
OPERATIONS. Rio de Janeiro, 2006. v. 1
Centro de Adestramento Almirante Marques de Leão. CAAML. Ações de Defesa
NBQ. Disponível em: <http://www.caaml.mar.mil.br/. Acesso em: 9 abr. 2011.
ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA. Manual para elaboração de Trabalho de
Conclusão de Curso: Monografia. Rio de Janeiro, 2011.
58
ELETROBRÁS. Eletronuclear.Energia Nuclear.Disponível em:<http://www.
eletronuclear.gov.br/. Acesso em: 18 mai. 2011.
SERRA, Freire. Caracterização da dose letal mínima por irradiação gama para
Penicillinium Citrunum. Revista Médica. v. 36, p.527-533, dez. 1993.
TAHUATÁ, Salati et al. Radioproteção e Dosimetria. Rio de Janeiro: CNEN; IRD,
1999.
59
APÊNDICE A – CONSULTAS REALIZADAS À EsIE, NO ANO DE 2005, PARA
CONFERERÊNCIA A SER REALIZADA NA ECEM DE EL SALVADOR
1.
INTRODUÇÃO
As figuras deste apêndice foram elaboradas a partir de informações
prestadas pela EsIE, no ano de 2005, para conferência a ser apresentada na Escola
de Comando e Estado-Maior de El Salvador, na América Central.
Foram utilizados os seguintes conceitos:
LAADA – são as linhas anteriores às áreas de defesa avançadas nas
operações militares em um TO.
LAAC – são as linhas anteriores às áreas de combate nas operações
militares de um TO e têm o mesmo significado que LAADA.
LPI - são as linhas de partida inicial do combate nas operações militares em
um TO.
LP – são as linhas de partida de operações militares em um TO e têm o
mesmo significado que LPI.
ZCmb – são as zonas de combate de operações militares de um TO.
ZC – São as zonas de combates de operações militares de um TO e têm o
mesmo significado que ZCmb.
ZA – são as zonas de administração de operações militares em um TO
ZCom – são zonas de comunicações e têm o mesmo significado que ZA.
Máscaras de Proteção com Filtro
São usadas para impedir a inalação e/ou ingestão de ar contaminado,
conforme figura nº 07. O uso destes equipamentos é necessário sempre onde há
suspeita de concentração de material radioativo no ar. Os equipamentos de proteção
respiratória variam em função do projeto, aplicação e capacidade protetora. São de
vários tipos e marcas, mas sugere-se o uso das máscaras contra gases Avon
Protection® FM12 ou Shalon - ambas com filtro combinado mecânico-químico,
padrão OTAN, pois fornecem proteção respiratória contra certos gases, vapores
específicos e partículas, por apresentam filtros contra pó em combinação com
cartucho químico de carvão ativado.
A vida útil dos filtros vai depender da concentração de contaminantes no ar e
do volume de demanda respiratória do usuário. Nos trabalhos em áreas
contaminadas com material radioativo em suspensão no ar, esses filtros devem ser
60
trocados tão logo a atividade dos mesmos esteja alta, ou ao final de cada uso, sendo
tratados posteriormente como rejeito radioativo. Podem ser usadas também as
máscaras de combate a incêndio com ampolas de ar comprimido. Nunca deverão
ser usadas as máscaras de meia face, pois estas só visam à proteção nasal e da
boca, deixando os olhos e o resto da face exposta.
SÍMBOLO DA PRESENÇA DE RADIAÇÃO
O símbolo da presença de radiação é o apresentado na figura 03. Este
símbolo representa a radiação acima dos valores encontrados no meio ambiente.
Fonte: NOTÍCIAS –RECORTES DA MÍDIA.
O3
TO
O2
O1
X
11 X 12
LAAC/LPI
III
QBR
II
QBR
41
13X
X
X 20 C Mec
X 20 C Mec
12 X13 X
22
X
13X
X
42
QBR
II
QBR
20
II
II
12
QBR
13
XX
III
11 X12 52
X
11
III
X
12 X13
III
III
LAAC/LPI
QBR
XX
11
12
X
52 Log
A
X
53 Log
A
II
23
QBR
QBR
QBR
X
54 Log
A
XXXX
XX
13
X
51 Log
R
Z Cmb
o
A Log
Z COM
o
R Log
Figura 1: Teatro de Operações
Fonte: O autor – apresentação na ECEM de El Salvador, no ano de 2005.
61
Figura 2: Roupa de Proteção.
Fonte: Marinha do Brasil. Volume 1 do Manual NBQR 2009.
62
Figura 3: Símbolo da Presença de Radiação.
Fonte: Instituto de Projetos Especiais – Conferência realizada pelo autor na ECEM de El Salvador, no
ano de 2005.
Figura 4: Descontaminação de Viaturas.
Fonte: Instituto de Projetos Especiais – Conferência realizada pelo autor na ECEM de El Salvador, no
ano de 2005.
63
Figura 5: Injeção de Atropina.
Fonte: Instituto de Projetos Especiais – Conferência realizada pelo autor na ECEM de El Salvador, no
ano de 2005.
Figura 6: Detectores Automáticos e de Papel de agentes QBN.
Fonte: Instituto de Projetos Especiais – Conferência realizada pelo autor na ECEM de El Salvador, no
ano de 2005.
64
Figura 7: Máscara Contra Gases
Fonte: Instituto de Projetos Especiais – Conferência realizada pelo autor na ECEM de El Salvador, no
ano de 2005.
65
Figura 8: Pessoa atingida pelo ataque em Alabja no Iraque.
Fonte: Instituto de Projetos Especiais – Conferência realizada pelo autor na ECEM de El Salvador, no
ano de 2005.
Figura 9: Posto de Descontaminação.
Fonte: Instituto de Projetos Especiais – Apresentação pelo autor na ECEM de El Salvador, no ano de
2005.
66
Figura 10: Purificador de Água e Laboratório Químico de Campanha.
Fonte: Instituto de Projetos Especiais – Conferência na ECEM de El Salvador, no ano de 2005
Figura 11: Ataque terrorista às Torres Gêmeas nos EUA no dia 11 de setembro de 2001.
Fonte: Publicado pela Imprensa no mundo inteiro – Conferência realizada pelo autor na ECEM de El
Salvador, no ano de 2005.
67
Figura 12: Ataque terrorista às Torres Gêmeas nos EUA no dia 11 de setembro de 2001.
Fonte: Publicado pela Imprensa no mundo inteiro – Conferência realizada pelo autor na ECEM de El
Salvador, no ano de 2005.
Figura 13: Símbolo da Presença de agente QBN.
Fonte: Instituto de Projetos Especiais – Conferência realizada pelo autor na ECEM de El Salvador, no
ano de 2005.
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