LUIZ CARLOS CHIEREGATTO EFEITOS DOS EXTRATOS DE Heteropterys aphrodisiaca O. Mach. (nó-de-cachorro) E Anemopaegma arvense (Vell.) Stellfeld & J.F. Souza (vergateza) SOBRE O TESTÍCULO E O PROCESSO ESPERMATOGÊNICO DE RATOS WISTAR ADULTOS Tese apresentada à Universidade Federal de Viçosa, como parte das exigências do Programa de PósGraduação em Biologia Celular e Estrutural, para a obtenção do título de Doctor Scientiae. VIÇOSA MINAS GERAIS – BRASIL 2009 Livros Grátis http://www.livrosgratis.com.br Milhares de livros grátis para download. Aos meus pais, Enéas e Rosa Maria, pelo incentivo, pelos ensinamentos, pelos conselhos e pela vida. A eles, em retribuição ao amor que nos une, dedico este trabalho com especial carinho e gratidão. À Temilze, por dividir as alegrias de cada dia, pelo carinho e dedicação. ii AGRADECIMENTOS À Universidade Federal de Viçosa (UFV) e ao Departamento de Biologia Geral, pela oportunidade de realização do curso. À Coordenação do Programa de Pós-Graduação Biologia Celular e Estrutural, pela organização e viabilidade dos trabalhos. À Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), pelo afastamento e auxílio financeiro. Ao Departamento de Ciências Biológicas do Campus de Nova Xavantina, pelo afastamento e, em especial, ao Departamento de Ciências Biológicas de Cáceres, pelo atendimento à solicitação de transferência para o Campus e pela liberação do último período para término do curso. Aos meus pais, pelo amor, pelo apoio e pelos cuidados de toda a vida. Às minhas irmãs, Edenir, Eliane e Perla, pela força e pelo apoio, especialmente nestes últimos anos. Aos meus sobrinhos, Paulo Vitor, João Carlos e Rafael, presente de Deus em nossas vidas. À Temilze Gomes Duarte, pelo amor, compreensão, carinho e dedicação, pela ajuda oferecida nos momentos difíceis e por acreditar incondicionalmente no trabalho. Agradeço especialmente os ensinamentos de botânica e etnobotânica, fundamentais para realização da pesquisa e por ter me proporcionado conhecer os encantos do Pantanal e de sua gente, pela nossa história, obrigado. Ao orientador, amigo e conselheiro, professor Tarcízio Antônio Rêgo de Paula, pelo acompanhamento nos cursos de mestrado e doutorado, pelo apoio, atenção e dedicação oferecidos nos momentos de dificuldades, por todos os ensinamentos, iii especialmente os da espermatogênese, pela objetividade e paciência na orientação dos trabalhos durante os seis anos de permanência em Viçosa. Agradeço de forma especial a agradável convivência com sua família: Regina, Rebeca e Tarcizinho. Ao co-orientador e especial amigo, professor Sérgio Luís Pinto da Matta, pela orientação diferenciada e permanente, por seus refinados ensinamentos não só limitados aos conhecimentos acadêmicos. Por seu interesse, dedicação à pesquisa e sabedoria repassada com entusiasmo. Por sua conduta profissional e de valorização do trabalho. Minha especial gratidão à sua confiança nestes anos de Viçosa e por partilhar conosco ótimos momentos com sua família: Cláudia, Luíza e Isabela. Ao estimado co-orientador, professor Cláudio César Fonseca, por todos os ensinamentos, pelas valiosas sugestões nos momentos de dificuldades, por sua disponibilidade em me ajudar sempre que solicitado, pelas correções diferenciadas dos trabalhos de mestrado e doutorado. Deixo registrada minha grande alegria e satisfação em tê-lo como parceiro de trabalho e como referência profissional a ser seguida. Aos professores do Laboratório de Biologia Estrutural do Departamento de Biologia Geral da UFV, Sérgio, Isabel, Lino, Clóvis e Adilson, pela colaboração no uso dos equipamentos para preparação e análise do material histológico. Ao Laboratório de Anatomia Vegetal do Departamento de Biologia Vegetal da UFV, pela disponibilidade do microscópio acoplado à câmera de captura de imagens e pelo uso do Programa Image Pro Plus. Aos informantes de Cuiabá e de Nova Xavantina, que prestaram grande colaboração, fornecendo informações adquiridas de gerações passadas, sobre o preparo e uso dos extratos das espécies vegetais utilizadas na pesquisa e tantas outras informações sobre uso de plantas, que serão úteis para futuros trabalhos. Aos amigos, Lorivaldo Amâncio de Castro e Joana Darc Batista, pelo auxílio nas coletas do material botânico. Aos demais amigos do Mato Grosso Helena, Eloiza, Márcia e Olinda pelos anos de trabalho e pela ótima convivência em Nova Xavantina. Aos professores do Departamento de Biologia Geral, Veterinária e Biologia Vegetal, pelos ensinamentos obtidos durante a realização das disciplinas. Em especial ao inesquecível professor e amigo, Alexandre Francisco da Silva (in memoriam), pelas viagens ao Pantanal mato-grossense e pelos ensinamentos botânicos em campo. Aos amigos especiais, João Bosco e Fabiana, por participarem de etapas importantes do trabalho e por tornar nossa permanência em Viçosa mais leve e agradável. iv Aos amigos, Bruno, Andreza e Gilmar Lima e aos amigos do coração, Cyntia Rocha e Walnir Gomes Ferreira Júnior, o mineiro mais pantaneiro dessas bandas, pela oportunidade em participar de seus trabalhos de campo no Pantanal mato-grossense e pela agradabilíssima convivência em Viçosa. Ao amigo, Gilmar Valente, pelo registro das espécies estudadas no Herbário VIC e pela amizade nestes bons anos de permanência em Viçosa. Aos amigos do Mato Grosso e da Unemat, Rogério e Lourdes, pelo auxilio na aplicação das fórmulas matemáticas e pela interpretação dos dados histométricos da tese; pelas informações regimentais da Unemat repassadas nestes anos e pelos bons momentos em Viçosa. Aos técnicos do Biotério Central da UFV, Adão Custódio de Carvalho e Juliano Souza Cardoso, pela ajuda no manejo e pelo tratamento dos animais durante o experimento. Aos colegas do Laboratório de Biologia Estrutural e do Centro de Triagem de Animais Silvestres, pelos trabalhos realizados e pela harmoniosa convivência. A todos que de alguma forma contribuíram para realização deste trabalho, obrigado. v SUMÁRIO Página RESUMO ............................................................................................................... ix ABSTRACT........................................................................................................... xi 1. INTRODUÇÃO GERAL................................................................................... 1 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 7 Fitoterapia: o uso de plantas como fontes terapêuticas com ênfase em espécies afrodisiacas ............................................................................................................ 10 Resumo .................................................................................................................. Abstract .................................................................................................................. 1. Fitoterapia e fitoterápicos .................................................................................. 2. Histórico............................................................................................................. 3. Uso terapêutico .................................................................................................. 4. Plantas afrodisíacas ............................................................................................ 5. Heteropterys aphrodisiaca (nó-de-cachorro) .................................................... 6. Anemopaegma arvense (vergateza) ................................................................... 7. Testículo............................................................................................................. 8. Espermatogênese ............................................................................................... 9. Células de Leydig .............................................................................................. Referências bibliográficas...................................................................................... 10 11 12 12 14 22 25 26 27 29 30 33 População do epitélio seminífero e índices indicativos do rendimento da espermatogênese de ratos Wistar adultos tratados com infusão de Heteropterys aphrodisiaca (nó-de-cachorro) e Anemopaegma arvense (vergateza) .................. 46 Resumo .................................................................................................................. 46 vi Página Abstract .................................................................................................................. 1. Introdução .......................................................................................................... 2. Material e métodos............................................................................................. 47 48 53 2.1. Seleção das espécies e coleta do material botânico .................................... 2.2. Preparo das infusões ................................................................................... 2.3. Animais e grupos experimentais ................................................................. 2.4. Tratamentos ................................................................................................ 2.5. Coleta e preparação histológica .................................................................. 2.6. Mensuração dos componentes testiculares e estimativas das populações celulares....................................................................................................... 2.7. Análises estatísticas .................................................................................... 53 53 54 55 55 3. Resultados .......................................................................................................... 57 3.1. Pesos e volumes .......................................................................................... 3.2. Populações celulares ................................................................................... 3.3. Coeficientes, rendimentos e índices celulares ........................................... 57 59 61 4. Discussão ........................................................................................................... 5. Conclusões ......................................................................................................... Referências bibliográficas...................................................................................... 64 69 70 Efeito do extrato de Heteropterys aphrodisiaca (nó-de-cachorro) e Anemopaegma arvense (vergateza) sobre a reserva e a produção espermática de ratos Wistar adultos tratados cronicamente ................................................................................ 78 Resumo .................................................................................................................. Abstract .................................................................................................................. 1. Introdução .......................................................................................................... 2. Material e métodos............................................................................................. 78 79 80 83 2.1. Seleção das espécies e coleta do material botânico .................................... 2.2. Preparo das infusões ................................................................................... 2.3. Animais e grupos experimentais ................................................................. 2.4. Tratamentos ................................................................................................ 2.5. Coleta e preparação histológica .................................................................. 2.6. Análise microscópica ................................................................................. 2.7. Análises estatísticas .................................................................................... 83 83 84 84 85 85 86 3. Resultados .......................................................................................................... 87 3.1. Pesos e índice gonadossomático ................................................................. 3.2. Proporção volumétrica e volume tubular e do tecido intertubular.............. 3.3. Diâmetro tubular, espessura do epitélio, população de célula de Sertoli e comprimento tubular ................................................................................... 3.4. População de AR, reserva e produção espermática .................................... 87 89 vii 56 57 90 92 Página 4. Discussão ........................................................................................................... 5. Conclusões ......................................................................................................... Referências bibliográficas...................................................................................... 93 100 100 2. CONCLUSÕES GERAIS .................................................................................. 108 viii RESUMO CHIEREGATTO, Luiz Carlos, D.Sc., Universidade Federal de Viçosa, fevereiro de 2009. Efeitos dos extratos de Heteropterys aphrodisiaca O. Mach. (nó-decachorro) e Anemopaegma arvense (Vell.) Stellfeld & J.F. Souza (vergateza) sobre o testículo e o processo espermatogênico de ratos Wistar adultos. Orientador: Tarcízio Antônio Rêgo de Paula. Co-orientadores: Sérgio Luis Pinto da Matta e Cláudio César Fonseca. No Brasil, o uso das plantas medicinais constitui uma forma direta de obtenção de medicamentos, e com base nos saberes e práticas “tradicionais” ocupam lugar de destaque no tratamento de doenças. Entre várias utilidades, o uso afrodisíaco desperta interesse especial da população e substâncias de diversas espécies são consumidas com esta finalidade. Neste sentido, no estado brasileiro de Mato Grosso, as espécies Heteropterys aphrodisiaca O. Mach. (nó-de-cachorro) e a Anemopaegma arvense (Vell.) Stellfeld & J.F. Souza (vergateza) se destacam. O objetivo do trabalho foi avaliar os efeitos do extrato das raízes destas espécies, sobre a biometria corporal, o testículo, o processo espermatogênico e a reserva e produção espermática diária de ratos Wistar adultos tratados cronicamente. Foram utilizados 72 ratos Wistar em idade reprodutiva, divididos em sete grupos. Destes, cinco grupos foram tratados por meio de gavagem diária durante 56 dias consecutivos; os animais do grupo-controle receberam 0,5 mL de solução salina e os outros quatro grupos receberam 0,5 mL de extratos obtidos das duas espécies de plantas, em duas concentrações distintas, 12,5 e 25 g diluídas em 100 mL de água. Outros dois grupos foram tratados com infusões das plantas pelo mesmo período, ix sendo 20 mL do extrato da menor concentração diluídos em 80 mL de água consumidos ad libitum. O extrato de H. aphrodisiaca na menor concentração por gavagem promoveu aumentos significativos no peso corporal, no volume intertubular, no diâmetro tubular e espessura do epitélio seminífero. Adicionalmente, os grupos tratados com a maior concentração e com a infusão ad libitum da mesma planta, mostraram aumentos no peso testicular, no parênquima testicular, peso das glândulas vesiculares e nas populações de espermatócito primário em paquíteno e espermátide arredondada por secção transversal. Nos animais tratados com a menor concentração de A. arvense foram registrados aumentos no diâmetro tubular e espessura do epitélio seminífero. Nos animais tratados com a maior concentração do extrato de A. arvense por gavagem e no grupo tratado com a infusão ad libitum da mesma planta foram registrados adicionalmente, aumentos significativos no peso corporal, testicular, do parênquima testicular, das glândulas vesiculares, no volume intertubular e nas populações de espermatócito primário em paquíteno e espermátide arredondada por secção transversal. O comprimento total de túbulos por metro e por grama de testículo, a reserva espermática total e por grama de testículo e a produção espermática diária e produção espermática diária por grama de testículo foram menores em todos os tratamentos, comparados ao grupo-controle. Conclui-se, que o aumento do tecido intertubular e das glândulas vesiculares refletiu no aumento dos parâmetros biométricos e que a perda em comprimento dos túbulos seminíferos foi determinante para a diminuição da reserva e produção espermática nos animais tratados. x ABSTRACT CHIEREGATTO, Luiz Carlos, D.Sc., Universidade Federal de Viçosa, February, 2009. Extracts effect of Heteropterys aphrodisiaca O. Mach. (nó-de-cachorro) and Anemopaegma arvense (Vell.) Stellfeld & J.F. Souza (vergateza) on the testicle and the spermatogenic process of adults rats Wistar. Adviser: Tarcízio Antônio Rêgo de Paula. Co-advisers: Sérgio Luís Pinto da Matta and Cláudio César Fonseca. In Brazil, the use of the medicinal plants constitutes a direct form of medicine attainment and based on the “traditional” knowledge and practices they occupy a prominence place in the treatment of illnesses. Between some utilities, the aphrodisiac awakens special interest of the population and substances of diverse species are consumed with this purpose. In this sense in the state of Mato Grosso the species Heteropterys aphrodisiaca O. Mach. (nó-de-cachorro) and the Anemopaegma arvense (Vell.) Stellfeld & J.F. Souza (vergateza) stand out. The aim of the work was to evaluate the effects of the rough extract of roots of those species on the corporal biometry, the testicle, the spermatogenic process, the reserve and the spermatic production of adult rats Wistar chronically treated. 72 male rates Wistar in reproductive age were divided into seven groups. Five groups were exposed to daily gavage for 56 consecutive days; the animals of the control group received 0.5 ml of salt solution and the other four groups received 0.5 mL of extracts obtained from the two species in two different concentrations 12.5 g and 25 g diluted in 100 mL of water. Two groups had been treated with infusions of the two species for the same period, being 20 mL of the extract with lesser concentration diluted in 80 mL of water consumed ad libitum. The extract of H. xi aphrodisiaca in the lesser concentration caused significant increase in the corporal weight, in the intertubular volume, in the tubular diameter and in the thickness of the seminiferous epithelium. Besides, the groups treated with larger concentrations of the extract and with the infusion ad libitum of the same plant, had shown increase in the testicular weight, in the testicular parenchyma, in the vesicular glands weight and in the primary spermatocyte populations in pachytene and rounded spermatid by cross-section. The animals treated with the lesser concentration of A. arvense registered an increase in the diameter and thickness of the seminiferous tubule. Similar increases were also registered in animals treated with larger concentration of the extract of A. arvense by gavage and in the group treated with the ad libitum infusion of the same plant, that, additionally, showed significant increases in the corporal weight, testicular weight, testicular parenchyma weight, vesicular glands weight, in the intertubular volume, and in the primary spermatocyte populations in pachytene and rounded spermatid by crosssection. The total tubules length by meter and gram of testicle, the total spermatic reserve and by testicle gram and the diary spermatic production and diary spermatic production by testicle gram were lesser in every treatments, compared to the control group. Concludes that the increase of the intertubular tissue and vesicular glands reflected in the increase of the biometric parameters evaluated and that the length loss of seminiferous tubules was determinative for the reserve and spermatic reduction of animals treated. xii 1. INTRODUÇÃO GERAL Desde o início da civilização, há milhares de anos, as plantas e produtos naturais de diversas origens vêm sendo utilizados com finalidades medicinais (Braga, 2009). A história da cura investiga e ensina como a prática médica se desenvolveu e gradualmente caminhou para o sistema moderno de assistência à saúde. O homem sempre buscou no reino vegetal recursos para sua sobrevivência, seja para sua alimentação, levando-o ao aprendizado de certas práticas agrícolas, seja também para a cura de suas doenças, através do uso das plantas medicinais. A construção do arsenal de informações sobre o uso terapêutico de plantas ao longo da história baseou-se, sobretudo, no conhecimento intuitivo de homens e mulheres que, com o passar do tempo, aprenderam a diferenciar as ervas benéficas daquelas tóxicas à saúde (Leite, 2009a). As plantas são fontes importantes de produtos naturais biologicamente ativos, muitos dos quais se constituem em modelos para a síntese de um grande número de fármacos (Guerra & Nodari, 2007). O uso de produtos naturais como matéria-prima para a síntese de substâncias bioativas, tem sido amplamente relatado (Barreiro et al., 2007). Substâncias como a pilocarpina (Pilocarpus sp.) utilizada no tratamento do glaucoma, Catharanthus roseus fonte dos alcaloides vincristina e vimblastina efetivos no tratamento da leucemia infantil, Taxus brevifolia da qual se extrai o paclitaxel que apresenta atividade anticancerígena em tumores de ovário e mama e Camptotheca acuminata que apresenta atividade antibiótica e antitumoral são exemplos da eficácia de produtos fitoterápicos no tratamento de doenças (Guerra & Nodari, 2007). Substâncias 1 utilizadas ainda no tratamento da malária como a artemisicina obtida da espécie Artemisia annua bem como substâncias retiradas de plantas dos gêneros Galanthus e Narcissus como a galantamina, estão sendo atualmente empregadas no tratamento do Alzheimer (Braga, 2009). O Brasil é o país com a maior biodiversidade genética vegetal do mundo (Nodari & Guerra, 2007), detentor de um conhecimento tradicional no uso de plantas medicinais que se iniciou com a população indígena, somado ao conhecimento tradicional de uso de plantas dos africanos e dos europeus. Desta forma, além da riqueza em biodiversidade, há também uma rica diversidade étnica e cultural (Rocha, 2009), que contribuiu para o estabelecimento dos hábitos e costumes de utilização das ervas e plantas medicinais. As espécies medicinais exóticas trazidas ao Brasil pelos mais diversos imigrantes, em distintas épocas, foram gradativamente domesticadas e incorporadas à medicina tradicional (Martins & Figueiredo, 2009). Fatores históricos e sócio-culturais agregados à riqueza de nosso etnoconhecimento bem como as pesquisas realizadas nos últimos anos na área de produtos fitoterápicos, tem promovido registros positivos no consumo de drogas produzidas a partir de matéria-prima vegetal. O crescimento do mercado de medicamentos fitoterápicos no Brasil é da ordem de 15 % ao ano, enquanto o crescimento anual do mercado de medicamentos sintéticos gira em torno de 3 a 4 % (Carvalho et al., 2008). Contudo, em nível nacional, apenas 20 % da população é responsável por 63 % do consumo dos medicamentos sintéticos disponíveis, sendo que o restante encontra nos produtos de origem natural, especialmente as plantas medicinais, a principal ou a única fonte de recursos terapêuticos. Cerca de 60 milhões de pessoas não têm acesso à maior parte dos medicamentos no país, apesar de se gastar cerca de 8 bilhões de dólares em medicamentos por ano. A alternativa da fitoterapia é utilizada tanto dentro de um contexto cultural, na medicina popular, quanto na forma de fitoterápicos (Reis et al., 2007). As pesquisas com plantas medicinais podem ser orientadas a partir de diversas maneiras. Albuquerque & Hanazaki (2006) descrevem quatro tipos básicos de abordagens que merecem destaque: randômica compreende a coleta ao acaso de plantas para triagens fitoquímicas e farmacológicas. A abordagem quimiotaxonômica ou filogenética que consiste na seleção de espécies de uma família ou gênero, para as quais se tenham algum conhecimento fitoquímico de pelo menos uma espécie do grupo. Neste sentido, Leite (2009) descreve que plantas que possuem parentesco botânico, ou seja, 2 proximidade genética que tem uma tendência de apresentar semelhança no metabolismo secundário e, consequentemente, de produtos naturais de uma mesma classe. Segundo Albuquerque & Hanazaki (2006) a abordagem etológica, recentemente apontada para a descoberta de novos fármacos, é baseada em estudos do comportamento animal, e avalia a utilização de metabólitos secundários utilizados por animais, ou outras substâncias não-nutricionais dos vegetais, com a finalidade de combater doenças ou controlá-las. Por último, a abordagem etnodirigida que consiste na seleção de espécies de acordo com a indicação de grupos populacionais específicos em determinados contextos de uso, enfatizando a busca pelo conhecimento construído localmente a respeito de seus recursos naturais e a aplicação que fazem deles em seus sistemas de saúde e doença. Os compostos vegetais vêm surpreendendo os pesquisadores devido ao grande elenco de substâncias com propriedades e estrutura físico-químicas e biológicas encontradas na natureza. Os metabólitos secundários, também definidos como produtos naturais, são biossintetizados pelas plantas a partir dos metabólitos primários como lipídios, carboidratos e aminoácidos, por intermédio de reações enzimáticas, ocorridas no interior das células vegetais. Uma vez que as enzimas são expressas de acordo com as informações genéticas de cada espécie, as respostas gênicas podem ser induzidas ou inibidas de acordo com a necessidade de adaptação das plantas (Leite, 2009). As propriedades orgânicas das plantas são definidas a partir de fatores genéticos, estágios de desenvolvimento e condições ambientais. A presença de determinadas substâncias, as concentrações e a distribuição dos componentes são desiguais dependendo de suas necessidades para o estabelecimento e adaptabilidade no ambiente onde estão inseridas. Segundo Leite (2009b), as plantas em seu habitat natural estão sob a ameaça de vários inimigos potenciais, como bactérias, fungos, insetos, mamíferos e outros animais herbívoros e, também, sob fatores de estresse ambiental, como frio, calor e umidade, além de variações no tipo de solo, altitude, pluviosidade, luminosidade e outros. Devido a estas condições, as plantas produzem diversas sustâncias que auxiliam na sua sobrevivência e que podem ser úteis ao interesse humano para incorporação na produção de medicamentos. De acordo com Braga (2009), diversos produtos naturais são utilizados para fabricação de drogas de uso farmacêutico isolados de plantas ou obtidos a partir de precursores presentes em plantas. As principais drogas são alcaloides como a atropina, escopolamina, camptotecina, capsaicina, 3 codeína/morfina, colchicina, emetina, galantamina, nicotina, fisostigmina, pilocarpina, quinina, quinidina, reserpina, tubocurarina, vimblastina, vincristina, ioimbina; terpenos e esteroides como a artemisicina, diosgenina, hecogenina, estigmasterola, taxol e outros taxoidesa; glicosídeos como a digoxina, digitoxina, senosídeos A e B além de outras misturas como o ipeca e a podofilotoxina. O uso terapêutico dessas drogas como anticolinérgico, antineoplástico, analgésico, antitussígeno, anestésico local, tratamento da amebíase, inibidor de colinesterase, terapia do tabagismo, colinérgico, antimalárico, depressor cardíaco, anti-hipertensivo psicotrópico, relaxante muscular, afrodisíaco, contraceptivos e hormônios, cardiotônico e laxante são relatados para tratamentos de doenças e que no ano de 2002 movimentaram na indústria farmacêutica aproximadamente US$ 30 bilhões. O Brasil seguido por México, Equador, Colômbia, Peru, China, Malásia, Índia, Indonésia, Zaire, Madagascar, e Austrália compõem o grupo de países detentores de megadiversidade (Nodari & Guerra, 2007, Leite, 2009). A magnitude da biodiversidade brasileira não é conhecida com precisão, tal a sua complexidade, e as oportunidades para a identificação de produtos com possível utilização econômica aumentam com a diversidade de espécies. Alcaloides vegetais têm se mostrado especialmente efetivos em seus efeitos medicinais e se encontram amplamente distribuídos em muitas espécies de plantas tropicais (Nodari & Guerra, 2007, Braga, 2009; Leite, 2009). Em nosso país devido às inúmeras espécies tropicais, evidencia-se o conhecimento e uso da vegetação medicinal pelas comunidades quilombolas, ribeirinhas, rurais, tradicionais e indígenas. O Estado de Mato Grosso pela sua localização no Planalto Central brasileiro possui uma variedade destas comunidades, que utilizam as plantas medicinais, levando em consideração o conhecimento popular passado entre as gerações (Macedo & Ferreira, 2005). Entre os diversos usos conhecidos das plantas medicinais, os afrodisíacos ocupam lugar de destaque na medicina popular, sendo objeto de grande interesse da comunidade científica que se ocupa, ainda que timidamente de sua avaliação. Nas regiões do Cerrado e do Pantanal mato-grossense as espécies Paulinia cupana, (guaraná), Heteropterys aphrodisiaca (nó-de-cachorro), Anemopaegma arvense (vergateza) Ouratea semiserrata (sangue-de-bugre), Bytneria melastomifolia (raiz-debugre) e Anemopaegma glaucum (catuaba-verdadeira) são indicadas pela medicina popular como tônicas afrodisíacas (Rizzini 1983; Correa 1984; Pott & Pott, 1994; Guarim Neto, 1996; Macedo & Ferreira, 2005). Tradicionalmente, a ingestão do extrato 4 de raízes destas plantas faz parte do hábito popular e apesar da fama e da comercialização indiscriminada de produtos contendo compostos dessas espécies são ainda necessários estudos farmacológicos para comprovação dos seus efeitos. Compostos extraídos de plantas preconizadas como tônicas, devem agir de alguma forma sobre a fisiologia reprodutiva, atuando nos compartimentos testiculares. Funcionalmente, o testículo pode ser dividido em dois compartimentos principais: o tubular formado pelos túbulos seminíferos, constituídos por túnica própria, epitélio seminífero e lume tubular onde ocorre uma intrincada série de eventos que culminam na produção espermática, sob a regência da célula de Sertoli (França & Russell, 1998). Já o compartimento intertubular é composto por células de Leydig, vasos sanguíneos e linfáticos, nervos, e uma população celular variável constituída principalmente de fibroblastos, macrófagos e mastócitos (Russell et al., 1990). A porção endócrina do testículo é representada pelas células de Leydig que mantêm o nível de testosterona, principal produto da célula, duas a três vezes maiores no fluido intersticial que nos vasos sanguíneos testiculares e de 40 a 250 vezes maiores nestes que no sangue periférico (Sharpe, 1994). Dentre os andrógenos sintetizados pelas células de Leydig incluem-se, além da testosterona, a diidrotestosterona. Ambos responsáveis pela diferenciação dos órgãos genitais internos e da genitália externa na fase fetal (Pelliniemi et al., 1996), pelo aparecimento dos caracteres sexuais secundários, pela manutenção quantitativa da espermatogênese a partir da puberdade, e pelo comportamento sexual (Sharpe, 1994; Zirkin et al., 1994). A espermatogênese é um processo complexo e bem organizado, ocorre nos túbulos seminíferos e dura cerca de 40 a 60 dias na maioria dos mamíferos (França & Russell, 1998; França et al., 1998; Godinho, 1999; Paula et al., 1999; Paula et al., 2002). Com base em características morfológicas e funcionais, pode ser dividido em três fases: 1) fase proliferativa ou espermatogonial; caracterizada por várias e sucessivas divisões mitóticas dos diferentes tipos de espermatogônias; 2) fase meiótica ou espermatocitogênica, na qual ocorre à duplicação do DNA, a recombinação gênica e duas divisões que resultam na formação de uma célula haplóide denominada espermátide; e 3) fase de diferenciação ou espermiogênica, onde as espermátides arredondadas passam por alterações morfológicas e funcionais, como a formação do acrossoma, flagelo e a condensação nuclear, resultando na formação do espermatozóide (Russell et al., 1990; Sharpe, 1994). 5 Os efeitos sobre o comportamento e desempenho sexual humano, supostamente relacionado a diferentes substâncias afrodisíacas, podem não refletir necessariamente sua real atuação, mas sim, uma manifestação do efeito placebo. Entretanto, estudos morfofisiológicos sobre os compartimentos espermatogênico e androgênico testicular, em animais de laboratório, plausivelmente levam a melhor compreensão de seus reais mecanismos de ação. 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Albuquerque, U.P., Hanazaki, N. 2006. As pesquisas etnodirigidas na descoberta de novos fármacos de interesse médico e farmacêutico: fragilidade e perspectivas. Revista Brasileira de Farmacognosia 16, 687-689. Barreiro, E.J., Fraga, C.A.M., Araújo Jr., J.X. 2007. O uso de produtos naturais vegetais como matérias-primas vegetais para a síntese e planejamento de fármacos. In: Simões, C.M.O., Schenkel, E.P., Gosmann, G., Mello, J.C.P., Mentz, L.A., Petrovick, P.R. (Ed.). Farmacognosia: da planta ao medicamento. 6. ed. Porto Alegre: Editora da UFRGS, p.147-210. Braga, F.C. 2009. Pesquisa fitoquímica. In: Leite, J.P.V. (Ed.). Fitoterapia - Bases científicas e tecnológicas. São Paulo-SP: Ed. Atheneu, p.99-118. 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Há vários séculos as plantas são consideradas fontes medicamentosas, empregadas tanto em preparações tradicionais quanto na forma de princípios ativos puros. Os fitoterápicos são medicamentos obtidos empregando-se exclusivamente matérias-primas vegetais, sem misturas com substâncias de outra origem. Dessa forma, a fitoterapia é o tratamento ou a prevenção de doenças usando preparações ou substâncias extraídas de plantas, sendo caracterizada pelo conhecimento da eficácia e dos riscos de seu uso, assim como pela reprodutibilidade e constância de sua qualidade. Entre os diversos usos das plantas medicinais, sua utilização como tônicas ou afrodisíacas ocupa lugar de destaque na medicina popular, sendo, ainda, objeto de interesse para pesquisa que busca melhor compreensão dos seus efeitos terapêuticos. No Brasil, devido à diversidade florística aliado ao reconhecido etnoconhecimento, é comum encontrar em diversas regiões, inúmeras espécies usadas pela população devido suas finalidades tônicas. Em Mato Grosso as espécies Heteropterys aphrodisiaca (nó-de-cachorro), Anemopaegma arvense (vergateza), Ouratea semiserrata (sangue-de-bugre), Bytneria melastomifolia (raiz-de-bugre) e Anemopaegma glaucum (catuaba-verdadeira) tem seu uso fortemente popularizado. Apesar da grande quantidade de plantas utilizadas no Brasil como afrodisíacas, são restritas as evidências científicas reportadas neste sentido, bem como seus possíveis efeitos deletérios. Testes experimentais e os estudos químicos e farmacológicos de compostos vegetais podem promover a indicação segura de inúmeras plantas com viabilidade ainda desconhecida para os campos da farmacologia e da produção de medicamentos. Os efeitos sobre o comportamento e desempenho sexual humano, supostamente relacionado a diferentes substâncias afrodisíacas, podem não refletir necessariamente sua real atuação. Entretanto, estudos morfofisiológicos sobre os compartimentos espermatogênico e androgênico testicular, em animais de laboratório, plausivelmente levam a melhor compreensão de seus reais mecanismos de ação. Palavras-chave: fitoterapia; uso terapêutico; plantas afrodisíacas; Heteropterys aphrodisiaca, Anemopaegma arvense; reprodução, espermatogênese. 10 Phytotherapy: the use of plants as therapeutic sources with emphasis in aphrodisiac species Abstract: The medicinal plants had always constituted an immediate and viable form of medicines for diverse diseases with few therapeutical resources, being an important source of biologically active natural products, many of which constitute themselves in models for the pharmacos synthesis. For centuries the plants are considered drug sources, used both in traditional preparations and in its form of pure active principles. The phytopharmaceuticals are medicines obtained using exclusively vegetal raw materials, without mixtures with substances of another origin. In doing so, the phytotherapy is the treatment or the prevention of illnesses using preparations or extracted substances of plants, being characterized by the knowledge of the effectiveness and the risks of its use, as well as for the reproducibility and constancy of its quality. Among the diverse uses of medicinal plants, its use as tonic or aphrodisiac occupies a place of prominence in the popular medicine, being, still, object of interest for research that pursuit a better understanding of its therapeutical effect. In Brazil, due to its floristic diversity allied to the recognized ethnoknowledge, is common to find in diverse regions, innumerable species used for the population due its tonic purposes. In Mato Grosso the species Heteropterys aphrodisiaca (nó-de-cachorro), Anemopaegma arvense (vergateza), Ouratea semiserrata (sangue-de-bugre), Bytneria melastomifolia (raiz-de-bugre) e Anemopaegma glaucum (catuaba-verdadeira) have its use strong popularized. In spite of the great amount of plants used in Brazil as aphrodisiac, is restricted the reported scientific evidences in this direction, as well as its possible deleterious effects. Experimental tests and the chemical and pharmacologic studies of vegetal composites can promote the safe indication of innumerable plants with still unknown viability for the fields of the pharmacology and the medicine production. The effects on the behavior and human sexual performance, supposedly related different aphrodisiac substances, can not reflect necessarily its real performance. However, morphological studies on the spermatogenic compartments and testicular androgenic, in laboratory animals, plausibly take the best understanding of its real mechanisms of action. Key-words: phytotherapy; therapeutical use; aphrodisiac plants; Heteropterys aphrodisiaca, Anemopaegma arvense; reproduction; spermatogenesis. 11 1. Fitoterapia e fitoterápicos É o tratamento ou a prevenção de doenças usando preparações ou substâncias extraídas de plantas. É caracterizada pelo conhecimento da eficácia e dos riscos de seu uso, assim como pela reprodutibilidade e constância de sua qualidade (Carvalho et al., 2008). Sua eficácia e segurança são validadas através de levantamentos etnofarmacológicos de utilização, documentações tecnocientíficas em publicações ou ensaios clínicos (Leite, 2009a). Fitoterápicos segundo a legislação sanitária brasileira, é todo medicamento obtido empregando-se exclusivamente matérias-primas ativas vegetais (Carvalho et al., 2008). Não se considera medicamento fitoterápico aquele que, na sua composição, inclua substâncias ativas isoladas, de qualquer origem, nem as associações destas com extratos vegetais (Leite, 2009a). 2. Histórico A história da cura investiga e ensina como a prática médica se desenvolveu desde seus primórdios e gradualmente caminhou para o sistema moderno de assistência à saúde (Leite, 2009a). A utilização de vegetais para tratamentos de doenças é uma prática mais antiga do que os tratamentos oriundos da medicina moderna (Akerele, 1983). Diversos relatos afirmam que as plantas estiveram presentes como elementos medicamentosos ao longo da história do homem. Rodrigues & Carvalho (2001) descrevem que é provável que a utilização das plantas como medicamentos seja tão antiga quanto o próprio homem e que diversas etapas marcaram a evolução da arte de curar. A prática do uso das plantas por suas propriedades terapêuticas ou tóxicas, adquiriu fundamental importância na medicina popular (Martins et al., 2003). Para Simões & Schenkel (2002) no seguimento acadêmico, a convicção da importância dos recursos naturais para o desenvolvimento vem de longa data, as plantas fazem parte da vida do homem desde seus primórdios e sua importância nos diversos estágios de desenvolvimento da sociedade é inegável. Macedo & Ferreira (2005) reportam que, os recursos naturais em especial às plantas, tem sido desde o princípio um dos elos de ligação entre o homem e a natureza, e que as pesquisas nesta área tem demonstrado que o homem pré-histórico, já utilizava plantas para amenizar os sofrimentos de males físicos que lhes acometiam. 12 Os vegetais sempre fizeram parte da vida do homem como fonte de alimento, de matéria para o vestuário, habitação, utilidades domésticas, defesa, na produção de meios de transporte, como utensílios para manifestações artísticas, culturais, religiosas e como meios restauradores da saúde (Schenkel et al., 2007). À medida que o homem foi conhecendo o uso de plantas medicinais e alimentícias, sem perceber deu origem à possibilidade de comercializá-las, pois, muitas espécies eram exclusivas de determinados continentes. Segundo Martins et al. (2003) sabe-se que, desde 2300 a.C., os egípcios, assírios e hebreus cultivavam diversas ervas e levavam em suas expedições, com estas plantas preparavam purgantes, vermífugos, diuréticos, cosméticos e especiarias para a cozinha. Os relatos mais antigos com sistematização técnica foram descritos por Hipócrates a 460-377 a.C. que reuniu em sua obra Corpus Hipocratium a síntese dos conhecimentos médicos de seu tempo, indicando para cada enfermidade, o remédio vegetal e o tratamento adequado. De acordo com Rodrigues & Carvalho (2001) no começo da era cristã, Dioscóride listou em seu tratado “De Matéria Médica” mais de 500 drogas de origem vegetal, indicando o valor terapêutico de muitas delas. Na idade média, a Europa mantinha em segredo formulações de várias porções curativas, preparadas à base de plantas medicinais. Na América do Sul, o fato mais marcante em relação ao uso de substâncias vegetais para a cura de doenças, foi a descoberta da substância Quinina pelos índios sulamericanos. Retirada da casca do caule da espécie Cinchana alisaya L. quinaverdadeira (Rubiaceae) e confirmada no século XIX por Caventou e Pelletier como eficaz no tratamento da malária a droga é até hoje, empregada para esta finalidade (Rodrigues & Carvalho, 2001). No Brasil, as práticas envolvendo plantas como medicamentos, tiveram influência dos índios que utilizavam plantas para cura de doenças, para o preparo de corantes e para ajuda na pesca (Rodrigues & Carvalho, 2001). Tais conhecimentos foram repassados entre as gerações e são praticados até os dias atuais (Macedo & Ferreira, 2005). Duas outras fontes contribuíram para o enriquecimento sobre o uso das plantas como fontes terapêuticas no Brasil, inicialmente, a Europa que, por influência dos primeiros padres em 1579, formulavam receitas a base de plantas européias para o tratamento de doenças e disseminaram no Brasil inúmeras ervas originárias daquele continente e a África, em função da vinda dos escravos (Martins et al. 2003). Diversas ervas passaram a fazer parte do elenco de plantas medicinais usadas pela população do nosso país (Rodrigues & Carvalho, 2001). 13 3. Uso terapêutico A flora medicinal possui potencial terapêutico importante e tem sido fonte para obtenção de medicamentos amplamente difundidos na população. Há vários séculos as plantas são consideradas fontes medicamentosas, empregadas tanto em preparações tradicionais quanto na forma de princípios ativos puros (Pitman, 1996). Segundo Lapa et al. (2007), as plantas medicinais sempre constituíram uma forma imediata e viável de medicamentos para diversas enfermidades com poucos recursos terapêuticos, sendo fonte importante de produtos naturais biologicamente ativos, muitos dos quais se constituem em modelos para a síntese de grande número de fármacos. De uso quase exclusivo na terapêutica medicamentosa até por volta de 1950, os remédios vegetais foram lentamente substituídos nas farmácias por medicamentos contendo as substâncias ativas deles extraídas ou seus derivados sintéticos. Em consequência, poucas plantas medicinais foram estudadas segundo protocolos mais modernos. A maioria das informações disponíveis remonta à década de 50, obsoletas, portanto, frente ao estado atual do conhecimento científico. Corrêa et al. (2000) reportam que a Medicina enquanto ciência surgiu há muitos anos, e que o século XVII, em particular, foi aquele que abriu as portas para o conhecimento científico da medicina. Embora a arte da cura tenha sido refinada, as plantas continuaram a ocupar posição de destaque, o que permaneceu como padrão até o século XX, sendo que até 1930 cerca de 90 % dos medicamentos oficiais eram de origem vegetal. O advento da Revolução Industrial proporcionou a produção em larga escala de vários tipos de produtos, incluindo os medicamentos. Na nascente indústria farmacêutica, era grande o interesse pelas plantas medicinais, estudando-se sua composição e os efeitos farmacológicos de seus distintos constituintes. A fitoterapia tende a se apresentar como uma forma bastante vantajosa de tratamento e que está, nos dias de hoje, voltando a ser um método terapêutico muito procurado, a exemplo do que era feito antes do aparecimento profuso dos medicamentos alopáticos. Nos últimos anos, tem-se observado um crescente interesse no aproveitamento de fontes naturais, particularmente no que se refere ao uso das plantas para fins terapêuticos (Ribeiro & Moura, 2009). Os medicamentos fitoterápicos são preparações padronizadas contendo extratos de plantas, comercializados em países desenvolvidos e em desenvolvimento, são preparados com substâncias ativas presentes na planta como 14 um todo, ou em parte dela, acredita-se que a ação farmacológica desses produtos envolva a interação de várias moléculas presentes no extrato (Lapa et al., 2007). Utilizadas inicialmente de forma empírica, fruto do conhecimento repassado entre gerações, as plantas medicinais tornaram-se alvos para o interesse das pesquisas científicas, aliando, assim, diferentes percepções sobre esse instrumento terapêutico (Leite, 2009). O consumo de medicamentos fitoterápicos tem aumentado considerávelmente nas últimas duas décadas em todo o mundo. Nos dias de hoje, representam uma das alternativas entre as diversas fontes de insumos necessários à existência da sociedade, tendo como principal vantagem o fato de ser uma fonte renovável e, grande parte, controlável pelo homem (Schenkel et al., 2007). Segundo Capasso et al. (2000), entre as diversas razões que justificam o aumento do consumo bem como o interesse da população pelos medicamentos produzidos com materias-primas vegetais, destacam-se: 1- a preferência dos consumidores por terapias naturais; 2 - a tendência da população em acreditar que os medicamentos fitoterápicos podem ser eficazes nos tratamentos de doenças quando os medicamentos sintéticos têm falhado; 3 - o aumento na prática da automedicação, somado ao interesse crescente da população pelos tratamentos alternativos; 4 - a existência, ainda que restrita, de estudos científicos de alguns produtos fitoterápicos comprovando sua eficácia clínica, segurança, bem como a melhoria no controle de qualidade dos mesmos; e 5 - custos mais acessíveis dos medicamentos fitoterápicos em detrimento aos correspondentes alopáticos. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que aproximadamente 80 % da população existente nos países em desenvolvimento em função principalmente da falta de recursos, tem como fonte primária para o tratamento de doenças a medicina popular (Lapa et al., 2007). Em países desenvolvidos há uma tendência crescente dos profissionais da saúde em associar de forma complementar, tratamentos alternativos a métodos da medicina convencional (Khan, 2006) potencializando os efeitos terapêuticos. Segundo Ribeiro & Moura (2009), o que impulsiona o consumo de fitoterápicos é o notável aumento do volume de informação produzida, ou seja, da literatura sobre plantas medicinais e fitoterápicos. Neste sentido, Craab (2004) relata que o mercado mundial de fitoterápico movimenta um volume estimado de US$ 23 bilhões por ano. Somente nos Estados Unidos, o crescimento no consumo de produtos 15 fitoterápicos entre 1997 e 2002 foi de aproximadamente 50 % (Trindle et al., 2005). No Brasil não existe um banco de dados oficial atualizado, calcula-se que as transações envolvendo produtos fitoterápicos sejam de aproximadamente US$ 160 milhões por ano. Entretanto, ao longo de toda a cadeia produtiva acredita-se que o setor movimente no país, cerca de R$ 1 bilhão anualmente (Carvalho et al., 2008). Os medicamentos fitoterápicos surgem como uma forte tendência e de abrangência mundial. O Brasil é o país com a maior diversidade genética vegetal com cerca de 45.000 espécies catalogadas, equivalente a 18 % do total mundial (Martins & Figueiredo, 2009). Devido o seu grande estoque de recursos vegetais, é possível que o país se torne cada vez mais um mercado promissor quanto à produção e comercialização de fitoterápicos, atraindo investimentos para a área e revelando números ainda mais expressivos do ponto de vista econômico. A Organização Mundial de Saúde (OMS) tem encorajado o estudo de plantas conhecidas tradicionalmente, com a esperança de obter os benefícios terapêuticos de forma segura (Almassy Jr., 2000). Para o desenvolvimento de medicamentos fitoterápicos, a exigência de estudos pré-clínicos e clínicos assemelha-se ao de uma droga isolada ou sintetizada. No entanto, o fato de uma planta já ser utilizada por várias gerações para o tratamento de determinada patologia, direciona a pesquisa de forma mais eficiente quando comparada com a pesquisa que parte de um composto sem indicação prévia de uso (Leite, 2009b). As pesquisas com espécies vegetais devem receber apoio para realização adequada de seus estudos, pois além do fator econômico, há de se destacar a importância para a segurança nacional e a preservação dos ecossistemas onde existam tais espécies (Martins at al., 2003). O uso de plantas medicinais tem sido muito significativo nas últimas décadas. Segundo a Organização Mundial de Saúde dos 80 % da população mundial que fizeram uso de remédios à base de plantas, pelo menos 30 % deu-se por indicação médica. São muitos os fatores que vêm colaborando para o desenvolvimento de práticas de saúde que incluam plantas medicinais, principalmente econômicos e sociais (Martins et al., 2003). A aceitação e a confiança popular nos produtos naturais, associado ao alto custo dos remédios alopáticos e à grande dificuldade da população de baixa renda em obter assistência médica e farmacêutica, estão impulsionando o processo de utilização de plantas medicinais (Schenkel et al., 2007). Segundo Lapa et al. (2007), é notório que no Brasil, bem como em outros países em desenvolvimento, as plantas medicinais e os fitoterápicos delas obtidos sejam muito utilizados no tratamento de doenças. No entanto, 16 poucos desses produtos foram estudados de acordo com protocolos científicos modernos, incluindo o monitoramento biológico em roedores e primatas. A quase totalidade dos fitoterápicos produzidos com plantas nativas está fundamentada apenas no uso popular, sem comprovação científica da eficácia e segurança de uso. Podem-se classificar alguns fitoterápicos disponíveis no mercado como nacionais, como aqueles a base de maracujá, espinheira santa, quebra-pedra, marcela e guaraná, entre outros. Contudo, todos eles carecem de alguma(s) da(s) etapa(s) de avaliação necessária(s) para torná-los competitivos no mercado farmacêutico (Simões & Schenkel, 2002). O controle de qualidade apropriado e estudos para avaliar eventual toxicidade de seus componentes, são etapas importantes de investigação para a produção de fitoterápicos. A qualidade das drogas vegetais no mercado depende, em grande parte, do sistema em que são produzidas. Em todo o Brasil, parte significativa das drogas vegetais disponíveis tem qualidade inferior ao mínimo desejável, ocasionando problema que incluem a contaminação microbiológica ou por insetos, perfil fitoquímico alterado e a identificação botânica incerta (Martins & Figueiredo, 2009). Apesar do uso consagrado e crescente de plantas medicinais por uma parcela significativa da população (Trentini, 1997), há consenso que, das milhares de espécies medicinais da flora brasileira, uma das mais ricas do mundo, os estudos científicos que abordam esse tema são ainda restritos em nosso país (Ferreira, 1998). O uso de produtos naturais na síntese de substâncias bioativas é uma estratégia promissora e poderá ser empregada na produção de fármacos (Schenkel et al., 2007), podendo tornar os tratamentos medicinais muito mais baratos e acessíveis (Leite, 2009). Atualmente, o custo para desenvolver medicamentos sintéticos ou semisintéticos é muito elevado e tem-se mostrado pouco frutífero. Martins et al. (2003) destacam que os estudos com plantas medicinais, via de regra, originam medicamentos em menor tempo, com custo muitas vezes inferior e, consequentemente mais acessíveis. Em geral, à população encontra muita dificuldade em função da baixa condição financeira em ter acesso a medicamentos para atendimento das necessidades primárias de saúde. O preço elevado desses produtos, na maioria das vezes, está associado à importação de materias-primas utilizadas na fabricação dos medicamentos. Por esses motivos ou pela deficiência da rede pública de assistência primária de saúde, cerca de 80 % da população brasileira não têm acesso aos medicamentos ditos essenciais (Martins et al., 2003). 17 É inegável, portanto, que a maioria da população de baixa renda recorra às plantas medicinais como único lenitivo para seus males (Lapa et al., 2007). Estudo do consumo de medicamentos no Brasil revela que no ano de 1992, o consumo médio per capita foi de 20 dólares. Com esta soma irrisória é possível adquirir, por exemplo, antibiótico para tratamento de um adulto por quatro dias (Lapa et al., 2007). As estimativas de 1997 a 2000 colocam o mercado brasileiro em sétimo lugar do mundo com vendas que correspondem a 61 dólares per capita/ano. Apesar disto, as estatísticas não mostraram aumentos das unidades de produtos vendidos em relação ao período anterior. A interpretação desses dados evidencia que o comércio de medicamentos, no Brasil, atende apenas a faixa da população economicamente ativa (cerca de 30 %), supondo-se que o restante 130 milhões utilizem produtos de vendas não-registradas para minorar suas dores e corrigirem distúrbios funcionais de fácil percepção (Lapa et al., 2007). É neste contexto social que as plantas medicinais e os fitoterápicos adquirem importância como agentes terapêuticos e, por isso, devem ser prioritariamente analisados segundo os métodos modernos disponíveis. O resgate do uso de fitoterápicos pode e deve estar aliado aos avanços das pesquisas científicas. Segundo Farnsworth (1990) considerando-se a riqueza florística e a diversidade de substâncias fitoquímicas encontradas em cada espécie vegetal, presume-se que muito mais drogas poderão ser encontradas se as pesquisas forem realizadas de maneira lógica e sistemática. Akerele (1993) afirma que drogas derivadas de plantas têm lugar de destaque tanto na medicina tradicional quanto na medicina moderna, sendo estas, em alguns casos, o único recurso disponível para a população carente de várias partes do mundo. Desta forma, o conhecimento sobre o uso terapêutico seguro de maior variedade de plantas medicinais toma grande importância, uma vez que mais da metade dos habitantes do planeta vivem em estado de carência (Almassy Jr., 2000). O conhecimento e o uso de plantas medicinais estão claramente visíveis na população, principalmente em comunidades onde hábitos e costumes tradicionais são conservados e repassados entre as gerações. Entretanto, este saber prático a respeito da viabilidade terapêutica das plantas, não é suficiente para incorporação dos produtos delas retirados, como medicamentos. Por outro lado, Martins et al. (2003), relatam que as plantas medicinais, quando avaliada a sua eficiência terapêutica e a toxicologia, dentre outros aspectos, estão aprovadas para serem usadas pela população nas suas necessidades básicas de saúde, em função da facilidade de acesso, do baixo custo e da 18 compatibilidade cultural com as tradições populares. Uma vez que as plantas medicinais são classificadas como produtos naturais, a lei permite que sejam comercializadas livremente, bem como cultivadas por aqueles que disponham de condições mínimas necessárias. Lapa et al. (2007) ressaltam que, entre os adeptos da fitoterapia, é comum o pensamento equivocado de que as plantas medicinais de uso tradicional já foram testadas e homologadas pelo seu uso prolongado na própria espécie humana. Por isto, seriam remédios eficazes e seguros, naturalmente balanceados sem os efeitos colaterais comuns aos produtos sintéticos, não necessitando, portanto, da avaliação exigida para este tipo de medicamento. Nas camadas sociais menos privilegiadas, o consumo de plantas milagrosas é estimulado pela propaganda comercial agressiva. Nas camadas mais privilegiadas, que gozam de facilidades sanitárias e pronto atendimento médico, a crença também é explorada como moda naturalista, muitas vezes prestigiada por movimentos sociais ecológicos, idealistas e de boa penetração (Lapa et al., 2007). Entretanto, diversos fatores devem ser motivos de preocupação quando se utiliza produtos de origem vegetal para o tratamento de saúde, alguns deles merecem destaque: 1 – a falta de padronização quanto à nomenclatura popular, pode ser motivo de equívoco quanto ao uso de plantas. Uma mesma espécie vegetal pode receber diferentes nomes populares, assim como diferentes espécies podem receber o mesmo nome comum, dependendo da região inventariada; 2 – as concentrações dos compostos químicos das espécies podem ser diferentes, dependendo essencialmente do tipo de solo onde a planta se encontra, além de alterações que podem ocorrer em função das condições de manejo nos processos de coleta, secagem, armazenamento e preparo; 3 – os nomes usados para definição de muitas doenças segundo o conhecimento popular, muitas vezes não são equivalentes com a terminologia médica, como é amplamente visto na literatura; 4 – existe, ainda, uma dificuldade muito grande de se eliminar o efeito placebo. A crença sobre a possibilidade de cura de algumas plantas ou os extratos delas obtidos, podem causar em usuários a falsa sensação de melhora de alguns quadros clínicos, sem a resolução definitiva da patologia. Por outro lado, as doenças psicossomáticas são comprovadamente influenciadas pelo efeito placebo de substâncias incapazes de agir como medicamentos. 19 Em países como o Brasil, o conhecimento de medicamentos alternativos, como os fitoterápicos, tomam proporções de importância social. A ampla aceitação desses medicamentos fundamenta-se na tendência ao uso de produtos naturais como sendo mais saudáveis, ou seja, menos agressivos ao organismo. Segundo Lapa et al. (2007), a idéia primordial da indicação do uso de fitoterápicos na medicina humana, não deverá ser a substituição de medicamentos registrados e já comercializados, mas sim, aumentar a opção terapêutica dos profissionais de saúde, ofertando medicamentos equivalentes, também registrados, talvez mais acessíveis e com espectros de ação mais adequados. Objetivos não menos importantes, seria a valorização do etnoconhecimento e das tradições populares. Devido à falta de comprovações fundamentadas da ação de determinados fitoterápicos, sua aplicação terapêutica deve ser considerada sem menosprezar, porém os possíveis efeitos indesejáveis da utilização destes produtos. Muitas plantas possuem princípios ativos tóxicos e que podem, principalmente, pela ingestão indiscriminada, acarretar dentre vários problemas, alterações sanguíneas, dependência, intoxicação, envenenamento e até a morte (Fisch et al., 1978; Salazar-Schettino, 1983; Linden et al., 1985; Bogart et al., 1986; Forsyth & Moulden, 1991; Polettini et al., 1992; Marcovigi et al., 1995; Karras et al., 1996; Siddiqui et al., 1996; Stambach et al., 1997; Lee et al., 1999; Ruck et al., 1999; El-Thaer et al., 2001). Embora se registre um aceno positivo da comunidade científica quanto às potencialidades das plantas medicinais, há também consenso que, os estudos específicos que abordam esse tema são ainda restritos, o que dificulta a avaliação mais detalhada e segura dos efeitos das substâncias presentes na maioria dos fitoterápicos comercializados e utilizados pela população. O Brasil, com exceção dos EUA, possui a maior base universitária das Américas, os cientistas das universidades brasileiras publicam em revistas de grande impacto, o sistema de pós-graduação serve como modelo para outros países, há uma inegável capacitação científica na área, muitas patentes que geraram medicamentos, comercializados por empresas multinacionais tiveram origem em universidades brasileiras, temos a maior biodiversidade e estoque vegetal do planeta. Entretanto, a exemplo do que ocorre com a produção de medicamentos sintéticos, mesmo com estas condições, o país corre o risco, de tornar-se importador de matérias-primas vegetais e reprodutor de formulações fitoterápicas (Simões & Schenkel, 2002). 20 Um número significativo de espécies de plantas ou os extratos delas obtidos são comercializados livremente tanto no comércio formal, quanto no comércio informal em casas de produtos naturais e ervanários. Entretanto, apesar do potencial terapêutico dos produtos extraídos de centenas de espécies vegetais pertencentes à flora brasileira e consumidas pela população, pouco se sabe sobre seus verdadeiros efeitos, pois as certificações esbarram na falta de estudos conclusivos que sustentem a eficácia dessas substâncias no tratamento de doenças ou eficazes em processos dolorosos. No Brasil, o uso de produtos vegetais está fortemente inserido no hábito popular, principalmente em comunidades onde o uso de plantas como fonte direta de medicamentos é uma prática cotidiana. Trabalhos etnobotânicos registram este saber (Correa, 1984; Pott & Pott 1994; Guarim Neto, 1996, Rodrigues & Carvalho 2001; Lorenzi & Matos, 2002; Martins et al., 2003) sendo descritos para algumas plantas, as formas de uso adotadas pelo etnoconhecimento para o aproveitamento dos recursos vegetais no campo terapêutico. O tratamento de doenças com recursos vegetais, sempre teve presente como hábito popular, que, por dificuldades econômicas ou por aceitação dos remédios a base de plantas, garante o consumo desses produtos de forma continuada em todas as classes sociais do Brasil. Neste sentido, há uma oferta cada vez maior de produtos contendo substâncias ou compostos de diversas espécies vegetais, e que nos últimos anos tem despertado, ainda que timidamente, o interesse da comunidade científica brasileira em propor estudos visando avaliar seus efeitos como agentes terapêuticos. Pesquisadores da área de produtos naturais mostram-se impressionados pelo fato dessas sustâncias encontradas na natureza, revelarem uma enorme diversidade em termos de estrutura e de propriedades físico-químicas e biológicas (Wall & Wani, 1996). Em vários Estados brasileiros como Pará, Goiás, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Minas Gerais entre outros, ocorre uma acentuada difusão do uso das plantas medicinais. No Estado de Mato Grosso, diante da riqueza florística e do etnoconhecimento presentes nas regiões de Cerrado do Pantanal e da Amazônia, não é raro a atribuição medicinal a um grande elenco de plantas (Correa, 1984; Pott & Pott, 1994; Guarim Neto, 1996). Segundo Macedo & Ferreira (2005), O Estado de Mato Grosso possui diversas comunidades tradicionais, “indígenas, ribeirinhas, quilombolas e populações contemporâneas” em áreas de Cerrado e de Pantanal, que utilizam plantas medicinais mediantes os conhecimentos populares legado dos seus ancestrais. 21 4. Plantas afrodisíacas Entre os diversos usos das plantas medicinais, sua utilização como tônicas ou afrodisíacas ocupa lugar de destaque na medicina popular, sendo objeto de interesse para pesquisa que busca melhor compreensão dos seus efeitos terapêuticos. As plantas afrodisíacas sempre estiveram presentes no imaginário popular em várias partes do mundo. Neste sentido, há grande interesse por consumo de produtos afrodisíacos obtidos de inúmeras espécies vegetais com indicação de preparo das mais diversas formas, utilizando folhas, cascas, caules rizomas e raízes. Algumas espécies vegetais utilizadas como afrodisíacos já foram estudadas: Salvia haematodes (Islam et al., 1991), Catha edulis (Taha et al., 1995), Trichopus zeylanicus (Subramoniam et al., 1997), Hibiscus macranthus e Basella alba (Moundipa et al., 1999), Turnera diffusa e Pfaffia paniculata (Arletti et al., 1999), Tribulus terrestris (Adaikan et al., 2000), Cynomorium coccineum (Abdel-Magied et al., 2001) e Lepidium meyenii (Zheng et al., 2000; Cicero et al., 2002; Gonzales et al., 2001; Gonzales et al., 2002), Rubus coreanus (Sook Oh et al., 2007), Fadogia agrestis (Yakubu et al., 2008a) e Massularia acuminata (Yakubu et al., 2008b). No Brasil, devido à disponibilidade florística aliada ao conhecimento popular, é comum encontrar em diversas regiões, inúmeras espécies usadas pela população devido suas finalidades tônicas. No Estado de Mato Grosso as espécies Heteropterys aphrodisiaca (nó-de-cachorro), Anemopaegma arvense (vergateza) Ouratea semiserrata (sangue-de-bugre), Bytneria melastomifolia (raiz-de-bugre) e Anemopaegma glaucum (catuaba-verdadeira) tem seu uso fortemente popularizado. Produtos contendo substâncias dessas espécies são muito difundidos e consumidos habitualmente pela comunidade local, como energéticos e estimulantes (Pott & Pott, 1994). Em diversas cidades brasileiras, existem casas de comercialização de produtos naturais, sendo comum encontrarem nestes locais seções específicas destinadas à comercialização de plantas ou princípios delas extraídos relacionadas à ação afrodisíaca. Geralmente, o conhecimento relatado sobre a eficácia, modo de preparo e dosagem, vem de comunidades tradicionais que, ao longo dos anos, fazem uso dessas espécies e as indicam como forma de melhorar, especialmente no sexo masculino, o desempenho sexual. O uso popular de diversas substâncias pode oferecer indicativos para experimentações científicas envolvendo produtos naturais que vêm, há muito tempo, 22 sendo consumidos pela população. Sandroni (2001) relata que, substâncias afrodisíacas podem ser de origem animal ou vegetal, e têm sido utilizadas na medicina popular nas mais diferentes culturas, algumas delas sendo identificadas farmacologicamente. Os árabes utilizam a ambreína, para aumentar a libido, sendo esta droga responsável pelo aumento da concentração de vários hormônios hipofisários e da testosterona sérica. Já na Índia, existem relatos da ingestão de secreções cutâneas do sapo Bufo sp. em busca dos efeitos afrodisíacos da bufotenina, mesmo com o risco da ingestão de outros bufodienolídeos considerados alucinógenos. O aumento da performance física, incluindo a sexual, vem sendo atribuído ao Panax ginseng (ginseng) por pesquisadores chineses (Chen & Lee, 1995; Chen, 1996; Gillis, 1997; Kim et al., 1998, Nocerino et al., 2000). O ginseng atua como antioxidante pelo aumento na síntese de óxido nítrico no endotélio de muitos órgãos, incluindo os corpos cavernosos (Sandroni, 2001). A cantaridina, derivada do coleóptero cantárida, vem sendo utilizada há milênios na Ásia como estimulante sexual, atuando como inibidor da atividade da fosfodiesterase e fosfatase e estimulando β-receptores, induzindo a congestão vascular (Sandroni, 2001). A ingestão de besouros vivos (Palembus dermestoides) no sudeste da Ásia pode ter uma relação com a cantaridina, assim como a ingestão de triatomíneos no México, onde têm sido relatados casos de doença de Chagas, relacionados à contaminação por tripanosomas presentes nos Triatomíneos (Salazar-Schettino, 1983). Os efeitos da espécie vegetal Eurycoma longifolia têm sido avaliados na Malásia (Ang & Sim, 1997; 1998a; 1998b; Ang et al., 2000; Ang & Cheang, 2001; Ang & Ngai, 2001; Ang et al., 2001) com resultados positivos na estimulação sexual, atuando como afrodisíaco. Na Jordânia, El-Thaer et al. (2001) testaram em ratos, com efeito positivo, a função erétil do óleo de sementes de Ferula harmonis. No Sri Lanka, Ratnasooriya & Dharmasiri (2002) analisaram o potencial afrodisíaco das sementes de Terminalia catappa (sete-copas) no comportamento sexual e fertilidade de ratos, concluindo que, além do efeito esperado, o extrato pode ser usado também em outras formas de disfunção sexual, como a ejaculação precoce. No Brasil, apesar da grande quantidade de plantas utilizadas como afrodisíacas, pouco se sabe sobre sua ação e toxicologia, inclusive aquelas mais popularmente conhecidas e consumidas por um grande número de pessoas. A maioria dessas espécies, em função da ação tônica preconizada pela medicina tradicional, faz parte do imaginário popular. Embora todo o enfoque positivo dado às plantas indicadas para a reprodução, é restrito as evidências científicas reportadas neste sentido, bem como seus possíveis 23 efeitos deletérios. Entretanto, inúmeros produtos contendo substâncias vegetais são atualmente comercializados com esta finalidade. Testes experimentais e os estudos químicos e farmacológicos de compostos vegetais podem promover a indicação segura de inúmeras plantas com viabilidade ainda desconhecida para os campos da farmacologia e da produção de medicamentos. O interesse da indústria farmacêutica na produção de drogas com aplicabilidade na reprodução especialmente as masculinas, tem levado à pesquisa e desenvolvimento de medicamentos alopáticos, que são colocados no mercado a preços muitas vezes fora do alcance de grande parte da população. Dentre essas drogas, destacam-se o Pasuma (Kunzfeld, 1966), o Afrodex (Miller, 1968), o Potensan Forte (Cooper et al., 1973), o Afrodor 2000 (Baumbusch et al., 1995), o Ardorare ou Eresom (Eskeland et al., 1997), o Viagra (Kloner, 1998), o Uprima (Hafez & Hafez, 2004), o Levitra (Scheen, 2003; Gaines, 2004) o Cialis (Gaines, 2004). Neste contexto, a fitoterapia mostra-se como fonte viável de estudos de matérias-primas vegetais, para descoberta de produtos com potencial terapêuticos, talvez mais acessíveis à população. Existem indicativos que justificam o interesse para produção de drogas aplicáveis à reprodução masculina humana e segundo Aitken (1999), há não somente uma forte indicação de declínio da contagem de espermatozóides, mas também uma grande evidência da diminuição da competência funcional da produção espermática humana. O mesmo autor relata que, alterações morfológicas e funcionais nos espermatozóides humanos podem chegar a 85 % do ejaculado, estando diretamente relacionadas com a mais alta perda gestacional e má-formação embrionária observadas entre os vertebrados vivíparos. O uso de produtos naturais como matéria-prima para a síntese de substâncias bioativas, especialmente fármacos, tem mostrado sua viabilidade. Um exemplo marcante é representado pelo trabalho de Russell E. Marker sobre a síntese de hormônios esteroides, progesterona a partir do uso de saponinas isoladas de uma planta do altiplano mexicano, conhecida como cabeça de negro (Dioscorea macrostachya Bent.), que contem diosgenina. Este trabalho foi determinante para o desenvolvimento de esteroides e contribuiu significativamente para a descoberta subsequente da pílula contraceptiva feminina (Barreiro et al., 2007). 24 5. Heteropterys aphrodisiaca (nó-de-cachorro) A primeira descrição da espécie foi realizada por Hoehne, em 1920, quando afirmou que a raiz desta planta possuia a fama de produto estimulante e com propriedades afrodisíacas. Esta espécie pertence à família botânica Malpighiaceae segundo classificação de Othon Machado em 1949, sendo chamada de Heteropterys aphrodisiaca (Correa, 1984). A espécie ocorre em regiões de Cerrado dos Estados de Mato Grosso, Goiás, São Paulo e Minas Gerais. Geralmente, a população usa as raízes como tônico ou estimulante (Correa, 1984; Pott & Pott, 1994; Guarim Neto, 1996). Do ponto de vista etnobotânico H. aphrodisiaca, (Figura 1) é um dos mais famosos afrodisíacos do Centro-Oeste brasileiro. É largamente utilizada, conhecida popularmente com os nomes de nó-de-cachorro, raiz-de-Santo-Antônio e cordão-deSão-Francisco, é uma planta arbustiva com cerca de 0,6 a 2,0m de altura, possuindo raízes com partes engrossadas e nós (Pott & Pott, 1994; Guarim Neto, 1996). A triagem fitoquímica do extrato da planta detectou a presença de glicosídeos flavonoides, saponinas, taninos, glicosídeos aromáticos e substâncias antracênicas (Galvão et al., 2002; Marques et al., 2007). Figura 1 – Heteropterys aphrodisiaca (nó-de-cachorro). A: raízes com partes engrossadas e nós; e B: estruturas reprodutivas da planta. Estudos de controle farmacognóstico das raízes de H. aphrodisiaca, apontaram que a água foi o melhor extrator das substâncias presentes nas raízes de “nó-decachorro”, no que se refere ao teor de sólidos extraíveis, demonstrando a presença de 25 substâncias de alta polaridade em grande quantidade nas raízes deste vegetal (Marques et al., 2007). Rizzini (1983) descreve que a raiz de H. aphrodisiaca possui propriedades estimulantes e faz parte de um grande elenco de espécies da flora brasileira com elementos psicoativos. A espécie Paullinia cupana (guaraná) família Sapindaceae, tem sido amplamente usada como planta energética e tônica em muitas regiões do Brasil, como nos Estados do Amazonas, Acre, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, e tem despertado interesse de diversos pesquisadores (Galduróz & Carlini, 1994; Espinola et al., 1997; Mattei et al., 1998). Segundo Marques et al. (2007), a presença de substâncias do tipo saponinas deve ser notada, pois, correspondem a uma das classes mais intrinsecamente relacionadas aos reputados efeitos adaptógenos, como ocorrem com as saponinas presentes nas espécies Panax ginseng (ginseng coreano) e Pfaffia glomerata (ginseng brasileiro). Guarim Neto (1996), em seus estudos etnobotânicos realizados em 25 cidades do Estado de Mato Grosso, relata que o chá preparado com as raízes de H. aphrodisiaca é empregado como depurativo do sangue, dentre outras indicações. Entretanto, o emprego mais difundido é sob a forma de garrafadas, tidas como afrodisíacas. 6. Anemopaegma arvense (vergateza) É uma espécie arbustiva da família Bignoniaceae da qual se utilizam extratos da casca, da folha e da raiz com fins medicinais, pode ser encontrada em diversas regiões de Cerrado (Figura 2). A. arvense é conhecida popularmente com os nomes de alecrim do campo, catuaba, catuabinha, catuíba, catuaba-pau, caramuru, tatuaba, piratançara, marapuama do cerrado, verga-teso, vergateza e pau-de-resposta. Seus constituintes são a catuabina (substância amarga), aromáticos, resinas, taninos e alcaloides similares à atropina (Lorenzi & Matos, 2002). O uso da espécie é sob a forma de chá, sendo o mesmo utilizado para a catuaba arbórea (Trichilia catigua) (Coimbra, 1942; Conceição, 1982; Almeida, 1993). As raízes da A. arvense são preconizadas na medicina popular para preparações afrodisíacas, indicadas contra impotência sexual, como tônico poderoso, como energético e estimulante do sistema nervoso, sendo utilizadas também contra insônia e falta de memória (Lorenzi & Matos, 2002). 26 Figura 2 – Exemplares de Anemopaegma arvense (vergateza). A: estrutura geral da planta (Lorenzi & Matos, 2002); e B: ramos evidenciando estrutura reprodutiva. Neste sentido, Lorenzi & Matos (2002) sugerem que o amplo emprego de espécies vegetais nas práticas caseiras da medicina popular e no hábito do povo, são motivos suficientes para suas escolhas como temas de estudos fitoquímicos, farmacológicos e clínicos. Desta forma, em função da comercialização indiscriminada de produtos contendo extratos ou essências de espécies vegetais, pelo forte indicativo das potencialidades das plantas do Cerrado como fontes alternativas de medicamentos e não menos importante, pela valorização do etnoconhecimento, torna-se necessário o estudo dos seus componentes visando avaliar possíveis efeitos sobre a fisiologia reprodutiva, particularmente sobre os testículos. 7. Testículo Os testículos são órgãos com funções exócrina e endócrina, geralmente localizado no escroto e envolvido por espessa cápsula de tecido conjuntivo, a albugínea testicular. Esta túnica, de maneira variada nas diferentes espécies de mamíferos, emite septos para o interior do órgão até a região do mediastino testicular, dividindo o testículo em lóbulos (França & Russell, 1998; Paula et al., 2002). Funcionalmente, o testículo dos mamíferos pode ser dividido em dois compartimentos principais: o compartimento intertubular ou intersticial, também 27 chamado de espaço intertubular, e o tubular, formado por túbulos seminíferos (Russell et al., 1990). Com exceção das células germinativas que se originam do epiblasto, a maioria das células somáticas constituintes dos testículos é procedente dos ductos mesonéfricos e do epitélio celomático (Karl & Capel, 1998; Merchant-Larios & Moreno-Mendoza, 1998). Os componentes do compartimento intertubular são as células de Leydig, vasos sanguíneos e linfáticos, nervos, e uma população celular variável constituída principalmente de fibroblastos, macrófagos e mastócitos (Russell et al., 1990; Setchell, 1991). Apesar de existir grande variação entre as diversas espécies quanto à proporção volumétrica dos diferentes componentes do compartimento intertubular (Fawcett et al., 1973; França & Russell, 1998; Godinho, 1999), a célula de Leydig é o tipo celular mais frequente neste compartimento. Assim, o percentual ocupado por elas nos testículos de animais sexualmente maduros no período reprodutivo pode variar de aproximadamente 1 % em carneiros até cerca de 35 % em capivaras (França & Russell, 1998; Paula et al., 2002). O compartimento dos túbulos seminíferos constitui a maior parte do testículo, ocupando de 70 a 90 % do parênquima testicular na maioria dos mamíferos até agora estudados (França & Russell, 1998; Godinho, 1999). Estes túbulos formam alças bastante contorcidas, as quais possuem suas duas extremidades conectadas à rede testicular, que se encontram localizadas numa região bastante rica em vasos e tecido conjuntivo, denominada mediastino testicular. A partir desta região, a rede testicular encontra-se conectada ao epidídimo por ductos eferentes. Os túbulos seminíferos são constituídos por túnica própria, epitélio seminífero e lume tubular. A túnica própria reveste o túbulo externamente, sendo composta de células mióides ou peritubulares, e membrana basal. No epitélio seminífero são encontrados duas linhagens celulares de origem embriológica distintas: as células germinativas originárias do epiblasto e as células de Sertoli provenientes do epitélio celomático (Karl & Capel, 1998). Juntamente com as células mióides, as células de Sertoli elaboram a membrana basal que serve de suporte estrutural para a própria célula de Sertoli e para as células germinativas que se encontram na porção basal do epitélio seminífero. As células de Sertoli, através de junções de oclusão, dividem o epitélio seminífero em dois compartimentos: o basal, onde se localizam as espermatogônias e os espermatócitos primários na fase inicial da prófase meiótica (pré-leptótenos e leptótenos), e o adluminal, no qual se encontram os espermatócitos primários a partir da fase de zigóteno, os espermatócitos secundários e as espermátides. Desta forma, o compartimento adluminal está totalmente sob controle das células de Sertoli, 28 propiciando um micro-ambiente isolado e imunoprivilegiado, essencial para o desenvolvimento do processo espermatogênico (Russell et al., 1990; Setchell, 1991; Poccia, 1994; Sharpe, 1994). No lume tubular encontram-se os espermatozóides recémespermiados e o fluido secretado pelas células de Sertoli. Existe grande variação no número e nas dimensões (diâmetro e comprimento) dos túbulos seminíferos nas diferentes espécies de mamíferos (França & Russell, 1998). No suíno doméstico, por exemplo, existem de várias centenas a alguns poucos milhares de túbulos seminíferos por testículo e aproximadamente 3000 metros de túbulos no total (França & Russell, 1998). De maneira geral, o valor observado para o diâmetro tubular na grande maioria das espécies de mamíferos está em torno de 180 a 300 µm (RoosenRunge, 1977). 8. Espermatogênese A espermatogênese é um processo altamente complexo e bem organizado, que ocorre nos túbulos seminíferos e dura cerca de 40 a 60 dias na maioria dos mamíferos (França & Russell, 1998; França et al., 1998; Godinho, 1999). Baseado em características morfológicas e funcionais, o processo espermatogênico pode ser dividido em três fases: 1) fase proliferativa ou espermatogonial, caracterizada por várias e sucessivas divisões mitóticas dos diferentes tipos de espermatogônias; 2) fase meiótica ou espermatocitogênica, na qual ocorre à duplicação do DNA, a recombinação gênica e duas divisões, uma reducional e outra equacional que resultam na formação de uma célula haplóide denominada espermátide; e 3) fase de diferenciação ou espermiogênica, onde as espermátides arredondadas passam por drásticas alterações morfológicas e funcionais, como a formação do acrossoma e do flagelo, e a condensação nuclear, resultando numa célula altamente especializada, o espermatozóide (Russell et al., 1990; Sharpe, 1994). Nos túbulos seminíferos, as células germinativas não estão organizadas ao acaso e sim em associações celulares distintas, denominadas estádios, que se sucedem com o tempo, de maneira bastante ordenada, formando o ciclo do epitélio seminífero. Os estádios do ciclo podem ser classificados pelo método da morfologia tubular (Berndtson, 1977; França & Russell, 1998) e pelo método do sistema acrossômico (Leblond & Clermont, 1952; Russell et al., 1990). No primeiro caso, oito estádios do ciclo são obtidos para todas as espécies, enquanto pelo sistema acrossômico o número 29 de estádios classificados é variável para cada espécie. A duração do ciclo do epitélio seminífero é uma constante biológica espécie-específica, e está sob o controle do genótipo da célula germinativa (França et al., 1998). De maneira geral, em torno de 4,5 ciclos são necessários para que o processo espermatogênico se complete em mamíferos, ou seja, desde uma espermatogônia do tipo A1 até a liberação dos espermatozóides no lume do túbulo seminífero (Amann & Schanbacher, 1983; França & Russell, 1998). Durante o processo espermatogênico, as células de Sertoli e as células germinativas interagem de maneira bastante complexa, tanto física quanto bioquimicamente. Existem diversas formas de junções intercelulares entre estes dois tipos celulares, incluindo-se os desmossomos, as junções do tipo “gap”, as junções à base de actina conhecidas como especializações ectoplasmáticas e os complexos túbulos-bulbares. Apesar de serem postuladas várias funções para estes componentes juncionais, ainda existem poucas evidências experimentais para apoiar o papel preciso dos mesmos (Russell & Griswold, 1993). No entanto, fica evidente a necessidade da interação das células germinativas com os componentes somáticos do testículo, principalmente células de Sertoli, células de Leydig e células mióides, para que o processo espermatogênico transcorra de maneira normal e eficiente (Skinner, 1991; Daduone & Demoulin, 1993; Jégou, 1993; Spiteri-Grech & Nieschlag, 1993; Pescovitz et al., 1994; Russell et al., 1994; Griswold, 1995; Schlatt et al., 1997; França & Russell, 1998; Hess & França, 2005). A integridade funcional da membrana basal elaborada pelas células de Sertoli e células mióides é também essencial para o processo espermatogênico (Dym, 1994). 9. Células de Leydig As células de Leydig são bastante conhecidas por sua marcante produção de andrógenos, os quais são sintetizados a partir de uma molécula-base, o colesterol (Bardin, 1996). A produção de andrógenos ocorre por meio de estímulos do LH (hormônio luteinizante) em receptores localizados na membrana plasmática das células de Leydig. O LH é uma glicoproteína sintetizada e secretada pela adenohipófise, sob a influência do hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH) proveniente do hipotálamo. O controle por feedback negativo do LH é exercido pela testosterona, tanto na adenohipófise quanto no hipotálamo (Shupnike & Schreihofer, 1997; Huhtaniemi & Topari, 1998). Dentre os andrógenos sintetizados pelas células de Leydig incluem-se a 30 testosterona e a diidrotestosterona, os quais são responsáveis pela diferenciação dos órgãos genitais masculinos e da genitália externa na fase fetal (Pelliniemi et al., 1996) e pelo aparecimento e manutenção dos caracteres sexuais secundários e manutenção quantitativa da espermatogênese a partir da puberdade (Sharpe, 1994; Zirkin et al., 1994). Particularmente, a diidrotestosterona é responsável pela manutenção funcional das glândulas genitais acessórias e do epidídimo (Luke & Coffey, 1994; Fan & Robaire, 1998; Goyal et al., 1999). Nos testículos, existem receptores para andrógenos nas células de Sertoli, células mióides, células musculares lisas dos vasos e na própria célula de Leydig (Schlatt et al., 1997; Suárez-Quian et al., 1998). Adicionalmente, foi demonstrado que o FSH também participa na manutenção da espermatogênese (Russell et al., 1993; Huhtaniemi & Toppari, 1998; Meachem et al., 1999). Nos mamíferos, existem dois tipos de células de Leydig: células precursoras de Leydig, que são produtoras de andrógenos responsáveis pela masculinização fetal, e as do tipo adulto, produtoras de testosterona (Kerr & Knell, 1988; Kuopio et al., 1989a, b; Huhtaniemi & Pelliniemi, 1992). O início da diferenciação das células de Leydig fetais e da produção de andrógenos não está sob o controle das gonadotrofinas (Van Vorstenbosch et al., 1982; Lejeune et al., 1998; Majdic et al., 1998; O’Shaughnessy et al., 1998). O desenvolvimento pós-natal das células de Leydig envolve a proliferação celular, diferenciação morfológica e aquisição da capacidade de produção de testosterona. De acordo com Ge et al. (1996) e Rouiller-Fabre et al. (1998) a transição das células de Leydig em proliferação, originadas de células progenitoras, para as células de Leydig do tipo adulto, é regulada hormonalmente. O LH induz primariamente a diferenciação das células de Leydig, mas não está envolvido na proliferação das mesmas. Os andrógenos e o IGF-1 (Fator de Crescimento Semelhante à Insulina) aumentam a sensibilidade das células de Leydig progenitoras ao LH. A proliferação é estimulada por IGF-1 e fatores secretados pelas células de Sertoli e por macrófagos, enquanto o estradiol provavelmente limita o crescimento da população de células de Leydig, por meio da inibição de proliferação das progenitoras de células de Leydig (Ge et al., 1996). Em contraste com a maioria das espécies de mamíferos investigadas, que exibem um padrão bifásico (fetal e pós-natal) de desenvolvimento das células de Leydig (Gondos et al., 1976), os suínos mostram três fases de desenvolvimento destas células: duas fases transitórias, uma durante a fase inicial (de 30 a 35 dias) do período fetal (Van Straaten & Wensing, 1978) e a outra durante o período perinatal (Dierichs et al., 1973; 31 Van Straten & Wensing, 1978). A última fase ocorre a partir do período pré-puberal, estendendo-se para a idade adulta (Dierichs et al., 1973; Van Straaten & Wensing, 1978; Allrich et al., 1983). Ainda em suínos, está bem estabelecido que o volume das células de Leydig e o número de receptores de LH por célula de Leydig se alteram substancialmente durante as diferentes fases do desenvolvimento testicular (Dierichs et al., 1973; Van Straaten & Wensing, 1978; Lunstra et al., 1986). As células mesenquimais são consideradas as principais precursoras das células de Leydig do tipo adulto (Russell et al., 1995; Ge et al., 1996; Lejeune et al., 1998). Outros tipos celulares do testículo como as células mióides, células endoteliais dos vasos linfáticos e células perivasculares (pericítos) também podem dar origem às células de Leydig (De Kretser et al., 1994; Gaytan et al., 1994; Russell et al., 1995; Dombrowicz et al., 1996). Apesar de pouco documentado, ocorrem mitoses de células de Leydig em animais adultos (Russell et al., 1995). Além da produção de andrógenos, várias outras substâncias também são produzidas pelas células de Leydig. Estas substâncias participam no controle autócrino e parácrino das funções das células de Leydig e de Sertoli. As células de Leydig podem influenciar a função das células de Sertoli tanto em animais imaturos quanto em animais adultos, especificamente por meio de peptídeos derivados da pro-opiomelanocorticotrofina (POMC), como β-endorfina, hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) e hormônio melanotrófico (MSH) (Bardin et al., 1987). A ontogênese aumenta progressivamente a intensidade de imunomarcação da β-endorfina nas células de Leydig de camundongos e hamsters durante a vida fetal, declinando após o nascimento e voltando a aumentar na puberdade. Estes dois picos de produção da β-endorfina nas células de Leydig estão temporalmente associados com a elevação dos níveis de testosterona (Shaha et al., 1984). Este padrão de expressão da β-endorfina coincide com a maturação e o aumento do número de receptores para LH nas células de Leydig durante o desenvolvimento testicular (Chen & Madigan, 1987), com as fases pré e pósnatal de proliferação das células de Sertoli, e com o início da espermatogênese, época em que os níveis de FSH estão elevados (Orth, 1986; Berndtson & Thompson, 1990; Orth & Boehm, 1990; Orth, 1993). Também nesta fase, receptores específicos de alta afinidade para β-endorfina estão presentes nas células de Sertoli (Fabbri et al., 1985; Orth, 1986). Estas e outras evidências relatadas na literatura (Orth & Boehm, 1990; Orth, 1993; Sharpe, 1994) sugerem fortemente que as células de Leydig têm influência 32 direta na determinação do número definitivo de células de Sertoli, via β-endorfina. Da mesma forma, as células de Sertoli parecem regular de forma parácrina a determinação da população das células de Leydig e a capacidade esteroidogênica das mesmas, por meio da secreção de fatores de crescimento estimulados pelo FSH (Tabone et al., 1984; Waites et al., 1985). Referências Bibliográficas Abdel-Magied, E.M., Abdel-Rahman, H.A., Harraz, F.M. 2001. The effect of aqueous extracts of Cynomorium coccineum and Withania somnifera on testicular development in immature Wistar rats. Journal of Ethnopharmacology 75, 1-4. Adaikan, P.G., Gauthaman, K., Prasad, R.N., Ng, S.C. 2000. Proerectile pharmacological effects of Tribulus terrestris extract on the rabbit corpus cavernous. Annals Academy of Medicine Singapore 29, 22-26. Aitken R.J. 1999. The human spermatozoon a cell in crisis. Journal Reproduction of Fertility 115, 1-7. Akerele, O. 1993. Nature’s medicinal bounty: don’t throw it away. World Health Forum 14(4), 390-395. 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Destes, cinco grupos foram tratados por meio de gavagem diária durante 56 dias consecutivos; os animais do grupo-controle receberam 0,5 mL de solução salina e os outros quatro grupos receberam 0,5 mL de extratos obtidos das duas espécies de plantas, em duas concentrações distintas, 12,5 g e 25 g diluídas em 100 mL de água. Dois grupos foram tratados com infusões das plantas pelo mesmo período, sendo 20 mL do extrato da menor concentração diluídos em 80 mL de água consumidos ad libitum. O extrato de H. aphrodisiaca na menor concentração por gavagem promoveu aumentos significativos no peso corporal e no volume intertubular. Adicionalmente, os grupos tratados com a maior concentração e com a infusão ad libitum da mesma planta, mostraram aumento no peso testicular, no parênquima testicular, volume intertubular e nas populações de espermatócitos primário em paquíteno e espermátides arredondadas por secção transversal. Os animais tratados com a maior concentração do extrato de A. arvense por gavagem mostraram aumentos significativos no peso corporal e na população de espermatócitos primário em paquíteno e espermátides arredondadas por secção transversal. Além desses aumentos, os animais tratados com a infusão ad libitum de A. arvense mostraram também incrementos significativos no peso dos testículos, parênquima testicular e volume intertubular. Palavras-chave: espermatogênese; biometria corporal; epitélio germinativo; fitoterapia; Heteropterys aphrodisiaca; Anemopaegma arvense. 46 Population of seminiferous epithelium and indicative indexes of the spermatogenesis revenue of adult rats Wistar treated with Heteropterys aphrodisiaca (nó-de-cachorro) and Anemopaegma arvense (vergateza) Abstract: The medicinal plants constitute an important therapeutical armory and its chemical composites can be used in diverse ways. Between the different uses, the considered tonic ones occupy a place of prominence in the popular medicine, and the species Heteropterys aphrodisiaca O. Mach. (nó-de-cachorro) and the Anemopaegma arvense (Vell.) Stellfeld & J.F. Souza (vergateza) distinguish for this purpose. The aim of this work is to evaluate the action of the rough extract of roots of those species on the corporal biometry and the spermatogenic process of adult rats Wistar chronically treated. 72 male rates Wistar in reproductive age were divided into seven groups. Five groups were exposed to daily gavage for 56 consecutive days; the animals of the control group received 0.5 ml of salt solution and the other four groups received 0.5 mL of extracts obtained from the two species in two different concentrations 12.5 g and 25 g diluted in 100 mL of water. Two groups had been treated with infusion of the two species for the same period, being 20 mL of the extract with lesser concentration diluted in 80 mL of water consumed ad libitum. The extract of H. aphrodisiaca in the lesser concentration fostered significant increase in the corporal weight and in the intertubular volume. Besides, the groups treated with larger concentrations of the extract and with the ad libitum infusion of the same plant, had shown increase in the testicular weight, in the testicular parenchyma, in the intertubular volume and in the primary spermatocyte subsets in pachytene and rounded spermatid by cross-section. The animals treated with the lesser concentration of A. arvense registered an increase in the diameter and thickness of the seminiferous tubule. Similar increases were also registered in animals treated with larger concentration of the extract of A. arvense by gavage and in the group treated with the ad libitum infusion of the same plant, that, additionally, showed significant increases in the corporal weight, testicular weight, testicular parenchyma weight, vesicular glands weight, in the intertubular volume, and in the primary spermatocyte populations in pachytene and rounded spermatid by cross-section. The animals treated with the larger concentration of A. arvense extract by gavage registered a significant increase in the corporal weight and in the primary spermatocyte populations in pachytene and rounded spermatid by cross-section. Beside these increases, the animals treated with the ad libitum infusion of A. arvense also registered significant increases in their testicles weight, testicular parenchyma and intertubular volume. Key words: spermatogenesis; corporal biometry; germinative epithelium; phytotherapy; Heteropterys aphrodisiaca; Anemopaegma arvense. 47 1. Introdução As plantas medicinais sintetizam compostos químicos que podem ser utilizados em diversas formas (infusão, decocção, maceração, banho, cataplasma, compressa, inalação, gargarejo, lavagem, unguento, óleo, tintura, vinho, xarope), porém é fundamental conhecer cada modo de preparo antes de adotá-los como sistema de uso (Rodrigues & Carvalho, 2001). A flora medicinal constitui um arsenal terapêutico de grande importância e assim, há vários séculos as plantas vêm sendo consideradas fontes de novos fármacos, empregadas tanto em preparações tradicionais, quanto na forma de princípios ativos puros (Pitman, 1996). Fitoterápico, de acordo com a legislação sanitária brasileira, é todo medicamento obtido empregando-se exclusivamente matérias-primas ativas vegetais, caracterizado pelo conhecimento da eficácia e dos riscos de seu uso, assim como pela reprodutibilidade e constância de sua qualidade (Carvalho et al., 2008; Leite, 2009). Diversas áreas estão envolvidas na pesquisa de novas substâncias oriundas de plantas, como a fitoquímica, que trabalha no isolamento, purificação e caracterização de princípios ativos, a etnobotânica, que busca informações a partir do conhecimento de diferentes povos e etnias e a farmacologia, que estuda os efeitos farmacológicos de extratos e dos constituintes químicos isolados (Albuquerque & Hanazaki, 2006). Segundo Lapa et al. (2007), no Brasil, bem como em outros países em desenvolvimento, as plantas medicinais e os fitoterápicos delas obtidos são muito utilizados no tratamento de doenças. No entanto, poucos desses produtos foram estudados com base em monitoramento biológico aplicado a animais experimentais. A maioria não pode, portanto, ser aceita como medicamento porque, em geral, são produtos sem eficácia testada, sem o estudo da eventual toxidade e sem controle de qualidade apropriado. O tema tem despertado o interesse de muitos pesquisadores que buscam, por diversos motivos, informações mais detalhadas para a melhor compreensão da ação dos compostos obtidos de espécies vegetais para torná-los fontes de medicamentos. Capasso et al. (2000) descreveram algumas razões importantes que contribuem para o aumento da pesquisa com plantas medicinais: 1 – o surgimento de novas doenças, para as quais não se dispõe de tratamentos apropriados; 48 2 – a confiança que os remédios das plantas medicinais sejam menos tóxicos, ao contrário das drogas convencionais; 3 – o conceito já estabelecido pela população que a utilização de produtos de origem natural são melhores que os produzidos a partir de bases sintéticas; 4 – a atenção especial de movimentos ecológicos para com as plantas medicinais em paises ocidentais; 5 – a confiança de que as plantas medicinais são naturalmente superiores às drogas sintetizadas. Há ainda perspectivas animadoras (Capasso et al., 2000) quanto ao cultivo das plantas medicinais que, associado a melhoramentos genéticos, pode ampliar os complexos ativos desejáveis. Apesar do uso consagrado e crescente das plantas medicinais por uma parcela significativa da população (Trentini, 1997) há consenso que, apesar da diversidade de espécies medicinais da flora brasileira, uma das mais ricas do mundo, os estudos científicos que abordam esse tema são ainda incipientes. De acordo com Ferreira (1998), há indicativos que justificam a necessidade de maior atenção ao desenvolvimento de pesquisas na área de plantas medicinais, tanto de ordem econômica quanto social. Segundo Carvalho et al. (2008), os fitoterápicos sempre representaram uma parcela significativa no mercado de medicamentos. O setor movimenta globalmente US$ 21,7 bilhões por ano. No Brasil não existem dados oficiais atualizados, porém estima-se que esse mercado gira em torno de US$ 160 milhões por ano, e o fator de atração é o ritmo de crescimento das vendas internas, mais de 15 % anuais, contra 4 % do que evoluem as vendas dos medicamentos sintéticos. Um número significativo de espécies de plantas ou os extratos delas obtidos é comercializado livremente tanto no comércio formal, principalmente nas farmácias de manipulação, como pelo comércio informal em casas de produtos naturais e ervanários. Entre os diversos usos das plantas medicinais, o consumo como tônicos (afrodisíaco) ocupa lugar de destaque na medicina popular, sendo ainda objeto de grande interesse da comunidade científica, a qual se ocupa, ainda que inicialmente, dos estudos para validação da sua aplicabilidade. Segundo Sandroni (2001), os afrodisíacos podem ser classificados pelo seu modo de ação em três tipos: (1) aqueles que aumentam a libido, (2) a potência (3) e o prazer sexual. Diversas espécies vegetais utilizadas como tônicas já foram estudadas: Salvia haematodes (Islam et al., 1991), Catha edulis (Taha et al., 49 1995), Trichopus zeylanicus (Subramoniam et al., 1997), Hibiscus macranthus e Basella alba (Moundipa et al., 1999), Turnera diffusa e Pfaffia paniculata (Arletti et al., 1999), Tribulus terrestris (Adaikan et al., 2000) Cynomorium coccineum (AbdelMagied et al., 2001), e Lepidium meyenii (Zheng et al., 2000; Cicero et al., 2002; Gonzales et al., 2001; Gonzales et al., 2002), Rubus coreanus (Sook Oh et al., 2007), Fadogia agrestis (Yakubu et al., 2008a) e Massularia acuminata (Yakubu et al., 2008b) com comprovados efeitos sobre a fisiologia reprodutiva. No Brasil, têm sido abordados aspectos da fitoterapia com aplicações práticas associadas à experimentação científica. Porém, são poucos os registros provenientes de testes biológicos com avaliação da ação de substâncias vegetais sobre a reprodução em animais mantidos em condições experimentais controladas. As espécies Stryphnodendron polyphyllum (Peters at al., 1985), Stevia rebaudiana (Melis, 1999), Maytenus ilicifolia (Montanari et al., 1998), Austroplenckia populnea (Mazaro et al., 2002), Mentha crispa (Dimech et al., 2006) e Rosmarinus officinalis (Silveira e Sá et al., 2006) foram os registros encontrados abordando este tema. Portanto, apesar dos inúmeros produtos extraídos de centenas de espécies vegetais preconizadas pela medicina tradicional e cultura popular, quase nada se sabe sobre seus verdadeiros efeitos. Na prática, o que existe é uma escassez de dados provenientes de estudos conclusivos que sustentem a eficácia da maioria das substâncias comercializadas livremente com status de bioativas. Atualmente, no Brasil, segundo Carvalho et al. (2008), apenas 162 espécies vegetais possuem registros pela ANVISA (Agencia Nacional de Vigilância Sanitária), autarquia do Ministério da Saúde que tem como papel proteger e promover a saúde da população garantindo a segurança sanitária de produtos e serviços. De fato, em nosso país, há comercialização de um total de 512 medicamentos fitoterápicos registrados, pertencentes a 119 empresas cadastradas como detentoras de registros fitoterápicos, sendo 80 com formulação composta por extratos de duas ou mais espécies vegetais e 432 fitoterápicos por monodrogas, ou seja, obtidos de derivados de apenas uma espécie vegetal (Carvalho et al., 2008). Os testes experimentais e os estudos farmacológicos de metabólicos secundários podem promover, depois de comprovada ação terapêutica, o uso efetivo de um elenco de plantas com viabilidade ainda desconhecida para os campos da farmacologia e consequentemente para a produção de medicamentos. Segundo Lorenzi & Matos (2002) paralelamente ao crescente interesse da sociedade pelas plantas medicinais, tornam-se 50 necessários estudos criteriosos para avaliação das potencialidades terapêuticas e de possíveis efeitos colaterais de seus produtos. Rizzini (1983) descreve que a raiz de Heteropterys aphrodisiaca possui propriedades estimulantes e faz parte de um grande elenco de espécies da flora brasileira com elementos psicoativos como a espécie Paullinia cupana (guaraná Mart.Sapindaceae), que tem sido amplamente utilizada como planta energética e tônica em muitas regiões do Brasil, incluindo os Estados do Amazonas, Acre, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, tendo despertado interesse de vários pesquisadores (Galduróz & Carlini 1994; Espínola et al., 1997; Mattei et al., 1998). No Estado brasileiro de Mato Grosso, devido à riqueza florística encontrada nas regiões de Cerrado, Pantanal e da Amazônia, somado a um reconhecido etnoconhecimento, não é raro a atribuição medicinal a um grande número de plantas (Correa, 1984; Pott & Pott 1994; Guarim Neto, 1996; Lorenzi & Matos, 2002). Inúmeras são incluídas na categoria de plantas tônicas como Heteropterys aphrodisiaca (Nó-de-cachorro), Anemopaegma arvense (Vergateza) Ouratea semiserrata (Sangue de Bugre), Bytteneria melastomifolia (Raiz de Bugre) Anemopaegma glaucum (Catuaba verdadeira), dentre outras com uso fortemente popularizado. Produtos contendo, por exemplo, extratos de Heteropterys aphrodisiaca são consumidos habitualmente pela comunidade local como energético e estimulante do sistema nervoso (Pott & Pott, 1994). Estudos farmacológicos das plantas utilizadas pela medicina popular podem atuar como ferramenta para compreensão do real mecanismo de suas substâncias. Exemplo específico da viabilidade desses estudos para o campo da pesquisa foram os resultados obtidos por Galvão et al. (2002), com H. aphrodisiaca coletada no Cerrado mato-grossense, onde verificaram propriedades com comprovados benefícios no campo da memória, em tratamento com grupos de ratos idosos. Neste caso, os resultados científicos da pesquisa, confirmam as informações preconizadas pelo uso popular registradas por Pott & Pott (1994), onde substâncias de H. aphrodisiaca são indicadas para o tratamento de debilidades do sistema nervoso. Compostos extraídos de plantas preconizadas como tônicas, devem agir de alguma forma sobre a fisiologia reprodutiva, atuando em um ou nos dois compartimentos testiculares. O testículo é um órgão com funções exócrina e endócrina, envolvido pela cápsula de tecido conjuntivo, a albugínea testicular. Funcionalmente, pode ser dividido em dois compartimentos principais: o tubular formado pelos túbulos 51 seminíferos, constituídos por túnica própria, epitélio seminífero e lume tubular e o intertubular, composto por células de Leydig, vasos sanguíneos e linfáticos, nervos, e uma população celular variável constituída principalmente de fibroblastos, macrófagos e mastócitos (Russell et al., 1990). A espermatogênese é um processo complexo e bem organizado, que ocorre nos túbulos seminíferos e dura cerca de 40 a 60 dias na maioria dos mamíferos (França & Russell, 1998; França et al., 1998; Godinho, 1999). Baseado em características morfológicas e funcionais, o processo espermatogênico pode ser dividido em três fases: 1) fase proliferativa ou espermatogonial, caracterizada por várias e sucessivas divisões mitóticas dos diferentes tipos de espermatogônias; 2) fase meiótica ou espermatocitogênica, na qual ocorre à duplicação do DNA, a recombinação gênica e duas divisões, uma reducional e outra equacional que resultam na formação de uma célula haplóide denominada espermátide; e 3) fase de diferenciação ou espermiogênica, onde as espermátides arredondadas passam por drásticas alterações morfológicas e funcionais, como a formação do acrossoma e do flagelo, e a condensação nuclear, resultando numa célula altamente especializada, o espermatozóide (Russell et al., 1990; Sharpe, 1994). De acordo com a literatura, diversas espécies vegetais promovem efeitos sobre a fisiologia reprodutiva. Estudos realizados mostram claramente a interação de compostos de origem vegetal na fisiologia testicular promovendo significativas alterações na espermatogênese. O uso das espécies Panax ginseng (Chen & Lee, 1995; Chen, 1996; Gillis, 1997; Kim et al., 1998, Nocerino et al., 2000), Eurycoma longifolia (Ang & Sim, 1997; 1998a; 1998b; Ang et al., 2000; Ang & Cheang, 2001; Ang & Ngai, 2001; Ang et al., 2001), Ambra grisea, (Sandroni, 2001), Ferula harmonis (El-Thaer et al. 2001), Terminalia catappa (Ratnasooriya & Dharmasiri, 2002), Lepidium meyenii (Gonzales et al., 2006), Fadogia agrestis (Yakubu et al., 2008a), Mussularia acuminata (Yakubu et al., 2008b) em animais experimentais, promoveram diferentes alterações na fisiologia do compartimento tubular e intertubular, mostrando que efeitos podem ocorrer tanto na espermatogênese quanto na androgênese. Lorenzi & Matos (2002) relatam que o amplo emprego de espécies vegetais nas práticas caseiras da medicina popular e no hábito do povo, é motivo suficiente para suas escolhas como temas de estudos químicos, farmacológicos e clínicos, visando investigação detalhada e segura de seus efeitos e de suas prováveis potencialidades. Os estudos de extratos vegetais, a partir de protocolos experimentais com testes biológicos, 52 excluem os possíveis efeitos placebos dos testes em humanos e de forma preliminar podem apontar possíveis alterações sobre a fisiologia animal além de eventuais efeitos tóxicos. Neste sentido, devido ao forte indicativo das potencialidades das plantas do Cerrado como fontes terapêuticas e por questões não menos importantes como a valorização do etnoconhecimento, o objetivo deste trabalho foi avaliar por meio de testes biológicos, possíveis efeitos dos extratos das espécies Heteropterys aphrodisiaca O. Mach. (nó-de-cachorro) e Anemopaegma arvense (Vell.) Stellfeld & J.F. Souza (vergateza) sobre a espermatogênese de ratos Wistar adultos, mantidos em condições controladas. 2. Material e métodos 2.1. Seleção das espécies e coleta do material botânico Foram realizadas entrevistas com pesquisadores da área de etnobotânica, membros de comunidades tradicionais com conhecimento de usos de plantas medicinais e ervanários que comercializam produtos de origem vegetal nas cidades de Nova Xavantina e Cuiabá, no Estado de Mato Grosso. A escolha das espécies ocorreu a partir das indicações dessas fontes, mas principalmente pelas informações obtidas da medicina popular. Nestas entrevistas foram apontadas aproximadamente 20 espécies vegetais com potencial tônico com destaque para Heteropterys aphrodisiaca e Anemopaegma arvense, as duas espécies nativas do cerrado com o uso mais difundido e, portanto, selecionadas como de interesse para estudos morfométricos associados à espermatogênese. As coletas de raízes de H. aphrodisiaca e A. arvense foram realizadas nos Cerrados de Nova Xavantina, identificadas por botânicos e amostras das espécies foram depositadas no Herbário VIC da Universidade Federal de Viçosa, e registradas com os números 21.300 e 31.880 para H. aphrodisiaca e A. arvense, respectivamente. 2.2. Preparo das infusões As raízes de ambas as plantas foram secas em temperatura ambiente, protegidas da incidência direta da luz solar. Em seguida, foram trituradas e usadas para o preparo 53 das infusões. Para isto, frações de 12,5 e 25 g foram pesadas em balança digital, das quais foram preparadas infusões em 100 mL de água destilada em ponto de fervura, obtendo-se assim, duas concentrações de cada planta. As infusões permaneciam em repouso por um período de quatro horas, sendo posteriormente filtradas e armazenadas em geladeira, por até quatro dias como solução-estoque. Após este período, desprezavam-se os produtos excedentes sendo preparadas novas extrações. Para o preparo das concentrações em forma de infusão, tanto de H. aphrodisiaca, quanto de A. arvense para os tratamentos ad libitum, foram utilizados 20 mL do extrato de menor concentração misturado a 80 mL de água, perfazendo 100 mL disponibilizados diariamente a cada animal. O preparo dos extratos, tempo de armazenamento e dosagens foram estabelecidas e adaptadas a partir das indicações mencionadas pela medicina popular, obtidas por meio das entrevistas. 2.3. Animais e grupos experimentais Os procedimentos experimentais envolvendo os animais seguiram estritamente os protocolos indicados pelas normas para o uso de animais em ensino, pesquisa e extensão, do Departamento de Veterinária da Universidade Federal de Viçosa (2006). Foram utilizados 72 ratos Wistar machos albinos (Ratus rattus) em idade reprodutiva (100 dias), pesando entre 310 e 330g, provenientes do Biotério Central do CCBS da Universidade Federal de Viçosa, mantidos em condições controladas de temperatura (22º) e com fotoperíodo de 12 horas claro e escuro respectivamente. Os extratos foram administrados aos animais por dois métodos, gavagem e ad libitum. Os animais foram distribuídos da seguinte forma: grupo I - 12 animais, grupo II - 15 animais, grupo III 15 animais, grupo IV - 10 animais, grupo V - 10 animais, grupo VI - 5 animais e grupo VII - 5 animais. Os animais foram alimentados com ração comercial e a água para os grupos tratados por meio de gavagem foram oferecidas livremente. Para os animais dos grupos VI e VII, tratados ad libitum e mantidos em gaiolas individuais, a água foi substituída pelas infusões. 54 2.4. Tratamentos Sessenta e dois animais foram submetidos diariamente, durante 56 dias, à gavagem, sendo que os animais do grupo I (controle) (n = 12) receberam 0,5 mL/dia de solução salina; animais do grupo II (n = 15) receberam 0,5 mL/dia de infusão de A. arvense na concentração de 12,5 g/100 mL de água; animais do grupo III (n = 15) receberam 0,5 mL/dia de infusão H. aphrodisiaca na concentração de 12,5 g/100 mL de água (infusão A); animais do grupo IV (n = 10) receberam 0,5 mL/dia de infusão de A. arvense na concentração de 25 g/100 mL de água; animais do grupo V (n = 10) receberam 0,5 mL/dia de infusão de H. aphrodisiaca na concentração de 25 g/100 mL de água (infusão B). Dez animais foram tratados pelo método ad libitum, sendo que, para os animais do grupo VI (n = 5) tratados com a infusão de A. arvense e grupo VII (n = 5) tratados com a infusão de H. aphrodisiaca foram disponibilizados 20 mL das infusões A, diluídas em 80 mL de água, totalizando 100 mL, que foram oferecidos diariamente a cada animal (infusão C). Após período de 24 horas a quantidade ingerida por cada animal era mensurada e uma nova dosagem disponibilizada. 2.5. Coleta e preparação histológica Ao término do período experimental, os animais foram pesados e eutanasiados de acordo com as normas descritas na Resolução no 714, de 20 de junho de 2002, do Conselho Federal de Medicina Veterinária-CFMV, que dispõe sobre procedimentos e métodos de eutanásia em animais. Assim, os animais foram eutanasiados sob anestesia volátil. Em seguida, foram removidos os testículos, que foram pesados em balança de precisão (0,001 g). Ambos os testículos foram fixados por imersão em solução de Karnovsky. Aleatoriamente, testículos direito ou esquerdo foram armazenados para posterior dissecação e pesagem da albugínea. Fragmentos do testículo contralateral foram submetidos à desidratação em concentrações crescentes de etanol (50º, 70º, 80º, 90º, 95º e 100º GL) por 40 minutos cada, sendo posteriormente incluídos em resina glicolmetacrilato Historesin® (Leica). Foram obtidas secções histológicas de 3µm de espessura em micrótomo rotativo (Reichert-Jung, Alemanha) equipado com navalha de vidro. As secções foram coradas com azul de toluidina-borato de sódio 1 % e analisadas 55 em microscópio Olympus AX-70. Imagens do parênquima testicular foram obtidas e analisadas por meio do programa Image Pro Plus associado ao microscópio Olympus AX-70, no Laboratório de Anatomia Vegetal do Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viçosa. 2.6. Mensuração dos componentes testiculares e estimativas das populações celulares A proporção volumétrica (%) de cada elemento foi estimada por meio da contagem de um total de 4.320 pontos, projetados sobre imagens capturadas em dez campos aleatoriamente distribuídos nos diferentes cortes histológicos do testículo de cada animal. Para tal, utilizou-se um retículo de 432 intersecções (pontos), em imagens capturadas com aumento de 400 vezes. O peso dos diferentes componentes testiculares foi considerado como volume uma vez que a densidade volumétrica do testículo de mamífero está em torno de 1 (1,046) (Johnson et al., 1981). O volume tubular e intertubular foram estimados a partir do percentual ocupado por estes componentes, e o volume total do parênquima testicular, o qual foi considerado como peso total do testículo descontando-se apenas o peso da albugínea testicular. Em dez secções transversais de túbulos seminíferos, no estádio 1 do ciclo do epitélio seminífero de cada animal, segundo o método da morfologia tubular (Berndtson, 1977), foram quantificadas as populações de: espermatogônias do tipo A (SPTG A), espermatócitos primários em preleptóteno/leptóteno (PL), espermatócitos primários em paquíteno (PQ), espermátides arredondadas (AR) e células de Sertoli (CS). Devido às variações no tamanho dos vários tipos de células, as populações celulares foram corrigidas numericamente considerando-se a espessura do corte e o diâmetro nuclear ou nucleolar, este último, no caso das células de Sertoli, utilizando-se para isto a fórmula de Abercrombie (1946), modificada por Amann & Almquist (1961): A partir destas populações foram determinados: coeficiente de eficiência de mitoses espermatogoniais (PL/SPTG A), rendimento meiótico (AR/PQ), rendimento geral da espermatogênese (AR/SPTG A) e coeficiente de manutenção de espermatócitos 56 primários (PQ/PL). A partir dessas populações também foram obtidos: os índices de células de Sertoli por total de células espermatogênicas (SPTG A + PL + PQ + AR/CS) e o índice de célula de Sertoli por espermátide arredondada (AR/CS) (Berndtson, 1977). 2.7. Análises estatísticas Análise de variância (ANOVA), seguida de teste de Duncan (5 % de significância) foi utilizada para avaliar variações dos parâmetros estudados nos gruposcontrole e tratados. Os valores dos parâmetros estão representados pelas médias, desvios-padrão e coeficientes de variação. 3. Resultados 3.1. Pesos e volumes Os valores médios de peso corporal dos animais dos grupos tratados foram maiores comparados com a média do grupo-controle (p < 0,05), com exceção do grupo II, que foi semelhante (p > 0,05) ao grupo-controle (Tabela 1). Entre os tratamentos, os animais do grupo IV que receberam maior concentração da infusão de A. arvense, apresentaram a maior média entre os grupos submetidos à gavagem, porém diferindo somente quando comparados com os grupos II e III tratados com as menores dosagens da infusão de A. arvense e H.aphrodisiaca, respectivamente (p < 0,05) e semelhante aos valores médios dos animais do grupo V, tratados com maior concentração da infusão de H. aphrodisiaca (p > 0,05). Os animais do grupo V apresentaram massa corporal semelhante à dos animais do grupo III, tratados com a menor concentração de H. aphrodisiaca (p > 0,05) e diferiram significativamente dos animais do grupo II tratados com A. arvense em sua menor concentração (p < 0,05). Da mesma forma, os animais dos grupos VI e VII, tratados com as infusões ad libitum de A. arvense e H. aphrodisiaca apresentaram, respectivamente, as maiores médias de peso corporal entre os grupos estudados com diferenças em relação aos demais tratamentos (p < 0,05), não diferindo entre si (p > 0,05). O peso médio dos testículos foi maior nos animais dos grupos tratados comparados com os valores médios obtidos no grupo-controle (p < 0,05). Os animais tratados com as maiores concentrações de A. arvense (grupo IV) e H. aphrodisiaca 57 Tabela 1 – Peso corporal, peso dos testículos, peso da albugínea, peso do parênquima testicular (g) e volumes tubular e intertubular (mL), de ratos Wistar adultos após tratamento durante 56 dias com extratos de raízes de Anemopaegma arvense e Heteropterys aphrodisiaca Tratamentos Peso Corporal/g Peso dos Testículos/g Peso da Albugínea/g Peso do Parênquima/g Volume Tububar Volume Intertubular Grupo I CV 333,9±19,19 a (5,74) 2,855±0,16 a (5,90) 0,47±0,09 a (19,59) 2,812±0,16 a (5,97) 2,36±018 a (7,80) 0,45±0,16 a (6,53) Grupo II CV 340,0±13,62 a (4,00) 2,901±0,12 a (4,56) 0,72±0,01 b (15,69) 2,828±0,13 a (4,68) 2,35±0,11 a (4,64) 0,47±0,30 a (6,51) Grupo III CV 353,4±11,70 b (3,31) 2,956±0,26 a (8,91) 0,50±0,09 a (13,78) 2,905±0,25 a (9,13) 2,30±0,21 a (9,17) 0,60±0,71 b (11,89) Grupo IV CV 371,0±14,68 c (3,95) 3,034±0,28 a b (9,27) 0,68±0,02 b (30,19) 2,966±0,27 a b (9,34) 2,47±0,18 a (7,36) 0,49±0,14 a (9,73) Grupo V CV 363,0±18,13 b c (4,99) 3,170±0,20 bc (6,33) 0,51±0,08 a (16,11) 3,123±0,19 bc (6,28) 2,46±0,19 a (8,12) 0,66±0,21 b (6,38) Grupo VI CV 461±11,40 d (2,47) 3,367±0,20 c (7,19) 0,79±0,05 b (6,82) 3,288±0,19 c (6,06) 2,63±0,20 a (7,58) 0,65±0,83 b (12,93) Grupo VII CV 453±15,65 d (3,45) 3,252±0,16 c (4,85) 0,78±0,03 b (4,05) 3,173±0,15 c (5,01) 2,59±0,14 a (5,61) 0,59±0,58 b (5,02) Médias seguidas por letras iguais nas colunas, não diferem significativamente, teste de Duncan (p < 0,05). Dados expressos em médias ± dp. cv = coeficiente da variação. Grupo I: controle: tratado com 0,5 mL/dia de solução salina; Grupo II: tratado com 0,5 mL/dia de A. arvense (menor concentração); Grupo III: tratado com 0,5 mL/dia de H. aphrodisiaca (menor concentração); Grupo IV: tratado com 0,5 mL/dia de A. arvense (maior concentração); Grupo V: tratado com 0,5 mL/dia de H. aphrodisiaca (maior concentração); Grupo VI: tratado com a infusão ad libitum de A. arvense e Grupo VII: tratado com a infusão ad libitum de H. aphrodisiaca. (grupo V), apresentaram as maiores médias dentre os grupos submetidos à gavagem, porém, somente nos animais do grupo V as diferenças foram estatisticamente significativas em relação aos grupos-controle e aos tratados com as menores concentrações dos extratos utilizados. Já nos grupos VI e VII tratados, respectivamente, com as infusões ad libitum de A. arvense e H. aphrodisiaca, os valores médios de peso testicular apresentaram diferenças estatisticamente significativas em relação aos grupos I, II, III e IV (p < 0,05) e semelhantes entre si (p > 0,05) (Tabela 1). O peso médio da albugínea testicular do grupo-controle foi menor que nos grupos tratados. Os maiores valores do peso da albugínea testicular foram observados nos animais tratados com A. arvense, nas duas concentrações utilizadas por gavagem, (grupos II e IV) e nos grupos (VI e VII), tratados com as infusões ad libitum de A. arvense e H. aphrodisiaca, respectivamente (p < 0,05). Estes aumentos foram significativos tanto comparados com o grupo-controle quanto aos grupos III e V, tratados por gavagem com extrato de H. aphrodisiaca nas duas concentrações (p < 0,05) 58 que não mostraram diferenças entre si (p > 0,05) e destes para os animais do grupocontrole (p > 0,05) (Tabela 1). Os pesos médios do parênquima testicular apresentaram a mesma tendência do peso dos testículos, sendo menor no grupo-controle e maior nos grupos tratados (p < 0,05) (Tabela 1). Neste sentido, as maiores médias dos grupos submetidos à gavagem foram registradas nos animais tratados com as concentrações dobradas tanto de A. arvense (grupo IV) quanto de H. aphrodisiaca (grupo V), sendo significativamente maior apenas nos animais tratados com H. aphrodisiaca (p < 0,05). Da mesma forma, os valores médios do peso do parênquima testicular dos grupos VI e VII, tratados respectivamente com as infusões ad libitum de A. arvense e H. aphrodisiaca, foram maiores que nos grupos I, II, III e IV (p < 0,05) e similares ao valor médio do grupo V (p > 0,05), não mostrando diferenças entre si (Tabela 1). Os valores médios registrados para o volume do túbulo seminífero não mostraram diferenças entre os grupos estudados (p > 0,05) (Tabela 1). As médias observadas para o volume intertubular foram maiores nos grupos III e V, tratados por gavagem com as duas concentrações do extrato de H. aphrodisiaca comparados ao grupo-controle e aos tratados igualmente por gavagem com o extrato de A. arvense nas duas concentrações (p < 0,05). Da mesma forma, as médias de volume intertubular apresentadas pelos animais tratados com as infusões por ad libitum das duas plantas mostraram-se maiores quando comparadas com as médias do grupo-controle e dos animais tratados com as duas dosagens de A. arvense (p < 0,05) (Tabela 1). No entanto, não houve diferença entre os grupos III, V, VI e VII. 3.2. Populações celulares As populações celulares das secções transversais do estádio I dos túbulos seminíferos dos animais controle e tratados encontram-se na Tabela 2. O valor médio da população de espermatócitos primários em paquíteno foi maior nos animais tratados com H. aphrodisiaca (grupo V) comparado com a média registrada nos animais controle (p < 0,05) (Tabela 2). Da mesma forma, os animais dos grupos VI e VII, tratados com as infusões ad libitum de A. arvense e H. aphrodisiaca, respectivamente, apresentaram valores médios significativamente maiores que os animais dos grupos-controle (p < 0,05). Já os valores médios obtidos entre os animais dos grupos tratados por gavagem ou ad libitum, não diferiram entre si (p > 0,05) (Tabela 2). 59 Tabela 2 – População celular corrigida, por secção transversal de túbulo seminífero no estádio I do ciclo do epitélio seminífero de ratos Wistar adultos tratados com extratos de raízes de Heteropterys aphrodisiaca e Anemopaegma arvense. Espermatogônia do tipo A (SPTG A), espermatócito primário em preleptóteno (PL), espermatócito primário em paquíteno (PQ), espermátide arredondada (AR) e célula de Sertoli (CS) Tratamentos SPTG A PL PQ AR CS Grupo I CV 1,41±0,17 a (12,13) 27,40±2,20 a (8,04) 28,54±1,53 a (4,04) 86,44±1,58 a (4,04) 8,23±0,79 a (9,61) Grupo II CV 1,36±0,19 a (13,85) 27,69±2,47 a (8,95) 29,83±1,92 a b (6,42) 88,39±1,62 a b (1,83) 8,06±0,70 a (8,76) Grupo III CV 1,34±0,14 a (10,66) 28,01±2,62 a (9,35) 29,80±1,34 a b (4,49) 89,02±2,58 a b (2,89) 8,23±0,61a (7,46) Grupo IV CV 1,34±0,13 a (10,17) 27,31±2,37 a (8,69) 30,09±1,32 a b (4,40) 89,93±2,09 b (2,24) 8,31±0,57 a (6,87) Grupo V CV 1,34±0,14 a (10,56) 28,,19±2,14 a (7,58) 31,03±1,67 b (5,39) 90,33±4,30 b (4,76) 8,44±0,57 a (6,81) Grupo VI CV 1,34±0,75 a (5,62) 27,62±1,91 a (6,91) 30,76±1,77 b (5,74) 90,24±2,12 b (2,35) 8,53±0,81 a (9,51) Grupo VII CV 1,33±0,15 a (11,83) 28,36±2,49 a (8,77) 30,84±1,31 b (4,25) 91,24±3,75 b (4,11) 8,55±1,46 a (17,03) Médias seguidas por letras iguais nas colunas, não diferem significativamente, teste de Duncan (p < 0,05). Dados expressos em médias ± dp. cv = coeficiente da variação. Grupo I: controle: tratado com 0,5 mL/dia de solução salina; Grupo II: tratado com 0,5 mL/dia de A. arvense (menor concentração); Grupo III: tratado com 0,5 mL/dia de H. aphrodisiaca (menor concentração); Grupo IV: tratado com 0,5 mL/dia de A. arvense (maior concentração); Grupo V: tratado com 0,5 mL/dia de H. aphrodisiaca (maior concentração); Grupo VI: tratado com a infusão ad libitum de A. arvense e Grupo VII: tratado com a infusão ad libitum de H. aphrodisiaca. A população de espermátides arredondadas dos animais tratados por gavagem apresentou comportamento semelhante aos espermatócitos primários em paquíteno, com diferenças nos grupos IV e V, tratados com as maiores concentrações de A. arvense e H. aphrodisiaca, respectivamente, comparados ao grupo-controle (p < 0,05) (Tabela 2). Da mesma forma, a média da população de espermátides arredondadas dos animais tratados com as infusões ad libitum das duas espécies (grupos VI e VII) foi maior que a média registrada nos animais-controle (Tabela 2). Entre os grupos tratados não foram registradas diferenças (p > 0,05). As populações de espermatogônias do tipo A, espermatócitos primários em préleptóteno e célula de sertoli por secção transversal, não mostraram diferenças entre os diferentes tratamentos e destes para o grupo-controle (p > 0,05) (Tabela 2). 60 3.3. Coeficientes, rendimentos e índices celulares Os valores médios estimados do Coeficiente da Eficiência de Mitoses Espermatogoniais (CEME) não apresentaram diferenças entre os grupos estudados (p > 0,05) (Tabela 3). Observa-se que no grupo-controle a média 19,65 foi próxima dos coeficientes médios observados nos grupos tratados por gavagem, tanto com as menores concentrações de A. arvense e H. aphrodisiaca (grupos II e III) quanto à média encontrada nos animais submetidos às maiores concentrações das mesmas plantas (grupos IV e V) sendo 20,63, 21,03, 20,65 e 21,31, respectivamente (Tabela 3). Da mesma forma, os valores registrados para os animais tratados com as infusões ad libitum não se mostraram diferentes aos demais grupos (p > 0,05), sendo 20,70 para os tratados com A. arvense e 21,55 para os tratados com H. aphrodisiaca, grupos VI e VII, respectivamente (Tabela 3). Tabela 3 – Rendimento intrínseco da espermatogênese em ratos Wistar adultos tratados com infusões de raízes de Heteropterys aphrodisiaca e Anemopaegma arvense. Coeficiente de eficiência de mitoses espermatogoniais (CEME), rendimento meiótico (RM), rendimento geral da espermatogênese (RGE) e coeficiente de manutenção de espermatócitos primários (CMEP) Tratamentos CEME RM RGE CMEP Grupo I CV 19,65±2,96 a (10,66) 3,03±0,15 a (5,12) 62,24±7,72 a (11,61) 1,04±0,09 a (9,17) Grupo II CV 20,63±2,43 a (11,79) 2,97±0,20 a (6,77) 66,17±8,59 a (12,99) 1,08±0,11 a (10,32) Grupo III CV 21,03±2,53 a (12,04) 2,99±0,17 a (5,95) 66,98±7,13 a (10,65) 1,07±0,12 a (11,54) Grupo IV CV 20,65±3,20 a (15,51) 2,99±0,14 a (4,85) 67,86±7,39 a (10,89) 1,10±0,08 a (7,77) Grupo V CV 21,31±2,93 a (13,73) 2,91±0,16 a (5,67) 68,33±8,89 a (13,02) 1,10±0,08 a (7,36) Grupo VI CV 20,70±2,04 a (9,68) 2,94±0,17 a (5,82) 67,64±4,70 a (6,97) 1,11±0,09 a (7,70) Grupo VII CV 21,55±3,55 a (16,51) 2,96±0,11 a (3,59) 69.21±9,44 a (4,21) 1,09±0,08 a (7,18) Médias seguidas por letras iguais nas colunas, não diferem significativamente, teste de Duncan (p < 0,05). Dados expressos em médias ± dp. cv = coeficiente da variação. Grupo I: controle: tratado com 0,5 mL/dia de solução salina; Grupo II: tratado com 0,5 mL/dia de A. arvense (menor concentração); Grupo III: tratado com 0,5 mL/dia de H. aphrodisiaca (menor concentração); Grupo IV: tratado com 0,5 mL/dia de A. arvense (maior concentração); Grupo V: tratado com 0,5 mL/dia de H. aphrodisiaca (maior concentração); Grupo VI: tratado com a infusão ad libitum de A. arvense e Grupo VII: tratado com a infusão ad libitum de H. aphrodisiaca. 61 Durante as divisões meióticas, o número teórico esperado de espermátides arredondadas produzidas por espermatócitos primários é de quatro células. Os valores médios do Rendimento Meiótico (RM) não se mostraram diferentes entre os grupos estudados (p > 0,05) (Tabela 3). Da mesma forma, os percentuais de perdas meióticas também mostraram semelhantes entre os grupos estudados (p > 0,05), tratados tanto por meio de gavagem quanto pelas infusões ad libitum. No grupo-controle foi registrado rendimento de 3,03 com perdas de 24,2 %, próximos dos valores dos grupos II e III tratados com as menores concentrações de A. arvense e H. aphrodisiaca que foram 2,97 e 2,99 com perdas de 25,7 e 25,2 %, respectivamente (Tabela 3). Do mesmo modo, os rendimentos apresentados pelos animais tratados com as maiores concentrações de ambas as plantas, grupos IV e V foram 2,99 e 2,91 com perdas de 25,2 e 27,2 %, respectivamente, semelhantes aos demais tratamentos por gavagem (p > 0,05) (Tabela 3). Para os animais tratados com as infusões ad libitum foram registrados rendimentos médios de 2,94 e 2,96 com perdas de 26,5 e 26,0 %, para os tratamentos com A. arvense e H. aphrodisiaca, respectivamente, não diferindo dos demais grupos estudados (Tabela 3). Os resultados médios do Rendimento Geral da Espermatogênese (RGE) encontrados nos sete grupos estudados estão registrados na Tabela 3. Observa-se que o menor rendimento (RGE) foi registrado no grupo-controle em comparação aos grupos tratados, mas não foram verificadas diferenças entre os grupos estudados (p > 0,05). Nos animais-controle, a média foi de 62,24, valores semelhantes aos apresentados pelos grupos II e III tratados com as menores dosagens de A. arvense e H. aphrodisiaca, 66,17 e 66,98, respectivamente. Do mesmo modo, os grupos IV e V, tratados por gavagem com as maiores dosagens dos extratos obtidos das mesmas plantas, não demonstraram diferença, apresentando respectivamente médias de 67,86 e 68,33 (Tabela 3). Os grupos VI e VII, tratados com as infusões ad libitum, apresentaram rendimento geral médio de 67,64 e 69,21 para A. arvense e H. aphrodisiaca, respectivamente, não sendo diferentes dos valores médios dos demais grupos (Tabela 3). O coeficiente de manutenção dos espermatócitos, que é a correlação entre as populações de espermatócitos primários em pré-leptóteno e espermatócitos primários em paquíteno, apesar de pequenas variações não mostrou diferenças entre os grupos estudados (p > 0,05) (Tabela 3). O índice de células de Sertoli indica a capacidade destas células em sustentar as células germinativas no epitélio seminífero. No presente estudo, os animais tratados com a maior concentração de H aphrodisiaca (grupo V) e os tratados com a infusão ad 62 libitum da mesma planta (grupo VII), mostraram diferenças se comparados ao grupocontrole (p < 0,05). Nos demais tratamentos, as variações não foram significativas (p > 0,05) (Tabela 4). No grupo-controle, o índice da célula de sertoli foi de 67,94 sendo 10,59 deste total espermátides arredondadas. No grupo II, tratado com a menor concentração de A. arvense, cada célula de Sertoli foi capaz de manter 69,93 células, sendo 11,05 espermátides arredondadas. No grupo III, tratado com a menor concentração de Heteropterys aphrodisiaca, o índice foi de 70,03 sendo 10,87 espermátides arredondadas. No grupo IV, tratado com a maior concentração de A. arvense, o índice foi de 69,62 para cada célula de Sertoli, sendo 10,87 espermátides arredondadas. No grupo V, onde os animais foram tratados com a maior dosagem de Heteropterys aphrodisiaca, o índice registrado foi de 71,31 para cada célula de Sertoli, sendo deste total 10,74 espermátides arredondadas. Da mesma forma, nos grupos submetidos ao tratamento por infusões ad libitum com os extratos de A. arvense e Heteropterys aphrodisiaca, os índices foram 70,39 e 71,40, sendo deste total, 10,65 e 10,87 espermátides arredondadas, respectivamente para os dois grupos estudados (Tabela 4). Tabela 4 – Índices de célula de Sertoli em ratos Wistar adultos tratados com infusões de raízes de Heteropterys aphrodisiaca e Anemopaegma arvense. Índice de célula de Sertoli por total de células espermatogênicas (ICS/Total) e índice de célula de Sertoli por espermátides arredondadas (ICS/AR) Tratamentos Grupo I CV Grupo II CV Grupo III CV Grupo IV CV Grupo V CV Grupo VI CV Grupo VII CV ICS/ Total 67,94±2,47 a (3,64) 69,93±2,83 a b (4,05) 70,03±2,88 a b (4,12) 69,62±3,15 a b (4,52) 71,31±3,60 b (5,06) 70,39±2,39 a b (3,39) 71,40±3,33 b (4,66) ICS/ AR 10,59±0,98 a (9,34) 11,05±1,05 a (9,53) 10,87±0,95 a (8,71) 10,87±0,89 a (8,21) 10,74±0,79 a (7,38) 10,65±0,97 a (9,08) 10,87±1,57 a (14,48) Médias seguidas por letras iguais nas colunas, não diferem significativamente, teste de Duncan (p < 0,05). Dados expressos em médias ± dp. cv = coeficiente da variação. Grupo I: controle: tratado com 0,5 mL/dia de solução salina; Grupo II: tratado com 0,5 mL/dia de A. arvense (menor concentração); Grupo III: tratado com 0,5 mL/dia de H. aphrodisiaca (menor concentração); Grupo IV: tratado com 0,5 mL/dia de A. arvense (maior concentração); Grupo V: tratado com 0,5 mL/dia de H. aphrodisiaca (maior concentração); Grupo VI: tratado com a infusão ad libitum de A. arvense e Grupo VII: tratado com a infusão ad libitum de H. aphrodisiaca. 63 4. Discussão O peso corporal dos animais da maioria dos grupos tratados foi maior quando comparado com o grupo-controle. Com exceção do aumento registrado nos animais do grupo II, tratados por gavagem com a menor concentração de Anemopaegma arvense, o incremento corporal dos demais grupos tratados com Heteropterys aphrodisiaca e A. arvense por meio de gavagem ou com as infusões ad libitum, foi maior quando comparado ao grupo-controle. Entre os tratamentos, as infusões ad libitum foram mais eficientes sobre o peso corporal comparado com os aumentos obtidos nos tratamentos por gavagem. Da mesma forma, aumentos significativos sobre a massa corporal foram registrados em grupos de ratos Wistar tratados com extratos de Hibiscus macranthus e Basella alba (Moundipa et al., 1999) e em ratos tratados diariamente com 200 mg/kg de extrato de Martinia annua, após 60 dias consecutivos de tratamento (Mali et al., 2002). Por outro lado, ratos tratados com diferentes concentrações do extrato de Hibiscus sabdariffa (1,15, 2,30 e 4,60 g/kg) durante 12 semanas apresentaram diminuição da massa corporal (Orisakwe et al., 2004). Já ratos que receberam extrato de sementes de Abrus precatorius durante 60 dias (Sinha, 1990), 50 mg/kg de saponina extraída de planta Albizia lebbeck durante 60 dias (Gupta et al., 2005) e extrato hidroalcoólico de Mentha crispa por 30 dias consecutivos (Dimech et al., 2006), não mostraram variações significativas na massa corporal. A produção espermática está diretamente relacionada com o peso testicular (Amann, 1970), e segundo Russell et al. (1990) e França & Russell (1998) a massa testicular pode ser usada como um indicador quantitativo da produção espermática, uma vez que o principal componente testicular é o túbulo seminífero. No presente trabalho, os tratamentos por gavagem com H. aphrodisiaca, em sua maior concentração e nos grupos tratados com as infusões ad libitum de A. arvense e H. aphrodisiaca aumentaram o peso médio de ambos os testículos. Da mesma forma, ratos tratados com extrato de Cynomorium coccineum (Abdel-Magied et al., 2001), Lepidium meyenii (Gonzales et al., 2001), Rubus coreanus (Sook-Oh et al., 2007), Fadogia agrestis (Yakubu et al., 2008a) e Mussularia acuminata (Yakubu et al., 2008b) apresentaram valores maiores que os animais-controle. Embora possa haver uma associação entre o aumento do peso testicular com um possível aumento na produção espermática, o aumento registrado para o peso total do testículo observado no grupo tratado com H. aphrodisiaca em sua maior concentração e 64 nos grupos tratados com as infusões ad libitum de A. arvense e H. aphrodisiaca, foi devido, principalmente, ao aumento no volume intertubular, uma vez que o volume de túbulos seminíferos não variou entre os grupos tratados. Procedimentos metodológicos semelhantes aos tratamentos adotados no presente estudo são descritos na literatura, no intuito de avaliar o efeito de extratos oriundos de diferentes espécies vegetais sob aspectos biométricos e reprodutivos de animais experimentais. Diversos trabalhos mostraram resultados antagônicos aos obtidos nos tratamentos com os extratos de A. arvense e H. aphrodisiaca, indicando que, diferentes substâncias vegetais podem interferir nos processos bioquímicos celulares promovendo respostas benéfica, inócua ou negativa na fisiologia reprodutiva. Neste sentido, ratos tratados com extratos de Striga orobanchioides (Hiremath et al., 1997), piperina extraída da espécie Piper longum (Malini et al., 1999), Stevia rebaudiana (Melis, 1999), Martynia annua (Mali et al., 2002) Albizia lebbeck (Gupta et al., 2005; Gupta e Kachhawa, 2007) e Aegle marmelos (Chauhan et al., 2007) apresentaram diminuição significativa no peso testicular após tratamento em relação a animais-controle. Resultados diferentes dos registrados no presente trabalho foram ainda observados em ratos que receberam extrato seco de Andrographis paniculata nas doses de 20, 200 e 1.000 mL/kg durante 60 dias, não mostrando neste caso, variações no peso dos testículos e órgãos sexuais acessórios (Burgos et al., 1997). Da mesma forma, ratos Wistar tratados com extrato de Rosmarinus officinalis nas dosagens de 291,2 e 582,4 mg/kg não mostraram alterações no peso testicular e peso corporal, parâmetros avaliados após 14 dias do tratamento (Silveira e Sá et al., 2006). Resultados compatíveis com esta abordagem foram obtidos em experimento com ratos Wistar que recebem via oral extrato hidro-alcoólico de Mentha crispa na concentração de 0,5 e 1,0g/kg durante 30 dias consecutivos, concluindo que o extrato não promoveu interferência na massa testicular e corporal dos animais tratados (Dimech et al., 2006). O tratamento de animais com substâncias de origem vegetal pode também gerar efeitos positivos sobres parâmetros quantitativos e, ou, qualitativos da espermatogênese e da androgênese. Resultados equivalentes aos obtidos no presente estudo foram observados por Yakubu et al. (2008a), em que ratos Wistar tratados com extrato aquoso de Massularia acuminata nas doses de 250, 500 e 1.000 mg/kg mostraram aumentos do testículo e dos níveis de testosterona testicular em 21 dias de tratamentos. Da mesma forma, grupos de ratos albinos que receberam 18, 50 e 100 mL/kg de extrato aquoso de 65 Fadogia agrestis, mostraram aumento na proporção testicular após 28 dias consecutivos de tratamento (Yakubu et al., 2008b). O peso do parênquima testicular, ou peso líquido testicular, representa a porção produtiva, gametogênica (túbulo seminífero) e androgênica (tecido intertubular) do testículo (Sharpe, 1994; França & Russell, 1998). No presente trabalho, o peso do parênquima testicular foi considerado como o peso do testículo descontando-se apenas a albugínea testicular. Embora a proporção volumétrica e o volume total da albugínea testicular tenham aumentado nos grupos tratados com A. arvense (grupos II e IV) e nos animais tratados com as duas plantas por meio das infusões ad libitum (grupos VI e VII) em relação aos demais grupos, este aumento foi proporcional ao volume observado para o parênquima testicular. Este aumento está diretamente relacionado aos componentes do tecido intertubular, uma vez que o volume do túbulo seminífero não variou entre os grupos estudados. Com base em considerações funcionais, três fases distintas podem ser observadas durante o processo espermatogênico: a fase proliferativa, na qual as espermatogônias sofrem rápidas e sucessivas divisões mitóticas; a fase meiótica, na qual o material genético é recombinado e segregado, e a fase espermiogênica, onde as espermátides se diferenciam em células estruturalmente equipadas para atingir e fertilizar o gameta feminino (Russell et al., 1990). Em todos os mamíferos investigados somente cerca de 15 a 50 % dos espermatozóides teoricamente esperados são produzidos (Huckins, 1978; Castro et al., 1997; França & Russell, 1998; Swerdloff et al., 1998). Isto provavelmente se deve a uma degeneração densidade-dependente, onde a apoptose é o mecanismo homeostático utilizado para limitar as células germinativas a um número que possa ser suportado pelas células de Sertoli disponíveis (Huckins, 1978; De Rooij & Janssen, 1987; De Rooij & Lok, 1987; Sharpe, 1994; De Rooij, 1998; Santos, 1999). Desta forma, as perdas celulares são um componente integrante do processo espermatogênico. Durante a fase proliferativa, uma grande perda celular, entre 65 a 75 %, é constatada em animais domésticos (França & Russell, 1998). No grupo-controle do presente experimento foram produzidos cerca de 19,6 espermatócitos primários em pré-leptóteno para cada espermatogônia do tipo A, ou seja, o coeficiente de eficiência de mitoses espermatogoniais (CEME). Este valor é similar ao observado nos grupos tratados, uma vez que não houve diferença nas populações de espermatogônia do tipo A e de espermatócitos primários em preleptóteno por secção transversal de túbulo entre todos os grupos estudados. Este rendimento ficou dentro da amplitude observada para a 66 maioria dos animais domésticos (14,6 a 24,8) (França & Russell, 1998). Por outro lado, ratos tratados com extrato aquoso de Hibiscus sabdariffa mostraram alterações na organização normal do epitélio seminífero, com aumento de degeneração dos espermatócitos (Oriakwe et al., 2004). Efeitos deletérios quanto ao número de espermatócitos também foram registrados em animais tratados com extratos de Striga orobanchioides (Hiremath et al., 1997), Albizia lebbeck (Gupta et al., 2005) e Barleria prionitis (Verna et al., 2005). A fase meiótica da espermatogênese é marcada por uma intensa recombinação do material genético, que será dividido para as células no decorrer das duas divisões meióticas. O processo da divisão celular ocorre por meio de uma longa prófase seguida por duas divisões celulares onde se produzem quatro células haplóides (Russell et al., 1990). No presente estudo, pequenas variações porém não-significativas foram observadas entre as populações de espermatócitos primários em preleptóteno, espermatócitos primários em paquíteno e espermátides arredondadas por secção transversal, nos grupos-controle e nos grupos tratados por gavagem com as menores concentrações de A. arvense e de H. aphrodisiaca. Entretanto, aumentos foram registrados nas populações de espermatócitos primários em paquíteno e espermátides arredondadas por secção transversal, nos animais tratados por gavagem com a maior concentração de H. aphrodisiaca (grupo V) e nos grupos tratados com as infusões ad libitum de A. arvense e H. aphrodisiaca (grupos VI e VII). Da mesma forma, ratos tratados com 1,66 g/kg de Lepidium meyenii durante 42 dias, tiveram aumentos no número de espermátides, comparado com o correspondente grupo-controle (Gonzales et al., 2006). Por outro lado, resultados deletérios sobre estas populações celulares foram obtidos por Hiremath et al. (1997), testando os efeitos anti-androgênicos do extrato da planta Striga orobanchioides, por Gupta et al. (2005), avaliando os efeitos de saponinas retiradas da espécie vegetal Albizia lebbeck e por Verna et al. (2005), estudando em ratos os efeitos do extrato metanólico das raízes de Barleria prionitis. Normalmente, é na fase meiótica que ocorre numericamente a maior perda celular na maioria dos mamíferos estudados (Roosen-Runge, 1973; França & Russell, 1998; França et al., 1999). De maneira geral, nos mamíferos, esta perda é de cerca de 25 %, ou seja, de cada quatro espermátides arredondadas teoricamente esperadas, três são formadas (França & Russell, 1998; Leite et al., 2006). Pequenas variações foram observadas nos percentuais de perda celulares no presente trabalho, porém, tanto no grupo-controle quanto nos grupos tratados por gavagem e por meio das infusões ad 67 libitum, os valores ficaram próximos das perdas registradas para os mamíferos, em média 25 %. Já ratos albinos tratados com 50 mL/kg de saponina extraída de Albizia lebbeck, durante 60 dias, apresentaram perdas celulares de aproximadamente 38 % durante a fase meiótica, bem acima quando comparado com os 25 % de perda esperada (Gupta et al., 2005). Da mesma forma, ratos tratados com extratos obtidos das raízes de Barleria prionitis na concentração de 100 mL/kg, administrados via oral durante 60 dias, mostraram perdas acima de 47 % na população de espermátides (Verma et al., 2005), índice muito superior à média esperada para estas perdas. O rendimento geral da espermatogênese é uma mensuração da eficiência do processo espermatogênico como um todo, sendo calculado a partir da população de espermátides arredondadas por secção transversal do túbulo seminífero (Russell et al., 1990; França & Russell, 1998; Paula et al., 1999). Sua confiabilidade como um índice de avaliação da produção de espermatozóides baseia-se no fato de que perdas durante o processo espermiogênico são consideradas pequenas e não-significativas (Amann, 1970; Berndtson, 1977; Russell & Peterson, 1984; Johnson et al., 2000). No presente trabalho não foram registradas variações significativas no rendimento geral da espermatogênese e no coeficiente de manutenção dos espermatócitos primários, entre o grupo-controle e os grupos submetidos aos diferentes tratamentos. Da mesma forma, animais tratados com Dimetil Sulfóxido (DMSO) mostraram rendimento estatisticamente semelhante em relação ao correlativo grupo-controle (Almeida et al., 2000). Por outro lado, ratos tratados com extrato de Albizia lebbeck (Gupta, et al., 2005) e Barleria prionites (Verma et al., 2005) durante 60 dias, apresentaram rendimento geral da espermatogênese de 11,81 e 13,29 respectivamente, mostrando que, diferentemente dos resultados obtidos no referido trabalho, as duas espécies promoveram efeitos altamente deletérios para o processo espermatogênico, já que a produção espermática nesses animais foi fortemente reduzida. Os valores registrados no referido trabalho quanto ao rendimento geral da espermatogênese tanto para o grupo-controle (62,24) quanto para os diferentes tratamentos (de 66,17 a 69,21), estão dentro da amplitude registrada na maioria dos animais domésticos, que é de 37,4 a 74,2 (França & Russell, 1998). As interações entre a célula de Sertoli e as células germinativas são cruciais para a manutenção da produção espermática normal (Griswold, 1995). A célula de Sertoli desempenha um papel fundamental na morfofisiologia da espermatogênese e suas funções incluem desde a sustentação física das células germinativas, até a produção de 68 fatores parácrinos/autócrinos que modulam a produção espermática. Desta forma, o número de células de Sertoli por testículo é o principal fator na determinação da produção espermática e no tamanho do testículo (Russell et al., 1990; Sharpe, 1994; França & Russell, 1998; Paula, et al., 1999; Hess & França, 2005). Cada célula de Sertoli tem uma capacidade de suporte de células germinativas relativamente fixa em cada espécie e como a sua população não aumenta após a puberdade e ao longo dos diferentes estádios do ciclo do epitélio seminífero, serve como referência para se quantificar e avaliar funcionalmente o processo espermatogênico (Steinberger & Steinberger, 1971; Orth, 1982; Orth et al., 1988; França & Russell, 1998). No presente estudo não foram observadas variações significativas nas populações de células de Sertoli, por secção transversal de túbulo seminífero, independente do tratamento oferecido. Entre as diferentes espécies de mamíferos estudadas, a capacidade de suporte das células de Sertoli é muito variada sendo uma relação espécie-específica (Russell & Peterson, 1984; França & Russell, 1998; França et al., 1999). No presente estudo, foram observados aumentos no índice de célula de Sertoli relativo ao total de células germinativas por secção transversal de túbulo, nos animais tratados com H. aphrodisiaca por gavagem na maior concentração (grupo V) e por ad libitum (grupo VII). Porém, apenas o índice de célula de Sertoli por número de espermátides arredondadas é considerado o mais acurado para se avaliar a eficiência e a função da célula de Sertoli, sendo o melhor indicativo da eficiência funcional destas células para uma dada espécie (Russell & Peterson, 1984; Sharpe 1994). Neste aspecto não foram observadas variações à capacidade de suporte das células de Sertoli entre os grupos estudados. 5. Conclusões Foi constatado aumento no peso testicular dos animais tratados com Heteropterys aphrodisiaca e Anemopaegma arvense nas maiores concentrações por gavagem e por ad libitum devido ao incremento no tecido intertubular que refletiu na função androgênica o que ocasionou aumento do peso corporal como um efeito anabolizante. Os rendimentos indicativos da eficiência do processo espermatogênico e a capacidade de suporte das células de Sertoli em relação à espermátides arredondadas, não foram significativamente alterados em nenhum dos tratamentos propostos. 69 Nos grupos submetidos às infusões ad libitum, as alterações registradas para os parâmetros biométricos, para as populações de espermatócitos primários em paquíteno e espermátides arredondadas por secção transversal foram mais efetivas que os grupos submetidos aos tratamentos por gavagem. Nas concentrações usadas, os extratos de H. aphrodisiaca e A. arvense não promoveram efeitos tóxicos, tendo em vista o aumento da massa corporal e as condições sanitárias observadas em todos os animais submetidos aos diferentes tratamentos utilizados. Referências bibliográficas Abdel-Magied, E.M., Abdel-Rahman, H.A., Harraz, F.M. 2001. The effect of aqueous estracts of Cynomorium coccineum and Withania somnifera on testicular development in immature Wistar rats. Journal of Ethnopharmacology 75, 1-4. Abercrombie, M. 1946. Estimation of nuclear populations from microtome sections. The Anatomical Record 94, 238-248. Adaikan, P.G., Gauthaman, K., Prasad, R.N., Ngai, S.C. 2000. Proerectile pharmacological effects of Tribulus terrestris extract on the rabbit corpus cavernous. Annals of Academy Medicine Singapore 29, 22-26. Albuquerque, U.P., Hanazaki, N. 2006. As pesquisas etnodirigidas na descoberta de novos fármacos de interesse médico e farmacêutico: fragilidade e perspectivas. 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Entre várias utilidades, o afrodisíaco desperta interesse especial da população e substâncias de diversas espécies são consumidas com esta finalidade. Neste sentido, no estado brasileiro do Mato Grosso as espécies Heteropterys aphrodisiaca O. Mach. (nó-de-cachorro) e a Anemopaegma arvense (Vell.) Stellfeld & J.F. Souza (vergateza) se destacam. O objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos do extrato das raízes destas espécies sobre o testículo e o processo espermatogênico de ratos Wistar, especialmente os efeitos sobre a reserva e a produção espermática de animais tratados. Foram utilizados 72 ratos em idade reprodutiva, divididos em sete grupos. Destes, cinco grupos foram tratados por meio de gavagem diária durante 56 dias consecutivos; os animais do grupo-controle receberam 0,5 mL de solução salina e os outros quatro grupos receberam 0,5 mL de extratos obtidos das duas espécies de plantas, em duas concentrações distintas, 12,5 e 25 g diluídas em 100 mL de água. Outros dois grupos foram tratados com infusões das plantas pelo mesmo período, sendo 20 mL do extrato de menor concentração diluídos em 80 mL de água consumidos ad libitum. O extrato de H. aphrodisiaca na menor concentração, administrado por gavagem, promoveu aumentos no peso corporal, na proporção volumétrica do intertúbulo, no volume intertubular, no diâmetro tubular e espessura do epitélio seminífero. Adicionalmente, os grupos tratados com a maior concentração de H. aphrodisiaca por gavagem e com a infusão ad libitum da mesma planta, mostraram aumentos no peso dos testículos, do parênquima testicular e no peso das glândulas vesiculares. O extrato de A. arvense na menor concentração, administrado por gavagem, promoveu aumentos no diâmetro e na espessura do epitélio seminífero. O extrato desta planta na maior concentração, administrado por gavagem e o grupo tratado ad libitum, mostraram aumentos significativos no peso corporal, dos testículos, do parênquima testicular, das glândulas vesiculares e no volume do tecido intertubular. O comprimento total de túbulos por metro e por grama de testículo, a reserva espermática total e por grama de testículo e a produção espermática diária e produção espermática diária por grama de testículo foram menores em todos os tratamentos, comparados ao grupo-controle. Conclui-se que o aumento do tecido intertubular e das glândulas vesiculares refletiu nos parâmetros biométricos avaliados e que a perda em comprimento dos túbulos seminíferos foi determinante para a diminuição da reserva e produção espermática nos animais tratados. Palavras-chave: espermatogênese; fitoterapia; glândula vesicular; reserva e produção espermática; Heteropterys aphrodisiaca, Anemopaegma arvense. 78 Effect of the extract of Heteropterys aphrodisiaca (nó-de-cachorro) and Anemopaegma arvense (vergateza) about the reserve the spermatic production of rats Wistar treated adults chronically Abstract: In Brazil, the use of the medicinal plants constitutes a direct form of medicine attainment and based on the “traditional” knowledge and practices they occupy a prominence place in the treatment of illnesses. Between some utilities, the aphrodisiac awakens special interest of the population and substances of diverse species are consumed with this purpose. In this sense in the state of Mato Grosso the species Heteropterys aphrodisiaca O. Mach. (nó-de-cachorro) and the Anemopaegma arvense (Vell.) Stellfeld & J.F. Souza (vergateza) stand out. 72 male rates Wistar in reproductive age were divided into seven groups. Five groups were exposed to daily gavage for 56 consecutive days; the animals of the control group received 0.5 ml of salt solution and the other four groups received 0.5 mL of extracts obtained from the two species in two different concentrations 12.5 g and 25 g diluted in 100 mL of water. Two groups had been treated with infusion of the two species for the same period, being 20 mL of the extract with lesser concentration diluted in 80 mL of water consumed ad libitum. The extract of H. aphrodisiaca in the lesser concentration caused significant increase in the corporal weight, in the intertubular volume, in the tubular diameter and in the thickness of the seminiferous. Besides, the groups treated with larger concentrations of the extract and with the infusion ad libitum of the same plant, had shown increase in the testicular weight, in the testicular parenchyma, in the vesicular glands weight. The animals treated with the lesser concentration of A. arvense registered an increase in the diameter and thickness of the seminiferous tubule. Similar increases were also registered in animals treated with larger concentration of the extract of A. arvense by gavage and in the group treated with the ad libitum infusion of the same plant, which, additionally, showed significant increases in the corporal weight, testicular weight, testicular parenchyma weight, vesicular glands weight, in the intertubular tissue volume. The total tubules length by meter and gram of testicle, the total spermatic reserve and by testicle gram and the diary spermatic production and diary spermatic production by testicle gram were lesser in every treatments, compared to the control group. Concludes that the increase of the intertubular tissue and vesicular glands reflected in the increase of the biometric parameters evaluated and that the length loss of seminiferous tubules was determinative for the reduction of reserve and production spermatic of animals treated. Key-words: phytotherapy; spermatogenesis; vesicular gland; reserve and spermatic production; Heteropterys aphrodisiaca, Anemopaegma arvense. 79 1. Introdução Em várias regiões do Brasil, o consumo de substâncias vegetais como medicamento está fortemente inserido no hábito popular e o uso de plantas como fonte direta de medicamentos é uma prática cotidiana. Diversos trabalhos etnobotânicos registram este saber e também relatam as estratégias do etnoconhecimento para o aproveitamento dos recursos vegetais como fontes de medicamentos (Correa, 1984; Pott & Pott, 1994; Guarim Neto, 1996; Lorenzi & Matos, 2002; Carvalho et al., 2008). O tratamento de doenças com substâncias vegetais, sempre ocupou lugar de destaque e faz parte do hábito popular que envolve os saberes e práticas “tradicionais” (Albuquerque & Hanazaki, 2006). Entretanto, diante do potencial das plantas medicinais no campo terapêutico e da riqueza da flora medicinal do Brasil, um número reduzido de estudos foi realizado a partir de investigação científica. Martins et al. (2003) descrevem que, das cerca de 200.000 espécies vegetais que possam existir no Brasil, pelo menos a metade pode ter alguma propriedade terapêutica útil à população. Entretanto, menos de 1 % dessas espécies com potencial foi motivo de estudos adequados. Ainda assim, mesmo sem a comprovação científica, o que existe na prática é uma grande comercialização de produtos contendo substâncias ou compostos de centenas de espécies vegetais que são utilizadas há décadas na medicina popular. Os testes experimentais e os estudos farmacológicos de metabólitos vegetais secundários podem promover, depois de comprovada ação terapêutica, o uso efetivo de um elenco de plantas com viabilidade ainda desconhecida para os campos da farmacologia e consequentemente para a produção de medicamentos. Paralelamente ao crescente interesse da população pelos remédios a base de plantas, as pesquisas devem receber apoio necessário para investigação detalhada da sua eficácia, pois além do fator ligado diretamente a saúde, há também o fator econômico, já que este mercado tem movimentado milhões de dólares, tornando-se interesse do mundo todo. Motivos não menos importantes para o desenvolvimento de estudos com espécies vegetais de potencial terapêutico, são a conservação dos recursos naturais visando à segurança nacional no campo da biotecnologia e a preservação dos ecossistemas onde existam tais espécies (Martins et al., 2003). No Estado de Mato Grosso, devido à riqueza florística existente nas regiões de Cerrado, Pantanal e da Amazônia, somado a um reconhecido etnoconhecimento, não é raro a atribuição medicinal a um grande número de plantas (Correa, 1984; Pott & Pott, 80 1994; Guarim Neto, 1996; Lorenzi & Matos, 2002; Galvão et al., 2002). Inúmeras são incluídas na categoria de plantas tônicas como Heteropterys aphrodisiaca (nó-decachorro), Anemopaegma arvense (vergateza), Ouratea semiserrata (sangue de bugre), Bytteneria melastomifolia (raiz de bugre), Anemopaegma glaucum (catuaba verdadeira), dentre outras com uso fortemente popularizado. Produtos contendo, por exemplo, extratos de H. aphrodisiaca são consumidos habitualmente pela comunidade local como energético e estimulante do sistema nervoso (Pott & Pott, 1994, Galvão et al., 2002). Rizzini (1983) descreve que a raiz de H. aphrodisiaca possui propriedades estimulantes e faz parte de um grande elenco de espécies da flora brasileira com elementos psicoativos. Esta espécie é consumida pela comunidade local e em vários Estados do Brasil, incluindo o Amazonas, Acre, Goiás e Mato Grosso do Sul, é considerada planta energética e tônica (Correa, 1984; Pott & Pott, 1994; Guarim Neto, 1996; Lorenzi & Matos, 2002). O interesse da indústria farmacêutica na produção de fármacos com aplicabilidade na reprodução, especialmente a masculina, tem levado à pesquisa e ao desenvolvimento de drogas alopáticas, que são colocadas no mercado a preços muitas vezes inacessíveis para grande parte da população. Dentre essas drogas, já foram comercializados o Pasuma (Kunzfeld, 1966), o Afrodex (Miller, 1968), o Potensan Forte (Cooper et al., 1973), o Afrodor 2000 (Baumbusch et al., 1995) e o Ardorare ou Eresom (Eskeland et al., 1997). Atualmente, o Viagra (Kloner, 1998), o Uprima (Hafez & Hafez, 2004), o Levitra (Scheen, 2003; Gaines, 2004) e o Cialis (Gaines, 2004) fazem parte do arsenal terapêutico contra a impotência masculina. A tentativa da indústria farmacêutica em produzir drogas associada à reprodução é completamente pertinente já que tem se observado, como reflexo da vida moderna, perdas na capacidade produtiva masculina associada a diversos fatores, incluindo locais inadequados de trabalho, alterações ambientais, estresse e alimentação. Segundo Aitken (1999), existe não somente uma forte indicação de declínio da contagem de espermatozóides, mas também uma grande evidência da diminuição da competência funcional da produção espermática humana. Alterações morfológicas e funcionais nos espermatozóides humanos podem chegar a 85 % do ejaculado, estando diretamente relacionadas com a mais alta perda gestacional e má-formação embrionária observadas entre os vertebrados vivíparos (Aitken, 1999). Assim, diferentes substâncias deveriam ser avaliadas quanto ao seu efeito no processo espermatogênico antes de sua liberação para o consumo. 81 Compostos extraídos de plantas preconizadas como tônicas devem agir de alguma forma sobre a fisiologia reprodutiva, atuando nos compartimentos testiculares. Funcionalmente, o testículo pode ser dividido em dois compartimentos principais: o tubular formado pelos túbulos seminíferos que são constituídos por túnica própria, epitélio seminífero e lume tubular e o intertubular, composto por células de Leydig, vasos sanguíneos e linfáticos, nervos, e uma população celular variável constituída principalmente de fibroblastos, macrófagos e mastócitos (Russell et al., 1990). A espermatogênese ocorre nos túbulos seminíferos e dura cerca de 40 a 60 dias na maioria dos mamíferos (França & Russell, 1998; França et al., 1998; Paula et al., 1999, Paula et al., 2002). Espécies vegetais podem promover efeitos positivos ou deletérios sobre a fisiologia reprodutiva de animais tratados com suas substâncias ativas. Diversos estudos mostram diferentes tipos de interações de seus compostos na fisiologia testicular com reflexo sobre a espermatogênese. O uso das espécies Panax ginseng (Chen & Lee, 1995; Chen, 1996; Gillis, 1997; Kim et al., 1998, Nocerino et al., 2000), Eurycoma longifolia (Ang & Sim, 1997; 1998a; 1998b; Ang et al., 2000; Ang & Cheang, 2001; Ang & Ngai, 2001; Ang et al., 2001), Ferula harmonis (El-Thaer et al., 2001), Terminalia catappa (Ratnasooriya & Dharmasiri, 2002), Lepidium meyenii (Gonzales et al., 2006), Fadogia agrestis (Yakubu et al., 2008a) e Massularia acuminata (Yakubu et al., 2008b) promoveram diferentes alterações na fisiologia reprodutiva de animais submetidos a tratamentos com componentes extraídos desses vegetais, mostrando que seus elementos fitoquímicos podem interferir nos processos bioquímicos celulares da espermatogênese. Neste sentido, estudos experimentais associados à reprodução animal, visando esclarecer a influência de extratos vegetais sobre aspectos reprodutivos já conhecidos como a espermatogênese de animais de laboratório, podem gerar dados concretos quanto às potencialidades benéficas ou prejudiciais de substâncias fitoterápicas sobre a reserva e a produção espermática, além de subsidiar estudos farmacológicos para produção de medicamentos a base de plantas. Desta forma, o objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos de extratos obtidos das raízes espécies Heteropterys aphrodisiaca (nóde-cachorro) e Anemopaegma arvense (vergateza) no testículo de ratos Wistar adultos, comparando a reserva e produção espermática entre animais tratados e controle. 82 2. Material e métodos 2.1. Seleção das espécies e coleta do material botânico Foram realizadas entrevistas com pesquisadores da área de etnobotânica, membros de comunidades tradicionais com conhecimento de usos de plantas medicinais e ervanários que comercializam produtos de origem vegetal nas cidades de Nova Xavantina e Cuiabá, no Estado de Mato Grosso, na região centro-oeste do Brasil. A escolha das espécies ocorreu a partir das indicações dessas fontes, mas principalmente pelas informações obtidas da medicina popular. Nestas entrevistas foram apontadas aproximadamente 20 espécies vegetais com potencial tônico, com destaque para Heteropterys aphrodisiaca e Anemopaegma arvense, as duas espécies nativas do cerrado com o uso mais difundido e, portanto, selecionadas como de interesse para estudos morfométricos associados à espermatogênese. As coletas de raízes de H. aphrodisiaca e A. arvense foram realizadas nos Cerrados de Nova Xavantina, identificadas por botânicos e amostras das espécies foram depositadas no Herbário VIC da Universidade Federal de Viçosa, e registradas com os números 21.300 e 31.880 para H. aphrodisiaca e A. arvense, respectivamente. 2.2. Preparo das infusões As raízes de ambas as plantas foram secas em temperatura ambiente, protegidas da incidência direta da luz solar. Em seguida, foram trituradas e usadas para o preparo das infusões. Para isto, frações de 12,5 e 25 g foram pesadas em balança digital, das quais foram preparadas infusões em 100 mL de água destilada em ponto de fervura, obtendo-se assim, duas concentrações de cada planta. As infusões permaneciam em repouso por um período de quatro horas, sendo posteriormente filtradas e armazenadas em geladeira, por até quatro dias como solução-estoque. Após este período, desprezavam-se o produto excedente sendo preparadas novas extrações. Para o preparo das concentrações em forma de infusão, tanto de H. aphrodisiaca, quanto de A. arvense para os tratamentos ad libitum, foram utilizados 20 mL do extrato de menor concentração diluídos a 80 mL de água, perfazendo 100 mL disponibilizados diariamente a cada animal. 83 O preparo dos extratos, tempo de armazenamento e dosagens foram estabelecidas e adaptadas a partir das indicações mencionadas pela medicina popular, obtidas por meio das entrevistas. 2.3. Animais e grupos experimentais Os procedimentos experimentais envolvendo os animais seguiram estritamente os protocolos indicados pelas normas para o uso de animais em ensino, pesquisa e extensão, do Departamento de Veterinária da Universidade Federal de Viçosa (2006). Foram utilizados 72 ratos Wistar machos albinos (Ratus rattus) em idade reprodutiva (100 dias), pesando entre 310 e 330 g, provenientes do Biotério Central do CCBS da Universidade Federal de Viçosa, mantidos em condições controladas de temperatura (22ºC) e com fotoperíodo de 12 horas claro e escuro respectivamente. Os extratos foram administrados aos animais por dois métodos, gavagem e ad libitum. Os animais foram distribuídos da seguinte forma: grupo I: 12 animais; grupo II: 15 animais; grupo III: 15 animais: grupo IV: 10 animais; grupo V: 10 animais; grupo VI: 5 animais; e grupo VII: 5 animais. Os animais foram alimentados com ração comercial e a água para os grupos tratados por meio de gavagem foram oferecidas livremente. Para os animais dos grupos VI e VII, tratados ad libitum e mantidos em gaiolas individuais, a água foi substituída pelas infusões. 2.4. Tratamentos Sessenta e dois animais foram submetidos diariamente, durante 56 dias, à gavagem, sendo que os animais do grupo I (controle) (n = 12) receberam 0,5 mL/dia de solução salina; animais do grupo II (n = 15) receberam 0,5 mL/dia de infusão de A. arvense na concentração de 12,5 g/100 mL de água; animais do grupo III (n = 15) receberam 0,5 mL/dia de infusão H. aphrodisiaca na concentração de 12,5 g/100 mL de água (infusão A); animais do grupo IV (n = 10) receberam 0,5 mL/dia de infusão de A. arvense na concentração de 25 g/100 mL de água; animais do grupo V (n = 10) receberam 0,5 mL/dia de infusão de H. aphrodisiaca na concentração de 25 g/100 mL de água (infusão B). Dez animais foram tratados pelo método ad libitum, sendo que, para os animais do grupo VI (n = 5) tratados com a infusão de A. arvense e grupo VII (n = 5) tratados 84 com a infusão de H. aphrodisiaca foram disponibilizados 20 mL das infusões A, diluídas em 80 mL de água, totalizando 100 mL, que foram oferecidos diariamente a cada animal (infusão C). Após período de 24 horas a quantidade ingerida por cada animal era mensurada e uma nova dosagem disponibilizada. 2.5. Coleta e preparação histológica Ao término do período experimental, os animais foram pesados e eutanasiados de acordo com as normas descritas na Resolução no 714, de 20 de junho de 2002, do Conselho Federal de Medicina Veterinária-CFMV, que dispõe sobre procedimentos e métodos de eutanásia em animais. Em seguida, foram removidos os testículos e as glândulas vesiculares, que foram pesados em balança de precisão (0,001 g). Com o peso dos testículos foi possível calcular o índice gonadossomático, o qual se refere á proporção do peso corporal alocado em massa testicular. Ambos os testículos foram fixados por imersão em solução de Karnovsky. Aleatoriamente, testículos direito ou esquerdo foram armazenados para posterior dissecação e pesagem da albugínea. Fragmentos do testículo contralateral foram submetidos à desidratação em concentrações crescentes de etanol (50º, 70º, 80º, 90º, 95º e 100º GL) por 40 minutos cada, sendo posteriormente incluídos em resina glicolmetacrilato Historesin® (Leica). Foram obtidas secções histológicas de 3 µm de espessura em micrótomo rotativo (Reichert-Jung, Alemanha) equipado com navalha de vidro. As secções foram coradas com azul de toluidina-borato de sódio 1 % e analisadas em microscópio Olympus AX-70. Imagens do parênquima testicular foram obtidas e analisadas por meio do programa Image Pro Plus associado ao microscópio Olympus AX-70, no Laboratório de Anatomia Vegetal do Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viçosa. 2.6. Análise microscópica A proporção volumétrica (%) e volumes foram estimados por meio da contagem de um total de 4.320 pontos projetados sobre imagens capturadas em dez campos aleatoriamente, distribuídos nos diferentes cortes histológicos do testículo de cada animal. Para tal, utilizou-se um retículo de 432 intersecções (pontos), em imagens capturadas com aumento de 400 vezes. O volume tubular e do tecido intertubular foram 85 estimados a partir do percentual ocupado por estes componentes no testículo, e o volume total do parênquima testicular foi considerado como peso total do testículo descontando-se o peso da albugínea testicular. O peso dos diferentes componentes testiculares foi considerado como volume uma vez que a densidade volumétrica do testículo de mamífero está em torno de 1 (1,046) (Johnson et al., 1981). A população de espermátides arredondadas foi computada em dez secções transversais de túbulos no estádio 1 do ciclo do epitélio seminífero (Berndtson, 1977), em cada animal e corrigida para o diâmetro nuclear e espessura do corte histológico através da fórmula de Abercrombie (1946), modificada por Amann & Almquist (1961). O diâmetro médio dos túbulos foi mensurado através do programa Image Pro Plus, em dez secções transversais de túbulos seminíferos, o mais circular possível, em cada animal. Nas mesmas secções transversais foram realizadas mensurações da espessura do epitélio seminífero, da membrana basal até a borda luminal. O comprimento tubular total foi obtido por meio da fórmula do volume do cilindro considerando-se: o comprimento tubular = volume de túbulos seminíferos/área da secção transversal do túbulo seminífero. Para o cálculo da área da secção transversal do túbulo utilizou-se a fórmula πr2, em que “r” representa o raio do túbulo. A reserva espermática testicular foi obtida multiplicando-se a população de espermátides arredondadas por secção transversal pelo comprimento total do túbulo seminífero. Dividindo-se a reserva espermática testicular pela duração do ciclo do epitélio seminífero (12,8 dias, van Haaster & De Rooij, 1993) foi calculado a produção espermática diária. 2.7. Análises estatísticas Análise de variância seguida de teste de Duncan (5 % de significância) foi utilizada para avaliar variações dos parâmetros estudados nos grupos-controle e tratados. Os valores dos parâmetros estão representados pelas médias, desvios-padrão e coeficiente de variação. 86 3. Resultados 3.1. Pesos e índice gonadossomático Os valores médios de peso corporal dos animais dos grupos tratados foram maiores comparados com a média apresentada no grupo-controle (p < 0,05), com exceção do grupo II que foi semelhante aos animais-controle (p > 0,05) (Tabela 1). Entre os tratamentos também foram registradas variações, pois o grupo IV, tratado com a maior concentração de A. arvense, apresentou a maior média entre os grupos submetidos à gavagem, porém diferindo somente quando comparado com os grupos II e III tratados com as menores dosagens de A. arvense e H. aphrodisiaca, respectivamente (p < 0,05), e semelhante aos animais do grupo V, tratados com a maior concentração de H. aphrodisiaca (p > 0,05). Os animais do grupo V apresentaram massa corporal semelhante aos animais do grupo III, tratados com a menor concentração de H. aphrodisiaca (p > 0,05) e diferiram dos animais do grupo II tratados com A. arvense em sua menor concentração (p < 0,05). Da mesma forma, os animais dos grupos VI e VII tratados com as infusões de A. arvense e H. aphrodisiaca apresentaram, respectivamente, as maiores diferenças em relação aos demais tratamentos (p < 0,05), não mostrando diferenças entre si (p > 0,05). O peso médio dos testículos foi maior nos grupos tratados se comparado com os valores médios obtidos no grupo-controle. Os animais tratados por gavagem com as maiores concentrações de A. arvense (grupo IV) e H. aphrodisiaca (grupo V), apresentaram as maiores médias, porém somente nos animais do grupo V, as diferenças foram significativas em relação aos grupos-controle (p < 0,05). Variações também foram registradas do grupo V para os tratados dos grupos II e III (p < 0,05). Já nos grupos VI e VII, tratados com as infusões de A. arvense e H. aphrodisiaca, respectivamente, os valores médios obtidos apresentaram as maiores diferenças em relação aos gruposcontrole (p < 0,05). Diferenças também foram registradas entre os tratamentos, sendo maiores nos grupos VI e VII comparados com os animais tratados com as menores concentrações das duas plantas, grupos II e III e ao grupo IV tratado com a maior concentração de A. arvense (p < 0,05). Nos animais tratados ad libitum não foram registradas variações estatísticas entre si (p > 0,05) (Tabela 1). Os maiores valores do peso da albugínea testicular foram observados nos animais tratados com A. arvense, nas duas concentrações utilizadas por gavagem (grupos II e IV), e nos grupos (VI e VII) tratados com as infusões das duas espécies 87 comparados com os valores apresentados pelo grupo-controle e os registrados nos grupos III e V tratados por gavagem com extrato de H. aphrodisiaca (p < 0,05). Já entre os animais tratados com H. aphrodisiaca, nas duas concentrações utilizadas por gavagem (grupos III e V) não foram registradas diferenças entre si e destes para os animais do grupo-controle (p > 0,05) (Tabela 1). Tabela 1 – Pesos (g) corporal (PC), testicular (PT), da albugínea (PA), do parênquima testicular (PPT), da glândula vesicular (PGV) e índice gonadossomático (IGS) de ratos Wistar adultos após tratamento durante 56 dias com extratos de raízes de Heteropterys aphrodisiaca e Anemopaegma arvense Tratamentos Peso Corporal Peso dos Testículos Peso da Albugínea Peso do Parênquima Testicular Peso da Glândula Vesicular IGS (%) Grupo I CV 333,9±19,19 a (5,74) 2,855±0,16 a (5,90) 0,047±0,009 a (19,59) 2,812±0,16 a (5,97) 2,386±0,39 a (16,70) 0,843±0,07 a (8,34) Grupo II CV 340,0±13,62 a (4,00) 2,901±0,12 a (4,56) 0,072±0,01 b (15,69) 2,828±0,13 a (4,68) 2,389±0,35 a (15,20) 0,850±0,05 a (6,78) Grupo III CV 353,4±11,70 b (3,31) 2,956±0,26 a (8,91) 0,050±0,009 a (13,78) 2,905±0,25 a (9,13) 2,634±0,20 a b (7,90) 0,837±0,08 a (10,36) Grupo IV CV 371,0±14,68 c (3,95) 3,034±0,28 a b (9,27) 0,068±0,020 b (30,19) 2,966±0,27 a b (9,34) 2,523±0,17 a b (6,90) 0,818±0,08 a (9,93) Grupo V CV 363,0±18,13 b c (4,99) 3,170±0,20 b (6,33) 0,051±0,008 a (16,11) 3,123±0,19 b (6,28) 2,560±0,26 a b (10,20) 0,875±0,06 a (8,34) Grupo VI CV 461±11,40 d (2,47) 3,367±0,20 b (7,19) 0,079±0,005 b (6,82) 3,288±0,19 b (6,06) 2,925±0,32 b (11,48) 0,731±0,03 b (4,21) Grupo VII CV 453±15,65 d (3,45) 3,252±0,16 b (4,85) 0,078±0,003 b (4,0) 3,173±0,15 b (5,01) 3,012±0,47 b (15,99) 0,720±0,01 b (1,90) Médias seguidas por letras iguais nas colunas, não diferem significativamente, teste de Duncan (p < 0,05). Dados expressos em médias ± dp. cv = coeficiente da variação. Grupo I: controle: tratado com 0,5 mL/dia de solução salina; Grupo II: tratado com 0,5 mL/dia de A. arvense (menor concentração); Grupo III: tratado com 0,5 mL/dia de H. aphrodisiaca (menor concentração); Grupo IV: tratado com 0,5 mL/dia de A. arvense (maior concentração); Grupo V: tratado com 0,5 mL/dia de H. aphrodisiaca (maior concentração); Grupo VI: tratado com a infusão ad libitum de A. arvense e Grupo VII: tratado com a infusão ad libitum de H. aphrodisiaca. O peso do parênquima testicular mostrou o mesmo comportamento do peso dos testículos. Deste modo, os valores registrados nos grupos submetidos às maiores dosagens via gavagem, tanto de A. arvense (grupo IV) quanto de H. aphrodisiaca (grupo V), apresentaram as maiores médias, sendo significativa apenas nos animais tratados com H. aphrodisiaca (p < 0,05). Da mesma forma, os valores médios do peso do parênquima registrados nos grupos VI e VII, tratados com as infusões ad libitum, foram maiores em relação ao controle (p < 0,05), aos grupos II e IV tratados com as duas concentrações de A. arvense e ao grupo III tratado com a menor dosagem de H. aphrodisiaca (p < 0,05) (Tabela 1). 88 O valor médio do peso da glândula vesicular foi maior nos animais tratados que no grupo-controle sendo, porém significativo nos grupos VI e VII tratados com as infusões das duas plantas (p < 0,05) (Tabela 1). Os animais do grupo II, tratados com extrato de A. arvense em sua menor concentração, apresentaram valores semelhantes aos observados no grupo-controle (p > 0,05). Aumentos médios de 5,80 % deste órgão foram registrados nos animais do grupo IV, tratados por gavagem com o extrato de A. arvense em sua maior concentração e de 10,4 e 7,35 % nos animais tratados pelo mesmo método com extrato de H. aphrodisiaca, na menor e maior concentração (grupos III e V), respectivamente (p > 0,05). Por outro lado, os animais tratados com as infusões ad libitum de H. aphrodisiaca e A. arvense apresentaram aumentos médios de 26,24 e 22,59 %, respectivamente, em relação ao grupo-controle (p < 0,05). O índice gonadossomático (IGS) que expressa o percentual de massa corporal alocada em testículos, não variou estatisticamente entre os animais-controle e tratados por gavagem, com A. arvense ou H. aphrodisiaca (p > 0,05). Já os animais submetidos aos tratamentos com infusões ad libitum das duas espécies, apresentaram índice menor que os demais grupos estudados (p < 0,05) (Tabela 1). 3.2. Proporção volumétrica e volumes tubular e do tecido intertubular A proporção volumétrica de túbulos seminíferos mostrou que os valores médios foram menores nos animais tratados com H. aphrodisiaca nas duas concentrações utilizadas por gavagem (grupos III e V), bem como nos animais tratados com as infusões das duas plantas (grupos VI e VII), comparados com os valores observados nos demais grupos (p < 0,05). Já os valores médios registrados para o volume do túbulo seminífero, embora com variações em suas médias, estas não foram significativas (p > 0,05) (Tabela 2). As médias observadas para a proporção de tecido intertubular foram maiores nos grupos III e V tratados por gavagem com as duas concentrações do extrato de H. aphrodisiaca quando comparados ao grupo-controle e aos tratados igualmente por gavagem com o extrato de A. arvense nas duas concentrações (II e IV) (p < 0,05). Da mesma forma, as médias apresentadas pelos animais tratados com as infusões ad libitum das duas plantas, mostraram aumentos na proporção volumétrica e no volume intertubular quando comparadas com as médias do grupo-controle e dos animais tratados com as duas dosagens do extrato de A. arvense (p < 0,05) (Tabela 2). 89 Tabela 2 – Proporção volumétrica de túbulo seminífero (PVTS), volume tubular (VT), proporção volumétrica do tecido intertubular (PVTI) e volume intertubular (VI) de ratos Wistar adultos tratados com extratos de raízes de Heteropterys aphrodisiaca e Anemopaegma arvense Tratamentos PVTS (%) VT (mL) PVTI (%) VI (mL) Grupo I CV 84,00±5,67 a (6,75) 2,36±018 a (7,80) 15,99±5,67 a (3,21) 0,45±016 a (6,53) Grupo II CV 83,40±6,51 a (7,80) 2,35±0,11 a (4,64) 16,59±6,51 a (3,92) 0,47±0,30 a (6,51) Grupo III CV 79,31±1,43 b (1,80) 2,30±0,21 a (9,17) 20,68±1,42 b (6,89) 0,60±0,71 b (11,89) Grupo IV CV 83,62±3,78 a (4,52) 2,47±0,18 a (7,36) 16,38±3,78 a (2,34) 0,49±0,14 a (9,73) Grupo V CV 78,89±5,96 b (7,56) 2,46±0,19 a (8,12) 21,11±5,96 b (3,69) 0,66±0,21 b (6,38) Grupo VI CV 80,24±2,59 b (3.00) 2,63±0,20 a (7,58) 19,76±2,59 b (2,26) 0,65±0,83 b (12,93) Grupo VII CV 81,61±8,89 b (2,09) 2,59±0,14 a (5,61) 18,39±2,88 b (4,83) 0,59±0,58 b (5,02) Médias seguidas por letras iguais nas colunas, não diferem significativamente, teste de Duncan (p < 0,05). Dados expressos em médias ± dp. cv = coeficiente da variação. Grupo I: controle: tratado com 0,5 mL/dia de solução salina; Grupo II: tratado com 0,5 mL/dia de A. arvense (menor concentração); Grupo III: tratado com 0,5 mL/dia de H. aphrodisiaca (menor concentração); Grupo IV: tratado com 0,5 mL/dia de A. arvense (maior concentração); Grupo V: tratado com 0,5 mL/dia de H. aphrodisiaca (maior concentração); Grupo VI: tratado com a infusão ad libitum de A. arvense e Grupo VII: tratado com a infusão ad libitum de H. aphrodisiaca. 3.3. Diâmetro tubular, espessura do epitélio, população de células de Sertoli e comprimento tubular O valor médio de diâmetro do túbulo seminífero registrado no grupo-controle apresentou-se menor quando comparado com os grupos tratados (p < 0,05) (Tabela 3). Entre os tratamentos, os animais que receberam por gavagem extrato de H. aphrodisiaca, em sua menor concentração (grupo III), apresentaram valor médio semelhante àquele observado no grupo tratado com o extrato da mesma planta, em sua maior concentração (grupo V), porém menor que os valores observados no grupo IV, tratado por gavagem com extrato de A. arvense na maior concentração utilizada. Os valores médios dos grupos VI e VII, tratados com extratos de A. arvense e H. aphrodisiaca, respectivamente, com as infusões ad libitum oferecidas continuamente, foram maiores que o grupo-controle e com os animais do grupo III (p < 0,05) e não apresentaram variações estatísticas entre si (p > 0,05) (Tabela 3). 90 Tabela 3 – Diâmetro tubular (DT), espessura do epitélio seminífero (EES), população corrigida de célula de Sertoli (PCS)/secção transversal, comprimento de túbulo seminíferos em metros (CTSM) e comprimento de túbulos por grama de testículo (CTGT) de ratos Wistar adultos após tratamento com extratos de raízes de Heteropterys aphrodisiaca e Anemopaegma arvense Tratamentos DT (µm) EES (µm) PCS (µm) CTSM (m) CTGT (m) Grupo I CV 301,89±1,84 a (0,61) 69,32±1,12 a (1,62) 8,23±0,79 a (9,61) 32,98±2,74 a (8,31) 11,56±0,82 a (7,13) Grupo II CV 335,06±13,68 c (4,08) 80,47±1,64 c (2,04) 8,06±0,70 a (8,76) 26,91±2,82 b (10,49) 9,26±0,76 b (8,25) Grupo III CV 325,64±4,69 b (1,44) 75,12±1,26 b (1,68) 8,23±0,61a (7,46) 27,69±2,70 b (9,76) 9,36±0,38 b (4,07) Grupo IV CV 337,83±11,26 c (3,33) 108,95±7,21 e (6,62) 8,31±0,57 a (6,87) 27,69±2.72 b (9,85) 9,14±0,76 b (8,34) Grupo V CV 330,90±14,94 b c (4,52) 103,88±5,48 d (5,28) 8,44±0,57 a (6,81) 28,80±3,30 b (11,48) 9,11±1,20 b (13,23) Grupo VI CV 341,78±11,29 c (3,30) 105,59±5,13 d (4,86) 8,53±0,81 a (9,51) 28,73±5,96 b (2,07) 8,55±0,36 b (4,26) GrupoVII CV 345,07±13,40 c (3,88) 103,27±3,55 d (3,44) 8,55±1,46 a (17,03) 27,85±3,40 b (12,22) 8,54±0,71 b (8,37) Médias seguidas por letras iguais nas colunas, não diferem significativamente, teste de Duncan (p < 0,05). Dados expressos em médias ± dp. cv = coeficiente da variação. Grupo I: controle: tratado com 0,5 mL/dia de solução salina; Grupo II: tratado com 0,5 mL/dia de A. arvense (menor concentração); Grupo III: tratado com 0,5 mL/dia de H. aphrodisiaca (menor concentração); Grupo IV: tratado com 0,5 mL/dia de A. arvense (maior concentração); Grupo V: tratado com 0,5 mL/dia de H. aphrodisiaca (maior concentração); Grupo VI: tratado com a infusão ad libitum de A. arvense e Grupo VII: tratado com a infusão ad libitum de H. aphrodisiaca. O valor médio da espessura do epitélio seminífero encontrado nos grupos tratados foi maior (p < 0,05) que aqueles registrados para os animais do grupo-controle (Tabela 3). Os grupos tratados com as maiores concentrações de A. arvense (grupo IV) e de H. aphrodisiaca (grupo V) apresentaram os maiores valores registrados para espessura do epitélio seminífero, sendo que o grupo IV apresentou valor superior a todos os demais grupos submetidos à gavagem (p < 0,05). Já o grupo V apresentou espessura média do epitélio seminífero maior que o observado nos animais tratados com as menores concentrações de ambas as plantas (p < 0,05). Os animais tratados com as infusões de A. arvense (grupo VI) e H. aphrodisiaca (grupo VII) mostraram valores médios maiores que aqueles dos grupos II e III tratados com as menores concentrações das mesmas plantas (p < 0,05), e não evidenciaram diferenças estatísticas entre si (p > 0,05) (Tabela 3). 91 A população corrigida de célula de Sertoli dos grupos-controle e os tratados com as diferentes concentrações dos extratos administrados tanto por gavagem quanto por infusão, não apresentaram variações entre si (p > 0,05) (Tabela 3). O comprimento dos túbulos seminíferos, em metros e por grama de testículo, foi maior nos animais do grupo-controle em relação aos grupos tratados (p < 0,05). Já as médias obtidas entre os animais tratados por gavagem e por meio das infusões não apresentaram diferenças significativas entre si (p > 0,05) (Tabela 3). 3.4. População de AR, reserva e produção espermática A população média de espermátides arredondadas por secção transversal foi menor no grupo-controle que o valor médio registrado nos demais grupos estudados. Entretanto, esta diferença só se mostrou significativamente menor quando comparadas aos grupos IV e V tratados por gavagem com as maiores concentrações de A. arvense e H. aphrodisiaca (p < 0,05), e comparada aos grupos VI e VII tratados com as infusões ad libitum das mesmas plantas, respectivamente (p < 0,05). Entre os grupos tratados com as maiores concentrações por gavagem e os tratados com as infusões ad libitum, não foram registradas variações entre si (p > 0,05) (Tabela 4). A reserva espermática testicular (RET) é um parâmetro representativo do número total de espermátides arredondadas encontradas no túbulo seminífero a cada ciclo do epitélio seminífero. No presente trabalho, a média do grupo-controle foi maior (p < 0,05) que os valores expressos nos grupos tratados nas diferentes concentrações utilizadas, tanto pelo método de gavagem, administrados aos grupos II, III, IV e V quanto pelo método das infusões ad libitum dos grupos VI e VII. Da mesma forma, os valores registrados para a reserva espermática testicular por grama de testículo mostraram a mesma tendência, sendo maior no grupo-controle comparado com os demais grupos estudados (p < 0,05) (Tabela 4). A produção espermática diária total e a produção espermática diária por grama de testículo foram menores em todos os tratamentos, comparados com a média observada no grupo-controle (p < 0,05). Sendo similar aos dados registrados para a reserva espermática total e por grama de testículo, os grupos tratados mostraram médias sempre menores que as registradas no grupo-controle (p < 0,05), não apresentando variações significativas entre os diferentes tratamentos com H. aphrodisiaca e com A. arvense (p > 0,05). 92 Tabela 4 – População de espermátide arredondada por secção transversal (PAR/ST), reserva espermática testicular total por ciclo do epitélio seminífero (RETT), reserva espermática testicular por grama de testículo (RET/g), produção espermática diária total (PEDT) e produção espermática diária por grama de testículo (PED/g) em ratos Wistar adultos tratados com extratos de raízes de Heteropterys aphrodisiaca e Anemopaegma arvense Tratamentos PAR/ST RETT (106) RET/g (106) PEDT (106) PED/g (106) Grupo I CV 86,44±1,58 a (1,82) 949±70 a (7,46) 332±21 a (6,50) 74±5 a (7,45) 26±2 a (6,50) Grupo II CV 88,39±1,62 a b (1,83) 792±87 b (11,09) 273±24 b (9,04) 62±7 b (11,09) 21±2 b (9,04) Grupo III CV 89,02±2,58 a b (2,90) 820±76 b (9,31) 278±13 b (4,76) 64±6 b (9,31) 22±1 b (4,77) Grupo IV CV 89,93±2,09 b (4,76) 832±66 b (8,01) 275±23 b (8,14) 65±5 b (8,01) 21±2 b (8,14) Grupo V CV 90,33±4,30 b (2,23) 863±102 b (11,91) 273±37 b (13,83) 67±8 b (11,91) 21±3 b (13,83) Grupo VI CV 90,24±2,12 b (2,35) 864±59 b (6,85) 257±15 b (5,89) 67±5 b (6,80) 20±1 b (5,89) Grupo VII CV 91,24±3,75 b (4,11) 845±88 b (10,45) 260±21 b (8,21) 66±7 b (10,45) 20±2 b (8,21) Médias seguidas por letras iguais nas colunas, não diferem significativamente, teste de Duncan (p < 0,05). Dados expressos em médias ± dp. cv = coeficiente da variação. Grupo I: controle: tratado com 0,5 mL/dia de solução salina; Grupo II: tratado com 0,5 mL/dia de A. arvense (menor concentração); Grupo III: tratado com 0,5 mL/dia de H. aphrodisiaca (menor concentração); Grupo IV: tratado com 0,5 mL/dia de A. arvense (maior concentração); Grupo V: tratado com 0,5 mL/dia de H. aphrodisiaca (maior concentração); Grupo VI: tratado com a infusão ad libitum de A. arvense e Grupo VII: tratado com a infusão ad libitum de H. aphrodisiaca. 4. Discussão Os animais tratados por meio de gavagem com H. aphrodisiaca (grupos III e V), os tratados com a maior dosagem de A. arvense (grupo IV) e os grupos que receberam as infusões das mesmas plantas ad libitum (grupo VI e VII) apresentaram aumentos no peso corporal quando comparados aos animais do grupo-controle. Da mesma forma, efeito positivo sobre a massa corporal foram registrados em grupos de ratos Wistar tratados com extratos de Hibiscus macranthus e Basella alba (Moundipa et al., 1999). Resultados similares quanto ao aumento de peso corporal também foram registrados em animais tratados diariamente com 200 mg/kg de extrato de Martinia annua, após 60 dias consecutivos de tratamento (Mali, 2002). Por outro lado, ratos que receberam extrato de sementes de Abrus precatorius durante 60 dias (Sinha, 1990), 50 mg/kg de saponina extraída de planta Albizia lebbeck durante 60 dias consecutivos (Gupta et al., 93 2005) e extrato hidroalcoólico de Mentha crispa administrado por 30 dias consecutivos (Dimech et al., 2006) não mostraram variações na massa corporal. Resultados antagônicos aos registrados no presente estudo foram obtidos em grupos de ratos tratados com diferentes concentrações do extrato de Hibiscus sabdariffa nos quais houve diminuição da massa corporal após 12 semanas de tratamento (Orisakwe et al., 2004). Existe uma correlação entre a produção espermática e o peso testicular (Amann, 1970), e segundo Russell et al. (1990) e França & Russell (1998) pode ser usada como um indicador quantitativo da produção espermática. Porém, não necessariamente, o tamanho do testículo deve acompanhar proporcionalmente o tamanho corporal. De maneira geral, a quantidade de espermatozóides produzidos é sempre muito maior que o número necessário para a fecundação (França & Russell, 1998; Paula et al., 1999). Para que um aumento testicular resulte em aumento dos espermatozóides, este deverá ocorrer na porção gametogênica testicular que é formada especificamente pelos túbulos seminíferos. Aumentos da massa testicular com ganhos somente na porção androgênica, não refletem em incremento da reserva e produção espermática, embora exista clara correlação funcional entre os compartimentos tubular e intertubular (Skinner, 1991; Daduone & Demoulin, 1993; Jégou, 1993; Russell et al., 1994; Griswold, 1995; Schlatt et al., 1997; França & Russell, 1998). No tratamento com H. aphrodisiaca, em sua maior concentração por meio da gavagem, e nos grupos tratados com as infusões ad libitum, constatou-se aumentos no peso médio de ambos os testículos. Resultados similares foram observados em ratos tratados com extrato de Hibiscus macranthus e Basella alba (Moundipa et al., 1999), Cynomorium coccineum (Abdel-Magied et al., 2001), Lepidium meyenii (Gonzales et al., 2001), Rubus coreanus (Sook Oh et al., 2007), Fadogia agrestis (Yakubu et al., 2008a) e Massularia acuminata (Yakubu et al., 2008b) que apresentaram valores maiores que os respectivos animais-controle. Por outro lado, estudos com extratos da semente de Abrus precatorius (Sinha, 1990), extratos de Betula alnoides, Barleria strigosa, Polygala chinensis, Desmodium renifolium, Sphenodesme pentandra, Myrica esculenta e Pothos cathcartii (Wanichacheewa et al., 2001) não demonstraram efeitos sobre a massa testicular. Da mesma forma, animais tratados com extrato hidroalcoólico de Mentha crispa (Dimech et al., 2006), e ratos que receberam extrato preparado a partir de material seco de Andrographis paniculata nas doses de 20, 200 e 1.000 mg/kg durante 60 dias (Burgos et al., 1997) também não mostraram variações sobre o peso 94 testicular entre os animais tratados e controles. Por outro lado, efeitos deletérios sobre a massa testicular foram registrados em animais que receberam extratos de Striga orobanchioides (Hiremath et al., 1997), Momordica charantia (Nassem et al., 1998), Stevia rebaudiana (Melis, 1999), Barleria prionitis (Gupta et al., 2000), Martynia annua (Mali et al., 2002), Albizia lebbeck (Gupta et al., 2005) e Aegle marmelos (Chauhan et al., 2007) apresentando diminuição no peso testicular comparados com os animais-controle dentro de cada tratamento. O valor médio do índice gonadossomático encontrado nos cinco grupos submetidos à gavagem, foi de aproximadamente 0,85 %, semelhante ao encontrado em ratos tratados com sementes de Stryphnodendron polyphyllum 0,94 % (Peters et al., 1985) e Martynia annua 0,91 % (Mali et al., 2002) e menor que o índice apresentado por animais tratados com gangetina, extraída da espécie Desmodium gangeticum 1,10 % (Latha et al., 1997) e piperina obtida da planta Piper longum 1,07 % (Malini et al., 1999). Apesar do aumento no peso dos testículos dos animais tratados em relação ao grupo-controle o índice gonadossomático não foi alterado entre os cinco grupos tratados por gavagem, uma vez que houve aumento proporcional no peso corporal. Nos animais tratados com as infusões das duas plantas ad libitum (grupos VI e VII), apesar de um grande aumento no peso testicular, o incremento da massa corporal foi muito superior e assim, o índice gonadossomático apresentou-se menor que os registrados nos demais grupos tratados e controle. Em ratos que receberam gangetina, substância isolada das raízes de Desmodium gangeticum, também foi observada uma diminuição no índice gonadossomático, porém influenciada por uma redução significativa no peso dos testículos e aumento no peso corporal (Latha et al., 1997). O parênquima testicular representa a porção produtiva do testículo e de acordo com Amann (1970), Fawcett et al. (1973), Amann & Schambacher (1983) e Russell et al. (1990) pode ser dividido em dois compartimentos: o gametogênico formado pelos túbulos seminíferos e o androgênico composto pelo tecido intertubular. O compartimento tubular é o mais representativo na maioria dos animais investigados (Paula & Cardoso, 1994, França & Russell, 1998). Embora a proporção volumétrica e o volume total da albugínea testicular tenham aumentado nos grupos tratados por gavagem com A. arvense (grupos II e IV) e nos animais tratados com as duas plantas por meio das infusões ad libitum (grupos VI e VII), este foi proporcional ao aumento observado para o volume do parênquima testicular. O incremento observado no peso 95 testicular registrado nos seis grupos tratados está diretamente relacionado a um aumento do tecido intertubular, o qual foi maior nos grupos tratados com H. aphrodisiaca e no grupo tratado com A. arvense ad libitum. Já o volume do túbulo seminífero não variou entre os grupos estudados. A porção endócrina do testículo de mamíferos é representada pelas células de Leydig, as quais, juntamente com células conjuntivas, leucócitos, vasos sanguíneos e linfáticos, formam o tecido intertubular (Sharpe, 1994; Hales, 2002). A testosterona, principal produto das células de Leydig, é o principal hormônio produzido no compartimento androgênico e certa concentração deste andrógeno é requerida para a iniciação e manutenção da espermatogênese e para a estimulação, crescimento e função das glândulas acessórias dos órgãos reprodutivos (Yakubu et al., 2008a). Segundo Costa & Paula (2006) os níveis séricos de testosterona em capivaras são positivamente correlacionados com o volume da célula de Leydig. Castro et al. (2002) relatam ainda que o aumento no nível da testosterona plasmática e testicular ocorre como uma consequência do aumento na população de células de Leydig. A testosterona endógena apresenta efeitos anabólicos corporais além de correlacionar-se positivamente com o volume das glândulas vesiculares em ratos adultos (Souza et al., 2005). No presente trabalho o peso médio das glândulas vesiculares aumentou nos grupos tratados em relação ao grupo-controle, sendo maior nos grupos submetidos aos extratos de A. arvense e H. aphrodisiaca por meio das infusões ad libitum (grupos VI e VII). Da mesma forma, o peso corporal dos animais dos grupos tratados foi maior que no grupocontrole, o que pode ser devido a um efeito anabolizante sobre a massa corporal. Este fato pode ser associado ao aumento no peso das glândulas vesiculares, provavelmente sendo um reflexo direto do aumento nos níveis de testosterona sérica, devido ao aumento registrado no volume do tecido intertubular nos animais tratados. Aumentos similares aos obtidos no presente trabalho, quanto ao peso das glândulas vesiculares, foram observados em ratos tratados com extratos de Momordica charantia (Naseem et al., 1998) e Rosmarinus officinalis (Silveira e Sá et al., 2006). Da mesma forma, ratos tratados com extratos de Hibiscus macranthus e Basela alba (Moundipa et al., 1999) mostraram aumentos no peso da glândula vesicular e das concentrações plasmáticas de testosterona. Animais tratados com extrato de Massularia acuminata (Yakubu et al., 2008b) mostraram além do incremento da glândula vesicular e aumentos das concentrações plasmáticos de testosterona, correlação dose-dependente, concluindo que a planta possui potencial androgênico. Por outro lado, animais tratados 96 com extratos de Andrographis paniculata (Burgos et al., 1997), de Desmodium gangeticum (gangetina) (Latha et al., 1997) e diferentes concentrações do extrato de Quassia amara (Parveen et al., 2003) não mostraram alterações no peso da glândula vesicular. Efeitos antagônicos aos registrados no presente estudo, ou seja, com ação negativa sobre o peso da glândula vesicular também são vistos na literatura. Assim, ratos tratados com extratos de Stevia rebaudiana (Melis, 1999), Barleria prionitis (Gupta et al., 2000) e saponina, extraída da espécie vegetal Albizia lebbeck (Gupta et al., 2005) mostraram diminuição do peso da glândula vesicular, associado à perda de massa testicular. Da mesma forma, ratos que receberam substâncias das espécies vegetais Striga orobanchioides (Hiremath et al., 1997), piperina (Malini et al., 1999), Martynia annua (Mali et al., 2002), Aegle marmelos (Chauhan et al., 2007), Dendrophthoe falcata (Gupta & Kachhawa, 2007) e Cananga odorata (Pankajakshy et al., 2008) registraram perdas do peso da glândula vesicular e das concentrações testicular e plasmático da testosterona, com severas alterações na fisiologia reprodutiva. Embora exista relação entre a produção espermática e o peso testicular (Amann, 1970), e que esta relação possa ser usada como indicador quantitativo da produção espermática, (Russell et al., 1990, França & Russell, 1998), os resultados do presente trabalho confirmam que, aumentos da massa testicular não necessariamente estão associados ao incremento do compartimento espermatogênico. Parâmetros mais específicos classicamente utilizados na predição da produção espermática são o diâmetro médio tubular e a espessura do epitélio seminífero, o comprimento total do túbulo seminífero, a população de células germinativas por secção transversal do túbulo, a proporção volumétrica de túbulos e o volume total de túbulos seminíferos (Amann, 1970; Fawcett et al., 1973; Amann & Schambacher, 1983; Russell & Peterson, 1984; Russell et al., 1990; Paula & Cardoso, 1994; Sharpe, 1994; França & Russell, 1998 e Paula et al., 1999). Porém, somente com a associação de todos estes parâmetros é possível a real quantificação da produção espermática pela reserva espermática testicular e da produção espermática diária. No presente estudo, os animais tratados por gavagem com H. aphrodisiaca (grupos III e V) e os tratados com extrato das duas plantas por meio das infusões ad libitum (grupos VI e VII) apresentaram reduções na proporção volumétrica de túbulos seminíferos em relação ao grupo-controle e aos demais tratamentos. Porém, nenhuma variação foi observada quanto ao volume total de túbulos seminíferos nos diferentes 97 grupos. O diâmetro tubular e a espessura do epitélio seminífero apresentaram-se maiores em todos os grupos tratados em relação ao grupo-controle. Da mesma forma, ratos tratados com extratos de Hibiscus macranthus e Basella alba (Moundipa et al., 1999), também mostraram efeitos positivos sobre o epitélio seminífero, aumentando por secção transversal a população de células da linhagem espermatogênica. Por outro lado, ratos tratados por via oral com extrato de sementes de Abrus precatorius durante 60 dias (Sinha, 1990) e ratos tratados com extrato de folhas de Austroplenckia populnea por 70 dias (Mazaro et al., 2002) não apresentaram alterações no diâmetro do túbulo e no epitélio seminífero. França et al. (2000) relatam que ratos Wistar que receberam injeções de cimetidina em diferentes concentrações não apresentaram alterações no diâmetro dos túbulos seminíferos, mas a altura do epitélio germinativo reduziu com o aumento da dose. Efeitos antagônicos aos registrados no presente trabalho quanto ao aumento do diâmetro tubular e altura do epitélio seminífero, também são registrados na literatura. Desta forma, ratos tratados com Striga orobanchioides (Hiremath et al., 1997), Barleria prionitis (Gupta et al., 2000) e Albizia lebbeck (Gupta et al., 2005) mostraram diminuições no diâmetro tubular e espessura do epitélio seminífero, promovendo alterações prejudiciais sobre o compartimento espermatogênico. Perdas similares foram também registradas em ratos albinos que receberam por via intraperitoneal extrato alcoólico de Momordica charantia com redução no diâmetro tubular (Naseen et al., 1998). Em ratos tratados com 800 mg/kg de extrato etanólico da espécie Maytenus ilicifolia durante 30 dias consecutivos, foram constatadas alterações negativas sobre as células do epitélio germinativo (Montanari et al., 1998). Em ratos albinos tratados com piperina, além da redução no diâmetro tubular foram registradas também alterações redutivas no comprimento total dos túbulos seminíferos (Malini et al., 1999). Como não foi observada qualquer variação em relação ao volume total de túbulos seminíferos no presente trabalho, o aumento verificado no diâmetro tubular refletiu em redução do comprimento tubular total em metros e por grama de testículo nos animais tratados. Por outro lado o aumento no diâmetro tubular refletiu também no aumento da população de espermátides arredondadas por secção transversal de túbulo no estádio 1 do ciclo do epitélio seminífero. Ratos que receberam por via oral extratos de Cynomorium coccineum e Withania somnifera (Abdel-Magied et al., 2001) também apresentaram aumentos no diâmetro tubular e proporcional proliferação das células espermatogênicas, sendo maior nos grupos tratados que no grupo-controle. Similar ao 98 ocorrido no presente estudo, os extratos das espécies vegetais Cynomorium coccineum e Withania somnifera promoveram incrementos do diâmetro dos túbulos seminíferos e de populações de células espermatogênicas quando analisadas as secções transversais. Por outro lado, animais tratados com substâncias obtidas de Striga orobanchioides (Hiremath et al., 1997), Momordica charantia (Naseen et al., 1998), Piper longum (Malini et al., 1999), Barleria prionitis (Gupta et al., 2000), Albizia lebbeck (Gupta et al., 2005) e Dendrophthoe falcata (Gupta & Kachhawa, 2007) mostraram redução das populações espermatogênicas por secção transversal de túbulo seminífero. A reserva espermática testicular é a quantificação do número potencial de espermatozóides em produção no testículo ou por grama de testículo a cada ciclo do epitélio seminífero (Amann & Lambiase, 1969; Berndtson, 1977). Em cortes histológicos de espessura conhecida, é computado o número médio de espermátides arredondadas em secções transversais do túbulo seminífero, o qual é corrigido para o comprimento total do túbulo por testículo ou por grama de testículo. Com o conhecimento da duração de um ciclo do epitélio seminífero é possível o cálculo da produção espermática diária (Berndtson, 1977; Amann, 1981). No presente trabalho, em uma análise preliminar, poderia ser sugerido incremento na reserva e produção espermática com o uso de extratos de H. aphrodisiaca e A. arvense, uma vez que, associado ao aumento do peso testicular, nas secções transversais de túbulo seminífero dos animais tratados, verificou-se ainda um aumento no diâmetro, na espessura epitelial e na população de espermátides arredondadas. Contudo, mesmo com o aumento do peso testicular o volume total de túbulos seminíferos não foi alterado entre os animais estudados. Desse modo, o aumento verificado no diâmetro tubular foi consequência da diminuição no comprimento total dos túbulos seminíferos. Já o aumento populacional das espermátides arredondadas nas secções tubulares dos animais tratados, foi insuficiente para compensar a perda na reserva e produção espermática, verificada com a diminuição no comprimento tubular. Ou seja, nos animais tratados verificou-se uma modificação na forma dos túbulos seminíferos em relação ao grupo-controle, que mesmo sem prejuízo do volume tubular, gerou redução na capacidade de acomodação celular, com significativa diminuição na reserva e produção espermática total. 99 5. Conclusões Animais tratados com extratos de H. aphrodisiaca e A. arverse, apresentaram aumento no peso testicular, em conseqüência do aumento no tecido intertubular, uma vez que não foi registrada alteração no volume de túbulos seminíferos entre os animais tratados e controle. Foi registrado aumento do peso corporal e das glândulas vesiculares nos animais tratados, possivelmente em resposta ao aumento nas concentrações séricas de testosterona, relacionado ao aumento do tecido intertubular. Embora tenha sido observado um incremento nos parâmetros preditores da capacidade produtiva em secções transversais do túbulo seminífero nos animais tratados, houve redução não-compensatória no comprimento total do túbulo seminífero, gerando uma modificação no formato destes túbulos, reduzindo assim a capacidade de acomodação das células germinativas, o que foi determinante para a diminuição da produção espermática. Referências bibliográficas Abdel-Magied, E.M., Abdel-Rahman, H.A., Harraz, F.M. 2001. The effect of aqueous extracts of Cynomorium coccineum and Withania somnifera on testicular development in immature Wistar rats. Journal of Ethnopharmacology 75, 1-4. Abercrombie, M. 1946. Estimation of nuclear populations from microtome sections. 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CONCLUSÕES GERAIS Extratos de raízes das espécies Heteropterys aphrodisiaca e Anemopaegma arvense, administrados cronicamente a ratos Wistar adultos, em duas dosagens distintas, por meio de gavagem e de infusões ad libitum influenciaram significativamente aspectos biométricos e quantitativos do parênquima testicular, quando comparados com o grupo-controle. 1 - O peso corporal apresentou-se maior nos animais tratados com os extratos de Heteropterys aphrodisiaca e Anemopaegma arvense por gavagem e com as infusões ad libitum. Os extratos promoveram ainda aumento das glândulas vesiculares nos animais tratados, possivelmente em resposta a um aumento nos níveis séricos de testosterona. 2 - Foi constatado aumento no peso do testículo e do parênquima testicular dos animais tratados com H. aphrodisiaca e A.arvense nas maiores concentrações por gavagem e por ad libitum devido ao incremento no tecido intertubular, uma vez que não foi observada alteração no volume de túbulos seminíferos entre os animais tratados e controle. O aumento do tecido intertubular refletiu na função androgênica o que ocasionou aumento do peso corporal como um efeito anabolizante. 3 - A espessura do epitélio seminífero e o diâmetro tubular aumentaram em todos os tratamentos tanto pelo método da gavagem quanto pelas infusões ad libitum em relação ao grupo-controle. 4 - Embora tenha sido observado um incremento nos parâmetros preditores da capacidade produtiva em secções transversais do túbulo seminífero nos animais 108 tratados, houve redução não-compensatória no comprimento total do túbulo seminífero, gerando uma modificação no formato destes túbulos, reduzindo assim a capacidade de acomodação das células germinativas, o que foi determinante para a diminuição da produção espermática. 5 - Os rendimentos indicativos da eficiência do processo espermatogênico e a capacidade de suporte das células de Sertoli em relação à espermátides arredondadas, não foram alterados em nenhum dos tratamentos propostos. 6 - Dentre os grupos tratados, as infusões ad libitum mostraram-se mais eficiente que o método de gavagem para os parâmetros biométricos e para as populações de espermatócitos primário em paquíteno e espermátides arredondadas por secção transversal. 7- Nas concentrações usadas, os extratos de H. aphrodisiaca e A. arvense não promoveram efeitos tóxicos, tendo em vista o aumento da massa corporal e as condições sanitárias observadas em todos os animais submetidos aos diferentes tratamentos realizados. 109 Livros Grátis ( http://www.livrosgratis.com.br ) Milhares de Livros para Download: Baixar livros de Administração Baixar livros de Agronomia Baixar livros de Arquitetura Baixar livros de Artes Baixar livros de Astronomia Baixar livros de Biologia Geral Baixar livros de Ciência da Computação Baixar livros de Ciência da Informação Baixar livros de Ciência Política Baixar livros de Ciências da Saúde Baixar livros de Comunicação Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE Baixar livros de Defesa civil Baixar livros de Direito Baixar livros de Direitos humanos Baixar livros de Economia Baixar livros de Economia Doméstica Baixar livros de Educação Baixar livros de Educação - Trânsito Baixar livros de Educação Física Baixar livros de Engenharia Aeroespacial Baixar livros de Farmácia Baixar livros de Filosofia Baixar livros de Física Baixar livros de Geociências Baixar livros de Geografia Baixar livros de História Baixar livros de Línguas Baixar livros de Literatura Baixar livros de Literatura de Cordel Baixar livros de Literatura Infantil Baixar livros de Matemática Baixar livros de Medicina Baixar livros de Medicina Veterinária Baixar livros de Meio Ambiente Baixar livros de Meteorologia Baixar Monografias e TCC Baixar livros Multidisciplinar Baixar livros de Música Baixar livros de Psicologia Baixar livros de Química Baixar livros de Saúde Coletiva Baixar livros de Serviço Social Baixar livros de Sociologia Baixar livros de Teologia Baixar livros de Trabalho Baixar livros de Turismo