ECONOMIA E SOCIEDADE Professora Me. Andréia Moreira da Fonseca Boechat Professora Me. Daniela Carla Monteiro Professor Me. Sidinei Silvério da Silva GRADUAÇÃO Unicesumar Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD - Núcleo de Educação a Distância Direção de Operações Chrystiano Mincoff Direção de Mercado Hilton Pereira Direção de Polos Próprios James Prestes Direção de Desenvolvimento Dayane Almeida Direção de Relacionamento Alessandra Baron Direção de Planejamento de Ensino Fabrício Lazilha Direção Operacional de Ensino Katia Coelho Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nalva Aparecida da Rosa Moura Design Educacional Nádila de Almeida Toledo Fernando Henrique Mendes Rossana Costa Giani C397CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância: Economia e Sociedade. Andréia Moreira da Fonseca Boechat; Daniela Carla Monteiro; Sidinei Silvério da Silva Maringá-PR. 2014. 158p. “Graduação - EaD”. 1. Economia. 2. Sociedade. 3. Microeconomia. 4. EaD. I. Título. ISBN 978-85-8084-688-1 CDD - 22 ed. 330 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828 Projeto Gráfico Jaime de Marchi Junior José Jhonny Coelho Editoração Jaime de Marchi Junior Revisão Textual Jaquelina Kutsunugi Nayara Valenciano Rhaysa Ricci Correa Susana Inácio Ilustração Robson Yuiti Saito Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande desafio para todos os cidadãos. A busca por tecnologia, informação, conhecimento de qualidade, novas habilidades para liderança e solução de problemas com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência no mundo do trabalho. Cada um de nós tem uma grande responsabilidade: as escolhas que fizermos por nós e pelos nossos fará grande diferença no futuro. Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar – assume o compromisso de democratizar o conhecimento por meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos brasileiros. No cumprimento de sua missão – “promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária” –, o Centro Universitário Cesumar busca a integração do ensino-pesquisa-extensão com as demandas institucionais e sociais; a realização de uma prática acadêmica que contribua para o desenvolvimento da consciência social e política e, por fim, a democratização do conhecimento acadêmico com a articulação e a integração com a sociedade. Diante disso, o Centro Universitário Cesumar almeja ser reconhecida como uma instituição universitária de referência regional e nacional pela qualidade e compromisso do corpo docente; aquisição de competências institucionais para o desenvolvimento de linhas de pesquisa; consolidação da extensão universitária; qualidade da oferta dos ensinos presencial e a distância; bem-estar e satisfação da comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica e administrativa; compromisso social de inclusão; processos de cooperação e parceria com o mundo do trabalho, como também pelo compromisso e relacionamento permanente com os egressos, incentivando a educação continuada. Diretoria Operacional de Ensino Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pedagógica, contribuindo no processo educacional, complementando sua formação profissional, desenvolvendo competências e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessários para a sua formação pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA – Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das discussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória acadêmica. AUTORES Professora Me. Andréia Moreira da Fonseca Boechat Possui graduação em Ciências Econômicas pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (2007) e mestrado em Economia pela Universidade Estadual de Maringá (2011). Atualmente é doutoranda em Economia pela Universidade Estadual de Maringá. Professora Me. Daniela Carla Monteiro Possui graduação em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual de Maringá (UEM-2002), Especialização em Direito do Estado - área de concentração em Direito Administrativo pela Universidade Estadual de Londrina (UEL - 2006) e Mestrado em Economia Regional pela Universidade Estadual de Londrina (UEL - 2013). Professor Me. Sidinei Silvério da Silva Possui Graduação em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual de Maringá (UEM-2002), Especialização em Consultoria Econômico-Financeira de Empresas (UEM-2004) e Mestrado em Economia Regional pela Universidade Estadual de Londrina (UEL-2012).. APRESENTAÇÃO ECONOMIA E SOCIEDADE Olá, caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) ao livro de Economia e Sociedade. É com muito prazer que apresentamos a você este livro, que é resultado de um trabalho conjunto. Somos os professores Andréia Moreira da Fonseca Boechat, Daniela Carla Monteiro e Sidinei Silvério da Silva, autores deste material e o preparamos com muito carinho para que você adquira conhecimentos sobre os principais elementos da teoria econômica e suas aplicações. Assim sendo, ressaltamos que os assuntos que estudaremos nessa disciplina serão de grande relevância para sua formação, ao passo que o conhecimento/domínio dos mesmos propiciará a você uma nova maneira de pensar, haja vista que a economia é uma ciência social que reúne política e ciência, cujo objeto de estudo é a sociedade (MANKIW, 2001). Nosso objetivo, ao escrever este livro, foi criar condições/meios para que você compreenda da melhor maneira possível conceitos e aplicações da economia, já que tais conceitos/aplicações o ajudarão a encontrar possíveis respostas às inúmeras questões socioeconômicas com as quais nos deparamos cotidianamente, sejam elas de âmbito pessoal e/ou profissional. Em outras palavras, o contexto econômico reúne aspectos da vida e da sociedade. Logo, seu conhecimento/compreensão se faz necessário para que você possa entender adequadamente o mundo/país em que vive, de modo que tal conhecimento/compreensão o ajude tanto no âmbito pessoal quanto no âmbito profissional a tomar decisões. Diante disso, destacamos que no âmbito profissional praticamente todos os segmentos rotineiramente utilizam/aplicam instrumentos/mecanismos da teoria econômica. É o caso, por exemplo, da agricultura, da indústria e do comércio, ou seja, das atividades primárias, secundárias e terciárias de produção. Nesse contexto, compreender/dominar conceitos e aplicações da economia, além de propiciar maiores chances de sucesso nos negócios, propicia aos agentes um diferencial fundamental. Ademais, conforme nos explica Móchon (2007), conhecer/compreender o contexto econômico da sociedade em que vivemos expande expressivamente o conhecimento/ compreensão sobre o mundo em que vivemos e mais especificamente sobre o nosso país. Esse conhecimento/compreensão fará com que você se torne um participante mais hábil no sistema econômico, já que ao longo de sua vida pessoal e profissional você terá que tomar muitas decisões. Ainda nessa vertente, o conhecimento/compreensão em questão proporcionará a você um melhor entendimento da política econômica, de modo que o exercício da cidadania se solidifique/fortaleça. A título de exemplo, considere um cidadão que conheça/domine o contexto econômico do país em que vive. Tal cidadão será capaz de julgar com mais propriedade, em um período eleitoral, as propostas de viés socioeconômico dos candidatos. Ressaltamos que, embora o livro de Economia e Sociedade que preparamos para você APRESENTAÇÃO trate de modo introdutório e simplificado os principais conceitos e aplicações da teoria econômica tanto na esfera microeconômica quanto na esfera macroeconômica, o mesmo permite o entendimento de muitas questões. Conforme nos explica Mankiw (2001), esta é uma matéria em que um ínfimo conhecimento/compreensão leva bastante longe, então sugerimos que aproveite! Em relação à estrutura geral, o livro foi organizado/produzido com o intuito de atender a todos os cursos de graduação que tenham por objetivo introduzir, ainda que simplificadamente, a ciência econômica na vida pessoal e profissional de seus acadêmicos. Desse modo, a unidade I, escrita pela professora Daniela Carla Monteiro, corresponde a um curso de conceitos fundamentais em economia. As unidades II e III, escritas pela professora Andréia Moreira da Fonseca Boechat, correspondem a um curso de microeconomia, e as unidades IV e V, escritas pelo professor Sidinei Silvério da Silva, a um curso de macroeconomia. Por fim, vale relembrar que este livro, caro(a) aluno(a), foi especialmente organizado/produzido para você. Nesse sentido, fique atento aos conteúdos que serão trabalhados e suas relações com as situações práticas existentes no mundo/país em que vivemos. Ademais, dedique-se a ler e a interagir com os textos, a fazer anotações, a anotar/ esclarecer suas dúvidas, a verificar as indicações de leitura, a realizar novas pesquisas sobre os assuntos abordados, a responder às atividades de autoestudo, entre outros. Lembre-se de que toda e qualquer informação/conhecimento adicional contribui para a construção e a solidificação de sua formação. É isso caro(a) aluno(a)! Esperamos que esta iniciação ao conhecimento da ciência econômica, cujo objeto de estudo é a sociedade, seja de grande valia para a sua vida pessoal e profissional. Em caso de dúvidas, nos encontramos à sua disposição juntamente com a equipe Unicesumar. Um forte Abraço! Professora Me. Andréia Moreira da Fonseca Boechat Professora Me. Daniela Carla Monteiro Professor Me. Sidinei Silvério da Silva 8-9 SUMÁRIO UNIDADE I CONCEITOS FUNDAMENTAIS EM ECONOMIA 15 Introdução 16 Problemas Econômicos de Todas as Sociedades 30 O Sistema Econômico Capitalista (ou Economia de Mercado) 36 Divisão da Ciência Econômica 38 Considerações Finais UNIDADE II INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA 43 Introdução 43 Fundamentos da Teoria do Consumidor 50 Teoria da Demanda 59 Teoria da Oferta 66 Equilíbrio de Mercado 69 Consideraçôes Finais SUMÁRIO UNIDADE III ESTRUTURAS DE MERCADO 75 Introdução 76 Os Mercados 81 Concorrência Perfeita ou Pura 83 Monopólio 86 Concorrência Monopolística 88 Oligopólio 91 Lei Antitruste 96 Considerações Finais UNIDADE IV MERCADO DE BENS E SERVIÇOS E O MERCADO MONETÁRIO 103 Introdução 104 Objetivos de Política Econômica 105 Crescimento e Desenvolvimento Econômico 109 Determinação do Produto Nacional 114 Política Fiscal, Inflação e Desemprego 120 A Moeda: Conceitos, Funções e Tipos 126 Política Monetária, Inflação e Desemprego 130 Considerações Finais 10 - 11 SUMÁRIO UNIDADE V SETOR EXTERNO E O MERCADO DE TRABALHO 137 Introdução 137 A Teoria das Vantagens Comparativas 139 Taxa de Câmbio 145 O Processo de Internacionalização da Economia (Globalização) 146 O Mercado de Trabalho 151 Considerações Finais 155Conclusão 157Referências CONCEITOS FUNDAMENTAIS EM ECONOMIA UNIDADE Professora Me. Daniela Carla Monteiro I Objetivos de Aprendizagem ■■ Compreender por que a economia é uma ciência da escassez ou das escolhas. ■■ Reconhecer a contradição existente entre fatores de produção e necessidades humanas. ■■ Definir economia e suas atividades de produção ou setores da economia. ■■ Analisar a curva de possibilidades de produção nas combinações de produtos que a economia pode produzir, dado os recursos existentes. ■■ Entender o conceito de custo de oportunidade enquanto princípio econômico. ■■ Discutir os problemas econômicos fundamentais que todas as sociedades enfrentam. ■■ Explicar o funcionamento de um sistema econômico capitalista. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■■ Problemas econômicos de todas as sociedades ■■ O sistema econômico capitalista (ou economia de mercado) ■■ Divisão da ciência econômica 14 - 15 Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), nesta primeira unidade, você aprenderá que conhecer/dominar conceitos fundamentais em economia é de extrema relevância para todos aqueles que visam compreender, ainda que de forma geral, o mundo/sociedade em que vivemos. Segundo Mankiw (2001), a relevância desse conhecimento/domínio não oferece dúvidas, ao passo que continuamente concepções econômicas determinam nos sistemas econômicos o modo como devem ocorrer os planejamentos, as execuções, os procedimentos, os comportamentos, os desempenhos, entre outros, tanto das unidades familiares e produtivas quanto dos governos e setor externo. Nessa direção, discutiremos como tal conhecimento/domínio tende a fortalecer no âmbito pessoal e profissional as relações e/ou práticas econômicas que são cotidianamente analisadas/discutidas e que, por conseguinte, direcionam/ estruturam as sociedades. Vale ressaltar que, segundo Mankiw (2001), embora em algumas situações a economia não seja determinante, ainda assim, de alguma maneira, a mesma tende a exercer algum tipo de influência. Em outras palavras, passaremos a compreender que as sociedades são movidas exclusivamente por interesses de natureza econômica. Visando atingir os objetivos de aprendizagem já elencados, a unidade em questão foi dividida em três tópicos, sendo eles: problemas econômicos de todas as sociedades; o sistema econômico capitalista ou economia de mercado e divisão da ciência econômica. No primeiro tópico, discutiremos como todas as sociedades enfrentam/ administram recursos produtivos escassos dadas as necessidades humanas ilimitadas. No segundo tópico, por sua vez, estudaremos a organização e os tipos de sistemas econômicos, bem como suas características, funcionamento e problemas. Por fim, no terceiro tópico, veremos a divisão da ciência econômica em duas grandes áreas, sendo elas a microeconomia e a macroeconomia. Assim sendo, ao término desta unidade, você será capaz de compreender conceitos fundamentais em economia que influenciam o dia a dia das unidades produtivas, das famílias, dos governos e do resto do mundo, ou seja, das sociedades em geral. Introdução I PROBLEMAS ECONÔMICOS DE TODAS AS SOCIEDADES 1 Os recursos produtivos, fatores ou meios de produção serão descritos/discutidos mais adiante. CONCEITOS FUNDAMENTAIS EM ECONOMIA Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Cotidianamente, independente da classe de agentes econômicos à qual pertencemos, somos levados a interagir com questões econômicas, tais como formação de preços, desemprego, inflação, oscilak erstoc ©shutt ções nas taxas de juros, déficit/superávit púbico, entre outros (MENDES, 2004). Em outras palavras, as questões econômicas têm ao longo do tempo regulado/orientado o nosso dia a dia e consequentemente o da sociedade. Assim sendo, faz-se necessário estudar/conhecer tais questões, ao passo que uma boa parte dos relevantes problemas que atualmente as sociedades enfrentam são decorrentes delas (PASSOS; NOGAMI, 2003). Tal procedimento propiciará conhecimentos que, além de nos ajudar a conhecer melhor o mundo que nos cerca, “nos ajudará a formar opiniões a respeito dos grandes problemas econômicos do nosso tempo, tornando-nos cidadãos de fato em nossa sociedade” (PASSOS; NOGAMI, 2003, p.3) Vale ressaltar que, embora grande parte dos agentes (empresas, consumidores, governos e setor externo) participem das atividades de natureza econômica, poucos detêm “conhecimentos teóricos que lhes permitam analisar os problemas econômicos que nos cercam” (PASSOS; NOGAMI, 2003, p. 3). Ademais, estudar/conhecer tais questões ajudará no processo de tomada de decisões, haja vista que a economia, segundo Mendes (2004, p. 3), “é o estudo das escolhas feitas pelas pessoas diante de situações de escassez”. Entende-se por escassez o cenário em que se encontram recursos produtivos limitados1 (terra ou recursos naturais; mão de obra ou trabalho e capital), ou seja, que não existem em quantidade suficiente para atender a todas as necessidades. Logo, devem ser utilizados de diferentes maneiras, de tal modo que se Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 16 - 17 deve sacrificar uma coisa por outra (MENDES, 2004). Por exemplo, uma unidade produtiva possui uma máquina que produz dois diferentes produtos (parafusos do tipo A e parafusos do tipo B). Dada a escassez de seus recursos, o empresário terá que escolher entre produzir algumas unidades a mais de um produto (parafusos do tipo A) e algumas unidades a menos de outro (parafusos do tipo B). Assim, em decorrência da escassez, os agentes econômicos se defrontam com situações que os levam sempre a escolher. Escolhe-se como gastar tempo e dinheiro, como explorar espaços geográficos, como intensificar o uso de uma máquina, como/onde empregar os recursos de um país, entre outros (MENDES, 2004). Vale destacar que, se por um lado, tem-se a escassez dos recursos, de outro, tem-se as necessidades e/ou desejos dos agentes que são ilimitados2, ou seja, sempre queremos e precisamos de mais bens e serviços (imóveis, automóveis, alimentação, vestuário, lazer, assistência médica, transporte etc.). Logo, os agentes econômicos se defrontam com recursos finitos e com desejos e/ou necessidades infinitas. Por conseguinte, a economia é o estudo das escolhas. As escolhas realizadas pelos agentes resultam nas escolhas da sociedade (MENDES, 2004). Em síntese, “o problema econômico está centralizado no fato de que os recursos disponíveis ao homem para produzir bens e serviços são limitados, mas a sua necessidade ou desejo desses bens e serviços varia e é insaciável” (MENDES, 2004, p. 3). Tendo discutido/entendido o sentido econômico da escassez, passaremos então a conhecer algumas das inúmeras definições de economia. Segundo Passos e Nogami (2003, p. 5): Em termos etimológicos a palavra “economia” vem do grego oikos (casa) e nomos (norma, lei). Teríamos, então, a palavra oikonomia que significa “administração de uma unidade habitacional (casa)”, podendo também ser entendida como “administração da coisa pública” ou de um Estado. Nessa direção, em economia, estudam-se os meios/métodos pelos quais o sistema econômico capitalista ou economia de mercado administram recursos 2 As necessidades e/ou desejos ilimitados serão descritos/discutidos mais adiante. Problemas Econômicos de Todas as Sociedades I finitos, cuja finalidade é produzir bens e serviços que satisfaçam maior número de necessidades da sociedade, haja vista que tais necessidades são ilimitadas (PASSOS; NOGAMI, 2003). Assim, se o foco é atender a um maior número de necessidades da sociedade com recursos finitos, então a alocação desses recursos deve ser suficientemente eficiente, de modo a economizar tais recursos. Contudo, define-se economia como: Nessa vertente, Mendes (2004, p. 3) argumenta ainda que: A economia é uma ciência social, tanto quanto a ciência política, a psicologia e a sociologia, podendo ser definida como o estudo da alocação (utilização) dos recursos escassos na produção de bens e serviços para a satisfação das necessidades ou dos desejos humanos. Em suma, não há dificuldades na definição de economia, seja ela a economia de uma cidade, estado, região, país, ou até mesmo do mundo. Em poucas palavras, uma determinada economia corresponde apenas à interação cotidiana de um grupo de pessoas (dado os recursos e as necessidades que tem), que estão sempre em busca do melhor para a coletividade (MANKIW, 2001). FATORES DE PRODUÇÃO Os fatores de produção são os recursos empregados na produção de bens e serviços. Durante o processo produtivo, suas combinações resultam numa diversificada produção, que por sua vez será consumida pelas famílias ou empregadas novamente pelas empresas no processo produtivo na forma de insumo (MOCHÓN, 2007). De acordo com Mendes (2004), as principais características dos fatores de produção são: escassez, versatilidade e combinações em proporções variáveis. A escassez em sua quantidade, aliada ao contexto de que os fatores de CONCEITOS FUNDAMENTAIS EM ECONOMIA Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. A Ciência Social que estuda como a sociedade decide empregar recursos escassos, que poderiam ter utilização alternativa, na produção de bens e serviços de modo a distribuí-los entre as várias pessoas e grupos da sociedade, a fim de satisfazer as necessidades humanas (PASSOS; NOGAMI, 2003, p. 5). Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 18 - 19 produção podem ser empregados na produção de diversos bens e serviços, indica que em determinadas situações as unidades produtivas devem abrir mão da produção de um bem ou serviço por outro. A versatilidade por sua vez faz referência justamente ao emprego dos recursos produtivos na produção de diferentes produtos. Por exemplo, o leite pode produzir queijo, manteiga, creme de leite, requeijão, entre outros. Já a combinação em proporções variáveis referese à possibilidade de substituição entre os fatores. Por exemplo, se um determinado insumo nacional ficar muito caro, dada a sua escassez, as unidades produtivas poderão substituí-lo por um insumo importado. Segundo Móchon (2007), a tradicional classificação dos fatores de produção contempla três categorias: a terra ou recursos naturais, a mão de obra ou trabalho e o capital. O quadro 1 nos apresenta uma breve definição de cada um desses fatores. Problemas Econômicos de Todas as Sociedades I Consistem em todos os bens econômicos utilizados na produção e que são obtidos diretamente da natureza, como os solos (urbanos e agrícolas), os minerais, as águas (dos rios, dos lagos, dos mares, dos oceanos e do subsolo), a fauna, a flora, o sol e o vento (como fontes de energia), entre outros. Esses recursos são um presente da natureza. Para se referir a todos os tipos de recursos naturais, alguns economistas utilizam o termo “terra”. MÃO DE OBRA OU TRABALHO Incluem toda a atividade humana (esforço físico e/ou mental) utilizada na produção de bens e serviços, como: os serviços técnicos do advogado, do médico, do economista, do engenheiro, ou a mão de obra do eletricista, do encanador. Há economistas que consideram o capital humano um quarto tipo de fator de produção. Por capital humano, considera-se o conhecimento e as habilidades que as pessoas obtêm por meio da educação e da experiência em atividades produtivas. CAPITAL O fator de produção capital corresponde aos conjuntos dos edifícios, máquinas, equipamentos e instalações que a sociedade dispõe para efetuar a produção. Este conjunto é denominado de estoque de capital da economia. Quanto mais bens de capital dispuser a economia, mais produtiva ela será (ou seja, mais bens e serviços poderá produzir). Observe que o conceito de capital como fator de produção é um pouco diferente da palavra capital usada na linguagem comum, quando é utilizada para designar uma quantia em dinheiro (ou outro ativo financeiro) que determinada pessoa possui para iniciar um determinado negócio. Quadro 1: Definição dos tradicionais fatores de produção Fonte: Mendes (2004, p. 5) e Viceconti e Neves (2010, p. 6) Em suma, os fatores de produção ou recursos produtivos (inputs), isto é, os solos, os minerais, as águas, a fauna, a flora, o sol, o vento, os serviços técnicos especializados, a mão de obra do operário, os conjuntos dos edifícios, as máquinas, os equipamentos, as instalações, entre outros, dadas suas principais características (escassez, versatilidade e combinações em proporções variáveis), quando alocados, promovem ao longo do processo produtivo uma expressiva produção (outputs), ou seja, promovem uma ampla gama de bens e serviços. CONCEITOS FUNDAMENTAIS EM ECONOMIA Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. TERRA OU RECURSOS NATURAIS 20 - 21 Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. NECESSIDADES HUMANAS ILIMITADAS As necessidades humanas fazem parte da força que dá movimento à atividade econômica, haja vista que nossas necessidades/desejos são ilimitadas, ou seja, “o ser humano, pela sua própria natureza, nunca está satisfeito com o que possui e sempre deseja mais coisas” (VICECONTI; NEVES, 2010, p.1). Segundo Mendes (2004), todos os agentes econômicos querem alimentos, bebidas, roupas, lugar/local para morar, acesso à educação, saúde etc. Ademais, desejam carros, imóveis, viagens de férias, entre outros. Nessa vertente, Mendes (2004, p.6) aponta “a alimentação, o vestuário, a habitação, a saúde, o transporte, a educação, a segurança social, a previdência social, a comunicação, a cultura, o esporte e o lazer” como as principais necessidades humanas, necessidades estas que, em boa parte das economias, não são suprimidas, mesmo que de modo ínfimo. O autor esclarece ainda que entre as principais necessidades humanas destacam-se a alimentação, a habitação, a saúde e o vestuário, haja vista que as mesmas são apontadas pela literatura econômica como necessidades ©shutterstock primárias. As demais fazem parte do grupo que compõe as necessidades que são consideradas necessidades secundárias, necessidades estas que tendem a mudar de acordo com o tempo e com o espaço, já que estão sujeitas a inúmeras influências, tais como: costumes, tradição, propagandas, marketing, inovação etc. (MENDES, 2004). ©shutterstock Problemas Econômicos de Todas as Sociedades I CURVA DE POSSIBILIDADE DE PRODUÇÃO A curva de transformação – ou fronteira de possibilidades de produção (FPP) – mostra a quantidade máxima possível de bens ou serviços que determinada economia pode produzir com os recursos e a tecnologia de que dispõe e dadas as quantidades de outros bens e serviços que também produz. Para ilustrar a curva de possibilidade de produção num gráfico, por se tratar de um conceito abstrato, vamos tentar por meio de um exemplo hipotético aproximar o referido conceito a uma situação prática/real, baseado em Viceconti e Neves (2010): Suponhamos que uma determinada unidade produtiva possua os seguintes fatores de produção: capital (30 máquinas) e mão de obra ou trabalho (120 trabalhadores), e que sua linha de produção esteja direcionada à produção de apenas dois bens. Ademais, suponhamos que não haja nenhuma inovação tecnológica no processo de fabricação do produto e que a unidade produtiva não possa comprar CONCEITOS FUNDAMENTAIS EM ECONOMIA Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Em todos os dias de trabalho, milhões de pessoas desprendem seus esforços na produção de inúmeros bens e serviços. Tal produção ocorre nas indústrias, no campo, nas construtoras, nos bancos, nos shoppings, entre outros, situados em todo o mundo (MENDES, 2004). Como vimos, dada a escassez dos fatores de produção disponíveis, aliados à tecnologia que temos e dominamos, a produção dos bens e serviços em questão é limitada. Nessa direção, cabe às unidades produtivas escolher os bens e serviços que serão produzidos. Vale ressaltar que, numa economia que conta com milhares de produtos, as opções de escolha são inúmeras (MÓCHON, 2007). A escolha em questão deve ser feita com base nas possíveis combinações/ alocações de produção. Segundo Mendes (2004), para determinar quais combinações de produção são mais adequadas/possíveis, as unidades produtivas levam em consideração duas questões: 1) os recursos produtivos são limitados; 2) não é possível realizar mudanças tecnológicas, ou seja, o nível de tecnologia também é limitado. Tal limite é ilustrado pela curva de possibilidades de produção. De acordo com Móchon (2007, p.3): 22 - 23 ©shutterstock Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. mais máquinas nem contratar mais trabalhadores, ou seja, os fatores de produção são fixos ou constantes. Em suma, consideremos uma economia com conhecimento tecnológico fixo ou constante, com fatores de produção fixos ou constantes (todos os fatores são empregados na produção) e com capacidade de produção para apenas dois bens: parafusos do tipo A e parafusos do tipo B. Sequencialmente, consideremos que o gestor da empresa solicite ao engenheiro de produção, um levantamento (vide Quadro 2) das possíveis possibilidades de produção. Tais possibilidades devem levar em consideração a utilização plena e eficiente dos recursos produtivos envolvidos no processo (nesse caso, 30 máquinas e 120 homens). PARAFUSO DO TIPO A PARAFUSO DO TIPO B 20 0 18 1 15 2 11 3 6 4 0 5 Quadro 2: Levantamento das possíveis possibilidades de produção Fonte: Viceconti e Neves (2010, p. 2) Problemas Econômicos de Todas as Sociedades I B 5 (6,4) 4 (11,3) 3 (15,2) 2 (18,1) 1 0 6 Gráfico 1: Curva de possibilidade de produção Fonte: Viceconti e Neves (2010, p. 3) CONCEITOS FUNDAMENTAIS EM ECONOMIA 11 15 18 20 A Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. De acordo com o levantamento feito pelo engenheiro de produção, quando todos os fatores produtivos (30 máquinas e 120 homens) forem empregados na produção dos parafusos do tipo A, 20 (vinte) unidades do mesmo serão produzidas. Por outro lado, quando o emprego total dos recursos produtivos (30 máquinas e 120 homens) forem empregados na produção dos parafusos do tipo B, serão produzidas apenas 5 (cinco) unidades do mesmo. As escolhas que visarem à produção de uma, duas ou mais unidades de parafusos do tipo B, gerarão deslocamentos de fatores de produção alocados na produção de parafusos do tipo A para a produção de parafusos do tipo B. Tal procedimento resultará em perdas na produção de parafusos do tipo A. Por exemplo, para produzir (1) uma unidade de parafusos do tipo B, com o deslocamento dos fatores produtivos da produção de parafusos do tipo A para a produção de parafusos do tipo B, abrir-se-á mão de (2) duas unidades de parafusos do tipo A (diferença entre 20 e 18 = 2). Observe que aumentos na produção de parafusos do tipo B levam a reduções na fabricação de parafusos do tipo A e vice-versa, até que um ponto limite seja atingido. O gráfico 1 nos mostra as possibilidades de produção contidas no levantamento feito pelo engenheiro da hipotética empresa supracitada, colocando-se 24 - 25 no eixo das abscissas (horizontal) a produção de parafusos do tipo A e no eixo das ordenadas (vertical) a produção de parafusos do tipo B. A união das possibilidades/combinações de produção por uma curva originam a então discutida curva ou fronteira de possibilidades de produção. Analisando, ainda que sucintamente, o Gráfico 1, podemos concluir que: Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. a. Sendo a produção máxima de parafusos do tipo A 20 (vinte) unidades e a produção máxima de parafusos do tipo B 5 (cinco) unidades, produzir parafusos do tipo B é mais difícil do que produzir parafusos do tipo A. b. Os pontos sobre a curva ou fronteira de possibilidades de produção nos mostram a produção máxima de um bem (parafusos do tipo A), dada a produção do outro bem (parafusos do tipo B). Por exemplo, se a firma optar por produzir 15 (quinze) unidades do parafuso tipo A, ela poderá produzir, no máximo, 2 (duas) unidades do parafuso do tipo B. c. Pontos internos a CPP (curva ou fronteira de possibilidade de produção) representam produção menor do que as possibilidades de produção da empresa, ou seja, a firma está operando com capacidade ociosa ou com recursos que não estão sendo utilizados de modo eficiente (subutilização dos recursos produtivos). Por exemplo, suponha que a empresa em questão opte por produzir 11 (onze) unidades de parafusos do tipo A e 1 (uma) unidade de parafuso do tipo B. d. Pontos fora da CPP representam produção maior do que as possibilidades de produção da empresa. Por exemplo, suponha que a referida empresa opte por produzir 11 (onze) unidades de parafusos do tipo A e 4 (quatro) unidades de parafusos do tipo B. De acordo com os pressupostos assumidos, sabemos que essa combinação de produção é impossível, haja vista que os recursos produtivos e a tecnologia que a unidade produtiva em questão dispõe são fixos ou constantes e insuficientes para tais quantidades. e. A questão mais relevante a ser apontada é de que aumentos na produção de um dos parafusos (por exemplo, do tipo B) só acontecerão em detrimento da produção do outro tipo de parafuso (por exemplo, do tipo A), isto, se a empresa estiver em pontos situados na CPP. Em outras palavras, para obterem-se mais dos parafusos do tipo B, seria necessário sacrificar a produção dos parafusos do tipo A e vice-versa. A quantidade perdida dos parafusos do tipo A que essa empresa precisa incorrer Problemas Econômicos de Todas as Sociedades I para aumentar a produção de parafusos do tipo B (ou vice-versa) é denominada de custo de oportunidade, que, segundo Mendes (2004, p. 8), é um dos “princípios fundamentais para a análise econômica”. De acordo com Móchon (2007), o custo de oportunidade deve ser entendido mediante a curva de possibilidades de produção como aquilo que renunciamos para obter algo. Em termos mais precisos, No caso do Gráfico 1, denominamos custo de oportunidade de parafusos do tipo B o número de parafusos do tipo A que é preciso deixar de produzir para produzi-lo. Como mostra o Quadro 2, incrementos na produção de parafusos do tipo B elevam cada vez mais o custo de oportunidade, ou seja, o custo de oportunidade é crescente. O custo de oportunidade é crescente em decorrência da transferência de recursos produtivos a uma “nova produção”, ao passo que tais recursos se mostram menos aptos à nova atividade. Diante disso, a transferência dos recursos produtivos vai ficando cada vez mais complexa e onerosa. Em outras palavras, os recursos produtivos não são completamente adaptáveis em outras linhas de produção (VASCONCELLOS; GARCIA, 2011). Logo, os custos de oportunidade de se produzir uma unidade de parafusos do tipo B são duas unidades de parafuso do tipo A (diferença entre 20 e 18). Observe que o parafuso seguinte (do tipo B) tem um custo de oportunidade maior, ou seja, de três parafusos do tipo A (intervalo entre 18 e 15) e assim sucessivamente. Assim sendo, a curva de possibilidades de produção nos ilustra o problema da escassez, haja vista que num dado período de tempo “empresas” possuem fatores de produção e nível tecnológico constantes, de modo que a produção de um bem advém das custas do outro. Vale ressaltar que as análises e discussões aqui realizadas para esta empresa hipotética podem ser empregadas também para uma economia qualquer em que apenas dois bens pudessem ser produzidos e para a qual os fatores de produção CONCEITOS FUNDAMENTAIS EM ECONOMIA Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. O custo de oportunidade de uma decisão é aquilo a que se deve renunciar para obter algo. Em outras palavras, o custo de oportunidade de um bem ou serviço é a quantidade de outros bens ou serviços a que se deve renunciar para obtê-lo (MÓCHON, 2007, p. 4). 26 - 27 e o nível tecnológico fossem fixos ou constantes. Segundo Mendes (2004), os meios de satisfação das necessidades humanas, ou seja, os produtos, podem ser classificados de acordo com a sua natureza e de acordo com o seu destino. De acordo com sua natureza, são classificados em bens e serviços. De acordo com seu destino, são classificados em bens e serviços de consumo ou finais e em bens e serviços intermediários. Entende-se por bens todos os produtos tangíveis (que podem ser tocados, apalpados) como, por exemplo, alimentos, eletroeletrônicos, imóveis, automóveis, entre outros. Já por serviços entende-se todos os produtos intangíveis (intocáveis), entre eles, assistência médica e educacional. ©shutterstock Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. CLASSIFICAÇÃO DOS PRODUTOS Os bens e serviços de consumo ou finais são por sua vez aqueles de consumo duráveis ou de consumo imediato, tais como refrigeradores, televisões, alimentos, produtos de higiene pessoal etc. Enfim, os bens e serviços intermediários são aqueles que são alocados na produção de outros bens e serviços. Tais bens e serviços são totalmente consumidos Problemas Econômicos de Todas as Sociedades I durante o processo produtivo como, por exemplo, a matéria-prima ou insumos. Vale destacar que os bens e serviços de produção ou bens de capital (máquinas, equipamentos etc.) são aqueles que não são consumidos totalmente no processo produtivo, embora se depreciem ao longo do tempo, assim, são considerados bens e serviços finais e não bens e serviços intermediários. ATIVIDADES DE PRODUÇÃO (OU SETORES DA ECONOMIA) ATIVIDADES PRIMÁRIAS DE PRODUÇÃO Agricultura (lavouras permanentes, temporárias, horticultura, floricultura); pecuária (criação e abate de gado, de suínos e aves, pesca e caça); extração vegetal (produção florestal: silvicultura e reflorestamento). ATIVIDADES SECUNDÁRIAS DE PRODUÇÃO Indústria extrativa mineral (minerais metálicos e não metálicos); indústria de transformação (produtos alimentícios, minerais não metálicos, metalurgia, mobiliário, química, fiação e tecelagem, vestuário, calçados, material elétrico, de telecomunicações e de transporte, produtos de matérias plásticas, bebidas, fumos), indústria da construção (obras públicas, construções privadas). CONCEITOS FUNDAMENTAIS EM ECONOMIA Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Em todas as atividades de produção ou setores da economia estão inseridos os fatores de produção ou recursos produtivos (terra ou recursos naturais, mão de obra ou trabalho e capital) e as técnicas de produção (MENDES, 2004). Destaca-se que, com base em Mendes (2004), dependendo da atividade de produção, tais recursos e técnicas variam em intensidade, ou seja, em cada um dos setores da economia são empregados recursos e técnicas em proporções diferentes. O quadro a seguir mostra os recursos utilizados em cada tipo de atividade. O autor nos explica ainda que a intensidade/proporção de uso/emprego dos fatores de produção ou recursos produtivos classifica as atividades de produção ou setores da economia (vide Quadro 3) em atividades primárias, secundárias e terciárias de produção. 28 - 29 Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. ATIVIDADES TERCIÁRIAS DE PRODUÇÃO Comércio (atacadista e varejista); transportes (rodoviários, ferroviários, hidroviários e aeroviários); comunicações (telecomunicações, correios e telégrafos, radiofusão e TV); intermediação financeira (bancos, seguradoras, distribuidoras e corretoras de valores e bolsas de valores); imobiliárias (comércio imobiliário, administração e locação) hospedagem e alimentação (hotéis, restaurantes, bares e lanchonetes); reparação e manutenção (máquinas, veículos e equipamentos); serviços pessoais (cabeleireiros, barbeiros); outros serviços (assistência à saúde, educação, cultura, lazer, culto religioso) e governo (federal, estaduais e municipais). Quadro 3: Classificação das atividades de produção ou setores da economia Fonte: Mendes (2004, p.11) Como mostra a tabela anterior, as atividades primárias são mais intensivas em recursos naturais, a secundária no capital e o terciário em mão de obra ou trabalho (MENDES, 2004). Participação da indústria no PIB é a menor desde 1955 28 de agosto de 2013 | 2h 10 Roger Marzochi – O Estado de S.Paulo. A participação da indústria de transformação no Produto Interno Bruto (PIB) foi de 13,3% em 2012, retrocedendo ao nível que o setor tinha na economia em 1955, antes da implantação do Plano de Metas de Juscelino Kubitschek. E, mantida as atuais condições de crescimento, essa participação deverá cair para 9,3% em 2029. (...) Disponível em: <http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,participacao-da-industria-no-pib-e-a-menor-desde-1955-,1068592,0.htm>. Acesso em: 05 jan. 2013. Problemas Econômicos de Todas as Sociedades I O SISTEMA ECONÔMICO CAPITALISTA (OU ECONOMIA DE MERCADO) CONCEITOS FUNDAMENTAIS EM ECONOMIA Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Define-se sistema econômico como a forma na qual uma sociedade está planejada e/ ou organizada. O referido planejamento e/ou organização ocorre em termos econômicos, políticos e sociais. O principal objetivo de tal planejamento e/ou organização é fazer crescer as atividades econômicas, que por sua vez são as atividades de produção, distribuição e consumo de bens e serviços (VICECONTI; NEVES, 2010). As instituições que desenvolvem e/ou fazem crescer as atividades econômicas são nominadas agentes econômicos e são divididas, de acordo com Viceconti e Neves (2010), em quatro classes: unidades produtivas ou empresas, unidades familiares ou famílias, setor público ou governo e setor externo ou resto do mundo. As unidades produtivas ou empresas são as instituições responsáveis pela produção de bens e serviços de uma nação. Diante disso, para realizar suas atividades, demandam ou procuram fatores de produção (terra ou recursos naturais; mão de obra ou trabalho e capital), que são por sua vez recompensados por meio de remuneração. O principal objetivo das unidades produtivas ou empresas em uma economia de mercado é a obtenção de lucros. As unidades familiares ou famílias são as instituições que oferecem os serviços dos fatores de produção às unidades produtivas ou empresas. O principal objetivo das unidades familiares ou famílias em uma economia de mercado é a obtenção de remuneração. Destaca-se ainda que os proprietários das unidades produtivas ou empresas fazem parte concomitantemente das duas instituições supracitadas, ou seja, enquanto responsáveis pela produção, fazem parte da instituição unidades produtivas ou empresas e, enquanto proprietários dos fatores de produção, das unidades familiares ou famílias. A tal instituição cabe ainda o consumo dos bens e serviços produzidos na economia. Compõem o Setor Público ou Governo os entes da administração direta, nos âmbitos federal, estadual e municipal. O principal objetivo do Governo em uma economia de mercado é oferecer bens e serviços à coletividade, de modo a satisfazer o maior número de necessidades e assim elevar o bem-estar de todos. As empresas públicas e as sociedades de economia mista, por objetivarem lucros, não são consideradas nesta instituição e sim na instituição unidades produtivas ou empresas. O setor externo ou resto do mundo é composto por todas as instituições que mantêm relações econômicas com o país/ economia que se está analisando e que tenham sua estrutura física fora das fronteiras geográficas deste. Assim sendo, visando desenvolver e/ou fazer crescer as atividades econômicas, cabe a toda economia o estabelecimento de suas normas. Normas estas que devem ser respeitadas/cumpridas por todos os agentes. Por exemplo, as unidades produtivas devem ter autorizações específicas, entre elas, o alvará de funcionamento para atuar, ou seja, para produzir e comercializar seus produtos. Essa é apenas uma das normas que compõem as inúmeras existentes nas economias. Tais normas e suas relações com as unidades produtivas e familiares, bem como com os setores público e externo, formam o que chamamos de sistema econômico. Os mais relevantes tipos de sistema econômico são: o capitalismo e o socialismo3. Aqui, trataremos apenas do capitalismo, haja vista que o sistema econômico em questão é o sistema no qual a maioria das economias está inserida. O referido sistema econômico depende das forças de demanda (consumidores) e de oferta (produtores) para determinar preços, alocar recursos e distribuir a renda e a produção, ao passo que o governo pouco se envolve na tomada de decisões (MENDES, 2004). Determinados a obter lucros cada vez maiores, os proprietários dos fatores de produção ou recursos produtivos (os fatores de produção ou recursos produtivos são de propriedade privada) tomam as decisões de produção. Destaca-se que os lucros e prejuízos que por ventura ocorram são resultados das referidas decisões. Tais decisões tendem a afetar diretamente consumidores e produtores, ao passo que os consumidores, dado seu nível de renda, buscam maximizar suas satisfações, e os produtores, dados os seus fatores de produção ou recursos produtivos, buscam maximizar seus lucros. ©shutterstock Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 30 - 31 3 A base do socialismo, como um sistema econômico, é a propriedade coletiva ou estatal dos recursos produtivos, sendo que o Estado toma as decisões. As indústrias são de propriedade da sociedade como um todo. O controle da propriedade é mantido pelo Estado para o mútuo benefício da população (MENDES, 2004, p. 16). O Sistema Econômico Capitalista (ou Economia de Mercado) I Nesse ínterim, os preços de mercado são os responsáveis por nortear as decisões das firmas e dos indivíduos no quesito produção, distribuição e consumo. Contudo, vale ressaltar que neste tipo de sistema econômico em todos os tipos de atividades/segmentos a concorrência é extremamente acirrada. As manifestações no Brasil e a crise do capitalismo Rall (...) Quando o capitalismo atinge o limite absoluto, as instituições criadas para garantir o funcionamento dessa forma social passam a não responder, seja na condução da economia, seja para mitigar os efeitos desastrosos sob as condições de vida. Daí a percepção, ainda que difusa e não de todo consciente, de que os partidos políticos, os sindicatos, a justiça, a infraestrutura, o transporte, a educação, saúde e outros setores que desempenham as chamadas funções de Estado, não mais funcionem ou funcionam precariamente. O discurso ideológico que quer separar o Estado do mercado não enxerga que ambos são partes da mesma totalidade, a sociedade produtora de mercadorias. Foram construindo-se e redefinindo-se nos momentos de bonança e crise, numa relação íntima, mesmo nos momentos em que o primeiro parece soberano e ganha certa autonomia. A separação formal que se faz é uma abstração, pode levar partidos e movimentos ao auto-engano, acreditando no Estado enquanto um ente que pode se descolar das relações capitalistas e fazer a revolução. (...) Fonte: <http://rumoresdacrise.blogspot.com.br/2013/07/as-manifestacoes-no-brasil-e-crise-do.html>. Acesso em: 21 out. 2013. CONCEITOS FUNDAMENTAIS EM ECONOMIA Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Domingo, julho 14, 2013 32 - 33 Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Em síntese, conforme nos mostra o Quadro 4, as principais características do sistema econômico capitalista são: PROPRIEDADE PRIVADA Dos fatores de produção, dos bens de consumo (duráveis e não duráveis) e do dinheiro. SISTEMA DE PREÇOS Responsável pelo controle do funcionamento da economia: seleção de bens e quantidades a serem produzidos; combinação e distribuição dos fatores de produção; seleção de técnicas e métodos de produção/organização e distribuição dos bens entre membros da sociedade. LUCRO Incentivo à produção. Diferença entre Receita Total e Custo Total de produção. COMPETIÇÃO De grande importância. Entre as empresas e entre os proprietários dos recursos, apesar da constante/crescente presença de oligopólios e monopólios nos mercados. GOVERNO Papel limitado, apesar da elevada participação do governo nas atividades econômicas nos dias atuais. Quadro 4: Principais características do Capitalismo Fonte: Mendes (2004, pp-. 17-18) Ainda que sejam inúmeras as críticas apontadas ao modo de produção em questão, esse tipo de sistema econômico, até então, tem-se revelado a opção mais eficaz a título de organização da atividade econômica. Segundo Mendes (2004, p. 18-19), estudiosos do assunto apontam o “a) antagonismo entre o capital e o trabalho; b) a presença de elementos monopolísticos e c) a não solução da justiça social” como as mais relevantes falhas do sistema. Em contrapartida, apontam a alocação dos fatores de produção de modo eficiente como a mais relevante qualidade do sistema em questão, ao passo que promove ganhos de produção e bem-estar social. A eficiência na alocação dos recursos produtivos é consequência da constante busca pelo aperfeiçoamento, em função da acirrada competição existente e da incitação ao lucro. O Sistema Econômico Capitalista (ou Economia de Mercado) I PROBLEMAS BÁSICOS DE UM SISTEMA ECONÔMICO CAPITALISTA Haja vista que as necessidades humanas são infinitas e os fatores de produção são finitos, o sistema econômico capitalista, ao alocar recursos produtivos, confrontar-se-á, como nos descreve o Quadro 5, com três problemas básicos: Sabe-se que diante do contexto de escassez dos recursos produtivos, uma maior produção de um determinado bem/ serviço implicará em uma menor produção de outros bens/ serviços. Diante disso, cada sociedade deverá escolher o que produzir. Indiretamente, tal escolha é feita pelos consumidores quando gastam suas rendas adquirindo produtos cujos preços estão dispostos a pagar. COMO PRODUZIR? Como produzir refere-se à combinação/ajuste dos recursos produtivos e à empregabilidade de técnicas que possibilitem um determinado nível de produção ao menor custo possível. Os preços dos recursos produtivos nesse processo são fundamentais ao passo que apontam os fatores de produção mais escassos e que, portanto, devem ser poupados. PARA QUEM PRODUZIR? Dependente do nível da renda pessoal e de sua distribuição, para quem produzir diz respeito à distribuição dos bens/serviços. Em outras palavras, quanto maior a renda de um indivíduo, maior será seu consumo. Quadro 5: Problemas básicos de um sistema econômico capitalista Fonte: Mendes (2004) Atuantes em diversos mercados, os agentes econômicos são os responsáveis, nas economias capitalistas, pelas possíveis respostas a esses três questionamentos. As unidades familiares ou famílias, por exemplo, escolhem que bens/serviços vão adquirir, bem como o quanto vão poupar. As unidades produtivas ou empresas, por sua vez, escolhem os bens/serviços que vão produzir e de que modo vão produzi-los. O setor público ou governo escolhe os projetos/programas que serão implantados e como os mesmos serão financiados. Por fim, o setor externo ou resto do mundo decide com quais países a economia em questão manterá relações comerciais (MOCHÓN, 2007). CONCEITOS FUNDAMENTAIS EM ECONOMIA Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. O QUE PRODUZIR? 34 - 35 Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. FUNCIONAMENTO DE UM SISTEMA ECONÔMICO CAPITALISTA As bases de um sistema econômico capitalista podem ser melhor discutidas por meio de um modelo de economia de mercado que não considere interações com o setor público ou governo e com o setor externo ou resto do mundo. Observe que as instituições familiares e produtivas nesse modelo interagem em apenas dois mercados, sendo eles o mercado de bens e serviços e o mercado de fatores de produção (MENDES, 2004). Nessa direção, as unidades familiares oferecem no mercado de fatores de produção recursos produtivos. As unidades produtivas, por sua vez, oferecem no mercado de bens e serviços sua produção. Por outro lado, as unidades familiares demandam no mercado de bens e serviços a produção das empresas, ao passo que as unidades produtivas demandam no mercado de fatores de produção os recursos produtivos. Essa interação entre agentes econômicos e mercados é chamada de fluxo real da economia (VASCONCELLOS, GARCIA, 2011). Entretanto, tal interação só é possível com a presença da moeda, que é empregada para remunerar as famílias pelo uso dos recursos produtivos, bem como para o pagamento dos bens e serviços adquiridos. Diante disso, tem-se um fluxo monetário. A união dos fluxos real e monetário da economia origina o que chamamos de Fluxo Circular de renda. O Quadro 6 descreve sucintamente as interações que compõem esse fluxo (VASCONCELLOS; GARCIA, 2011). ATIVIDADE MERCADO DE BENS E SERVIÇOS MERCADO DE FATORES DE PRODUÇÃO Fluxo Real Produtos das empresas para satisfazer as necessidades dos consumidores. Os principais fatores de produção são: Terra ou Recurso Natural, Mão de obra ou Trabalho e Capital. As famílias transferem parte de suas rendas às empresas, ao adquirirem seus produtos. As empresas remuneram as famílias pelo uso dos fatores, por meio de: Salários (trabalho). Dividendos (Capital). Juros (Capital). Lucros (Capital). Aluguel (T ou RN). Fluxo Monetário O Sistema Econômico Capitalista (ou Economia de Mercado) I ATIVIDADE MERCADO DE BENS E SERVIÇOS MERCADO DE FATORES DE PRODUÇÃO Oferta Exercida pelas instituições Exercida pelas instituições produtivas. familiares. Demanda Exercida pelas instituições Exercida pelas instituições familiares. produtivas. Interação Por meio dos preços dos produtos. Por meio dos preços dos fatores. Destaca-se que, tanto no mercado de bens e serviços quanto no mercado dos fatores de produção, visando determinar os preços, as forças da oferta e da demanda atuam em conjunto. Assim sendo, no mercado de bens e serviços, essa interação forma os preços dos produtos, ao revés do mercado de fatores de produção, que forma os preços dos recursos produtivos (VASCONCELLOS; GARCIA, 2011). Por fim, vale ressaltar que as interações entre famílias e empresas, nesses mercados, são limitadas pela escassez. Em outras palavras, as famílias, embora tenham desejos ilimitados, possuem rendas limitadas ao passo que empresas, devido a recursos produtivos finitos, incorrem em restrições de produção (MENDES, 2004). DIVISÃO DA CIÊNCIA ECONÔMICA Devido a fins metodológicos para estudos econômicos, divide-se a ciência econômica em duas grandes áreas, sendo elas a microeconomia e a macroeconomia. A microeconomia, segundo Viceconti e Neves (2010, p. 9), “é o ramo da teoria econômica que estuda o funcionamento do mercado de um determinado produto ou grupo de produtos”. Em outras palavras, estuda a interação entre compradores e vendedores em determinados mercados como, por exemplo, no mercado de produtos alimentícios. Assim sendo, o estudo da microeconomia está voltado, entre outros, para: a) CONCEITOS FUNDAMENTAIS EM ECONOMIA Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Quadro 6: Interações entre famílias e empresas nos mercados de bens e serviços e de fatores de produção Fonte: Mendes (2004, p. 22) Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 36 - 37 instituições individualizáveis, isoladamente ou em grupos homogêneos; b) comportamento dos consumidores; c) comportamento das empresas; d) estruturas e mecanismos de funcionamento dos mercados; e) funções e imperfeições dos mercados; f) remuneração paga aos agentes e à repartição funcional da renda nacional e g) preços que as empresas recebem por suas produções (ROSSETTI, 2008). Nas unidades II e III, serão abordadas as noções básicas que envolvem essa área da Teoria Econômica. A macroeconomia por sua vez “é o ramo da teoria econômica que estuda o funcionamento da economia como um todo, procurando identificar e medir inúmeras variáveis”, tais como: nível de produção total, investimento agregado, poupança agregada, nível de emprego, nível geral de preços, etc. (VICECONTI; NEVES, 2010, p. 9). Dessa forma, o estudo da macroeconomia está voltado, entre outros, para: a) a economia em seu conjunto; b) o desempenho total da economia, dado as causas e os mecanismos de correção das flutuações; c) os agregados macroeconômicos, tais como PIB e RN; d) as relações entre macrovariáveis, tais como investimento e nível de emprego; e) as medidas de tendência central, tais como taxas de juros e de câmbio; f) as trocas internacionais e g) o crescimento e desenvolvimento das economias (ROSSETTI, 2008). As noções básicas que envolvem essa área da teoria econômica serão tratadas nas unidades de número IV e V. Macroeconomia e microeconomia: a convergência de seus conteúdos. É evidente que as metas básicas macroeconômicas e microeconômicas são compatíveis: o máximo de bem-estar para a população como um todo, cuja realização é o objetivo primordial da política econômica somente pode ser conseguido com a conjunção da plena utilização com a alocação ótima. São, assim, convergentes os focos e os conteúdos da macro e da microeconomia. Fonte: Shapiro (1991 apud ROSSETTI, 2008, p. 72) Divisão da Ciência Econômica I CONSIDERAÇÕES FINAIS CONCEITOS FUNDAMENTAIS EM ECONOMIA Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Para concluir o conteúdo abordado e as discussões propostas nesta unidade, por meio do saiba mais, reflita e atividade de autoestudo, vamos relembrar aqui, ainda que brevemente, tudo o que estudamos. Você se lembra que, num primeiro momento, aprendemos/discutimos sobre os problemas econômicos que todas as sociedades enfrentam? Pois bem, nesse contexto, nos concentramos em entender os tradicionais fatores de produção; as necessidades humanas ilimitadas; a curva de possibilidades de produção; a classificação dos produtos e as atividades de produção ou setores da economia. Sequencialmente, aprendemos/discutimos o sistema econômico capitalista ou economia de mercado, mais especificamente, os problemas básicos e o funcionamento de um sistema econômico capitalista. Por fim, aprendemos/discutimos sobre a divisão da ciência econômica em duas grandes áreas, sendo elas a Microeconomia e a Macroeconomia, que decorre de fins metodológicos para estudos econômicos. Em outras palavras, agora você compreende por que a economia é uma ciência da escassez; reconhece a contradição existente entre fatores de produção e necessidades humanas; define economia e suas atividades de produção; analisa a C.P.P. (curva ou fronteira de possibilidades de produção); entende o conceito de custo de oportunidade; discute os problemas econômicos fundamentais e explica o funcionamento de um sistema econômico capitalista. Em suma, você domina/conhece conceitos fundamentais em economia e está apto a compreender/analisar, ainda que de modo geral, o mundo/sociedade em que vivemos principalmente no âmbito dos negócios, cenário onde a economia se faz presente continuamente. 38 - 39 1.Por que a economia é uma ciência da escassez ou das escolhas? 2.O que a curva de possibilidades de produção explica? 3.O que é custo de oportunidade? Exemplifique. 4.Explique os três problemas econômicos fundamentais que todas as sociedades enfrentam. 5.De que modo se constitui o fluxo circular de renda? MATERIAL COMPLEMENTAR Introdução à Economia: Princípios de Micro e Macroeconomia MANKIW, N. Gregory Editora: Campus Sinopse: Esta é uma introdução à economia totalmente voltada para os estudantes da graduação. Com questões e conteúdos atuais, o livro mostra a relação entre economia, política e atualidade e busca dar ao estudante uma base sólida de conhecimentos dos principais tópicos da Economia. O objetivo desse livro é ajudar os estudantes a aprender as lições fundamentais de economia e mostrar-lhes que essas lições podem ser aplicadas ao mundo em que vivem. CONCEITOS FUNDAMENTAIS EM ECONOMIA INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA UNIDADE Professora Me. Andréia Moreira da Fonseca Boechat II Objetivos de Aprendizagem ■■ Discutir os fundamentos da teoria do consumidor. ■■ Entender a teoria da demanda. ■■ Estudar a teoria da oferta. ■■ Compreender o equilíbrio de mercado. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■■ Fundamentos da teoria do consumidor ■■ Teoria da demanda ■■ Teoria da oferta ■■ Equilíbrio de mercado 42 - 43 Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. INTRODUÇÃO Olá, caro(a) acadêmico(a), Seja bem-vindo(a) à segunda unidade do nosso livro Economia e Sociedade. Agora que você já conhece alguns conceitos básicos e fundamentais para o entendimento da economia e já sabe que esta ciência tão fantástica é dividia em duas grandes áreas, microeconomia e macroeconomia, poderemos dar início ao estudo da primeira grande área, a qual irá fazer uma introdução à microeconomia. Então, nesta segunda unidade, irei apresentar a você como os agentes econômicos família e empresa tomam suas decisões de compra e venda de bens e serviços e como o preço e quantidade são formados. Para atingir o objetivo principal, a unidade está dividia em quatro tópicos. No primeiro tópico, discutiremos os fundamentos da teoria do consumidor, que mostra como os consumidores escolhem quais são os bens e serviços que irão demandar e em qual quantidade. Na segunda parte, apresentarei a tão famosa teoria da demanda, onde definiremos demanda e veremos quais são os fatores que afetam a demanda, tanto aumentando-a quanto reduzindo-a. No terceiro tópico, estudaremos o outro lado da relação, ou seja, a lei da oferta. Aqui será apresentado o lado da empresa e o que faz com que ela aumente ou reduza a quantidade que ela deseja produzir e vender. E para finalizar a unidade, veremos as curvas de demanda e de oferta atuando conjuntamente. E é nesta relação que o preço e quantidade que conhecemos são formados. Bons estudos e um forte abraço, Prof.ª Me. Andréia Moreira da Fonseca Boechat FUNDAMENTOS DA TEORIA DO CONSUMIDOR Na unidade I, foi apresentado que família e empresa são agentes econômicos e fazem parte do sistema econômico. Neste tópico, estudaremos apenas as famílias, que são os consumidores e seus comportamentos em relação às decisões Introdução II ©shutterstock ■■ Excluindo a poupança, os consumidores gastam toda sua renda em bens e serviços. ■■ Os consumidores gastam sua renda em mais de um bem ou serviço, ou seja, possuem cestas de bens, que veremos mais para frente. ■■ Como vimos, as necessidades humanas são ilimitadas, por este motivo, os consumidores raramente estão satisfeitos com a quantidade de produtos comprados. ■■ Os consumidores procuram maximizar1 a satisfação total, dado sua renda e os preços dos bens. A partir dessas características, sabemos que as pessoas têm preferência por alguns bens e serviços em relação a outros, ou seja, os consumidores, também conhecidos como famílias, são capazes de colocar as cestas de bens e serviços em ordem, de acordo com suas preferências. Estas cestas serão compostas por quantidades somente de dois bens e ou serviços. Essa situação pode ser representada a seguir: 1 Maximizar significa atribuir um valor mais alto possível. INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. de consumo. Você saberia me dizer quais são os fatores que os consumidores levam em consideração ao escolher um determinado conjunto de bens e serviços? No geral, os consumidores possuem algumas características na relação entre a renda disponível e a escolha por bens e serviços. Você saberia me dizer quais são estas características? Você, por exemplo, como escolhe um determinado bem ou serviço? As características que a maioria dos consumidores tem são, segundo Mendes (2009): 44 - 45 Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. C = (Q1, Q2) Onde: C – cesta de bens e serviços Q1– quantidade do bem ou serviço 1 Q2– quantidade do bem ou serviço 2 Mas como essa escolha por determinada cesta de bens e serviços é feita? A escolha que o consumidor faz por determinadas cestas de bens e serviços em relação a outras é feita à partir de três pressupostos2: ■■ Mais é melhor do que menos – os consumidores preferem maiores quantidades a menores. ■■ A preferência é completa – os consumidores são capazes de comparar duas ou mais cestas de bens e serviços e escolher a que mais o agrada. ■■ A preferência é transitiva – dados três cestas, A, B e C, e comparando duas cestas por vez, entre A e B, o consumidor prefere a cesta A. Entre B e C, o consumidor prefere a cesta B. Então, entre A e C, o consumidor irá preferir a cesta A. Essa situação pode ser vista no esquema abaixo. A>B B>C Então, A >C Para melhor entender o terceiro pressuposto, vamos pensar no seguinte exemplo: José, nosso consumidor, possui três cestas de bens e serviços disponíveis, A, B e C, dado a sua renda e o preço dos bens, conforme situação abaixo. Cesta A = (2 canetas, 3 borrachas) Cesta B= (1 caneta, 2 lápis) Cesta C = (1 lápis e 2 borrachas) Entre a cesta A e a cesta B, José prefere a cesta A. Entre a cesta B e a cesta C, ele escolherá a cesta B. Então, como a A ganhou da B, e a B ganhou da C, se compararmos as cestas A e C, José preferirá a A. 2 Pressuposto é uma hipótese, ou seja, estamos partindo do princípio de alguma coisa. Fundamentos da Teoria do Consumidor II UTILIDADE Os pressupostos da teoria do consumidor mostram as preferências de um determinado consumidor através de uma função, a chamada função utilidade, que é definida por Mendes (2009) como sendo o benefício ou satisfação que o consumo de um bem ou serviço poderá gerar a uma pessoa. A função utilidade pode ser representada como sendo: Onde: U– utilidade f – uma representação matemática que significa “em função de que” Q1– quantidade do bem 1 Q2– quantidade do bem 2 Existem dois tipos de utilidade, a total e a marginal. A utilidade total é a satisfação completa (total) pelo consumo de todas as quantidades consumidas de um determinado bem ou serviço. A utilidade total é crescente até um certo ponto, o chamado ponto de saturação, após esse ponto, ela vai decrescendo. Diferente da utilidade total, a utilidade marginal é a satisfação gerada pelo consumo de uma unidade a mais de um determinado bem ou serviço. A utilidade marginal explica uma das características que foram citadas no início desta unidade, a que o consumidor não gasta toda a sua renda em um único bem ou serviço, pois, se formos explicar de forma bem radical, ele enjoa. Diferente da utilidade total, a utilidade marginal é decrescente, ou seja, reduz à medida que a pessoa vai consumindo quantidades adicionais de um bem ou serviço, mantendo os demais constantes. Para melhor entendimento da diferença entre utilidade total e marginal, Mendes (2009) apresenta um exemplo que iremos utilizar com algumas alterações. Imagine José, nosso consumidor, no deserto do Saara, morrendo de sede. Ele encontra um vendedor de água e como está com sede e tem dinheiro comprará copos de água. Para o primeiro copo, José está disposto a pagar um valor INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. U = f (Q1, Q2) Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 46 - 47 muito alto pela água, por exemplo, 70 reais, pois o grau de satisfação que o consumo deste copo trará é muito alto. Já, no segundo, José está disposto a pagar um valor ainda alto, mas não tão alto quanto pagou pelo primeiro copo, por exemplo, 50 reais. E assim sucessivamente, até chegar ao décimo copo, no qual José não está mais disposto a pagar nada pela água, pois o décimo copo não trará mais benefícios ao nosso consumidor. E se continuarmos analisando cada possível copo consumidor chegaremos a um valor negativo, ou seja, o consumo, por exemplo, do décimo primeiro copo gera uma repulsa. Colocando essa situação na tabela abaixo. QUANTIDADE DE COPOS DE ÁGUA UTILIDADE TOTAL UTILIDADE MARGINAL 0 0 - 1 70 70 2 120 50 3 165 45 4 190 25 5 210 20 6 225 15 7 235 10 8 240 5 9 242 2 10 243 1 Tabela 1: Utilidades Total e Marginal do consumo de copos de água por José Fonte: Mendes (2009) A Tabela 1 representa as utilidades total e marginal de José ao consumir os copos de água. Como você vê, o valor que José está disposto a pagar por cada copo reduz à medida que o consumo aumenta, sendo o primeiro copo 70 reais, e o décimo copo, apenas um real. Então, você percebeu que a utilidade marginal foi caindo, ou seja, o grau de satisfação de José por cada copo de água reduz ao longo do consumo. Já a utilidade total, que é a soma de todas as utilidades, aumentou. Para melhor visualizar esta situação, vamos representá-la em um gráfico. Fundamentos da Teoria do Consumidor II U Utilidade Total Q Gráfico 2: Representação das curvas de utilidades total e marginal Fonte: elaborado pela autora O Gráfico 2 confirmou o que eu vinha afirmando até agora sobre a função utilidade: a utilidade total aumenta conforme aumenta a quantidade consumida de um determinado bem ou serviço, e a utilidade marginal decresce à medida que aumenta o consumo de um determinado bem ou serviço. Nada é mais útil do que a água, mas dificilmente, ela nos permitirá comprar algo escasso... Um diamante, em contraste, em escasso de valor de uso, mas uma grande quantidade de outros bens, frequentemente, ser trocada por ele. Smith (1976, apud CARVALHO et al. 2008) Na prática, essa situação acontece em um rodízio de pizzas ou carnes, por exemplo: quando chegamos ao restaurante, estamos com tanta fome que o primeiro pedaço de pizza gera um grau de satisfação enorme. Porém, conforme vamos comendo, nossa fome vai acabando, e a satisfação gerada vai reduzindo até chegar INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Utilidade marginal Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 48 - 49 ao ponto em que não queremos mais pizza e pedimos ao garçom para não oferecer mais (utilidade marginal negativa). É importante observar que representei a utilidade tanto total como marginal, através de dinheiro, mas apenas para facilitar o entendimento. Como a utilidade é a ©shutterstock satisfação gerada pelo consumo de bem ou serviço, não é fácil quantificar, pois o grau de satisfação é diferente para cada pessoa. Então, utilidade não é medida através de números e sim pelo grau de satisfação. CURVA DE INDIFERENÇA Outra curva importante que deve ser analisada, antes de estudarmos a teoria da demanda de fato, é a curva de indiferença, que mostra as cestas que o consumidor considera indiferente, ou seja, as possíveis cestas que o consumidor desejaria adquirir, de acordo com os pressupostos que estudamos no início da unidade. Claro que irei apresentar a curva de indiferença de forma simplificada, pois este é um livro de introdução à economia. Vamos supor que José consuma refrigerante e pipoca, conforme a sua renda e o preço destes bens, existem quatro cestas disponíveis. CESTA QUANTIDADE DE REFRIGERANTES QUANTIDADE DE PIPOCAS C1 (1,4) 1 4 C2 (2,3) 2 3 C3 (3,2) 3 2 C4 (4,1) 4 1 Tabela 2: Cestas de José compostas por refrigerantes e pipocas Fonte: elaborada pela autora A tabela 2 mostra quatro cestas compostas por refrigerantes e pipocas que José pode adquirir observando a sua renda e o preço dos bens. Representando a tabela 2 em gráfico para melhor visualização: Fundamentos da Teoria do Consumidor II Refrigerantes 4 c1 3 c2 2 c3 0 c4 1 2 3 4 Curva de indiferença Pipocas Gráfico 3: Curva de indiferença de José para refrigerantes e pipocas Fonte: elaborado pela autora Conforme pode ser visto no Gráfico 3, qualquer cesta sobre a curva de indiferença é, como o nome já diz, indiferente para José adquirir. Podemos ver também que, assim como na curva de utilidade marginal, a curva de indiferença é negativamente inclinada. O motivo é que, de acordo com os pressupostos da teoria do consumidor, “mais é melhor do que menos”. TEORIA DA DEMANDA Agora vamos começar o estudo da teoria de demanda, pois até este momento vimos os fundamentos da teoria do consumidor. A teoria da demanda tem como objetivo tratar das necessidades dos consumidores, ou seja, procura explicar o comportamento do consumidor ao escolher bens e serviços. Na unidade I, você viu que qualquer economia procurar responder a quatro perguntas básicas: O que produzir? Quanto produzir? Para quem produzir? Como INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 1 50 - 51 Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. produzir? Destas, as três primeiras são respondidas pela teoria do consumidor. Mas o que é demanda? Passos e Nogami (2012) definem demanda como sendo a quantidade de um determinado bem ou serviço que um consumidor deseja e está capacitado a comprar, por unidade de tempo. A palavra “deseja” está em destaque porque a demanda é uma intenção de compra e não a compra efetiva. Outros três elementos devem ser discutidos sobre a definição de demanda: a. Só existe demanda se a pessoa puder pagar pelo bem ou serviço. Se não puder pagar, não há demanda. Então, sonho de consumo que muitas vezes temos não é considerado demanda, pois não podemos pagar por ele. b. O conceito de demanda está relacionado à ideia de utilidade. Isto mesmo, aquela utilidade que vimos no tópico 1 desta unidade. Só existirá demanda se aquele bem ou serviço gerar algum tipo de satisfação para o consumidor. Se não gera satisfação, não há demanda, pois quem irá desejar um bem ou serviço sem utilidade? c. A demanda vem sempre acompanhada da unidade tempo, pois a demanda altera com o tempo. Se a demanda é uma intenção de compra conforme a renda e o preço do bem, com o tempo o preço altera e a renda também, então, a demanda é alterada. Podemos concluir então que a demanda é dinâmica! Agora que você já sabe o conceito de demanda, vamos representá-la graficamente? A curva de demanda é representada, conforme Gráfico 4. P D Q Gráfico 4: Representação da curva de demanda Fonte: elaborado pela autora Teoria da Demanda II PREÇO DO INGRESSO QUANTIDADES DE IDA AO CINEMA 15 1 12 2 10 3 7 4 5 5 Tabela 3: Demanda por ingressos para cinema de José Fonte: elaborada pela autora INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Conforme visto no Gráfico 4, a curva de demanda (D) é a relação entre preço (P) e quantidade (Q) e é negativamente inclinada. Você sabe me responder por que a curva de demanda é negativamente inclinada? A curva de demanda é negativamente inclinada porque conforme o preço aumenta, a quantidade que os consumidores estão dispostos a adquirir reduz, pois se o preço aumentar os consumidores irão substituir o consumo de um bem pelo seu substituto. Esse efeito é chamado de efeito substituição. Outro motivo que faz com que a curva de demanda seja negativamente inclinada é o chamado efeito renda, que nos diz que, ao aumentar a renda, o consumidor irá demandar quantidades maiores de um determinado bem. Então, a utilidade marginal que estudamos explica que a curva de demanda é negativamente inclinada, pois, conforme o preço altera, a quantidade demandada altera também (efeito substituição), e alterações na renda alteram a quantidade demandada (efeito renda). Para facilitar a explicação acima, vou mostrar um exemplo. José, nosso consumidor, deseja ir ao cinema ver os filmes que acabaram de ser lançados. Nesse exemplo, cinema é nosso bem. Dependendo do preço do ingresso, José está disposto a ir mais de uma vez ao mês ao cinema, conforme Tabela 3. 52 - 53 Analisando a tabela 3 e a representando graficamente, podemos ver que, conforme o preço do ingresso para o cinema se reduz, a quantidade demandada, ou seja, a quantidade de vezes que José está disposto a ir ao cinema aumenta, o que faz com que a curva de demanda seja negativamente inclinada. P 15 Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 12 10 7 5 0 1 2 3 4 5 Q Gráfico 5: Representação da curva de demanda de José para ingressos de cinema. Fonte: elaborado pela autora Claro que o gráfico representa a curva de demanda de apenas um consumidor, mas também temos a curva de demanda de mercado, que é a soma das curvas de demanda individuais de um determinado bem que está sendo vendido a um determinado preço. Independente de ser curva de demanda individual ou de mercado, ela será sempre negativamente inclinada, pelos motivos que já explicamos. FATORES QUE AFETAM A CURVA DE DEMANDA Após entender o conceito de demanda e o que de fato significa para a ciência econômica, vou apresentar a você alguns fatores que afetam a curva de demanda, tanto positiva quanto negativamente, ou seja, fatores que fazem com que a demanda aumente ou diminua e um fator que determina a demanda. O fator que determina a demanda é o preço do bem ou serviço em questão. Neste caso, como discutimos até agora, um aumento do preço faz com que a quantidade que os consumidores estão dispostos a consumir reduza e vice-versa. Teoria da Demanda II Assim, não há um deslocamento da curva de demanda, apenas os pontos sobre a curva que deslocam, nós chamados isso de alteração na quantidade demandada e não alteração na demanda. Já os fatores que a afetam, e portanto deslocam a curva de demanda para a direita ou para a esquerda, são diversos e irei apresentar a você alguns deles. a. Renda. b. Preço dos bens complementares. d. Propaganda. e. Expectativa sobre o futuro. f. Fatores Climáticos. g. Hábitos/costumes. h. Entre outros. Vamos ver cada um deles? a) Renda A renda é um dos principais fatores que afetam a curva de demanda. Então, de acordo com a renda, os consumidores irão escolher qual das cestas de produtos disponíveis irá demandar. A partir da variação da renda e do impacto que esta variação causa na quantidade demandada, os bens podem ser classificados em: ■■ Normal – quando há um aumento de renda, a quantidade demanda do bem ou serviço aumenta. A maioria dos bens são normais, pois quando a pessoa tem um aumento de renda, ela passa a demandar mais daquele bem. Neste caso, a curva de demanda se desloca para a direita, ou seja, para cima. ■■ Inferior – quando há aumento da renda, a pessoa passa a consumir menos daquele bem. Por exemplo, se José, nosso consumidor, tiver um aumento de salário, ele passará a consumir mais carne de primeira. Nesse caso, a curva de demanda para carne de segunda se desloca para a esquerda, ou seja, para baixo. INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. c. Preço dos bens substitutos. 54 - 55 Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. ■■ Consumo saciado – independe da renda, a quantidade de demanda será a mesma, ou seja, mesmo que José passe a receber um salário maior ou o preço do bem reduza, ele não irá demandar mais ou menos quantidades, por exemplo, de sal. Nesse caso, a curva de demanda não se desloca, pois não há aumento ou redução da demanda. b) Preço dos bens complementares Bens complementares são os bens que são consumidos juntos como, café e açúcar, arroz e feijão, pão e manteiga etc. Então, se o preço de um bem aumentar (café), a quantidade demandada de café e do seu complementar, que é o açúcar, reduzirá, deslocando a curva de demanda para a esquerda. c) Preço dos bens substitutos Bens substitutos são aqueles bens que têm, praticamente, as mesmas características e por esse motivo podem ser substituído um pelo outro. Por exemplo, bolo de chocolate e bolo de coco; manteiga e margarina; pão francês e pão de forma, entre outros. Como são bens que podem ser substituídos, quando o preço de um aumentar, por exemplo, da manteiga, a quantidade demandada de manteiga cairá e a quantidade demandada do seu substituto, no caso, da margarina, aumentará. Neste caso, a curva de demanda de manteiga se desloca para a esquerda, ou seja, para baixo e a curva de demanda de margarina se desloca para a direita. d) Propaganda/Marketing A propaganda/marketing cria uma necessidade de consumo. Então, é um instrumento muito utilizado para aumentar a quantidade demanda de determinados bens e serviços, deslocando a curva de demanda para a direita. e) Expectativa sobre o futuro Outro fator que afeta a curva de demanda é a expectativa que o consumidor tem em relação ao futuro. Se José acredita que receberá um aumento daqui a noventa dias, a demanda dele aumentará hoje, caso contrário, se ele está em aviso prévio, a demanda dele reduzirá. Teoria da Demanda II IMPORTÂNCIA DO MARKETING NA ECONOMIA A economia está diretamente ligada ao marketing e, cada vez mais, esta ligação será mais forte, pois a movimentação financeira é consequência do consumismo, que ganha força através do marketing e da propagando. Para ler a reportagem na íntegra, acesse: <http://www.agencianoticias.com. br/2012/03/01/importancia-do-marketing-na-economia/>. g) Hábitos/costumes A demanda de alguns bens varia conforme o hábito e costume da região. Por exemplo, na Índia a vaca é sagrada, então a demanda por carne bovina é quase nula, enquanto no Brasil é alta. h) Entre outros Citei alguns fatores que afetam a curva de demanda, mas temos diversos outros. É importante lembrar que qualquer fator que aumente a demanda deslocará a curva de demanda para a direita, conforme Gráfico 6. Em compensação, qualquer fator que reduz a demanda desloca a curva de demanda para a esquerda, conforme Gráfico 7. O Gráfico 6 mostra o deslocamento da curva de demanda para direita, ou seja, quando algum dos fatores que estudados acima aumenta a demanda, por exemplo, aumento da renda, aumento do preço do bem substituto etc. O Gráfico 7 mostra o deslocamento da curva de demanda para esquerda, ou seja, quando algum dos fatores que estudados acima reduz a demanda, por exemplo, redução da renda, redução do preço do bem complementar, etc. INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. f) Fatores Climáticos O clima é outro fator que afeta a curva de demanda. No inverno, a demanda por biquínis reduz, enquanto a demanda por calças aumenta. Outro exemplo, a demanda de aquecedor na região Norte do Brasil é quase nula, pois não tem clima para utilizar esse tipo de aparelho, enquanto a demanda por ar condicionado na Noruega é baixa. 56 - 57 P P D´ Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. D D´ Q Gráfico 6: Deslocamento da curva de demanda para a direita Fonte: elaborado pela autora Gráfico 7: Deslocamento da curva de demanda para a esquerda Fonte: elaborado pela autora Não podemos deixar de observar que, quando falamos em uma alteração na quantidade demandada em função de uma variação no preço do próprio bem, a curva de demanda não se desloca, alterando apenas os pontos sobre a curva. ELASTICIDADES Outro conceito muito importante no estudo da teoria do consumidor é a elasticidade, que pode ser definida, segundo Mendes (2009), como uma medida de resposta que compara a mudança percentual de uma variável devido a uma mudança percentual em outra variável, em outras palavras, sabemos, por exemplo, que a redução do preço de um bem aumenta a demanda deste bem, mas não sabemos em exatamente quanto. E é esse impacto que a elasticidade mostra. Existem três tipos de elasticidades: a) Elasticidade preço A elasticidade preço mostra o impacto da variação do preço na quantidade demanda de um determinado bem ou serviço. Neste caso, os bens ou serviços podem ser classificados em: Teoria da Demanda D Q II i. Elásticos, quando a elasticidade preço for maior do que 1. Isto significa que conforme o preço aumenta, a quantidade de demanda reduz. Por exemplo, se o preço aumentou em 1%, a quantidade demandada reduzirá em mais do que 1%. Em geral, bens não muito essenciais são elásticos, como lazer e vestuário. ii. Inelásticos, quando a elasticidade preço for menor do que 1. Em geral, os bens mais essenciais são inelásticos, como combustível e alimentos. iii.Elasticidade unitária, quando a elasticidade preço for igual a 1. Isto significa que um aumento no preço reduz a quantidade demandada na mesma porporção, ou seja, um aumento de 1% no preço acarreta uma redução de 1% na quantidade demandanda. Um exemplo é o sal. ©shutterstock Alguns fatores fazem com que o bem ou serviços sejam mais elásticos do que outros. Podemos citar, de acordo com Mendes (2008): ■■ Grau de essencialidade do produto. Quanto mais essencial ou necessário for o bem, mais inelástico ele será como, por exemplo, a água. Mesmo que o preço aumente, não tem como substitui a água tão facilmente, então, a quantidade de demanda não alterará. ■■ Disponibilidade de produtos substitutos para o bem considerado. Quanto maior for o número de bens substitutos para o produto em questão, mais elástico ele será. Por exemplo, refrigerantes. Caso o preço do refrigerante aumente, podemos substituí-lo por suco, água, outra marca de refrigerante. ■■ Número de utilizações que se pode dar ao produto. Quanto maior for o uso do produto, maior será a elasticidade. Por INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Isto significa que conforme o preço aumenta, a quantidade demandada não reduz de forma significativa, permanecendo mais ou menos constante. Por exemplo, se o preço aumentar em 1%, a quantidade demandada reduz em menos do que 1%. Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. exemplo, a soja. Se o preço do óleo de soja varia, a soja poderá ser utilizada para outros fins, como farelo. ■■ Proporção da renda gasta com produtos Quanto maior for a renda proporcional gasta com um produto, mais elástico ele será. Por exemplo, se o preço de uma televisão aumenta, a demanda reduzirá mais do que se o preço do açúcar aumentar, mantendo a renda constante. ©shutterstock 58 - 59 b) Elasticidade preço cruzada A elasticidade preço cruzada mede o impacto da variação do preço de um bem na quantidade de demanda do outro bem. Neste caso, os bens podem ser substitutos ou complementares. Se após o cálculo da elasticidade preço cruzada, o valor for positivo, os bens ou serviços analisados são substitutos. Se for negativo, os bens ou serviços são complementares. c) Elasticidade renda A elasticidade renda mede o impacto da variação da renda na quantidade demandada de um determinado bem. Como já estudados, se a renda aumenta e a quantidade demandada também aumenta, o bem é normal e neste caso, o coeficiente será positivo. Caso contrário, o bem é inferior, e o resultado da elasticidade renda é negativo. TEORIA DA OFERTA No início da segunda unidade, na teoria da demanda, estudamos o lado do consumidor na teoria da demanda, agora iremos analisar o outro lado, o do produtor, em outras palavras, a oferta. Então, a teoria da oferta analisa os principais aspectos relacionados à oferta de mercado, ou melhor, estuda o comportamento das empresas. Teoria da Oferta II Sintetizando, a teoria da oferta estuda a resposta do produtor aos incentivos de mercado, incentivos esses relacionados à quantidade demandada, custos, incentivos governamentais, disponibilidade de fatores de produção etc. Mas, então, o que é oferta? A oferta pode ser definida, segundo Passos e Nogami (2012), como a quantidade de um bem ou serviço que uma determinada empresa deseja vender, por unidade de tempo. Mais uma vez, a palavra “deseja” está em negrito, isto porque, dependendo do preço do bem, as empresas têm um incentivo para aumentar a produção, mas não significa que de fato aumentem, pois aumentar a produção depende de outros fatores e não somente do preço que a empresa deseja vender P seu produto, até porque nem sempre o preço desejado é o preço pelo qual o produto é vendido de fato. Outra observação se dá em relaO ção à “unidade de tempo”. Vimos na teoria da demanda que esta se altera com o tempo. A oferta tem o mesmo funcionamento, com o tempo, ela poderá ser alterada. Q E como a curva de oferta é representada? A curva de oferta é Gráfico 8: Representação da curva de oferta representada conforme Gráfico 8. Fonte: elaborado pela autora INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. ©shutterstock 60 - 61 Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Você percebeu que o formato da curva de oferta é oposto da curva de demanda, já que a curva de oferta é positivamente inclinada! Vamos ver o motivo? Imagine uma empresa que venda sanduíches congelados e que tem a seguinte oferta: PREÇO POR SANDUÍCHE QUANTIDADE OFERTADA (MILHÕES DE SANDUÍCHES) 5 18 4 16 3 12 2 7 1 0 Tabela 4: Oferta de uma empresa hipotética de títulos de capitalização Fonte: elaborada pela autora Pela tabela 4, você percebeu que, conforme o preço do sanduíche congelado reduz, a quantidade que a empresa deseja vender diminuiu também, fazendo com que a curva seja positivamente inclinada. Transformando a tabela 4 em um gráfico: P 5 O 4 3 2 1 Q 0 7 12 16 18 Gráfico 9: Representação da curva de oferta para empresa hipotética de sanduíches congelados. Fonte: elaborado pela autora O gráfico 9 confirmou o que a tabela 4 mostrou, conforme o preço do sanduíche congelado reduziu, a quantidade que a empresa deseja vender também diminuiu, Teoria da Oferta II FATORES QUE AFETAM A CURVA DE OFERTA Agora que você conhece o conceito de oferta, vou apresentar alguns fatores que afetam positiva e negativamente a curva de oferta. Assim como na demanda, o preço do bem ou serviço afeta a curva de oferta, mas não a desloca. Quanto maior for o preço, maior será a quantidade ofertada. Caso contrário, se o preço diminuiu, a quantidade ofertada também diminuiu. Já os fatores que afetam e deslocam a curva de oferta, segundo Mendes (2009), são: a) Preço dos insumos Um aumento no preço dos insumos aumenta os custos da empresa e podem reduzir a produção, pois caso não seja repassado ao preço final, a empresa terá menos lucro, deslocando a curva de oferta para a esquerda. b) Tecnologia A tecnologia é uma ótima forma de aumentar a produção, utilizando a mesma quantidade de fatores de produção, assim, reduzindo os custos e aumentando a oferta, deslocando a curva de oferta para a direita. INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. chegando ao ponto que a R$1,00 a empresa não está disposta a vender nenhum sanduíche Qual a explicação para que, ao preço de R$ 1,00 a empresa não esteja disposta a vender o produto? A preços muito baixos, as empresas não têm incentivo para aumentar sua produção e poderão ofertar outro tipo de produto, no caso, outro tipo de lanche congelado, como um cachorro-quente que tenha um preço de mercado mais alto. c) Preço dos produtos competitivos Quando falamos em produtos competitivos nos referimos a produtos alternativos do processo de produção, ou seja, são produtos que utilizam mais ou menos o mesmo processo produtivo. Neste caso, a empresa escolherá produzir e vender aquele produto que tem um preço de mercado mais alto. Essa foi a situação no nosso exemplo da empresa hipotética de sanduíches congelados, no qual ao preço de R$1,00 a empresa optaria em oferta outro tipo de sanduíche. Além dos fatores citados acima, ainda temos: ©shutterstock d) Políticas do governo Dependendo da política pública do governo, a empresa tem incentivo para aumentar ou reduzir a produção. Por exemplo, subsídio3 é um incentivo para as empresas aumentarem a produção. Os subsídios acontecem principalmente no setor agropecuário. e) Influências especiais As influências especiais, como uma condição meteorológica, afeta alguns setores, e fazem com que as empresas aumentam ou reduzem a produção. Por exemplo, uma chuva causa uma redução na produção dos agricultores, reduzindo a oferta. ©shutterstock Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 62 - 63 3 Subsídio é um tipo de imposto negativo, onde a governo paga uma parte dos custos de produção para os produtores aumentarem ou passarem a produzir aquele produto que o governo quer desse volver o setor. Teoria da Oferta II Como vimos, alguns fatores afetam a deslocam a curva de oferta para a direita ou para a esquerda. Qualquer fator que reduza custos, é um incentivo para a empresa aumentar a produção, deslocando a curva de oferta para a direita, essa situação pode ser vista no Gráfico 10. P O Q Gráfico 10: Deslocamento da curva de oferta para a direita. Fonte: elaborado pela autora Agora qualquer fator que aumente o custo, ou que reduza o lucro, é um incentivo para a empresa reduzir a produção, deslocando a curva de oferta para a esquerda, conforme Gráfico 11. P O´ O Q Gráfico 11: Deslocamento da curva de oferta para a esquerda Fonte: elaborado pela autora INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. O´ 64 - 65 Não posso deixar de observar que, quando falamos em uma alteração na quantidade ofertada, em função de uma variação no preço do próprio bem, a curva de oferta, assim como a curva de demanda, não se desloca, alterando apenas os pontos sobre a curva, do mesmo que a curva de demanda. Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. ELASTICIDADE PREÇO DA OFERTA Como vimos no subtópico acima, o produto responde a alterações no preço e esta resposta pode ser medida através da elasticidade-preço da oferta. Então, Mendes (2009) define elasticidade-preço da oferta como mudança percentual na quantidade ofertada de um bem ou serviço em resposta a uma variação no preço, mantendo os demais fatores constantes. Assim como na demanda, a elasticidade-preço da oferta pode ser de três tipos: ■■ Elástica Uma oferta é elástica quando o coeficiente é maior do que 1. Então, um aumento nos preços em 1% faz com que a quantidade ofertada aumente mais do que 1%. ■■ Inelástica Uma oferta é inelástica quando o coeficiente é menor do que 1. Então, um aumento nos preços em 1% faz com que a quantidade ofertada aumente menos do que 1%. ■■ Elasticidade Unitária Uma oferta tem elasticidade unitária quando o coeficiente é igual a 1. Então, um aumento nos preços em 1% faz com que a quantidade ofertada aumente exatamente 1%. Teoria da Oferta II EQUILÍBRIO DE MERCADO P O P´ E D Q´ Q Gráfico 12: Equilíbrio em um mercado competitivo Fonte: elaborado pela autora Analisando o Gráfico 12, podemos perceber que o ponto onde as curvas de oferta (O) e demanda (D) se encontram é o ponto de equilíbrio (E), e este ponto mostra o preço e quantidade negociadas no mercado, P’ e Q’ respectivamente. Qualquer preço acima de P’, significa que haverá mais oferta do que demanda, ou seja, teremos um excesso de oferta e, pela lei da oferta e da demanda, oferta maior que INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Até aqui, estudamos o comportamento dos consumidores e das empresas separadamente, mas sabemos que no mundo real, a oferta e a demanda atuam conjuntamente, e o preço e a quantidade que são vendidas no mercado se dá quando as duas curvas (oferta e demanda) se interceptam. Agora irei apresentar a você o equilíbrio em mercados competitivos, ou seja, mercados que são formados por um grande número de compradores e vendedores. Observei que o equilíbrio discutido aqui ocorre em mercados competitivos, pois temos outros mercados, como os poucos competitivos e os sem competição, no qual o equilíbrio se dá em outro ponto, ou seja, funciona de outra forma a relação entre demanda e oferta, sendo o preço formado em um ponto mais alto, mas isto será visto na Unidade III no nosso livro. O equilíbrio em mercados competitivos pode ser visto no Gráfico 12 a seguir. Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 66 - 67 demanda faz com que o preço abaixe. Então, pontos acima de P’ fazem com que sobrem produtos no mercado e o preço automaticamente reduzirá. Agora, temos o caso contrário também, qualquer ponto abaixo de P’, significa que teremos um excesso de demanda, ou seja, mais pessoas desejando adquirir o bem ou serviço do que empresas dispostas de vender. Nesse caso, o preço aumentará, de modo a chegar o ponto E, que é o ponto de equilíbrio. Todos os fatores que estudamos nos tópicos anteriores e que afetam as curvas de demanda, como renda, preço dos produtos complementares e substitutos, expectativa sobre o futuro, entre outros e todos os fatores que vimos que afetam a curva de oferta como, tecnologia, preço dos produtos relacionados, interferência governamental etc. afetam o ponto de equilíbrio. O governo também pode afetar o ponto de equilíbrio, através de: A) FIXAÇÃO DE PREÇOS MÍNIMOS Acontece quando o governo fixa o preço mínimo que seria vendido no mercado. Esse instrumento tem como objetivo beneficiar o produtor, de forma a garantir um nível de preço superior ao preço de equilíbrio. Um exemplo seria o mercado PREÇO MÍNIMO DA CARNE SUÍNA SERÁ APROVADO NESTE ANO. Ainda em 2013, um programa para fixação do preço mínimo da carne suína deve ser aprovado no Brasil. De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), a política de garantia de preços mínimos para a carne suína deve estar no mesmo modelo do preço mínimo da laranja, que foi aprovado a pouco tempo. A Associação Brasileira dos Criados de Suínos se pronunciou sobre o programa e disse que a medida é fundamental para o crescimento do setor. Resumo do texto extraído de <http://www.portaldoagronegocio.com.br/ noticia/preco-minimo-da-carne-suina-sera-aprovado-neste-ano-diz-nerigeller-100195>. Acesso em: 17 nov. 2013 Equilíbrio de Mercado II de trabalho, através de fixação do salário mínimo. Outro mercado que participa dessa política é o mercado agrícola, no qual o governo se compromete a adquirir a produção caso o preço de mercado esteja abaixo do preço fixado. B) FIXAÇÃO DE PREÇOS MÁXIMOS C) SUBSÍDIOS Neste caso, o governo, com o objetivo muitas vezes de desenvolver determinados setores, paga uma parte dos custos produtivos da empresa, que terá incentivo para aumentar a quantidade ofertada e ou reduzir preço. Com subsídio o preço fica abaixo de P1. D) CONGELAMENTO E TABELAMENTO DE PREÇOS Muito utilizado na década de 1980 e no início da década de 1990 para combater a inflação. O governo congela preços e ou salários, de forma a definir o P’. INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Acontece quando o preço vendido no mercado está muito alto e o governo, com o objetivo de defender o consumidor, estabelece um preço máximo que as empresas podem vender seus produtos. O preço máximo será sempre menor do que o preço de equilíbrio, ou seja, abaixo de P’. 68 - 69 Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. CONSIDERAÇÔES FINAIS Estamos terminando a nossa segunda unidade do livro Economia e Sociedade. Nesta unidade, você aprendeu um pouco sobre os fundamentos da teoria do consumidor e a teoria da demanda, que procuram explicar os motivos que fazem com que os consumidores, ou melhor, as famílias demandem/procurem por determinados bens e serviços ao invés de outros. Depois, estudamos o outro lado da relação, que é o lado da oferta, ou seja, o lado da empresa. Vimos os motivos que incentivam as empresas a aumentarem sua produção e, portanto, a oferta. Após entender demanda e oferta, você viu que os objetivos do produtor e do consumidor são totalmente diferentes, diria, opostos. Enquanto o consumidor deseja adquirir bens e serviços em quantidade grande, a preços baixos e por que não dizer, com excelente qualidade, as empresas desejam obter lucro e, por isto, desejam vender seus produtos a um preço mais alto possível. Mas sabemos que na “vida real” nem somente a vontade do consumidor é satisfeita nem somente a da empresa, e sim existe um acordo não formal entre consumidores e empresas para formar o preço e a quantidade dos bens e serviços que serão negociados. Essa situação chamamos de equilíbrio de mercado, equilíbrio este que é alterado a toda hora por diversos fatores que foram explicados ao longo da unidade. Então, a partir de agora você, de fato, é capaz de explicar a tão famosa lei da economia, que é a lei da oferta e da demanda e como esta lei afeta nossas vidas, desde quando nascemos até ao final de nossas vidas. A lei da oferta e da demanda é importante também para o estudo de outras áreas da economia, como a macroeconomia, que você estudará nas unidades IV e V do nosso livro. Espero que esta segunda unidade tenha sido proveitosa e que você tenha se encantando ainda mais com esta fantástica ciência, que é e economia. Um forte abraço! Prof.ª Me. Andréia Moreira da Fonseca Boechat Consideraçôes Finais 1.Explique os pressupostos da teoria do consumidor. 2.Discuta, com suas palavras, o conceito de utilidade marginal e sua importância para o estudo da economia. 3.Faça o gráfico da curva de demanda e explique três fatores que fazem com que a curva de demanda se desloque. 4.O que significa dizer que a elasticidade preço da oferta é maior do que 1. 5.Explique, com suas palavras, duas formas que o governo tem para alterar o ponto de equilíbrio de mercado. 70 - 71 MATERIAL COMPLEMENTAR Microeconomia Robert S. Pindyck e Daniel L. Rubinfeld Editora: Saraiva Sinopse: Para quem quiser se aprofundar ainda mais nos conhecimentos sobre microeconomia, sugiro este livro, que é um clássico e muito utilizado em economia. Roger e Eu Diretor: Michael Moore Ano: 1989 Sinopse: Um documentário muito interessante que mostra o impacto do desemprego na relação entre oferta e demanda de toda uma comunidade é o filme Roger e Eu. Este é um documentário sobre o fechamento de 11 fábricas da GM, em Flit, no estado do Michigan, nos EUA, da década de 1980, o que gerou 30 mil desempregos e afetou a vida econômica da cidade. Material Complementar II INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA ESTRUTURAS DE MERCADO UNIDADE Professora Me. Andréia Moreira da Fonseca Boechat III Objetivos de Aprendizagem ■■ Definir mercado. ■■ Apresentar as quatro principais estruturas de mercado. ■■ Discutir as práticas ilegais que prejudicam a competição. ■■ Estudar a política antitruste brasileira. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■■ Definição de mercado ■■ Concorrência perfeita ■■ Monopólio ■■ Concorrência monopolística ■■ Oligopólio ■■ Práticas ilegais contra a competição ■■ Política antitruste 74 - 75 Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. INTRODUÇÃO Na unidade II, vimos a teoria da demanda e a teoria da oferta separadas e depois, ao final da unidade, discutimos o equilíbrio de mercado, ou seja, como a demanda e a oferta atuam juntas. Porém, analisamos esta relação apenas em mercados competitivos. Agora, vamos analisar a relação entre demanda e oferta dentro das estruturas de mercado, que engloba as características que influenciam no tipo de concorrência e na formação de preço. As características citadas são o grau de concentração, ou seja, o tamanho do mercado (número de vendedores e compradores); o grau de diferenciação dos produtos (os produtos podem ser considerados homogêneos ou diferenciados); e as barreiras à entrada (grau de dificuldade que uma nova empresa tem em fazer parte no mercado em questão). Com base nestas características, os mercados podem ser classificados em competitivos (concorrência perfeita e concorrência monopolística), pouco competitivo (oligopólio) e sem competição (monopólio). Para atingir o objetivo, inicialmente, definiremos mercado, que é fundamental para entender as estruturas de mercado e suas características. Em seguida, discutiremos quatro das principais estruturas de mercado, que são concorrência perfeita, monopólio, oligopólio e concorrência monopolística. Sendo as duas primeiras situações extremas, e as demais situações intermediárias. Para finalizar a unidade, serão apresentadas algumas práticas empresariais consideradas ilegais pela legislação brasileira, como cartel, venda casada, fixação de preço de revenda e preços predatórios e, por último, falarei um pouco sobre a lei antitruste, que tem como objetivo principal assegurar a livre competição, que é fundamental para garantir o bem-estar do consumidor. Vamos conhecer cada uma dessas estruturas de mercado? Bons estudos! Introdução III OS MERCADOS Com a interação entre oferta e demanda, três pressupostos1 precisam ser levados em consideração, que são: a. Livre mercado Por livre mercado entendemos que o mercado não sofre nenhuma influência externa como, uma política governamental, em outras palavras, as forças de oferta e demanda atuam livremente. b. Maximização de lucro por parte da empresa Esse segundo pressuposto significa que as empresas desejam sempre obter lucro. Porém, nem sempre é verdade. Muitas empresas, dependendo da sua estratégia naquele momento, possuem outros objetivos, como aumentar sua participação no mercado, aumentar a produção ou apenas sobreviver, como no caso de algums empresas familiares. c. Maximização da satisfação por parte do consumidor O terceiro pressuposto está ligado diretamente ao consumidor, ou seja, a demanda. Esse pressuposto parte do princípio de que os consumidores, ou como vimos na unidade I, as famílias, maximizam sua satisfação 1 Pressuposto pode ser entendido como algo que estamos partindo do princípio de algo. ESTRUTURAS DE MERCADO Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. ©shutterstock 76 - 77 Tendo como base as suposições anteriores, podemos definir mercado. Mercado pode ser entendido como um espaço, físico ou virtual, no qual as decisões dos compradores afetam diretamente as decisões dos vendedores e vice-versa. Nesse sentido, Mendes (2009) define mercado como um “arranjo” que aproxima compradores e vendedores e onde há troca de bens e serviços por moeda (dinheiro). Então, mercado possui duas características principais: processo de troca e formação de preços, em outras palavras, é no mercado que os preços dos bens e serviços são formados e onde estes bens e serviços são trocados por dinheiro. Os limites do mercado são definidos, segundo Mendes (2009), pelo grau de interdependência entre compradores e vendedores, em outras palavras, o tamanho do mercado depende do ponto onde as decisões dos compradores afetem as decisões dos vendedores, conforme já discutimos anteriormente. A partir dessa interdependência, os mercados podem ser: a. Geográfico O mercado geográfico nos dá a ideia de lugar. Então, quando estamos analisando o mercado geográfico, estamos analisando o espaço no qual os vendedores e compradores se relacionam, por exemplo, o mercado brasileiro. O mercado geográfico é divido em: - Local: pode ser um bairro ou uma cidade. - Regional : está relacionada à ideia de região, por exemplo, região Sul do Brasil. - Nacional: no nosso caso, o mercado nacional é o Brasil. - Internacional: mercado internacional é o mundo, por exemplo, a abran- Os Mercados ©shutterstock Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. através da compra de diversos produtos, e a escolha dos bens e serviços é feita através do preço e da qualidade. Então, a satisfação acontece quando o consumidor adquire bens e serviços de qualidade alta a preços baixos. III gência das lojas virtuais. Nós podemos acessar a internet neste momento e comprar um livro de uma livraria americana, por exemplo. b. Produto O mercado produto está relacionado à forma. Então, quando analisamos o mercado produto, estamos analisando um determinado bem ou serviço, por exemplo, computadores, soja, entre outros. c. Temporal É importante observar que a escolha do mercado depende da análise a ser feita. Para uma análise mais completa, é interessante delimitar muito bem o mercado, tanto geográfico quanto produto e temporal. Por exemplo, podemos analisar o mercado de panetones, em dezembro, em São Paulo. No caso do exemplo citado, panetones é o mercado produto, dezembro é o mercado temporal e São Paulo é o mercado geográfico. Esse foi apenas um exemplo, outro pode ser o mercado de soja no primeiro semestre do ano de 2013 na região Centro-Oeste brasileira. Nesse caso, soja é o mercado produto, primeiro semestre de 2013 é o mercado temporal e região Centro-Oeste é o mercado geográfico. A partir dos exemplos citados, você percebeu como é importante delimitar muito bem o mercado, pois é uma forma de verificar, exatamente, o limite onde as decisões dos vendedores e dos compradores afetam umas as outras e também verificar os concorrentes. Além disto, é importante para o governo criar políticas públicas, como a política antitruste que veremos no último tópico desta unidade, para assegurar a competição e ou regular mercados. ESTRUTURAS DE MERCADO A interação entre oferta e demanda acontece no mercado (este mesmo que estudamos no tópico Equilíbrio de Mercado) e forma o preço. Essa interação muda para cada estrutura de mercado. Então, Mendes (2009) define estrutura de ESTRUTURAS DE MERCADO Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. O último mercado é o temporal, e está relacionado a ideia de tempo. Esse é um mercado que, ao ser feita a análise, deve ser acompanhado de um produto ou uma região. Como exemplo de mercado temporal podemos citar bens e serviços em dezembro ou na Páscoa. 78 - 79 Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. mercado como sendo: “Estrutura de mercado se refere às características organizacionais de um mercado, ou seja: grau de concentração, grau de diferenciação do produto, grau de dificuldade ou barreira à entrada” (MENDES, 2009, p. 103). Como você viu, a estrutura de mercado engloba três características. Vamos entender cada uma delas? a) Grau de concentração É o tamanho do mercado, em outras palavras, número de vendedores e compradores que fazem parte daquele mercado. Dependendo da quantidade de empresas e consumidores, dizemos que o mercado é concentrado ou competitivo. Uma forma de medir é através dos índices de mercado. Quando as quatro maiores empresas que fazem parte deste mercado detêm, pelo menos 75% da quantidade comercializada, dizemos que este é um mercado altamente concentrado. Um dos maiores problemas de mercado muito concentrado é que as empresas conseguem definir o preço pelo qual seu produto será vendido, e este preço, em geral, é mais alto do que em mercados competitivos. Outros problemas podem estar relacionados à quantidade e à qualidade do produto. b) Grau de diferenciação do produto O grau de diferenciação do produto refere-se a quanto um bem ou serviço que está sendo negociado no mercado é diferente. Pela visão da economia, quanto mais heterogêneo for um bem, ou seja, quanto mais diferente o bem for, menos produtos substitutos teremos para este produto e, portanto, mais inelástico ele será. Em outras palavras, um bem ou serviço heterogêneo, mesmo que tenha seu preço aumentado, terá a quantidade de demanda mantida, pois não há substitutos próximos. A diferenciação pode ser obtida de diferentes formas. Mendes (2009) cita: ingredientes de qualidade superior, prêmios oferecidos, serviços especiais, como entrega delivery e embalagens especiais como formas de a empresa diferenciar seu produto e, portanto, aumentar seu preço. Você saberia me dar um exemplo de um produto homogêneo e um diferenciado? Em geral, produtos agropecuários, como soja e milho in natura são Os Mercados III produtos homogêneos, pois a soja do produtor A é igual à soja do produtor B. Como produtos diferenciados, podemos citar os produtos semi-industrializados e os industrializados, como comida congelada, roupas, sapatos etc. c) Barreiras à entrada Barreiras à entrada pode ser definida como o grau de dificuldade que uma nova empresa tem em fazer parte do mercado. E podem ser: ■■ Desvantagens de custo – quando a empresa que deseja fazer parte do mercado tem alguma desvantagem em custo, como pouca experiência no setor, pouco domínio tecnológico ou ainda grande necessidade de propaganda. Com base no que foi discutido, os mercados podem ser classificados, quanto à competitividade, em: ■■ Competitivos – concorrência perfeita e concorrência monopolística ■■ Pouco competitivos – oligopólio ■■ Sem competição – monopólio O Quadro 7 mostra, de forma simplificada, como os mercados podem ser classificados quanto ao número de empresas e ao tipo de produto, ou seja, nas características que discutimos acima. NÚMERO DE EMPRESAS TIPO DE PRODUTO ESTRUTURA DE MERCADO Muitas Homogêneo Concorrência perfeita Muitas Diferenciados Concorrência monopolística Poucas Homogêneo ou diferenciado Oligopólio Uma Diferenciado Monopólio Quadro 7: Classificação dos mercado Fonte: baseado em Mendes (2009) ESTRUTURAS DE MERCADO Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. ■■ Economia de escala – acontecem quando a empresa aumenta a quantidade produzida e consegue reduzir seu custo médio no longo prazo. Existem diversas formas de conseguir gerar economia de escala, como especialização da mão de obra, utilização de tecnologia, compra de fatores de produção em grandes quantidades, entre outros. 80 - 81 Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Conforme podemos visualizar no Quadro 7, quando existem um grande número de empresas e o produto comercializado é homogêneo, ou seja, idêntico, este mercado é de concorrência perfeita. Agora, se forem muitas empresas que vedam produtos diferenciados, o mercado é concorrência monopolística. Por outro lado, se tivermos poucas empresas, mesmo que vendam produtos idênticos ou não, estamos nos referindo a um oligopólio e, se for uma única empresa que comercializa um produto altamente diferenciado, é um monopólio. Cada uma dessas estruturas veremos agora. CONCORRÊNCIA PERFEITA OU PURA Para iniciar nossos estudos sobre as estruturas de mercado, discutiremos, inicialmente, a concorrência perfeita ou também como é conhecida, a concorrência pura. Esta é, com absoluta certeza, a estrutura de mercado menos real, pois, como você verá pelas características, é muito difícil achar um setor ou uma empresa que apresente todas as características para que possa ser incluída na concorrência perfeita. Depois da minha declaração, você deve estar se perguntando por que apresentarei a você a concorrência perfeita, já que esta não é real. É importante estudarmos essa estrutura de mercado, pois é considerada, apesar de não muito real, a estrutura ideal, em termos de concorrência. Um mercado em concorrência perfeita ou pura tem como características: GRANDE NÚMERO DE COMPRADORES E VENDEDORES O número de vendedores e compradores neste mercado é tão grande que as decisões, individuais, não influenciam o preço. Então, dizemos que na concorrência perfeita o preço é determinado no mercado, através da oferta e demanda e é praticamente o mesmo para todos os vendedores. Concorrência Perfeita ou Pura III PRODUTOS HOMOGÊNEOS Os produtos são homogêneos ou idênticos, de forma que o bem do vendedor A é substituto perfeito do bem do vendedor B. Por esta razão que o preço é praticamente constante, já que, como os produtos são idênticos, se um vendedor aumentar seu preço, os consumidores irão comprar no outro produtor. Dizemos que na concorrência perfeita ou pura, o governo não deve intervir no mercado, por exemplo, através de congelamentos e tabelamentos de preços. Em outras palavras, o mercado deve funcionar livremente. AUSÊNCIA DE BARREIRAS À ENTRADA Como já discutimos, barreiras à entrada é o grau de dificuldade que uma nova empresa tem em entrar no mercado. Na concorrência perfeita ou pura, não há barreiras à entrada, ou seja, qualquer empresa pode fazer parte do mercado, sem maiores custos ou dificuldades. PERFEITO CONHECIMENTO Como os produtos são homogêneos, uma empresa conhece todas as informações dos seus concorrentes, como preços: processos produtivos etc. As quatro primeiras características caracterizam a concorrência pura e, ao incluir a quinta característica, falamos em concorrência perfeita. Como estamos em um curso de graduação, trabalharemos com a concorrência perfeita. Como já falei, na realidade, concorrência perfeita ou pura seria uma situação ideal que de fato não acontece. O mercado que mais se aproxima desse tipo de estrutura de mercado é o agropecuário. ESTRUTURAS DE MERCADO Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. AUSÊNCIA DE RESTRIÇÕES ARTIFICIAIS (LIVRE MERCADO) 82 - 83 MONOPÓLIO O monopólio é, assim como a concorrência perfeita, uma situação extrema, mas real. Situação esta indesejável, pois pode prejudicar o consumidor, já que não temos concorrência. As características do monopólio são: Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. UMA ÚNICA EMPRESA Como o próprio nome já diz, no monopólio só temos uma única empresa. PRODUTOS ALTAMENTE DIFERENCIADOS Os produtos são altamente diferenciados, ou seja, são únicos. Nesse caso, o consumidor não consegue substituí-lo por outro. NÃO HÁ CONCORRÊNCIA Se só temos uma única empresa, não existe concorrência no mercado monopolista. CONSIDERÁVEL CONTROLE DE PREÇO POR PARTE DA EMPRESA A empresa monopolista é formadora de preços, ou seja, como ela é única, ela consegue controlar e definir qual será o preço praticado no mercado. Por essa razão, o governo se preocupa com as práticas dos monopolistas. De acordo com Mendes (2009), o governo pode controlar o monopólio de duas formas: a) Controle de preço Ocorre quando o governo exige que a empresa produza até o ponto no qual o custo marginal se iguale ao preço. Essa é uma prática difícil, pois o governo Monopólio III precisaria conhecer toda a estrutura de custo da empresa. b) Política de taxação O governo pode taxar o monopolista de forma a reduzir seu lucro. A taxação pode ocorrer de três formas: ■■ Pagamento de uma licença anual. ■■ Tributação sobre lucro. As duas primeiras afetam o custo fixo, reduz ou até mesmo elimina o lucro da empresa e mantêm o preço para o consumidor. Já o imposto sobre vendas afeta os custos variáveis e reduz a quantidade produzida. É importante observar que, mesmo sendo uma única empresa, se o monopolista quiser aumentar sua venda, ele deverá reduzir o preço do seu produto. E uma estratégia utilizada pelo monopolista para vender mais é através da política de discriminação de preços. Esta é uma prática que ocorre quando um monopolista vende o mesmo produto, a consumidores diferentes e a preços diferentes. Para isto, é necessário: 1. Separar os mercados fisicamente, de modo que um consumidor não consiga comprar em outro mercado. 2. Verificar a elasticidade-preço da demanda de cada mercado. No mercado/consumidor mais elástico, o monopolista coloca um preço mais baixo e para o mercado mais inelástico, o preço é mais alto. Desse modo, a empresa monopolística consegue aumentar sua receita. Podemos citar como exemplo de prática de discriminação de preços: ■■ Tarifa de energia elétrica residencial, comercial, industrial e rural. ■■ Ligação telefônica de dia e a noite. ■■ Passagens aéreas em baixa e alta temporada. ■■ “Meia entrada” em cinemas, teatros, shows para estudantes e idosos. ■■ Entre outros. ESTRUTURAS DE MERCADO Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. ■■ Imposto sobre vendas. 84 - 85 Então você percebeu, pelos exemplos, que não é somente uma empresa monopolística que pratica a discriminação de preços, esta é uma prática comum em outras estruturas de mercado também. Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. ALTAS BARREIRAS À ENTRADA A última característica do monopólio são as altas barreiras à entrada. O grau de dificuldade que uma nova empresa tem em fazer parte do mercado é muito grande e, muitas vezes, não é economicamente viável termos uma concorrente, como é o caso nos monopólios naturais. Então, os monopólios surgem por diversas razões, entre elas, regulamentações do governo e pelo processo de produção. Para finalizar este tópico, vou citar alguns setores monopolizados, que são os setores de rodovias pedagiadas, setor elétrico, saneamento básico, extração de petróleo, em algumas cidades, transporte cole©shutterstock tivo (ônibus), entre outros. O maior problema do monopólio é que, como não há concorrentes, a empresa pode cobrar um preço muito alto ou ofertar uma quantidade baixa. Além de não se preocupar com a qualidade. Por esses motivos, o governo sempre acompanha e regula as empresas pertencentes ao monopólio. Claro que em alguns setores o monopólio é essencial, pois não é economicamente viável ter uma concorrente, como nos setores de energia elétrica e saneamento básico. Nesse caso, chamamos o monopólio de monopólio natural, já que é mais viável ter apenas uma empresa ofertando aquele produto. Monopólio III CONCORRÊNCIA MONOPOLÍSTICA Entre a concorrência perfeita e o monopólio, temos uma estrutura de mercado conhecida como concorrência monopolística, que é uma mistura das duas estruturas estudadas acima e tem como características: GRANDE NÚMERO DE EMPRESAS PRODUTOS DIFERENCIADOS Os produtos são sempre diferenciados. A diferenciação pode vir através de um ingrediente de qualidade superior, serviços, embalagens especiais etc. Tal produto será diferente, mesmo que pouca coisa, do seu concorrente. PEQUENO CONTROLE DE PREÇO POR PARTE DA EMPRESA Como são muitas empresas que fazem parte do mercado, a concorrência é enorme, então, a empresa consegue controlar (definir), um pouco, seu preço em razão dos produtos serem diferenciados, mas esse controle é pequeno. CONCORRÊNCIA ACONTECE VIA MARCAS, SERVIÇOS ESPECIAIS E PROPAGANDA A concorrência é, principalmente, extrapreços, ou seja, via diferenciação do produto. Quanto maior for a diferença do bem, maior será o preço. É importante observar a importância da propaganda/marketing na concorrência monopolística, ESTRUTURAS DE MERCADO Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Temos no mercado um grande número de pequenas empresas, pequenas se compararmos com o tamanho do mercado. 86 - 87 Para conhecer um pouco mais sobre a importância da propaganda para a concorrência e como esta é uma forma de aumentar as vendas e o preço dos bens, acesse: Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. <http://www.sebrae.com.br/customizado/acesso-a-mercados/divulgueseus produtos/propaganda>. pois, como os produtos são diferenciados e temos um grande número de empresas, é necessário “mostrar” ao consumidor que o bem ou serviço é melhor do que da concorrente. BAIXAS BARREIRAS À ENTRADA O grau de dificuldade que uma nova empresa tem em fazer parte deste mercado é baixo, ou seja, existe uma barreira à entrada, mas esta é bem baixa. A maioria das empresas no mundo real pertence a esta estrutura de mercado. Podemos citar restaurantes, padarias, lojas de roupas, lanchonetes, entre outros. ©shutterstock Concorrência Monopolística III OLIGOPÓLIO É outra estrutura de mercado intermediária, ou seja, é um mercado pouco competitivo que tem como características: PEQUENO NÚMERO DE EMPRESAS AS EMPRESAS SÃO INTERDEPENDENTES Como são poucas empresas, elas são interdependes, ou seja, a decisão de uma afeta diretamente a decisão da concorrente, incluindo a decisão de preços. Então, se uma empresa variar seu preço, as demais reagirão de duas formas: 1. Aumento de preço faz com que as firmas concorrentes não aumentem o preço e a empresa perderá mercado. 2. Redução de preços faz com que as firmas concorrentes também reduzam os preços e a parcela de mercado de todas as empresas ficará, praticamente, constante. Nesse caso, somente o consumidor é beneficiado. Pelas possíveis reações citadas, os preços de todas as empresas oligopolistas são praticamente os mesmos e não são alterados, de forma significativa, ao longo do tempo. Podemos citar um exemplo bem real desta situação, que são as empresas aéreas. Todas as vezes que uma empresa aérea faz uma promoção, as suas concorrentes também fazem. Em outras palavras, como são poucas empresas neste mercado, quando o preço de uma delas variar, as demais irão reagir rapidamente. Por exemplo, vamos supor um mercado composto por três empresas, A, B e C e que a empresa A resolveu, como estratégia, abaixar seu preço em 10%. Como são poucas empresas ESTRUTURAS DE MERCADO Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. São poucas empresas que fazem parte do mercado, podemos contá-las. Não existe um número exato que define se um setor faz parte do oligopólio ou não, apenas sabemos que são poucas empresas que ofertam produto naquele mercado. 88 - 89 no mercado, imediatamente as empresas B e C abaixarão também seu preço e a parcela de mercado2 continuará a mesma para todas três. Agora, se a empresa A resolver aumentar seu preço em 10%, e as empresas B e C não aumentam, a empresa A perderá mercado. Por esses motivos, o preço no oligopólio é constante e parecido para todas as empresas. Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. MÉDIAS BARREIRAS À ENTRADA O grau de dificuldade que uma nova empresa tem em fazer parte do mercado é médio, em outras palavras, existe um certo grau de dificuldade, mas não chega a ser tão alto como no caso do monopólio. OS PRODUTOS PODEM OU NÃO SER DIFERENCIADOS No oligopólio, os produtos podem ser homogêneos como, o combustível ou bens diferenciados, que é o caso dos automóveis. A CONCORRÊNCIA É VIA DIFERENCIAÇÃO DO PRODUTO Como temos poucas empresas e elas são interdependentes, a concorrência não será via preços, pois como discutimos, se uma empresa alterar seus preços, as demais reagirão. Então, a concorrência é extra-preços, ou seja, via diferenciação do produto. Podemos citar como exemplos de ©shutterstock 2 Parcela de mercado refere-se à porcentagem da quantidade que cada empresa vende naquele mercado. Oligopólio III empresas oligopolistas os setores de telecomunicações, planos de saúde, aéreo e distribuição de combustível. O Quadro 8 mostra, de forma resumida, as características de cada estrutura de mercado. CONCORRÊNCIA PERFEITA CONCORRÊNCIA MONOPOLÍSTICA OLIGOPÓLIO MONOPÓLIO Nº de empresas Muitas Muitas Poucas Uma Tipo de produto Homogêneo Diferenciado Homogêneo ou diferenciado Altamente diferenciado Controle de preços Nenhum Pequeno Considerável Grande Condição de entrada Sem barreiras Baixas barreiras Médias barreiras Altas barreiras Exemplos Produtos agrícolas Restaurantes, lojas de varejo Automóveis, aviação Água, energia elétrica Quadro 8: Características das quatro estruturas de mercado Fonte: baseado em Mendes (2009) Como você pode visualizar no Quadro 8, temos quatro estruturas de mercado (concorrência perfeita, concorrência monopolística, oligopólio e monopólio), e cada estrutura possui características que as diferenciam. POLÍTICAS PÚBLICAS QUANTO AOS OLIGOPÓLIOS Como são poucas as empresas no oligopólio, não é difícil ter acordos de preços e quantidades, acordos estes que devem ser evitados. São indesejáveis, pois levam a uma produção baixa e a preços altos, ou seja, nessa situação as empesas se comportam como no monopólio. Por isto, o governo deve coibir acordos entre empresas e, no Brasil, temos uma lei específica para isto, que é a lei antitruste. Algumas práticas empresariais que são proibidas pelo governo brasileiro: a. Cartel – empresas fazem acordos de preços e quantidades, aumentando o preço e/ou reduzindo a quantidade ofertada. De qualquer forma prejudica o consumidor final. ESTRUTURAS DE MERCADO Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. CARACTERÍSTICAS 90 - 91 b. Fixação de preço de revenda – acontece quando uma empresa produtora/distribuidora exige que um estabelecimento venda um produto a um preço fixado por ela. Vale lembrar que preço sugerido não é proibido, pois a empresa só está sugerindo um preço e não obrigando os estabelecimentos a vender o bem por aquele preço pré-definido. Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. c. Preços predatórios – é uma situação em que uma grande empresa define seus preços abaixo do custo de produção para eliminar a concorrente que, em geral, é uma empresa menor, para depois aumentar seus preços. d. Vendas casadas – situação na qual dois produtos só são vendidos juntos, ou seja, o consumidor não consegue comprar os bens separadamente. Lembrando que promoções e produtos tipo combo (TV por assinatura + internet banda larga) não são considerados venda casada, pois o consumidor pode adquirir os produtos/serviços separadamente, mesmo que a um preço maior. Temos que ter muito cuidado ao analisar uma possível prática ilegal, como as vendas casadas e fixação de preço de revenda, pois a “indução” não é ilegal, o que não pode acontecer é o consumidor não ter escolhas. Na hora que existe escolha, a prática passa a ser legal. LEI ANTITRUSTE A política de concorrência brasileira tem seu fundamento na Constituição Federal promulgada em 1988, que no artigo 173 §4 determina que “a lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros” (BRASIL, 1988). Porém, nos moldes atuais, a política de concorrência no Brasil começou em meados da década de 1990, com a transição do país para uma economia aberta e com Lei Antitruste III 3 São atos que não estão de acordo com a legislação vigente. ESTRUTURAS DE MERCADO Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. a promulgação da Lei Antitruste no.8.884/94, que criou o Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência – SBDC. Segundo Pereira Neto e Sampaio (2008), a Lei Antitruste brasileira introduz, primeiramente, a prevenção, passando a controlar fusões e aquisições, depois aprimora a legislação repressiva contra o abuso econômico, especialmente a repressão a cartéis e a outras condutas anticompetitivas que não estavam previstas na legislação anterior, em terceiro lugar, passa a prever a intervenção da teoria econômica, o que antes era exclusiva dos advogados. Podem ser citados também outros aspectos importantes da nova lei, tais como: a reforma total do papel CADE, tornando-o a autoridade administrativa finalista em termos de defesa da concorrência, autônoma administrativa e financeiramente; introdução do conceito de posição dominante no mercado, seguindo a doutrina europeia; criação do compromisso de cessação de condutas infrativas3 à concorrência; definição do aumento abusivo de preços não justificados por aumento de custos; definição do papel do Ministério da Fazenda que passa a ser responsável por fazer pareceres econômicos em processos de fusões e aquisições e em condutas anticompetitivas. Forgioni (1998) acrescenta ainda que o sistema antitruste brasileiro, oriundo da Lei nº. 8.884/94, é híbrido, que aproveita o sistema europeu no que tange à caracterização do ilícito pelo objeto ou efeito, mas supera tanto esta tradição quanto a norte-americana no que tange à tipificação dos atos. Mesmo depois da criação da nova lei antitruste em 1994, continuam ocorrendo outras mudanças na lei e na forma de as instituições encarregadas aplicar a lei. As principais mudanças que ocorreram são: publicação, por parte da SEAE, da portaria que passou a adotar o Guia para Análise de Atos de Concentração Horizontal em 1999; em 2001, foi publicada a portaria conjunta nº. 50/2001 onde o Guia de Análise foi aperfeiçoado e as análises da SDE e da SEAE passaram a ser adotadas. Esse Guia, à semelhança de guias de outras jurisdições antitruste, informa, clara e transparentemente, os procedimentos ao sistema. Outras portarias importantes foram publicadas em 1999. As portarias nº. 45/99 e a nº. 305/99 atribui à SEAE a capacidade de aplicar multas às empresas pelo não cumprimento no prazo da entrega dos documentos necessários à análise dos atos de 92 - 93 concentração e amplia o poder de investigação da SEAE nos casos de condutas anticompetitivas, respectivamente. Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. O SISTEMA BRASILEIRO DE DEFESA DA CONCORRÊNCIA O Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência – SBDC – foi criado em 1962 a partir da lei nº. 4.137, com o surgimento do Conselho Administrativo de Defesa da Concorrência – CADE. Porém, a estrutura econômica brasileira na época era marcada por controle de preços, elevados índices de inflação e alto nível de proteção à indústria nacional, não sendo compatíveis com uma política eficaz antitruste. “No entanto, a Constituição Federal de 1988, estabelecendo os princípios gerais da ordem econômica (art.170 a 173 da Carta Magna), forneceu a base legal para o desenvolvimento para uma política antitruste de maior solidez através da criação da Lei n.º 8.884 em 1994” (BARBOSA, 2006, p.26), que transformou o CADE em autarquia. Com a mudança das políticas econômicas que caracterizavam as décadas anteriores, o Brasil passou a ter nova estrutura de mercado com a queda da inflação, com o abandono das medidas de controle de preços e com maior abertura ao mercado externo, entre outras, proporcionando, em 1994, a formulação da nova Lei Antitruste (lei nº. 8.884/94), fazendo uma reformulação no SBDC, que passou a ter grande importância nas políticas públicas. Segundo Barbosa (2006), o SBDC atual tem como principal objetivo a promoção de uma economia competitiva por meio da prevenção e da repressão de ações que possam limitar ou prejudicar a concorrência, com base na lei antitruste (Lei nº. 8.884/94), ou seja, tornar máximo o nível de bem-estar da sociedade. A atuação do SBDC é dividida em três vertentes (CADE, 2010): 1. Controle de concentrações ou controle de estruturas de mercado, onde os casos de fusões, aquisições e incorporações de empresas são julgados, sendo regidos pelo art. 54 da Lei Antitruste (Lei nº. 8.884/94), analisa-se também antecipadamente se uma concentração entre empresas poderá causar efeitos que prejudiquem a concorrência. 2. Repressão a condutas anticoncorrenciais, que tem como função apurar as condutas das empresas que podem infringir a ordem econômica. Lei Antitruste III Os acordos de exclusividade, a prática de cartel e as vendas casadas são exemplos de condutas anticoncorrenciais. 3. “Advocacia” da concorrência, que se refere ao papel de, direta ou indiretamente, influenciar a formulação das políticas públicas para garantir a concorrência. O Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência é composto por três órgãos (CONSELHO ADMINISTRATIVO DE DEFESA ECONÔMICA, 2007): b. Secretaria de Acompanhamento Econômico (SEAE), que é vinculada ao Ministério da Fazenda e tem como principal atividade dentro do SBDC a promoção e a defesa da concorrência, ou seja, fornecendo dados econômicos ao SBDC. c. Secretaria de Direito Econômico (SDE), que é vinculada ao Ministério da Justiça e é responsável, entre outras funções, por exercer as competências da lei antitruste. OBJETIVOS DA POLÍTICA DE DEFESA DA CONCORRÊNCIA BRASILEIRA A Política de Defesa da Concorrência pode ser entendida como um conjunto de normas jurídicas e sociais que tem como objetivo restringir atos e práticas que prejudicam o processo concorrencial (GAMA, 2005). A lei nº. 8.884/94 prevê dois tipos de ações para a política de defesa da concorrência: uma de caráter repressivo às condutas anticompetitivas4 e outra de caráter preventivo à concentração das estruturas de mercado. Como dito anteriormente, o 4 Consiste na apuração de condutas nocivas à concorrência levadas a cabo por empresas que detêm poder sobre determinado mercado, das quais são exemplo a prática de cartel, a prática de preços predatórios, as vendas casadas, os acordos de exclusividade, a discriminação de preços, a fixação de preços de revenda e as restrições territoriais. ESTRUTURAS DE MERCADO Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. a. Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), que é vinculado ao Ministério da Justiça e tem como finalidade “orientar, fiscalizar, prevenir e apurar abusos de poder econômico, exercendo papel tutelador da prevenção e repressão do mesmo” (CADE, 2007), ou seja, julgar os casos que pertencem ao SBDC. Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 94 - 95 presente estudo tem como objetivo a análise de caráter preventivo, ou seja, os atos de concentração. A partir dos objetivos já citados, a Política de Defesa da Concorrência busca atuar sobre as condições de operação dos mercados, seja pela influência direta sobre as condutas dos agentes, seja por meio de ações que afetam os parâmetros estruturais que as condicionam (POSSAS et al., 1995). Tanto as condutas quanto os atos de concentração são classificados em práticas horizontais, que reduzem a intensidade da concorrência afetando as interações entre os mercados e práticas verticais, que limitam as ações dos agentes que se relacionam como compradores e vendedores ao longo de uma cadeia produtiva (BARBOSA, 2006). O presente estudo analisa os atos de concentração horizontal, ou seja, a concentração de empresas que são competidoras entre si e que ofertam o mesmo produto em um determinado mercado relevante, sendo que no presente caso, como será visto em outra unidade, o produto é carne bovina in natura e o mercado relevante é nacional. Para conhecer um pouco mais sobre a Lei Antitruste brasileira, acesse: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/Lei/L12529.htm ESTUDO DE CASO Fusão das empresas X e Y pode criar maior instituição privada de ensino do mundo Enquanto apenas 14% dos jovens estão no ensino superior, observa-se o aumento cada vez mais rápido da fusão de instituições privadas e a maior influência do capital estrangeiro, que passa a dominar o setor educacional brasileiro. Nesse contexto, as empresas X Educacional e Y Educacional aguardam a aprovação de sua junção pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Lei Antitruste III Se a operação financeira de R$ 12 bilhões for aprovada pelo Cade, que é uma autarquia vinculada ao Ministério da Justiça Brasileiro, o novo grupo passará a ser responsável pela formação de quase um milhão de alunos (486 mil cursando o ensino presencial e 516 mil em regime de ensino a distância), em mais de 800 unidades de ensino superior. Parte do trecho extraído de: <http://www.observatoriodaeducacao.org.br/ index.php/sugestoes-de-pautas/48-sugestoes-de-pautas/1217-fusao-das-empresas-kroton-e-anhanguera-pode-criar-maior-instituicao-privada-de-ensino-do-mundo>. Acesso em: 03 dez 2013. Estamos terminando nossa terceira unidade e, consequentemente, a área de economia conhecida como microeconomia. Nesta terceira unidade, discutimos a relação entre demanda e oferta atuando juntas dentro das estruturas de mercado, ou seja, a formação de preço depende da estrutura de mercado em que a empresa está inserida. Neste contexto, temos quatro estruturas de mercado: concorrência perfeita ou pura, que como vimos é uma situação difícil de ser encontrada no “mundo real” e tem como características principais um grande número de vendedores e compradores negociando produtos homogêneos a preços mais baixos; o monopólio, no qual apenas uma empresa produz e comercializa um único produto altamente diferenciado a preço mais alto; a concorrência monopolística, que possui características tanto da concorrência perfeita ou pura quanto do monopólio; e o oligopólio, onde existem poucas empresa que são interdependentes, o que faz com que o governo se preocupe com as possíveis práticas que essas empresas possam fazer como, instituir o cartel. Após estudar as estruturas de mercado, vimos as possíveis práticas que as empresas, principalmente no oligopólio, podem fazer, como cartel, vendas ESTRUTURAS DE MERCADO Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. CONSIDERAÇÕES FINAIS Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 96 - 97 casadas, preços predatórios e fixação de preços de revenda. Práticas essas que o governo, através da lei antitruste tenta coibir. A lei antitruste também é a responsável por julgar e autorizar as fusões e aquisições que estão acontecendo nas últimas décadas, sempre com o objetivo principal de assegurar a concorrência e eficiência do mercado. Agora você já sabe por que alguns setores conseguem cobrar preços mais altos do que outros e como o governo interfere nessa relação. Estudar estrutura de mercado é fascinante e complexo. Um forte abraço, Prof.ª Me. Andréia Moreira da Fonseca Boechat Considerações Finais 1.Defina mercado e apresente suas classificações. 2.Explique como e onde acontece a formação de preços na concorrência perfeita ou pura. 3.Explique a prática de discriminação de preços e cite dois exemplos do seu dia a dia. 4.Cite e explique as práticas ilegais contra a concorrência. 5.Defina política antitruste e discuta sua importância para a livre competição. 98 - 99 MATERIAL COMPLEMENTAR Microeconomia: Princípios Básicos Hal R. Varian Editora: Campus Sinopse: Este é outro livro clássico dos cursos de economia que apresenta, de forma completa, as estruturas de mercado. Material Complementar III ESTRUTURAS DE MERCADO MERCADO DE BENS E SERVIÇOS E O MERCADO MONETÁRIO UNIDADE Professor Me. Sidinei Silvério da Silva IV Objetivos de Aprendizagem ■■ Apresentar uma visão geral dos agregados econômicos que descrevem o funcionamento de uma economia, como a produção agregada (PIB) e o preço médio de todos os bens (nível de preços agregado). ■■ Explicar o funcionamento do mercado de bens e serviços e as variáveis macroeconômicas nele determinadas. ■■ Entender o mercado monetário e sua influência sobre o lado real e monetário da economia. ■■ Compreender por que alguns países são tão ricos e outros pobres. ■■ Discutir o papel das políticas fiscal e monetária na busca do pleno emprego e da estabilidade no nível geral de preços (controle da inflação). Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade ■■ Objetivos de política econômica ■■ Crescimento e Desenvolvimento Econômico ■■ Determinação do Produto Nacional ■■ Política fiscal, inflação e desemprego ■■ A moeda: conceitos, funções e tipos ■■ Oferta de Moeda ■■ Demanda de Moeda ■■ O papel das taxas de juros ■■ Política monetária, inflação e desemprego 102 - 103 Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), nesta quarta unidade, você entenderá que a economia divide-se tradicionalmente em dois amplos subcampos, a microeconomia (estudo de como famílias e empresas tomam decisões) e a macroeconomia que estuda os fenômenos que englobam toda a economia, incluindo inflação, desemprego e crescimento econômico. O estudo da macroeconomia moderna passa pela revolução keynesiana, com a publicação, em 1936, do Livro Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda, de John Maynard Keynes, que dá ênfase à demanda efetiva – o que chamamos hoje de demanda agregada. Blanchard (2011) afirma que em curto prazo, segundo Keynes, a demanda efetiva determina o Produto Interno Bruto (PIB), mesmo se o produto voltar a seu nível natural no longo prazo, o processo será lento. Mas, afinal, o que é a macroeconomia? Segundo Abel, Bernanke e Croushore (2008), a macroeconomia é o estudo da estrutura e do desempenho das economias nacionais e das políticas que os governos utilizam para tentar influir no desempenho econômico. Nessa direção, Blanchard (2011) aponta que a macroeconomia é o resultado de um processo de elaboração contínua, de uma interação de ideias e acontecimentos. De forma geral, a macroeconomia procura responder questionamentos práticos e debatidos diariamente pelo governo, empresários, políticos, pela imprensa e pelo público em geral. Entre essas questões, Abel, Bernanke e Croushore (2008) destacam as seguintes: ■■ O que determina o crescimento econômico de longo prazo de um país? ■■ O que leva a atividade econômica do país flutuar? ■■ O que provoca o desemprego? ■■ O que faz os preços subirem? ■■ Como as economias nacionais são afetadas por fazerem parte de um sistema econômico global? ■■ As políticas governamentais podem ser usadas para melhorar o desempenho econômico do país? Introdução IV Nesse contexto, as escolas que dominam o pensamento macroeconômico são a clássica e a keynesiana. Para os clássicos, as políticas econômicas não afetam o lado real da economia (mercado de bens e serviços e mercado de trabalho), gerando apenas inflação no longo prazo. Os keynesianos, por sua vez, defendem a tese de que o lado real da economia é afetado pelas políticas econômicas, fundamentalmente pela política fiscal. Abel, Bernanke e Croushore (2008) afirmam que o desempenho econômico de um país depende de diversos fatores, dentre os quais se sobressaem recursos naturais e humanos, estoque de capital (edifícios, máquinas e softwares), tecnologia e escolhas econômicas. No que se refere às políticas macroeconômicas que afetam o desempenho da economia como um todo, os dois grandes tipos de política são a política fiscal e a política monetária. Para Blanchard (2011), um dos motivos pelos quais os macroeconomistas divergem é porque atribuem pesos diferentes a objetivos diversos. Por exemplo, uns se preocupam mais com o desemprego, outros com a inflação; suas recomendações diferirão de acordo com a orientação de cada um. Assim, quais são os passos básicos de uma política econômica? Primeiramente é necessária a especificação das metas de política econômica, buscando a maximização do bem-estar social. As metas macroeconômicas, geralmente aceitas, são o pleno emprego e a inflação zero (COSTA, 2011). MERCADO DE BENS E SERVIÇOS E O MERCADO MONETÁRIO Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. OBJETIVOS DE POLÍTICA ECONÔMICA Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 104 - 105 O segundo passo é a identificação dos instrumentos políticos disponíveis para atingir as metas, de modo geral: a política fiscal e a política monetária, que devem ser compatibilizadas com a política cambial, isto é, com os distintos regimes cambiais e graus de mobilidade de capital. Há a necessidade de coordenação das políticas econômicas? Segundo Costa (2011), os vários instrumentos políticos estão sob controle de diversas autoridades: por exemplo, a política monetária sob o banco central e a política fiscal sob os ministérios do executivo e o poder legislativo. Uma sugestão seria atribuir cada meta ao instrumento e, portanto, à autoridade – que tem efeito relativamente mais forte sobre essa meta, numa combinação ideal de políticas executadas de forma descentralizada. Destaca-se que, na política econômica, há distinção entre: ■■ Teoria normativa: analisa como as autoridades políticas devem agir. ■■ Teoria positiva: estuda o que as autoridades fazem na realidade. Mankiw (2009) afirma que as declarações positivas e normativas são fundamentalmente diferentes, mas frequentemente estão intimamente interligadas no conjunto de crenças de um indivíduo. Uma visão positiva do mundo afeta a visão normativa sobre quais políticas são necessárias. Convém ressaltar que, quando ouvir economistas fazendo declarações normativas, você saberá que falam como consultores políticos, não como cientistas. CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO Jones (2000) argumenta que o sistema econômico mundial é formado por economias de todos os tamanhos, com a existência de países muito ricos e outros muito pobres. Além disso, algumas economias crescem rapidamente e outras simplesmente não crescem, conforme Quadro 9. Crescimento e Desenvolvimento Econômico IV TAXA MÉDIA ANUAL DE CRESCIMENTO, 1960-90 (%) ANOS NECESSÁRIOS PARA DUPLICAR O PIB EUA 18.073 1,4 51 Alemanha 14.331 2,5 28 Japão 14.317 5,0 14 França 13.896 2,7 26 Reino Unido 13.223 2,0 35 China 1.324 2,4 29 Índia 1.262 2,0 35 Zimbabwe 554 0,2 281 Hong Kong 14.854 5,7 12 Cingapura 11.698 5,3 13 Taiwan 8.067 5,7 12 Coréia do Sul 6.665 6,0 12 Venezuela 6.070 -0,5 -136 Madagascar 675 -1,3 -52 Mali 530 -1,0 -70 Países Ricos Países “Pobres” “Milagres de Crescimento” “Desastres de Crescimento” Quadro 9: Estatísticas de Crescimento e Desenvolvimento Econômico Mundial Fonte: adaptado de Jones (2000) As percepções sobre o desempenho da economia tendem a ser dominadas pelas flutuações anuais do nível de atividade. Todavia, se olharmos para trás e examinarmos a atividade por períodos mais longos (muitas décadas), o quadro se altera, com as flutuações perdendo a importância e o crescimento (o aumento constante do produto agregado ao longo do tempo) tornando-se o fator dominante (BLANCHARD, 2011). Quais são as fontes do crescimento? Podemos considerar o crescimento proveniente da acumulação de capital e/ou do progresso tecnológico, em que a função de produção agregada implica que os aumentos do produto por trabalhador podem provir tanto de aumentos do capital por trabalhador quanto de melhoras no estado da tecnologia. MERCADO DE BENS E SERVIÇOS E O MERCADO MONETÁRIO Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. PIB PER CAPITA, 1990 (EM US$) PAÍSES Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 106 - 107 Os primeiros modelos de crescimento econômico datam dos anos 1950, com a publicação de dois artigos famosos de Robert Solow, do Massachusetts Institute of Technology. Essas teorias ajudaram a esclarecer o papel da acumulação de capital físico e destacaram a importância do progresso técnico como o motor fundamental do crescimento econômico sustentado (JONES, 2000). Nesse sentido, a capacidade de um país em fornecer melhores padrões de vida para sua população depende decisivamente de sua taxa de crescimento econômico de longo prazo. Conceitualmente, o crescimento econômico pode ser entendido como o crescimento contínuo do Produto Interno Bruto (PIB) e da renda per capita ao longo do tempo (análise quantitativa). O desenvolvimento econômico, por seu turno, engloba além do crescimento econômico, a melhora em indicadores de bem-estar econômico e social, tais como pobreza, desemprego, saúde, alimentação, entre outros (análise qualitativa). E o desenvolvimento econômico sustentável considera o crescimento econômico acompanhado da melhora em indicadores de bem-estar econômico e social e da manutenção no equilíbrio ecológico (sustentabilidade de longo prazo). Em relação à variação real do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, no período 1986 a 2012, verificamos um crescimento médio de 2,77% ao ano. A evolução desse indicador revela um crescimento econômico não sustentado ao longo do horizonte temporal, haja vista problemas estruturais da nossa economia (Tabela 5). Crescimento e Desenvolvimento Econômico IV % A.A. ANO % A.A. 1986 7,49 2000 4,31 1987 3,53 2001 1,31 1988 -0,06 2002 2,66 1989 3,16 2003 1,15 1990 -4,35 2004 5,71 1991 1,03 2005 3,16 1992 -0,47 2006 3,96 1993 4,67 2007 6,09 1994 5,33 2008 5,17 1995 4,42 2009 -0,33 1996 2,15 2010 7,53 1997 3,38 2011 2,73 1998 0,04 2012 0,87 1999 0,25 Média 2,77 Tabela 5: Produto Interno Bruto (PIB), variação real anual (% a.a.), Brasil, 1986 a 2012 Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) Entenda como a desaceleração da economia mundial afeta os BRICs, assistindo à reportagem disponível em <http://globotv.globo.com/globo-news/ sem-fronteiras/t/todos-os-videos/v/entenda-como-desaceleracao-da-economia-mundial-afeta-os-brics/2730861/>. MERCADO DE BENS E SERVIÇOS E O MERCADO MONETÁRIO Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. ANO 108 - 109 Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. DETERMINAÇÃO DO PRODUTO NACIONAL A medida mais ampla da atividade econômica agregada é o Produto Interno Bruto (PIB), que pode ser mensurado pela abordagem do produto, da demanda e da renda. Devido à equivalência das três abordagens, durante um período qualquer de tempo estipulado, temos: produção total = renda total = demanda total. Segundo Blanchard (2011), a interação entre produção, renda e demanda agregada é central ao acompanhamento das variações anuais da atividade econômica. As variações da demanda por bens provocam alterações na produção. Estas, por sua vez, conduzem a alterações na renda que, por seu turno, alteram a demanda por bens. PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB) NA ÓTICA DA PRODUÇÃO AGREGADA De acordo com Abel, Bernanke e Croushore (2008), a abordagem do produto define o Produto Interno Bruto (PIB) do país como o valor de mercado de bens e serviços finais produzidos durante um período de tempo. PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB) NA ÓTICA DA RENDA AGREGADA O Produto Interno Bruto (PIB) nessa abordagem é calculado pela soma das rendas recebidas pelos produtores, incluindo os lucros e os impostos pagos ao governo, cujo conceito chave é a renda nacional (ABEL; BERNANKE; CROUSHORE, 2008). No cômputo da renda nacional, estão inclusas a: ■■ Remuneração dos empregados. ■■ Renda dos proprietários. ■■ Renda pessoal com aluguel. Determinação do Produto Nacional IV ■■ Lucros empresariais. ■■ Juros líquidos. ■■ Impostos sobre a produção e as importações. ■■ Pagamentos (líquidos) de transferências correntes das empresas. ■■ Superávit corrente de empreendimentos governamentais. Essa seção está baseada em Blanchard (2011). O Produto Interno Bruto (PIB) nessa ótica é obtido pela soma do total despendido em bens e serviços finais. A seguir, apresentamos os componentes do PIB na abordagem da demanda agregada: ■■ Consumo (C). São os bens e serviços comprados pelos consumidores e que variam de alimentos a passagens aéreas, passando pelas férias, pelo carro novo e assim por diante. O consumo é o maior componente do PIB. ■■ Investimento (I). Também chamado de investimento fixo. Pode ser não residencial, que é o gasto feito pelas empresas em estruturas, equipametos e software; e residencial, que é o gasto na construção de novas casas e edifícios. ■■ Gastos do Governo (G). São os bens e serviços comprados pelos governos federal, estadual e municipal. ■■ Exportações Líquidas (NX). É a diferença entre as exportações e as importações, ou seja, é o saldo da balança comercial em dado período. MERCADO DE BENS E SERVIÇOS E O MERCADO MONETÁRIO Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB) NA ÓTICA DA DEMANDA AGREGADA 110 - 111 A equação para determinar o PIB é Onde, Y = PIB = produção total = renda total = despesa total; C = consumo; I = investimento; G = compras de bens e serviços pelo governo; NX = exportações (X) – importações (M) = exportações líquidas de bens e serviços. Podemos concluir que um aumento na demanda, como uma elevação nos gastos de consumo, conduz ao aumento da produção e da renda. Esse aumento da renda leva a mais uma elevação da demanda, que provoca novo aumento da produção e assim por diante. O resultado final é um aumento maior do produto do que o deslocamento inicial da demanda, por um fator correspondente ao multiplicador. O Gráfico 13 mostra que o consumo cresce quando a renda disponível aumenta, porém em proporção menor. Consumo, C Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Y = C + I + G + NX Função consumo C = C0 + C1 YD Declividade = C1 CO Renda disponível, YD Gráfico 13: O consumo depende da renda disponível Fonte: Blanchard (2011) Determinação do Produto Nacional IV Outras equações do mercado de bens e serviços. Em relação à função consumo, temos: C = c0 + c1 (Y – T) Mc = 1 1 - c1 Onde, MC = multiplicador do consumo; c1 = propensão marginal a consumir. PIB REAL VERSUS PIB NOMINAL O PIB nominal é a produção de bens e serviços avaliada a preços correntes. O PIB real é a produção de bens e serviços avaliada a preços constantes. O deflator do PIB é uma medida do nível de preços calculada como a razão entre o PIB nominal e o PIB real multiplicada por cem. Exemplo: Suponha uma economia hipotética que produza etanol e gasolina, conforme segue: MERCADO DE BENS E SERVIÇOS E O MERCADO MONETÁRIO Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Onde, C = consumo total; c0 = consumo autônomo (que não depende da renda); c1 = propensão marginal a consumir; Y = PIB = renda total = produção total = despesa total; T = tributos. Em relação ao multiplicador do consumo, temos: 112 - 113 ANO PREÇO DO ETANOL QUANTIDADE DE ETANOL PREÇO DA GASOLINA QUANTIDADE DE GASOLINA 2009 $ 1,50 100 $ 2,00 50 2010 $ 2,50 150 $ 2,50 100 2011 $ 3,00 200 $ 3,00 150 2012 $ 3,50 250 $ 4,00 200 Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Calculando o PIB Nominal, ANO CÁLCULO DO PIB NOMINAL PIB NOMINAL 2009 (1,50 x 100) + (2,00 x 50) $ 250 2010 (2,50 x 150) + (2,50 x 100) $ 625 2011 (3,00 x 200) + (3,00 x 150) $ 1.050 2012 (3,50 x 250) + (4,00 x 200) $ 1.675 Calculando o PIB Real, tendo 2009 como ano-base, ANO CÁLCULO DO PIB REAL PIB REAL 2009 (1,50 x 100) + (2,00 x 50) $ 250 2010 (1,50 x 150) + (2,00 x 100) $ 425 2011 (1,50 x 200) + (2,00 x 150) $ 600 2012 (1,50 x 250) + (2,00 x 200) $ 775 Calculando o Deflator do PIB, ANO CÁLCULO DO DEFLATOR DO PIB DEFLATOR 2009 (250 / 250 ) x 100 100 2010 (625 / 425) x 100 147 2011 (1.050 / 600) x 100 175 2012 (1.675 / 775) x 100 216 Determinação do Produto Nacional IV POLÍTICA FISCAL, INFLAÇÃO E DESEMPREGO Segundo Mankiw (2009), a política fiscal refere-se ao estabelecimento dos níveis dos gastos do governo e dos impostos pelos formuladores de políticas, que visam influenciar o comportamento da economia. Para Blanchard (2011), as decisões dos formuladores de política fiscal tem influência em curto e longo prazo sobre a demanda agregada: ■■ No longo prazo, o produto retorna a seu nível natural, mas o próprio nível natural de produto pode ser afetado pela política fiscal. Se os déficits provocarem a queda do investimento, um menor estoque de capital no longo prazo implica também um produto menor. A política fiscal pode ser expansionista ou contracionista. Um aumento nos gastos do governo ou uma redução nos impostos deslocam a curva de demanda agregada para a direita, provocando expansão fiscal. Por outro lado, uma redução nos gastos do governo ou um aumento nos impostos deslocam a curva de demanda agregada para a esquerda, provocando uma contração fiscal. Expansão Fiscal Nível Geral de Preços (P) Oferta Agregada (OA) P1 B A DA´´ P0 DA´ Demanda Agregada (DA) 0 Y0 Y1 MERCADO DE BENS E SERVIÇOS E O MERCADO MONETÁRIO PIB (Y) Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. ■■ No curto prazo, o déficit orçamentário tende a aumentar a demanda e, portanto, o produto. A força do impacto inicial sobre o produto depende muito das expectativas. 114 - 115 Contração Fiscal Nível Geral de Preços (P) Oferta Agregada (OA) P0 A B DA´ P1 Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. DA´´ Demanda Agregada (DA) 0 Y1 Y0 PIB (Y) Gráfico 14: Efeitos da expansão e da contração fiscal sobre a demanda agregada Fonte: elaboração própria Mankiw (2009) destaca que, quando o governo altera gastos públicos ou impostos, o deslocamento da demanda agregada resultante pode ser maior ou menor do que a alteração fiscal. O efeito multiplicador tende a amplificar os efeitos da política fiscal sobre a demanda agregada. A política fiscal como a política monetária são instrumentos de política econômica para estabilizar a economia. Uma das ações fiscais para equacionar e estabilizar a relação dívida pública/ PIB é a geração de resultados fiscais primários superavitários. A Tabela 6 mostra a evolução dos resultados fiscais (primário e nominal) da economia brasileira, no período 1986 a 2009, em que se observa a importância dos superávits primários para o pagamento dos juros nominais da dívida pública e, consequentemente, a estabilização da mesma, a partir do Plano Real. ANO RESULTADO NOMINAL RESULTADO PRIMÁRIO 1986 -11,22 1,59 1987 -31,89 -0,99 1988 -53,73 0,91 1989 -85,43 -1,03 1990 -30,15 4,69 1991 -26,75 2,71 Política Fiscal, Inflação e Desemprego IV RESULTADO NOMINAL RESULTADO PRIMÁRIO 1992 -45,75 1,58 1993 -64,83 2,18 1994 -26,97 5,64 1995 -7,28 0,26 1996 -5,87 -0,10 1997 -6,11 -0,96 1998 -7,93 0,02 1999 -9,98 3,23 2000 -4,48 3,47 2001 -4,76 3,38 2002 -9,61 3,21 2003 -3,79 3,34 2004 -2,62 3,81 2005 -3,17 3,93 2006 -3,45 3,24 2007 -2,59 3,37 2008 -2,01 3,54 2009 -3,23 2,05 Média -28,73 2,61 Tabela 6: Resultados Fiscais em Proporção do PIB, Setor Público Consolidado, Brasil, 1985 a 2009 Fonte: Banco Central do Brasil, Boletim, Seção Finanças Públicas Obs.: Compreende governo federal e Banco Central, governos estaduais, governos municipais e empresas estatais (federais, estaduais e municipais). Segundo Blanchard (2011), os déficits têm efeitos adversos de longo prazo sobre a acumulação de capital e o produto, porém, não implica que os mesmos não devam ser utilizados para estabilizar o produto. Ao contrário, os déficits durante as recessões devem ser compensados pelos superávits das fases de crescimento acelerado, de modo a não levar a um aumento constante da dívida. No caso brasileiro, apesar da evolução nominal da dívida líquida total do setor público e da dívida mobiliária federal fora do banco central (Tabela 7), a relação dívida/PIB está estabilizada. MERCADO DE BENS E SERVIÇOS E O MERCADO MONETÁRIO Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. ANO Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 116 - 117 ANO DÍVIDA MOBILIÁRIA DÍVIDA LÍQUIDA DÍVIDA LÍQUIDA EM % DO PIB 1985 0,0001 0,0004 - 1986 0,0001 0,0007 - 1987 0,0008 0,0031 - 1988 0,0115 0,0337 - 1989 0,2570 0,7214 - 1990 0,8044 7,5131 - 1991 4,4932 56,0700 38,1 1992 163,9739 678,3300 37,1 1993 4.987,5593 17.714,6500 32,6 1994 61.782,3143 153.162,9200 30,0 1995 108.485,5557 208.460,2700 28,0 1996 176.210,9625 269.193,4300 30,7 1997 255.509,0111 308.426,2500 31,8 1998 323.859,6991 385.869,6300 38,9 1999 414.901,1840 516.578,6700 44,5 2000 510.697,6128 563.163,1400 45,5 2001 624.084,3648 677.430,8300 48,4 2002 623.190,6325 892.291,8400 50,5 2003 731.858,0881 932.137,5300 52,4 2004 810.264,3212 982.508,8100 47,0 2005 979.662,4619 1.040.046,1200 46,5 2006 1.093.495,2969 1.120.052,6300 44,0 2007 1.224.870,5794 1.211.762,2500 41,0 2008 1.264.823,2748 1.168.238,3400 34,6 2009 1.398.415,4936 1.362.710,7200 - 2010 1.603.940,0454 1.475.820,1800 - 2011 1.783.060,6357 1.508.546,9089 - 2012 1.916.709,2763 1.550.083,0782 - Tabela 7: Dívida líquida total do setor público e Dívida mobiliária interna federal – títulos fora do Banco Central – fim período, 1985 a 2012, valores em R$ (milhões). Fonte: Banco Central do Brasil, Boletim, Seção Finanças Públicas Política Fiscal, Inflação e Desemprego IV ■■ A perda do poder aquisitivo dos salários e outras rendas fixas. ■■ Desorganização do mercado de capitais e aumento por procura por ativos reais. ■■ Surgimento de déficits no balanço de pagamentos. ■■ E dificuldades para financiamento do setor público. Viceconti e Neves (2005) apresentam os seguintes tipos de inflação: ■■ Inflação de Demanda. É causada por um aumento na demanda agregada via aumento dos investimentos; aumento dos gastos do governo; aumento das exportações; redução dos tributos; redução das importações; e/ou aumento da oferta de moeda. ■■ Inflação de Custos. É provocada por uma diminuição da oferta agregada via aumentos de salários acima de aumentos da produtividade; aumentos autônomos das margens de lucros das empresas; aumentos dos preços agrícolas em função de intempéries climáticas; elevação autônoma de preços de produtos importados que sejam matérias-primas importantes na produção de bens na economia; e desvalorização real da taxa de câmbio. ■■ Inflação Inercial. Resulta da indexação da economia. A indexação é adotada como forma de convivência da economia com a inflação crônica. O seu principal defeito é a perpetuação da taxa de inflação a níveis elevados. MERCADO DE BENS E SERVIÇOS E O MERCADO MONETÁRIO Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Na existência de desemprego, o Governo pode lançar mão da política fiscal para estimular a demanda agregada e alcançar o pleno emprego. Uma política fiscal expansiva consiste no aumento dos gastos e/ou redução da tributação do Governo, sem que se altere a oferta monetária. Em que pese a preocupação no combate ao desemprego, as expansões fiscais podem provocar a elevação no nível geral de preços, comumente chamada inflação. Para Viceconti e Neves (2005), a inflação é definida como sendo uma alta persistente e generalizada dos preços da economia. Enquanto a inflação é o crescimento dos preços, a taxa de inflação mede o ritmo desse crescimento. Quando a taxa de inflação é decrescente, diz-se que está ocorrendo uma desinflação. Se os preços diminuírem abaixo de zero, diz-se que ocorreu uma deflação. Dentre as consequências de um processo inflacionário, podemos destacar: 118 - 119 Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. O combate a essa patologia econômica por meio da política fiscal é considerado um remédio keynesiano. O Plano Real, concebido com base numa âncora cambial, foi bem-sucedido no combate ao processo inflacionário brasileiro, conforme evidenciado na Tabela 8. ANO IGP-M IPCA 1990 1.699,70 1.620,97 1991 458,37 472,70 1992 1.174,47 1.119,10 1993 2.567,46 2.477,15 1994 1.246,62 916,46 1995 15,25 22,41 1996 9,20 9,56 1997 7,74 5,22 1998 1,78 1,65 1999 20,10 8,94 2000 9,95 5,97 2001 10,38 7,67 2002 25,31 12,53 2003 8,71 9,30 2004 12,41 7,60 2005 1,21 5,69 2006 3,83 3,14 2007 7,75 4,46 2008 9,81 5,90 2009 -1,72 4,31 2010 11,32 5,91 2011 5,10 6,50 2012 7,82 5,84 Tabela 8: Índice Geral de Preços (IGP-M) e Índice de Preços ao Consumidor Ampliado (IPCA), % a.a., 1990 a 2012 Fonte: Fundação Getúlio Vargas (FGV) e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) Política Fiscal, Inflação e Desemprego IV Para conhecer os principais planos de estabilização econômica implementados na economia brasileira, acesse os links a seguir: Plano Cruzado. http://globotv.globo.com/rede-globo/memoria-globo/v/plano-cruzado-1986/2335467/ http://globotv.globo.com/rpc/bom-dia-parana/v/a-preparacao-para-o-plano-real/2281350/ A MOEDA: CONCEITOS, FUNÇÕES E TIPOS O QUE É MOEDA? Segundo Mankiw (2009), moeda é o conjunto de ativos na economia que as pessoas usam regularmente para comprar bens e serviços de outras pessoas. A mesma tem três funções básicas: ■■ Meio de Troca: um meio de troca é algo que os compradores dão aos vendedores quando compram bens e serviços. ■■ Unidade de Conta: uma unidade de conta é um padrão de medida que as pessoas usam para anunciar preços e registrar débitos. ■■ Reserva de Valor: uma reserva de valor é algo que as pessoas podem usar para transferir poder de compra do presente para o futuro. De acordo com Blanchard (2011), em países com mercados financeiros modernos, as pessoas podem escolher entre milhares de ativos financeiros diferentes, da moeda aos títulos de dívida, ações e fundos mútuos. Enquanto a moeda pode ser utilizada para transações e paga juros zero, os MERCADO DE BENS E SERVIÇOS E O MERCADO MONETÁRIO Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Plano Real 120 - 121 títulos de dívida, que não podem ser utilizados para transações, pagam uma taxa de juros positiva. Os economistas usam o termo liquidez para descrever a facilidade com que um ativo pode ser convertido em meio de troca da economia. A moeda é o ativo mais líquido dos ativos disponíveis. Mankiw (2009) menciona os seguintes tipos de moeda: Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. ■■ Moeda-mercadoria: moeda que toma a forma de uma mercadoria com valor intrínseco, como o ouro e os cigarros. ■■ Moeda de curso forçado: moeda sem valor intrínseco que é usada como moeda por decreto governamental. O controle monetário nas economias é responsabilidade do banco central, que se trata de uma instituição planejada para supervisionar o sistema bancário e regular a quantidade de moeda na economia. OFERTA DE MOEDA O que é oferta de moeda? Oferta de moeda é a quantidade de moeda disponível na economia, também chamada de meios de pagamento. Segundo Vasconcellos e Garcia (2009), os meios de pagamento constituem o total de moeda à disposição do setor privado não bancário, de liquidez imediata, ou seja, é o somatório do papel moeda em poder do público e dos depósitos à vista nos bancos comerciais. Os bancos são intermediários financeiros que recebem recursos das pessoas e empresas e utilizam esses recursos para fazer empréstimos e comprar títulos de dívida. O Banco Central do Brasil classifica os meios de pagamento da seguinte forma ■■ M1 = papel moeda em poder do público + depósitos à vista nos bancos comerciais (moeda de liquidez imediata). ■■ M2 = M1 + depósitos de poupança + títulos privados (depósitos a prazo, A Moeda: Conceitos, Funções e Tipos IV letras cambiais, hipotecárias e imobiliárias). ■■ M3 = M2 + fundos de renda fixa + operações compromissadas com títulos federais. ■■ M4 = M3 + títulos públicos federais, estaduais e municipais. No que se refere à economia brasileira, a expansão da base monetária e do meio de pagamento 1 (M1) tiveram o mesmo comportamento no período 1986 a 2012, conforme Tabela 9. BASE MONETÁRIA VARIAÇÃO % M1 VARIAÇÃO % 1986 0,0001 - 0,0002 - 1987 0,0002 100,0% 0,0004 100,0% 1988 0,0013 550,0% 0,0025 525,0% 1989 0,0245 1784,6% 0,0375 1400,0% 1990 0,5896 2306,5% 0,9128 2334,1% 1991 2,3062 3911365,4% 3,9315 4306977,1% 1992 25,1674 991,3% 38,0273 867,2% 1993 516,7291 1953,2% 847,7800 2129,4% 1994 17.684,5510 3322,4% 22.772,6640 2586,2% 1995 21.681,5910 22,6% 28.492,9030 25,1% 1996 19.795,6970 -8,7% 29.807,4830 4,6% 1997 31.828,3320 60,8% 47.362,7220 58,9% 1998 39.184,3780 23,1% 50.707.2660 7,1% 1999 48.430,1570 23,6% 62.744.4410 23,7% 2000 47.686,2130 -1,5% 74.352.4680 18,5% 2001 53.255,9710 11,7% 83.706.7030 12,6% 2002 73.302,2720 37,6% 107.845,9400 28,8% 2003 73.219,1360 -0,1% 109.648,3880 1,7% 2004 88.732,6770 21,2% 127.946,4010 16,7% 2005 101.247,2350 14,1% 144.778,1650 13,2% 2006 121.102,0010 19,6% 174.345,2950 20,4% MERCADO DE BENS E SERVIÇOS E O MERCADO MONETÁRIO Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. ANO Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 122 - 123 ANO BASE MONETÁRIA VARIAÇÃO % M1 VARIAÇÃO % 2007 146.616,8670 21,1% 231.429,7990 32,7% 2008 147.549,7050 0,6% 223.439,9380 -3,5% 2009 166.072,8350 12,6% 250.234,2750 12,0% 2010 206.853,3220 24,6% 281.875,8970 12,6% 2011 214.235,3110 3,6% 285.376,9020 1,2% 2012 233.371,4520 8,9% 324.482,8092 13,7% Tabela 9: Base Monetária e Meio de Pagamento 1, fim de período, valores em R$ (milhões), 1986 a 2012 Fonte: Banco Central do Brasil, Boletim, Seção Moeda e Crédito O QUE É MONETIZAÇÃO E DESMONETIZAÇÃO DA ECONOMIA? Monetização é o aumento da quantidade de moeda sobre o total de ativos financeiros, e desmonetização é diminuição da quantidade de moeda sobre o total de ativos financeiros. O grau de monetização ou desmonetização pode ser medido pela razão M1/ M4. Quando M1 aumenta em relação a M4, há monetização; quando M1 cai relativamente a M4, ocorre a desmonetização. COMO OCORRE A CRIAÇÃO E DESTRUIÇÃO DE MOEDA? Para Vasconcelos e Garcia (2009), ocorre a criação de moeda quando há aumento do volume de meios de pagamento e a destruição de moeda quando se faz uma redução dos meios de pagamento. Por exemplo: ■■ Aumento dos empréstimos ao setor privado é criação de moeda. ■■ Resgate de um empréstimo no banco é destruição de moeda. ■■ Quando o depositante retira depósito à vista e o coloca em depósito a prazo (CDB), ocorre a destruição de moeda. A Moeda: Conceitos, Funções e Tipos IV DEMANDA DE MOEDA A demanda de moeda pela coletividade corresponde à quantidade de moeda que o setor privado não bancário retém. Quais são os motivos para demandar moeda? De acordo com Keynes, são três as razões para demandar moeda: ■■ Demanda de moeda por precaução: o público e as empresas precisam ter certa reserva monetária para fazer frente a pagamentos imprevistos ou atrasos em recebimentos esperados; ■■ Demanda de moeda por especulação (ou por portfólio): dentro de sua carteira de aplicações (portfólio), os investidores devem deixar uma “cesta” para a moeda, observando o comportamento da rentabilidade dos vários títulos, para fazer algum novo negócio. Ou seja, a moeda, embora não apresente rendimentos, tem a vantagem de ter liquidez imediata e pode viabilizar novas aplicações. As duas primeiras razões dependem diretamente do nível de renda. É de esperar que, quanto maior a renda, maior a necessidade de moeda para transações e por precaução. O PAPEL DAS TAXAS DE JUROS Vasconcellos e Garcia (2009) argumentam que a taxa de juros tem um papel estratégico nas decisões dos mais variados agentes econômicos. Segundo Blanchard (2011), a taxa de juros deve ser tal que a oferta de moeda (que é independente da taxa de juros) seja igual à demanda por moeda (que depende da taxa de juros), conforme Gráfico 15. MERCADO DE BENS E SERVIÇOS E O MERCADO MONETÁRIO Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. ■■ Demanda de moeda para transações: as pessoas e empresas precisam de dinheiro para suas transações do dia a dia, para alimentação, transporte, aluguel etc.; 124 - 125 Oferta de moeda Taxa de juros, i Ms Demanda por moeda Md M Moeda, M Gráfico 15: A Determinação da taxa de juros Fonte: Blanchard (2011) O Gráfico 16 mostra que o aumento da renda nominal provoca o aumento da taxa de juros. Isso ocorre porque o aumento da renda nominal eleva o nível de transações e, portanto, aumenta a demanda por moeda a qualquer nível da taxa de juros. A curva de demanda por moeda se desloca para a direita e o equilíbrio se move de A para A’. Ms Taxa de juros, i Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. i i´ A´ i A Md Md’ ($Y’ > $Y) M Moeda, M Gráfico 16: Efeitos do Aumento da Renda Nominal sobre a Taxa de Juros Fonte: Blanchard (2011) A Moeda: Conceitos, Funções e Tipos IV Os efeitos do aumento na oferta de moeda sobre a taxa de juros é retratado no Gráfico 17. Um aumento da oferta de moeda leva a uma diminuição da taxa de juros, com o deslocamento da curva de oferta de moeda para a direita e o equilíbrio passando de A para A’. MS MS´ Taxa de juros, i A´ i´ Md M M´ Moeda, M Gráfico 17: Efeitos do Aumento na Oferta de Moeda sobre a Taxa de Juros Fonte: Blanchard (2011) Tanto consumidores como empresários exercerão um maior poder de compra à medida que as taxas de juros diminuírem, e ao contrário, se as taxas de juros aumentarem. POLÍTICA MONETÁRIA, INFLAÇÃO E DESEMPREGO A política monetária enfatiza sua atuação sobre os meios de pagamento, títulos públicos e taxas de juros, modificando o custo e o nível de oferta de crédito. MERCADO DE BENS E SERVIÇOS E O MERCADO MONETÁRIO Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. A i 126 - 127 Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Esta política é executada pelo Banco Central, que possui poderes e competência próprios para controlar a quantidade de moeda na economia (ASSAF NETO, 2008). Segundo Blanchard (2011), a política monetária envolve duas decisões básicas. A primeira é a escolha de uma taxa média de inflação e, portanto, de uma taxa média correspondente para expansão monetária. A segunda é a escolha de quanto se desviar dessa média para reduzir as flutuações do produto. Nesse contexto, é importante considerar o horizonte temporal: ■■ No curto e médio prazo, a política monetária afeta tanto o produto quanto sua composição. A expansão monetária provoca a queda das taxas de juros e a depreciação da moeda, que por sua vez, provocam o aumento da demanda por bens e o aumento do produto. ■■ No longo prazo, a política monetária é neutra. Variações do estoque de moeda acabam por provocar aumentos proporcionais dos preços, deixando inalterados o produto e o desemprego. QUAIS SÃO OS INSTRUMENTOS DE POLÍTICA MONETÁRIA? Segundo Mankiw (2009), para controlar a oferta de moeda na economia, o Banco Central utiliza os seguintes instrumentos de controle monetário: ■■ Controle das emissões: o Banco Central controla, por força de lei, o volume de moeda manual da economia, cabendo a ele as determinações das necessidades de novas emissões e respectivos volumes. ■■ Depósitos compulsórios ou reservas obrigatórias: regulamentação que diz respeito ao montante mínimo de reservas que os bancos devem manter sobre seus depósitos. ■■ Operações com mercado aberto (open market): são a compra e a venda de títulos públicos. ■■ Taxa de redesconto: é a taxa de juros sobre os empréstimos que o Banco Central concede aos bancos. Política Monetária, Inflação e Desemprego IV COMO OCORRE UMA EXPANSÃO E/OU CONTRAÇÃO MONETÁRIA? Uma expansão monetária ocorre com um aumento na oferta de moeda (M1), tendo como consequência a redução na taxa de juros e aumento na demanda agregada. Exemplos: ■■ Redução nos depósitos compulsórios. ■■ Compra de títulos públicos no mercado aberto. Uma contração monetária ocorre com uma redução na oferta de moeda (M1), tendo como consequência um aumento na taxa de juros e redução na demanda agregada. Exemplos: ■■ Aumento nos depósitos compulsórios. ■■ Venda de títulos públicos no mercado aberto. ■■ Aumento nas taxas de redesconto. Expansão Monetária Nível Geral de Preços (P) Oferta Agregada (OA) B P1 A DA´´ P0 DA´ Demanda Agregada (DA) 0 Y0 Y1 PIB (Y) Contração Monetária Nível Geral de Preços (P) Oferta Agregada (OA) P0 A B DA´ P1 DA´´ Demanda Agregada (DA) 0 Y1 Y0 PIB (Y) MERCADO DE BENS E SERVIÇOS E O MERCADO MONETÁRIO Gráfico 18: Efeitos da expansão e da contração monetária sobre a demanda agregada Fonte: elaborado pelo autor Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. ■■ Redução nas taxas de redesconto. 128 - 129 EXISTE UM TRADE-OFF ENTRE DESEMPREGO E INFLAÇÃO? A relação empírica negativa entre desemprego e inflação é conhecida como a Curva de Phillips (Gráfico 19), em homenagem ao economista A. W. Phillips, que examinou, em 1958, dados sobre o desemprego e o crescimento do salário nominal durante 97 anos na Grã-Bretanha. Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Taxa de inflação A B Curva de Phillips Taxa de desemprego Gráfico 19: Curva de Phillips Fonte: Viceconti e Neves (2008) Segundo Abel, Bernanke e Croushore (2008), a ideia original da Curva de Phillips é que, para reduzir a inflação, a economia deve tolerar desemprego alto, ou então, para reduzir o desemprego, é necessário aceitar que haja mais inflação. Embora a Curva de Phillips parecesse descrever adequadamente a relação inflação-desemprego nos Estados Unidos nos anos 1960, durante a segunda metade da década, os economistas Milton Friedman e Edmund Phelps (ganhadores do Nobel de Economia) questionaram a lógica da curva de Phillips. Eles provaram que deve existir, na verdade, uma relação negativa entre inflação não prevista (a diferença entre as taxas de inflação real e esperada) e desemprego ©shutterstock Política Monetária, Inflação e Desemprego IV cíclico (a diferença entre as taxas de desemprego real e natural). Viceconti e Neves (2008) afirmam que, modernamente, a Curva de Phillips é utilizada como uma forma de descrever o ajustamento dinâmico dos preços da economia em função do desvio do produto real em relação ao produto potencial (produto de pleno emprego). Em que pese os inconvenientes da inflação, Blanchard (2011) argumenta que a inflação não é completamente ruim, identificando três benefícios proporcionados por ela: 2. A opção de taxas reais de juros negativas. Uma taxa de inflação positiva permite que a autoridade monetária alcance taxas reais de juros negativas, opção que pode ser útil quando a economia se encontra em recessão. 3. A ilusão monetária revisitada. Há um argumento razoável de que a ilusão monetária na realidade propicia a defesa de uma taxa de inflação positiva. O combate à inflação de demanda por meio da política monetária é considerado um remédio monetarista. CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade, iniciamos o estudo dos agregados econômicos e suas relações entre os agentes econômicos e o governo. Foram discutidos os principais objetivos de política macroeconômica, analisando as influências de curto e longo prazo das políticas fiscal e monetária sobre a economia. Verificamos os fatores que determinam o crescimento econômico de longo prazo de um país, as causas que levam a atividade econômica do país flutuar, os fatores que provocam desemprego e a elevação dos preços. Foram apresentadas as abordagens de mensuração do produto interno bruto MERCADO DE BENS E SERVIÇOS E O MERCADO MONETÁRIO Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 1. Senhoriagem. A emissão de moeda – fonte última da inflação, é uma das formas pela qual o governo pode financiar seus gastos. Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 130 - 131 (produção, renda e dispêndio), com destaque para a ótica da demanda agregada em que o componente consumo representa aproximadamente 70% do produto interno bruto. Relacionamos as políticas fiscal e monetária com o combate à inflação e ao desemprego, destacando o papel das taxas de juros nas tomadas de decisões de investimento e consumo. Trabalhamos os métodos de determinação da renda de equilíbrio, conceituando e diferenciando os conceitos crescimento e desenvolvimento econômico, bem como os conceitos de PIB nominal e PIB real. Finalmente, identificamos que o desempenho econômico de um país depende de diversos fatores, dentre os quais se sobressaem recursos naturais e humanos, estoque de capital (edifícios, máquinas e softwares), tecnologia e políticas econômicas. “Homens práticos, que se julgam absolutamente imunes a quaisquer influências intelectuais, em geral, são escravos de algum economista já falecido.” Essa frase é de John Maynard Keynes, economista cujas ideias influenciaram políticas econômicas entre as décadas de 1940 e 1970. Considerações Finais 1. Defina política econômica e sintetize os seus objetivos finais. 2. Qual a diferença entre política econômica normativa e positiva? 3. Quais são os instrumentos de política econômica? Resuma-os. 4. Sobre o conceito de moeda: a) Defina moeda e suas funções. b) Diferencie moeda fiduciária de moeda lastreada. c) Defina política monetária expansionista e restritiva (contracionista). 5. Quais são os instrumentos de política monetária (controle monetário)? 6. Qual o papel do sistema de crédito para o desenvolvimento econômico? 7. Quais são os motivos para demandar moeda segundo Keynes (preferência pela liquidez)? Defina-os. 8. Coloque-se na posição de uma autoridade monetária e apresente dois instrumentos de política monetária para cada um dos objetivos a seguir: a) Expansão do nível de atividade econômica. b) Política anti-inflacionária. 9. Suponha que uma pessoa com uma riqueza de R$ 50.000,00 e uma renda anual de R$ 90.000,00 tenha a seguinte função de demanda por moeda: Md = $Y (0,5 - i) a) Qual é a demanda por moeda da pessoa quando a taxa de juros é de 10%? E quando é de 15%? b) Qual é a demanda por títulos de dívida da pessoa quando a taxa de juros é de 10%? E quando é de 15%? Bd = W - M d c) Qual é a relação entre a demanda por títulos de dívida e a demanda por moeda, quando ocorrem alterações na taxa de juros? 10. Defina o Produto Interno Bruto (PIB) nas óticas da produção, da demanda e da renda agregada. 11. Quais são as diferenças entre crescimento e desenvolvimento econômico? 132 - 133 MATERIAL COMPLEMENTAR Macroeconomia Olivier Blanchard Editora: Pearson Education, 2011 Sinopse: O livro apresenta os principais conceitos, teorias e aplicações da macroeconomia, com ênfase no cenário econômico mundial contemporâneo, como o rápido crescimento econômico da China e a crise econômica mundial ocorrida em 2008. Links para informações sobre indicadores macroeconômicos. Dados sobre países em desenvolvimento no site do World Bank (Banco Mundial) <www.worldbank.org/data>. Fotos da história da moeda norte-americana <http://www.frbsf.org/education/teacher-resources/ american-currency-exhibit>. Revista semanal de notícias The Economist <www.economist.com> . Banco Central do Brasil <www.bcb.gov.br >. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística <www.ibge.gov.br >. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – Ipea. Fonte de relatórios e artigos analíticos sobre a economia brasileira. <www.ipedata.gov.br> IpeaData, grande banco de dados mantido pelo Ipea com dados de terceiros e dados próprios. <www.ipeadata.gov.br >. Jornal Valor Econômico <www.valoronline.com.br>. Portal Exame de Economia e Finanças <www.portalexame.abril.com.br>. Revista Conjuntura Econômica <www.fgv.br/ibre/cecon>. Material Complementar IV MERCADO DE BENS E SERVIÇOS E O MERCADO MONETÁRIO SETOR EXTERNO E O MERCADO DE TRABALHO UNIDADE Professor Me. Sidinei Silvério da Silva V Objetivos de Aprendizagem ■■ Compreender as razões pelas quais os países realizam o comércio internacional. ■■ Entender a Teoria das Vantagens Comparativas. ■■ Analisar as relações existentes entre os regimes cambiais e a determinação da taxa de câmbio. ■■ Mensurar os pontos positivos e negativos da globalização econômica e financeira. ■■ Conhecer as principais variáveis de estudo do mercado de trabalho Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade ■■ A Teoria das Vantagens Comparativas ■■ Regimes Cambiais e a Determinação da Taxa de Câmbio ■■ As políticas cambial e comercial e seus impactos sobre o comércio internacional ■■ O processo de internacionalização da economia (globalização) ■■ O Mercado de Trabalho 136 - 137 Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), nesta quinta unidade, você conhecerá uma das teorias que explicam por que o comércio internacional ocorre, a influência da taxa de câmbio sobre as transações internacionais, os efeitos da globalização sobre os negócios e economias nacionais, bem como as transformações ocorridas no mercado de trabalho. De forma geral, as transações internacionais acontecem tendo em vista o tamanho dos mercados e a distância entre eles; as diferenças em força de trabalho, qualificações, capital físico, recursos naturais e tecnologia criam vantagens produtivas para os países e as economias de escala (uma escala maior é mais eficiente). A política cambial juntamente com as políticas fiscal e monetária são os principais instrumentos de política econômica que os governos utilizam para atingir e manter os equilíbrios interno e externo das economias nacionais. Nesse contexto, conhecer o funcionamento das economias abertas auxiliará você a entender as nuances dos negócios internacionais. A TEORIA DAS VANTAGENS COMPARATIVAS Segundo Krugman e Obstfeld (2005), a maior parte das teorias sobre comércio internacional trata dos determinantes básicos dos padrões de comércio de bens e das implicações do comércio sobre o bem-estar. Argumentam eles que as principais teorias de comércio internacional baseiam-se, em sua maioria, no princípio da vantagem comparativa, ou seja, supõem serem as trocas internacionais de bens o resultado das diferenças entre os países em termos de custos relativos e, consequentemente, de preços relativos. Essa seção de estudo está baseada em Krugman e Obstfeld (2005), Mankiw (2009), Blanchard (2011) e Abel, Bernanke e Croushore (2008). Na origem do princípio das vantagens comparativas temos o modelo ricardiano de comércio internacional, baseado na teoria clássica do valor trabalho. De Introdução V acordo com esse modelo, os custos comparativos são determinados pela produtividade relativa do trabalho. Variações nessa produtividade entre os países adviriam principalmente de diferenças tecnológicas entre eles. A análise ricardiana começa com uma crítica ao princípio das vantagens absolutas de Adam Smith, ou seja, de que o comércio internacional seja determinado por diferenças absolutas na produtividade do trabalho. Em seu modelo, Ricardo supôs que as funções de produção são diferentes entre países e que elas apresentam retornos constantes de escala. O modelo ricardiano usa os conceitos de custo de oportunidade e vantagem comparativa. O custo de oportunidade de produzir alguma coisa mede o custo de não ser capaz de produzir outra coisa porque os recursos já foram utilizados. Os países enfrentam os custos de oportunidade quando emprega recursos para produzir bens e serviços. Por exemplo, um número limitado de trabalhadores pode ser empregado para produzir bananas ou computadores. Desta forma, o custo de oportunidade de fabricar computadores equivale à quantidade de bananas não produzidas, e o custo de oportunidade de produzir bananas equivale à quantidade de computadores não fabricados. Um país enfrenta um dilema: quantos computadores ou toneladas de bananas deve produzir com os recursos limitados que possui? Um país possui uma vantagem comparativa na produção de ©s hu um bem, se o custo de oportunidade tte rst oc k desse bem é inferior no país do que em outros países. Assim, a teoria das vantagens comparativas (David Ricardo, 1817) sugere que cada país deve se especializar na produção da mercadoria em que é relativamente mais eficiente (ou que tenha um custo relativamente menor). Determinado país deverá importar bens cuja produção implicar um custo relativamente maior. SETOR EXTERNO E O MERCADO DE TRABALHO Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VANTAGEM COMPARATIVA E CUSTO DE OPORTUNIDADE 138 - 139 Exemplo HORAS DE TRABALHO PARA PRODUZIR VINHO TECIDO Portugal 11 22 Inglaterra 55 55 Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Tabela 10: Produção de vinho e tecido na Inglaterra e Portugal Fonte: elaboração do autor a partir de dados hipotéticos De acordo com os dados da Tabela 10, em Portugal, é possível produzir tanto vinho quanto tecidos com menos trabalho do que na Inglaterra. Entretanto, o custo relativo de se produzir tecido na Inglaterra é menor do que em Portugal. Logo, com base nas vantagens comparativas, Portugal deve se especializar na produção de vinho e a Inglaterra na produção de tecido e, por meio do comércio internacional, realizarem as trocas mutuamente benéficas, melhorando o bem-estar econômico e social de ambos os países. TAXA DE CÂMBIO O preço de uma moeda em termos de outra é denominado taxa de câmbio. Por causa de sua forte influência sobre as transações correntes e outras variáveis macroeconômicas, as taxas de câmbio estão entre os preços mais importantes das economias abertas. Como a taxa de câmbio, correspondente ao preço da moeda de um país em termos da moeda de outro, é também o preço de um ativo, os princípios que governam o comportamento dos preços de outros ativos também governam o comportamento das taxas de câmbio. De modo geral, a taxa de câmbio de HOJE está intimamente relacionada às expectativas das pessoas sobre o nível FUTURO dessa taxa. Assim como o preço das ações aumenta imediatamente após notícias favoráveis sobre as perspectivas futuras da empresa, as taxas de câmbio respondem Taxa de Câmbio V Taxa de Câmbio Real = é a razão entre os preços estrangeiros e preços domésticos, medidos na mesma moeda. Ela mede a competitividade de um país no comércio internacional. Se a taxa de câmbio real é igual a 1, então as moedas estão na paridade do poder de compra (duas moedas estão na paridade do poder de compra quando SETOR EXTERNO E O MERCADO DE TRABALHO Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. imediatamente a quaisquer notícias referentes aos valores futuros das moedas. As taxas de câmbio desempenham um papel central no comércio internacional porque nos permitem comparar os preços de bens e serviços produzidos em diferentes países. Se conhecemos a taxa de câmbio entre as moedas de dois países, podemos calcular o preço das exportações de um em relação à moeda do outro. Mudanças nas taxas de câmbio são descritas como depreciações ou apreciações. Uma depreciação do Real em relação ao Dólar significa uma queda no preço em dólares dos reais. US$ 1 = R$ 1,25 / US$ 1 = R$ 1,50 Permanecendo tudo o mais constante, uma DEPRECIAÇÃO da moeda de um país torna seus bens mais baratos para os estrangeiros. Uma elevação no preço do Real em relação ao Dólar significa uma apreciação do Real em relação ao Dólar. US$ 1 = R$ 1,50 / US$ 1 = R$ 1,25 Permanecendo tudo o mais constante, uma APRECIAÇÃO da moeda de um país torna seus bens mais caros para os estrangeiros. Conclusivamente, quando a moeda de um país se deprecia, os estrangeiros descobrem que suas exportações estão mais baratas e os residentes domésticos constatam que as importações do exterior estão mais caras. Uma apreciação tem efeito oposto: os estrangeiros pagam mais pelos produtos do país, e os consumidores domésticos pagam menos pelos produtos estrangeiros Taxa de Câmbio Nominal X Taxa de Câmbio Real Taxa de Câmbio Nominal = é preço de uma moeda em termos de outra. Exemplo: preço do dólar em reais. Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 140 - 141 uma unidade de moeda doméstica pode comprar a mesma cesta de bens no Brasil e no exterior). Se a taxa de câmbio real do Brasil aumenta para acima de 1, isso significa que os bens no exterior são mais caros que os bens no Brasil. Tudo o mais constante, isso implica que as pessoas – tanto no Brasil quanto no exterior – provavelmente trocarão parte de seus gastos por bens produzidos no Brasil. Isso frequentemente é descrito como um aumento da competitividade dos produtos brasileiros. À medida que a taxa de câmbio real é maior do que 1, esperamos que a demanda relativa por bens produzidos domesticamente se eleve. Por fim, isso deveria ou aumentar os preços domésticos ou diminuir a taxa de câmbio, levando-nos para mais próximo da paridade do poder de compra. As forças de mercado evitam que a taxa de câmbio mude para muito longe da PPC ou que permaneçam longe da PPC indefinidamente. A taxa de câmbio real é definida por: Onde: = taxa de câmbio real E = taxa de câmbio nominal P* = índice de preços do país estrangeiro P = índice de preços doméstico REGIME DE CÂMBIO FIXO Segundo Vasconcelos e Garcia (2011), nesse regime o Banco Central fixa antecipadamente a taxa de câmbio com a qual o mercado deve operar. Pelas regras fixadas pelo sistema financeiro internacional, se um país fixa sua taxa de câmbio, ele se obriga a disponibilizar as reservas para o mercado quando requisitadas (seja pelos exportadores, turistas ou saídas de capital financeiro). As desvantagens desse regime cambial são a vulnerabilidade a elevações na demanda por moeda estrangeira; elevadas taxas de juros para evitar a saída de reservas; e política monetária completamente amarrada à questão cambial. Taxa de Câmbio V REGIME DE CÂMBIO FLUTUANTE (FLEXÍVEL) Nesse regime cambial, a taxa de câmbio é determinada pelo mercado de divisas, ou seja, pela oferta e demanda de moeda estrangeira. Diferentemente do sistema de câmbio fixo, o Banco Central não é obrigado a disponibilizar suas reservas cambiais. Vantagem: defesa das reservas cambiais; política monetária direcionada para outros objetivos. Desvantagem: volatilidade – mercado financeiro – nacional/internacional, inclusive especulativas (VASCONCELLOS; GARCIA, 2011). Segundo Sandroni (1999), o Balanço de Pagamentos é o registro de todas as transações de caráter econômico-financeiro realizadas por residentes de um país com residentes dos demais países, conforme Figura 1. BALANÇO DE PAGAMENTOS a)Balanço Comercial (Mercadorias) •Importações FOB (débito) •Exportações FOB (crédito) b)Serviços e Rendas •Viagens internacionais (turismo) •Transportes (fretes) •Seguros •Rendas de capitais (juros, remessa de lucros, dividendos e lucros reinvestidos pelas multinacionais) •Serviços diversos (royalties, assistência técnica) •Serviços governamentais (embaixadas) c) Transferências Unilaterais Correntes (Donativos em Divisas ou Mercadorias) d)Balanço de Transações Correntes ou Saldo em Conta Corrente (Resultado Líquido de A + B + C) SETOR EXTERNO E O MERCADO DE TRABALHO Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. BALANÇO DE PAGAMENTOS 142 - 143 BALANÇO DE PAGAMENTOS Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. e)Conta Capital e Financeira •Investimentos diretos líquidos (novas firmas estrangeiras) •Reinvestimentos (multinacionais já instaladas no país) •Empréstimos e financiamentos (Banco Mundial, BID, bancos privados e oficiais estrangeiros) •Amortizações de empréstimos •Capitais de curto prazo f) Erros e Omissões g)Saldo do Balanço de Pagamentos (Resultado Líquido de D + E + F) h)Variação das Reservas Figura 1: Estrutura do Balanço de Pagamentos Fonte: Krugman e Obstfeld (2005) Dependendo da natureza da transação econômica ou financeira, que dá lugar à receita ou despesa de divisas, podem ser classificadas como operações em transações correntes (A+B+C) ou movimento de capitais (E). As transações correntes incluem as contas de comércio, serviços, rendas e as transferências unilaterais. O movimento de capitais constitui uma conta também chamada de conta capital e financeira. O resultado global do Balanço de Pagamentos (G) indica que, se as receitas totais (entradas de divisas) superarem as despesas totais (saída de divisas), o balanço de pagamentos apresentará um superávit; se ocorrer o inverso, haverá um déficit e, se os valores forem equivalentes, o balanço de pagamentos estará equilibrado. Para ilustrar, apresentamos na Tabela 11 o saldo da balança comercial, do balanço de pagamentos e das reservas internacionais concernentes à economia brasileira no período 1986 a 2012. Taxa de Câmbio V BC BP RESERVAS 1986 8.304,2990 -3.835,7000 6.760,0000 1987 11.173,0980 1.014,6000 7.458,0000 1988 19.184,1113 1.248,9000 9.140,0000 1989 16.119,1870 886,1000 9.679,0000 1990 10.752,3940 480,7000 9.973,0000 1991 10.579,9687 -369.0000 9.406,0000 1992 15.238,8948 14.670,2000 23.754,0000 1993 13.298,7681 8.708,8000 32.211,0000 1994 10.466,4721 7.215,2000 38.806,0000 1995 -3.465,6150 12.918,9000 51.840,0000 1996 -5.599,0410 8.666,1000 60.110,0000 1997 -6.752,8870 -7.907,1591 52.173,0000 1998 -6.574,5020 -7.970,2074 44.556,4437 1999 -1.198,8680 -7.822,0400 36.342,2753 2000 -697,7475 -2.261,6544 33.011,0000 2001 2.650,4670 3.306,6005 35.866,4150 2002 13.121,2970 302,0872 37.823,4564 2003 24.793,9241 8.495,6505 49.296,2022 2004 33.640,5407 2.244,0298 52.934,8431 2005 44.702,8783 4.319,4639 53.799,2851 2006 46.456,6287 30.569,1174 85.838,8644 2007 40.031,6266 87.484,2457 180.333,6087 2008 24.835,7524 2.969,0721 206.806,0462 2009 25.289,8057 46.650,9878 239.054,1056 2010 20.146,8579 49.100,5036 288.574,6036 2011 29.793,6766 58.636,8072 352.012,0740 2012 19.430,6454 18.899,5524 378.613,4969 Tabela 11: Saldo da Balança Comercial (FOB), Resultado Global do Balanço de Pagamentos e Reservas Internacionais (liquidez internacional), Brasil, 1986 a 2012, valores em US$ (milhões) Fonte: Banco Central do Brasil, Boletim, Seção Balanço de Pagamentos SETOR EXTERNO E O MERCADO DE TRABALHO Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. ANO 144 - 145 Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. O resultado apresentado evidencia os efeitos da volatilidade no mercado de divisas e os reflexos das crises do México (1995), da Rússia (1998) e da Argentina (1999) sobre o movimento de capitais no Brasil. O PROCESSO DE INTERNACIONALIZAÇÃO DA ECONOMIA (GLOBALIZAÇÃO) Nas últimas décadas, houve grandes mudanças de caráter tecnológico-organizacional que provocaram a aceleração dos processos de internacionalização e globalização mundial. Segundo Sandroni (1999), a globalização designa o fim das economias nacionais e a integração cada vez maior dos mercados, dos meios de comunicação e dos transportes. Um dos exemplos mais interessantes do processo de globalização é o abastecimento de uma empresa por meio de fornecedores que se encontram em várias partes do mundo, cada um produzindo e oferecendo as melhores condições de preço e qualidade naqueles produtos que têm maiores vantagens comparativas. Para Vasconcellos e Garcia (2011), entende-se por globalização produtiva a produção e distribuição de valores dentro de redes em escala mundial, com o acirramento da concorrência entre grandes grupos multinacionais. Por seu turno, entende-se por globalização financeira a negociação entre os diversos mercados de capitais do mundo. A crescente integração financeira e o significativo aumento no número de crises cambiais levanta outra questão que é como a crise de um país afeta outros países, o chamado efeito contágio em que os efeitos das crises cambiais em um país se espalham para outros ©shutterstock O Processo de Internacionalização da Economia (Globalização) V países. Essa possibilidade decorre da chamada “globalização financeira”. Em relação aos aspectos negativos e positivos da globalização, podemos mencionar o que segue: ■■ Pontos negativos. Os principais aspectos negativos da globalização são o desemprego, crises mundiais, especulação financeira, problemas cambiais e enfraquecimento das economias nacionais. A ascensão recente da China enquanto potência mundial a coloca num patamar de rivalizar com os Estados Unidos a hegemonia econômica do planeta. Segundo a economista de Oxford, Prof.ª Ngaire Woods, estaria a China destinada a substituir o Império Americano? Assista ao vídeo disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=RW4MuzPMAxM> e tire suas conclusões! O MERCADO DE TRABALHO O mercado de trabalho é um dos cinco mercados em que a macroeconomia normalmente divide a economia. Nesse mercado, se determinam a quantidade utilizada de trabalho (N) e o salário nominal do trabalhador (W). Com base em Bacha e Lima (2006), serão definidos conceitos fundamentais para entender o funcionamento do mercado de trabalho: ■■ População residente é o total de pessoas vivendo em um certo país em certo momento do tempo, independente de sua idade e se está ou não trabalhando, procurando trabalho ou apenas é ociosa. A população residente se divide em População Economicamente Ativa (PEA), População Não Economicamente Ativa e Pessoas Incapacitadas ao trabalho. SETOR EXTERNO E O MERCADO DE TRABALHO Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. ■■ Pontos positivos. Os principais aspectos positivos da globalização são a geração de empregos em países em desenvolvimento, favorecimento à transferência de empregos e empresas, ganhos econômicos (redução de custos), ganhos culturais e ganhos científicos. 146 - 147 Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. ■■ População Economicamente Ativa (PEA) são as pessoas acima de certa idade (por exemplo, com 10 ou mais anos de idade) que são aptas e desejam trabalhar, independente de estarem ou não trabalhando. Esta categoria inclui as pessoas que estão trabalhando e os que estão desempregados, mas procuram emprego. ■■ População Não Economicamente Ativa são as pessoas aptas a trabalhar, mas que não estão trabalhando e nem procurando emprego. Nessa categoria se incluem os trabalhadores desalentados (dispostos a trabalhar, mas desestimulados a procurar trabalho), as pessoas dedicadas às atividades do lar, os estudantes, os aposentados, os pensionistas, os rentistas, por exemplo. ■■ Pessoas Incapacitadas ao Trabalho são aquelas abaixo de certa idade (por exemplo, 10 anos), as inválidas física e/ou mentalmente para trabalhar, idosos, réus e outros não classificados na PEA ou na População Não Economicamente Ativa. A soma da PEA com a população não economicamente ativa fornece a população em idade ativa (PIA). Define-se a taxa de participação (tp) como sendo a relação entre PEA e PIA. ■■ A força de trabalho (FT) em dado país é a PEA do País. Observe que essa PEA se decompõe em pessoas ocupadas e pessoas procurando emprego. ■■ Pessoas ocupadas são aquelas exercendo atividades outras do que as domésticas no próprio lar, e que recebem ou não remuneração (monetária ou em espécie). As pessoas procurando emprego são classificadas como sendo desempregadas. ■■ Taxa de desemprego é a percentagem da força de trabalho que está desocupada e procurando emprego. Em relação ao mercado de trabalho brasileiro, conforme Tabela 12, de 1993 a 2004, a taxa de participação manteve-se estável, ou seja, em torno de 61%. ©shutterstock O Mercado de Trabalho V POPULAÇÃO RESIDENTE (MIL) PEA COM 10 ANOS OU MAIS (MIL) PESSOAS OCUPADAS (MIL) PESSOAS DESEMPREGADAS (MIL) POP. NÃO ECONOMICAMENTE ATIVA (MIL) TAXA DE PARTICIPAÇÃO (%) 1993 148.217 70.965 66.570 4.396 45.123 61,1 1995 152.375 74.138 69.629 4.510 46.763 61,3 1996 154.361 73.120 68.040 5.080 50.459 59,2 1997 156.128 75.213 69.332 5.882 49.833 60,1 1998 158.232 76.886 69.963 6.923 50.804 60,2 1999 164.133 81.176 73.346 7.830 51.952 61,0 2001 169.370 83.243 75.458 7.785 54.427 60,5 2002 171.668 86.056 78.180 7.876 54.285 59,0 2003 175.988 88.803 80.163 8.640 55.819 61,4 2004 178.605 91.035 82.820 8.218 56.156 61,9 Tabela 12: Dados sobre população e emprego, Brasil, anos selecionados Fonte: Bacha e Lima (2006) COMO OS SALÁRIOS SÃO DETERMINADOS? Blanchard (2011) afirma que a fixação de salários é feita de várias formas. A porcentagem de empregados cobertos por acordos coletivos de trabalho não chega a atingir 25%. Os demais salários são determinados pelos empregadores ou por acordos bilaterais entre o empregador e o empregado. NEGOCIAÇÕES Muitos trabalhadores empregados têm algum poder de barganha. O nível do poder de barganha de um trabalhador depende claramente da natureza do seu trabalho. Além disso, as condições de trabalho também afetam o poder de barganha dos trabalhadores. Se a taxa de desemprego é baixa, a empresa encontrará maior dificuldade para encontrar um substituto aceitável. Isso, por sua vez, aumenta o poder de barganha dos trabalhadores empregados, que conseguirão obter maiores salários. SETOR EXTERNO E O MERCADO DE TRABALHO Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. ANO 148 - 149 SALÁRIOS DE EFICIÊNCIA As próprias empresas podem desejar pagar mais do que os salários de restrição. As empresas querem que seus trabalhadores sejam produtivos e o salário pode ajudá-las a atingir essa meta. Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. TAXA NATURAL DE DESEMPREGO A taxa natural de desemprego é tal que o salário real decorrente da determinação dos salários é igual ao salário real decorrente da fixação de preços. Um aumento nos benefícios-desemprego leva a um aumento da taxa natural de desemprego. A redução do markup leva a um decréscimo da taxa natural de desemprego (BLANCHARD, 2011). CONSEQUÊNCIAS DA GLOBALIZAÇÃO SOBRE O MERCADO DE TRABALHO Com a abertura da economia brasileira, iniciada no Governo Fernando Collor de Mello, houve um aumento da competitividade no setor industrial brasileiro, e as empresas precisaram criar estratégias para continuar no mercado. Dentre essas estratégicas, podemos destacar a diversificação de produtos, a terceirização da produção e a criação de programas de qualidade. Especificamente sobre o mercado de trabalho, o aumento do desemprego estrutural pode ser apontado como um dos aspectos perversos da globalização. Ademais, implantado pela globalização, o novo paradigma tecnológico requer mão de obra qualificada, marginalizando assim parcela significativa de trabalhadores. No que se refere ao comportamento da taxa média de desemprego, no Brasil, de 2003 a 2012, constatamos uma boa situação de empregabilidade em meio a um cenário adverso vivido por muitas economias ao redor do mundo (Figura 2). O Mercado de Trabalho V 12,2 12,3 10,3 10,1 9,9 8,3 8,6 7,3 6,3 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 5,7 2013 Figura 2: Taxa Média de Desemprego no 1º Semestre, em %, 2003-2013 Fonte: IBGE Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que o primeiro semestre de 2013 apresentou a menor taxa média de desemprego para o período nos últimos 10 anos. De janeiro a junho deste ano, a taxa média de desemprego foi 5,7%. Já nos primeiros seis meses de 2003, a taxa média de desemprego era 12,2%. Uma queda de 6,5% em todo o período. Apesar do desempenho apresentado, um dos problemas do mercado de trabalho se caracteriza pela qualidade dos postos de trabalho que têm sido gerados na economia brasileira. A separação do emprego formal e informal para a análise proposta se faz importante à medida que mais da metade da PEA nacional se enquadra no mercado de trabalho informal. Considerando que a informalidade afeta tanto as pessoas, que ficam desabrigadas dos benefícios trabalhistas, quanto o crescimento econômico, ao dificultar a arrecadação de impostos pelo governo e desestimular novos investimentos do setor formal, fica clara a necessidade de políticas públicas que desonerem a criação de postos formais de trabalho no Brasil. SETOR EXTERNO E O MERCADO DE TRABALHO Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 2003 5,9 150 - 151 Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade, finalizamos o estudo dos agregados econômicos com a apresentação da Teoria das Vantagens Comparativas, dos regimes cambiais, da determinação da taxa de câmbio, do processo de internacionalização da economia e do mercado de trabalho. Constatamos que a taxa de câmbio exerce uma influência considerável sobre a balança comercial e os fluxos de capitais, em que a crescente integração financeira e o significativo aumento no número de crises cambiais sugerem uma interdependência cada vez maior entre os países. Concluímos que dadas a heterogeneidade e a complexidade dos determinantes do comércio internacional (elementos de oferta e de demanda, influências econômicas, determinantes específicos relativos ao produto, empresa, setor de atividades ou país), não é possível ter-se uma teoria geral que possa ser aplicada a todos os casos e a qualquer momento. Finalmente, verificamos que a globalização provocou inúmeras transformações no mercado de trabalho, principalmente com o aumento do desemprego estrutural em muitos países e pelo novo paradigma tecnológico, que requer mão de obra qualificada, marginalizando parcela significativa de trabalhadores. “É, contudo, o produtor que, via de regra, inicia a mudança econômica, e os consumidores, se necessário, são por ele ‘educados’; eles são, por assim dizer, ensinados a desejar novas coisas, ou coisas que diferem de alguma forma daquelas que têm o hábito de consumir.” Essa frase é de Joseph Alois Schumpeter, economista que nasceu em Triesch, na Moravia, província austríaca hoje pertencente à República Checa. Prescrever a “destruição criadora”, ou seja, a substituição de antigos produtos e hábitos de consumir por novos, foi um passo que Schumpeter rapidamente deu ao descrever o processo do desenvolvimento econômico. Considerações Finais 1.O que é taxa de câmbio? 2.Diferencie regime de câmbio fixo de câmbio flutuante. 3.Quais os efeitos de uma apreciação ou valorização cambial sobre o comércio internacional? 4.Quais os efeitos de uma depreciação ou desvalorização cambial sobre o comércio internacional? 5.Defina globalização produtiva e globalização financeira. 6.O que é taxa de ocupação e taxa de desemprego? 7.Diferencie emprego formal de emprego informal. 8.Quais as consequências do processo de globalização econômica e financeira sobre o mercado de trabalho brasileiro? 152 - 153 MATERIAL COMPLEMENTAR Trabalho escravo Para saber mais sobre o trabalho escravo, assista à reportagem que aborda a escravidão contemporânea de forma grave e lucrativa segundo a Organização Mundial do Trabalho. http://globotv.globo.com/globo-news/sem-fronteiras/t/todos-os-videos/v/escravidaocontemporanea-e-grave-e-lucrativa-segundo-a-organizacao-mundial-do-trabalho/2941782/ Princípios de Macroeconomia N. Gregory Mankiw Editora: Cengage Learning Sinopse: O livro apresenta o mundo da macroeconomia de forma clara e atraente, despertando o interesse do aluno em aprender economia, com o entendimento do mundo em que vive, por meio de diversas ferramentas de aprendizado, como Sumário dos capítulos, Saiba Mais Sobre, Estudo de Caso, Notícias, Conceitos-Chave, Testes Rápidos, Resumos, Questões para Revisão, Problemas e Aplicações e Glossário. Material Complementar 154 - 155 CONCLUSÃO Caro(a) aluno(a), chegamos ao final do livro de Economia e Sociedade. Neste livro, procuramos levar a você conhecimentos (básicos, no entanto essenciais tanto para a esfera pessoal quanto para a esfera profissional) acerca dos principais elementos da teoria econômica e suas aplicações. Voltamos a frisar que nosso objetivo ao escrever este livro foi criar condições/meios para que você pudesse compreender da melhor maneira possível conceitos e aplicações da economia, já que tais conceitos/aplicações o ajudarão a encontrar possíveis respostas às inúmeras questões socioeconômicas com as quais nos deparamos cotidianamente, sejam elas de âmbito pessoal e/ou profissional. Assim sendo, esperamos ter despertado em você curiosidades e vontade de compreender ainda mais a economia na prática! Vale lembrar que a construção do conhecimento acerca dos conceitos e aplicações da economia neste livro foram estruturadas em cinco unidades. Na unidade I, escrita pela professora Daniela Carla Monteiro, tratamos sobre conceitos fundamentais em economia. O estudo desta unidade lhe permitiu a) compreender por que a economia é uma ciência da escassez; b) reconhecer a contradição existente entre fatores de produção e necessidades humanas; c) definir economia e suas atividades de produção; d) analisar a curva ou fronteira de possibilidades de produção (CPP); e) entender o conceito de custo de oportunidade; f ) discutir os problemas econômicos fundamentais e, g) explicar o funcionamento de um sistema econômico capitalista. Sinteticamente, agora você conhece/domina conceitos fundamentais em economia e está apto a compreender/analisar, ainda que de modo geral, o mundo/sociedade em que vivemos. Sequencialmente, nas unidades II e III, escritas pela professora Andréia Moreira da Fonseca Boechat, introduzimos a microeconomia, ou seja, tratamos sobre demanda, oferta e equilíbrio de mercado e estruturas de mercado respectivamente. O estudo da unidade II lhe permitiu compreender a lei geral da demanda e a lei geral da oferta, que procuram explicar os motivos que fazem com que consumidores e produtores demandem/ofertem determinados bens e serviços, bem como de que modo objetivos opostos entre produtores e consumidores são acordados. Nunca se esqueça de que tais acordos são informais e que os mesmos formam preços e quantidades que garantem equilíbrio ao mercado. No estudo da unidade III, por sua vez, o aprendizado/compreensão refere-se ao modo como as diversas empresas existentes se organizam no mercado. Vimos que esse modo de organização é denominado pela microeconomia de estruturas de mercado e que as principais estruturas de mercado são: concorrência perfeita, monopólio, oligopólio e concorrência monopolística. Agora você compreende que o número de empresas que compõem um mercado, que o tipo de produto, sendo eles homogêneo ou diferenciado, e que a existência ou não de barreiras à entra- CONCLUSÃO da de novas empresas são características que darão forma ou que estruturarão um dado mercado. E para finalizar, nas unidades IV e V, escritas pelo professor Sidinei Silvério da Silva, introduzimos a macroeconomia, ou seja, tratamos sobre os mercados de bens/ serviços e monetário e setor externo e mercado de trabalho respectivamente. O estudo da unidade IV lhe permitiu compreender os agregados econômicos e suas relações entre os agentes econômicos e o governo. Ademais, avançamos nos estudos/compreensão sobre: a) objetivos da política macroeconômica; b) fatores que determinam o crescimento econômico de um país; c) abordagens de mensuração do produto interno bruto; d) políticas fiscal e monetária como instrumento de combate à inflação e ao desemprego; e) métodos de determinação da renda de equilíbrio; e f ) dependência de diversos fatores, dentre os quais se sobressaem recursos naturais e humanos, estoque de capital, tecnologia e políticas econômicas, para que os países se desenvolvam. Já o estudo da unidade V, última unidade do nosso livro, lhe permitiu compreender a teoria das vantagens comparativas; os regimes cambiais; o modo como a taxa de câmbio é determinada; o processo de internacionalização da economia; e o mercado de trabalho. Agora você sabe que não é possível ter uma teoria geral de comércio internacional que se aplique a todos os casos e a qualquer momento; que a taxa de câmbio exerce uma influência considerável sobre a balança comercial e os fluxos de capitais; bem como que o processo de internacionalização da economia provocou inúmeras transformações no mercado de trabalho, principalmente por meio do aumento do desemprego estrutural. Assim sendo, esperamos/desejamos que os conteúdos trabalhados nesta disciplina proporcionem a você relevantes ganhos em termos de uma maior compreensão da economia e de como ela pode afetar a sociedade. Além disso, esperamos/desejamos que você se torne um participante mais hábil no sistema econômico, já que agora você compreende conceitos e aplicações da economia. Nos despedimos com o que escreveu Adam Smith (1723-1790) – Economista Escocês considerado o pai do liberalismo econômico e da ciência econômica moderna: “A ambição universal dos homens é viver colhendo o que nunca plantaram”. Até a próxima! Professora Me. Andréia Moreira da Fonseca Boechat Professora Me. Daniela Carla Monteiro Professor Me. Sidinei Silvério da Silva 156 - 157 REFERÊNCIAS ABEL, Andrew B.; BERNANKE, Ben S.; CROUSHORE, Dean. Macroeconomia. 6.ed. São Paulo: Pearson Addison Wesley, 2008. ASSAF NETO, A. Finanças Corporativas e Valor. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2008. BACHA, C.J.C.; LIMA, R.A.S. Macroeconomia: teorias e aplicações à economia brasileira. Campinas: Editora Átomo, 2006. BARBOSA, C. Investigação Econômica sobre o sistema brasileiro de defesa da concorrência. Piracicaba, 2006, 206. Tese (Doutorado em Economia) – Escola Superior de Agricultura Luis de Queiroz. BRASIL. Constituição da república Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. São Paulo, 2003. 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