Farmacognosia - Livros Grátis

Propaganda
LUIZ CARLOS CHIEREGATTO
EFEITOS DOS EXTRATOS DE Heteropterys aphrodisiaca O. Mach.
(nó-de-cachorro) E Anemopaegma arvense (Vell.) Stellfeld & J.F.
Souza (vergateza) SOBRE O TESTÍCULO E O PROCESSO
ESPERMATOGÊNICO DE RATOS WISTAR ADULTOS
Tese apresentada à Universidade
Federal de Viçosa, como parte das
exigências do Programa de PósGraduação em Biologia Celular e
Estrutural, para a obtenção do título
de Doctor Scientiae.
VIÇOSA
MINAS GERAIS – BRASIL
2009
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
Aos meus pais, Enéas e Rosa Maria,
pelo incentivo, pelos ensinamentos,
pelos conselhos e pela vida.
A eles, em retribuição ao amor que nos
une, dedico este trabalho com especial
carinho e gratidão.
À Temilze, por dividir as alegrias de
cada dia, pelo carinho e dedicação.
ii
AGRADECIMENTOS
À Universidade Federal de Viçosa (UFV) e ao Departamento de Biologia Geral,
pela oportunidade de realização do curso.
À Coordenação do Programa de Pós-Graduação Biologia Celular e Estrutural,
pela organização e viabilidade dos trabalhos.
À Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), pelo afastamento e
auxílio financeiro. Ao Departamento de Ciências Biológicas do Campus de Nova
Xavantina, pelo afastamento e, em especial, ao Departamento de Ciências Biológicas de
Cáceres, pelo atendimento à solicitação de transferência para o Campus e pela liberação
do último período para término do curso.
Aos meus pais, pelo amor, pelo apoio e pelos cuidados de toda a vida. Às
minhas irmãs, Edenir, Eliane e Perla, pela força e pelo apoio, especialmente nestes
últimos anos. Aos meus sobrinhos, Paulo Vitor, João Carlos e Rafael, presente de Deus
em nossas vidas.
À Temilze Gomes Duarte, pelo amor, compreensão, carinho e dedicação, pela
ajuda oferecida nos momentos difíceis e por acreditar incondicionalmente no trabalho.
Agradeço especialmente os ensinamentos de botânica e etnobotânica, fundamentais para
realização da pesquisa e por ter me proporcionado conhecer os encantos do Pantanal e
de sua gente, pela nossa história, obrigado.
Ao orientador, amigo e conselheiro, professor Tarcízio Antônio Rêgo de Paula,
pelo acompanhamento nos cursos de mestrado e doutorado, pelo apoio, atenção e
dedicação oferecidos nos momentos de dificuldades, por todos os ensinamentos,
iii
especialmente os da espermatogênese, pela objetividade e paciência na orientação dos
trabalhos durante os seis anos de permanência em Viçosa. Agradeço de forma especial a
agradável convivência com sua família: Regina, Rebeca e Tarcizinho.
Ao co-orientador e especial amigo, professor Sérgio Luís Pinto da Matta, pela
orientação diferenciada e permanente, por seus refinados ensinamentos não só limitados
aos conhecimentos acadêmicos. Por seu interesse, dedicação à pesquisa e sabedoria
repassada com entusiasmo. Por sua conduta profissional e de valorização do trabalho.
Minha especial gratidão à sua confiança nestes anos de Viçosa e por partilhar conosco
ótimos momentos com sua família: Cláudia, Luíza e Isabela.
Ao estimado co-orientador, professor Cláudio César Fonseca, por todos os
ensinamentos, pelas valiosas sugestões nos momentos de dificuldades, por sua
disponibilidade em me ajudar sempre que solicitado, pelas correções diferenciadas dos
trabalhos de mestrado e doutorado. Deixo registrada minha grande alegria e satisfação
em tê-lo como parceiro de trabalho e como referência profissional a ser seguida.
Aos professores do Laboratório de Biologia Estrutural do Departamento de
Biologia Geral da UFV, Sérgio, Isabel, Lino, Clóvis e Adilson, pela colaboração no uso
dos equipamentos para preparação e análise do material histológico.
Ao Laboratório de Anatomia Vegetal do Departamento de Biologia Vegetal da
UFV, pela disponibilidade do microscópio acoplado à câmera de captura de imagens e
pelo uso do Programa Image Pro Plus.
Aos informantes de Cuiabá e de Nova Xavantina, que prestaram grande
colaboração, fornecendo informações adquiridas de gerações passadas, sobre o preparo
e uso dos extratos das espécies vegetais utilizadas na pesquisa e tantas outras
informações sobre uso de plantas, que serão úteis para futuros trabalhos.
Aos amigos, Lorivaldo Amâncio de Castro e Joana Darc Batista, pelo auxílio nas
coletas do material botânico. Aos demais amigos do Mato Grosso Helena, Eloiza,
Márcia e Olinda pelos anos de trabalho e pela ótima convivência em Nova Xavantina.
Aos professores do Departamento de Biologia Geral, Veterinária e Biologia
Vegetal, pelos ensinamentos obtidos durante a realização das disciplinas. Em especial
ao inesquecível professor e amigo, Alexandre Francisco da Silva (in memoriam), pelas
viagens ao Pantanal mato-grossense e pelos ensinamentos botânicos em campo.
Aos amigos especiais, João Bosco e Fabiana, por participarem de etapas
importantes do trabalho e por tornar nossa permanência em Viçosa mais leve e
agradável.
iv
Aos amigos, Bruno, Andreza e Gilmar Lima e aos amigos do coração, Cyntia
Rocha e Walnir Gomes Ferreira Júnior, o mineiro mais pantaneiro dessas bandas, pela
oportunidade em participar de seus trabalhos de campo no Pantanal mato-grossense e
pela agradabilíssima convivência em Viçosa.
Ao amigo, Gilmar Valente, pelo registro das espécies estudadas no Herbário
VIC e pela amizade nestes bons anos de permanência em Viçosa.
Aos amigos do Mato Grosso e da Unemat, Rogério e Lourdes, pelo auxilio na
aplicação das fórmulas matemáticas e pela interpretação dos dados histométricos da
tese; pelas informações regimentais da Unemat repassadas nestes anos e pelos bons
momentos em Viçosa.
Aos técnicos do Biotério Central da UFV, Adão Custódio de Carvalho e Juliano
Souza Cardoso, pela ajuda no manejo e pelo tratamento dos animais durante o
experimento.
Aos colegas do Laboratório de Biologia Estrutural e do Centro de Triagem de
Animais Silvestres, pelos trabalhos realizados e pela harmoniosa convivência.
A todos que de alguma forma contribuíram para realização deste trabalho,
obrigado.
v
SUMÁRIO
Página
RESUMO ...............................................................................................................
ix
ABSTRACT...........................................................................................................
xi
1. INTRODUÇÃO GERAL...................................................................................
1
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................
7
Fitoterapia: o uso de plantas como fontes terapêuticas com ênfase em espécies
afrodisiacas ............................................................................................................
10
Resumo ..................................................................................................................
Abstract ..................................................................................................................
1. Fitoterapia e fitoterápicos ..................................................................................
2. Histórico.............................................................................................................
3. Uso terapêutico ..................................................................................................
4. Plantas afrodisíacas ............................................................................................
5. Heteropterys aphrodisiaca (nó-de-cachorro) ....................................................
6. Anemopaegma arvense (vergateza) ...................................................................
7. Testículo.............................................................................................................
8. Espermatogênese ...............................................................................................
9. Células de Leydig ..............................................................................................
Referências bibliográficas......................................................................................
10
11
12
12
14
22
25
26
27
29
30
33
População do epitélio seminífero e índices indicativos do rendimento da
espermatogênese de ratos Wistar adultos tratados com infusão de Heteropterys
aphrodisiaca (nó-de-cachorro) e Anemopaegma arvense (vergateza) ..................
46
Resumo ..................................................................................................................
46
vi
Página
Abstract ..................................................................................................................
1. Introdução ..........................................................................................................
2. Material e métodos.............................................................................................
47
48
53
2.1. Seleção das espécies e coleta do material botânico ....................................
2.2. Preparo das infusões ...................................................................................
2.3. Animais e grupos experimentais .................................................................
2.4. Tratamentos ................................................................................................
2.5. Coleta e preparação histológica ..................................................................
2.6. Mensuração dos componentes testiculares e estimativas das populações
celulares.......................................................................................................
2.7. Análises estatísticas ....................................................................................
53
53
54
55
55
3. Resultados ..........................................................................................................
57
3.1. Pesos e volumes ..........................................................................................
3.2. Populações celulares ...................................................................................
3.3. Coeficientes, rendimentos e índices celulares ...........................................
57
59
61
4. Discussão ...........................................................................................................
5. Conclusões .........................................................................................................
Referências bibliográficas......................................................................................
64
69
70
Efeito do extrato de Heteropterys aphrodisiaca (nó-de-cachorro) e Anemopaegma
arvense (vergateza) sobre a reserva e a produção espermática de ratos Wistar
adultos tratados cronicamente ................................................................................
78
Resumo ..................................................................................................................
Abstract ..................................................................................................................
1. Introdução ..........................................................................................................
2. Material e métodos.............................................................................................
78
79
80
83
2.1. Seleção das espécies e coleta do material botânico ....................................
2.2. Preparo das infusões ...................................................................................
2.3. Animais e grupos experimentais .................................................................
2.4. Tratamentos ................................................................................................
2.5. Coleta e preparação histológica ..................................................................
2.6. Análise microscópica .................................................................................
2.7. Análises estatísticas ....................................................................................
83
83
84
84
85
85
86
3. Resultados ..........................................................................................................
87
3.1. Pesos e índice gonadossomático .................................................................
3.2. Proporção volumétrica e volume tubular e do tecido intertubular..............
3.3. Diâmetro tubular, espessura do epitélio, população de célula de Sertoli e
comprimento tubular ...................................................................................
3.4. População de AR, reserva e produção espermática ....................................
87
89
vii
56
57
90
92
Página
4. Discussão ...........................................................................................................
5. Conclusões .........................................................................................................
Referências bibliográficas......................................................................................
93
100
100
2. CONCLUSÕES GERAIS ..................................................................................
108
viii
RESUMO
CHIEREGATTO, Luiz Carlos, D.Sc., Universidade Federal de Viçosa, fevereiro de
2009. Efeitos dos extratos de Heteropterys aphrodisiaca O. Mach. (nó-decachorro) e Anemopaegma arvense (Vell.) Stellfeld & J.F. Souza (vergateza)
sobre o testículo e o processo espermatogênico de ratos Wistar adultos.
Orientador: Tarcízio Antônio Rêgo de Paula. Co-orientadores: Sérgio Luis Pinto da
Matta e Cláudio César Fonseca.
No Brasil, o uso das plantas medicinais constitui uma forma direta de obtenção
de medicamentos, e com base nos saberes e práticas “tradicionais” ocupam lugar de
destaque no tratamento de doenças. Entre várias utilidades, o uso afrodisíaco desperta
interesse especial da população e substâncias de diversas espécies são consumidas com
esta finalidade. Neste sentido, no estado brasileiro de Mato Grosso, as espécies
Heteropterys aphrodisiaca O. Mach. (nó-de-cachorro) e a Anemopaegma arvense
(Vell.) Stellfeld & J.F. Souza (vergateza) se destacam. O objetivo do trabalho foi avaliar
os efeitos do extrato das raízes destas espécies, sobre a biometria corporal, o testículo, o
processo espermatogênico e a reserva e produção espermática diária de ratos Wistar
adultos tratados cronicamente. Foram utilizados 72 ratos Wistar em idade reprodutiva,
divididos em sete grupos. Destes, cinco grupos foram tratados por meio de gavagem
diária durante 56 dias consecutivos; os animais do grupo-controle receberam 0,5 mL de
solução salina e os outros quatro grupos receberam 0,5 mL de extratos obtidos das duas
espécies de plantas, em duas concentrações distintas, 12,5 e 25 g diluídas em 100 mL de
água. Outros dois grupos foram tratados com infusões das plantas pelo mesmo período,
ix
sendo 20 mL do extrato da menor concentração diluídos em 80 mL de água consumidos
ad libitum. O extrato de H. aphrodisiaca na menor concentração por gavagem
promoveu aumentos significativos no peso corporal, no volume intertubular, no
diâmetro tubular e espessura do epitélio seminífero. Adicionalmente, os grupos tratados
com a maior concentração e com a infusão ad libitum da mesma planta, mostraram
aumentos no peso testicular, no parênquima testicular, peso das glândulas vesiculares e
nas populações de espermatócito primário em paquíteno e espermátide arredondada por
secção transversal. Nos animais tratados com a menor concentração de A. arvense
foram registrados aumentos no diâmetro tubular e espessura do epitélio seminífero. Nos
animais tratados com a maior concentração do extrato de A. arvense por gavagem e no
grupo tratado com a infusão ad libitum da mesma planta foram registrados
adicionalmente, aumentos significativos no peso corporal, testicular, do parênquima
testicular, das glândulas vesiculares, no volume intertubular e nas populações de
espermatócito primário em paquíteno e espermátide arredondada por secção transversal.
O comprimento total de túbulos por metro e por grama de testículo, a reserva
espermática total e por grama de testículo e a produção espermática diária e produção
espermática diária por grama de testículo foram menores em todos os tratamentos,
comparados ao grupo-controle. Conclui-se, que o aumento do tecido intertubular e das
glândulas vesiculares refletiu no aumento dos parâmetros biométricos e que a perda em
comprimento dos túbulos seminíferos foi determinante para a diminuição da reserva e
produção espermática nos animais tratados.
x
ABSTRACT
CHIEREGATTO, Luiz Carlos, D.Sc., Universidade Federal de Viçosa, February, 2009.
Extracts effect of Heteropterys aphrodisiaca O. Mach. (nó-de-cachorro) and
Anemopaegma arvense (Vell.) Stellfeld & J.F. Souza (vergateza) on the testicle
and the spermatogenic process of adults rats Wistar. Adviser: Tarcízio Antônio
Rêgo de Paula. Co-advisers: Sérgio Luís Pinto da Matta and Cláudio César Fonseca.
In Brazil, the use of the medicinal plants constitutes a direct form of medicine
attainment and based on the “traditional” knowledge and practices they occupy a
prominence place in the treatment of illnesses. Between some utilities, the aphrodisiac
awakens special interest of the population and substances of diverse species are
consumed with this purpose. In this sense in the state of Mato Grosso the species
Heteropterys aphrodisiaca O. Mach. (nó-de-cachorro) and the Anemopaegma arvense
(Vell.) Stellfeld & J.F. Souza (vergateza) stand out. The aim of the work was to evaluate
the effects of the rough extract of roots of those species on the corporal biometry, the
testicle, the spermatogenic process, the reserve and the spermatic production of adult
rats Wistar chronically treated. 72 male rates Wistar in reproductive age were divided
into seven groups. Five groups were exposed to daily gavage for 56 consecutive days;
the animals of the control group received 0.5 ml of salt solution and the other four
groups received 0.5 mL of extracts obtained from the two species in two different
concentrations 12.5 g and 25 g diluted in 100 mL of water. Two groups had been treated
with infusions of the two species for the same period, being 20 mL of the extract with
lesser concentration diluted in 80 mL of water consumed ad libitum. The extract of H.
xi
aphrodisiaca in the lesser concentration caused significant increase in the corporal
weight, in the intertubular volume, in the tubular diameter and in the thickness of the
seminiferous epithelium. Besides, the groups treated with larger concentrations of the
extract and with the infusion ad libitum of the same plant, had shown increase in the
testicular weight, in the testicular parenchyma, in the vesicular glands weight and in the
primary spermatocyte populations in pachytene and rounded spermatid by cross-section.
The animals treated with the lesser concentration of A. arvense registered an increase in
the diameter and thickness of the seminiferous tubule. Similar increases were also
registered in animals treated with larger concentration of the extract of A. arvense by
gavage and in the group treated with the ad libitum infusion of the same plant, that,
additionally, showed significant increases in the corporal weight, testicular weight,
testicular parenchyma weight, vesicular glands weight, in the intertubular volume, and
in the primary spermatocyte populations in pachytene and rounded spermatid by crosssection. The total tubules length by meter and gram of testicle, the total spermatic
reserve and by testicle gram and the diary spermatic production and diary spermatic
production by testicle gram were lesser in every treatments, compared to the control
group. Concludes that the increase of the intertubular tissue and vesicular glands
reflected in the increase of the biometric parameters evaluated and that the length loss
of seminiferous tubules was determinative for the reserve and spermatic reduction of
animals treated.
xii
1. INTRODUÇÃO GERAL
Desde o início da civilização, há milhares de anos, as plantas e produtos naturais
de diversas origens vêm sendo utilizados com finalidades medicinais (Braga, 2009). A
história da cura investiga e ensina como a prática médica se desenvolveu e
gradualmente caminhou para o sistema moderno de assistência à saúde. O homem
sempre buscou no reino vegetal recursos para sua sobrevivência, seja para sua
alimentação, levando-o ao aprendizado de certas práticas agrícolas, seja também para a
cura de suas doenças, através do uso das plantas medicinais. A construção do arsenal de
informações sobre o uso terapêutico de plantas ao longo da história baseou-se,
sobretudo, no conhecimento intuitivo de homens e mulheres que, com o passar do
tempo, aprenderam a diferenciar as ervas benéficas daquelas tóxicas à saúde (Leite,
2009a).
As plantas são fontes importantes de produtos naturais biologicamente ativos,
muitos dos quais se constituem em modelos para a síntese de um grande número de
fármacos (Guerra & Nodari, 2007). O uso de produtos naturais como matéria-prima
para a síntese de substâncias bioativas, tem sido amplamente relatado (Barreiro et al.,
2007). Substâncias como a pilocarpina (Pilocarpus sp.) utilizada no tratamento do
glaucoma, Catharanthus roseus fonte dos alcaloides vincristina e vimblastina efetivos
no tratamento da leucemia infantil, Taxus brevifolia da qual se extrai o paclitaxel que
apresenta atividade anticancerígena em tumores de ovário e mama e Camptotheca
acuminata que apresenta atividade antibiótica e antitumoral são exemplos da eficácia de
produtos fitoterápicos no tratamento de doenças (Guerra & Nodari, 2007). Substâncias
1
utilizadas ainda no tratamento da malária como a artemisicina obtida da espécie
Artemisia annua bem como substâncias retiradas de plantas dos gêneros Galanthus e
Narcissus como a galantamina, estão sendo atualmente empregadas no tratamento do
Alzheimer (Braga, 2009).
O Brasil é o país com a maior biodiversidade genética vegetal do mundo (Nodari
& Guerra, 2007), detentor de um conhecimento tradicional no uso de plantas medicinais
que se iniciou com a população indígena, somado ao conhecimento tradicional de uso
de plantas dos africanos e dos europeus. Desta forma, além da riqueza em
biodiversidade, há também uma rica diversidade étnica e cultural (Rocha, 2009), que
contribuiu para o estabelecimento dos hábitos e costumes de utilização das ervas e
plantas medicinais. As espécies medicinais exóticas trazidas ao Brasil pelos mais
diversos imigrantes, em distintas épocas, foram gradativamente domesticadas e
incorporadas à medicina tradicional (Martins & Figueiredo, 2009).
Fatores
históricos
e
sócio-culturais
agregados
à
riqueza
de
nosso
etnoconhecimento bem como as pesquisas realizadas nos últimos anos na área de
produtos fitoterápicos, tem promovido registros positivos no consumo de drogas
produzidas a partir de matéria-prima vegetal. O crescimento do mercado de
medicamentos fitoterápicos no Brasil é da ordem de 15 % ao ano, enquanto o
crescimento anual do mercado de medicamentos sintéticos gira em torno de 3 a 4 %
(Carvalho et al., 2008). Contudo, em nível nacional, apenas 20 % da população é
responsável por 63 % do consumo dos medicamentos sintéticos disponíveis, sendo que
o restante encontra nos produtos de origem natural, especialmente as plantas medicinais,
a principal ou a única fonte de recursos terapêuticos. Cerca de 60 milhões de pessoas
não têm acesso à maior parte dos medicamentos no país, apesar de se gastar cerca de 8
bilhões de dólares em medicamentos por ano. A alternativa da fitoterapia é utilizada
tanto dentro de um contexto cultural, na medicina popular, quanto na forma de
fitoterápicos (Reis et al., 2007).
As pesquisas com plantas medicinais podem ser orientadas a partir de diversas
maneiras. Albuquerque & Hanazaki (2006) descrevem quatro tipos básicos de
abordagens que merecem destaque: randômica compreende a coleta ao acaso de plantas
para triagens fitoquímicas e farmacológicas. A abordagem quimiotaxonômica ou
filogenética que consiste na seleção de espécies de uma família ou gênero, para as quais
se tenham algum conhecimento fitoquímico de pelo menos uma espécie do grupo. Neste
sentido, Leite (2009) descreve que plantas que possuem parentesco botânico, ou seja,
2
proximidade genética que tem uma tendência de apresentar semelhança no metabolismo
secundário e, consequentemente, de produtos naturais de uma mesma classe. Segundo
Albuquerque & Hanazaki (2006) a abordagem etológica, recentemente apontada para a
descoberta de novos fármacos, é baseada em estudos do comportamento animal, e
avalia a utilização de metabólitos secundários utilizados por animais, ou outras
substâncias não-nutricionais dos vegetais, com a finalidade de combater doenças ou
controlá-las. Por último, a abordagem etnodirigida que consiste na seleção de espécies
de acordo com a indicação de grupos populacionais específicos em determinados
contextos de uso, enfatizando a busca pelo conhecimento construído localmente a
respeito de seus recursos naturais e a aplicação que fazem deles em seus sistemas de
saúde e doença.
Os compostos vegetais vêm surpreendendo os pesquisadores devido ao grande
elenco de substâncias com propriedades e estrutura físico-químicas e biológicas
encontradas na natureza. Os metabólitos secundários, também definidos como produtos
naturais, são biossintetizados pelas plantas a partir dos metabólitos primários como
lipídios, carboidratos e aminoácidos, por intermédio de reações enzimáticas, ocorridas
no interior das células vegetais. Uma vez que as enzimas são expressas de acordo com
as informações genéticas de cada espécie, as respostas gênicas podem ser induzidas ou
inibidas de acordo com a necessidade de adaptação das plantas (Leite, 2009).
As propriedades orgânicas das plantas são definidas a partir de fatores genéticos,
estágios de desenvolvimento e condições ambientais. A presença de determinadas
substâncias, as concentrações e a distribuição dos componentes são desiguais
dependendo de suas necessidades para o estabelecimento e adaptabilidade no ambiente
onde estão inseridas. Segundo Leite (2009b), as plantas em seu habitat natural estão sob
a ameaça de vários inimigos potenciais, como bactérias, fungos, insetos, mamíferos e
outros animais herbívoros e, também, sob fatores de estresse ambiental, como frio, calor
e umidade, além de variações no tipo de solo, altitude, pluviosidade, luminosidade e
outros. Devido a estas condições, as plantas produzem diversas sustâncias que auxiliam
na sua sobrevivência e que podem ser úteis ao interesse humano para incorporação na
produção de medicamentos.
De acordo com Braga (2009), diversos produtos naturais são utilizados para
fabricação de drogas de uso farmacêutico isolados de plantas ou obtidos a partir de
precursores presentes em plantas. As principais drogas são alcaloides como a atropina,
escopolamina,
camptotecina,
capsaicina,
3
codeína/morfina,
colchicina,
emetina,
galantamina, nicotina, fisostigmina, pilocarpina, quinina, quinidina, reserpina,
tubocurarina, vimblastina, vincristina, ioimbina; terpenos e esteroides como a
artemisicina, diosgenina, hecogenina, estigmasterola, taxol e outros taxoidesa;
glicosídeos como a digoxina, digitoxina, senosídeos A e B além de outras misturas
como o ipeca e a podofilotoxina. O uso terapêutico dessas drogas como anticolinérgico,
antineoplástico, analgésico, antitussígeno, anestésico local, tratamento da amebíase,
inibidor de colinesterase, terapia do tabagismo, colinérgico, antimalárico, depressor
cardíaco, anti-hipertensivo psicotrópico, relaxante muscular, afrodisíaco, contraceptivos
e hormônios, cardiotônico e laxante são relatados para tratamentos de doenças e que no
ano de 2002 movimentaram na indústria farmacêutica aproximadamente US$ 30
bilhões.
O Brasil seguido por México, Equador, Colômbia, Peru, China, Malásia, Índia,
Indonésia, Zaire, Madagascar, e Austrália compõem o grupo de países detentores de
megadiversidade (Nodari & Guerra, 2007, Leite, 2009). A magnitude da biodiversidade
brasileira não é conhecida com precisão, tal a sua complexidade, e as oportunidades
para a identificação de produtos com possível utilização econômica aumentam com a
diversidade de espécies. Alcaloides vegetais têm se mostrado especialmente efetivos em
seus efeitos medicinais e se encontram amplamente distribuídos em muitas espécies de
plantas tropicais (Nodari & Guerra, 2007, Braga, 2009; Leite, 2009). Em nosso país
devido às inúmeras espécies tropicais, evidencia-se o conhecimento e uso da vegetação
medicinal pelas comunidades quilombolas, ribeirinhas, rurais, tradicionais e indígenas.
O Estado de Mato Grosso pela sua localização no Planalto Central brasileiro possui uma
variedade destas comunidades, que utilizam as plantas medicinais, levando em
consideração o conhecimento popular passado entre as gerações (Macedo & Ferreira,
2005).
Entre os diversos usos conhecidos das plantas medicinais, os afrodisíacos
ocupam lugar de destaque na medicina popular, sendo objeto de grande interesse da
comunidade científica que se ocupa, ainda que timidamente de sua avaliação. Nas
regiões do Cerrado e do Pantanal mato-grossense as espécies Paulinia cupana,
(guaraná), Heteropterys aphrodisiaca (nó-de-cachorro), Anemopaegma arvense
(vergateza) Ouratea semiserrata (sangue-de-bugre), Bytneria melastomifolia (raiz-debugre) e Anemopaegma glaucum (catuaba-verdadeira) são indicadas pela medicina
popular como tônicas afrodisíacas (Rizzini 1983; Correa 1984; Pott & Pott, 1994;
Guarim Neto, 1996; Macedo & Ferreira, 2005). Tradicionalmente, a ingestão do extrato
4
de raízes destas plantas faz parte do hábito popular e apesar da fama e da
comercialização indiscriminada de produtos contendo compostos dessas espécies são
ainda necessários estudos farmacológicos para comprovação dos seus efeitos.
Compostos extraídos de plantas preconizadas como tônicas, devem agir de
alguma forma sobre a fisiologia reprodutiva, atuando nos compartimentos testiculares.
Funcionalmente, o testículo pode ser dividido em dois compartimentos principais: o
tubular formado pelos túbulos seminíferos, constituídos por túnica própria, epitélio
seminífero e lume tubular onde ocorre uma intrincada série de eventos que culminam na
produção espermática, sob a regência da célula de Sertoli (França & Russell, 1998). Já o
compartimento intertubular é composto por células de Leydig, vasos sanguíneos e
linfáticos, nervos, e uma população celular variável constituída principalmente de
fibroblastos, macrófagos e mastócitos (Russell et al., 1990). A porção endócrina do
testículo é representada pelas células de Leydig que mantêm o nível de testosterona,
principal produto da célula, duas a três vezes maiores no fluido intersticial que nos
vasos sanguíneos testiculares e de 40 a 250 vezes maiores nestes que no sangue
periférico (Sharpe, 1994).
Dentre os andrógenos sintetizados pelas células de Leydig incluem-se, além da
testosterona, a diidrotestosterona. Ambos responsáveis pela diferenciação dos órgãos
genitais internos e da genitália externa na fase fetal (Pelliniemi et al., 1996), pelo
aparecimento dos caracteres sexuais secundários, pela manutenção quantitativa da
espermatogênese a partir da puberdade, e pelo comportamento sexual (Sharpe, 1994;
Zirkin et al., 1994).
A espermatogênese é um processo complexo e bem organizado, ocorre nos
túbulos seminíferos e dura cerca de 40 a 60 dias na maioria dos mamíferos (França &
Russell, 1998; França et al., 1998; Godinho, 1999; Paula et al., 1999; Paula et al.,
2002). Com base em características morfológicas e funcionais, pode ser dividido em
três fases: 1) fase proliferativa ou espermatogonial; caracterizada por várias e sucessivas
divisões mitóticas dos diferentes tipos de espermatogônias; 2) fase meiótica ou
espermatocitogênica, na qual ocorre à duplicação do DNA, a recombinação gênica e
duas divisões que resultam na formação de uma célula haplóide denominada
espermátide; e 3) fase de diferenciação ou espermiogênica, onde as espermátides
arredondadas passam por alterações morfológicas e funcionais, como a formação do
acrossoma, flagelo e a condensação nuclear, resultando na formação do espermatozóide
(Russell et al., 1990; Sharpe, 1994).
5
Os efeitos sobre o comportamento e desempenho sexual humano, supostamente
relacionado a diferentes substâncias afrodisíacas, podem não refletir necessariamente
sua real atuação, mas sim, uma manifestação do efeito placebo. Entretanto, estudos
morfofisiológicos sobre os compartimentos espermatogênico e androgênico testicular,
em animais de laboratório, plausivelmente levam a melhor compreensão de seus reais
mecanismos de ação.
6
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Albuquerque, U.P., Hanazaki, N. 2006. As pesquisas etnodirigidas na descoberta de
novos fármacos de interesse médico e farmacêutico: fragilidade e perspectivas. Revista
Brasileira de Farmacognosia 16, 687-689.
Barreiro, E.J., Fraga, C.A.M., Araújo Jr., J.X. 2007. O uso de produtos naturais vegetais
como matérias-primas vegetais para a síntese e planejamento de fármacos. In: Simões,
C.M.O., Schenkel, E.P., Gosmann, G., Mello, J.C.P., Mentz, L.A., Petrovick, P.R. (Ed.).
Farmacognosia: da planta ao medicamento. 6. ed. Porto Alegre: Editora da UFRGS,
p.147-210.
Braga, F.C. 2009. Pesquisa fitoquímica. In: Leite, J.P.V. (Ed.). Fitoterapia - Bases
científicas e tecnológicas. São Paulo-SP: Ed. Atheneu, p.99-118.
Carvalho, A.C.B., Balbino, E.E., Maciel, A., Perfeito, J.P.S. 2008. Situação do registro
de medicamentos fitoterápicos no Brasil. Revista Brasileira de Farmacognosia 18, 314319.
Correa, M.P. 1984. Dicionário das plantas úteis do Brasil e das exóticas cultivadas.
Ministério da Agricultura/Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal. Rio de
Janeiro-RJ, 293p.
França, L.R., Parreira, G.G., Gates, R.J., Russell, D.L. 1998. Hormonal regulation of
spermatogenesis in the hypophysectomized rat: quantitation of germ-cell population
anad effect of elimination of residual testosterone after long-term hypophysectomy.
Journal of Andrology 19, 335-342.
França. L.R., Russell, L.D. 1998. The testis of domestic mammals. In: ___. Male
reproduction; a multidisciplinary overview. Churchill Comunictions Europe España,
Editora Madrid. Cap. 16, p.198-219.
7
Godinho, C.L. 1999. Análise histométrica do testículo e duração da espermatogênese
em gatos (Felis catus), sexualmente maduros. Belo Horizonte: UFMG, ICB, p.74
(Dissertação, Mestrado).
Guarim Neto, G. 1996. Plantas medicinais do Estado de Mato Grosso. Brasília-DF.
Associação Brasileira de Educação Agrícola Superior, UFMT. Instituto de Biociências.
ABEAS. 72p.
Guerra, M.P., Nodari, R.O. 2007. Biodiversidade aspectos biológicos, geográficos,
legais e éticos. In: Simões, C.M.O., Schenkel, E.P., Gosmann, G., Mello, J.C.P., Mentz,
L.A., Petrovick, P.R. (Ed.). Farmacognosia: da planta ao medicamento. 6. ed. Porto
Alegre: Editora da UFRGS, p.14-28.
Leite, L.P.V. 2009a. Fitoterapia - Bases científicas e tecnológicas. São Paulo-SP: Ed.
Atheneu, 328p.
Leite, J.P.V. 2009b. Desenvolvimento da fitoterapia. In: Leite, J.P.V. (Ed.). Fitoterapia Bases científicas e tecnológicas. São Paulo-SP: Ed. Atheneu, p.3-20.
Macedo, M., Ferreirra, A.R. 2005. Plantas hipoglicemiantes utilizadas por comunidades
tradicionais na Bacia do Alto Paraguai e Vale do Guaporé, Mato Grosso-Brasil. Revista
Brasileira de Farmacognosia 14, 45-47 (Suplementar 1).
Martins, E.R., Figueiredo, L.S. 2009. Cultivo de plantas medicinais. In: Leite, J.P.V.
(Ed.). Fitoterapia - Bases científicas e tecnológicas. São Paulo-SP: Ed. Atheneu, p.143167.
Nodari, R.O., Guerra, M.P. 2007. Aspectos genéticos e moleculares da produção
vegetal. In: Simões, C.M.O., Schenkel, E.P., Gosmann, G., Mello, J.C.P., Mentz, L.A.,
Petrovick, P.R. (Ed.). Farmacognosia: da planta ao medicamento. Porto Alegre, 6. ed.
Editora da UFRGS, p.29-43.
Paula, T.A.R., Costa, D.S., Matta, S.L.P. 2002. Avaliação histológica e quantitativa do
testículo de capivaras (Hydrochoerus hydrochaeris) adultas. Bioscience Journal 18(1),
121-136.
Paula, T.A.R., França, L.R., Chiarini-Garcia, H. 1999. Seminiferous ephitelium cycle
and its duration in capybaras (Hydrochoerus hydrochaeris). Tissue & Cell 31, 327-334.
Pelliniemi, L.J., Kuopio, T., Fröjdman, K., 1996. The cell biology and function of the
fetal Leydig cell. In: Payne, A.H., Hardy, M.P., Russell, L.D. (Eds.). The Leydig cell.
Ed. Viena. Cache River Press. Cap. 5, 143-157.
Pott, A., Pott, V.J., 1994. Plantas do Pantanal. Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária do Pantanal – Corumbá-MS: Embrapa-SPI. 320p.
8
Reis, M.S., Mariot, A. Steenbock, W. 2007. Diversidade e domesticação de plantas
medicinais. In: Simões, C.M.O., Schenkel, E.P., Gosmann, G., Mello, J.C.P., Mentz,
L.A., Petrovick, P.R. (Ed.). Farmacognosia: da planta ao medicamento. Porto Alegre,
6. ed. Editora da UFRGS, p.45-74.
Rizzini, C.T. 1983. Efeitos psicotrópicos de plantas brasileiras parte II: aspectos
botânicos. Ciências e Cultura, São Paulo-SP 35, 434-438.
Rocha, L.M. 2009. Controle de qualidade de drogas vegetais e fitoterápicos. In: Leite,
J.P.V. (Ed.). Fitoterapia - Bases científicas e tecnológicas. São Paulo-SP: Ed. Atheneu,
p.253-276.
Russell, D.L., Ettlin, R.A., Sinha Hikim, A.P., Clegg, E.D. 1990. Mammalian
spermatogenesis. In: Russell, D.L., Ettlin, R.A., Sinha Hikim, A.P., Clegg, E.D. (Ed.).
Histological and histopathological evaluation of the testis. Bolesta: Cache River Press.
Cap. 1, 1-40.
Sharpe, R.M. 1994. Regulation of spermatogenesis. In: Knobil, E., Neill, J.D. (Ed.). The
physiology of reproduction. 2. ed. New York: Raven Press. 1, Cap. 22, 1363-1434.
Zirkin, B.R., Awoniyi, C., Griswold, M.D., Russell, L.D., Sharpe, R. 1994. Is FSH
required for adult spermatogenesis? Journal of Andrology 15, 273-276.
9
Fitoterapia: o uso de plantas como fontes terapêuticas com ênfase em espécies
afrodisiacas
Resumo: As plantas medicinais sempre constituíram uma forma imediata e viável de
medicamentos para diversas enfermidades com poucos recursos terapêuticos, sendo
importante fonte de produtos naturais biologicamente ativos, muitos dos quais se
constituem em modelos para a síntese de fármacos. Há vários séculos as plantas são
consideradas fontes medicamentosas, empregadas tanto em preparações tradicionais
quanto na forma de princípios ativos puros. Os fitoterápicos são medicamentos obtidos
empregando-se exclusivamente matérias-primas vegetais, sem misturas com substâncias
de outra origem. Dessa forma, a fitoterapia é o tratamento ou a prevenção de doenças
usando preparações ou substâncias extraídas de plantas, sendo caracterizada pelo
conhecimento da eficácia e dos riscos de seu uso, assim como pela reprodutibilidade e
constância de sua qualidade. Entre os diversos usos das plantas medicinais, sua
utilização como tônicas ou afrodisíacas ocupa lugar de destaque na medicina popular,
sendo, ainda, objeto de interesse para pesquisa que busca melhor compreensão dos seus
efeitos terapêuticos. No Brasil, devido à diversidade florística aliado ao reconhecido
etnoconhecimento, é comum encontrar em diversas regiões, inúmeras espécies usadas
pela população devido suas finalidades tônicas. Em Mato Grosso as espécies
Heteropterys aphrodisiaca (nó-de-cachorro), Anemopaegma arvense (vergateza),
Ouratea semiserrata (sangue-de-bugre), Bytneria melastomifolia (raiz-de-bugre) e
Anemopaegma glaucum (catuaba-verdadeira) tem seu uso fortemente popularizado.
Apesar da grande quantidade de plantas utilizadas no Brasil como afrodisíacas, são
restritas as evidências científicas reportadas neste sentido, bem como seus possíveis
efeitos deletérios. Testes experimentais e os estudos químicos e farmacológicos de
compostos vegetais podem promover a indicação segura de inúmeras plantas com
viabilidade ainda desconhecida para os campos da farmacologia e da produção de
medicamentos. Os efeitos sobre o comportamento e desempenho sexual humano,
supostamente relacionado a diferentes substâncias afrodisíacas, podem não refletir
necessariamente sua real atuação. Entretanto, estudos morfofisiológicos sobre os
compartimentos espermatogênico e androgênico testicular, em animais de laboratório,
plausivelmente levam a melhor compreensão de seus reais mecanismos de ação.
Palavras-chave: fitoterapia; uso terapêutico; plantas afrodisíacas; Heteropterys
aphrodisiaca, Anemopaegma arvense; reprodução, espermatogênese.
10
Phytotherapy: the use of plants as therapeutic sources with emphasis in
aphrodisiac species
Abstract: The medicinal plants had always constituted an immediate and viable form of
medicines for diverse diseases with few therapeutical resources, being an important
source of biologically active natural products, many of which constitute themselves in
models for the pharmacos synthesis. For centuries the plants are considered drug
sources, used both in traditional preparations and in its form of pure active principles.
The phytopharmaceuticals are medicines obtained using exclusively vegetal raw
materials, without mixtures with substances of another origin. In doing so, the
phytotherapy is the treatment or the prevention of illnesses using preparations or
extracted substances of plants, being characterized by the knowledge of the
effectiveness and the risks of its use, as well as for the reproducibility and constancy of
its quality. Among the diverse uses of medicinal plants, its use as tonic or aphrodisiac
occupies a place of prominence in the popular medicine, being, still, object of interest
for research that pursuit a better understanding of its therapeutical effect. In Brazil, due
to its floristic diversity allied to the recognized ethnoknowledge, is common to find in
diverse regions, innumerable species used for the population due its tonic purposes. In
Mato Grosso the species Heteropterys aphrodisiaca (nó-de-cachorro), Anemopaegma
arvense (vergateza), Ouratea semiserrata (sangue-de-bugre), Bytneria melastomifolia
(raiz-de-bugre) e Anemopaegma glaucum (catuaba-verdadeira) have its use strong
popularized. In spite of the great amount of plants used in Brazil as aphrodisiac, is
restricted the reported scientific evidences in this direction, as well as its possible
deleterious effects. Experimental tests and the chemical and pharmacologic studies of
vegetal composites can promote the safe indication of innumerable plants with still
unknown viability for the fields of the pharmacology and the medicine production. The
effects on the behavior and human sexual performance, supposedly related different
aphrodisiac substances, can not reflect necessarily its real performance. However,
morphological studies on the spermatogenic compartments and testicular androgenic, in
laboratory animals, plausibly take the best understanding of its real mechanisms of
action.
Key-words: phytotherapy; therapeutical use; aphrodisiac plants; Heteropterys
aphrodisiaca, Anemopaegma arvense; reproduction; spermatogenesis.
11
1. Fitoterapia e fitoterápicos
É o tratamento ou a prevenção de doenças usando preparações ou substâncias
extraídas de plantas. É caracterizada pelo conhecimento da eficácia e dos riscos de seu
uso, assim como pela reprodutibilidade e constância de sua qualidade (Carvalho et al.,
2008).
Sua
eficácia
e
segurança
são
validadas
através
de
levantamentos
etnofarmacológicos de utilização, documentações tecnocientíficas em publicações ou
ensaios clínicos (Leite, 2009a). Fitoterápicos segundo a legislação sanitária brasileira, é
todo medicamento obtido empregando-se exclusivamente matérias-primas ativas
vegetais (Carvalho et al., 2008). Não se considera medicamento fitoterápico aquele
que, na sua composição, inclua substâncias ativas isoladas, de qualquer origem, nem as
associações destas com extratos vegetais (Leite, 2009a).
2. Histórico
A história da cura investiga e ensina como a prática médica se desenvolveu
desde seus primórdios e gradualmente caminhou para o sistema moderno de assistência
à saúde (Leite, 2009a). A utilização de vegetais para tratamentos de doenças é uma
prática mais antiga do que os tratamentos oriundos da medicina moderna (Akerele,
1983). Diversos relatos afirmam que as plantas estiveram presentes como elementos
medicamentosos ao longo da história do homem. Rodrigues & Carvalho (2001)
descrevem que é provável que a utilização das plantas como medicamentos seja tão
antiga quanto o próprio homem e que diversas etapas marcaram a evolução da arte de
curar.
A prática do uso das plantas por suas propriedades terapêuticas ou tóxicas,
adquiriu fundamental importância na medicina popular (Martins et al., 2003). Para
Simões & Schenkel (2002) no seguimento acadêmico, a convicção da importância dos
recursos naturais para o desenvolvimento vem de longa data, as plantas fazem parte da
vida do homem desde seus primórdios e sua importância nos diversos estágios de
desenvolvimento da sociedade é inegável. Macedo & Ferreira (2005) reportam que, os
recursos naturais em especial às plantas, tem sido desde o princípio um dos elos de
ligação entre o homem e a natureza, e que as pesquisas nesta área tem demonstrado que
o homem pré-histórico, já utilizava plantas para amenizar os sofrimentos de males
físicos que lhes acometiam.
12
Os vegetais sempre fizeram parte da vida do homem como fonte de alimento, de
matéria para o vestuário, habitação, utilidades domésticas, defesa, na produção de meios
de transporte, como utensílios para manifestações artísticas, culturais, religiosas e como
meios restauradores da saúde (Schenkel et al., 2007).
À medida que o homem foi conhecendo o uso de plantas medicinais e
alimentícias, sem perceber deu origem à possibilidade de comercializá-las, pois, muitas
espécies eram exclusivas de determinados continentes. Segundo Martins et al. (2003)
sabe-se que, desde 2300 a.C., os egípcios, assírios e hebreus cultivavam diversas ervas e
levavam em suas expedições, com estas plantas preparavam purgantes, vermífugos,
diuréticos, cosméticos e especiarias para a cozinha. Os relatos mais antigos com
sistematização técnica foram descritos por Hipócrates a 460-377 a.C. que reuniu em sua
obra Corpus Hipocratium a síntese dos conhecimentos médicos de seu tempo,
indicando para cada enfermidade, o remédio vegetal e o tratamento adequado. De
acordo com Rodrigues & Carvalho (2001) no começo da era cristã, Dioscóride listou
em seu tratado “De Matéria Médica” mais de 500 drogas de origem vegetal, indicando o
valor terapêutico de muitas delas. Na idade média, a Europa mantinha em segredo
formulações de várias porções curativas, preparadas à base de plantas medicinais.
Na América do Sul, o fato mais marcante em relação ao uso de substâncias
vegetais para a cura de doenças, foi a descoberta da substância Quinina pelos índios sulamericanos. Retirada da casca do caule da espécie Cinchana alisaya L. quinaverdadeira (Rubiaceae) e confirmada no século XIX por Caventou e Pelletier como
eficaz no tratamento da malária a droga é até hoje, empregada para esta finalidade
(Rodrigues & Carvalho, 2001).
No Brasil, as práticas envolvendo plantas como medicamentos, tiveram
influência dos índios que utilizavam plantas para cura de doenças, para o preparo de
corantes e para ajuda na pesca (Rodrigues & Carvalho, 2001). Tais conhecimentos
foram repassados entre as gerações e são praticados até os dias atuais (Macedo &
Ferreira, 2005). Duas outras fontes contribuíram para o enriquecimento sobre o uso das
plantas como fontes terapêuticas no Brasil, inicialmente, a Europa que, por influência
dos primeiros padres em 1579, formulavam receitas a base de plantas européias para o
tratamento de doenças e disseminaram no Brasil inúmeras ervas originárias daquele
continente e a África, em função da vinda dos escravos (Martins et al. 2003). Diversas
ervas passaram a fazer parte do elenco de plantas medicinais usadas pela população do
nosso país (Rodrigues & Carvalho, 2001).
13
3. Uso terapêutico
A flora medicinal possui potencial terapêutico importante e tem sido fonte para
obtenção de medicamentos amplamente difundidos na população. Há vários séculos as
plantas são consideradas fontes medicamentosas, empregadas tanto em preparações
tradicionais quanto na forma de princípios ativos puros (Pitman, 1996). Segundo Lapa
et al. (2007), as plantas medicinais sempre constituíram uma forma imediata e viável de
medicamentos para diversas enfermidades com poucos recursos terapêuticos, sendo
fonte importante de produtos naturais biologicamente ativos, muitos dos quais se
constituem em modelos para a síntese de grande número de fármacos. De uso quase
exclusivo na terapêutica medicamentosa até por volta de 1950, os remédios vegetais
foram lentamente substituídos nas farmácias por medicamentos contendo as substâncias
ativas deles extraídas ou seus derivados sintéticos. Em consequência, poucas plantas
medicinais foram estudadas segundo protocolos mais modernos. A maioria das
informações disponíveis remonta à década de 50, obsoletas, portanto, frente ao estado
atual do conhecimento científico.
Corrêa et al. (2000) reportam que a Medicina enquanto ciência surgiu há muitos
anos, e que o século XVII, em particular, foi aquele que abriu as portas para o
conhecimento científico da medicina. Embora a arte da cura tenha sido refinada, as
plantas continuaram a ocupar posição de destaque, o que permaneceu como padrão até o
século XX, sendo que até 1930 cerca de 90 % dos medicamentos oficiais eram de
origem vegetal. O advento da Revolução Industrial proporcionou a produção em larga
escala de vários tipos de produtos, incluindo os medicamentos. Na nascente indústria
farmacêutica, era grande o interesse pelas plantas medicinais, estudando-se sua
composição e os efeitos farmacológicos de seus distintos constituintes. A fitoterapia
tende a se apresentar como uma forma bastante vantajosa de tratamento e que está, nos
dias de hoje, voltando a ser um método terapêutico muito procurado, a exemplo do que
era feito antes do aparecimento profuso dos medicamentos alopáticos.
Nos últimos anos, tem-se observado um crescente interesse no aproveitamento
de fontes naturais, particularmente no que se refere ao uso das plantas para fins
terapêuticos (Ribeiro & Moura, 2009). Os medicamentos fitoterápicos são preparações
padronizadas contendo extratos de plantas, comercializados em países desenvolvidos e
em desenvolvimento, são preparados com substâncias ativas presentes na planta como
14
um todo, ou em parte dela, acredita-se que a ação farmacológica desses produtos
envolva a interação de várias moléculas presentes no extrato (Lapa et al., 2007).
Utilizadas inicialmente de forma empírica, fruto do conhecimento repassado
entre gerações, as plantas medicinais tornaram-se alvos para o interesse das pesquisas
científicas, aliando, assim, diferentes percepções sobre esse instrumento terapêutico
(Leite, 2009). O consumo de medicamentos fitoterápicos tem aumentado considerávelmente nas últimas duas décadas em todo o mundo. Nos dias de hoje, representam uma
das alternativas entre as diversas fontes de insumos necessários à existência da
sociedade, tendo como principal vantagem o fato de ser uma fonte renovável e, grande
parte, controlável pelo homem (Schenkel et al., 2007). Segundo Capasso et al. (2000),
entre as diversas razões que justificam o aumento do consumo bem como o interesse da
população pelos medicamentos produzidos com materias-primas vegetais, destacam-se:
1- a preferência dos consumidores por terapias naturais;
2 - a tendência da população em acreditar que os medicamentos fitoterápicos
podem ser eficazes nos tratamentos de doenças quando os medicamentos sintéticos têm
falhado;
3 - o aumento na prática da automedicação, somado ao interesse crescente da
população pelos tratamentos alternativos;
4 - a existência, ainda que restrita, de estudos científicos de alguns produtos
fitoterápicos comprovando sua eficácia clínica, segurança, bem como a melhoria no
controle de qualidade dos mesmos; e
5 - custos mais acessíveis dos medicamentos fitoterápicos em detrimento aos
correspondentes alopáticos.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que aproximadamente
80 % da população existente nos países em desenvolvimento em função principalmente
da falta de recursos, tem como fonte primária para o tratamento de doenças a medicina
popular (Lapa et al., 2007). Em países desenvolvidos há uma tendência crescente dos
profissionais da saúde em associar de forma complementar, tratamentos alternativos a
métodos da medicina convencional (Khan, 2006) potencializando os efeitos
terapêuticos. Segundo Ribeiro & Moura (2009), o que impulsiona o consumo de
fitoterápicos é o notável aumento do volume de informação produzida, ou seja, da
literatura sobre plantas medicinais e fitoterápicos. Neste sentido, Craab (2004) relata
que o mercado mundial de fitoterápico movimenta um volume estimado de US$ 23
bilhões por ano. Somente nos Estados Unidos, o crescimento no consumo de produtos
15
fitoterápicos entre 1997 e 2002 foi de aproximadamente 50 % (Trindle et al., 2005). No
Brasil não existe um banco de dados oficial atualizado, calcula-se que as transações
envolvendo produtos fitoterápicos sejam de aproximadamente US$ 160 milhões por
ano. Entretanto, ao longo de toda a cadeia produtiva acredita-se que o setor movimente
no país, cerca de R$ 1 bilhão anualmente (Carvalho et al., 2008).
Os medicamentos fitoterápicos surgem como uma forte tendência e de
abrangência mundial. O Brasil é o país com a maior diversidade genética vegetal com
cerca de 45.000 espécies catalogadas, equivalente a 18 % do total mundial (Martins &
Figueiredo, 2009). Devido o seu grande estoque de recursos vegetais, é possível que o
país se torne cada vez mais um mercado promissor quanto à produção e comercialização
de fitoterápicos, atraindo investimentos para a área e revelando números ainda mais
expressivos do ponto de vista econômico.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) tem encorajado o estudo de plantas
conhecidas tradicionalmente, com a esperança de obter os benefícios terapêuticos de
forma segura (Almassy Jr., 2000). Para o desenvolvimento de medicamentos
fitoterápicos, a exigência de estudos pré-clínicos e clínicos assemelha-se ao de uma
droga isolada ou sintetizada. No entanto, o fato de uma planta já ser utilizada por várias
gerações para o tratamento de determinada patologia, direciona a pesquisa de forma
mais eficiente quando comparada com a pesquisa que parte de um composto sem
indicação prévia de uso (Leite, 2009b). As pesquisas com espécies vegetais devem
receber apoio para realização adequada de seus estudos, pois além do fator econômico,
há de se destacar a importância para a segurança nacional e a preservação dos
ecossistemas onde existam tais espécies (Martins at al., 2003).
O uso de plantas medicinais tem sido muito significativo nas últimas décadas.
Segundo a Organização Mundial de Saúde dos 80 % da população mundial que fizeram
uso de remédios à base de plantas, pelo menos 30 % deu-se por indicação médica. São
muitos os fatores que vêm colaborando para o desenvolvimento de práticas de saúde que
incluam plantas medicinais, principalmente econômicos e sociais (Martins et al., 2003).
A aceitação e a confiança popular nos produtos naturais, associado ao alto custo
dos remédios alopáticos e à grande dificuldade da população de baixa renda em obter
assistência médica e farmacêutica, estão impulsionando o processo de utilização de
plantas medicinais (Schenkel et al., 2007). Segundo Lapa et al. (2007), é notório que no
Brasil, bem como em outros países em desenvolvimento, as plantas medicinais e os
fitoterápicos delas obtidos sejam muito utilizados no tratamento de doenças. No entanto,
16
poucos desses produtos foram estudados de acordo com protocolos científicos
modernos, incluindo o monitoramento biológico em roedores e primatas. A quase
totalidade dos fitoterápicos produzidos com plantas nativas está fundamentada apenas
no uso popular, sem comprovação científica da eficácia e segurança de uso. Podem-se
classificar alguns fitoterápicos disponíveis no mercado como nacionais, como aqueles a
base de maracujá, espinheira santa, quebra-pedra, marcela e guaraná, entre outros.
Contudo, todos eles carecem de alguma(s) da(s) etapa(s) de avaliação necessária(s) para
torná-los competitivos no mercado farmacêutico (Simões & Schenkel, 2002).
O controle de qualidade apropriado e estudos para avaliar eventual toxicidade de
seus componentes, são etapas importantes de investigação para a produção de
fitoterápicos. A qualidade das drogas vegetais no mercado depende, em grande parte, do
sistema em que são produzidas. Em todo o Brasil, parte significativa das drogas vegetais
disponíveis tem qualidade inferior ao mínimo desejável, ocasionando problema que
incluem a contaminação microbiológica ou por insetos, perfil fitoquímico alterado e a
identificação botânica incerta (Martins & Figueiredo, 2009).
Apesar do uso consagrado e crescente de plantas medicinais por uma parcela
significativa da população (Trentini, 1997), há consenso que, das milhares de espécies
medicinais da flora brasileira, uma das mais ricas do mundo, os estudos científicos que
abordam esse tema são ainda restritos em nosso país (Ferreira, 1998). O uso de produtos
naturais na síntese de substâncias bioativas é uma estratégia promissora e poderá ser
empregada na produção de fármacos (Schenkel et al., 2007), podendo tornar os
tratamentos medicinais muito mais baratos e acessíveis (Leite, 2009).
Atualmente, o custo para desenvolver medicamentos sintéticos ou semisintéticos é muito elevado e tem-se mostrado pouco frutífero. Martins et al. (2003)
destacam que os estudos com plantas medicinais, via de regra, originam medicamentos
em menor tempo, com custo muitas vezes inferior e, consequentemente mais acessíveis.
Em geral, à população encontra muita dificuldade em função da baixa condição
financeira em ter acesso a medicamentos para atendimento das necessidades primárias
de saúde. O preço elevado desses produtos, na maioria das vezes, está associado à
importação de materias-primas utilizadas na fabricação dos medicamentos. Por esses
motivos ou pela deficiência da rede pública de assistência primária de saúde, cerca de
80 % da população brasileira não têm acesso aos medicamentos ditos essenciais
(Martins et al., 2003).
17
É inegável, portanto, que a maioria da população de baixa renda recorra às
plantas medicinais como único lenitivo para seus males (Lapa et al., 2007). Estudo do
consumo de medicamentos no Brasil revela que no ano de 1992, o consumo médio per
capita foi de 20 dólares. Com esta soma irrisória é possível adquirir, por exemplo,
antibiótico para tratamento de um adulto por quatro dias (Lapa et al., 2007). As
estimativas de 1997 a 2000 colocam o mercado brasileiro em sétimo lugar do mundo
com vendas que correspondem a 61 dólares per capita/ano. Apesar disto, as estatísticas
não mostraram aumentos das unidades de produtos vendidos em relação ao período
anterior. A interpretação desses dados evidencia que o comércio de medicamentos, no
Brasil, atende apenas a faixa da população economicamente ativa (cerca de 30 %),
supondo-se que o restante 130 milhões utilizem produtos de vendas não-registradas para
minorar suas dores e corrigirem distúrbios funcionais de fácil percepção (Lapa et al.,
2007). É neste contexto social que as plantas medicinais e os fitoterápicos adquirem
importância como agentes terapêuticos e, por isso, devem ser prioritariamente
analisados segundo os métodos modernos disponíveis.
O resgate do uso de fitoterápicos pode e deve estar aliado aos avanços das
pesquisas científicas. Segundo Farnsworth (1990) considerando-se a riqueza florística e
a diversidade de substâncias fitoquímicas encontradas em cada espécie vegetal,
presume-se que muito mais drogas poderão ser encontradas se as pesquisas forem
realizadas de maneira lógica e sistemática. Akerele (1993) afirma que drogas derivadas
de plantas têm lugar de destaque tanto na medicina tradicional quanto na medicina
moderna, sendo estas, em alguns casos, o único recurso disponível para a população
carente de várias partes do mundo. Desta forma, o conhecimento sobre o uso terapêutico
seguro de maior variedade de plantas medicinais toma grande importância, uma vez que
mais da metade dos habitantes do planeta vivem em estado de carência (Almassy Jr.,
2000).
O conhecimento e o uso de plantas medicinais estão claramente visíveis na
população, principalmente em comunidades onde hábitos e costumes tradicionais são
conservados e repassados entre as gerações. Entretanto, este saber prático a respeito da
viabilidade terapêutica das plantas, não é suficiente para incorporação dos produtos
delas retirados, como medicamentos. Por outro lado, Martins et al. (2003), relatam que
as plantas medicinais, quando avaliada a sua eficiência terapêutica e a toxicologia,
dentre outros aspectos, estão aprovadas para serem usadas pela população nas suas
necessidades básicas de saúde, em função da facilidade de acesso, do baixo custo e da
18
compatibilidade cultural com as tradições populares. Uma vez que as plantas medicinais
são classificadas como produtos naturais, a lei permite que sejam comercializadas
livremente, bem como cultivadas por aqueles que disponham de condições mínimas
necessárias.
Lapa et al. (2007) ressaltam que, entre os adeptos da fitoterapia, é comum o
pensamento equivocado de que as plantas medicinais de uso tradicional já foram
testadas e homologadas pelo seu uso prolongado na própria espécie humana. Por isto,
seriam remédios eficazes e seguros, naturalmente balanceados sem os efeitos colaterais
comuns aos produtos sintéticos, não necessitando, portanto, da avaliação exigida para
este tipo de medicamento. Nas camadas sociais menos privilegiadas, o consumo de
plantas milagrosas é estimulado pela propaganda comercial agressiva. Nas camadas
mais privilegiadas, que gozam de facilidades sanitárias e pronto atendimento médico, a
crença também é explorada como moda naturalista, muitas vezes prestigiada por
movimentos sociais ecológicos, idealistas e de boa penetração (Lapa et al., 2007).
Entretanto, diversos fatores devem ser motivos de preocupação quando se utiliza
produtos de origem vegetal para o tratamento de saúde, alguns deles merecem destaque:
1 – a falta de padronização quanto à nomenclatura popular, pode ser motivo de
equívoco quanto ao uso de plantas. Uma mesma espécie vegetal pode receber diferentes
nomes populares, assim como diferentes espécies podem receber o mesmo nome
comum, dependendo da região inventariada;
2 – as concentrações dos compostos químicos das espécies podem ser diferentes,
dependendo essencialmente do tipo de solo onde a planta se encontra, além de
alterações que podem ocorrer em função das condições de manejo nos processos de
coleta, secagem, armazenamento e preparo;
3 – os nomes usados para definição de muitas doenças segundo o conhecimento
popular, muitas vezes não são equivalentes com a terminologia médica, como é
amplamente visto na literatura;
4 – existe, ainda, uma dificuldade muito grande de se eliminar o efeito placebo.
A crença sobre a possibilidade de cura de algumas plantas ou os extratos delas obtidos,
podem causar em usuários a falsa sensação de melhora de alguns quadros clínicos, sem
a resolução definitiva da patologia. Por outro lado, as doenças psicossomáticas são
comprovadamente influenciadas pelo efeito placebo de substâncias incapazes de agir
como medicamentos.
19
Em países como o Brasil, o conhecimento de medicamentos alternativos, como
os fitoterápicos, tomam proporções de importância social. A ampla aceitação desses
medicamentos fundamenta-se na tendência ao uso de produtos naturais como sendo
mais saudáveis, ou seja, menos agressivos ao organismo. Segundo Lapa et al. (2007), a
idéia primordial da indicação do uso de fitoterápicos na medicina humana, não deverá
ser a substituição de medicamentos registrados e já comercializados, mas sim, aumentar
a opção terapêutica dos profissionais de saúde, ofertando medicamentos equivalentes,
também registrados, talvez mais acessíveis e com espectros de ação mais adequados.
Objetivos não menos importantes, seria a valorização do etnoconhecimento e das tradições
populares.
Devido à falta de comprovações fundamentadas da ação de determinados
fitoterápicos, sua aplicação terapêutica deve ser considerada sem menosprezar, porém
os possíveis efeitos indesejáveis da utilização destes produtos. Muitas plantas possuem
princípios ativos tóxicos e que podem, principalmente, pela ingestão indiscriminada,
acarretar dentre vários problemas, alterações sanguíneas, dependência, intoxicação,
envenenamento e até a morte (Fisch et al., 1978; Salazar-Schettino, 1983; Linden et al.,
1985; Bogart et al., 1986; Forsyth & Moulden, 1991; Polettini et al., 1992; Marcovigi et
al., 1995; Karras et al., 1996; Siddiqui et al., 1996; Stambach et al., 1997; Lee et al.,
1999; Ruck et al., 1999; El-Thaer et al., 2001).
Embora se registre um aceno positivo da comunidade científica quanto às
potencialidades das plantas medicinais, há também consenso que, os estudos específicos
que abordam esse tema são ainda restritos, o que dificulta a avaliação mais detalhada e
segura dos efeitos das substâncias presentes na maioria dos fitoterápicos
comercializados e utilizados pela população. O Brasil, com exceção dos EUA, possui a
maior base universitária das Américas, os cientistas das universidades brasileiras
publicam em revistas de grande impacto, o sistema de pós-graduação serve como
modelo para outros países, há uma inegável capacitação científica na área, muitas
patentes que geraram medicamentos, comercializados por empresas multinacionais
tiveram origem em universidades brasileiras, temos a maior biodiversidade e estoque
vegetal do planeta. Entretanto, a exemplo do que ocorre com a produção de
medicamentos sintéticos, mesmo com estas condições, o país corre o risco, de tornar-se
importador de matérias-primas vegetais e reprodutor de formulações fitoterápicas
(Simões & Schenkel, 2002).
20
Um número significativo de espécies de plantas ou os extratos delas obtidos são
comercializados livremente tanto no comércio formal, quanto no comércio informal em
casas de produtos naturais e ervanários. Entretanto, apesar do potencial terapêutico dos
produtos extraídos de centenas de espécies vegetais pertencentes à flora brasileira e
consumidas pela população, pouco se sabe sobre seus verdadeiros efeitos, pois as
certificações esbarram na falta de estudos conclusivos que sustentem a eficácia dessas
substâncias no tratamento de doenças ou eficazes em processos dolorosos.
No Brasil, o uso de produtos vegetais está fortemente inserido no hábito popular,
principalmente em comunidades onde o uso de plantas como fonte direta de
medicamentos é uma prática cotidiana. Trabalhos etnobotânicos registram este saber
(Correa, 1984; Pott & Pott 1994; Guarim Neto, 1996, Rodrigues & Carvalho 2001;
Lorenzi & Matos, 2002; Martins et al., 2003) sendo descritos para algumas plantas, as
formas de uso adotadas pelo etnoconhecimento para o aproveitamento dos recursos
vegetais no campo terapêutico. O tratamento de doenças com recursos vegetais, sempre
teve presente como hábito popular, que, por dificuldades econômicas ou por aceitação
dos remédios a base de plantas, garante o consumo desses produtos de forma continuada
em todas as classes sociais do Brasil. Neste sentido, há uma oferta cada vez maior de
produtos contendo substâncias ou compostos de diversas espécies vegetais, e que nos
últimos anos tem despertado, ainda que timidamente, o interesse da comunidade científica
brasileira em propor estudos visando avaliar seus efeitos como agentes terapêuticos.
Pesquisadores da área de produtos naturais mostram-se impressionados pelo fato dessas
sustâncias encontradas na natureza, revelarem uma enorme diversidade em termos de
estrutura e de propriedades físico-químicas e biológicas (Wall & Wani, 1996).
Em vários Estados brasileiros como Pará, Goiás, Mato Grosso do Sul,
Maranhão, Minas Gerais entre outros, ocorre uma acentuada difusão do uso das plantas
medicinais. No Estado de Mato Grosso, diante da riqueza florística e do
etnoconhecimento presentes nas regiões de Cerrado do Pantanal e da Amazônia, não é
raro a atribuição medicinal a um grande elenco de plantas (Correa, 1984; Pott & Pott,
1994; Guarim Neto, 1996). Segundo Macedo & Ferreira (2005), O Estado de Mato
Grosso possui diversas comunidades tradicionais, “indígenas, ribeirinhas, quilombolas e
populações contemporâneas” em áreas de Cerrado e de Pantanal, que utilizam plantas
medicinais mediantes os conhecimentos populares legado dos seus ancestrais.
21
4. Plantas afrodisíacas
Entre os diversos usos das plantas medicinais, sua utilização como tônicas ou
afrodisíacas ocupa lugar de destaque na medicina popular, sendo objeto de interesse
para pesquisa que busca melhor compreensão dos seus efeitos terapêuticos. As plantas
afrodisíacas sempre estiveram presentes no imaginário popular em várias partes do
mundo. Neste sentido, há grande interesse por consumo de produtos afrodisíacos
obtidos de inúmeras espécies vegetais com indicação de preparo das mais diversas
formas, utilizando folhas, cascas, caules rizomas e raízes. Algumas espécies vegetais
utilizadas como afrodisíacos já foram estudadas: Salvia haematodes (Islam et al., 1991),
Catha edulis (Taha et al., 1995), Trichopus zeylanicus (Subramoniam et al., 1997),
Hibiscus macranthus e Basella alba (Moundipa et al., 1999), Turnera diffusa e Pfaffia
paniculata (Arletti et al., 1999), Tribulus terrestris (Adaikan et al., 2000), Cynomorium
coccineum (Abdel-Magied et al., 2001) e Lepidium meyenii (Zheng et al., 2000; Cicero
et al., 2002; Gonzales et al., 2001; Gonzales et al., 2002), Rubus coreanus (Sook Oh et
al., 2007), Fadogia agrestis (Yakubu et al., 2008a) e Massularia acuminata (Yakubu et
al., 2008b).
No Brasil, devido à disponibilidade florística aliada ao conhecimento popular, é
comum encontrar em diversas regiões, inúmeras espécies usadas pela população devido
suas finalidades tônicas. No Estado de Mato Grosso as espécies Heteropterys
aphrodisiaca (nó-de-cachorro), Anemopaegma arvense (vergateza) Ouratea semiserrata
(sangue-de-bugre), Bytneria melastomifolia (raiz-de-bugre) e Anemopaegma glaucum
(catuaba-verdadeira) tem seu uso fortemente popularizado. Produtos contendo
substâncias dessas espécies são muito difundidos e consumidos habitualmente pela
comunidade local, como energéticos e estimulantes (Pott & Pott, 1994). Em diversas
cidades brasileiras, existem casas de comercialização de produtos naturais, sendo
comum encontrarem nestes locais seções específicas destinadas à comercialização de
plantas ou princípios delas extraídos relacionadas à ação afrodisíaca. Geralmente, o
conhecimento relatado sobre a eficácia, modo de preparo e dosagem, vem de
comunidades tradicionais que, ao longo dos anos, fazem uso dessas espécies e as
indicam como forma de melhorar, especialmente no sexo masculino, o desempenho
sexual.
O uso popular de diversas substâncias pode oferecer indicativos para
experimentações científicas envolvendo produtos naturais que vêm, há muito tempo,
22
sendo consumidos pela população. Sandroni (2001) relata que, substâncias afrodisíacas
podem ser de origem animal ou vegetal, e têm sido utilizadas na medicina popular nas
mais diferentes culturas, algumas delas sendo identificadas farmacologicamente. Os
árabes utilizam a ambreína, para aumentar a libido, sendo esta droga responsável pelo
aumento da concentração de vários hormônios hipofisários e da testosterona sérica. Já
na Índia, existem relatos da ingestão de secreções cutâneas do sapo Bufo sp. em busca
dos efeitos afrodisíacos da bufotenina, mesmo com o risco da ingestão de outros
bufodienolídeos considerados alucinógenos. O aumento da performance física,
incluindo a sexual, vem sendo atribuído ao Panax ginseng (ginseng) por pesquisadores
chineses (Chen & Lee, 1995; Chen, 1996; Gillis, 1997; Kim et al., 1998, Nocerino et
al., 2000). O ginseng atua como antioxidante pelo aumento na síntese de óxido nítrico
no endotélio de muitos órgãos, incluindo os corpos cavernosos (Sandroni, 2001). A
cantaridina, derivada do coleóptero cantárida, vem sendo utilizada há milênios na Ásia
como estimulante sexual, atuando como inibidor da atividade da fosfodiesterase e
fosfatase e estimulando β-receptores, induzindo a congestão vascular (Sandroni, 2001).
A ingestão de besouros vivos (Palembus dermestoides) no sudeste da Ásia pode ter uma
relação com a cantaridina, assim como a ingestão de triatomíneos no México, onde têm sido
relatados casos de doença de Chagas, relacionados à contaminação por tripanosomas
presentes nos Triatomíneos (Salazar-Schettino, 1983).
Os efeitos da espécie vegetal Eurycoma longifolia têm sido avaliados na Malásia
(Ang & Sim, 1997; 1998a; 1998b; Ang et al., 2000; Ang & Cheang, 2001; Ang & Ngai,
2001; Ang et al., 2001) com resultados positivos na estimulação sexual, atuando como
afrodisíaco. Na Jordânia, El-Thaer et al. (2001) testaram em ratos, com efeito positivo,
a função erétil do óleo de sementes de Ferula harmonis. No Sri Lanka, Ratnasooriya &
Dharmasiri (2002) analisaram o potencial afrodisíaco das sementes de Terminalia
catappa (sete-copas) no comportamento sexual e fertilidade de ratos, concluindo que,
além do efeito esperado, o extrato pode ser usado também em outras formas de
disfunção sexual, como a ejaculação precoce.
No Brasil, apesar da grande quantidade de plantas utilizadas como afrodisíacas,
pouco se sabe sobre sua ação e toxicologia, inclusive aquelas mais popularmente
conhecidas e consumidas por um grande número de pessoas. A maioria dessas espécies,
em função da ação tônica preconizada pela medicina tradicional, faz parte do imaginário
popular. Embora todo o enfoque positivo dado às plantas indicadas para a reprodução, é
restrito as evidências científicas reportadas neste sentido, bem como seus possíveis
23
efeitos deletérios. Entretanto, inúmeros produtos contendo substâncias vegetais são
atualmente comercializados com esta finalidade.
Testes experimentais e os estudos químicos e farmacológicos de compostos
vegetais podem promover a indicação segura de inúmeras plantas com viabilidade ainda
desconhecida para os campos da farmacologia e da produção de medicamentos. O
interesse da indústria farmacêutica na produção de drogas com aplicabilidade na
reprodução especialmente as masculinas, tem levado à pesquisa e desenvolvimento de
medicamentos alopáticos, que são colocados no mercado a preços muitas vezes fora do
alcance de grande parte da população. Dentre essas drogas, destacam-se o Pasuma
(Kunzfeld, 1966), o Afrodex (Miller, 1968), o Potensan Forte (Cooper et al., 1973), o
Afrodor 2000 (Baumbusch et al., 1995), o Ardorare ou Eresom (Eskeland et al., 1997),
o Viagra (Kloner, 1998), o Uprima (Hafez & Hafez, 2004), o Levitra (Scheen, 2003;
Gaines, 2004) o Cialis (Gaines, 2004). Neste contexto, a fitoterapia mostra-se como
fonte viável de estudos de matérias-primas vegetais, para descoberta de produtos com
potencial terapêuticos, talvez mais acessíveis à população.
Existem indicativos que justificam o interesse para produção de drogas
aplicáveis à reprodução masculina humana e segundo Aitken (1999), há não somente
uma forte indicação de declínio da contagem de espermatozóides, mas também uma
grande evidência da diminuição da competência funcional da produção espermática
humana. O mesmo autor relata que, alterações morfológicas e funcionais nos
espermatozóides humanos podem chegar a 85 % do ejaculado, estando diretamente
relacionadas com a mais alta perda gestacional e má-formação embrionária observadas
entre os vertebrados vivíparos.
O uso de produtos naturais como matéria-prima para a síntese de substâncias
bioativas, especialmente fármacos, tem mostrado sua viabilidade. Um exemplo
marcante é representado pelo trabalho de Russell E. Marker sobre a síntese de
hormônios esteroides, progesterona a partir do uso de saponinas isoladas de uma planta
do altiplano mexicano, conhecida como cabeça de negro (Dioscorea macrostachya
Bent.), que contem diosgenina. Este trabalho foi determinante para o desenvolvimento
de esteroides e contribuiu significativamente para a descoberta subsequente da pílula
contraceptiva feminina (Barreiro et al., 2007).
24
5. Heteropterys aphrodisiaca (nó-de-cachorro)
A primeira descrição da espécie foi realizada por Hoehne, em 1920, quando
afirmou que a raiz desta planta possuia a fama de produto estimulante e com
propriedades afrodisíacas. Esta espécie pertence à família botânica Malpighiaceae
segundo classificação de Othon Machado em 1949, sendo chamada de Heteropterys
aphrodisiaca (Correa, 1984).
A espécie ocorre em regiões de Cerrado dos Estados de Mato Grosso, Goiás, São
Paulo e Minas Gerais. Geralmente, a população usa as raízes como tônico ou
estimulante (Correa, 1984; Pott & Pott, 1994; Guarim Neto, 1996).
Do ponto de vista etnobotânico H. aphrodisiaca, (Figura 1) é um dos mais
famosos afrodisíacos do Centro-Oeste brasileiro. É largamente utilizada, conhecida
popularmente com os nomes de nó-de-cachorro, raiz-de-Santo-Antônio e cordão-deSão-Francisco, é uma planta arbustiva com cerca de 0,6 a 2,0m de altura, possuindo
raízes com partes engrossadas e nós (Pott & Pott, 1994; Guarim Neto, 1996). A triagem
fitoquímica do extrato da planta detectou a presença de glicosídeos flavonoides,
saponinas, taninos, glicosídeos aromáticos e substâncias antracênicas (Galvão et al.,
2002; Marques et al., 2007).
Figura 1 – Heteropterys aphrodisiaca (nó-de-cachorro). A: raízes com partes engrossadas e
nós; e B: estruturas reprodutivas da planta.
Estudos de controle farmacognóstico das raízes de H. aphrodisiaca, apontaram
que a água foi o melhor extrator das substâncias presentes nas raízes de “nó-decachorro”, no que se refere ao teor de sólidos extraíveis, demonstrando a presença de
25
substâncias de alta polaridade em grande quantidade nas raízes deste vegetal (Marques
et al., 2007).
Rizzini (1983) descreve que a raiz de H. aphrodisiaca possui propriedades
estimulantes e faz parte de um grande elenco de espécies da flora brasileira com
elementos psicoativos. A espécie Paullinia cupana (guaraná) família Sapindaceae, tem
sido amplamente usada como planta energética e tônica em muitas regiões do Brasil,
como nos Estados do Amazonas, Acre, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, e tem
despertado interesse de diversos pesquisadores (Galduróz & Carlini, 1994; Espinola et
al., 1997; Mattei et al., 1998).
Segundo Marques et al. (2007), a presença de substâncias do tipo saponinas
deve ser notada, pois, correspondem a uma das classes mais intrinsecamente
relacionadas aos reputados efeitos adaptógenos, como ocorrem com as saponinas
presentes nas espécies Panax ginseng (ginseng coreano) e Pfaffia glomerata (ginseng
brasileiro).
Guarim Neto (1996), em seus estudos etnobotânicos realizados em 25 cidades do
Estado de Mato Grosso, relata que o chá preparado com as raízes de H. aphrodisiaca é
empregado como depurativo do sangue, dentre outras indicações. Entretanto, o emprego
mais difundido é sob a forma de garrafadas, tidas como afrodisíacas.
6. Anemopaegma arvense (vergateza)
É uma espécie arbustiva da família Bignoniaceae da qual se utilizam extratos da
casca, da folha e da raiz com fins medicinais, pode ser encontrada em diversas regiões
de Cerrado (Figura 2). A. arvense é conhecida popularmente com os nomes de alecrim
do campo, catuaba, catuabinha, catuíba, catuaba-pau, caramuru, tatuaba, piratançara,
marapuama do cerrado, verga-teso, vergateza e pau-de-resposta. Seus constituintes são a
catuabina (substância amarga), aromáticos, resinas, taninos e alcaloides similares à
atropina (Lorenzi & Matos, 2002). O uso da espécie é sob a forma de chá, sendo o
mesmo utilizado para a catuaba arbórea (Trichilia catigua) (Coimbra, 1942; Conceição,
1982; Almeida, 1993).
As raízes da A. arvense são preconizadas na medicina popular para preparações
afrodisíacas, indicadas contra impotência sexual, como tônico poderoso, como
energético e estimulante do sistema nervoso, sendo utilizadas também contra insônia e
falta de memória (Lorenzi & Matos, 2002).
26
Figura 2 – Exemplares de Anemopaegma arvense (vergateza). A: estrutura geral da
planta (Lorenzi & Matos, 2002); e B: ramos evidenciando estrutura
reprodutiva.
Neste sentido, Lorenzi & Matos (2002) sugerem que o amplo emprego de
espécies vegetais nas práticas caseiras da medicina popular e no hábito do povo, são
motivos suficientes para suas escolhas como temas de estudos fitoquímicos,
farmacológicos e clínicos. Desta forma, em função da comercialização indiscriminada
de produtos contendo extratos ou essências de espécies vegetais, pelo forte indicativo
das potencialidades das plantas do Cerrado como fontes alternativas de medicamentos e
não menos importante, pela valorização do etnoconhecimento, torna-se necessário o
estudo dos seus componentes visando avaliar possíveis efeitos sobre a fisiologia
reprodutiva, particularmente sobre os testículos.
7. Testículo
Os testículos são órgãos com funções exócrina e endócrina, geralmente
localizado no escroto e envolvido por espessa cápsula de tecido conjuntivo, a albugínea
testicular. Esta túnica, de maneira variada nas diferentes espécies de mamíferos, emite
septos para o interior do órgão até a região do mediastino testicular, dividindo o
testículo em lóbulos (França & Russell, 1998; Paula et al., 2002).
Funcionalmente, o testículo dos mamíferos pode ser dividido em dois
compartimentos principais: o compartimento intertubular ou intersticial, também
27
chamado de espaço intertubular, e o tubular, formado por túbulos seminíferos (Russell
et al., 1990). Com exceção das células germinativas que se originam do epiblasto, a
maioria das células somáticas constituintes dos testículos é procedente dos ductos
mesonéfricos e do epitélio celomático (Karl & Capel, 1998; Merchant-Larios &
Moreno-Mendoza, 1998). Os componentes do compartimento intertubular são as células
de Leydig, vasos sanguíneos e linfáticos, nervos, e uma população celular variável
constituída principalmente de fibroblastos, macrófagos e mastócitos (Russell et al.,
1990; Setchell, 1991). Apesar de existir grande variação entre as diversas espécies
quanto à proporção volumétrica dos diferentes componentes do compartimento
intertubular (Fawcett et al., 1973; França & Russell, 1998; Godinho, 1999), a célula de
Leydig é o tipo celular mais frequente neste compartimento. Assim, o percentual
ocupado por elas nos testículos de animais sexualmente maduros no período reprodutivo
pode variar de aproximadamente 1 % em carneiros até cerca de 35 % em capivaras
(França & Russell, 1998; Paula et al., 2002). O compartimento dos túbulos seminíferos
constitui a maior parte do testículo, ocupando de 70 a 90 % do parênquima testicular na
maioria dos mamíferos até agora estudados (França & Russell, 1998; Godinho, 1999).
Estes túbulos formam alças bastante contorcidas, as quais possuem suas duas
extremidades conectadas à rede testicular, que se encontram localizadas numa região
bastante rica em vasos e tecido conjuntivo, denominada mediastino testicular. A partir
desta região, a rede testicular encontra-se conectada ao epidídimo por ductos eferentes.
Os túbulos seminíferos são constituídos por túnica própria, epitélio seminífero e
lume tubular. A túnica própria reveste o túbulo externamente, sendo composta de
células mióides ou peritubulares, e membrana basal. No epitélio seminífero são
encontrados duas linhagens celulares de origem embriológica distintas: as células
germinativas originárias do epiblasto e as células de Sertoli provenientes do epitélio
celomático (Karl & Capel, 1998). Juntamente com as células mióides, as células de
Sertoli elaboram a membrana basal que serve de suporte estrutural para a própria célula
de Sertoli e para as células germinativas que se encontram na porção basal do epitélio
seminífero. As células de Sertoli, através de junções de oclusão, dividem o epitélio
seminífero em dois compartimentos: o basal, onde se localizam as espermatogônias e os
espermatócitos primários na fase inicial da prófase meiótica (pré-leptótenos e
leptótenos), e o adluminal, no qual se encontram os espermatócitos primários a partir da
fase de zigóteno, os espermatócitos secundários e as espermátides. Desta forma, o
compartimento adluminal está totalmente sob controle das células de Sertoli,
28
propiciando um micro-ambiente isolado e imunoprivilegiado, essencial para o
desenvolvimento do processo espermatogênico (Russell et al., 1990; Setchell, 1991;
Poccia, 1994; Sharpe, 1994). No lume tubular encontram-se os espermatozóides recémespermiados e o fluido secretado pelas células de Sertoli.
Existe grande variação no número e nas dimensões (diâmetro e comprimento)
dos túbulos seminíferos nas diferentes espécies de mamíferos (França & Russell, 1998).
No suíno doméstico, por exemplo, existem de várias centenas a alguns poucos milhares
de túbulos seminíferos por testículo e aproximadamente 3000 metros de túbulos no total
(França & Russell, 1998). De maneira geral, o valor observado para o diâmetro tubular
na grande maioria das espécies de mamíferos está em torno de 180 a 300 µm (RoosenRunge, 1977).
8. Espermatogênese
A espermatogênese é um processo altamente complexo e bem organizado, que
ocorre nos túbulos seminíferos e dura cerca de 40 a 60 dias na maioria dos mamíferos
(França & Russell, 1998; França et al., 1998; Godinho, 1999). Baseado em
características morfológicas e funcionais, o processo espermatogênico pode ser dividido
em três fases: 1) fase proliferativa ou espermatogonial, caracterizada por várias e
sucessivas divisões mitóticas dos diferentes tipos de espermatogônias; 2) fase meiótica
ou espermatocitogênica, na qual ocorre à duplicação do DNA, a recombinação gênica e
duas divisões, uma reducional e outra equacional que resultam na formação de uma
célula haplóide denominada espermátide; e 3) fase de diferenciação ou espermiogênica,
onde as espermátides arredondadas passam por drásticas alterações morfológicas e
funcionais, como a formação do acrossoma e do flagelo, e a condensação nuclear,
resultando numa célula altamente especializada, o espermatozóide (Russell et al., 1990;
Sharpe, 1994).
Nos túbulos seminíferos, as células germinativas não estão organizadas ao acaso
e sim em associações celulares distintas, denominadas estádios, que se sucedem com o
tempo, de maneira bastante ordenada, formando o ciclo do epitélio seminífero. Os
estádios do ciclo podem ser classificados pelo método da morfologia tubular
(Berndtson, 1977; França & Russell, 1998) e pelo método do sistema acrossômico
(Leblond & Clermont, 1952; Russell et al., 1990). No primeiro caso, oito estádios do
ciclo são obtidos para todas as espécies, enquanto pelo sistema acrossômico o número
29
de estádios classificados é variável para cada espécie. A duração do ciclo do epitélio
seminífero é uma constante biológica espécie-específica, e está sob o controle do
genótipo da célula germinativa (França et al., 1998). De maneira geral, em torno de 4,5
ciclos são necessários para que o processo espermatogênico se complete em mamíferos,
ou seja, desde uma espermatogônia do tipo A1 até a liberação dos espermatozóides no
lume do túbulo seminífero (Amann & Schanbacher, 1983; França & Russell, 1998).
Durante o processo espermatogênico, as células de Sertoli e as células
germinativas interagem de maneira bastante complexa, tanto física quanto
bioquimicamente. Existem diversas formas de junções intercelulares entre estes dois
tipos celulares, incluindo-se os desmossomos, as junções do tipo “gap”, as junções à
base de actina conhecidas como especializações ectoplasmáticas e os complexos
túbulos-bulbares. Apesar de serem postuladas várias funções para estes componentes
juncionais, ainda existem poucas evidências experimentais para apoiar o papel preciso
dos mesmos (Russell & Griswold, 1993). No entanto, fica evidente a necessidade da
interação das células germinativas com os componentes somáticos do testículo,
principalmente células de Sertoli, células de Leydig e células mióides, para que o
processo espermatogênico transcorra de maneira normal e eficiente (Skinner, 1991;
Daduone & Demoulin, 1993; Jégou, 1993; Spiteri-Grech & Nieschlag, 1993; Pescovitz
et al., 1994; Russell et al., 1994; Griswold, 1995; Schlatt et al., 1997; França & Russell,
1998; Hess & França, 2005). A integridade funcional da membrana basal elaborada
pelas células de Sertoli e células mióides é também essencial para o processo
espermatogênico (Dym, 1994).
9. Células de Leydig
As células de Leydig são bastante conhecidas por sua marcante produção de
andrógenos, os quais são sintetizados a partir de uma molécula-base, o colesterol
(Bardin, 1996). A produção de andrógenos ocorre por meio de estímulos do LH
(hormônio luteinizante) em receptores localizados na membrana plasmática das células
de Leydig. O LH é uma glicoproteína sintetizada e secretada pela adenohipófise, sob a
influência do hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH) proveniente do
hipotálamo. O controle por feedback negativo do LH é exercido pela testosterona, tanto
na adenohipófise quanto no hipotálamo (Shupnike & Schreihofer, 1997; Huhtaniemi &
Topari, 1998). Dentre os andrógenos sintetizados pelas células de Leydig incluem-se a
30
testosterona e a diidrotestosterona, os quais são responsáveis pela diferenciação dos
órgãos genitais masculinos e da genitália externa na fase fetal (Pelliniemi et al., 1996) e
pelo aparecimento e manutenção dos caracteres sexuais secundários e manutenção
quantitativa da espermatogênese a partir da puberdade (Sharpe, 1994; Zirkin et al.,
1994). Particularmente, a diidrotestosterona é responsável pela manutenção funcional
das glândulas genitais acessórias e do epidídimo (Luke & Coffey, 1994; Fan & Robaire,
1998; Goyal et al., 1999). Nos testículos, existem receptores para andrógenos nas
células de Sertoli, células mióides, células musculares lisas dos vasos e na própria célula
de Leydig (Schlatt et al., 1997; Suárez-Quian et al., 1998). Adicionalmente, foi
demonstrado que o FSH também participa na manutenção da espermatogênese (Russell
et al., 1993; Huhtaniemi & Toppari, 1998; Meachem et al., 1999).
Nos mamíferos, existem dois tipos de células de Leydig: células precursoras de
Leydig, que são produtoras de andrógenos responsáveis pela masculinização fetal, e as
do tipo adulto, produtoras de testosterona (Kerr & Knell, 1988; Kuopio et al., 1989a, b;
Huhtaniemi & Pelliniemi, 1992). O início da diferenciação das células de Leydig fetais
e da produção de andrógenos não está sob o controle das gonadotrofinas (Van
Vorstenbosch et al., 1982; Lejeune et al., 1998; Majdic et al., 1998; O’Shaughnessy et
al., 1998). O desenvolvimento pós-natal das células de Leydig envolve a proliferação
celular, diferenciação morfológica e aquisição da capacidade de produção de
testosterona. De acordo com Ge et al. (1996) e Rouiller-Fabre et al. (1998) a transição
das células de Leydig em proliferação, originadas de células progenitoras, para as
células de Leydig do tipo adulto, é regulada hormonalmente. O LH induz primariamente
a diferenciação das células de Leydig, mas não está envolvido na proliferação das
mesmas. Os andrógenos e o IGF-1 (Fator de Crescimento Semelhante à Insulina)
aumentam a sensibilidade das células de Leydig progenitoras ao LH. A proliferação é
estimulada por IGF-1 e fatores secretados pelas células de Sertoli e por macrófagos,
enquanto o estradiol provavelmente limita o crescimento da população de células de
Leydig, por meio da inibição de proliferação das progenitoras de células de Leydig (Ge
et al., 1996).
Em contraste com a maioria das espécies de mamíferos investigadas, que exibem
um padrão bifásico (fetal e pós-natal) de desenvolvimento das células de Leydig
(Gondos et al., 1976), os suínos mostram três fases de desenvolvimento destas células:
duas fases transitórias, uma durante a fase inicial (de 30 a 35 dias) do período fetal (Van
Straaten & Wensing, 1978) e a outra durante o período perinatal (Dierichs et al., 1973;
31
Van Straten & Wensing, 1978). A última fase ocorre a partir do período pré-puberal,
estendendo-se para a idade adulta (Dierichs et al., 1973; Van Straaten & Wensing,
1978; Allrich et al., 1983). Ainda em suínos, está bem estabelecido que o volume das
células de Leydig e o número de receptores de LH por célula de Leydig se alteram
substancialmente durante as diferentes fases do desenvolvimento testicular (Dierichs et
al., 1973; Van Straaten & Wensing, 1978; Lunstra et al., 1986).
As células mesenquimais são consideradas as principais precursoras das células
de Leydig do tipo adulto (Russell et al., 1995; Ge et al., 1996; Lejeune et al., 1998).
Outros tipos celulares do testículo como as células mióides, células endoteliais dos
vasos linfáticos e células perivasculares (pericítos) também podem dar origem às células
de Leydig (De Kretser et al., 1994; Gaytan et al., 1994; Russell et al., 1995;
Dombrowicz et al., 1996). Apesar de pouco documentado, ocorrem mitoses de células
de Leydig em animais adultos (Russell et al., 1995).
Além da produção de andrógenos, várias outras substâncias também são
produzidas pelas células de Leydig. Estas substâncias participam no controle autócrino
e parácrino das funções das células de Leydig e de Sertoli. As células de Leydig podem
influenciar a função das células de Sertoli tanto em animais imaturos quanto em animais
adultos, especificamente por meio de peptídeos derivados da pro-opiomelanocorticotrofina (POMC), como β-endorfina, hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) e
hormônio melanotrófico (MSH) (Bardin et al., 1987). A ontogênese aumenta
progressivamente a intensidade de imunomarcação da β-endorfina nas células de Leydig
de camundongos e hamsters durante a vida fetal, declinando após o nascimento e
voltando a aumentar na puberdade. Estes dois picos de produção da β-endorfina nas
células de Leydig estão temporalmente associados com a elevação dos níveis de
testosterona (Shaha et al., 1984). Este padrão de expressão da β-endorfina coincide com
a maturação e o aumento do número de receptores para LH nas células de Leydig
durante o desenvolvimento testicular (Chen & Madigan, 1987), com as fases pré e pósnatal de proliferação das células de Sertoli, e com o início da espermatogênese, época
em que os níveis de FSH estão elevados (Orth, 1986; Berndtson & Thompson, 1990;
Orth & Boehm, 1990; Orth, 1993). Também nesta fase, receptores específicos de alta
afinidade para β-endorfina estão presentes nas células de Sertoli (Fabbri et al., 1985;
Orth, 1986). Estas e outras evidências relatadas na literatura (Orth & Boehm, 1990;
Orth, 1993; Sharpe, 1994) sugerem fortemente que as células de Leydig têm influência
32
direta na determinação do número definitivo de células de Sertoli, via β-endorfina. Da
mesma forma, as células de Sertoli parecem regular de forma parácrina a determinação
da população das células de Leydig e a capacidade esteroidogênica das mesmas, por
meio da secreção de fatores de crescimento estimulados pelo FSH (Tabone et al., 1984;
Waites et al., 1985).
Referências Bibliográficas
Abdel-Magied, E.M., Abdel-Rahman, H.A., Harraz, F.M. 2001. The effect of aqueous
extracts of Cynomorium coccineum and Withania somnifera on testicular development
in immature Wistar rats. Journal of Ethnopharmacology 75, 1-4.
Adaikan, P.G., Gauthaman, K., Prasad, R.N., Ng, S.C. 2000. Proerectile
pharmacological effects of Tribulus terrestris extract on the rabbit corpus cavernous.
Annals Academy of Medicine Singapore 29, 22-26.
Aitken R.J. 1999. The human spermatozoon a cell in crisis. Journal Reproduction of
Fertility 115, 1-7.
Akerele, O. 1993. Nature’s medicinal bounty: don’t throw it away. World Health Forum
14(4), 390-395.
Allrich, R.D., Christenson, R.K., Ford, J.J., Zimmerman, D.R. 1983. Pubertal
development of the boar: age-related changes in testicular morphology and in vitro
production of testosterone and estradiol-17β1,2. Biology of Reproduction 28, 902-909.
Almassy Jr. A.A. 2000. O Programa Fitoverde e o Grupo Entrefolhas: a fitoterapia nas
esferas governamental e não-governamental. Universidade Federal de Viçosa, Viçosa,
MG (Dissertação, Mestrado).
Almeida, E.R., 1993. Plantas medicinais brasileiras. São Paulo-SP: Hemus. 493p.
Amann, R.P., Schanbacher, B.D. 1983. Physiology of male reproduction. Journal
Animal Science 57 (2), 380-403.
Ang, H.H., Cheang, H.S. 2001. Effects of Eurycoma longifolia Jack on lavatory ani
muscle in both uncastrated and testosterone-stimulated castrated intact male rats.
Archives of Pharmacal Research 24(5), 437-440.
Ang, H.H., Cheang, H.S., Yusof, A.P. 2000. Effects of Eurycoma longifolia Jack
(Tongkat Ali) on the initiation of sexual performance of inexperienced castrated male
rats. Experimental Animals 49(1), 35-38.
33
Ang, H.H., Ikeda, S., Gan, E.K. 2001. Evaluation of the potency activity of aphrodisiac
in Eurycoma longifolia Jack. Phytotherapy 15(5), 435-436.
Ang, H.H., Ngai, T.H. 2001. Aphrodisiac evaluation in non-copulator male rats after
chronic administration of Eurycoma longifolia Jack. Fundam. Clinical Pharmacology
15(4), 265-268.
Ang, H.H., Sim, M.K. 1997. Eurycoma longifolia Jack enhances libido in sexually
experienced male rats. Experimental Animals 46(4), 87-90.
Ang, H.H., Sim, M.K. 1998a. Eurycoma longifolia increases sexual motivation in
sexually naive male rats. Archives of Pharmacal Research 21(6), 779-781.
Ang, H.H., Sim, M.K. 1998b. Eurycoma longifolia Jack and orientation activities in
sexually experienced male rats. Biological and Pharmaceutical Bulletin 21(2), 153-155.
Arletti, R., Benelli, A., Cavazzuti, E., Scarpetta, G., Bertolini, A. 1999. Stimulating
property of Turnera diffuse diffusa and Pfaffia paniculata extracts on the sexualbehavior of male rats. Psychopharmacology 143, 15-19.
Bardin, C.W. 1996. Androgens: early attempts to evaluate Leydig cell function in man.
In: Payne, A.H., Hardy, M.P., Russell, L.D. (Ed.). The Leydig cell. Editora Viena,
Cache River Press. Cap. 2, 31-42.
Bardin, C.W., Chen, C.C., Morris, P.L., Gerendai, I., Boitani, C., Liotta, A.S., Margoris,
A., Krieger, D.T. 1987. Proopiomelanocortin-derived peptides in testis, ovary, and
tissues of reproduction. Recent Progress in Hormone Research 43, 1-28.
Barreiro, E.J., Fraga, C.A.M., Araújo Jr., J.X. 2007. O Uso de Produtos Naturais
Vegetais como Matérias-Primas Vegetais para a Síntese e Planejamento de Fármacos.
In: Simões, C.M.O., Schenkel, E.P., Gosmann, G., Mello, J.C.P., Mentz, L.A.,
Petrovick, P.R. (Ed.). Farmacognosia: da planta ao medicamento. 6. ed. Porto Alegre:
Editora da UFRGS, p.147-210.
Baumbusch, F., Papp, G. K., Kpa, Z. S. 1995. Treatment for potency problems with
Afrodor 2000. Acta Chirurgica Hungarica 35(1-2), 87-92.
Berndtson, W.E. 1977. Methods for quantifying mammalian spermatogenesis: a review.
Journal of Animal Science 44, 818-833.
Berndtson, W.E., Thompson, D.L. 1990. Changing relationships between testis size,
Sertoli cell number and spermatogenesis in sprague-dawley rats. Journal of Andrology
11, 429-435.
Bogart, L., Bonsignore, J., Carvalho, A. 1986. Massive hemolysis following inhalation
of volatile nitrites. American Journal Hematology 22(3), 327-329.
34
Braga, F.C. 2009. Pesquisa fitoquímica. In: Leite, J.P.V. (Ed.). Fitoterapia - Bases
científicas e tecnológicas. São Paulo-SP: Ed. Atheneu, p.99-118.
Capasso, R., Izzo, A.A., Pinto, L., Bifulco, T., Vitobello, C., Mascolo, N. 2000.
Phytotherapy and quality of herbal medicines. Fitoterapia 71, 58-65.
Carvalho, A.C.B., Balbino, E.E., Maciel, A., Perfeito, J.P.S. 2008. Situação do registro
de medicamentos fototerápicos no Brasil. Revista Brasileira de Farmacognosia 18, 314319.
Chen, C., Madigan, M.B. 1987. Regulation of testicular proopiomelanocortin gene
expression. Endocrinology 121, 590-596.
Chen, X. 1996. Cardiovascular protection by ginsenosides and their nitric oxide
releasing action. Clinical and Experimental Pharmacology Physiology 23(8), 728-732.
Chen, X., Lee, T.J., 1995. Ginsenosides-induced nitric oxide-mediated relaxation of the
rabbit corpus cavernosum. British Journal of Pharmacology 115(1), 15-18.
Cícero, A.F.G., Piacente, S., Plaza, A., Sala, E., Arletti, R. Pizza, C. 2002. Hexanic
Maca extract improves rat sexual performance more effectively than methanolic and
chloroformic Maca extracts. Andrologia 34, 177-179.
Coimbra, R. 1942. Notas de fitoterapia. Rio de Janeiro-RJ: LCSA, 299p.
Conceição, M. 1982. As plantas medicinais no ano 2000. 2. ed., São Paulo-SP: Tao,
152p.
Cooper, A.J., Smith, C.G., Ismail, A.A., Loraine, J.A. 1973. A controlled trial of
Potensan Forte (“aphrodisiac” and testosterone combined) in impotence. Journal of
Medicine Science 142(4), 155-161.
Corrêa, A.D., Batista, R.S., Quintas, L.E.M. 2000. Plantas Medicinais. Do cultivo à
Terapêutica. 3. ed., Petrópolis-RJ. Ed. Vozes, 247p.
Correa, M.P. 1984. Dicionário das plantas úteis do Brasil e das exóticas cultivadas. Rio
de Janeiro-RJ: Ministério da Agricultura/Instituto Brasileiro de Desenvolvimento
Florestal. 293p.
Craab C. 2004. Science meets tradition and identifies herbal treatment for jaundice.
Bulletin of the World Health Organization, 82-154.
Daduone, J.P., Demuolin, A. 1993. Structure and functions of the testis. In: Thibault, C.;
Levasseur, M.; Hunter, R.H.F. (Ed.). Reproduction in mammals and man. Paris.
Ellipses, Cap. 13, p.227-250.
35
De Kretser, M., Kerr, J.B. 1994. The cytology of the testis. In: Knobil, E., Neill, J.D.
(Ed.). The physiology of reproduction. 2. ed. New York: Raven Press, Cap. 19, 11771290.
Dierichs, R., Wrobel, K.H., Schilling, E. 1973. Licht-und elektronenmikroskopische
untersuchungen an den leydigzellen des schweines während der postnatalen
entwicklung. Z. Zellforsch. Mikrosk. Anatomy 143, 207-227.
Dombrowicz, D., Sente, B., Reiter, E., Closset, J., Hennen, G. 1996. Pituitary control of
proliferation and differentiation of Leydig cells and their putative precursors in
immature hypophysectomized rat testis. Journal of Andrology 17, 639-650.
Dym, M. 1994. Basement membrane regulation of Sertoli cells. Endocrine Reviews 15,
102-115.
El-Thaer, T.S., Matalka, K.Z., Taha, H.A., Badwan, A.A. 2001. Ferula harmonis
‘zallouh’ and enhancing erectile function in rats efficacy and toxicity study.
International Journal of Impotence Research 13(4), 246-251.
Eskeland, B., Thom, E., Svendsen, K.O. 1997. Sexual desire in men: effects of oral
ingestion of a product derived from fertilized eggs. Journal International of Medical
Research 25(2), 62-70.
Espinola, E.B., Dias, R.F., Mattei, R. 1997. Pharmacological activity of guarana in:
Laboratory animals. Journal of Ethnopharmacology 223-229.
Fabbri, A., Tsai-Morris, C.H., Luna, S., Fraioli, F., Dufau, M.L. 1985. Opiate receptors
are present in rat testis. Identification and localization in Sertoli cells. Endocrinolgy
117, 2544-2546.
Fan, X., Robaire, B. 1998. Orchidectomy induces a wave of apopotic cell death in the
epididymis. Endocrinology 139, 2128-2136.
Farnsworth, N.R. 1990. The role of ethnopharmacology in drug development. Ciba
Foundation Symposium 152, 2-11.
Fawcett, D.W., Neaves, W.B., Flores, M.N. 1973. Comparative observations on
intertubular lymphatics and the organization of the intersticial tissue of the mammalian
testis. Biology of Reproduction 9, 500-532.
Ferreira, S.H. 1998. Medicamentos a partir de plantas medicinais no Brasil. Rio de
Janeiro-RJ: Academia Brasileira de Ciências, 132p.
Fisch, H.P., Reutter, F.W., Gloor, F. 1978. Lesions of the kidney and the efferent
urinary tract due to cantharidine. Schweizerische Medizinische Wochenschrift 108(43),
1664-1667.
36
Forsyth, R.J., Moulden, A. 1991. Methaemoglobinemia after ingestion of amyl nitrite.
Archives Disease in Childhood 66(1), 152.
França, L.R., Parreira, G.G., Gates, R.J., Russell, D.L. 1998. Hormonal regulation of
spermatogenesis in the hypophysectomized rat: quantitation of germ-cell population
anad effect of elimination of residual testosterone after long-term hypophysectomy.
Journal of Andrology 19, 335-342.
França. L.R., Russell, L.D. 1998. The testis of domestic mammals. In: Male
reproduction; a multidisciplinary overview. Churchill Comunictions Europe España,
Editora Madrid. Cap. 16, 198-219.
Gaines, K.K. 2004. Tadalafil (Cialis) and vardenafil (Levitra) recently approved drugs
for erection dysfunction. Urologic Nursing 24(1), 46-48.
Galduróz, J.C.F., Carlini, E.A. 1994. Acute effectes of the Paulinia cupana, “guaraná”
on cognition of normal volunteer. São Paulo. Journal Medical 112, 607-611.
Galvão, S.M.P., Marques, L.C., Oliveira, M.G.M., Carlini, E.A. 2002. Heteropterys
aphrodiasiaca (extract BST0289): a Brasiliam plant that improves memory in aged rats.
Journal of Ethnopharmacology 79, 305-311.
Gaytan, F., Bellido, C., Aguilar, E., Van Rooijen, N. 1994. Requirement for testicular
macrophages in Leydig cell proliferation and differentiation during prepuberal
development in rats. Journal of Reproduction and Fertility 102, 393-399.
Ge, R.S., Shan, L.X., Hardy, M.P. 1996. Pubertal development of Leydig cells. In:
Payne, A.H., Hardy, M.P., Russell, L.D. (Ed.). The Leydig cell. Ed. Viena, Cache River
Press. Cap. 6, 159-174.
Gillis, C.N. 1997. Panax ginseng pharmacology: a nitric oxide link? Biochemical
Pharmacology 54(1), 1-8.
Godinho, C.L. 1999. Análise histométrica do testículo e duração da espermatogênese
em gatos (Felis catus), sexualmente maduros. Belo Horizonte: UFMG, ICB, p.74
(Dissertação, Mestrado).
Gondos, B., Renston, R.H., Goldstein, D.A. 1976. Postnatal differentiation of Leydig
cells in the rabbit testis. The American Journal of Anatomy 145, 167-182.
Gonzalez, G.F., Ruiz, A., Gonzales, C., Villegas, L., Cordova, A. 2001. Effect of
Lepidium meyenii (maca) roots on spermatogenesis of male rats. Lima, Peru. Journal of
Andrology 3, 231-233.
Gonzalez, G.F., Córdova, A., Veja, K., Chung, A., Villena, A., Góñez, G., Castillo, S.
2002. Effect of Lepidium meyenii (maca) on sexual desire and its absent relationship
with serum testosterone levels in adult healthy men. Andrologia 34, 367-372.
37
Goyal, H.O., Williams, C.S., Khalil M.K., Vig, M.M., Maloney, M.A. 1999. Postnatal
differentiation of ductus deferents, tail of the epididymis, and distal body of epididymis
in goats occurs independently of rete testis fluid. Anatomical Records 254, 508-520.
Griswold, M.D. 1995. Interactions between germ cells and Sertoli cells in the testis.
Biology of Reproduction 52, 211-216.
Guarim Neto, G. 1996. Plantas medicinais do Estado de Mato Grosso. Brasília-DF.
Associação Brasileira de Educação Agrícola Superior, UFMT. ABEAS: Instituto de
Biociências, 72p.
Guerra, M.P., Nodari, R.O. 2007. Biodiversidade Aspectos Biológicos, Geográficos,
Legais e Éticos. In: Simões, C.M.O., Schenkel, E.P., Gosmann, G., Mello, J.C.P.,
Mentz, L.A., Petrovick, P.R. (Ed.). Farmacognosia: da planta ao medicamento. 6. ed.
Porto Alegre-RS: Editora da UFRGS, p.14-28.
Hafez, B., Hafez, E.S. 2004. Andropause: endocrinology, erectile dysfunction and
prostate pathophisiology. Archives of Andrology 50(2), 45-68.
Hess, R.A., França, L.R. 2005. History of the Sertoli cell discovery. In: Michael, K.
Skinner. Michael, D. (Ed.). Griswold. Sertoli cell biology. Washington-DC: Elsivier
Academic Press, p.3-18.
Hoehne, F.C. 1920. O que vendem os Hervanários da cidade de São Paulo. São PauloSP: Casa Duprat, 248p.
Huhtaniemi, I., Pelliniemi, L.J. 1992. Fetal Leydig cells: cellular origin, morphology,
life span, and special functional features. Proceedings of the Society for Experimental
Biology and Medicine 201, 125-140.
Huhtaniemi, I., Toppari, J. 1998. Hormonal regulation of testis In: Male reproduction; a
multidisciplinary overview. Churchill Communications Europe España: Editora Spain.
Cap. 7, 67-80.
Islam, M. W., Tariq, M., Ageel, A. M., Al-Said, M. S., Al-Yhya, A. M. 1991. Effect of
Salvia haematodes on sexual behaviors of male rats. Journal of Ethnopharmacology 33,
67-72.
Jégou, B. 1993. The Sertoli-germ cell communication network in mammals.
International Review of Cytology 147, 25-95.
Karl, J., Capel, B. 1998. Sertoli cells of mouse testis originate from the coelomic
epthelium. Developmental Biology 203, 323-333.
Karras, D.J., Farrell, S.E., Harrigan, R.A., Henretig, F.M., Gealt, L. 1996. Poisoning
from “Spanish fly” (cantharidin). American Journal of Emergency Medicine 14(5), 478483.
38
Kerr, J.B., Knell, C.M. 1988. The fate of fetal Leydig cells during the development of
the fetal and posnatal. Development 103, 535-544.
Kim, H.J., Woo, D.S., Lee, G., Kim, J.J. 1998. The relaxation effects of ginseng saponin
in rabbit corporal smooth muscle: is it a nitric oxide donor? British Journal of Urology
82(5), 744-748.
Khan, I.A. 2006. Issues related to botanicals. Life Sciences, 38-2033.
Kloner, R.A. 1998. Viagra: what every physician should know. Ear Nose Throat Journal
77(9), 783-786.
Kunzfeld, M. 1966. Trials with “Pasuma” of tne Cascan Company, Wiesbaden.
Preliminary report. Zeitschrift Fur Haut-und Geschlechtskrankheiten 41(4), 156-157.
Kuopio, T., Tapanainen, J., Pelliniemi, L.J., Huhtaniemi, I. 1989a. Developmental
stages of fetal-type Leydig cells in prepubertal rats. Development 107, 213-220.
Kuopio, T., Tapanainen, J., Pelliniemi, L.J., Huhtaniemi, I. 1989b. Rapid Leydig cell
proliferation and luteinizing hormone receptor replenishment in the neonatal rat testis
after a single injection of human chorionic gonadotrophin. Biology of Reproduction. 40,
135-143.
Lapa, A.J., Souccar, C., Lima-Ladman, M.T.R., Godinho, R.O., Nogueira, T.C.M.L.
2007 Farmacologia e toxicologia de produtos naturais. In: Simões, C.M.O., Schenkel,
E.P., Gosmann, G., Mello, J.C.P., Mentz, L.A., Petrovick, P.R. (Ed.). Farmacognosia:
da planta ao medicamento. 6. ed. Porto Alegre-RS: Editora da UFRGS, p.247-288.
Leblond, C.P., Clermont, Y., 1952. Definition of stages of the cycle of seminiferous
epithelium in the rat. Annals of New York Academy Science 55, 548-573.
Lee, S.W., Lee, J.Y., Lee, K.J., Kim, M., Kim, M.J. 1999. A case of
methemoglobinemia after ingestion of an aphrodisiac, later proven as dapsone. Journal
Yonsei of Medicine 40(4), 388-391.
Leite, J.P.V. 2009a. Fitoterapia - Bases científicas e tecnológicas. São Paulo-SP: Ed.
Atheneu, 328p.
Leite, J.P.V. 2009b. Desenvolvimento da Fitoterapia. In: Leite, J.P.V. (Ed.) Fitoterapia Bases científicas e tecnológicas. São Paulo-SP: Ed. Atheneu, p.3-20.
Lejeune, H., Habert, R., Saez, J.M. 1998. Origin, proliferation and differentiation of
Leydig cells. Journal of Molecular Endocrinology 20, 1-25.
Linden, C.H., Vellman, W.P., Rumack, B. 1985. Yohimbine: a new street drug. Annales
of Emergency Medicine 14(10), 1002-1004.
39
Lorenzi H., Matos F.J.A. 2002. Plantas medicinais do Brasil – Nativas e exóticas.
Instituto Plantarum de Estudos da Flora Ltda. São Paulo-SP: Editora Nova Odessa.
512p.
Luke, M.C., Coffey, D.S. 1994. The male sex accessory tissue: structure, androgen
action and physiology. In: Knobil. E, Neill, J.D. (Ed.). The physiology of reproduction.
2. ed. New York: Raven Press. Cap. 23, p.1435-1488.
Lunstra, D.D., Ford, J.J., Christenson, R.K., Allrich, R.D. 1986. Changes in Leydig cell
ultrastructure and function during pubertal development in boar. Biology of
Reproduction 34, 145-158.
Macedo, M. Ferreira, A.R. 2005. Plantas hipoglicemiantes utilizadas por comunidades
tradicionais na Bacia do Alto Paraguai e Vale do Guaporé, Mato Grosso-Brasil. Revista
Brasileira de Farmacognosia 14, 45-47. (Supplementar 1).
Majdic, G., Saunders, P.T.K., Teerds, K.J. 1998. Immunoexpression of the steroidogenic
enzymes 3-Beta hydroxysteroid dehydrogenase and 17α-hydroxylase, C17, 20 lease and
the receptor for luteinizing hormone (LH) in fetal rat testis suggests that the onset of
Leydig cell steroid production is independent of LH action. Biology of Reproduction
58, 520-525.
Marcovigi, P., Leoni, S., Calbi, G., Valtancoli, E., Ravaglia, G. 1995. Acute poisoning
caused by cantharidin ingestion for aphrodisiac purposes. A clinical case. Minerva
Anestesiology 61(3), 105-107.
Marques, L.C., Pieri, C., Roman-Júnior, W.A., Cardoso, M.L.C., Milaneze-Gutierre,
M.A., Mello, J.C.P. 2007. Controle farmacognóstico das raízes de Heteropterys
aphrodisiaca O. Mach. (Malpighiaceae). Revista Brasileira de Farmacognosia, 17(4),
p.604-615.
Martins, E.R., Castro, D.M., Castellani, D.C., Dias, J.E. 2003. Plantas medicinais.
Viçosa-MG: UFV, Imprensa Universitária. 220p.
Martins, E.R., Figueiredo, L.S. 2009. Cultivo de plantas medicinais. In: Leite, J.P.V.
(Ed.). Fitoterapia - Bases científicas e tecnológicas. São Paulo-SP: Ed. Atheneu, p.143167.
Mattei, R., Dias, R.F., Espinola, E.B., Carlini, E.A., Barros, S.B.M. 1998. Guaraná
(Paulinia cupana); toxic behavioral efeects in laboratory animals and antioxidant
activity in vitro. Journal of Ethnopharmacology 60, 111-116.
Meachem, S.J., Mclachlan, R.I., Stanton, P.G., Robertson, D.M., Wreford, N.G. 1999.
FSH immunoneutralization acutely impairs spermatogonial development in normal
adult rats. Journal of Andrology 20,756-762.
40
Merchant-Larios, H., Moreno-Mendoza, N. 1998. Mesonephric stromal differentiate
into Leydig cell in the mouse fetal testis. Experimental Cell Research 244, 230-238.
Miller, W. W. Jr. 1968. Afrodex in the treatment of male impotence: a double-blind
cross-over study. Current Therapeutic Research Clinical Experimental 10(7), 354-359.
Moundipa, F.P., Kamtchouing, P., Koueta, N., Tantchou, J., Foyang, N.P.R., Mbiapo,
F.T. 1999. Effects of aqueous extracts of Hibiscus macranthus and Basella alba in
mature rat testis function. Journal of Ethnopharmacology 65, 133-139.
Nocerino, E.; Amato, M., Izzo, A.A. 2000. The aphrodisiac and adaptogenic properties
of ginseng. Fitoterapia 71, 1-5 (Supplement 1).
O’Shaughnessy, P.J., Baker, P., Sohnius, U., Haavisto, A.M., Charlton, H.M.,
Huhtaniemi, I. 1998. Fetal development of Leydig cell activity in the mouse is
independent of pituitary gonadotroph function. Endocrinology 139, 1141-1146.
Orth, J.M. 1986. FSH-induced Sertoli cell proliferation in the development rat is
modified by β-endorphin produced in the testis. Endocrinology 119, 1876-1878.
Orth, J.M. 1993. Cell biology of testicular development in fetus and neonate. In:
Desjardins, C., Ewing, L.L. (Ed.). Cell and molecular biology of the testis. New York.
Oxford University Press. Cap. 1, 3-42.
Orth, J.M. Boehm, R., 1990. Endorphin suppresses FSH-stimulated proliferation of
isolated neonatal Sertoli cells by a pertussis toxin-sensitive mechanism. The Anatomical
Record 226, 320-327.
Paula, T.A.R., Costa, D.S., Matta, S.L.P. 2002. Avaliação histológica e quantitativa do
testículo de capivaras (Hydrochoerus hydrochaeris) adultas. Bioscience Journal 18(1),
121-136.
Pelliniemi, L.J., Kuopio, T., Fröjdman, K. 1996. The cell biology and function of the
fetal Leydig cell. In: Payne, A.H., Hardy, M.P., Russell, L.D. (Ed.). The Leydig cell.
Ed. Viena. Cache River Press. Cap. 5, 143-157.
Pescovitz, O.H., Srivastava, C.H., Breyer, P.R., Monts, B.A. 1994. Paracrine control of
spermatogenesis. Trends Endocrinology and Metabolism 5, 126-131.
Pitman, V. 1996. Fitoterapia. As plantas medicinais e a saúde. Lisboa: Estampa, 188p.
Poccia, D. 1994. Molecules of the somatic cells. In: Poccia, D. (Ed.). Molecular biology
intelligence unit; molecular aspects of spermatogenesis. Austin: R.G. Landes Company.
Cap. 4, 75-90.
41
Polettini, A., Crippa, O., Ravagli, A., Saragoni, A. 1992. A fatal case of poisoning with
cantharidin. Forensic Science International 56 (1), 37-43.
Pott, A., Pott, V.J. 1994. Plantas do Pantanal. Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária do Pantanal - Corumbá, MS: Embrapa-SPI, 320 p.
Ratnasooriya, W.D., Dharmasiri, M.G. 2002. Effects of Terminalia catappa seeds on
sexual behaviour and fertility of male rats. Asian Journal of Andrology 2(3), 213-219.
Ribeiro, A.Q., Moura, C.S. 2009. Informações sobre Plantas Medicinais e Fitoterápicos
no Contexto da Farmacoterapia. In: Leite, J.P.V. (Ed.). Fitoterapia - Bases científicas e
tecnológicas. São Paulo-SP: Ed. Atheneu, p.279-309.
Rizzini, C.T. 1983. Efeitos psicotrópicos de plantas brasileiras parte II: aspectos
botânicos. São Paulo-SP: Ciências e Cultura, 35, 434-438.
Rodrigues, V.E.G., Carvalho, D.A. 2001. Plantas medicinais no domínio dos Cerrados.
Lavras-MG: UFLA, 180p.
Roosen-Runge, E.C. 1977. The process of spermatogenesis in animals. Cambridge:
Academic Press, 123p.
Rouiller-Fabre, V., Lecerf, L., Gautier, C., Saez, J.M., Habert, R. 1998. Expression and
effects of insulin-like growth factor I on rat fetal Leydig cell function and
differentiation. Endocrinology 139, 2926-2934.
Ruck, B., Shih, R.D., Marcus, S.M. 1999. Hypertensive crisis from herbal treatment of
impotence. American Journal of Emergency Medicine 17(3), 317-318.
Russell, L.D., Ettlin, R.A., Sinha Hikim, A.P., Clegg, E.D. 1990. Mammalian
spermatogenesis. In: Russell, D.L., Ettlin, R.A., Sinha Hikim, A.P., Clegg, E.D. (Ed.).
Histological and histopathological evaluation of the testis. Bolesta: Cache River Press.
Cap. 1, 1-40.
Russell, L.D., Corbin, T.J., Borg, K.E., França, L.R., Grasso, P., Bartke, A. 1993.
Recombinant human follicle-stimulating hormone is capable of exerting a biological
effect in the adult hypophysectomized rat by reducing the numbers of degenerating
germ cells. Endocrinology 133, 2062-2070.
Russell, L.D., França, L.R., Hess, R., Cooke, P. 1995. Characteristics of mitotic cells in
developing and adult testes with observations on cell lineages. Tissue & Cell 27, 105128.
Russell, L.D., Griswold, MD. 1993. The Sertoli cell. Clearwater: Cache River Press,
801p.
42
Russell, L.D., Sinha-Hikim, A.P., Ghosh, S., Bartke, A. 1994. Structure-function
relationships in somatic cells of the testis and accessory reproductive glands. In: Bartke.
A function of somatic cells in the testis. New York: Springer-Verlag, Cap. 3, 55-84.
Salazar-Schettino, P.M. 1983. Customs which predispose to Chagas disease and
cysticercosis in Mexico. American Journal of Tropical Medicine and Hygiene 32(5),
1179-1180.
Sandroni, P. 2001. Aphrodisiacs past and present: a historical review. Clinical
Autonomic Research 11(5), 303-307.
Scheen, A.J. 2003. Medication of the month. Vardenarfil (Levitra). Revue Medicale
Liege 58(9), 576-579.
Schenkel, P.E., Gosmann, G., Petrovick, P.R. 2007. Produtos de Origem Vegetal e o
Desenvolvimento de Medicamentos. In: Simões, C.M.O., Schenkel, E.P., Gosmann, G.,
Mello, J.C.P., Mentz, L.A., Petrovick, P.R. (Ed.). Farmacognosia: da planta ao
medicamento. 6. ed. Porto Alegre-RS: Editora da UFRGS, p.371-400.
Schlatt, S., Meinhardt, A., Nieschlag, E. 1997. Paracrine regulation of cellular
interactions in the testis: factors in search of a function. European Journal of
Endocrinology 137, 107-117.
Setchell, B.P. 1991. Male reproductive organs and semen. In: Cupps, P.T. (Ed.).
Reproduction in Domestic Animals. 4. ed. San Diego: Academic Press, Inc. Cap. 6,
p.221-250.
Shaha, C., Liotta, A.S., Krieger, D.T., Bardin, C.W. 1984. Ontogeny of immunoreactive
β-endorphin in fetal, neonatal, and pubertal testes from mouse and hamster.
Endocrinology 114, 1584-1591.
Sharpe, R.M. 1994. Regulation of spermatogenesis. In: Knobil, E., Neill, J.D. (Ed.). The
physiology of reproduction. 2. ed., New York: Raven Press. 1, Cap. 22, 1363-1434.
Shupnik, M.A., Schreihofer, D.A. 1997. Molecular aspects of steroid hormone action in
the male reproductive axis. Journal of Andrology 18(4), 341-344.
Siddiqui, M.A., More-O’ferral, D., Hammond, R.S., Baime, R.V., Staddon, A.P. 1996.
Agranulocytosis associated with yohimbine use. Archives of Internal Medicine 156(11),
1235-1236.
Simões, M.C.O., Schenkel, E.P. 2002. A pesquisa e a produção brasileira de
medicamentos a partir de plantas medicinais: a necessária interação da indústria com a
academia. Revista Brasileira de Farmacognosia 12(1), 35-40.
Skinner, M. 1991. Cell-cell interactions in the testis. Endocrine Reviews 12, 45-77.
43
Sook Oh, M., Yang, W.M., Chang, M.S., Park, W., Kim, D.R., Lee, H.K., Kim, W.N.,
Park, S.K. 2007. Effects of Rubus coreanus on sperm parameters and cAMP-responsive
element modulator (CREM) expression in rats testes. Journal of Ethnopharmacology
114, 463-467.
Spiteri-Grech, J., Nieschlag, E. 1993. Paracrine factors relevants to the regulation of
spermatogenesis – a review. Journal of Reproduction and Fertility 98, 1-14.
Stambach, T., Haire, K., Soni, N., Booth, J. 1997. Saturday night blue - a case of near
fatal poisoning from the abuse of amyl nitrite. Journal of Accident and Emergency
Medicine 14(5), 339-340.
Suárez-Quian, C.A., Oke, B.O., Musto, N. 1998. Localization of the androgen receptor
in the rodent testis. In: Male reproduction; a multidisciplinary overview. Ed. Spain:
Churchill Communications Europe España, Cap. 10, 114-124.
Subramoniam, A., Madhavachandran, V., Rajasekharan, S., Pushpangadan, P. 1997.
Aphrodisiac property of Trichopus zeylanicus extract in male mice. Journal of
Ethnopharmacology 57, 21-27.
Tabone, E., Benahmed, M., Reventos, J., Saez, J.M. 1984. Interactions between
immature porcine Leydig and Sertoli in vitro. Cell and Tissue Research 237, 357-362.
Taha, S. A.; Ageel, A. M.; Islam, M. W.; Ginawi, O. T. 1995. Effect of (-)-cathinone, a
psychoactive alkaloid from khat (Catha edulis Forsk.) and caffeine on sexual behaviour
in rats. Pharmacology Research 5, 31, 299-303.
Trentini, A.M.M. 1997. A auto-regulamentação na produção de fitoterápicos. In:
Bonfim, J.R.A., Mercucci, V.L. (Org.). A construção da política de medicamentos. São
Paulo-SP: Hucitec, p.213-215.
Trindle H.A., Davis, R.B., Phillips, R.S., Eisenberg, D.M. 2005. Trends in use of
complementary and alternative medicine by us adults: 1997-2002. Alternative Therapies
Health and Medicine 11, 9-42.
Van Straaten, H.W.M., Wensing, C.J.G. 1978. Leydig cell development in the testis of
the pig. Biology of Reproduction 18, 86-93.
Van Vorstenbosch, C.J.A.H.V., Colenbrander, B., Wensing, C.J.G. 1982. Leydig cell
development of pig testis in the early fetal period: an ultrastructural study. The
American Journal of Anatomy 165, 305-318.
Waites, G.M.H., Speight, A.C., Jenkins, N. 1985. The function maturation of the Sertoli
cell and Leydig cell in mammalian testis. Journal of Reproduction and Fertility 75, 316326.
44
Wall, M.E., Wani, M.C. 1996. Camptothecin and taxol: from discovery to clinic.
Journal of Ethnopharmacology 51, 239-254.
Yakubu, M.T., Akanji, M.A., Oladiji, A.T. 2008a. Effects of oral administration of
aqueous extract of Fadogia agrestis (Schweinf. Ex Hiern) stem on some testicular
function indices of male rats. Journal of Ethnopharmacology 115, 288-292.
Yakubu, M.T., Akanji, M.A., Oladiji, A.T., Adesokan, A.A. 2008b. Androgenic
potentials of aqueous extract of Massularia acuminate (G. Don) Bullock ex Hoyl. Stem
in male Wistar rats. Journal of Ethnopharmacology 118, 508-513.
Zheng, B. L.; He, K.; Kim, C. H.; Rogers, L.; Shao, Y.; Huang, Z. Y.; Lu, Y.; Yan, S.
J.; Qien, L. C.; Zheng, Q. Y. 2000. Effect of a lipidic extract from Lepidium meyenii on
sexual behavior in mice and rats. Urology, 55, 598-602.
Zirkin, B.R., Awoniyi, C., Griswold, M.D., Russell, L.D., Sharpe, R. 1994. Is FSH
required for adult spermatogenesis? Journal of Andrology 15, 273-276.
45
População do epitélio seminífero e índices indicativos do rendimento da
espermatogênese de ratos Wistar adultos tratados com infusão de Heteropterys
aphrodisiaca (nó-de-cachorro) e Anemopaegma arvense (vergateza)
Resumo: As plantas medicinais constituem um arsenal terapêutico importante e seus
compostos químicos podem ser utilizados de diversas maneiras. Entre os diferentes
usos, as consideradas tônicas ocupam lugar de destaque na medicina popular, e as
espécies Heteropterys aphrodisiaca O. Mach. (nó-de-cachorro) e a Anemopaegma
arvense (Vell.) Stellfeld & J. F. Souza (vergateza) se destacam para esta finalidade. O
objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos do extrato das raízes destas espécies sobre a
biometria corporal e o processo espermatogênico de ratos Wistar adultos tratados
cronicamente. Foram utilizados 72 ratos em idade reprodutiva, divididos em sete
grupos. Destes, cinco grupos foram tratados por meio de gavagem diária durante 56 dias
consecutivos; os animais do grupo-controle receberam 0,5 mL de solução salina e os
outros quatro grupos receberam 0,5 mL de extratos obtidos das duas espécies de plantas,
em duas concentrações distintas, 12,5 g e 25 g diluídas em 100 mL de água. Dois
grupos foram tratados com infusões das plantas pelo mesmo período, sendo 20 mL do
extrato da menor concentração diluídos em 80 mL de água consumidos ad libitum. O
extrato de H. aphrodisiaca na menor concentração por gavagem promoveu aumentos
significativos no peso corporal e no volume intertubular. Adicionalmente, os grupos
tratados com a maior concentração e com a infusão ad libitum da mesma planta,
mostraram aumento no peso testicular, no parênquima testicular, volume intertubular e
nas populações de espermatócitos primário em paquíteno e espermátides arredondadas
por secção transversal. Os animais tratados com a maior concentração do extrato de
A. arvense por gavagem mostraram aumentos significativos no peso corporal e na
população de espermatócitos primário em paquíteno e espermátides arredondadas por
secção transversal. Além desses aumentos, os animais tratados com a infusão ad libitum
de A. arvense mostraram também incrementos significativos no peso dos testículos,
parênquima testicular e volume intertubular.
Palavras-chave: espermatogênese; biometria corporal; epitélio germinativo; fitoterapia;
Heteropterys aphrodisiaca; Anemopaegma arvense.
46
Population of seminiferous epithelium and indicative indexes of the
spermatogenesis revenue of adult rats Wistar treated with Heteropterys
aphrodisiaca (nó-de-cachorro) and Anemopaegma arvense (vergateza)
Abstract: The medicinal plants constitute an important therapeutical armory and its
chemical composites can be used in diverse ways. Between the different uses, the
considered tonic ones occupy a place of prominence in the popular medicine, and the
species Heteropterys aphrodisiaca O. Mach. (nó-de-cachorro) and the Anemopaegma
arvense (Vell.) Stellfeld & J.F. Souza (vergateza) distinguish for this purpose. The aim
of this work is to evaluate the action of the rough extract of roots of those species on the
corporal biometry and the spermatogenic process of adult rats Wistar chronically
treated. 72 male rates Wistar in reproductive age were divided into seven groups. Five
groups were exposed to daily gavage for 56 consecutive days; the animals of the control
group received 0.5 ml of salt solution and the other four groups received 0.5 mL of
extracts obtained from the two species in two different concentrations 12.5 g and 25 g
diluted in 100 mL of water. Two groups had been treated with infusion of the two
species for the same period, being 20 mL of the extract with lesser concentration diluted
in 80 mL of water consumed ad libitum. The extract of H. aphrodisiaca in the lesser
concentration fostered significant increase in the corporal weight and in the intertubular
volume. Besides, the groups treated with larger concentrations of the extract and with
the ad libitum infusion of the same plant, had shown increase in the testicular weight, in
the testicular parenchyma, in the intertubular volume and in the primary spermatocyte
subsets in pachytene and rounded spermatid by cross-section. The animals treated with
the lesser concentration of A. arvense registered an increase in the diameter and
thickness of the seminiferous tubule. Similar increases were also registered in animals
treated with larger concentration of the extract of A. arvense by gavage and in the group
treated with the ad libitum infusion of the same plant, that, additionally, showed
significant increases in the corporal weight, testicular weight, testicular parenchyma
weight, vesicular glands weight, in the intertubular volume, and in the primary
spermatocyte populations in pachytene and rounded spermatid by cross-section. The
animals treated with the larger concentration of A. arvense extract by gavage registered
a significant increase in the corporal weight and in the primary spermatocyte
populations in pachytene and rounded spermatid by cross-section. Beside these
increases, the animals treated with the ad libitum infusion of A. arvense also registered
significant increases in their testicles weight, testicular parenchyma and intertubular
volume.
Key words: spermatogenesis; corporal biometry; germinative epithelium; phytotherapy;
Heteropterys aphrodisiaca; Anemopaegma arvense.
47
1. Introdução
As plantas medicinais sintetizam compostos químicos que podem ser utilizados
em diversas formas (infusão, decocção, maceração, banho, cataplasma, compressa,
inalação, gargarejo, lavagem, unguento, óleo, tintura, vinho, xarope), porém é
fundamental conhecer cada modo de preparo antes de adotá-los como sistema de uso
(Rodrigues & Carvalho, 2001). A flora medicinal constitui um arsenal terapêutico de
grande importância e assim, há vários séculos as plantas vêm sendo consideradas fontes
de novos fármacos, empregadas tanto em preparações tradicionais, quanto na forma de
princípios ativos puros (Pitman, 1996).
Fitoterápico, de acordo com a legislação sanitária brasileira, é todo medicamento
obtido empregando-se exclusivamente matérias-primas ativas vegetais, caracterizado
pelo conhecimento da eficácia e dos riscos de seu uso, assim como pela
reprodutibilidade e constância de sua qualidade (Carvalho et al., 2008; Leite, 2009).
Diversas áreas estão envolvidas na pesquisa de novas substâncias oriundas de plantas,
como a fitoquímica, que trabalha no isolamento, purificação e caracterização de
princípios ativos, a etnobotânica, que busca informações a partir do conhecimento de
diferentes povos e etnias e a farmacologia, que estuda os efeitos farmacológicos de
extratos e dos constituintes químicos isolados (Albuquerque & Hanazaki, 2006).
Segundo Lapa et al. (2007), no Brasil, bem como em outros países em
desenvolvimento, as plantas medicinais e os fitoterápicos delas obtidos são muito
utilizados no tratamento de doenças. No entanto, poucos desses produtos foram
estudados com base em monitoramento biológico aplicado a animais experimentais. A
maioria não pode, portanto, ser aceita como medicamento porque, em geral, são
produtos sem eficácia testada, sem o estudo da eventual toxidade e sem controle de
qualidade apropriado.
O tema tem despertado o interesse de muitos pesquisadores que buscam, por
diversos motivos, informações mais detalhadas para a melhor compreensão da ação dos
compostos obtidos de espécies vegetais para torná-los fontes de medicamentos. Capasso
et al. (2000) descreveram algumas razões importantes que contribuem para o aumento
da pesquisa com plantas medicinais:
1 – o surgimento de novas doenças, para as quais não se dispõe de tratamentos
apropriados;
48
2 – a confiança que os remédios das plantas medicinais sejam menos tóxicos, ao
contrário das drogas convencionais;
3 – o conceito já estabelecido pela população que a utilização de produtos de
origem natural são melhores que os produzidos a partir de bases sintéticas;
4 – a atenção especial de movimentos ecológicos para com as plantas medicinais
em paises ocidentais;
5 – a confiança de que as plantas medicinais são naturalmente superiores às
drogas sintetizadas.
Há ainda perspectivas animadoras (Capasso et al., 2000) quanto ao cultivo das
plantas medicinais que, associado a melhoramentos genéticos, pode ampliar os
complexos ativos desejáveis.
Apesar do uso consagrado e crescente das plantas medicinais por uma parcela
significativa da população (Trentini, 1997) há consenso que, apesar da diversidade de
espécies medicinais da flora brasileira, uma das mais ricas do mundo, os estudos
científicos que abordam esse tema são ainda incipientes. De acordo com Ferreira
(1998), há indicativos que justificam a necessidade de maior atenção ao
desenvolvimento de pesquisas na área de plantas medicinais, tanto de ordem econômica
quanto social.
Segundo Carvalho et al. (2008), os fitoterápicos sempre representaram uma
parcela significativa no mercado de medicamentos. O setor movimenta globalmente
US$ 21,7 bilhões por ano. No Brasil não existem dados oficiais atualizados, porém
estima-se que esse mercado gira em torno de US$ 160 milhões por ano, e o fator de
atração é o ritmo de crescimento das vendas internas, mais de 15 % anuais, contra 4 %
do que evoluem as vendas dos medicamentos sintéticos.
Um número significativo de espécies de plantas ou os extratos delas obtidos é
comercializado livremente tanto no comércio formal, principalmente nas farmácias de
manipulação, como pelo comércio informal em casas de produtos naturais e ervanários.
Entre os diversos usos das plantas medicinais, o consumo como tônicos (afrodisíaco)
ocupa lugar de destaque na medicina popular, sendo ainda objeto de grande interesse da
comunidade científica, a qual se ocupa, ainda que inicialmente, dos estudos para
validação da sua aplicabilidade. Segundo Sandroni (2001), os afrodisíacos podem ser
classificados pelo seu modo de ação em três tipos: (1) aqueles que aumentam a libido,
(2) a potência (3) e o prazer sexual. Diversas espécies vegetais utilizadas como tônicas
já foram estudadas: Salvia haematodes (Islam et al., 1991), Catha edulis (Taha et al.,
49
1995), Trichopus zeylanicus (Subramoniam et al., 1997), Hibiscus macranthus e
Basella alba (Moundipa et al., 1999), Turnera diffusa e Pfaffia paniculata (Arletti et
al., 1999), Tribulus terrestris (Adaikan et al., 2000) Cynomorium coccineum (AbdelMagied et al., 2001), e Lepidium meyenii (Zheng et al., 2000; Cicero et al., 2002;
Gonzales et al., 2001; Gonzales et al., 2002), Rubus coreanus (Sook Oh et al., 2007),
Fadogia agrestis (Yakubu et al., 2008a) e Massularia acuminata (Yakubu et al., 2008b)
com comprovados efeitos sobre a fisiologia reprodutiva.
No Brasil, têm sido abordados aspectos da fitoterapia com aplicações práticas
associadas à experimentação científica. Porém, são poucos os registros provenientes de
testes biológicos com avaliação da ação de substâncias vegetais sobre a reprodução em
animais
mantidos
em
condições
experimentais
controladas.
As
espécies
Stryphnodendron polyphyllum (Peters at al., 1985), Stevia rebaudiana (Melis, 1999),
Maytenus ilicifolia (Montanari et al., 1998), Austroplenckia populnea (Mazaro et al.,
2002), Mentha crispa (Dimech et al., 2006) e Rosmarinus officinalis (Silveira e Sá et
al., 2006) foram os registros encontrados abordando este tema. Portanto, apesar dos
inúmeros produtos extraídos de centenas de espécies vegetais preconizadas pela
medicina tradicional e cultura popular, quase nada se sabe sobre seus verdadeiros
efeitos. Na prática, o que existe é uma escassez de dados provenientes de estudos
conclusivos que sustentem a eficácia da maioria das substâncias comercializadas
livremente com status de bioativas.
Atualmente, no Brasil, segundo Carvalho et al. (2008), apenas 162 espécies
vegetais possuem registros pela ANVISA (Agencia Nacional de Vigilância Sanitária),
autarquia do Ministério da Saúde que tem como papel proteger e promover a saúde da
população garantindo a segurança sanitária de produtos e serviços. De fato, em nosso
país, há comercialização de um total de 512 medicamentos fitoterápicos registrados,
pertencentes a 119 empresas cadastradas como detentoras de registros fitoterápicos,
sendo 80 com formulação composta por extratos de duas ou mais espécies vegetais e
432 fitoterápicos por monodrogas, ou seja, obtidos de derivados de apenas uma espécie
vegetal (Carvalho et al., 2008).
Os testes experimentais e os estudos farmacológicos de metabólicos secundários
podem promover, depois de comprovada ação terapêutica, o uso efetivo de um elenco
de plantas com viabilidade ainda desconhecida para os campos da farmacologia e
consequentemente para a produção de medicamentos. Segundo Lorenzi & Matos (2002)
paralelamente ao crescente interesse da sociedade pelas plantas medicinais, tornam-se
50
necessários estudos criteriosos para avaliação das potencialidades terapêuticas e de
possíveis efeitos colaterais de seus produtos.
Rizzini (1983) descreve que a raiz de Heteropterys aphrodisiaca possui
propriedades estimulantes e faz parte de um grande elenco de espécies da flora
brasileira com elementos psicoativos como a espécie Paullinia cupana (guaraná Mart.Sapindaceae), que tem sido amplamente utilizada como planta energética e tônica em
muitas regiões do Brasil, incluindo os Estados do Amazonas, Acre, Mato Grosso e Mato
Grosso do Sul, tendo despertado interesse de vários pesquisadores (Galduróz & Carlini
1994; Espínola et al., 1997; Mattei et al., 1998).
No Estado brasileiro de Mato Grosso, devido à riqueza florística encontrada nas
regiões de Cerrado, Pantanal e da Amazônia, somado a um reconhecido
etnoconhecimento, não é raro a atribuição medicinal a um grande número de plantas
(Correa, 1984; Pott & Pott 1994; Guarim Neto, 1996; Lorenzi & Matos, 2002).
Inúmeras são incluídas na categoria de plantas tônicas como Heteropterys aphrodisiaca
(Nó-de-cachorro), Anemopaegma arvense (Vergateza) Ouratea semiserrata (Sangue de
Bugre), Bytteneria melastomifolia (Raiz de Bugre) Anemopaegma glaucum (Catuaba
verdadeira), dentre outras com uso fortemente popularizado. Produtos contendo, por
exemplo, extratos de Heteropterys aphrodisiaca são consumidos habitualmente pela
comunidade local como energético e estimulante do sistema nervoso (Pott & Pott,
1994).
Estudos farmacológicos das plantas utilizadas pela medicina popular podem
atuar como ferramenta para compreensão do real mecanismo de suas substâncias.
Exemplo específico da viabilidade desses estudos para o campo da pesquisa foram os
resultados obtidos por Galvão et al. (2002), com H. aphrodisiaca coletada no Cerrado
mato-grossense, onde verificaram propriedades com comprovados benefícios no campo
da memória, em tratamento com grupos de ratos idosos. Neste caso, os resultados
científicos da pesquisa, confirmam as informações preconizadas pelo uso popular
registradas por Pott & Pott (1994), onde substâncias de H. aphrodisiaca são indicadas
para o tratamento de debilidades do sistema nervoso.
Compostos extraídos de plantas preconizadas como tônicas, devem agir de
alguma forma sobre a fisiologia reprodutiva, atuando em um ou nos dois
compartimentos testiculares. O testículo é um órgão com funções exócrina e endócrina,
envolvido pela cápsula de tecido conjuntivo, a albugínea testicular. Funcionalmente,
pode ser dividido em dois compartimentos principais: o tubular formado pelos túbulos
51
seminíferos, constituídos por túnica própria, epitélio seminífero e lume tubular e o
intertubular, composto por células de Leydig, vasos sanguíneos e linfáticos, nervos, e
uma população celular variável constituída principalmente de fibroblastos, macrófagos
e mastócitos (Russell et al., 1990).
A espermatogênese é um processo complexo e bem organizado, que ocorre nos
túbulos seminíferos e dura cerca de 40 a 60 dias na maioria dos mamíferos (França &
Russell, 1998; França et al., 1998; Godinho, 1999). Baseado em características
morfológicas e funcionais, o processo espermatogênico pode ser dividido em três fases:
1) fase proliferativa ou espermatogonial, caracterizada por várias e sucessivas divisões
mitóticas dos diferentes tipos de espermatogônias; 2) fase meiótica ou espermatocitogênica, na qual ocorre à duplicação do DNA, a recombinação gênica e duas
divisões, uma reducional e outra equacional que resultam na formação de uma célula
haplóide denominada espermátide; e 3) fase de diferenciação ou espermiogênica, onde
as espermátides arredondadas passam por drásticas alterações morfológicas e
funcionais, como a formação do acrossoma e do flagelo, e a condensação nuclear,
resultando numa célula altamente especializada, o espermatozóide (Russell et al., 1990;
Sharpe, 1994).
De acordo com a literatura, diversas espécies vegetais promovem efeitos sobre a
fisiologia reprodutiva. Estudos realizados mostram claramente a interação de compostos
de origem vegetal na fisiologia testicular promovendo significativas alterações na
espermatogênese. O uso das espécies Panax ginseng (Chen & Lee, 1995; Chen, 1996;
Gillis, 1997; Kim et al., 1998, Nocerino et al., 2000), Eurycoma longifolia (Ang & Sim,
1997; 1998a; 1998b; Ang et al., 2000; Ang & Cheang, 2001; Ang & Ngai, 2001; Ang et
al., 2001), Ambra grisea, (Sandroni, 2001), Ferula harmonis (El-Thaer et al. 2001),
Terminalia catappa (Ratnasooriya & Dharmasiri, 2002), Lepidium meyenii (Gonzales et
al., 2006), Fadogia agrestis (Yakubu et al., 2008a), Mussularia acuminata (Yakubu et
al., 2008b) em animais experimentais, promoveram diferentes alterações na fisiologia
do compartimento tubular e intertubular, mostrando que efeitos podem ocorrer tanto na
espermatogênese quanto na androgênese.
Lorenzi & Matos (2002) relatam que o amplo emprego de espécies vegetais nas
práticas caseiras da medicina popular e no hábito do povo, é motivo suficiente para suas
escolhas como temas de estudos químicos, farmacológicos e clínicos, visando
investigação detalhada e segura de seus efeitos e de suas prováveis potencialidades. Os
estudos de extratos vegetais, a partir de protocolos experimentais com testes biológicos,
52
excluem os possíveis efeitos placebos dos testes em humanos e de forma preliminar
podem apontar possíveis alterações sobre a fisiologia animal além de eventuais efeitos
tóxicos.
Neste sentido, devido ao forte indicativo das potencialidades das plantas do
Cerrado como fontes terapêuticas e por questões não menos importantes como a
valorização do etnoconhecimento, o objetivo deste trabalho foi avaliar por meio de
testes biológicos, possíveis efeitos dos extratos das espécies Heteropterys aphrodisiaca
O. Mach. (nó-de-cachorro) e Anemopaegma arvense (Vell.) Stellfeld & J.F. Souza
(vergateza) sobre a espermatogênese de ratos Wistar adultos, mantidos em condições
controladas.
2. Material e métodos
2.1. Seleção das espécies e coleta do material botânico
Foram realizadas entrevistas com pesquisadores da área de etnobotânica,
membros de comunidades tradicionais com conhecimento de usos de plantas medicinais
e ervanários que comercializam produtos de origem vegetal nas cidades de Nova
Xavantina e Cuiabá, no Estado de Mato Grosso. A escolha das espécies ocorreu a partir
das indicações dessas fontes, mas principalmente pelas informações obtidas da medicina
popular. Nestas entrevistas foram apontadas aproximadamente 20 espécies vegetais com
potencial tônico com destaque para Heteropterys aphrodisiaca e Anemopaegma
arvense, as duas espécies nativas do cerrado com o uso mais difundido e, portanto,
selecionadas
como
de
interesse
para
estudos
morfométricos
associados
à
espermatogênese.
As coletas de raízes de H. aphrodisiaca e A. arvense foram realizadas nos
Cerrados de Nova Xavantina, identificadas por botânicos e amostras das espécies foram
depositadas no Herbário VIC da Universidade Federal de Viçosa, e registradas com os
números 21.300 e 31.880 para H. aphrodisiaca e A. arvense, respectivamente.
2.2. Preparo das infusões
As raízes de ambas as plantas foram secas em temperatura ambiente, protegidas
da incidência direta da luz solar. Em seguida, foram trituradas e usadas para o preparo
53
das infusões. Para isto, frações de 12,5 e 25 g foram pesadas em balança digital, das
quais foram preparadas infusões em 100 mL de água destilada em ponto de fervura,
obtendo-se assim, duas concentrações de cada planta. As infusões permaneciam em
repouso por um período de quatro horas, sendo posteriormente filtradas e armazenadas
em geladeira, por até quatro dias como solução-estoque. Após este período,
desprezavam-se os produtos excedentes sendo preparadas novas extrações.
Para o preparo das concentrações em forma de infusão, tanto de
H. aphrodisiaca, quanto de A. arvense para os tratamentos ad libitum, foram utilizados
20 mL do extrato de menor concentração misturado a 80 mL de água, perfazendo
100 mL disponibilizados diariamente a cada animal.
O preparo dos extratos, tempo de armazenamento e dosagens foram
estabelecidas e adaptadas a partir das indicações mencionadas pela medicina popular,
obtidas por meio das entrevistas.
2.3. Animais e grupos experimentais
Os procedimentos experimentais envolvendo os animais seguiram estritamente
os protocolos indicados pelas normas para o uso de animais em ensino, pesquisa e
extensão, do Departamento de Veterinária da Universidade Federal de Viçosa (2006).
Foram utilizados 72 ratos Wistar machos albinos (Ratus rattus) em idade reprodutiva
(100 dias), pesando entre 310 e 330g, provenientes do Biotério Central do CCBS da
Universidade Federal de Viçosa, mantidos em condições controladas de temperatura
(22º) e com fotoperíodo de 12 horas claro e escuro respectivamente. Os extratos foram
administrados aos animais por dois métodos, gavagem e ad libitum. Os animais foram
distribuídos da seguinte forma: grupo I - 12 animais, grupo II - 15 animais, grupo III 15 animais, grupo IV - 10 animais, grupo V - 10 animais, grupo VI - 5 animais e grupo
VII - 5 animais. Os animais foram alimentados com ração comercial e a água para os
grupos tratados por meio de gavagem foram oferecidas livremente. Para os animais dos
grupos VI e VII, tratados ad libitum e mantidos em gaiolas individuais, a água foi
substituída pelas infusões.
54
2.4. Tratamentos
Sessenta e dois animais foram submetidos diariamente, durante 56 dias, à
gavagem, sendo que os animais do grupo I (controle) (n = 12) receberam 0,5 mL/dia de
solução salina; animais do grupo II (n = 15) receberam 0,5 mL/dia de infusão de
A. arvense na concentração de 12,5 g/100 mL de água; animais do grupo III (n = 15)
receberam 0,5 mL/dia de infusão H. aphrodisiaca na concentração de 12,5 g/100 mL de
água (infusão A); animais do grupo IV (n = 10) receberam 0,5 mL/dia de infusão de
A. arvense na concentração de 25 g/100 mL de água; animais do grupo V (n = 10)
receberam 0,5 mL/dia de infusão de H. aphrodisiaca na concentração de 25 g/100 mL de
água (infusão B).
Dez animais foram tratados pelo método ad libitum, sendo que, para os animais do
grupo VI (n = 5) tratados com a infusão de A. arvense e grupo VII (n = 5) tratados com a
infusão de H. aphrodisiaca foram disponibilizados 20 mL das infusões A, diluídas em 80 mL
de água, totalizando 100 mL, que foram oferecidos diariamente a cada animal (infusão C).
Após período de 24 horas a quantidade ingerida por cada animal era mensurada e uma
nova dosagem disponibilizada.
2.5. Coleta e preparação histológica
Ao término do período experimental, os animais foram pesados e eutanasiados
de acordo com as normas descritas na Resolução no 714, de 20 de junho de 2002, do
Conselho Federal de Medicina Veterinária-CFMV, que dispõe sobre procedimentos e
métodos de eutanásia em animais. Assim, os animais foram eutanasiados sob anestesia
volátil. Em seguida, foram removidos os testículos, que foram pesados em balança de
precisão (0,001 g).
Ambos os testículos foram fixados por imersão em solução de Karnovsky.
Aleatoriamente, testículos direito ou esquerdo foram armazenados para posterior
dissecação e pesagem da albugínea. Fragmentos do testículo contralateral foram
submetidos à desidratação em concentrações crescentes de etanol (50º, 70º, 80º, 90º, 95º
e 100º GL) por 40 minutos cada, sendo posteriormente incluídos em resina
glicolmetacrilato Historesin® (Leica). Foram obtidas secções histológicas de 3µm de
espessura em micrótomo rotativo (Reichert-Jung, Alemanha) equipado com navalha de
vidro. As secções foram coradas com azul de toluidina-borato de sódio 1 % e analisadas
55
em microscópio Olympus AX-70. Imagens do parênquima testicular foram obtidas e
analisadas por meio do programa Image Pro Plus associado ao microscópio Olympus
AX-70, no Laboratório de Anatomia Vegetal do Departamento de Biologia Vegetal da
Universidade Federal de Viçosa.
2.6. Mensuração dos componentes testiculares e estimativas das populações
celulares
A proporção volumétrica (%) de cada elemento foi estimada por meio da
contagem de um total de 4.320 pontos, projetados sobre imagens capturadas em dez
campos aleatoriamente distribuídos nos diferentes cortes histológicos do testículo de
cada animal. Para tal, utilizou-se um retículo de 432 intersecções (pontos), em imagens
capturadas com aumento de 400 vezes. O peso dos diferentes componentes testiculares
foi considerado como volume uma vez que a densidade volumétrica do testículo de
mamífero está em torno de 1 (1,046) (Johnson et al., 1981). O volume tubular e
intertubular foram estimados a partir do percentual ocupado por estes componentes, e o
volume total do parênquima testicular, o qual foi considerado como peso total do
testículo descontando-se apenas o peso da albugínea testicular.
Em dez secções transversais de túbulos seminíferos, no estádio 1 do ciclo do
epitélio seminífero de cada animal, segundo o método da morfologia tubular
(Berndtson, 1977), foram quantificadas as populações de: espermatogônias do tipo A
(SPTG A), espermatócitos primários em preleptóteno/leptóteno (PL), espermatócitos
primários em paquíteno (PQ), espermátides arredondadas (AR) e células de Sertoli
(CS). Devido às variações no tamanho dos vários tipos de células, as populações
celulares foram corrigidas numericamente considerando-se a espessura do corte e o
diâmetro nuclear ou nucleolar, este último, no caso das células de Sertoli, utilizando-se
para isto a fórmula de Abercrombie (1946), modificada por Amann & Almquist (1961):
A partir destas populações foram determinados: coeficiente de eficiência de
mitoses espermatogoniais (PL/SPTG A), rendimento meiótico (AR/PQ), rendimento
geral da espermatogênese (AR/SPTG A) e coeficiente de manutenção de espermatócitos
56
primários (PQ/PL). A partir dessas populações também foram obtidos: os índices de
células de Sertoli por total de células espermatogênicas (SPTG A + PL + PQ + AR/CS)
e o índice de célula de Sertoli por espermátide arredondada (AR/CS) (Berndtson, 1977).
2.7. Análises estatísticas
Análise de variância (ANOVA), seguida de teste de Duncan (5 % de
significância) foi utilizada para avaliar variações dos parâmetros estudados nos gruposcontrole e tratados. Os valores dos parâmetros estão representados pelas médias,
desvios-padrão e coeficientes de variação.
3. Resultados
3.1. Pesos e volumes
Os valores médios de peso corporal dos animais dos grupos tratados foram
maiores comparados com a média do grupo-controle (p < 0,05), com exceção do grupo
II, que foi semelhante (p > 0,05) ao grupo-controle (Tabela 1). Entre os tratamentos, os
animais do grupo IV que receberam maior concentração da infusão de A. arvense,
apresentaram a maior média entre os grupos submetidos à gavagem, porém diferindo
somente quando comparados com os grupos II e III tratados com as menores dosagens
da infusão de A. arvense e H.aphrodisiaca, respectivamente (p < 0,05) e semelhante aos
valores médios dos animais do grupo V, tratados com maior concentração da infusão de
H. aphrodisiaca (p > 0,05).
Os animais do grupo V apresentaram massa corporal semelhante à dos animais
do grupo III, tratados com a menor concentração de H. aphrodisiaca (p > 0,05) e diferiram
significativamente dos animais do grupo II tratados com A. arvense em sua menor
concentração (p < 0,05). Da mesma forma, os animais dos grupos VI e VII, tratados com as
infusões ad libitum de A. arvense e H. aphrodisiaca apresentaram, respectivamente, as
maiores médias de peso corporal entre os grupos estudados com diferenças em relação aos
demais tratamentos (p < 0,05), não diferindo entre si (p > 0,05).
O peso médio dos testículos foi maior nos animais dos grupos tratados
comparados com os valores médios obtidos no grupo-controle (p < 0,05). Os animais
tratados com as maiores concentrações de A. arvense (grupo IV) e H. aphrodisiaca
57
Tabela 1 – Peso corporal, peso dos testículos, peso da albugínea, peso do parênquima
testicular (g) e volumes tubular e intertubular (mL), de ratos Wistar adultos
após tratamento durante 56 dias com extratos de raízes de Anemopaegma
arvense e Heteropterys aphrodisiaca
Tratamentos
Peso
Corporal/g
Peso dos
Testículos/g
Peso da
Albugínea/g
Peso do
Parênquima/g
Volume
Tububar
Volume
Intertubular
Grupo I
CV
333,9±19,19 a
(5,74)
2,855±0,16 a
(5,90)
0,47±0,09 a
(19,59)
2,812±0,16 a
(5,97)
2,36±018 a
(7,80)
0,45±0,16 a
(6,53)
Grupo II
CV
340,0±13,62 a
(4,00)
2,901±0,12 a
(4,56)
0,72±0,01 b
(15,69)
2,828±0,13 a
(4,68)
2,35±0,11 a
(4,64)
0,47±0,30 a
(6,51)
Grupo III
CV
353,4±11,70 b
(3,31)
2,956±0,26 a
(8,91)
0,50±0,09 a
(13,78)
2,905±0,25 a
(9,13)
2,30±0,21 a
(9,17)
0,60±0,71 b
(11,89)
Grupo IV
CV
371,0±14,68 c
(3,95)
3,034±0,28 a b
(9,27)
0,68±0,02 b
(30,19)
2,966±0,27 a b
(9,34)
2,47±0,18 a
(7,36)
0,49±0,14 a
(9,73)
Grupo V
CV
363,0±18,13 b c
(4,99)
3,170±0,20 bc
(6,33)
0,51±0,08 a
(16,11)
3,123±0,19 bc
(6,28)
2,46±0,19 a
(8,12)
0,66±0,21 b
(6,38)
Grupo VI
CV
461±11,40 d
(2,47)
3,367±0,20 c
(7,19)
0,79±0,05 b
(6,82)
3,288±0,19 c
(6,06)
2,63±0,20 a
(7,58)
0,65±0,83 b
(12,93)
Grupo VII
CV
453±15,65 d
(3,45)
3,252±0,16 c
(4,85)
0,78±0,03 b
(4,05)
3,173±0,15 c
(5,01)
2,59±0,14 a
(5,61)
0,59±0,58 b
(5,02)
Médias seguidas por letras iguais nas colunas, não diferem significativamente, teste de Duncan (p < 0,05).
Dados expressos em médias ± dp. cv = coeficiente da variação.
Grupo I: controle: tratado com 0,5 mL/dia de solução salina; Grupo II: tratado com 0,5 mL/dia de
A. arvense (menor concentração); Grupo III: tratado com 0,5 mL/dia de H. aphrodisiaca (menor
concentração); Grupo IV: tratado com 0,5 mL/dia de A. arvense (maior concentração); Grupo V: tratado
com 0,5 mL/dia de H. aphrodisiaca (maior concentração); Grupo VI: tratado com a infusão ad libitum de
A. arvense e Grupo VII: tratado com a infusão ad libitum de H. aphrodisiaca.
(grupo V), apresentaram as maiores médias dentre os grupos submetidos à gavagem,
porém, somente nos animais do grupo V as diferenças foram estatisticamente
significativas em relação aos grupos-controle e aos tratados com as menores
concentrações dos extratos utilizados. Já nos grupos VI e VII tratados, respectivamente,
com as infusões ad libitum de A. arvense e H. aphrodisiaca, os valores médios de peso
testicular apresentaram diferenças estatisticamente significativas em relação aos grupos
I, II, III e IV (p < 0,05) e semelhantes entre si (p > 0,05) (Tabela 1).
O peso médio da albugínea testicular do grupo-controle foi menor que nos
grupos tratados. Os maiores valores do peso da albugínea testicular foram observados
nos animais tratados com A. arvense, nas duas concentrações utilizadas por gavagem,
(grupos II e IV) e nos grupos (VI e VII), tratados com as infusões ad libitum de
A. arvense e H. aphrodisiaca, respectivamente (p < 0,05). Estes aumentos foram
significativos tanto comparados com o grupo-controle quanto aos grupos III e V,
tratados por gavagem com extrato de H. aphrodisiaca nas duas concentrações (p < 0,05)
58
que não mostraram diferenças entre si (p > 0,05) e destes para os animais do grupocontrole (p > 0,05) (Tabela 1).
Os pesos médios do parênquima testicular apresentaram a mesma tendência do
peso dos testículos, sendo menor no grupo-controle e maior nos grupos tratados
(p < 0,05) (Tabela 1). Neste sentido, as maiores médias dos grupos submetidos à
gavagem foram registradas nos animais tratados com as concentrações dobradas tanto
de A. arvense (grupo IV) quanto de H. aphrodisiaca (grupo V), sendo significativamente maior apenas nos animais tratados com H. aphrodisiaca (p < 0,05). Da mesma
forma, os valores médios do peso do parênquima testicular dos grupos VI e VII,
tratados respectivamente com as infusões ad libitum de A. arvense e H. aphrodisiaca,
foram maiores que nos grupos I, II, III e IV (p < 0,05) e similares ao valor médio do
grupo V (p > 0,05), não mostrando diferenças entre si (Tabela 1).
Os valores médios registrados para o volume do túbulo seminífero não
mostraram diferenças entre os grupos estudados (p > 0,05) (Tabela 1). As médias
observadas para o volume intertubular foram maiores nos grupos III e V, tratados por
gavagem com as duas concentrações do extrato de H. aphrodisiaca comparados ao
grupo-controle e aos tratados igualmente por gavagem com o extrato de A. arvense nas
duas concentrações (p < 0,05). Da mesma forma, as médias de volume intertubular
apresentadas pelos animais tratados com as infusões por ad libitum das duas plantas
mostraram-se maiores quando comparadas com as médias do grupo-controle e dos
animais tratados com as duas dosagens de A. arvense (p < 0,05) (Tabela 1). No entanto,
não houve diferença entre os grupos III, V, VI e VII.
3.2. Populações celulares
As populações celulares das secções transversais do estádio I dos túbulos
seminíferos dos animais controle e tratados encontram-se na Tabela 2.
O valor médio da população de espermatócitos primários em paquíteno foi maior
nos animais tratados com H. aphrodisiaca (grupo V) comparado com a média registrada
nos animais controle (p < 0,05) (Tabela 2). Da mesma forma, os animais dos grupos VI e
VII, tratados com as infusões ad libitum de A. arvense e H. aphrodisiaca,
respectivamente, apresentaram valores médios significativamente maiores que os
animais dos grupos-controle (p < 0,05). Já os valores médios obtidos entre os animais dos
grupos tratados por gavagem ou ad libitum, não diferiram entre si (p > 0,05) (Tabela 2).
59
Tabela 2 – População celular corrigida, por secção transversal de túbulo seminífero no
estádio I do ciclo do epitélio seminífero de ratos Wistar adultos tratados com
extratos de raízes de Heteropterys aphrodisiaca e Anemopaegma arvense.
Espermatogônia do tipo A (SPTG A), espermatócito primário em preleptóteno
(PL), espermatócito primário em paquíteno (PQ), espermátide arredondada
(AR) e célula de Sertoli (CS)
Tratamentos
SPTG A
PL
PQ
AR
CS
Grupo I
CV
1,41±0,17 a
(12,13)
27,40±2,20 a
(8,04)
28,54±1,53 a
(4,04)
86,44±1,58 a
(4,04)
8,23±0,79 a
(9,61)
Grupo II
CV
1,36±0,19 a
(13,85)
27,69±2,47 a
(8,95)
29,83±1,92 a b
(6,42)
88,39±1,62 a b
(1,83)
8,06±0,70 a
(8,76)
Grupo III
CV
1,34±0,14 a
(10,66)
28,01±2,62 a
(9,35)
29,80±1,34 a b
(4,49)
89,02±2,58 a b
(2,89)
8,23±0,61a
(7,46)
Grupo IV
CV
1,34±0,13 a
(10,17)
27,31±2,37 a
(8,69)
30,09±1,32 a b
(4,40)
89,93±2,09 b
(2,24)
8,31±0,57 a
(6,87)
Grupo V
CV
1,34±0,14 a
(10,56)
28,,19±2,14 a
(7,58)
31,03±1,67 b
(5,39)
90,33±4,30 b
(4,76)
8,44±0,57 a
(6,81)
Grupo VI
CV
1,34±0,75 a
(5,62)
27,62±1,91 a
(6,91)
30,76±1,77 b
(5,74)
90,24±2,12 b
(2,35)
8,53±0,81 a
(9,51)
Grupo VII
CV
1,33±0,15 a
(11,83)
28,36±2,49 a
(8,77)
30,84±1,31 b
(4,25)
91,24±3,75 b
(4,11)
8,55±1,46 a
(17,03)
Médias seguidas por letras iguais nas colunas, não diferem significativamente, teste de Duncan (p < 0,05).
Dados expressos em médias ± dp. cv = coeficiente da variação.
Grupo I: controle: tratado com 0,5 mL/dia de solução salina; Grupo II: tratado com 0,5 mL/dia de
A. arvense (menor concentração); Grupo III: tratado com 0,5 mL/dia de H. aphrodisiaca (menor
concentração); Grupo IV: tratado com 0,5 mL/dia de A. arvense (maior concentração); Grupo V: tratado
com 0,5 mL/dia de H. aphrodisiaca (maior concentração); Grupo VI: tratado com a infusão ad libitum de
A. arvense e Grupo VII: tratado com a infusão ad libitum de H. aphrodisiaca.
A população de espermátides arredondadas dos animais tratados por gavagem
apresentou comportamento semelhante aos espermatócitos primários em paquíteno, com
diferenças nos grupos IV e V, tratados com as maiores concentrações de A. arvense e
H. aphrodisiaca, respectivamente, comparados ao grupo-controle (p < 0,05) (Tabela 2).
Da mesma forma, a média da população de espermátides arredondadas dos animais
tratados com as infusões ad libitum das duas espécies (grupos VI e VII) foi maior que a
média registrada nos animais-controle (Tabela 2). Entre os grupos tratados não foram
registradas diferenças (p > 0,05).
As populações de espermatogônias do tipo A, espermatócitos primários em préleptóteno e célula de sertoli por secção transversal, não mostraram diferenças entre os
diferentes tratamentos e destes para o grupo-controle (p > 0,05) (Tabela 2).
60
3.3. Coeficientes, rendimentos e índices celulares
Os valores médios estimados do Coeficiente da Eficiência de Mitoses
Espermatogoniais (CEME) não apresentaram diferenças entre os grupos estudados
(p > 0,05) (Tabela 3). Observa-se que no grupo-controle a média 19,65 foi próxima dos
coeficientes médios observados nos grupos tratados por gavagem, tanto com as menores
concentrações de A. arvense e H. aphrodisiaca (grupos II e III) quanto à média
encontrada nos animais submetidos às maiores concentrações das mesmas plantas
(grupos IV e V) sendo 20,63, 21,03, 20,65 e 21,31, respectivamente (Tabela 3). Da
mesma forma, os valores registrados para os animais tratados com as infusões ad
libitum não se mostraram diferentes aos demais grupos (p > 0,05), sendo 20,70 para os
tratados com A. arvense e 21,55 para os tratados com H. aphrodisiaca, grupos VI e VII,
respectivamente (Tabela 3).
Tabela 3 – Rendimento intrínseco da espermatogênese em ratos Wistar adultos tratados
com infusões de raízes de Heteropterys aphrodisiaca e Anemopaegma
arvense. Coeficiente de eficiência de mitoses espermatogoniais (CEME),
rendimento meiótico (RM), rendimento geral da espermatogênese (RGE) e
coeficiente de manutenção de espermatócitos primários (CMEP)
Tratamentos
CEME
RM
RGE
CMEP
Grupo I
CV
19,65±2,96 a
(10,66)
3,03±0,15 a
(5,12)
62,24±7,72 a
(11,61)
1,04±0,09 a
(9,17)
Grupo II
CV
20,63±2,43 a
(11,79)
2,97±0,20 a
(6,77)
66,17±8,59 a
(12,99)
1,08±0,11 a
(10,32)
Grupo III
CV
21,03±2,53 a
(12,04)
2,99±0,17 a
(5,95)
66,98±7,13 a
(10,65)
1,07±0,12 a
(11,54)
Grupo IV
CV
20,65±3,20 a
(15,51)
2,99±0,14 a
(4,85)
67,86±7,39 a
(10,89)
1,10±0,08 a
(7,77)
Grupo V
CV
21,31±2,93 a
(13,73)
2,91±0,16 a
(5,67)
68,33±8,89 a
(13,02)
1,10±0,08 a
(7,36)
Grupo VI
CV
20,70±2,04 a
(9,68)
2,94±0,17 a
(5,82)
67,64±4,70 a
(6,97)
1,11±0,09 a
(7,70)
Grupo VII
CV
21,55±3,55 a
(16,51)
2,96±0,11 a
(3,59)
69.21±9,44 a
(4,21)
1,09±0,08 a
(7,18)
Médias seguidas por letras iguais nas colunas, não diferem significativamente, teste de Duncan (p < 0,05).
Dados expressos em médias ± dp. cv = coeficiente da variação.
Grupo I: controle: tratado com 0,5 mL/dia de solução salina; Grupo II: tratado com 0,5 mL/dia de
A. arvense (menor concentração); Grupo III: tratado com 0,5 mL/dia de H. aphrodisiaca (menor
concentração); Grupo IV: tratado com 0,5 mL/dia de A. arvense (maior concentração); Grupo V: tratado
com 0,5 mL/dia de H. aphrodisiaca (maior concentração); Grupo VI: tratado com a infusão ad libitum de
A. arvense e Grupo VII: tratado com a infusão ad libitum de H. aphrodisiaca.
61
Durante as divisões meióticas, o número teórico esperado de espermátides
arredondadas produzidas por espermatócitos primários é de quatro células. Os valores
médios do Rendimento Meiótico (RM) não se mostraram diferentes entre os grupos
estudados (p > 0,05) (Tabela 3). Da mesma forma, os percentuais de perdas meióticas
também mostraram semelhantes entre os grupos estudados (p > 0,05), tratados tanto por
meio de gavagem quanto pelas infusões ad libitum. No grupo-controle foi registrado
rendimento de 3,03 com perdas de 24,2 %, próximos dos valores dos grupos II e III
tratados com as menores concentrações de A. arvense e H. aphrodisiaca que foram 2,97
e 2,99 com perdas de 25,7 e 25,2 %, respectivamente (Tabela 3). Do mesmo modo, os
rendimentos apresentados pelos animais tratados com as maiores concentrações de
ambas as plantas, grupos IV e V foram 2,99 e 2,91 com perdas de 25,2 e 27,2 %,
respectivamente, semelhantes aos demais tratamentos por gavagem (p > 0,05) (Tabela 3).
Para os animais tratados com as infusões ad libitum foram registrados rendimentos
médios de 2,94 e 2,96 com perdas de 26,5 e 26,0 %, para os tratamentos com A. arvense e
H. aphrodisiaca, respectivamente, não diferindo dos demais grupos estudados (Tabela 3).
Os resultados médios do Rendimento Geral da Espermatogênese (RGE)
encontrados nos sete grupos estudados estão registrados na Tabela 3. Observa-se que o
menor rendimento (RGE) foi registrado no grupo-controle em comparação aos grupos
tratados, mas não foram verificadas diferenças entre os grupos estudados (p > 0,05). Nos
animais-controle, a média foi de 62,24, valores semelhantes aos apresentados pelos
grupos II e III tratados com as menores dosagens de A. arvense e H. aphrodisiaca,
66,17 e 66,98, respectivamente. Do mesmo modo, os grupos IV e V, tratados por
gavagem com as maiores dosagens dos extratos obtidos das mesmas plantas, não
demonstraram diferença, apresentando respectivamente médias de 67,86 e 68,33
(Tabela 3). Os grupos VI e VII, tratados com as infusões ad libitum, apresentaram
rendimento geral médio de 67,64 e 69,21 para A. arvense e H. aphrodisiaca,
respectivamente, não sendo diferentes dos valores médios dos demais grupos (Tabela 3).
O coeficiente de manutenção dos espermatócitos, que é a correlação entre as
populações de espermatócitos primários em pré-leptóteno e espermatócitos primários
em paquíteno, apesar de pequenas variações não mostrou diferenças entre os grupos
estudados (p > 0,05) (Tabela 3).
O índice de células de Sertoli indica a capacidade destas células em sustentar as
células germinativas no epitélio seminífero. No presente estudo, os animais tratados
com a maior concentração de H aphrodisiaca (grupo V) e os tratados com a infusão ad
62
libitum da mesma planta (grupo VII), mostraram diferenças se comparados ao grupocontrole (p < 0,05). Nos demais tratamentos, as variações não foram significativas
(p > 0,05) (Tabela 4). No grupo-controle, o índice da célula de sertoli foi de 67,94 sendo
10,59 deste total espermátides arredondadas. No grupo II, tratado com a menor
concentração de A. arvense, cada célula de Sertoli foi capaz de manter 69,93 células,
sendo 11,05 espermátides arredondadas. No grupo III, tratado com a menor
concentração de Heteropterys aphrodisiaca, o índice foi de 70,03 sendo 10,87
espermátides arredondadas. No grupo IV, tratado com a maior concentração de
A. arvense, o índice foi de 69,62 para cada célula de Sertoli, sendo 10,87 espermátides
arredondadas. No grupo V, onde os animais foram tratados com a maior dosagem de
Heteropterys aphrodisiaca, o índice registrado foi de 71,31 para cada célula de Sertoli,
sendo deste total 10,74 espermátides arredondadas. Da mesma forma, nos grupos
submetidos ao tratamento por infusões ad libitum com os extratos de A. arvense e
Heteropterys aphrodisiaca, os índices foram 70,39 e 71,40, sendo deste total, 10,65 e
10,87 espermátides arredondadas, respectivamente para os dois grupos estudados
(Tabela 4).
Tabela 4 – Índices de célula de Sertoli em ratos Wistar adultos tratados com infusões de
raízes de Heteropterys aphrodisiaca e Anemopaegma arvense. Índice de
célula de Sertoli por total de células espermatogênicas (ICS/Total) e índice
de célula de Sertoli por espermátides arredondadas (ICS/AR)
Tratamentos
Grupo I
CV
Grupo II
CV
Grupo III
CV
Grupo IV
CV
Grupo V
CV
Grupo VI
CV
Grupo VII
CV
ICS/ Total
67,94±2,47 a
(3,64)
69,93±2,83 a b
(4,05)
70,03±2,88 a b
(4,12)
69,62±3,15 a b
(4,52)
71,31±3,60 b
(5,06)
70,39±2,39 a b
(3,39)
71,40±3,33 b
(4,66)
ICS/ AR
10,59±0,98 a
(9,34)
11,05±1,05 a
(9,53)
10,87±0,95 a
(8,71)
10,87±0,89 a
(8,21)
10,74±0,79 a
(7,38)
10,65±0,97 a
(9,08)
10,87±1,57 a
(14,48)
Médias seguidas por letras iguais nas colunas, não diferem significativamente, teste de Duncan (p < 0,05).
Dados expressos em médias ± dp. cv = coeficiente da variação.
Grupo I: controle: tratado com 0,5 mL/dia de solução salina; Grupo II: tratado com 0,5 mL/dia de
A. arvense (menor concentração); Grupo III: tratado com 0,5 mL/dia de H. aphrodisiaca (menor
concentração); Grupo IV: tratado com 0,5 mL/dia de A. arvense (maior concentração); Grupo V: tratado
com 0,5 mL/dia de H. aphrodisiaca (maior concentração); Grupo VI: tratado com a infusão ad libitum de
A. arvense e Grupo VII: tratado com a infusão ad libitum de H. aphrodisiaca.
63
4. Discussão
O peso corporal dos animais da maioria dos grupos tratados foi maior quando
comparado com o grupo-controle. Com exceção do aumento registrado nos animais do
grupo II, tratados por gavagem com a menor concentração de Anemopaegma arvense, o
incremento corporal dos demais grupos tratados com Heteropterys aphrodisiaca e
A. arvense por meio de gavagem ou com as infusões ad libitum, foi maior quando
comparado ao grupo-controle. Entre os tratamentos, as infusões ad libitum foram mais
eficientes sobre o peso corporal comparado com os aumentos obtidos nos tratamentos
por gavagem. Da mesma forma, aumentos significativos sobre a massa corporal foram
registrados em grupos de ratos Wistar tratados com extratos de Hibiscus macranthus e
Basella alba (Moundipa et al., 1999) e em ratos tratados diariamente com 200 mg/kg de
extrato de Martinia annua, após 60 dias consecutivos de tratamento (Mali et al., 2002).
Por outro lado, ratos tratados com diferentes concentrações do extrato de
Hibiscus sabdariffa (1,15, 2,30 e 4,60 g/kg) durante 12 semanas apresentaram
diminuição da massa corporal (Orisakwe et al., 2004). Já ratos que receberam extrato de
sementes de Abrus precatorius durante 60 dias (Sinha, 1990), 50 mg/kg de saponina
extraída de planta Albizia lebbeck durante 60 dias (Gupta et al., 2005) e extrato
hidroalcoólico de Mentha crispa por 30 dias consecutivos (Dimech et al., 2006), não
mostraram variações significativas na massa corporal.
A produção espermática está diretamente relacionada com o peso testicular
(Amann, 1970), e segundo Russell et al. (1990) e França & Russell (1998) a massa
testicular pode ser usada como um indicador quantitativo da produção espermática, uma
vez que o principal componente testicular é o túbulo seminífero. No presente trabalho,
os tratamentos por gavagem com H. aphrodisiaca, em sua maior concentração e nos
grupos tratados com as infusões ad libitum de A. arvense e H. aphrodisiaca aumentaram
o peso médio de ambos os testículos. Da mesma forma, ratos tratados com extrato de
Cynomorium coccineum (Abdel-Magied et al., 2001), Lepidium meyenii (Gonzales et
al., 2001), Rubus coreanus (Sook-Oh et al., 2007), Fadogia agrestis (Yakubu et al.,
2008a) e Mussularia acuminata (Yakubu et al., 2008b) apresentaram valores maiores
que os animais-controle.
Embora possa haver uma associação entre o aumento do peso testicular com um
possível aumento na produção espermática, o aumento registrado para o peso total do
testículo observado no grupo tratado com H. aphrodisiaca em sua maior concentração e
64
nos grupos tratados com as infusões ad libitum de A. arvense e H. aphrodisiaca, foi
devido, principalmente, ao aumento no volume intertubular, uma vez que o volume de
túbulos seminíferos não variou entre os grupos tratados.
Procedimentos metodológicos semelhantes aos tratamentos adotados no presente
estudo são descritos na literatura, no intuito de avaliar o efeito de extratos oriundos de
diferentes espécies vegetais sob aspectos biométricos e reprodutivos de animais
experimentais. Diversos trabalhos mostraram resultados antagônicos aos obtidos nos
tratamentos com os extratos de A. arvense e H. aphrodisiaca, indicando que, diferentes
substâncias vegetais podem interferir nos processos bioquímicos celulares promovendo
respostas benéfica, inócua ou negativa na fisiologia reprodutiva. Neste sentido, ratos
tratados com extratos de Striga orobanchioides (Hiremath et al., 1997), piperina
extraída da espécie Piper longum (Malini et al., 1999), Stevia rebaudiana (Melis, 1999),
Martynia annua (Mali et al., 2002) Albizia lebbeck (Gupta et al., 2005; Gupta e
Kachhawa, 2007) e Aegle marmelos (Chauhan et al., 2007) apresentaram diminuição
significativa no peso testicular após tratamento em relação a animais-controle.
Resultados diferentes dos registrados no presente trabalho foram ainda
observados em ratos que receberam extrato seco de Andrographis paniculata nas doses
de 20, 200 e 1.000 mL/kg durante 60 dias, não mostrando neste caso, variações no peso
dos testículos e órgãos sexuais acessórios (Burgos et al., 1997). Da mesma forma, ratos
Wistar tratados com extrato de Rosmarinus officinalis nas dosagens de 291,2 e
582,4 mg/kg não mostraram alterações no peso testicular e peso corporal, parâmetros
avaliados após 14 dias do tratamento (Silveira e Sá et al., 2006). Resultados
compatíveis com esta abordagem foram obtidos em experimento com ratos Wistar que
recebem via oral extrato hidro-alcoólico de Mentha crispa na concentração de 0,5 e
1,0g/kg durante 30 dias consecutivos, concluindo que o extrato não promoveu
interferência na massa testicular e corporal dos animais tratados (Dimech et al., 2006).
O tratamento de animais com substâncias de origem vegetal pode também gerar
efeitos positivos sobres parâmetros quantitativos e, ou, qualitativos da espermatogênese
e da androgênese. Resultados equivalentes aos obtidos no presente estudo foram
observados por Yakubu et al. (2008a), em que ratos Wistar tratados com extrato aquoso
de Massularia acuminata nas doses de 250, 500 e 1.000 mg/kg mostraram aumentos do
testículo e dos níveis de testosterona testicular em 21 dias de tratamentos. Da mesma
forma, grupos de ratos albinos que receberam 18, 50 e 100 mL/kg de extrato aquoso de
65
Fadogia agrestis, mostraram aumento na proporção testicular após 28 dias consecutivos
de tratamento (Yakubu et al., 2008b).
O peso do parênquima testicular, ou peso líquido testicular, representa a porção
produtiva, gametogênica (túbulo seminífero) e androgênica (tecido intertubular) do
testículo (Sharpe, 1994; França & Russell, 1998). No presente trabalho, o peso do
parênquima testicular foi considerado como o peso do testículo descontando-se apenas a
albugínea testicular. Embora a proporção volumétrica e o volume total da albugínea
testicular tenham aumentado nos grupos tratados com A. arvense (grupos II e IV) e nos
animais tratados com as duas plantas por meio das infusões ad libitum (grupos VI e VII)
em relação aos demais grupos, este aumento foi proporcional ao volume observado para
o parênquima testicular. Este aumento está diretamente relacionado aos componentes do
tecido intertubular, uma vez que o volume do túbulo seminífero não variou entre os
grupos estudados.
Com base em considerações funcionais, três fases distintas podem ser
observadas durante o processo espermatogênico: a fase proliferativa, na qual as
espermatogônias sofrem rápidas e sucessivas divisões mitóticas; a fase meiótica, na qual
o material genético é recombinado e segregado, e a fase espermiogênica, onde as
espermátides se diferenciam em células estruturalmente equipadas para atingir e
fertilizar o gameta feminino (Russell et al., 1990). Em todos os mamíferos investigados
somente cerca de 15 a 50 % dos espermatozóides teoricamente esperados são produzidos
(Huckins, 1978; Castro et al., 1997; França & Russell, 1998; Swerdloff et al., 1998).
Isto provavelmente se deve a uma degeneração densidade-dependente, onde a apoptose
é o mecanismo homeostático utilizado para limitar as células germinativas a um número
que possa ser suportado pelas células de Sertoli disponíveis (Huckins, 1978; De Rooij &
Janssen, 1987; De Rooij & Lok, 1987; Sharpe, 1994; De Rooij, 1998; Santos, 1999).
Desta forma, as perdas celulares são um componente integrante do processo
espermatogênico. Durante a fase proliferativa, uma grande perda celular, entre 65 a
75 %, é constatada em animais domésticos (França & Russell, 1998). No grupo-controle
do presente experimento foram produzidos cerca de 19,6 espermatócitos primários em
pré-leptóteno para cada espermatogônia do tipo A, ou seja, o coeficiente de eficiência
de mitoses espermatogoniais (CEME). Este valor é similar ao observado nos grupos
tratados, uma vez que não houve diferença nas populações de espermatogônia do tipo A e
de espermatócitos primários em preleptóteno por secção transversal de túbulo entre
todos os grupos estudados. Este rendimento ficou dentro da amplitude observada para a
66
maioria dos animais domésticos (14,6 a 24,8) (França & Russell, 1998). Por outro lado,
ratos tratados com extrato aquoso de Hibiscus sabdariffa mostraram alterações na
organização normal do epitélio seminífero, com aumento de degeneração dos
espermatócitos (Oriakwe et al., 2004). Efeitos deletérios quanto ao número de
espermatócitos também foram registrados em animais tratados com extratos de Striga
orobanchioides (Hiremath et al., 1997), Albizia lebbeck (Gupta et al., 2005) e Barleria
prionitis (Verna et al., 2005).
A fase meiótica da espermatogênese é marcada por uma intensa recombinação
do material genético, que será dividido para as células no decorrer das duas divisões
meióticas. O processo da divisão celular ocorre por meio de uma longa prófase seguida
por duas divisões celulares onde se produzem quatro células haplóides (Russell et al.,
1990). No presente estudo, pequenas variações porém não-significativas foram
observadas entre as populações de espermatócitos primários em preleptóteno,
espermatócitos primários em paquíteno e espermátides arredondadas por secção
transversal, nos grupos-controle e nos grupos tratados por gavagem com as menores
concentrações de A. arvense e de H. aphrodisiaca. Entretanto, aumentos foram
registrados nas populações de espermatócitos primários em paquíteno e espermátides
arredondadas por secção transversal, nos animais tratados por gavagem com a maior
concentração de H. aphrodisiaca (grupo V) e nos grupos tratados com as infusões ad
libitum de A. arvense e H. aphrodisiaca (grupos VI e VII). Da mesma forma, ratos
tratados com 1,66 g/kg de Lepidium meyenii durante 42 dias, tiveram aumentos no
número de espermátides, comparado com o correspondente grupo-controle (Gonzales et
al., 2006). Por outro lado, resultados deletérios sobre estas populações celulares foram
obtidos por Hiremath et al. (1997), testando os efeitos anti-androgênicos do extrato da
planta Striga orobanchioides, por Gupta et al. (2005), avaliando os efeitos de saponinas
retiradas da espécie vegetal Albizia lebbeck e por Verna et al. (2005), estudando em
ratos os efeitos do extrato metanólico das raízes de Barleria prionitis.
Normalmente, é na fase meiótica que ocorre numericamente a maior perda
celular na maioria dos mamíferos estudados (Roosen-Runge, 1973; França & Russell,
1998; França et al., 1999). De maneira geral, nos mamíferos, esta perda é de cerca de
25 %, ou seja, de cada quatro espermátides arredondadas teoricamente esperadas, três
são formadas (França & Russell, 1998; Leite et al., 2006). Pequenas variações foram
observadas nos percentuais de perda celulares no presente trabalho, porém, tanto no
grupo-controle quanto nos grupos tratados por gavagem e por meio das infusões ad
67
libitum, os valores ficaram próximos das perdas registradas para os mamíferos, em
média 25 %. Já ratos albinos tratados com 50 mL/kg de saponina extraída de Albizia
lebbeck, durante 60 dias, apresentaram perdas celulares de aproximadamente 38 %
durante a fase meiótica, bem acima quando comparado com os 25 % de perda esperada
(Gupta et al., 2005). Da mesma forma, ratos tratados com extratos obtidos das raízes de
Barleria prionitis na concentração de 100 mL/kg, administrados via oral durante 60
dias, mostraram perdas acima de 47 % na população de espermátides (Verma et al.,
2005), índice muito superior à média esperada para estas perdas.
O rendimento geral da espermatogênese é uma mensuração da eficiência do
processo espermatogênico como um todo, sendo calculado a partir da população de
espermátides arredondadas por secção transversal do túbulo seminífero (Russell et al.,
1990; França & Russell, 1998; Paula et al., 1999). Sua confiabilidade como um índice
de avaliação da produção de espermatozóides baseia-se no fato de que perdas durante o
processo espermiogênico são consideradas pequenas e não-significativas (Amann, 1970;
Berndtson, 1977; Russell & Peterson, 1984; Johnson et al., 2000). No presente trabalho
não foram registradas variações significativas no rendimento geral da espermatogênese
e no coeficiente de manutenção dos espermatócitos primários, entre o grupo-controle e
os grupos submetidos aos diferentes tratamentos. Da mesma forma, animais tratados
com Dimetil Sulfóxido (DMSO) mostraram rendimento estatisticamente semelhante em
relação ao correlativo grupo-controle (Almeida et al., 2000). Por outro lado, ratos
tratados com extrato de Albizia lebbeck (Gupta, et al., 2005) e Barleria prionites
(Verma et al., 2005) durante 60 dias, apresentaram rendimento geral da
espermatogênese de 11,81 e 13,29 respectivamente, mostrando que, diferentemente dos
resultados obtidos no referido trabalho, as duas espécies promoveram efeitos altamente
deletérios para o processo espermatogênico, já que a produção espermática nesses
animais foi fortemente reduzida.
Os valores registrados no referido trabalho quanto ao rendimento geral da
espermatogênese tanto para o grupo-controle (62,24) quanto para os diferentes
tratamentos (de 66,17 a 69,21), estão dentro da amplitude registrada na maioria dos
animais domésticos, que é de 37,4 a 74,2 (França & Russell, 1998).
As interações entre a célula de Sertoli e as células germinativas são cruciais para
a manutenção da produção espermática normal (Griswold, 1995). A célula de Sertoli
desempenha um papel fundamental na morfofisiologia da espermatogênese e suas
funções incluem desde a sustentação física das células germinativas, até a produção de
68
fatores parácrinos/autócrinos que modulam a produção espermática. Desta forma, o
número de células de Sertoli por testículo é o principal fator na determinação da
produção espermática e no tamanho do testículo (Russell et al., 1990; Sharpe, 1994;
França & Russell, 1998; Paula, et al., 1999; Hess & França, 2005). Cada célula de
Sertoli tem uma capacidade de suporte de células germinativas relativamente fixa em
cada espécie e como a sua população não aumenta após a puberdade e ao longo dos
diferentes estádios do ciclo do epitélio seminífero, serve como referência para se
quantificar e avaliar funcionalmente o processo espermatogênico (Steinberger &
Steinberger, 1971; Orth, 1982; Orth et al., 1988; França & Russell, 1998). No presente
estudo não foram observadas variações significativas nas populações de células de
Sertoli, por secção transversal de túbulo seminífero, independente do tratamento
oferecido.
Entre as diferentes espécies de mamíferos estudadas, a capacidade de suporte
das células de Sertoli é muito variada sendo uma relação espécie-específica (Russell &
Peterson, 1984; França & Russell, 1998; França et al., 1999). No presente estudo, foram
observados aumentos no índice de célula de Sertoli relativo ao total de células
germinativas por secção transversal de túbulo, nos animais tratados com H. aphrodisiaca
por gavagem na maior concentração (grupo V) e por ad libitum (grupo VII). Porém,
apenas o índice de célula de Sertoli por número de espermátides arredondadas é
considerado o mais acurado para se avaliar a eficiência e a função da célula de Sertoli,
sendo o melhor indicativo da eficiência funcional destas células para uma dada espécie
(Russell & Peterson, 1984; Sharpe 1994). Neste aspecto não foram observadas
variações à capacidade de suporte das células de Sertoli entre os grupos estudados.
5. Conclusões
Foi constatado aumento no peso testicular dos animais tratados com
Heteropterys aphrodisiaca e Anemopaegma arvense nas maiores concentrações por
gavagem e por ad libitum devido ao incremento no tecido intertubular que refletiu na
função androgênica o que ocasionou aumento do peso corporal como um efeito
anabolizante.
Os rendimentos indicativos da eficiência do processo espermatogênico e a
capacidade de suporte das células de Sertoli em relação à espermátides arredondadas,
não foram significativamente alterados em nenhum dos tratamentos propostos.
69
Nos grupos submetidos às infusões ad libitum, as alterações registradas para os
parâmetros biométricos, para as populações de espermatócitos primários em paquíteno e
espermátides arredondadas por secção transversal foram mais efetivas que os grupos
submetidos aos tratamentos por gavagem.
Nas concentrações usadas, os extratos de H. aphrodisiaca e A. arvense não
promoveram efeitos tóxicos, tendo em vista o aumento da massa corporal e as
condições sanitárias observadas em todos os animais submetidos aos diferentes
tratamentos utilizados.
Referências bibliográficas
Abdel-Magied, E.M., Abdel-Rahman, H.A., Harraz, F.M. 2001. The effect of aqueous
estracts of Cynomorium coccineum and Withania somnifera on testicular development
in immature Wistar rats. Journal of Ethnopharmacology 75, 1-4.
Abercrombie, M. 1946. Estimation of nuclear populations from microtome sections.
The Anatomical Record 94, 238-248.
Adaikan, P.G., Gauthaman, K., Prasad, R.N., Ngai, S.C. 2000. Proerectile
pharmacological effects of Tribulus terrestris extract on the rabbit corpus cavernous.
Annals of Academy Medicine Singapore 29, 22-26.
Albuquerque, U.P., Hanazaki, N. 2006. As pesquisas etnodirigidas na descoberta de
novos fármacos de interesse médico e farmacêutico: fragilidade e perspectivas. Revista
Brasileira de Farmacognosia 16, 687-689.
Almeida, L.M., Weiss, R.R., Castro, C.S., Buchele, J. 2000. Quantificação histológica
da espermatogênese de ratos Wistar tratados com Dimetil Sulfóxido. Archives of
Veterinary Science 5, 129-135.
Amann, R.P. 1970. Sperm production rates. In: Johnson, A.D., Gomes, W.R.,
Vandemark, N.L. (Ed.). The testis. New York: Academic Press, p.433-482.
Amann, R.P., Almquist, J.O. 1961. Reproductive capacity of daidy bulls. I. Technique
for direct measurement of gonadal and extra-gonadal sperm reserves. Journal Dairy
Science 44, 1537-1543.
Ang, H.H., Cheang, H.S., Yusof, A.P. 2000. Effects of Eurycoma longifolia Jack
(Tongkat Ali) on the initiation of sexual performance of inexperienced castrated male
rats. Experimental Animals 49(1), 35-38.
70
Ang, H.H., Cheang, H.S. 2001. Effects of Eurycoma longifolia Jack on lavatory any
muscle in both uncastrated and testosterone-stimulated castrated intact male rats.
Archives of Pharmacal Research 24(5), 437-440.
Ang, H.H., Ikeda, S., Gan, E.K. 2001. Evaluation of the potency activity of aphrodisiac
in Eurycoma longifolia Jack. Phytotherapy 15(5), 435-436.
Ang, H.H., Ngai, T.H. 2001. Aphrodisiac evaluation in non-copulator male rats after
chronic administration of Eurycoma longifolia Jack. Fundam. Clinical Pharmacology
15(4), 265-268.
Ang, H.H., Sim, M.K. 1997. Eurycoma longifolia Jack enhances libido in sexually
experienced male rats. Experimental Animals 46(4), 87-90.
Ang, H.H., Sim, M.K. 1998a. Eurycoma longifolia increases sexual motivation in
sexually naive male rats. Archives of Pharmacal Research 21(6), 779-781.
Ang, H.H., Sim, M.K. 1998b. Eurycoma longifolia Jack and orientation activities in
sexually experienced male rats. Biological and Pharmaceutical Bulletin 21(2), 153-155.
Arletti, R., Benelli, A., Cavazzuti, E., Scarpetta, G., Bertolini, A. 1999. Stimulating
property of Turnera diffusa and Pfaffia paniculata extracts on the sexual-behavior of
male rats. Psychopharmacology 143, 15-19.
Berndtson, W.E. 1977. Methods for quantifying mammalian spermatogenesis: a review.
Journal Animal Science 44, 818-83.
Burgos, R.A., Caballero, E.E., Sánchez, N.S., Schoeder, R.A., Wikman, G.K., Hancke,
J.L. 1997. Testicular toxicity assesment of Andrographis paniculata dried extract in
rats. Journal of Ethnopharmacology 58, 219-224.
Capasso, R., Izzo, A.A., Pinto, L.; Bifulco, T., Vitobello, C., Mascolo, N. 2000.
Phytotherapy and quality of herbal medicines. Fitoterapia 71, 58-65.
Carvalho, A.C.B., Balbino, E.E., Maciel, A., Perfeito, J.P.S. 2008. Situação do registro
de medicamentos fototerápicos no Brasil. Revista Brasileira de Farmacognosia 18, 314319.
Castro, A. C. S., Berndtson, W. E., Cardoso, F. M. 1997. Cinética e quantificação da
espermatogênese: bases morfológicas e suas aplicações em estudos da reprodução de
mamíferos. Revista Brasileira de Reprodução Animal 21, 25-34.
Chauhan, A., Agarwal, M.; Kushwaha, S.; Mutreja, A. 2007. Suppression of fertility in
male albino rats following the administration of 50 % ethanolic extract of Aegle
marmelos. Contraception 76, 474-481.
71
Chen, X. 1996. Cardiovascular protection by ginsenosides and their nitric oxide
releasing action. Clinical and Experimental Pharmacology Physiology 23(8), 728-732.
Chen, X., Lee, T.J. 1995. Ginsenosides-induced nitric oxide-mediated relaxation of the
rabbit corpus cavernosum. British Journal of Pharmacology 115(1), 15-18.
Cícero, A.F.G., Piacente, S., Plaza, A., Sala, E., Arletti, R. Pizza, C. 2002. Hexanic
Maca extract improves rat sexual performance more effectively than methanolic and
chloroformic Maca extracts. Andrologia 34, 177-179.
Correa, M.P. 1984. Dicionário das plantas úteis do Brasil e das exóticas cultivadas. Rio
de Janeiro-RJ: Ministério da Agricultura/Instituto Brasileiro de Desenvolvimento
Florestal, 293p.
Departamento de Veterinária, UFV. Nomas para o uso de animais em ensino, pesquisa e
extensão. Disponível em: <http//www.ufv.br/dvt>.
De Rooij, D. G., Janssen, J. M. 1987. Regulation of the density spermatogonia in the
seminiferous epithelium of the chinese hamster: I. Undiferentiated spermatogonia. The
Anatomical Record 217, 124-130.
De Rooij, D. G., Lok, D., 1987. Regulation of the density of spermatogonia in the
seminiferous epithelium of the chinese hamster: II. Differentiating spermatogonia. The
Anatomical Record 217, 131-136.
De Rooij, D. G. 1998. Stem cells in the testis. International Journal of Experimental
Pathology 79, 67-80.
Dimech, G.S., Gonçalves, E.S., Araujo, A.V., Arruda, V.M., Baratella-Evêncio, L.,
Wanderley, A.G. 2006. Avaliação do extrato hidroalcólico de Mentha crispa sobre a
performance reprodutiva em ratos Wistar. Revista Brasileira de Farmacognosia 16, 152157.
El-Thaer, T.S., Matalka, K.Z., Taha, H.A., Badwan, A.A. 2001. Ferula harmonis
‘zallouh’ and enhancing erectile function in rats efficacy and toxicity study.
International Journal of Impotence Research 13(4), 246-251.
Espínola, E.B., Dias, R.F., Mattei, R. 1997. Pharmacological activity of guarana in:
Laboratory animals. Journal of Ethnopharmacology 55, 223-229.
Ferreira, S.H. 1998. Medicamentos a partir de plantas medicinais no Brasil. Rio de
Janeiro-RJ: Academia Brasileira de Ciências. 132 p.
França, L.R., Becker-Silva, S.C., Chiarini-Garcia, H. 1999. Spermatogenic cycle length
in goats. Tiss. & Cell 31, 3.
72
França, L.R., Parreira, G.G., Gates, R.J., Russell, D.L. 1998. Hormonal regulation of
spermatogenesis in the hypophysectomized rat: quantitation of germ-cell population and
effect of elimination of residual testosterone after long-term hypophysectomy. Journal
of Andrology 19, 335-342.
França. L.R., Russell, L.D. 1998. The tests of domestic mammals. In: Male
reproduction; a multidisciplinary overview. España: Ed. Madrid. Churchill
Comunictions Europe, Cap. 16, p.198-219.
Galduróz, J.C.F., Carlini, E.A. 1994. Acute effectes of the Paulinia cupana, “guaraná”
on cognition of normal volunteer. Journal Medical, São Paulo-SP 112, 607-611.
Galvão, S.M.P., Marques, L.C., Oliveira, M.G.M., Carlini, E.A. 2002. Heteropterys
aphrodisiaca (extract BST0289): a Brazilian plant that improves memory in aged rats.
Journal of Ethnopharmacology 79, 305-311.
Gillis, C.N. 1997. Panax ginseng pharmacology: a nitric oxide link? Biochemical
Pharmacology 54(1), 1-8.
Godinho, CL. 1999. Análise histométrica do testículo e duração da espermatogênese em
gatos (Felis domestica) sexualmente maduros. Dissertação de mestrado. Universidade
Federal de Minas Gerais, Instituto de Ciências Biológicas. Belo Horizonte-MG, 124p.
Gonzales, G.F., Ruiz, A., Gonzales, C., Villegas, L., Cordova, A., 2001. Effect of
Lepidium meyenii (maca) roots on spermatogenesis of male rats. Journal of Andrology
3, 231-233.
Gonzalez, G.F., Córdova, A., Veja, K., Chung, A., Villena, A., Góñez, G., Castillo, S.
2002. Effect of Lepidium meyenii (maca) on sexual desire and its absent relationship
with serum testosterone levels in adult healthy men. Andrologia 34, 367-372.
Gonzales, C., Rubio, J., Gasgo, M., Nieto, J., Yucra, S., Gonzales, G.F. 2006. Effecto of
short-term and long-term treatments whith theree ecotypes of Lepium meyenii (Maca)
on spermatogenesis in rats. Journal of Ethnopharmacology 103, 448-454.
Griswold, M. D. 1995. Interaction between germ cells and Sertoli cells in the testis.
Biology of Reproduction 52, 211-216.
Guarim Neto, G. 1996. Plantas medicinais do Estado de Mato Grosso. Brasília-DF:
ABEAS, UFMT. Instituto de Biociências, 72p.
Gupta, R.S., Chaudhary, R, Yadav, R.K., Verma, S., Dobhal, M.P. 2005. Effect of
Saponins of Albizia lebbeck (L.) Benth bark on the reproductive system of male albino
rats. Journal of Ethnopharmacology 96, 31-36.
73
Gupta, R.S., Kachhawa, J.B.S. 2007. Evaluation of contraceptive activity of methanol
extract of Dendrophthoe falcata stem in male albino rats. Journal of
Ethnopharmacology 112, 215-218.
Guraya, S.S. 1987. Seminiferous epithelium, In: Guraya, S.S. (Ed.). Biology of
spermatogenesis and spermatozoa in mammals. Berlin Heidelbrg: Springer-Verlarg.
Hess, R.A., França, L.R. 2005. History of the Sertoli cell discovery. In: Michael, K.
Skinner Michael, D. Griswold. (Ed.). Sertoli cell biology. Washington-DC: Elsivier
Academic Press, p.3-18.
Hiremath, S.P., Badami, S., Swamy, H.K.S., Patil, S.B., Londonkar, R.L. 1997.
Antiandrogenic effect of Striga orobanchioides. Journal of Ethnopharmacology 56, 5560.
Huckins, C. 1978. The morphology and kinetics of spermatogonial degeneration in
normal adult rats: an analysis using a simplified classification of the germinal
epithelium. The Anatomical Record 190, 905-26.
Islam, M. W., Tariq, M., Ageel, A. M., Al-Said, M. S., Al-Yhya, A. M. 1991. Effect of
Salvia haematodes on sexual behaviors of male rats. Journal of Ethnopharmacol 33, 6772.
Johnson, L., Petty, C.S., Neves, W.B. 1981. A new approach to qualification of
spermatogenesis and its application to germinal cell attrition during human
spermatogenesis. Biology Reproduction 25, 217-226.
Johnson, L., Varner, D.D., Roberts, M.E., Smith, T.L., Keillor, G.E., Scrutchfield, W.L.
2000. Efficiency of spermatogenesis: A comparative approach. Animal Reproduction
Science 60, 471-180.
Kim, H.J., Woo, D.S., Lee, G., Kim, J.J. 1998. The relaxation effects of ginseng saponin
in rabbit corporal smooth muscle: is it a nitric oxide donor? British Journal of Urology
82(5), 744-748.
Lapa, A.J., Souccar, C., Lima-Ladman, M.T.R., Godinho, R.O., Nogueira, T.C.M.L.
2007. Farmacologia e toxicologia de produtos naturais. In: Simões, C.M.O., Schenkel,
E.P., Gosmann, G., Mello, J.C.P., Mentz, L.A., Petrovick, P.R. (Ed.). Farmacognosia:
da planta ao medicamento. 6. ed. Porto Alegre-RS: Editora da UFRGS, p.247-288.
Leite, F.L.G., Paula, T.A.R., Matta, S.L.P., Fonseca, C.C., Neves, M.T.D., Barros,
J.B.G. 2006. Cycle and duration of the seminiferous epithelium in puma (Puma
concolor). Animal Reproduction Science 91, 307-316.
Leite, J.P.V. 2009. Desenvolvimento da Fitoterapia. In: Leite, J.P.V. (ed.) Fitoterapia Bases Científicas e Tecnológicas. São Paulo-SP: Ed. Atheneu, p.3-20.
74
Lorenzi H., Matos F.J.A. 2002. Plantas medicinais do Brasil - Nativas e exóticas. São
Paulo-SP: Editora Nova Odessa. Instituto Plantarum de Estudos da Flora Ltda., 512p.
Mali, P.C., Ansari, A.S., Chaturvedi, M. 2002. Antifertility effect of chronically
administred Martynia annua root extract on male rats. Journal of Ethnopharmacology
82, 61-67.
Malini, T., Manimaran, R.R., Arunakaran, J., Aruldhas, M.M., Govindarajulu, P. 1999.
Effects of piperine on testis of albino rats. Journal of Ethnopharmacology 64, 219-225.
Mattei, R., Dias, R.F., Espinola, E.B., Carlini, E.A., Barros, S.B.M. 1998. Guaraná
(Paulinia cupana); toxic behavioral efeects in laboratory animals and antioxidant
activity in vitro. Journal of Ethnopharmacology 60, 111-116.
Mazaro, R., Di Stasi, L.C., Kempinas, W.G. 2002. Effects of the hydromethanolic
extract of Austroplenckia populnea (Celastraceae) on reproductive parameters of male
rats. Contraception 66, 205-209.
Melis, M.S. 1999. Effects of chronic administration of Stevia rebaudiana on fertility in
rats. Journal of Ethnopharmacology 167, 157-161.
Montanari , T., Carvalho, J.E., Dolder, H. 1998. Effect of Maytenus ilicifolia Mart. Ex.
Reiss on spermatogenesis. Contraception 57, 335-339.
Moundipa, F.P., Kamtchouing, P., Koueta, N., Tantchou, J., Foyang, N.P.R., Mbiapo,
F.T. 1999. Effects of aqueous extracts of Hibiscus macranthus and Basella alba in
mature rat testis function. Journal of Ethnopharmacology 65, 133-139.
Nocerino, E.; Amato, M., Izzo, A.A. 2000. The aphrodisiac and adaptogenic properties
of ginseng. Fitoterapia 71, 1-5 (Supplement, 1).
Orisakwe, O.E., Husaini, D.C., Afonne, O.J. 2004. Testicular effects of sub-chronic
administration of Hibiscus sabdariffa calyx aqueous extract in rats. Journal of
Ethnopharmacology 18, 295-298.
Orth, J.M. 1982. Proliferation of Sertoli cells in fetal and postnatal rats: a quantitative
autoradiographic study. The Anatomical Record 203, 485-492.
Orth, J. M., Gunsalus, G. L., Lamperti, A. A. 1988. Evidence from Setoli cell-depleted
rats indicates that spermatid number in adults depends on numbers of Sertoli cells
produced during perinatal development. Endocrinology 122, 787-794.
Paula, T.A.R., França, L.R., Garcia, H.C. 1999. Seminiferous ephitelium cycle and its
duration in capybaras (Hydrochoerus hydrochaeris). Tissue & Cell 31, 327-334.
75
Peters, V.M., Carmo, P.S., Guerra, M.O. 1985. Efeito do barbatimão (Stryphnodendron
polliphyllum M.) sobre o peso de órgãos do sistema reprodutor de ratos adultos e a
produção de espermatozóides viáveis. Revista Brasileira de Ciências Morfológicas 2,
45-47.
Pitman, V. 1996. Fitoterapia. As plantas medicinais e a saúde. Lisboa: Estampa, 188p.
Pott, A., Pott, V.J. 1994. Plantas do Pantanal. Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária do Pantanal. Corumbá-MS: Embrapa-SPI, 320p.
Ratnasooriya, W.D., Dharmasiri, M.G. 2002. Effects of Terminalia catappa seeds on
sexual behaviour and fertility of male rats. Asian Journal of Andrology 2(3), 213-219.
Rizzini, C.T. 1983. Efeitos psicotrópicos de plantas brasileiras parte II: aspectos
botânicos. Ciência e Cultura, São Paulo-SP 35, 434-438.
Rodrigues, V.E.G., Carvalho, D.A. 2001. Plantas medicinais no domínio dos Cerrados.
Lavras-MG: UFLA, 180p.
Roosen-Runge, E.C. 1973. Germinal-cell loss in normal metazoan spermatogenesis.
Journal of Reproduction and Fertility 35, 339-348.
Russell, L.D., Ettlin, R.A., Sinha Hikim, A.P., Clegg, E.D. 1990. Mammalian
spermatogenesis. In: Russell, D.L., Ettlin, R.A., Sinha Hikim, A.P., Clegg, E.D. (Ed.).
Histological and histopathological evaluation of the testis. Bolesta: Cache River Press.
Cap. 1, 1-40.
Russell, L.D., Peterson, R.N. 1984. Determination of the elongate spermatid-Sertoli cell
ratio in various mammals. Journal of Reproduction and Fertility 70, 635-641.
Sandroni, P. 2001. Aphrodisiacs past and present: a historical review. Clinical
Autonomic Research 11, 303-307.
Santos, R.L. 1999. Morte celular por apoptose no testículo. Revista Brasileira de
Reprodução Animal (4)23, 486-499.
Sharpe, R.M. 1994. Regulation of spermatogenesis. In. Knobil, E., Neil, J.D. (Ed.). The
phisiology of reproduction, 2. ed. New York: Raven Press, p.1363-1434.
Silveira e Sá, R.C., Leite, M.N., Oliveira, L.E.G., Toledo, M.M., Greggio, T.C., Guerra,
M.O. 2006. Preliminary assessment of Rosmarinus officinalis toxicity on male Wistar
rats’ organs and reprodutive system. Revista Brasileira de Farmacognosia 16, 324-332.
Sinha, R. 1990. Post-testicular antifertility effects of Abrus precatorius seed extract in
albino rats. Journal of Ethnopharmacology 28, 173-181.
76
Sook Oh, M., Yang, W.M., Chang, M.S., Park, W., Kim, D.R., Lee, H.K., Kim, W.N.,
Park, S.K. 2007. Effects of Rubus coreanus on sperm parameters and cAMP-responsive
element modulator (CREM) expression in rats testes. Journal of Ethnopharmacology
114, 463-467.
Steinberger, A., Steinberger, E. 1971. Replication pattern of Sertoli cells in maturing rat
testis in vivo and in organ culture. Biology of Reproduction 4, 84-87.
Subramoniam, A., Madhavachandran, V., Rajasekharan, S., Pushpangadan, P. 1997.
Aphrodisiac property of Trichopus zeylanicus extract in male mice. Journal of
Ethnopharmacology 57, 21-27.
Swerdloff, R. S., Lue, Y., Wang, C., Rajavashisth, T., Sinha-Hikin, A. 1998. Hormonal
regulation of germ cell apoptosis. In: Zirkin, B. R. (Ed). Germ cell development,
division, disruption and death. New York: Inc. Springer-Verlag.
Taha, S. A.; Ageel, A. M.; Islam, M. W.; Ginawi, O. T. 1995. Effect of (-)-cathinone, a
psychoactive alkaloid from khat (Catha edulis Forsk.) and caffeine on sexual behaviour
in rats. Pharmacology Research 5, 31, 299-303.
Trentini, A.M.M. 1997. A auto-regulamentação na produção de fitoterápicos. In:
Bonfim, J.R.A., Mercucci, V.L. (Org.). A construção da política de medicamentos. São
Paulo-SP: Hucitec, 213-215.
Verna, P.K., Sharma, A., Joshi, S.C., Gupat, R.S., Dixit, V.P. 2005. Effect of isolated
fractions of Barleria prionitis root methanolic extract on reproductive function male
rats: preliminary study. Fitoterapia 76, 428-432.
Yakubu, M.T., Akanji, M.A., Oladiji, A.T. 2008a. Effects of oral administration of
aqueous extract of Fadogia agrestis (Schweinf. Ex Hiern) stem on some testicular
function indices of male rats. Journal of Ethnopharmacology 115, 288-292.
Yakubu, M.T., Akanji, M.A., Oladiji, A.T., Adesokan, A.A. 2008b. Androgenic
potentials of aqueous extract of Massularia acuminate (G. Don) Bullock ex Hoyl. Stem
in male Wistar rats. Journal of Ethnopharmacology 118, 508-513.
Zheng, B. L.; He, K.; Kim, C. H.; Rogers, L.; Shao, Y.; Huang, Z. Y.; Lu, Y.; Yan, S.
J.; Qien, L. C.; Zheng, Q. Y. 2000. Effect of a lipidic extract from Lepidium meyenii on
sexual behavior in mice and rats. Urology, 55, 598-602.
77
Efeito do extrato de Heteropterys aphrodisiaca (nó-de-cachorro) e Anemopaegma
arvense (vergateza) sobre a reserva e a produção espermática de ratos Wistar
adultos tratados cronicamente
Resumo: No Brasil, o uso das plantas medicinais constitui uma forma direta de
obtenção de medicamentos e com base nos saberes e práticas “tradicionais” ocupam
lugar de destaque no tratamento de doenças. Entre várias utilidades, o afrodisíaco
desperta interesse especial da população e substâncias de diversas espécies são
consumidas com esta finalidade. Neste sentido, no estado brasileiro do Mato Grosso as
espécies Heteropterys aphrodisiaca O. Mach. (nó-de-cachorro) e a Anemopaegma
arvense (Vell.) Stellfeld & J.F. Souza (vergateza) se destacam. O objetivo deste
trabalho foi avaliar os efeitos do extrato das raízes destas espécies sobre o testículo e o
processo espermatogênico de ratos Wistar, especialmente os efeitos sobre a reserva e a
produção espermática de animais tratados. Foram utilizados 72 ratos em idade
reprodutiva, divididos em sete grupos. Destes, cinco grupos foram tratados por meio de
gavagem diária durante 56 dias consecutivos; os animais do grupo-controle receberam
0,5 mL de solução salina e os outros quatro grupos receberam 0,5 mL de extratos
obtidos das duas espécies de plantas, em duas concentrações distintas, 12,5 e 25 g
diluídas em 100 mL de água. Outros dois grupos foram tratados com infusões das
plantas pelo mesmo período, sendo 20 mL do extrato de menor concentração diluídos
em 80 mL de água consumidos ad libitum. O extrato de H. aphrodisiaca na menor
concentração, administrado por gavagem, promoveu aumentos no peso corporal, na
proporção volumétrica do intertúbulo, no volume intertubular, no diâmetro tubular e
espessura do epitélio seminífero. Adicionalmente, os grupos tratados com a maior
concentração de H. aphrodisiaca por gavagem e com a infusão ad libitum da mesma
planta, mostraram aumentos no peso dos testículos, do parênquima testicular e no peso
das glândulas vesiculares. O extrato de A. arvense na menor concentração, administrado
por gavagem, promoveu aumentos no diâmetro e na espessura do epitélio seminífero. O
extrato desta planta na maior concentração, administrado por gavagem e o grupo tratado
ad libitum, mostraram aumentos significativos no peso corporal, dos testículos, do
parênquima testicular, das glândulas vesiculares e no volume do tecido intertubular. O
comprimento total de túbulos por metro e por grama de testículo, a reserva espermática
total e por grama de testículo e a produção espermática diária e produção espermática
diária por grama de testículo foram menores em todos os tratamentos, comparados ao
grupo-controle. Conclui-se que o aumento do tecido intertubular e das glândulas
vesiculares refletiu nos parâmetros biométricos avaliados e que a perda em
comprimento dos túbulos seminíferos foi determinante para a diminuição da reserva e
produção espermática nos animais tratados.
Palavras-chave: espermatogênese; fitoterapia; glândula vesicular; reserva e produção
espermática; Heteropterys aphrodisiaca, Anemopaegma arvense.
78
Effect of the extract of Heteropterys aphrodisiaca (nó-de-cachorro) and
Anemopaegma arvense (vergateza) about the reserve the spermatic
production of rats Wistar treated adults chronically
Abstract: In Brazil, the use of the medicinal plants constitutes a direct form of
medicine attainment and based on the “traditional” knowledge and practices they
occupy a prominence place in the treatment of illnesses. Between some utilities, the
aphrodisiac awakens special interest of the population and substances of diverse species
are consumed with this purpose. In this sense in the state of Mato Grosso the species
Heteropterys aphrodisiaca O. Mach. (nó-de-cachorro) and the Anemopaegma arvense
(Vell.) Stellfeld & J.F. Souza (vergateza) stand out. 72 male rates Wistar in reproductive
age were divided into seven groups. Five groups were exposed to daily gavage for 56
consecutive days; the animals of the control group received 0.5 ml of salt solution and
the other four groups received 0.5 mL of extracts obtained from the two species in two
different concentrations 12.5 g and 25 g diluted in 100 mL of water. Two groups had
been treated with infusion of the two species for the same period, being 20 mL of the
extract with lesser concentration diluted in 80 mL of water consumed ad libitum. The
extract of H. aphrodisiaca in the lesser concentration caused significant increase in the
corporal weight, in the intertubular volume, in the tubular diameter and in the thickness
of the seminiferous. Besides, the groups treated with larger concentrations of the extract
and with the infusion ad libitum of the same plant, had shown increase in the testicular
weight, in the testicular parenchyma, in the vesicular glands weight. The animals treated
with the lesser concentration of A. arvense registered an increase in the diameter and
thickness of the seminiferous tubule. Similar increases were also registered in animals
treated with larger concentration of the extract of A. arvense by gavage and in the group
treated with the ad libitum infusion of the same plant, which, additionally, showed
significant increases in the corporal weight, testicular weight, testicular parenchyma
weight, vesicular glands weight, in the intertubular tissue volume. The total tubules
length by meter and gram of testicle, the total spermatic reserve and by testicle gram
and the diary spermatic production and diary spermatic production by testicle gram
were lesser in every treatments, compared to the control group. Concludes that the
increase of the intertubular tissue and vesicular glands reflected in the increase of the
biometric parameters evaluated and that the length loss of seminiferous tubules was
determinative for the reduction of reserve and production spermatic of animals treated.
Key-words: phytotherapy; spermatogenesis; vesicular gland; reserve and spermatic
production; Heteropterys aphrodisiaca, Anemopaegma arvense.
79
1. Introdução
Em várias regiões do Brasil, o consumo de substâncias vegetais como
medicamento está fortemente inserido no hábito popular e o uso de plantas como fonte
direta de medicamentos é uma prática cotidiana. Diversos trabalhos etnobotânicos
registram este saber e também relatam as estratégias do etnoconhecimento para o
aproveitamento dos recursos vegetais como fontes de medicamentos (Correa, 1984; Pott
& Pott, 1994; Guarim Neto, 1996; Lorenzi & Matos, 2002; Carvalho et al., 2008).
O tratamento de doenças com substâncias vegetais, sempre ocupou lugar de
destaque e faz parte do hábito popular que envolve os saberes e práticas “tradicionais”
(Albuquerque & Hanazaki, 2006). Entretanto, diante do potencial das plantas
medicinais no campo terapêutico e da riqueza da flora medicinal do Brasil, um número
reduzido de estudos foi realizado a partir de investigação científica. Martins et al.
(2003) descrevem que, das cerca de 200.000 espécies vegetais que possam existir no
Brasil, pelo menos a metade pode ter alguma propriedade terapêutica útil à população.
Entretanto, menos de 1 % dessas espécies com potencial foi motivo de estudos
adequados. Ainda assim, mesmo sem a comprovação científica, o que existe na prática é
uma grande comercialização de produtos contendo substâncias ou compostos de
centenas de espécies vegetais que são utilizadas há décadas na medicina popular.
Os testes experimentais e os estudos farmacológicos de metabólitos vegetais
secundários podem promover, depois de comprovada ação terapêutica, o uso efetivo de
um elenco de plantas com viabilidade ainda desconhecida para os campos da
farmacologia e consequentemente para a produção de medicamentos. Paralelamente ao
crescente interesse da população pelos remédios a base de plantas, as pesquisas devem
receber apoio necessário para investigação detalhada da sua eficácia, pois além do fator
ligado diretamente a saúde, há também o fator econômico, já que este mercado tem
movimentado milhões de dólares, tornando-se interesse do mundo todo. Motivos não
menos importantes para o desenvolvimento de estudos com espécies vegetais de
potencial terapêutico, são a conservação dos recursos naturais visando à segurança
nacional no campo da biotecnologia e a preservação dos ecossistemas onde existam tais
espécies (Martins et al., 2003).
No Estado de Mato Grosso, devido à riqueza florística existente nas regiões de
Cerrado, Pantanal e da Amazônia, somado a um reconhecido etnoconhecimento, não é
raro a atribuição medicinal a um grande número de plantas (Correa, 1984; Pott & Pott,
80
1994; Guarim Neto, 1996; Lorenzi & Matos, 2002; Galvão et al., 2002). Inúmeras são
incluídas na categoria de plantas tônicas como Heteropterys aphrodisiaca (nó-decachorro), Anemopaegma arvense (vergateza), Ouratea semiserrata (sangue de bugre),
Bytteneria melastomifolia (raiz de bugre), Anemopaegma glaucum (catuaba verdadeira),
dentre outras com uso fortemente popularizado. Produtos contendo, por exemplo,
extratos de H. aphrodisiaca são consumidos habitualmente pela comunidade local como
energético e estimulante do sistema nervoso (Pott & Pott, 1994, Galvão et al., 2002).
Rizzini (1983) descreve que a raiz de H. aphrodisiaca possui propriedades estimulantes
e faz parte de um grande elenco de espécies da flora brasileira com elementos
psicoativos. Esta espécie é consumida pela comunidade local e em vários Estados do
Brasil, incluindo o Amazonas, Acre, Goiás e Mato Grosso do Sul, é considerada planta
energética e tônica (Correa, 1984; Pott & Pott, 1994; Guarim Neto, 1996; Lorenzi &
Matos, 2002).
O interesse da indústria farmacêutica na produção de fármacos com
aplicabilidade na reprodução, especialmente a masculina, tem levado à pesquisa e ao
desenvolvimento de drogas alopáticas, que são colocadas no mercado a preços muitas
vezes inacessíveis para grande parte da população. Dentre essas drogas, já foram
comercializados o Pasuma (Kunzfeld, 1966), o Afrodex (Miller, 1968), o Potensan
Forte (Cooper et al., 1973), o Afrodor 2000 (Baumbusch et al., 1995) e o Ardorare ou
Eresom (Eskeland et al., 1997). Atualmente, o Viagra (Kloner, 1998), o Uprima (Hafez
& Hafez, 2004), o Levitra (Scheen, 2003; Gaines, 2004) e o Cialis (Gaines, 2004) fazem
parte do arsenal terapêutico contra a impotência masculina. A tentativa da indústria
farmacêutica em produzir drogas associada à reprodução é completamente pertinente já
que tem se observado, como reflexo da vida moderna, perdas na capacidade produtiva
masculina associada a diversos fatores, incluindo locais inadequados de trabalho,
alterações ambientais, estresse e alimentação. Segundo Aitken (1999), existe não
somente uma forte indicação de declínio da contagem de espermatozóides, mas também
uma grande evidência da diminuição da competência funcional da produção espermática
humana. Alterações morfológicas e funcionais nos espermatozóides humanos podem
chegar a 85 % do ejaculado, estando diretamente relacionadas com a mais alta perda
gestacional e má-formação embrionária observadas entre os vertebrados vivíparos
(Aitken, 1999). Assim, diferentes substâncias deveriam ser avaliadas quanto ao seu
efeito no processo espermatogênico antes de sua liberação para o consumo.
81
Compostos extraídos de plantas preconizadas como tônicas devem agir de
alguma forma sobre a fisiologia reprodutiva, atuando nos compartimentos testiculares.
Funcionalmente, o testículo pode ser dividido em dois compartimentos principais: o
tubular formado pelos túbulos seminíferos que são constituídos por túnica própria,
epitélio seminífero e lume tubular e o intertubular, composto por células de Leydig,
vasos sanguíneos e linfáticos, nervos, e uma população celular variável constituída
principalmente de fibroblastos, macrófagos e mastócitos (Russell et al., 1990). A
espermatogênese ocorre nos túbulos seminíferos e dura cerca de 40 a 60 dias na maioria
dos mamíferos (França & Russell, 1998; França et al., 1998; Paula et al., 1999, Paula et
al., 2002).
Espécies vegetais podem promover efeitos positivos ou deletérios sobre a
fisiologia reprodutiva de animais tratados com suas substâncias ativas. Diversos estudos
mostram diferentes tipos de interações de seus compostos na fisiologia testicular com
reflexo sobre a espermatogênese. O uso das espécies Panax ginseng (Chen & Lee,
1995; Chen, 1996; Gillis, 1997; Kim et al., 1998, Nocerino et al., 2000), Eurycoma
longifolia (Ang & Sim, 1997; 1998a; 1998b; Ang et al., 2000; Ang & Cheang, 2001;
Ang & Ngai, 2001; Ang et al., 2001), Ferula harmonis (El-Thaer et al., 2001),
Terminalia catappa (Ratnasooriya & Dharmasiri, 2002), Lepidium meyenii (Gonzales et
al., 2006), Fadogia agrestis (Yakubu et al., 2008a) e Massularia acuminata (Yakubu et
al., 2008b) promoveram diferentes alterações na fisiologia reprodutiva de animais
submetidos a tratamentos com componentes extraídos desses vegetais, mostrando que
seus elementos fitoquímicos podem interferir nos processos bioquímicos celulares da
espermatogênese.
Neste sentido, estudos experimentais associados à reprodução animal, visando
esclarecer a influência de extratos vegetais sobre aspectos reprodutivos já conhecidos
como a espermatogênese de animais de laboratório, podem gerar dados concretos
quanto às potencialidades benéficas ou prejudiciais de substâncias fitoterápicas sobre a
reserva e a produção espermática, além de subsidiar estudos farmacológicos para
produção de medicamentos a base de plantas. Desta forma, o objetivo deste estudo foi
avaliar os efeitos de extratos obtidos das raízes espécies Heteropterys aphrodisiaca (nóde-cachorro) e Anemopaegma arvense (vergateza) no testículo de ratos Wistar adultos,
comparando a reserva e produção espermática entre animais tratados e controle.
82
2. Material e métodos
2.1. Seleção das espécies e coleta do material botânico
Foram realizadas entrevistas com pesquisadores da área de etnobotânica,
membros de comunidades tradicionais com conhecimento de usos de plantas medicinais
e ervanários que comercializam produtos de origem vegetal nas cidades de Nova
Xavantina e Cuiabá, no Estado de Mato Grosso, na região centro-oeste do Brasil. A
escolha das espécies ocorreu a partir das indicações dessas fontes, mas principalmente
pelas informações obtidas da medicina popular. Nestas entrevistas foram apontadas
aproximadamente 20 espécies vegetais com potencial tônico, com destaque para
Heteropterys aphrodisiaca e Anemopaegma arvense, as duas espécies nativas do
cerrado com o uso mais difundido e, portanto, selecionadas como de interesse para
estudos morfométricos associados à espermatogênese.
As coletas de raízes de H. aphrodisiaca e A. arvense foram realizadas nos
Cerrados de Nova Xavantina, identificadas por botânicos e amostras das espécies foram
depositadas no Herbário VIC da Universidade Federal de Viçosa, e registradas com os
números 21.300 e 31.880 para H. aphrodisiaca e A. arvense, respectivamente.
2.2. Preparo das infusões
As raízes de ambas as plantas foram secas em temperatura ambiente, protegidas
da incidência direta da luz solar. Em seguida, foram trituradas e usadas para o preparo
das infusões. Para isto, frações de 12,5 e 25 g foram pesadas em balança digital, das
quais foram preparadas infusões em 100 mL de água destilada em ponto de fervura,
obtendo-se assim, duas concentrações de cada planta. As infusões permaneciam em
repouso por um período de quatro horas, sendo posteriormente filtradas e armazenadas
em geladeira, por até quatro dias como solução-estoque. Após este período,
desprezavam-se o produto excedente sendo preparadas novas extrações.
Para o preparo das concentrações em forma de infusão, tanto de
H. aphrodisiaca, quanto de A. arvense para os tratamentos ad libitum, foram utilizados
20 mL do extrato de menor concentração diluídos a 80 mL de água, perfazendo 100 mL
disponibilizados diariamente a cada animal.
83
O preparo dos extratos, tempo de armazenamento e dosagens foram
estabelecidas e adaptadas a partir das indicações mencionadas pela medicina popular,
obtidas por meio das entrevistas.
2.3. Animais e grupos experimentais
Os procedimentos experimentais envolvendo os animais seguiram estritamente
os protocolos indicados pelas normas para o uso de animais em ensino, pesquisa e
extensão, do Departamento de Veterinária da Universidade Federal de Viçosa (2006).
Foram utilizados 72 ratos Wistar machos albinos (Ratus rattus) em idade reprodutiva
(100 dias), pesando entre 310 e 330 g, provenientes do Biotério Central do CCBS da
Universidade Federal de Viçosa, mantidos em condições controladas de temperatura
(22ºC) e com fotoperíodo de 12 horas claro e escuro respectivamente. Os extratos foram
administrados aos animais por dois métodos, gavagem e ad libitum. Os animais foram
distribuídos da seguinte forma: grupo I: 12 animais; grupo II: 15 animais; grupo III: 15
animais: grupo IV: 10 animais; grupo V: 10 animais; grupo VI: 5 animais; e grupo VII:
5 animais. Os animais foram alimentados com ração comercial e a água para os grupos
tratados por meio de gavagem foram oferecidas livremente. Para os animais dos grupos
VI e VII, tratados ad libitum e mantidos em gaiolas individuais, a água foi substituída
pelas infusões.
2.4. Tratamentos
Sessenta e dois animais foram submetidos diariamente, durante 56 dias, à
gavagem, sendo que os animais do grupo I (controle) (n = 12) receberam 0,5 mL/dia de
solução salina; animais do grupo II (n = 15) receberam 0,5 mL/dia de infusão de
A. arvense na concentração de 12,5 g/100 mL de água; animais do grupo III (n = 15)
receberam 0,5 mL/dia de infusão H. aphrodisiaca na concentração de 12,5 g/100 mL de
água (infusão A); animais do grupo IV (n = 10) receberam 0,5 mL/dia de infusão de
A. arvense na concentração de 25 g/100 mL de água; animais do grupo V (n = 10)
receberam 0,5 mL/dia de infusão de H. aphrodisiaca na concentração de 25 g/100 mL de
água (infusão B).
Dez animais foram tratados pelo método ad libitum, sendo que, para os animais
do grupo VI (n = 5) tratados com a infusão de A. arvense e grupo VII (n = 5) tratados
84
com a infusão de H. aphrodisiaca foram disponibilizados 20 mL das infusões A,
diluídas em 80 mL de água, totalizando 100 mL, que foram oferecidos diariamente a
cada animal (infusão C). Após período de 24 horas a quantidade ingerida por cada
animal era mensurada e uma nova dosagem disponibilizada.
2.5. Coleta e preparação histológica
Ao término do período experimental, os animais foram pesados e eutanasiados
de acordo com as normas descritas na Resolução no 714, de 20 de junho de 2002, do
Conselho Federal de Medicina Veterinária-CFMV, que dispõe sobre procedimentos e
métodos de eutanásia em animais. Em seguida, foram removidos os testículos e as
glândulas vesiculares, que foram pesados em balança de precisão (0,001 g). Com o peso
dos testículos foi possível calcular o índice gonadossomático, o qual se refere á
proporção do peso corporal alocado em massa testicular.
Ambos os testículos foram fixados por imersão em solução de Karnovsky.
Aleatoriamente, testículos direito ou esquerdo foram armazenados para posterior
dissecação e pesagem da albugínea. Fragmentos do testículo contralateral foram
submetidos à desidratação em concentrações crescentes de etanol (50º, 70º, 80º, 90º, 95º
e 100º GL) por 40 minutos cada, sendo posteriormente incluídos em resina
glicolmetacrilato Historesin® (Leica). Foram obtidas secções histológicas de 3 µm de
espessura em micrótomo rotativo (Reichert-Jung, Alemanha) equipado com navalha de
vidro. As secções foram coradas com azul de toluidina-borato de sódio 1 % e analisadas
em microscópio Olympus AX-70. Imagens do parênquima testicular foram obtidas e
analisadas por meio do programa Image Pro Plus associado ao microscópio Olympus
AX-70, no Laboratório de Anatomia Vegetal do Departamento de Biologia Vegetal da
Universidade Federal de Viçosa.
2.6. Análise microscópica
A proporção volumétrica (%) e volumes foram estimados por meio da contagem
de um total de 4.320 pontos projetados sobre imagens capturadas em dez campos
aleatoriamente, distribuídos nos diferentes cortes histológicos do testículo de cada
animal. Para tal, utilizou-se um retículo de 432 intersecções (pontos), em imagens
capturadas com aumento de 400 vezes. O volume tubular e do tecido intertubular foram
85
estimados a partir do percentual ocupado por estes componentes no testículo, e o
volume total do parênquima testicular foi considerado como peso total do testículo
descontando-se o peso da albugínea testicular. O peso dos diferentes componentes
testiculares foi considerado como volume uma vez que a densidade volumétrica do
testículo de mamífero está em torno de 1 (1,046) (Johnson et al., 1981).
A população de espermátides arredondadas foi computada em dez secções
transversais de túbulos no estádio 1 do ciclo do epitélio seminífero (Berndtson, 1977),
em cada animal e corrigida para o diâmetro nuclear e espessura do corte histológico
através da fórmula de Abercrombie (1946), modificada por Amann & Almquist (1961).
O diâmetro médio dos túbulos foi mensurado através do programa Image Pro Plus, em
dez secções transversais de túbulos seminíferos, o mais circular possível, em cada
animal. Nas mesmas secções transversais foram realizadas mensurações da espessura do
epitélio seminífero, da membrana basal até a borda luminal. O comprimento tubular
total foi obtido por meio da fórmula do volume do cilindro considerando-se: o
comprimento tubular = volume de túbulos seminíferos/área da secção transversal do
túbulo seminífero. Para o cálculo da área da secção transversal do túbulo utilizou-se a
fórmula πr2, em que “r” representa o raio do túbulo. A reserva espermática testicular foi
obtida multiplicando-se a população de espermátides arredondadas por secção
transversal pelo comprimento total do túbulo seminífero. Dividindo-se a reserva
espermática testicular pela duração do ciclo do epitélio seminífero (12,8 dias, van
Haaster & De Rooij, 1993) foi calculado a produção espermática diária.
2.7. Análises estatísticas
Análise de variância seguida de teste de Duncan (5 % de significância) foi
utilizada para avaliar variações dos parâmetros estudados nos grupos-controle e
tratados. Os valores dos parâmetros estão representados pelas médias, desvios-padrão e
coeficiente de variação.
86
3. Resultados
3.1. Pesos e índice gonadossomático
Os valores médios de peso corporal dos animais dos grupos tratados foram maiores
comparados com a média apresentada no grupo-controle (p < 0,05), com exceção do grupo
II que foi semelhante aos animais-controle (p > 0,05) (Tabela 1). Entre os tratamentos
também foram registradas variações, pois o grupo IV, tratado com a maior concentração de
A. arvense, apresentou a maior média entre os grupos submetidos à gavagem, porém
diferindo somente quando comparado com os grupos II e III tratados com as menores
dosagens de A. arvense e H. aphrodisiaca, respectivamente (p < 0,05), e semelhante aos
animais do grupo V, tratados com a maior concentração de H. aphrodisiaca (p > 0,05). Os
animais do grupo V apresentaram massa corporal semelhante aos animais do grupo III,
tratados com a menor concentração de H. aphrodisiaca (p > 0,05) e diferiram dos animais
do grupo II tratados com A. arvense em sua menor concentração (p < 0,05). Da mesma
forma, os animais dos grupos VI e VII tratados com as infusões de A. arvense e
H. aphrodisiaca apresentaram, respectivamente, as maiores diferenças em relação aos
demais tratamentos (p < 0,05), não mostrando diferenças entre si (p > 0,05).
O peso médio dos testículos foi maior nos grupos tratados se comparado com os
valores médios obtidos no grupo-controle. Os animais tratados por gavagem com as
maiores concentrações de A. arvense (grupo IV) e H. aphrodisiaca (grupo V),
apresentaram as maiores médias, porém somente nos animais do grupo V, as diferenças
foram significativas em relação aos grupos-controle (p < 0,05). Variações também foram
registradas do grupo V para os tratados dos grupos II e III (p < 0,05). Já nos grupos VI e
VII, tratados com as infusões de A. arvense e H. aphrodisiaca, respectivamente, os
valores médios obtidos apresentaram as maiores diferenças em relação aos gruposcontrole (p < 0,05). Diferenças também foram registradas entre os tratamentos, sendo
maiores nos grupos VI e VII comparados com os animais tratados com as menores
concentrações das duas plantas, grupos II e III e ao grupo IV tratado com a maior
concentração de A. arvense (p < 0,05). Nos animais tratados ad libitum não foram
registradas variações estatísticas entre si (p > 0,05) (Tabela 1).
Os maiores valores do peso da albugínea testicular foram observados nos
animais tratados com A. arvense, nas duas concentrações utilizadas por gavagem
(grupos II e IV), e nos grupos (VI e VII) tratados com as infusões das duas espécies
87
comparados com os valores apresentados pelo grupo-controle e os registrados nos
grupos III e V tratados por gavagem com extrato de H. aphrodisiaca (p < 0,05). Já entre
os animais tratados com H. aphrodisiaca, nas duas concentrações utilizadas por
gavagem (grupos III e V) não foram registradas diferenças entre si e destes para os
animais do grupo-controle (p > 0,05) (Tabela 1).
Tabela 1 – Pesos (g) corporal (PC), testicular (PT), da albugínea (PA), do parênquima
testicular (PPT), da glândula vesicular (PGV) e índice gonadossomático
(IGS) de ratos Wistar adultos após tratamento durante 56 dias com extratos
de raízes de Heteropterys aphrodisiaca e Anemopaegma arvense
Tratamentos
Peso Corporal
Peso dos
Testículos
Peso da
Albugínea
Peso do
Parênquima
Testicular
Peso da
Glândula
Vesicular
IGS (%)
Grupo I
CV
333,9±19,19 a
(5,74)
2,855±0,16 a
(5,90)
0,047±0,009 a
(19,59)
2,812±0,16 a
(5,97)
2,386±0,39 a
(16,70)
0,843±0,07 a
(8,34)
Grupo II
CV
340,0±13,62 a
(4,00)
2,901±0,12 a
(4,56)
0,072±0,01 b
(15,69)
2,828±0,13 a
(4,68)
2,389±0,35 a
(15,20)
0,850±0,05 a
(6,78)
Grupo III
CV
353,4±11,70 b
(3,31)
2,956±0,26 a
(8,91)
0,050±0,009 a
(13,78)
2,905±0,25 a
(9,13)
2,634±0,20 a b
(7,90)
0,837±0,08 a
(10,36)
Grupo IV
CV
371,0±14,68 c
(3,95)
3,034±0,28 a b
(9,27)
0,068±0,020 b
(30,19)
2,966±0,27 a b
(9,34)
2,523±0,17 a b
(6,90)
0,818±0,08 a
(9,93)
Grupo V
CV
363,0±18,13 b c
(4,99)
3,170±0,20 b
(6,33)
0,051±0,008 a
(16,11)
3,123±0,19 b
(6,28)
2,560±0,26 a b
(10,20)
0,875±0,06 a
(8,34)
Grupo VI
CV
461±11,40 d
(2,47)
3,367±0,20 b
(7,19)
0,079±0,005 b
(6,82)
3,288±0,19 b
(6,06)
2,925±0,32 b
(11,48)
0,731±0,03 b
(4,21)
Grupo VII
CV
453±15,65 d
(3,45)
3,252±0,16 b
(4,85)
0,078±0,003 b
(4,0)
3,173±0,15 b
(5,01)
3,012±0,47 b
(15,99)
0,720±0,01 b
(1,90)
Médias seguidas por letras iguais nas colunas, não diferem significativamente, teste de Duncan (p < 0,05).
Dados expressos em médias ± dp. cv = coeficiente da variação.
Grupo I: controle: tratado com 0,5 mL/dia de solução salina; Grupo II: tratado com 0,5 mL/dia de
A. arvense (menor concentração); Grupo III: tratado com 0,5 mL/dia de H. aphrodisiaca (menor
concentração); Grupo IV: tratado com 0,5 mL/dia de A. arvense (maior concentração); Grupo V: tratado
com 0,5 mL/dia de H. aphrodisiaca (maior concentração); Grupo VI: tratado com a infusão ad libitum de
A. arvense e Grupo VII: tratado com a infusão ad libitum de H. aphrodisiaca.
O peso do parênquima testicular mostrou o mesmo comportamento do peso dos
testículos. Deste modo, os valores registrados nos grupos submetidos às maiores
dosagens via gavagem, tanto de A. arvense (grupo IV) quanto de H. aphrodisiaca
(grupo V), apresentaram as maiores médias, sendo significativa apenas nos animais
tratados com H. aphrodisiaca (p < 0,05). Da mesma forma, os valores médios do peso
do parênquima registrados nos grupos VI e VII, tratados com as infusões ad libitum,
foram maiores em relação ao controle (p < 0,05), aos grupos II e IV tratados com as duas
concentrações de A. arvense e ao grupo III tratado com a menor dosagem de
H. aphrodisiaca (p < 0,05) (Tabela 1).
88
O valor médio do peso da glândula vesicular foi maior nos animais tratados que
no grupo-controle sendo, porém significativo nos grupos VI e VII tratados com as infusões
das duas plantas (p < 0,05) (Tabela 1). Os animais do grupo II, tratados com extrato de
A. arvense em sua menor concentração, apresentaram valores semelhantes aos
observados no grupo-controle (p > 0,05). Aumentos médios de 5,80 % deste órgão foram
registrados nos animais do grupo IV, tratados por gavagem com o extrato de A. arvense
em sua maior concentração e de 10,4 e 7,35 % nos animais tratados pelo mesmo método
com extrato de H. aphrodisiaca, na menor e maior concentração (grupos III e V),
respectivamente (p > 0,05). Por outro lado, os animais tratados com as infusões ad
libitum de H. aphrodisiaca e A. arvense apresentaram aumentos médios de 26,24 e
22,59 %, respectivamente, em relação ao grupo-controle (p < 0,05).
O índice gonadossomático (IGS) que expressa o percentual de massa corporal
alocada em testículos, não variou estatisticamente entre os animais-controle e tratados
por gavagem, com A. arvense ou H. aphrodisiaca (p > 0,05). Já os animais submetidos
aos tratamentos com infusões ad libitum das duas espécies, apresentaram índice menor
que os demais grupos estudados (p < 0,05) (Tabela 1).
3.2. Proporção volumétrica e volumes tubular e do tecido intertubular
A proporção volumétrica de túbulos seminíferos mostrou que os valores médios
foram menores nos animais tratados com H. aphrodisiaca nas duas concentrações
utilizadas por gavagem (grupos III e V), bem como nos animais tratados com as
infusões das duas plantas (grupos VI e VII), comparados com os valores observados nos
demais grupos (p < 0,05). Já os valores médios registrados para o volume do túbulo
seminífero, embora com variações em suas médias, estas não foram significativas
(p > 0,05) (Tabela 2).
As médias observadas para a proporção de tecido intertubular foram maiores nos
grupos III e V tratados por gavagem com as duas concentrações do extrato de
H. aphrodisiaca quando comparados ao grupo-controle e aos tratados igualmente por
gavagem com o extrato de A. arvense nas duas concentrações (II e IV) (p < 0,05). Da
mesma forma, as médias apresentadas pelos animais tratados com as infusões ad libitum
das duas plantas, mostraram aumentos na proporção volumétrica e no volume
intertubular quando comparadas com as médias do grupo-controle e dos animais
tratados com as duas dosagens do extrato de A. arvense (p < 0,05) (Tabela 2).
89
Tabela 2 – Proporção volumétrica de túbulo seminífero (PVTS), volume tubular (VT),
proporção volumétrica do tecido intertubular (PVTI) e volume intertubular
(VI) de ratos Wistar adultos tratados com extratos de raízes de Heteropterys
aphrodisiaca e Anemopaegma arvense
Tratamentos
PVTS (%)
VT (mL)
PVTI (%)
VI (mL)
Grupo I
CV
84,00±5,67 a
(6,75)
2,36±018 a
(7,80)
15,99±5,67 a
(3,21)
0,45±016 a
(6,53)
Grupo II
CV
83,40±6,51 a
(7,80)
2,35±0,11 a
(4,64)
16,59±6,51 a
(3,92)
0,47±0,30 a
(6,51)
Grupo III
CV
79,31±1,43 b
(1,80)
2,30±0,21 a
(9,17)
20,68±1,42 b
(6,89)
0,60±0,71 b
(11,89)
Grupo IV
CV
83,62±3,78 a
(4,52)
2,47±0,18 a
(7,36)
16,38±3,78 a
(2,34)
0,49±0,14 a
(9,73)
Grupo V
CV
78,89±5,96 b
(7,56)
2,46±0,19 a
(8,12)
21,11±5,96 b
(3,69)
0,66±0,21 b
(6,38)
Grupo VI
CV
80,24±2,59 b
(3.00)
2,63±0,20 a
(7,58)
19,76±2,59 b
(2,26)
0,65±0,83 b
(12,93)
Grupo VII
CV
81,61±8,89 b
(2,09)
2,59±0,14 a
(5,61)
18,39±2,88 b
(4,83)
0,59±0,58 b
(5,02)
Médias seguidas por letras iguais nas colunas, não diferem significativamente, teste de Duncan (p < 0,05).
Dados expressos em médias ± dp. cv = coeficiente da variação.
Grupo I: controle: tratado com 0,5 mL/dia de solução salina; Grupo II: tratado com 0,5 mL/dia de
A. arvense (menor concentração); Grupo III: tratado com 0,5 mL/dia de H. aphrodisiaca (menor
concentração); Grupo IV: tratado com 0,5 mL/dia de A. arvense (maior concentração); Grupo V: tratado
com 0,5 mL/dia de H. aphrodisiaca (maior concentração); Grupo VI: tratado com a infusão ad libitum de
A. arvense e Grupo VII: tratado com a infusão ad libitum de H. aphrodisiaca.
3.3. Diâmetro tubular, espessura do epitélio, população de células de Sertoli e
comprimento tubular
O valor médio de diâmetro do túbulo seminífero registrado no grupo-controle
apresentou-se menor quando comparado com os grupos tratados (p < 0,05) (Tabela 3).
Entre os tratamentos, os animais que receberam por gavagem extrato de
H. aphrodisiaca, em sua menor concentração (grupo III), apresentaram valor médio
semelhante àquele observado no grupo tratado com o extrato da mesma planta, em sua
maior concentração (grupo V), porém menor que os valores observados no grupo IV,
tratado por gavagem com extrato de A. arvense na maior concentração utilizada. Os
valores médios dos grupos VI e VII, tratados com extratos de A. arvense e
H. aphrodisiaca,
respectivamente,
com
as
infusões
ad
libitum
oferecidas
continuamente, foram maiores que o grupo-controle e com os animais do grupo III
(p < 0,05) e não apresentaram variações estatísticas entre si (p > 0,05) (Tabela 3).
90
Tabela 3 – Diâmetro tubular (DT), espessura do epitélio seminífero (EES), população
corrigida de célula de Sertoli (PCS)/secção transversal, comprimento de
túbulo seminíferos em metros (CTSM) e comprimento de túbulos por grama
de testículo (CTGT) de ratos Wistar adultos após tratamento com extratos
de raízes de Heteropterys aphrodisiaca e Anemopaegma arvense
Tratamentos
DT (µm)
EES (µm)
PCS (µm)
CTSM (m)
CTGT (m)
Grupo I
CV
301,89±1,84 a
(0,61)
69,32±1,12 a
(1,62)
8,23±0,79 a
(9,61)
32,98±2,74 a
(8,31)
11,56±0,82 a
(7,13)
Grupo II
CV
335,06±13,68 c
(4,08)
80,47±1,64 c
(2,04)
8,06±0,70 a
(8,76)
26,91±2,82 b
(10,49)
9,26±0,76 b
(8,25)
Grupo III
CV
325,64±4,69 b
(1,44)
75,12±1,26 b
(1,68)
8,23±0,61a
(7,46)
27,69±2,70 b
(9,76)
9,36±0,38 b
(4,07)
Grupo IV
CV
337,83±11,26 c
(3,33)
108,95±7,21 e
(6,62)
8,31±0,57 a
(6,87)
27,69±2.72 b
(9,85)
9,14±0,76 b
(8,34)
Grupo V
CV
330,90±14,94 b c
(4,52)
103,88±5,48 d
(5,28)
8,44±0,57 a
(6,81)
28,80±3,30 b
(11,48)
9,11±1,20 b
(13,23)
Grupo VI
CV
341,78±11,29 c
(3,30)
105,59±5,13 d
(4,86)
8,53±0,81 a
(9,51)
28,73±5,96 b
(2,07)
8,55±0,36 b
(4,26)
GrupoVII
CV
345,07±13,40 c
(3,88)
103,27±3,55 d
(3,44)
8,55±1,46 a
(17,03)
27,85±3,40 b
(12,22)
8,54±0,71 b
(8,37)
Médias seguidas por letras iguais nas colunas, não diferem significativamente, teste de Duncan (p < 0,05).
Dados expressos em médias ± dp. cv = coeficiente da variação.
Grupo I: controle: tratado com 0,5 mL/dia de solução salina; Grupo II: tratado com 0,5 mL/dia de
A. arvense (menor concentração); Grupo III: tratado com 0,5 mL/dia de H. aphrodisiaca (menor
concentração); Grupo IV: tratado com 0,5 mL/dia de A. arvense (maior concentração); Grupo V: tratado
com 0,5 mL/dia de H. aphrodisiaca (maior concentração); Grupo VI: tratado com a infusão ad libitum de
A. arvense e Grupo VII: tratado com a infusão ad libitum de H. aphrodisiaca.
O valor médio da espessura do epitélio seminífero encontrado nos grupos
tratados foi maior (p < 0,05) que aqueles registrados para os animais do grupo-controle
(Tabela 3). Os grupos tratados com as maiores concentrações de A. arvense (grupo IV)
e de H. aphrodisiaca (grupo V) apresentaram os maiores valores registrados para
espessura do epitélio seminífero, sendo que o grupo IV apresentou valor superior a
todos os demais grupos submetidos à gavagem (p < 0,05). Já o grupo V apresentou
espessura média do epitélio seminífero maior que o observado nos animais tratados com
as menores concentrações de ambas as plantas (p < 0,05). Os animais tratados com as
infusões de A. arvense (grupo VI) e H. aphrodisiaca (grupo VII) mostraram valores
médios maiores que aqueles dos grupos II e III tratados com as menores concentrações
das mesmas plantas (p < 0,05), e não evidenciaram diferenças estatísticas entre si
(p > 0,05) (Tabela 3).
91
A população corrigida de célula de Sertoli dos grupos-controle e os tratados com
as diferentes concentrações dos extratos administrados tanto por gavagem quanto por
infusão, não apresentaram variações entre si (p > 0,05) (Tabela 3).
O comprimento dos túbulos seminíferos, em metros e por grama de testículo, foi
maior nos animais do grupo-controle em relação aos grupos tratados (p < 0,05). Já as
médias obtidas entre os animais tratados por gavagem e por meio das infusões não
apresentaram diferenças significativas entre si (p > 0,05) (Tabela 3).
3.4. População de AR, reserva e produção espermática
A população média de espermátides arredondadas por secção transversal foi
menor no grupo-controle que o valor médio registrado nos demais grupos estudados.
Entretanto, esta diferença só se mostrou significativamente menor quando comparadas
aos grupos IV e V tratados por gavagem com as maiores concentrações de A. arvense e
H. aphrodisiaca (p < 0,05), e comparada aos grupos VI e VII tratados com as infusões
ad libitum das mesmas plantas, respectivamente (p < 0,05). Entre os grupos tratados
com as maiores concentrações por gavagem e os tratados com as infusões ad libitum,
não foram registradas variações entre si (p > 0,05) (Tabela 4).
A reserva espermática testicular (RET) é um parâmetro representativo do
número total de espermátides arredondadas encontradas no túbulo seminífero a cada
ciclo do epitélio seminífero. No presente trabalho, a média do grupo-controle foi maior
(p < 0,05) que os valores expressos nos grupos tratados nas diferentes concentrações
utilizadas, tanto pelo método de gavagem, administrados aos grupos II, III, IV e V
quanto pelo método das infusões ad libitum dos grupos VI e VII. Da mesma forma, os
valores registrados para a reserva espermática testicular por grama de testículo
mostraram a mesma tendência, sendo maior no grupo-controle comparado com os
demais grupos estudados (p < 0,05) (Tabela 4).
A produção espermática diária total e a produção espermática diária por grama
de testículo foram menores em todos os tratamentos, comparados com a média
observada no grupo-controle (p < 0,05). Sendo similar aos dados registrados para a
reserva espermática total e por grama de testículo, os grupos tratados mostraram médias
sempre menores que as registradas no grupo-controle (p < 0,05), não apresentando
variações significativas entre os diferentes tratamentos com H. aphrodisiaca e com
A. arvense (p > 0,05).
92
Tabela 4 – População de espermátide arredondada por secção transversal (PAR/ST),
reserva espermática testicular total por ciclo do epitélio seminífero (RETT),
reserva espermática testicular por grama de testículo (RET/g), produção
espermática diária total (PEDT) e produção espermática diária por grama de
testículo (PED/g) em ratos Wistar adultos tratados com extratos de raízes de
Heteropterys aphrodisiaca e Anemopaegma arvense
Tratamentos
PAR/ST
RETT (106)
RET/g (106)
PEDT (106)
PED/g (106)
Grupo I
CV
86,44±1,58 a
(1,82)
949±70 a
(7,46)
332±21 a
(6,50)
74±5 a
(7,45)
26±2 a
(6,50)
Grupo II
CV
88,39±1,62 a b
(1,83)
792±87 b
(11,09)
273±24 b
(9,04)
62±7 b
(11,09)
21±2 b
(9,04)
Grupo III
CV
89,02±2,58 a b
(2,90)
820±76 b
(9,31)
278±13 b
(4,76)
64±6 b
(9,31)
22±1 b
(4,77)
Grupo IV
CV
89,93±2,09 b
(4,76)
832±66 b
(8,01)
275±23 b
(8,14)
65±5 b
(8,01)
21±2 b
(8,14)
Grupo V
CV
90,33±4,30 b
(2,23)
863±102 b
(11,91)
273±37 b
(13,83)
67±8 b
(11,91)
21±3 b
(13,83)
Grupo VI
CV
90,24±2,12 b
(2,35)
864±59 b
(6,85)
257±15 b
(5,89)
67±5 b
(6,80)
20±1 b
(5,89)
Grupo VII
CV
91,24±3,75 b
(4,11)
845±88 b
(10,45)
260±21 b
(8,21)
66±7 b
(10,45)
20±2 b
(8,21)
Médias seguidas por letras iguais nas colunas, não diferem significativamente, teste de Duncan (p < 0,05).
Dados expressos em médias ± dp. cv = coeficiente da variação.
Grupo I: controle: tratado com 0,5 mL/dia de solução salina; Grupo II: tratado com 0,5 mL/dia de
A. arvense (menor concentração); Grupo III: tratado com 0,5 mL/dia de H. aphrodisiaca (menor
concentração); Grupo IV: tratado com 0,5 mL/dia de A. arvense (maior concentração); Grupo V: tratado
com 0,5 mL/dia de H. aphrodisiaca (maior concentração); Grupo VI: tratado com a infusão ad libitum de
A. arvense e Grupo VII: tratado com a infusão ad libitum de H. aphrodisiaca.
4. Discussão
Os animais tratados por meio de gavagem com H. aphrodisiaca (grupos III e V),
os tratados com a maior dosagem de A. arvense (grupo IV) e os grupos que receberam
as infusões das mesmas plantas ad libitum (grupo VI e VII) apresentaram aumentos no
peso corporal quando comparados aos animais do grupo-controle. Da mesma forma,
efeito positivo sobre a massa corporal foram registrados em grupos de ratos Wistar
tratados com extratos de Hibiscus macranthus e Basella alba (Moundipa et al., 1999).
Resultados similares quanto ao aumento de peso corporal também foram registrados em
animais tratados diariamente com 200 mg/kg de extrato de Martinia annua, após 60
dias consecutivos de tratamento (Mali, 2002). Por outro lado, ratos que receberam
extrato de sementes de Abrus precatorius durante 60 dias (Sinha, 1990), 50 mg/kg de
saponina extraída de planta Albizia lebbeck durante 60 dias consecutivos (Gupta et al.,
93
2005) e extrato hidroalcoólico de Mentha crispa administrado por 30 dias consecutivos
(Dimech et al., 2006) não mostraram variações na massa corporal.
Resultados antagônicos aos registrados no presente estudo foram obtidos em
grupos de ratos tratados com diferentes concentrações do extrato de Hibiscus sabdariffa
nos quais houve diminuição da massa corporal após 12 semanas de tratamento
(Orisakwe et al., 2004).
Existe uma correlação entre a produção espermática e o peso testicular (Amann,
1970), e segundo Russell et al. (1990) e França & Russell (1998) pode ser usada como
um indicador quantitativo da produção espermática. Porém, não necessariamente, o
tamanho do testículo deve acompanhar proporcionalmente o tamanho corporal. De
maneira geral, a quantidade de espermatozóides produzidos é sempre muito maior que o
número necessário para a fecundação (França & Russell, 1998; Paula et al., 1999). Para
que um aumento testicular resulte em aumento dos espermatozóides, este deverá ocorrer
na porção gametogênica testicular que é formada especificamente pelos túbulos
seminíferos. Aumentos da massa testicular com ganhos somente na porção androgênica,
não refletem em incremento da reserva e produção espermática, embora exista clara
correlação funcional entre os compartimentos tubular e intertubular (Skinner, 1991;
Daduone & Demoulin, 1993; Jégou, 1993; Russell et al., 1994; Griswold, 1995; Schlatt
et al., 1997; França & Russell, 1998).
No tratamento com H. aphrodisiaca, em sua maior concentração por meio da
gavagem, e nos grupos tratados com as infusões ad libitum, constatou-se aumentos no
peso médio de ambos os testículos. Resultados similares foram observados em ratos
tratados com extrato de Hibiscus macranthus e Basella alba (Moundipa et al., 1999),
Cynomorium coccineum (Abdel-Magied et al., 2001), Lepidium meyenii (Gonzales et
al., 2001), Rubus coreanus (Sook Oh et al., 2007), Fadogia agrestis (Yakubu et al.,
2008a) e Massularia acuminata (Yakubu et al., 2008b) que apresentaram valores
maiores que os respectivos animais-controle. Por outro lado, estudos com extratos da
semente de Abrus precatorius (Sinha, 1990), extratos de Betula alnoides, Barleria
strigosa, Polygala chinensis, Desmodium renifolium, Sphenodesme pentandra, Myrica
esculenta e Pothos cathcartii (Wanichacheewa et al., 2001) não demonstraram efeitos
sobre a massa testicular. Da mesma forma, animais tratados com extrato hidroalcoólico
de Mentha crispa (Dimech et al., 2006), e ratos que receberam extrato preparado a
partir de material seco de Andrographis paniculata nas doses de 20, 200 e 1.000 mg/kg
durante 60 dias (Burgos et al., 1997) também não mostraram variações sobre o peso
94
testicular entre os animais tratados e controles. Por outro lado, efeitos deletérios sobre a
massa testicular foram registrados em animais que receberam extratos de Striga
orobanchioides (Hiremath et al., 1997), Momordica charantia (Nassem et al., 1998),
Stevia rebaudiana (Melis, 1999), Barleria prionitis (Gupta et al., 2000), Martynia
annua (Mali et al., 2002), Albizia lebbeck (Gupta et al., 2005) e Aegle marmelos
(Chauhan et al., 2007) apresentando diminuição no peso testicular comparados com os
animais-controle dentro de cada tratamento.
O valor médio do índice gonadossomático encontrado nos cinco grupos
submetidos à gavagem, foi de aproximadamente 0,85 %, semelhante ao encontrado em
ratos tratados com sementes de Stryphnodendron polyphyllum 0,94 % (Peters et al.,
1985) e Martynia annua 0,91 % (Mali et al., 2002) e menor que o índice apresentado
por animais tratados com gangetina, extraída da espécie Desmodium gangeticum 1,10 %
(Latha et al., 1997) e piperina obtida da planta Piper longum 1,07 % (Malini et al.,
1999).
Apesar do aumento no peso dos testículos dos animais tratados em relação ao
grupo-controle o índice gonadossomático não foi alterado entre os cinco grupos tratados
por gavagem, uma vez que houve aumento proporcional no peso corporal. Nos animais
tratados com as infusões das duas plantas ad libitum (grupos VI e VII), apesar de um
grande aumento no peso testicular, o incremento da massa corporal foi muito superior e
assim, o índice gonadossomático apresentou-se menor que os registrados nos demais
grupos tratados e controle. Em ratos que receberam gangetina, substância isolada das
raízes de Desmodium gangeticum, também foi observada uma diminuição no índice
gonadossomático, porém influenciada por uma redução significativa no peso dos
testículos e aumento no peso corporal (Latha et al., 1997).
O parênquima testicular representa a porção produtiva do testículo e de acordo
com Amann (1970), Fawcett et al. (1973), Amann & Schambacher (1983) e Russell et
al. (1990) pode ser dividido em dois compartimentos: o gametogênico formado pelos
túbulos seminíferos e o androgênico composto pelo tecido intertubular. O
compartimento tubular é o mais representativo na maioria dos animais investigados
(Paula & Cardoso, 1994, França & Russell, 1998). Embora a proporção volumétrica e o
volume total da albugínea testicular tenham aumentado nos grupos tratados por
gavagem com A. arvense (grupos II e IV) e nos animais tratados com as duas plantas
por meio das infusões ad libitum (grupos VI e VII), este foi proporcional ao aumento
observado para o volume do parênquima testicular. O incremento observado no peso
95
testicular registrado nos seis grupos tratados está diretamente relacionado a um aumento
do tecido intertubular, o qual foi maior nos grupos tratados com H. aphrodisiaca e no
grupo tratado com A. arvense ad libitum. Já o volume do túbulo seminífero não variou
entre os grupos estudados.
A porção endócrina do testículo de mamíferos é representada pelas células de
Leydig, as quais, juntamente com células conjuntivas, leucócitos, vasos sanguíneos e
linfáticos, formam o tecido intertubular (Sharpe, 1994; Hales, 2002). A testosterona,
principal produto das células de Leydig, é o principal hormônio produzido no
compartimento androgênico e certa concentração deste andrógeno é requerida para a
iniciação e manutenção da espermatogênese e para a estimulação, crescimento e função
das glândulas acessórias dos órgãos reprodutivos (Yakubu et al., 2008a). Segundo Costa
& Paula (2006) os níveis séricos de testosterona em capivaras são positivamente
correlacionados com o volume da célula de Leydig. Castro et al. (2002) relatam ainda
que o aumento no nível da testosterona plasmática e testicular ocorre como uma
consequência do aumento na população de células de Leydig. A testosterona endógena
apresenta efeitos anabólicos corporais além de correlacionar-se positivamente com o
volume das glândulas vesiculares em ratos adultos (Souza et al., 2005). No presente
trabalho o peso médio das glândulas vesiculares aumentou nos grupos tratados em
relação ao grupo-controle, sendo maior nos grupos submetidos aos extratos de
A. arvense e H. aphrodisiaca por meio das infusões ad libitum (grupos VI e VII). Da
mesma forma, o peso corporal dos animais dos grupos tratados foi maior que no grupocontrole, o que pode ser devido a um efeito anabolizante sobre a massa corporal. Este
fato pode ser associado ao aumento no peso das glândulas vesiculares, provavelmente
sendo um reflexo direto do aumento nos níveis de testosterona sérica, devido ao
aumento registrado no volume do tecido intertubular nos animais tratados.
Aumentos similares aos obtidos no presente trabalho, quanto ao peso das
glândulas vesiculares, foram observados em ratos tratados com extratos de Momordica
charantia (Naseem et al., 1998) e Rosmarinus officinalis (Silveira e Sá et al., 2006). Da
mesma forma, ratos tratados com extratos de Hibiscus macranthus e Basela alba
(Moundipa et al., 1999) mostraram aumentos no peso da glândula vesicular e das
concentrações plasmáticas de testosterona. Animais tratados com extrato de Massularia
acuminata (Yakubu et al., 2008b) mostraram além do incremento da glândula vesicular
e aumentos das concentrações plasmáticos de testosterona, correlação dose-dependente,
concluindo que a planta possui potencial androgênico. Por outro lado, animais tratados
96
com extratos de Andrographis paniculata (Burgos et al., 1997), de Desmodium
gangeticum (gangetina) (Latha et al., 1997) e diferentes concentrações do extrato de
Quassia amara (Parveen et al., 2003) não mostraram alterações no peso da glândula
vesicular.
Efeitos antagônicos aos registrados no presente estudo, ou seja, com ação
negativa sobre o peso da glândula vesicular também são vistos na literatura. Assim,
ratos tratados com extratos de Stevia rebaudiana (Melis, 1999), Barleria prionitis
(Gupta et al., 2000) e saponina, extraída da espécie vegetal Albizia lebbeck (Gupta et
al., 2005) mostraram diminuição do peso da glândula vesicular, associado à perda de
massa testicular. Da mesma forma, ratos que receberam substâncias das espécies
vegetais Striga orobanchioides (Hiremath et al., 1997), piperina (Malini et al., 1999),
Martynia annua (Mali et al., 2002), Aegle marmelos (Chauhan et al., 2007),
Dendrophthoe falcata (Gupta & Kachhawa, 2007) e Cananga odorata (Pankajakshy et
al., 2008) registraram perdas do peso da glândula vesicular e das concentrações
testicular e plasmático da testosterona, com severas alterações na fisiologia reprodutiva.
Embora exista relação entre a produção espermática e o peso testicular (Amann,
1970), e que esta relação possa ser usada como indicador quantitativo da produção
espermática, (Russell et al., 1990, França & Russell, 1998), os resultados do presente
trabalho confirmam que, aumentos da massa testicular não necessariamente estão
associados ao incremento do compartimento espermatogênico. Parâmetros mais
específicos classicamente utilizados na predição da produção espermática são o
diâmetro médio tubular e a espessura do epitélio seminífero, o comprimento total do
túbulo seminífero, a população de células germinativas por secção transversal do túbulo,
a proporção volumétrica de túbulos e o volume total de túbulos seminíferos (Amann,
1970; Fawcett et al., 1973; Amann & Schambacher, 1983; Russell & Peterson, 1984;
Russell et al., 1990; Paula & Cardoso, 1994; Sharpe, 1994; França & Russell, 1998 e
Paula et al., 1999). Porém, somente com a associação de todos estes parâmetros é
possível a real quantificação da produção espermática pela reserva espermática
testicular e da produção espermática diária.
No presente estudo, os animais tratados por gavagem com H. aphrodisiaca
(grupos III e V) e os tratados com extrato das duas plantas por meio das infusões ad
libitum (grupos VI e VII) apresentaram reduções na proporção volumétrica de túbulos
seminíferos em relação ao grupo-controle e aos demais tratamentos. Porém, nenhuma
variação foi observada quanto ao volume total de túbulos seminíferos nos diferentes
97
grupos. O diâmetro tubular e a espessura do epitélio seminífero apresentaram-se
maiores em todos os grupos tratados em relação ao grupo-controle. Da mesma forma,
ratos tratados com extratos de Hibiscus macranthus e Basella alba (Moundipa et al.,
1999), também mostraram efeitos positivos sobre o epitélio seminífero, aumentando por
secção transversal a população de células da linhagem espermatogênica. Por outro lado,
ratos tratados por via oral com extrato de sementes de Abrus precatorius durante 60 dias
(Sinha, 1990) e ratos tratados com extrato de folhas de Austroplenckia populnea por 70
dias (Mazaro et al., 2002) não apresentaram alterações no diâmetro do túbulo e no
epitélio seminífero. França et al. (2000) relatam que ratos Wistar que receberam
injeções de cimetidina em diferentes concentrações não apresentaram alterações no
diâmetro dos túbulos seminíferos, mas a altura do epitélio germinativo reduziu com o
aumento da dose.
Efeitos antagônicos aos registrados no presente trabalho quanto ao aumento do
diâmetro tubular e altura do epitélio seminífero, também são registrados na literatura.
Desta forma, ratos tratados com Striga orobanchioides (Hiremath et al., 1997), Barleria
prionitis (Gupta et al., 2000) e Albizia lebbeck (Gupta et al., 2005) mostraram
diminuições no diâmetro tubular e espessura do epitélio seminífero, promovendo
alterações prejudiciais sobre o compartimento espermatogênico. Perdas similares foram
também registradas em ratos albinos que receberam por via intraperitoneal extrato
alcoólico de Momordica charantia com redução no diâmetro tubular (Naseen et al.,
1998). Em ratos tratados com 800 mg/kg de extrato etanólico da espécie Maytenus
ilicifolia durante 30 dias consecutivos, foram constatadas alterações negativas sobre as
células do epitélio germinativo (Montanari et al., 1998). Em ratos albinos tratados com
piperina, além da redução no diâmetro tubular foram registradas também alterações
redutivas no comprimento total dos túbulos seminíferos (Malini et al., 1999).
Como não foi observada qualquer variação em relação ao volume total de
túbulos seminíferos no presente trabalho, o aumento verificado no diâmetro tubular
refletiu em redução do comprimento tubular total em metros e por grama de testículo
nos animais tratados. Por outro lado o aumento no diâmetro tubular refletiu também no
aumento da população de espermátides arredondadas por secção transversal de túbulo
no estádio 1 do ciclo do epitélio seminífero. Ratos que receberam por via oral extratos
de Cynomorium coccineum e Withania somnifera (Abdel-Magied et al., 2001) também
apresentaram aumentos no diâmetro tubular e proporcional proliferação das células
espermatogênicas, sendo maior nos grupos tratados que no grupo-controle. Similar ao
98
ocorrido no presente estudo, os extratos das espécies vegetais Cynomorium coccineum e
Withania somnifera promoveram incrementos do diâmetro dos túbulos seminíferos e de
populações de células espermatogênicas quando analisadas as secções transversais. Por
outro lado, animais tratados com substâncias obtidas de Striga orobanchioides
(Hiremath et al., 1997), Momordica charantia (Naseen et al., 1998), Piper longum
(Malini et al., 1999), Barleria prionitis (Gupta et al., 2000), Albizia lebbeck (Gupta et
al., 2005) e Dendrophthoe falcata (Gupta & Kachhawa, 2007) mostraram redução das
populações espermatogênicas por secção transversal de túbulo seminífero.
A reserva espermática testicular é a quantificação do número potencial de
espermatozóides em produção no testículo ou por grama de testículo a cada ciclo do
epitélio seminífero (Amann & Lambiase, 1969; Berndtson, 1977). Em cortes
histológicos de espessura conhecida, é computado o número médio de espermátides
arredondadas em secções transversais do túbulo seminífero, o qual é corrigido para o
comprimento total do túbulo por testículo ou por grama de testículo. Com o
conhecimento da duração de um ciclo do epitélio seminífero é possível o cálculo da
produção espermática diária (Berndtson, 1977; Amann, 1981). No presente trabalho, em
uma análise preliminar, poderia ser sugerido incremento na reserva e produção
espermática com o uso de extratos de H. aphrodisiaca e A. arvense, uma vez que,
associado ao aumento do peso testicular, nas secções transversais de túbulo seminífero
dos animais tratados, verificou-se ainda um aumento no diâmetro, na espessura epitelial
e na população de espermátides arredondadas. Contudo, mesmo com o aumento do peso
testicular o volume total de túbulos seminíferos não foi alterado entre os animais
estudados. Desse modo, o aumento verificado no diâmetro tubular foi consequência da
diminuição no comprimento total dos túbulos seminíferos. Já o aumento populacional
das espermátides arredondadas nas secções tubulares dos animais tratados, foi
insuficiente para compensar a perda na reserva e produção espermática, verificada com
a diminuição no comprimento tubular. Ou seja, nos animais tratados verificou-se uma
modificação na forma dos túbulos seminíferos em relação ao grupo-controle, que
mesmo sem prejuízo do volume tubular, gerou redução na capacidade de acomodação
celular, com significativa diminuição na reserva e produção espermática total.
99
5. Conclusões
Animais tratados com extratos de H. aphrodisiaca e A. arverse, apresentaram
aumento no peso testicular, em conseqüência do aumento no tecido intertubular, uma
vez que não foi registrada alteração no volume de túbulos seminíferos entre os animais
tratados e controle.
Foi registrado aumento do peso corporal e das glândulas vesiculares nos animais
tratados, possivelmente em resposta ao aumento nas concentrações séricas de
testosterona, relacionado ao aumento do tecido intertubular.
Embora tenha sido observado um incremento nos parâmetros preditores da
capacidade produtiva em secções transversais do túbulo seminífero nos animais
tratados, houve redução não-compensatória no comprimento total do túbulo seminífero,
gerando uma modificação no formato destes túbulos, reduzindo assim a capacidade de
acomodação das células germinativas, o que foi determinante para a diminuição da
produção espermática.
Referências bibliográficas
Abdel-Magied, E.M., Abdel-Rahman, H.A., Harraz, F.M. 2001. The effect of aqueous
extracts of Cynomorium coccineum and Withania somnifera on testicular development
in immature Wistar rats. Journal of Ethnopharmacology 75, 1-4.
Abercrombie, M. 1946. Estimation of nuclear populations from microtome sections.
The Anatomical Record 94, 238-248.
Aitken R.J. 1999. The human spermatozoon a cell in crisis. Journal Reproduction of
Fertility 115, 1-7.
Albuquerque, U.P., Hanazaki, N. 2006. As pesquisas etnodirigidas na descoberta de
novos fármacos de interesse médico e farmacêutico: fragilidade e perspectivas. Revista
Brasileira de Farmacognosia 16, 687-689.
Amann, R.P., Lambiase, J.T. 1969. The male rabbit III. Determination of daily sperm
production by means of testicular homogenates. Journal Animal Science 28: 369-374.
Amann, R.P. 1981. A critical review of methods for evaluation of spermatogenesis from
seminal characteristics. Journal Andrology 2: 37-58.
100
Amann, R.P. 1970. Sperm production rates. In: Johnson, A.D., Gomes, W.R.,
Vandemark, N.L. (Ed.). The testis. New York: Academic Press, p.433-482.
Amann, R.P., Almquist, J.O. 1961. Reproductive capacity of dairy bulls. I. Technique
for direct measurement of gonadal and extra-gonadal sperm reserves. Journal Dairy
Science 44, 1537-1543.
Amann, R.P., Schanbacher, B.D. 1983. Physiology of male reproduction. Journal of
Animal Science Suppl 57, 380-403.
Ang, H.H., Cheang, H.S. 2001. Effects of Eurycoma longifolia Jack on lavatory any
muscle in both uncastrated and testosterone-stimulated castrated intact male rats.
Archives of Pharmacology Research 24(5), 437-440.
Ang, H.H., Cheang, H.S., Yusof, A.P. 2000. Effects of Eurycoma longifolia Jack
(Tongkat Ali) on the initiation of sexual performance of inexperienced castrated male
rats. Experimental Animals 49(1), 35-38.
Ang, H.H., Ikeda, S., Gan, E.K. 2001. Evaluation of the potency activity of aphrodisiac
in Eurycoma longifolia Jack. Phytotherapy 15(5), 435-436.
Ang, H.H., Ngai, T.H. 2001. Aphrodis iac evaluation in non-copulator male rats after
chronic administration of Eurycoma longifolia Jack. Fundamental & Clinical
Pharmacology 15(4), 265-268.
Ang, H.H., Sim, M.K. 1997. Eurycoma longifolia Jack enhances libido in sexually
experienced male rats. Experimental Animals 46(4), 87-90.
Ang, H.H., Sim, M.K. 1998a. Eurycoma longifolia increases sexual motivation in
sexually naive male rats. Archives of Pharmacology Research 21(6), 779-781.
Ang, H.H., Sim, M.K. 1998b. Eurycoma longifolia Jack and orientation activities in
sexually experienced male rats. Biological and Pharmaceutical Bulletin 21(2), 153-155.
Baumbusch, F., Papp, G.K., Kpa, Z.S. 1995. Treatment for potency problems with
Afrodor 2000. Acta Chirurgica Hungarica 35(1-2), 87-92.
Berndtson, W.E. 1977. Methods for quantifying mammalian spermatogenesis: a review.
Journal Animal Science 44, 818-83.
Burgos, R.A., Caballero, E.E., Sánchez, N.S., Schoeder, R.A., Wikman, G.K., Hancke,
J.L. 1997. Testicular toxicity assessment of Andrographis paniculata dried extract in
rats. Journal of Ethnopharmacology 58, 219-224.
101
Carvalho, A.C.B., Balbino, E.E., Maciel, A., Perfeito, J.P.S. 2008. Situação do registro
de medicamentos fototerápicos no Brasil. Revista Brasileira de Farmacognosia 18, 314319.
Castro, A.C.S., Berndtson, W.E., Cardoso, F.M. 2002. Plasma and testicular
testosterone levels, volume density and number of Leydig cells and spermatogenic
efficiency of rabbits. Brazilian Journal of Medicine and Biological Research 35, 493498.
Chauhan, A., Agarwal, M.; Kushwaha, S.; Mutreja, A. 2007. Suppression of fertility in
male albino rats following the administration of 50% ethanolic extract of Aegle
marmelos. Contraception 76, 474-481.
Chen, X. 1996. Cardiovascular protection by ginsenosides and their nitric oxide
releasing action. Clinical and Experimental Pharmacology Physiology 23(8), 728-732.
Chen, X., Lee, T.J. 1995. Ginsenosides-induced nitric oxide-mediated relaxation of the
rabbit corpus cavernosum. British Journal of Pharmacology 115(1), 15-18.
Cooper, A.J., Smith, C.G., Ismail, A.A., Loraine, J.A. 1973. A controlled trial of
Potensan Forte (“aphrodisiac” and testosterone combined) in impotence. Journal of
Medicine Science 142(4), 155-161.
Correa, M.P. 1984. Dicionário das plantas úteis do Brasil e das exóticas cultivadas.
Ministério da Agricultura/Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal. Rio de
Janeiro, 293 p.
Costa, D. S., Paula, T.A.R. 2006. Testosterone level, nasal gland volume and Leydig
cell morphometry in capybaras (Hydrochoerus hydrochaeris). Brazilian Arquives
Medicine Veterinary and Zootecnia. 58 (6), 1086-1091.
Daduone, J.P., Demuolin, A. 1993. Structure and functions of the testis. In: Thibault, C.;
Levasseur, M.; Hunter, R.H.F. (Ed.). Reproduction in mammals and man. Paris:
Ellipses, Cap. 13, p. 227-250.
Dimech, G.S., Gonçalves, E.S., Araujo, A.V., Arruda, V.M., Baratella-Evêncio, L.,
Wanderley, A.G. 2006. Avaliação do extrato hidroalcoólico de Mentha crispa sobre a
performance reprodutiva em ratos Wistar. Revista Brasileira de Farmacognosia 16, 152157.
El-Thaer, T.S., Matalka, K.Z., Taha, H.A., Badwan, A.A. 2001. Ferula harmonis
‘zallouh’ and enhancing erectile function in rats efficacy and toxicity study.
International Journal of Impotence Research 13(4), 246-251.
Eskeland, B., Thom, E., Svendsen, K.O. 1997. Sexual desire in men: effects of oral
ingestion of a product derived from fertilized eggs. Journal International of Medical
Research 25(2), 62-70.
102
Fawcett, D.W., Neaves, W.B., Flores, M.N. 1973. Comparative observations on
intertubular lymphatics and the organization of the interstitial tissue of the mammalian
testis. Biology of Reproduction 9, 500-532.
França, L.R., Leal, M.C., Sassocerri, E., Russell, L.D., Debeljuk, L. 2000. Cimetidine
(Tagamet) is a reproductive toxicant in male rats likely affecting peritubular cells.
Biology of Reproduction, v. 63, p. 1403-1412.
França, L.R., Parreira, G.G., Gates, R.J., Russell, D.L. 1998. Hormonal regulation of
spermatogenesis in the hypophysectomized rat: quantitation of germ-cell population and
effect of elimination of residual testosterone after long-term hypophysectomy. Journal
of Andrology 19, 335-342.
França. L.R., Russell, L.D. 1998. The tests of domestic mammals. In: Male
reproduction: a multidisciplinary overview. Ed. Churchill Communications Europe
España. Cap. 16, p.198-219.
Gaines, K.K. 2004. Tadalafil (Cialis) and vardenafil (Levitra) recently approved drugs
for erection dysfunction. Urologic Nursing 24(1), 46-48.
Galvão, S.M.P., Marques, L.C., Oliveira, M.G.M., Carlini, E.A. 2002. Heteropterys
aphrodiasiaca (extract BST0289): a brazilian plant that improves memory in aged rats.
Journal of Ethnopharmacology 79, 305-311.
Gillis, C.N. 1997. Panax ginseng pharmacology: a nitric oxide link? Biochemical
Pharmacology 54(1), 1-8.
Gonzales, C., Rubio, J., Gasgo, M., Nieto, J., Yucra, S., Gonzales, G.F. 2006. Effect of
short-term and long-term treatments with three ecotypes of Lepidium meyenii (Maca) on
spermatogenesis in rats. Journal of Ethnopharmacology 103, 448-454.
Gonzales, G.F., Ruiz, A., Gonzales, C., Villegas, L., Cordova, A. 2001. Effect of
Lepidium meyenii (maca) roots on spermatogenesis of male rats. Lima, Peru. Journal of
Andrology 3, 231-233.
Griswold, M.D. 1995. Interaction between germ cells and Sertoli cells in the testis.
Biology of Reproduction 52, 211-216.
Guarim Neto, G. 1996. Plantas medicinais do Estado de Mato Grosso. Associação
Brasileira de Educação Agrícola Superior, UFMT. Instituto de Biociências. ABEAS.
Brasília. 72 p.
Gupta, R.S., Chaudhary, R, Yadav, R.K., Verma, S., Dobhal, M.P. 2005. Effect of
saponins of Albizia lebbeck (L.) Benth bark on the reproductive system of male albino
rats. Journal of Ethnopharmacology 96, 31-36.
103
Gupta, R.S., Kachhawa, J.B.S. 2007. Evaluation of contraceptive activity of methanol
extract of Dendrophthoe falcata stem in male albino rats. Journal of
Ethnopharmacology 112, 215-218.
Gupta, R.S., Kumar, P., Dixit, V.P., Dobhal, M.P. 2000. Antifertility studies of the root
extract of the Barleria prionitis Linn in male albino rats with special reference to
testicular cell population dynamics. Journal of Ethnopharmacology 70, 111-117.
Hafez, B., Hafez, E.S. 2004. Andropause: endocrinology, erectile dysfunction and
prostate pathophysiology. Archives of Andrology 50(2), 45-68.
Hales, D. B. 2002. Testicular macrophage modulation of Leydig cell steroidogenesis.
Journal Reproduction Immunology. 57: 3-18.
Hiremath, S.P., Badami, S., Swamy, H.K.S., Patil, S.B., Londonkar, R.L. 1997.
Antiandrogenic effect of Striga orobanchioides. Journal of Ethnopharmacology 56, 5560.
Jégou, B. 1993. The Sertoli-germ cell communication network in mammals.
International Review of Cytology 147, 25-95.
Johnson, L., Petty, C.S., Neves, W.B. 1981. A new approach to qualification of
spermatogenesis and its application to germinal cell attrition during human
spermatogenesis. Biology Reproduction 25, 217-226.
Kim, H.J., Woo, D.S., Lee, G., Kim, J.J. 1998. The relaxation effects of ginseng saponin
in rabbit corporal smooth muscle: is it a nitric oxide donor? British Journal of Urology
82(5), 744-748.
Kloner, R.A. 1998. Viagra: what every physician should know. Ear Nose Throat Journal
77(9), 783-786.
Kunzfeld, M. 1966. Trials with “Pasuma” of the Cascan Company, Wiesbaden.
Preliminary report. Zeitschrift Fur Haut-und Geschlechtskrankheiten 41(4), 156-157.
Latha, P., Govindasamy, S., Balakrishna, K., 1997. Effect of gangetin on fertility of
male rats. Phytotherapy Research 11, 372-375.
Lorenzi H., Matos F.J.A. 2002. Plantas medicinais do Brasil - Nativas e exóticas. São
Paulo-SP: Instituto Plantarum de Estudos da Flora Ltda., Editora Nova Odessa. 512 p.
Mali, P.C., Ansari, A.S., Chaturvedi, M. 2002. Antifertility effect of chronically
administered Martynia annua root extract on male rats. Journal of Ethnopharmacology
82, 61-67.
104
Malini, T., Manimaran, R.R., Arunakaran, J., Aruldhas, M.M., Govindarajulu, P. 1999.
Effects of piperine on testis of albino rats. Journal of Ethnopharmacology 64, 219-225.
Martins, E.R., Castro, D.M., Castellani, D.C., Dias, J.E. 2003. Plantas medicinais.
Viçosa-MG: UFV, Imprensa Universitária. 220 p.
Mazaro, R., Di Stasi, L.C., Kempinas, W.G. 2002. Effects of the hydromethanolic
extract of Austroplenckia populnea (Celastraceae) on reproductive parameters of male
rats. Contraception 66, 205-209.
Melis, M.S. 1999. Effects of chronic administration of Stevia rebaudiana on fertility in
rats. Journal of Ethnopharmacology 167, 157-161.
Miller, W. W. Jr. 1968. Afrodex in the treatment of male impotence: a double-blind
cross-over study. Current Therapeutic Research Clinical Experimental 10(7), 354-359.
Montanari , T., Carvalho, J.E., Dolder, H. 1998. Effect of Maytenus ilicifolia Mart. Ex.
Reiss on spermatogenesis. Contraception 57, 335-339.
Moundipa, F.P., Kamtchouing, P., Koueta, N., Tantchou, J., Foyang, N.P.R., Mbiapo,
F.T. 1999. Effects of aqueous extracts of Hibiscus macranthus and Basella alba in
mature rat testis function. Journal of Ethnopharmacology 65, 133-139.
Naseem, M.Z., Patil, S.R., Patil, S.R., Ravindra, Patil, S.B. 1998. Antispermatogenic
and androgenic activities of Momordica charantia (Karela) in albino rats. Journal of
Ethnopharmacology 61, 9-16.
Nocerino, E., Amato, M., Izzo, A.A. 2000. The aphrodisiac and adaptogenic properties
of ginseng. Fitoterapia 71, 1-5 (Supplement, 1).
Orisakwe, O.E., Husaini, D.C., Afonne, O.J. 2004. Testicular effects of sub-chronic
administration of Hibiscus sabdariffa calyx aqueous extract in rats. Journal of
Ethnopharmacology 18, 295-298.
Pankajakshy, A., Phil, M., Madambath, I. 2008. Spermatotoxic effects of Cananga
odorata (Lam): a comparison with gossypol. American Society for Reproductive
Medicine, 1-4.
Parveen, S. Das., S. Kundra., C.P. Pereira, B.M.J. 2003. A comprehensive evaluation
for the reproductive toxicity of Quassia amara in male rats. Reproductive Toxicology.
17, 45-50.
Paula, T.A.R., Cardoso, F.M. 1994. Alterações etárias na espermatogênese de cão. I.
Análise histométrica. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia 46(1),
19-30.
105
Paula, T.A.R., Costa, D.S., Matta, S.L.P. 2002. Avaliação histológica e quantitativa do
testículo de capivaras (Hydrochaeris hydrochaeris) adultas. Bioscience Journal 18(1),
121-136.
Paula, T.A.R., França, L.R., Garcia, H.C. 1999. Seminiferous epithelium cycle and its
duration in capybaras (Hydrochoerus hydrochaeris). Tissue & Cell 31, 327-334.
Peters, V.M., Carmo, P.S., Guerra, M.O. 1985. Efeito do barbatimão (Stryphnodendron
polliphyllum M.) sobre o peso de órgãos do sistema reprodutor de ratos adultos e a
produção de espermatozóides viáveis. Revista Brasileira de Ciências Morfológicas 2,
45-47.
Pott, A., Pott, V.J. 1994. Plantas do Pantanal. Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária do Pantanal – Corumbá-MS. Embrapa-SPI, 320 p.
Ratnasooriya, W.D., Dharmasiri, M.G. 2002. Effects of Terminalia catappa seeds on
sexual behaviour and fertility of male rats. Asian Journal of Andrology 2(3), 213-219.
Rizzini, C.T. 1983. Efeitos psicotrópicos de plantas brasileiras parte II: aspectos
botânicos. Ciência e Cultura, São Paulo-SP 35, 434-438.
Russell, D.L., Ettlin, R.A., Sinha Hikim, A.P., Clegg, E.D. 1990. Mammalian
spermatogenesis. In: Russell, D.L., Ettlin, R.A., Sinha Hikim, A.P., Clegg, E.D. (Ed.).
Histological and histopathological evaluation of the testis. Bolesta: Cache River Press.
Cap. 1, 1-40.
Russell, L. D., Peterson, R. N. 1984. Determination of the elongate Spermatid-Sertoli
cell ratio in various mammals. Journal of Reproduction and Fertility 70, 635-641.
Russell, L.D., Sinha-Hikim, A.P., Ghosh, S., Bartke, A. 1994. Structure-function
relationships in somatic cells of the testis and accessory reproductive glands. In: Bartke.
A function of somatic cells in the testis. Editora New York: Springer-Verlag, Cap. 3,
55-84.
Scheen, A.J. 2003. Medication of the month. Vardenarfil (Levitra). Revue Medicale
Liege 58(9), 576-579.
Schlatt, S., Meinhardt, A., Nieschlag, E. 1997. Paracrine regulation of cellular
interactions in the testis: factors in search of a function. European Journal of
Endocrinology 137, 107-117.
Sharpe, R. M. 1994. Regulation of spermatogenesis. In. Knobil, E., Neil, J. D. The
physiology of reproduction, 2. ed. New York: Raven Press, p. 1363-1434.
Silveira e Sá, R.C., Leite, M.N., Oliveira, L.E.G., Toledo, M.M., Greggio, T.C., Guerra,
M.O. 2006. Preliminary assessment of Rosmarinus officinalis toxicity on male Wistar
rats’ organs and reproductive system. Revista Brasileira de Farmacognosia 16, 324-332.
106
Sinha, R. 1990. Post-testicular antifertility effects of Abrus precatorius seed extract in
albino rats. Journal of Ethnopharmacology 28, 173-181.
Skinner, M. 1991. Cell-cell interactions in the testis. Endocrine Reviews 12, 45-77.
Sook Oh, M., Yang, W.M., Chang, M.S., Park, W., Kim, D.R., Lee, H.K., Kim, W.N.,
Park, S.K. 2007. Effects of Rubus coreanus on sperm parameters and cAMP-responsive
element modulator (CREM) expression in rats testes. Journal of Ethnopharmacology
114, 463-467.
Souza, P.C., Paula, T.A.R., Natali, J.A., Matta, S.L.P., Costa, D.S., Fonseca, C.C., Sarti,
P. 2005. Efeito do exercício crônico voluntário e do sedentarismo, com e sem o uso de
esteroide anabólico nandrolona, sobre os componentes do parênquima testicular de ratos
adultos. Revista Ceres 300, 305-316.
Van Haaster, L.H., D Rooij, D.G. 1993. Cycle of the seminiferous epthelium in the
Djungarian hamster (Phodopus sungorus). Biology of Reproduction. 48:515-521.
Wanichacheewa, S., Singtripop, T., Sassa, S., Sakamoto, S., Mori, T. 2001. Decrease in
the number of sperm associated with decreased blood testosterone levels in male rats
treated with extracts from seven plants consumed by natives of northern Thailand.
Environmental Toxicology and Pharmacology 10, 1-4.
Yakubu, M.T., Akanji, M.A., Oladiji, A.T. 2008a. Effects of oral administration of
aqueous extract of Fadogia agrestis (Schweinf. Ex Hiern) stem on some testicular
function indices of male rats. Journal of Ethnopharmacology 115, 288-292.
Yakubu, M.T., Akanji, M.A., Oladiji, A.T., Adesokan, A.A. 2008b. Androgenic
potentials of aqueous extract of Massularia acuminata (G. Don) Bullock ex Hoyl. Stem
in male Wistar rats. Journal of Ethnopharmacology 118, 508-513.
107
2. CONCLUSÕES GERAIS
Extratos de raízes das espécies Heteropterys aphrodisiaca e Anemopaegma
arvense, administrados cronicamente a ratos Wistar adultos, em duas dosagens distintas,
por meio de gavagem e de infusões ad libitum influenciaram significativamente
aspectos biométricos e quantitativos do parênquima testicular, quando comparados com
o grupo-controle.
1 - O peso corporal apresentou-se maior nos animais tratados com os extratos de
Heteropterys aphrodisiaca e Anemopaegma arvense por gavagem e com as infusões
ad libitum. Os extratos promoveram ainda aumento das glândulas vesiculares nos
animais tratados, possivelmente em resposta a um aumento nos níveis séricos de
testosterona.
2 - Foi constatado aumento no peso do testículo e do parênquima testicular dos
animais tratados com H. aphrodisiaca e A.arvense nas maiores concentrações por
gavagem e por ad libitum devido ao incremento no tecido intertubular, uma vez que não
foi observada alteração no volume de túbulos seminíferos entre os animais tratados e
controle. O aumento do tecido intertubular refletiu na função androgênica o que
ocasionou aumento do peso corporal como um efeito anabolizante.
3 - A espessura do epitélio seminífero e o diâmetro tubular aumentaram em
todos os tratamentos tanto pelo método da gavagem quanto pelas infusões ad libitum em
relação ao grupo-controle.
4 - Embora tenha sido observado um incremento nos parâmetros preditores da
capacidade produtiva em secções transversais do túbulo seminífero nos animais
108
tratados, houve redução não-compensatória no comprimento total do túbulo seminífero,
gerando uma modificação no formato destes túbulos, reduzindo assim a capacidade de
acomodação das células germinativas, o que foi determinante para a diminuição da
produção espermática.
5 - Os rendimentos indicativos da eficiência do processo espermatogênico e a
capacidade de suporte das células de Sertoli em relação à espermátides arredondadas,
não foram alterados em nenhum dos tratamentos propostos.
6 - Dentre os grupos tratados, as infusões ad libitum mostraram-se mais eficiente
que o método de gavagem para os parâmetros biométricos e para as populações de
espermatócitos primário em paquíteno e espermátides arredondadas por secção
transversal.
7- Nas concentrações usadas, os extratos de H. aphrodisiaca e A. arvense não
promoveram efeitos tóxicos, tendo em vista o aumento da massa corporal e as
condições sanitárias observadas em todos os animais submetidos aos diferentes
tratamentos realizados.
109
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo
Download