economia e sociedade - EaD

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ECONOMIA E
SOCIEDADE
Professora Me. Andréia Moreira da Fonseca Boechat
Professora Me. Daniela Carla Monteiro
Professor Me. Sidinei Silvério da Silva
GRADUAÇÃO
Unicesumar
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de EAD
Willian Victor Kendrick de Matos Silva
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Direção de Operações
Chrystiano Mincoff
Direção de Mercado
Hilton Pereira
Direção de Polos Próprios
James Prestes
Direção de Desenvolvimento
Dayane Almeida
Direção de Relacionamento
Alessandra Baron
Direção de Planejamento de Ensino
Fabrício Lazilha
Direção Operacional de Ensino
Katia Coelho
Supervisão do Núcleo de Produção de
Materiais
Nalva Aparecida da Rosa Moura
Design Educacional
Nádila de Almeida Toledo
Fernando Henrique Mendes
Rossana Costa Giani
C397CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a
Distância:
Economia e Sociedade. Andréia Moreira da Fonseca
Boechat; Daniela Carla Monteiro; Sidinei Silvério da Silva
Maringá-PR. 2014.
158p.
“Graduação - EaD”.
1. Economia. 2. Sociedade. 3. Microeconomia. 4. EaD. I. Título.
ISBN 978-85-8084-688-1
CDD - 22 ed. 330
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário
João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828
Projeto Gráfico
Jaime de Marchi Junior
José Jhonny Coelho
Editoração
Jaime de Marchi Junior
Revisão Textual
Jaquelina Kutsunugi
Nayara Valenciano
Rhaysa Ricci Correa
Susana Inácio
Ilustração
Robson Yuiti Saito
Viver e trabalhar em uma sociedade global é um
grande desafio para todos os cidadãos. A busca
por tecnologia, informação, conhecimento de
qualidade, novas habilidades para liderança e solução de problemas com eficiência tornou-se uma
questão de sobrevivência no mundo do trabalho.
Cada um de nós tem uma grande responsabilidade: as escolhas que fizermos por nós e pelos nossos fará grande diferença no futuro.
Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar –
assume o compromisso de democratizar o conhecimento por meio de alta tecnologia e contribuir
para o futuro dos brasileiros.
No cumprimento de sua missão – “promover a
educação de qualidade nas diferentes áreas do
conhecimento, formando profissionais cidadãos
que contribuam para o desenvolvimento de uma
sociedade justa e solidária” –, o Centro Universitário Cesumar busca a integração do ensino-pesquisa-extensão com as demandas institucionais
e sociais; a realização de uma prática acadêmica
que contribua para o desenvolvimento da consciência social e política e, por fim, a democratização
do conhecimento acadêmico com a articulação e
a integração com a sociedade.
Diante disso, o Centro Universitário Cesumar almeja ser reconhecida como uma instituição universitária de referência regional e nacional pela
qualidade e compromisso do corpo docente;
aquisição de competências institucionais para
o desenvolvimento de linhas de pesquisa; consolidação da extensão universitária; qualidade
da oferta dos ensinos presencial e a distância;
bem-estar e satisfação da comunidade interna;
qualidade da gestão acadêmica e administrativa; compromisso social de inclusão; processos de
cooperação e parceria com o mundo do trabalho,
como também pelo compromisso e relacionamento permanente com os egressos, incentivando a educação continuada.
Diretoria Operacional
de Ensino
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está
iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal
ou profissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a sociedade na qual
estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo.
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pedagógica, contribuindo no processo educacional, complementando sua formação profissional, desenvolvendo
competências e habilidades, e aplicando conceitos
teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais
têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos
conhecimentos necessários para a sua formação pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento e construção do conhecimento deve ser
apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA – Ambiente
Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das discussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de
professores e tutores que se encontra disponível para
sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de
aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória acadêmica.
AUTORES
Professora Me. Andréia Moreira da Fonseca Boechat
Possui graduação em Ciências Econômicas pela Universidade Federal Rural do
Rio de Janeiro (2007) e mestrado em Economia pela Universidade Estadual de
Maringá (2011). Atualmente é doutoranda em Economia pela Universidade
Estadual de Maringá.
Professora Me. Daniela Carla Monteiro
Possui graduação em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual
de Maringá (UEM-2002), Especialização em Direito do Estado - área de
concentração em Direito Administrativo pela Universidade Estadual de
Londrina (UEL - 2006) e Mestrado em Economia Regional pela Universidade
Estadual de Londrina (UEL - 2013).
Professor Me. Sidinei Silvério da Silva
Possui Graduação em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual de
Maringá (UEM-2002), Especialização em Consultoria Econômico-Financeira de
Empresas (UEM-2004) e Mestrado em Economia Regional pela Universidade
Estadual de Londrina (UEL-2012)..
APRESENTAÇÃO
ECONOMIA E SOCIEDADE
Olá, caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) ao livro de Economia e Sociedade. É com muito
prazer que apresentamos a você este livro, que é resultado de um trabalho conjunto.
Somos os professores Andréia Moreira da Fonseca Boechat, Daniela Carla Monteiro e
Sidinei Silvério da Silva, autores deste material e o preparamos com muito carinho para
que você adquira conhecimentos sobre os principais elementos da teoria econômica e
suas aplicações.
Assim sendo, ressaltamos que os assuntos que estudaremos nessa disciplina serão de
grande relevância para sua formação, ao passo que o conhecimento/domínio dos mesmos propiciará a você uma nova maneira de pensar, haja vista que a economia é uma ciência social que reúne política e ciência, cujo objeto de estudo é a sociedade (MANKIW,
2001).
Nosso objetivo, ao escrever este livro, foi criar condições/meios para que você compreenda da melhor maneira possível conceitos e aplicações da economia, já que tais
conceitos/aplicações o ajudarão a encontrar possíveis respostas às inúmeras questões
socioeconômicas com as quais nos deparamos cotidianamente, sejam elas de âmbito
pessoal e/ou profissional.
Em outras palavras, o contexto econômico reúne aspectos da vida e da sociedade. Logo,
seu conhecimento/compreensão se faz necessário para que você possa entender adequadamente o mundo/país em que vive, de modo que tal conhecimento/compreensão
o ajude tanto no âmbito pessoal quanto no âmbito profissional a tomar decisões.
Diante disso, destacamos que no âmbito profissional praticamente todos os segmentos rotineiramente utilizam/aplicam instrumentos/mecanismos da teoria econômica. É
o caso, por exemplo, da agricultura, da indústria e do comércio, ou seja, das atividades
primárias, secundárias e terciárias de produção. Nesse contexto, compreender/dominar
conceitos e aplicações da economia, além de propiciar maiores chances de sucesso nos
negócios, propicia aos agentes um diferencial fundamental.
Ademais, conforme nos explica Móchon (2007), conhecer/compreender o contexto
econômico da sociedade em que vivemos expande expressivamente o conhecimento/
compreensão sobre o mundo em que vivemos e mais especificamente sobre o nosso
país.
Esse conhecimento/compreensão fará com que você se torne um participante mais hábil no sistema econômico, já que ao longo de sua vida pessoal e profissional você terá
que tomar muitas decisões.
Ainda nessa vertente, o conhecimento/compreensão em questão proporcionará a você
um melhor entendimento da política econômica, de modo que o exercício da cidadania
se solidifique/fortaleça. A título de exemplo, considere um cidadão que conheça/domine o contexto econômico do país em que vive. Tal cidadão será capaz de julgar com
mais propriedade, em um período eleitoral, as propostas de viés socioeconômico dos
candidatos.
Ressaltamos que, embora o livro de Economia e Sociedade que preparamos para você
APRESENTAÇÃO
trate de modo introdutório e simplificado os principais conceitos e aplicações da
teoria econômica tanto na esfera microeconômica quanto na esfera macroeconômica, o mesmo permite o entendimento de muitas questões. Conforme nos explica
Mankiw (2001), esta é uma matéria em que um ínfimo conhecimento/compreensão
leva bastante longe, então sugerimos que aproveite!
Em relação à estrutura geral, o livro foi organizado/produzido com o intuito de
atender a todos os cursos de graduação que tenham por objetivo introduzir, ainda
que simplificadamente, a ciência econômica na vida pessoal e profissional de seus
acadêmicos. Desse modo, a unidade I, escrita pela professora Daniela Carla Monteiro, corresponde a um curso de conceitos fundamentais em economia. As unidades
II e III, escritas pela professora Andréia Moreira da Fonseca Boechat, correspondem
a um curso de microeconomia, e as unidades IV e V, escritas pelo professor Sidinei
Silvério da Silva, a um curso de macroeconomia.
Por fim, vale relembrar que este livro, caro(a) aluno(a), foi especialmente organizado/produzido para você. Nesse sentido, fique atento aos conteúdos que serão trabalhados e suas relações com as situações práticas existentes no mundo/país em
que vivemos.
Ademais, dedique-se a ler e a interagir com os textos, a fazer anotações, a anotar/
esclarecer suas dúvidas, a verificar as indicações de leitura, a realizar novas pesquisas sobre os assuntos abordados, a responder às atividades de autoestudo, entre
outros. Lembre-se de que toda e qualquer informação/conhecimento adicional
contribui para a construção e a solidificação de sua formação.
É isso caro(a) aluno(a)! Esperamos que esta iniciação ao conhecimento da ciência
econômica, cujo objeto de estudo é a sociedade, seja de grande valia para a sua vida
pessoal e profissional.
Em caso de dúvidas, nos encontramos à sua disposição juntamente com a equipe
Unicesumar.
Um forte Abraço!
Professora Me. Andréia Moreira da Fonseca Boechat
Professora Me. Daniela Carla Monteiro
Professor Me. Sidinei Silvério da Silva
8-9
SUMÁRIO
UNIDADE I
CONCEITOS FUNDAMENTAIS EM ECONOMIA
15 Introdução
16 Problemas Econômicos de Todas as Sociedades
30 O Sistema Econômico Capitalista (ou Economia de Mercado)
36 Divisão da Ciência Econômica
38 Considerações Finais
UNIDADE II
INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA
43 Introdução
43 Fundamentos da Teoria do Consumidor
50 Teoria da Demanda
59 Teoria da Oferta
66 Equilíbrio de Mercado
69 Consideraçôes Finais
SUMÁRIO
UNIDADE III
ESTRUTURAS DE MERCADO
75 Introdução
76 Os Mercados
81 Concorrência Perfeita ou Pura
83 Monopólio
86 Concorrência Monopolística
88 Oligopólio
91 Lei Antitruste
96 Considerações Finais
UNIDADE IV
MERCADO DE BENS E SERVIÇOS E O MERCADO MONETÁRIO
103 Introdução
104 Objetivos de Política Econômica
105 Crescimento e Desenvolvimento Econômico
109 Determinação do Produto Nacional
114 Política Fiscal, Inflação e Desemprego
120 A Moeda: Conceitos, Funções e Tipos
126 Política Monetária, Inflação e Desemprego
130 Considerações Finais
10 - 11
SUMÁRIO
UNIDADE V
SETOR EXTERNO E O MERCADO DE TRABALHO
137 Introdução
137 A Teoria das Vantagens Comparativas
139 Taxa de Câmbio
145 O Processo de Internacionalização da Economia (Globalização)
146 O Mercado de Trabalho
151 Considerações Finais
155Conclusão
157Referências
CONCEITOS
FUNDAMENTAIS EM
ECONOMIA
UNIDADE
Professora Me. Daniela Carla Monteiro
I
Objetivos de Aprendizagem
■■ Compreender por que a economia é uma ciência da escassez ou das
escolhas.
■■ Reconhecer a contradição existente entre fatores de produção e
necessidades humanas.
■■ Definir economia e suas atividades de produção ou setores da
economia.
■■ Analisar a curva de possibilidades de produção nas combinações de
produtos que a economia pode produzir, dado os recursos existentes.
■■ Entender o conceito de custo de oportunidade enquanto princípio
econômico.
■■ Discutir os problemas econômicos fundamentais que todas as
sociedades enfrentam.
■■ Explicar o funcionamento de um sistema econômico capitalista.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Problemas econômicos de todas as sociedades
■■ O sistema econômico capitalista (ou economia de mercado)
■■ Divisão da ciência econômica
14 - 15
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a), nesta primeira unidade, você aprenderá que conhecer/dominar conceitos fundamentais em economia é de extrema relevância para todos
aqueles que visam compreender, ainda que de forma geral, o mundo/sociedade
em que vivemos.
Segundo Mankiw (2001), a relevância desse conhecimento/domínio não oferece dúvidas, ao passo que continuamente concepções econômicas determinam
nos sistemas econômicos o modo como devem ocorrer os planejamentos, as execuções, os procedimentos, os comportamentos, os desempenhos, entre outros,
tanto das unidades familiares e produtivas quanto dos governos e setor externo.
Nessa direção, discutiremos como tal conhecimento/domínio tende a fortalecer no âmbito pessoal e profissional as relações e/ou práticas econômicas que
são cotidianamente analisadas/discutidas e que, por conseguinte, direcionam/
estruturam as sociedades.
Vale ressaltar que, segundo Mankiw (2001), embora em algumas situações a
economia não seja determinante, ainda assim, de alguma maneira, a mesma tende
a exercer algum tipo de influência. Em outras palavras, passaremos a compreender
que as sociedades são movidas exclusivamente por interesses de natureza econômica.
Visando atingir os objetivos de aprendizagem já elencados, a unidade em
questão foi dividida em três tópicos, sendo eles: problemas econômicos de todas
as sociedades; o sistema econômico capitalista ou economia de mercado e divisão da ciência econômica.
No primeiro tópico, discutiremos como todas as sociedades enfrentam/
administram recursos produtivos escassos dadas as necessidades humanas ilimitadas. No segundo tópico, por sua vez, estudaremos a organização e os tipos
de sistemas econômicos, bem como suas características, funcionamento e problemas. Por fim, no terceiro tópico, veremos a divisão da ciência econômica em
duas grandes áreas, sendo elas a microeconomia e a macroeconomia.
Assim sendo, ao término desta unidade, você será capaz de compreender
conceitos fundamentais em economia que influenciam o dia a dia das unidades
produtivas, das famílias, dos governos e do resto do mundo, ou seja, das sociedades em geral.
Introdução
I
PROBLEMAS ECONÔMICOS DE
TODAS AS SOCIEDADES
1 Os recursos produtivos, fatores ou meios de produção serão descritos/discutidos mais adiante.
CONCEITOS FUNDAMENTAIS EM ECONOMIA
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Cotidianamente, independente
da classe de agentes econômicos à qual pertencemos, somos
levados a interagir com questões
econômicas, tais como formação de
preços, desemprego, inflação, oscilak
erstoc
©shutt
ções nas taxas de juros, déficit/superávit
púbico, entre outros (MENDES, 2004).
Em outras palavras, as questões econômicas têm ao longo do tempo regulado/orientado o nosso dia a dia e consequentemente o da sociedade. Assim
sendo, faz-se necessário estudar/conhecer tais questões, ao passo que uma boa
parte dos relevantes problemas que atualmente as sociedades enfrentam são
decorrentes delas (PASSOS; NOGAMI, 2003).
Tal procedimento propiciará conhecimentos que, além de nos ajudar a conhecer melhor o mundo que nos cerca, “nos ajudará a formar opiniões a respeito
dos grandes problemas econômicos do nosso tempo, tornando-nos cidadãos de
fato em nossa sociedade” (PASSOS; NOGAMI, 2003, p.3)
Vale ressaltar que, embora grande parte dos agentes (empresas, consumidores, governos e setor externo) participem das atividades de natureza econômica,
poucos detêm “conhecimentos teóricos que lhes permitam analisar os problemas econômicos que nos cercam” (PASSOS; NOGAMI, 2003, p. 3).
Ademais, estudar/conhecer tais questões ajudará no processo de tomada de
decisões, haja vista que a economia, segundo Mendes (2004, p. 3), “é o estudo
das escolhas feitas pelas pessoas diante de situações de escassez”.
Entende-se por escassez o cenário em que se encontram recursos produtivos limitados1 (terra ou recursos naturais; mão de obra ou trabalho e capital),
ou seja, que não existem em quantidade suficiente para atender a todas as necessidades. Logo, devem ser utilizados de diferentes maneiras, de tal modo que se
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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deve sacrificar uma coisa por outra (MENDES, 2004).
Por exemplo, uma unidade produtiva possui uma máquina que produz dois
diferentes produtos (parafusos do tipo A e parafusos do tipo B). Dada a escassez
de seus recursos, o empresário terá que escolher entre produzir algumas unidades a mais de um produto (parafusos do tipo A) e algumas unidades a menos
de outro (parafusos do tipo B).
Assim, em decorrência da escassez, os agentes econômicos se defrontam
com situações que os levam sempre a escolher. Escolhe-se como gastar tempo
e dinheiro, como explorar espaços geográficos, como intensificar o uso de uma
máquina, como/onde empregar os recursos de um país, entre outros (MENDES,
2004).
Vale destacar que, se por um lado, tem-se a escassez dos recursos, de outro,
tem-se as necessidades e/ou desejos dos agentes que são ilimitados2, ou seja,
sempre queremos e precisamos de mais bens e serviços (imóveis, automóveis, alimentação, vestuário, lazer, assistência médica, transporte etc.). Logo, os agentes
econômicos se defrontam com recursos finitos e com desejos e/ou necessidades infinitas. Por conseguinte, a economia é o estudo das escolhas. As escolhas
realizadas pelos agentes resultam nas escolhas da sociedade (MENDES, 2004).
Em síntese, “o problema econômico está centralizado no fato de que os recursos
disponíveis ao homem para produzir bens e serviços são limitados, mas a sua necessidade ou desejo desses bens e serviços varia e é insaciável” (MENDES, 2004, p. 3).
Tendo discutido/entendido o sentido econômico da escassez, passaremos
então a conhecer algumas das inúmeras definições de economia.
Segundo Passos e Nogami (2003, p. 5):
Em termos etimológicos a palavra “economia” vem do grego oikos
(casa) e nomos (norma, lei). Teríamos, então, a palavra oikonomia que
significa “administração de uma unidade habitacional (casa)”, podendo
também ser entendida como “administração da coisa pública” ou de
um Estado.
Nessa direção, em economia, estudam-se os meios/métodos pelos quais o sistema econômico capitalista ou economia de mercado administram recursos
2 As necessidades e/ou desejos ilimitados serão descritos/discutidos mais adiante.
Problemas Econômicos de Todas as Sociedades
I
finitos, cuja finalidade é produzir bens e serviços que satisfaçam maior número
de necessidades da sociedade, haja vista que tais necessidades são ilimitadas
(PASSOS; NOGAMI, 2003).
Assim, se o foco é atender a um maior número de necessidades da sociedade
com recursos finitos, então a alocação desses recursos deve ser suficientemente
eficiente, de modo a economizar tais recursos.
Contudo, define-se economia como:
Nessa vertente, Mendes (2004, p. 3) argumenta ainda que:
A economia é uma ciência social, tanto quanto a ciência política, a psicologia e a sociologia, podendo ser definida como o estudo da alocação
(utilização) dos recursos escassos na produção de bens e serviços para
a satisfação das necessidades ou dos desejos humanos.
Em suma, não há dificuldades na definição de economia, seja ela a economia de
uma cidade, estado, região, país, ou até mesmo do mundo. Em poucas palavras,
uma determinada economia corresponde apenas à interação cotidiana de um
grupo de pessoas (dado os recursos e as necessidades que tem), que estão sempre em busca do melhor para a coletividade (MANKIW, 2001).
FATORES DE PRODUÇÃO
Os fatores de produção são os recursos empregados na produção de bens e serviços. Durante o processo produtivo, suas combinações resultam numa diversificada
produção, que por sua vez será consumida pelas famílias ou empregadas novamente
pelas empresas no processo produtivo na forma de insumo (MOCHÓN, 2007).
De acordo com Mendes (2004), as principais características dos fatores de
produção são: escassez, versatilidade e combinações em proporções variáveis.
A escassez em sua quantidade, aliada ao contexto de que os fatores de
CONCEITOS FUNDAMENTAIS EM ECONOMIA
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A Ciência Social que estuda como a sociedade decide empregar recursos escassos, que poderiam ter utilização alternativa, na produção de
bens e serviços de modo a distribuí-los entre as várias pessoas e grupos
da sociedade, a fim de satisfazer as necessidades humanas (PASSOS;
NOGAMI, 2003, p. 5).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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produção podem ser empregados na produção de diversos bens e serviços,
indica que em determinadas situações as unidades produtivas devem abrir mão
da produção de um bem ou serviço por outro.
A versatilidade por sua vez faz referência justamente ao emprego dos recursos produtivos na produção de diferentes produtos. Por exemplo, o leite pode
produzir queijo, manteiga, creme de leite, requeijão, entre outros.
Já a combinação em proporções variáveis referese à possibilidade de substituição entre os
fatores. Por exemplo, se um determinado
insumo nacional ficar muito caro, dada
a sua escassez, as unidades produtivas
poderão substituí-lo por um insumo
importado.
Segundo Móchon (2007), a
tradicional classificação dos fatores de produção contempla três
categorias: a terra ou recursos
naturais, a mão de obra ou trabalho e o capital. O quadro 1 nos
apresenta uma breve definição de
cada um desses fatores.
Problemas Econômicos de Todas as Sociedades
I
Consistem em todos os bens econômicos utilizados na
produção e que são obtidos diretamente da natureza,
como os solos (urbanos e agrícolas), os minerais, as
águas (dos rios, dos lagos, dos mares, dos oceanos e do
subsolo), a fauna, a flora, o sol e o vento (como fontes de
energia), entre outros. Esses recursos são um presente da
natureza. Para se referir a todos os tipos de recursos naturais, alguns economistas utilizam o termo “terra”.
MÃO DE OBRA
OU TRABALHO
Incluem toda a atividade humana (esforço físico e/ou
mental) utilizada na produção de bens e serviços, como:
os serviços técnicos do advogado, do médico, do economista, do engenheiro, ou a mão de obra do eletricista,
do encanador. Há economistas que consideram o capital
humano um quarto tipo de fator de produção. Por capital
humano, considera-se o conhecimento e as habilidades
que as pessoas obtêm por meio da educação e da experiência em atividades produtivas.
CAPITAL
O fator de produção capital corresponde aos conjuntos
dos edifícios, máquinas, equipamentos e instalações que
a sociedade dispõe para efetuar a produção. Este conjunto é denominado de estoque de capital da economia.
Quanto mais bens de capital dispuser a economia, mais
produtiva ela será (ou seja, mais bens e serviços poderá
produzir). Observe que o conceito de capital como fator
de produção é um pouco diferente da palavra capital
usada na linguagem comum, quando é utilizada para
designar uma quantia em dinheiro (ou outro ativo financeiro) que determinada pessoa possui para iniciar um
determinado negócio.
Quadro 1: Definição dos tradicionais fatores de produção
Fonte: Mendes (2004, p. 5) e Viceconti e Neves (2010, p. 6)
Em suma, os fatores de produção ou recursos produtivos (inputs), isto é, os solos,
os minerais, as águas, a fauna, a flora, o sol, o vento, os serviços técnicos especializados, a mão de obra do operário, os conjuntos dos edifícios, as máquinas,
os equipamentos, as instalações, entre outros, dadas suas principais características (escassez, versatilidade e combinações em proporções variáveis), quando
alocados, promovem ao longo do processo produtivo uma expressiva produção
(outputs), ou seja, promovem uma ampla gama de bens e serviços.
CONCEITOS FUNDAMENTAIS EM ECONOMIA
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
TERRA
OU RECURSOS
NATURAIS
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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
NECESSIDADES HUMANAS ILIMITADAS
As necessidades humanas fazem parte da força que dá movimento à atividade
econômica, haja vista que nossas necessidades/desejos são ilimitadas, ou seja, “o
ser humano, pela sua própria natureza, nunca está satisfeito com o que possui e
sempre deseja mais coisas” (VICECONTI; NEVES, 2010, p.1).
Segundo Mendes (2004), todos os agentes econômicos querem alimentos,
bebidas, roupas, lugar/local para morar, acesso à educação, saúde etc. Ademais,
desejam carros, imóveis, viagens de férias, entre outros.
Nessa vertente, Mendes (2004, p.6) aponta “a alimentação, o vestuário, a habitação, a saúde, o transporte, a educação, a segurança social, a previdência social,
a comunicação, a cultura, o esporte e o
lazer” como as principais necessidades
humanas, necessidades estas que, em
boa parte das economias, não são suprimidas, mesmo que de modo ínfimo.
O autor esclarece ainda que entre
as principais necessidades humanas
destacam-se a alimentação, a habitação, a saúde e o vestuário, haja vista
que as mesmas são apontadas pela literatura econômica como necessidades
©shutterstock
primárias.
As demais fazem parte do grupo
que compõe as necessidades que são
consideradas necessidades secundárias, necessidades estas que tendem a
mudar de acordo com o tempo e com o
espaço, já que estão sujeitas a inúmeras
influências, tais como: costumes, tradição, propagandas, marketing, inovação
etc. (MENDES, 2004).
©shutterstock
Problemas Econômicos de Todas as Sociedades
I
CURVA DE POSSIBILIDADE DE PRODUÇÃO
A curva de transformação – ou fronteira de possibilidades de produção
(FPP) – mostra a quantidade máxima possível de bens ou serviços que
determinada economia pode produzir com os recursos e a tecnologia
de que dispõe e dadas as quantidades de outros bens e serviços que
também produz.
Para ilustrar a curva de possibilidade de produção num gráfico, por se tratar de
um conceito abstrato, vamos tentar por meio de um exemplo hipotético aproximar o referido conceito a uma situação prática/real, baseado em Viceconti e
Neves (2010):
Suponhamos que uma determinada unidade produtiva possua os seguintes fatores de produção: capital (30 máquinas) e mão de obra ou trabalho (120
trabalhadores), e que sua linha de produção esteja direcionada à produção de
apenas dois bens.
Ademais, suponhamos que não haja nenhuma inovação tecnológica no processo de fabricação do produto e que a unidade produtiva não possa comprar
CONCEITOS FUNDAMENTAIS EM ECONOMIA
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Em todos os dias de trabalho, milhões de pessoas desprendem seus esforços na
produção de inúmeros bens e serviços. Tal produção ocorre nas indústrias, no
campo, nas construtoras, nos bancos, nos shoppings, entre outros, situados em
todo o mundo (MENDES, 2004).
Como vimos, dada a escassez dos fatores de produção disponíveis, aliados à
tecnologia que temos e dominamos, a produção dos bens e serviços em questão
é limitada. Nessa direção, cabe às unidades produtivas escolher os bens e serviços que serão produzidos. Vale ressaltar que, numa economia que conta com
milhares de produtos, as opções de escolha são inúmeras (MÓCHON, 2007).
A escolha em questão deve ser feita com base nas possíveis combinações/
alocações de produção. Segundo Mendes (2004), para determinar quais combinações de produção são mais adequadas/possíveis, as unidades produtivas levam
em consideração duas questões: 1) os recursos produtivos são limitados; 2) não
é possível realizar mudanças tecnológicas, ou seja, o nível de tecnologia também é limitado. Tal limite é ilustrado pela curva de possibilidades de produção.
De acordo com Móchon (2007, p.3):
22 - 23
©shutterstock
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
mais máquinas nem contratar mais trabalhadores, ou seja, os fatores de produção são fixos ou constantes.
Em suma, consideremos uma economia com conhecimento tecnológico
fixo ou constante, com fatores de produção fixos ou constantes (todos os fatores
são empregados na produção) e com capacidade de produção para apenas dois
bens: parafusos do tipo A e parafusos do tipo B.
Sequencialmente, consideremos que o gestor da empresa solicite ao engenheiro
de produção, um levantamento (vide Quadro 2) das possíveis possibilidades de
produção. Tais possibilidades devem levar em consideração a utilização plena e
eficiente dos recursos produtivos envolvidos no processo (nesse caso, 30 máquinas e 120 homens).
PARAFUSO DO TIPO A
PARAFUSO DO TIPO B
20
0
18
1
15
2
11
3
6
4
0
5
Quadro 2: Levantamento das possíveis possibilidades de produção
Fonte: Viceconti e Neves (2010, p. 2)
Problemas Econômicos de Todas as Sociedades
I
B
5
(6,4)
4
(11,3)
3
(15,2)
2
(18,1)
1
0
6
Gráfico 1: Curva de possibilidade de produção
Fonte: Viceconti e Neves (2010, p. 3)
CONCEITOS FUNDAMENTAIS EM ECONOMIA
11
15
18
20
A
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
De acordo com o levantamento feito pelo engenheiro de produção, quando todos
os fatores produtivos (30 máquinas e 120 homens) forem empregados na produção dos parafusos do tipo A, 20 (vinte) unidades do mesmo serão produzidas.
Por outro lado, quando o emprego total dos recursos produtivos (30 máquinas
e 120 homens) forem empregados na produção dos parafusos do tipo B, serão
produzidas apenas 5 (cinco) unidades do mesmo.
As escolhas que visarem à produção de uma, duas ou mais unidades de
parafusos do tipo B, gerarão deslocamentos de fatores de produção alocados
na produção de parafusos do tipo A para a produção de parafusos do tipo B.
Tal procedimento resultará em perdas na produção de parafusos do tipo A.
Por exemplo, para produzir (1) uma unidade de parafusos do tipo B, com o deslocamento dos fatores produtivos da produção de parafusos do tipo A para a
produção de parafusos do tipo B, abrir-se-á mão de (2) duas unidades de parafusos do tipo A (diferença entre 20 e 18 = 2). Observe que aumentos na produção
de parafusos do tipo B levam a reduções na fabricação de parafusos do tipo A e
vice-versa, até que um ponto limite seja atingido.
O gráfico 1 nos mostra as possibilidades de produção contidas no levantamento feito pelo engenheiro da hipotética empresa supracitada, colocando-se
24 - 25
no eixo das abscissas (horizontal) a produção de parafusos do tipo A e no eixo
das ordenadas (vertical) a produção de parafusos do tipo B. A união das possibilidades/combinações de produção por uma curva originam a então discutida
curva ou fronteira de possibilidades de produção.
Analisando, ainda que sucintamente, o Gráfico 1, podemos concluir que:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
a. Sendo a produção máxima de parafusos do tipo A 20 (vinte) unidades e
a produção máxima de parafusos do tipo B 5 (cinco) unidades, produzir
parafusos do tipo B é mais difícil do que produzir parafusos do tipo A.
b. Os pontos sobre a curva ou fronteira de possibilidades de produção nos
mostram a produção máxima de um bem (parafusos do tipo A), dada a
produção do outro bem (parafusos do tipo B). Por exemplo, se a firma
optar por produzir 15 (quinze) unidades do parafuso tipo A, ela poderá
produzir, no máximo, 2 (duas) unidades do parafuso do tipo B.
c. Pontos internos a CPP (curva ou fronteira de possibilidade de produção) representam produção menor do que as possibilidades de produção da empresa,
ou seja, a firma está operando com capacidade ociosa ou com recursos que
não estão sendo utilizados de modo eficiente (subutilização dos recursos produtivos). Por exemplo, suponha que a empresa em questão opte por produzir
11 (onze) unidades de parafusos do tipo A e 1 (uma) unidade de parafuso
do tipo B.
d. Pontos fora da CPP representam produção maior do que as possibilidades
de produção da empresa. Por exemplo, suponha que a referida empresa
opte por produzir 11 (onze) unidades de parafusos do tipo A e 4 (quatro)
unidades de parafusos do tipo B. De acordo com os pressupostos assumidos, sabemos que essa combinação de produção é impossível, haja vista que
os recursos produtivos e a tecnologia que a unidade produtiva em questão dispõe são fixos ou constantes e insuficientes para tais quantidades.
e. A questão mais relevante a ser apontada é de que aumentos na produção
de um dos parafusos (por exemplo, do tipo B) só acontecerão em detrimento da produção do outro tipo de parafuso (por exemplo, do tipo A),
isto, se a empresa estiver em pontos situados na CPP. Em outras palavras,
para obterem-se mais dos parafusos do tipo B, seria necessário sacrificar
a produção dos parafusos do tipo A e vice-versa.
A quantidade perdida dos parafusos do tipo A que essa empresa precisa incorrer
Problemas Econômicos de Todas as Sociedades
I
para aumentar a produção de parafusos do tipo B (ou vice-versa) é denominada
de custo de oportunidade, que, segundo Mendes (2004, p. 8), é um dos “princípios fundamentais para a análise econômica”.
De acordo com Móchon (2007), o custo de oportunidade deve ser entendido
mediante a curva de possibilidades de produção como aquilo que renunciamos
para obter algo.
Em termos mais precisos,
No caso do Gráfico 1, denominamos custo de oportunidade de parafusos do tipo
B o número de parafusos do tipo A que é preciso deixar de produzir para produzi-lo. Como mostra o Quadro 2, incrementos na produção de parafusos do
tipo B elevam cada vez mais o custo de oportunidade, ou seja, o custo de oportunidade é crescente.
O custo de oportunidade é crescente em decorrência da transferência de
recursos produtivos a uma “nova produção”, ao passo que tais recursos se mostram menos aptos à nova atividade. Diante disso, a transferência dos recursos
produtivos vai ficando cada vez mais complexa e onerosa. Em outras palavras,
os recursos produtivos não são completamente adaptáveis em outras linhas de
produção (VASCONCELLOS; GARCIA, 2011).
Logo, os custos de oportunidade de se produzir uma unidade de parafusos do
tipo B são duas unidades de parafuso do tipo A (diferença entre 20 e 18). Observe
que o parafuso seguinte (do tipo B) tem um custo de oportunidade maior, ou
seja, de três parafusos do tipo A (intervalo entre 18 e 15) e assim sucessivamente.
Assim sendo, a curva de possibilidades de produção nos ilustra o problema
da escassez, haja vista que num dado período de tempo “empresas” possuem
fatores de produção e nível tecnológico constantes, de modo que a produção de
um bem advém das custas do outro.
Vale ressaltar que as análises e discussões aqui realizadas para esta empresa
hipotética podem ser empregadas também para uma economia qualquer em que
apenas dois bens pudessem ser produzidos e para a qual os fatores de produção
CONCEITOS FUNDAMENTAIS EM ECONOMIA
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O custo de oportunidade de uma decisão é aquilo a que se deve renunciar para obter algo. Em outras palavras, o custo de oportunidade de
um bem ou serviço é a quantidade de outros bens ou serviços a que se
deve renunciar para obtê-lo (MÓCHON, 2007, p. 4).
26 - 27
e o nível tecnológico fossem fixos ou constantes.
Segundo Mendes (2004), os meios de satisfação das necessidades humanas, ou
seja, os produtos, podem ser classificados de acordo com a sua natureza e de
acordo com o seu destino.
De acordo com sua natureza, são classificados em bens e serviços. De acordo
com seu destino, são classificados em bens e serviços de consumo ou finais e
em bens e serviços intermediários.
Entende-se por bens todos os produtos tangíveis (que podem ser tocados,
apalpados) como, por exemplo, alimentos, eletroeletrônicos, imóveis, automóveis,
entre outros. Já por serviços entende-se todos os produtos intangíveis (intocáveis), entre eles, assistência médica e educacional.
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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
CLASSIFICAÇÃO DOS PRODUTOS
Os bens e serviços de consumo ou finais são por sua vez aqueles de consumo
duráveis ou de consumo imediato, tais como refrigeradores, televisões, alimentos, produtos de higiene pessoal etc.
Enfim, os bens e serviços intermediários são aqueles que são alocados na produção de outros bens e serviços. Tais bens e serviços são totalmente consumidos
Problemas Econômicos de Todas as Sociedades
I
durante o processo produtivo como, por exemplo, a matéria-prima ou insumos.
Vale destacar que os bens e serviços de produção ou bens de capital (máquinas, equipamentos etc.) são aqueles que não são consumidos totalmente no
processo produtivo, embora se depreciem ao longo do tempo, assim, são considerados bens e serviços finais e não bens e serviços intermediários.
ATIVIDADES DE PRODUÇÃO (OU SETORES DA ECONOMIA)
ATIVIDADES PRIMÁRIAS
DE PRODUÇÃO
Agricultura (lavouras permanentes, temporárias,
horticultura, floricultura); pecuária (criação e abate
de gado, de suínos e aves, pesca e caça); extração
vegetal (produção florestal: silvicultura e reflorestamento).
ATIVIDADES
SECUNDÁRIAS DE
PRODUÇÃO
Indústria extrativa mineral (minerais metálicos e
não metálicos); indústria de transformação (produtos alimentícios, minerais não metálicos, metalurgia, mobiliário, química, fiação e tecelagem,
vestuário, calçados, material elétrico, de telecomunicações e de transporte, produtos de matérias
plásticas, bebidas, fumos), indústria da construção
(obras públicas, construções privadas).
CONCEITOS FUNDAMENTAIS EM ECONOMIA
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Em todas as atividades de produção ou setores da economia estão inseridos os
fatores de produção ou recursos produtivos (terra ou recursos naturais, mão de
obra ou trabalho e capital) e as técnicas de produção (MENDES, 2004).
Destaca-se que, com base em Mendes (2004), dependendo da atividade de
produção, tais recursos e técnicas variam em intensidade, ou seja, em cada um
dos setores da economia são empregados recursos e técnicas em proporções
diferentes.
O quadro a seguir mostra os recursos utilizados em cada tipo de atividade.
O autor nos explica ainda que a intensidade/proporção de uso/emprego dos
fatores de produção ou recursos produtivos classifica as atividades de produção
ou setores da economia (vide Quadro 3) em atividades primárias, secundárias
e terciárias de produção.
28 - 29
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ATIVIDADES TERCIÁRIAS
DE PRODUÇÃO
Comércio (atacadista e varejista); transportes (rodoviários, ferroviários, hidroviários e aeroviários);
comunicações (telecomunicações, correios e telégrafos, radiofusão e TV); intermediação financeira
(bancos, seguradoras, distribuidoras e corretoras
de valores e bolsas de valores); imobiliárias (comércio imobiliário, administração e locação) hospedagem e alimentação (hotéis, restaurantes, bares e
lanchonetes); reparação e manutenção (máquinas,
veículos e equipamentos); serviços pessoais (cabeleireiros, barbeiros); outros serviços (assistência
à saúde, educação, cultura, lazer, culto religioso) e
governo (federal, estaduais e municipais).
Quadro 3: Classificação das atividades de produção ou setores da economia
Fonte: Mendes (2004, p.11)
Como mostra a tabela anterior, as atividades primárias são mais intensivas
em recursos naturais, a secundária no capital e o terciário em mão de obra ou
trabalho (MENDES, 2004).
Participação da indústria no PIB é a menor desde 1955
28 de agosto de 2013 | 2h 10
Roger Marzochi – O Estado de S.Paulo.
A participação da indústria de transformação no Produto Interno Bruto (PIB)
foi de 13,3% em 2012, retrocedendo ao nível que o setor tinha na economia
em 1955, antes da implantação do Plano de Metas de Juscelino Kubitschek.
E, mantida as atuais condições de crescimento, essa participação deverá cair
para 9,3% em 2029.
(...)
Disponível em: <http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,participacao-da-industria-no-pib-e-a-menor-desde-1955-,1068592,0.htm>. Acesso
em: 05 jan. 2013.
Problemas Econômicos de Todas as Sociedades
I
O SISTEMA ECONÔMICO CAPITALISTA (OU ECONOMIA
DE MERCADO)
CONCEITOS FUNDAMENTAIS EM ECONOMIA
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Define-se sistema econômico como a forma na qual uma sociedade está planejada e/
ou organizada. O referido planejamento e/ou organização ocorre em termos econômicos, políticos e sociais. O principal objetivo de tal planejamento e/ou organização
é fazer crescer as atividades econômicas, que por sua vez são as atividades de produção, distribuição e consumo de bens e serviços (VICECONTI; NEVES, 2010).
As instituições que desenvolvem e/ou fazem crescer as atividades econômicas
são nominadas agentes econômicos e são divididas, de acordo com Viceconti e
Neves (2010), em quatro classes: unidades produtivas ou empresas, unidades familiares ou famílias, setor público ou governo e setor externo ou resto do mundo.
As unidades produtivas ou empresas são as instituições responsáveis pela
produção de bens e serviços de uma nação. Diante disso, para realizar suas atividades, demandam ou procuram fatores de produção (terra ou recursos naturais;
mão de obra ou trabalho e capital), que são por sua vez recompensados por meio
de remuneração. O principal objetivo das unidades produtivas ou empresas em
uma economia de mercado é a obtenção de lucros.
As unidades familiares ou famílias são as instituições que oferecem os serviços dos fatores de produção às unidades produtivas ou empresas. O principal
objetivo das unidades familiares ou famílias em uma economia de mercado é a
obtenção de remuneração. Destaca-se ainda que os proprietários das unidades
produtivas ou empresas fazem parte concomitantemente das duas instituições
supracitadas, ou seja, enquanto responsáveis pela produção, fazem parte da instituição unidades produtivas ou empresas e, enquanto proprietários dos fatores
de produção, das unidades familiares ou famílias. A tal instituição cabe ainda o
consumo dos bens e serviços produzidos na economia.
Compõem o Setor Público ou Governo os entes da administração direta, nos
âmbitos federal, estadual e municipal. O principal objetivo do Governo em uma
economia de mercado é oferecer bens e serviços à coletividade, de modo a satisfazer
o maior número de necessidades e assim elevar o bem-estar de todos. As empresas
públicas e as sociedades de economia mista, por objetivarem lucros, não são consideradas nesta instituição e sim na instituição unidades produtivas ou empresas.
O setor externo ou resto do mundo
é composto por todas as instituições que
mantêm relações econômicas com o país/
economia que se está analisando e que
tenham sua estrutura física fora das fronteiras geográficas deste.
Assim sendo, visando desenvolver e/ou
fazer crescer as atividades econômicas, cabe
a toda economia o estabelecimento de suas
normas. Normas estas que devem ser respeitadas/cumpridas por todos os agentes. Por exemplo, as unidades produtivas
devem ter autorizações específicas, entre elas, o alvará de funcionamento para
atuar, ou seja, para produzir e comercializar seus produtos. Essa é apenas uma
das normas que compõem as inúmeras existentes nas economias. Tais normas e
suas relações com as unidades produtivas e familiares, bem como com os setores
público e externo, formam o que chamamos de sistema econômico.
Os mais relevantes tipos de sistema econômico são: o capitalismo e o socialismo3. Aqui, trataremos apenas do capitalismo, haja vista que o sistema econômico
em questão é o sistema no qual a maioria das economias está inserida. O referido
sistema econômico depende das forças de demanda (consumidores) e de oferta (produtores) para determinar preços, alocar recursos e distribuir a renda e a produção,
ao passo que o governo pouco se envolve na tomada de decisões (MENDES, 2004).
Determinados a obter lucros cada vez maiores, os proprietários dos fatores
de produção ou recursos produtivos (os fatores de produção ou recursos produtivos são de propriedade privada) tomam as decisões de produção.
Destaca-se que os lucros e prejuízos que por ventura ocorram são resultados
das referidas decisões. Tais decisões tendem a afetar diretamente consumidores
e produtores, ao passo que os consumidores, dado seu nível de renda, buscam
maximizar suas satisfações, e os produtores, dados os seus fatores de produção
ou recursos produtivos, buscam maximizar seus lucros.
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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
30 - 31
3 A base do socialismo, como um sistema econômico, é a propriedade coletiva ou estatal dos recursos produtivos, sendo
que o Estado toma as decisões. As indústrias são de propriedade da sociedade como um todo. O controle da propriedade
é mantido pelo Estado para o mútuo benefício da população (MENDES, 2004, p. 16).
O Sistema Econômico Capitalista (ou Economia de Mercado)
I
Nesse ínterim, os preços de mercado são os responsáveis por nortear as decisões das firmas e dos indivíduos no quesito produção, distribuição e consumo.
Contudo, vale ressaltar que neste tipo de sistema econômico em todos os tipos
de atividades/segmentos a concorrência é extremamente acirrada.
As manifestações no Brasil e a crise do capitalismo
Rall
(...)
Quando o capitalismo atinge o limite absoluto, as instituições criadas para
garantir o funcionamento dessa forma social passam a não responder, seja
na condução da economia, seja para mitigar os efeitos desastrosos sob as
condições de vida. Daí a percepção, ainda que difusa e não de todo consciente, de que os partidos políticos, os sindicatos, a justiça, a infraestrutura, o transporte, a educação, saúde e outros setores que desempenham as
chamadas funções de Estado, não mais funcionem ou funcionam precariamente. O discurso ideológico que quer separar o Estado do mercado não
enxerga que ambos são partes da mesma totalidade, a sociedade produtora
de mercadorias. Foram construindo-se e redefinindo-se nos momentos de
bonança e crise, numa relação íntima, mesmo nos momentos em que o primeiro parece soberano e ganha certa autonomia. A separação formal que
se faz é uma abstração, pode levar partidos e movimentos ao auto-engano,
acreditando no Estado enquanto um ente que pode se descolar das relações
capitalistas e fazer a revolução.
(...)
Fonte: <http://rumoresdacrise.blogspot.com.br/2013/07/as-manifestacoes-no-brasil-e-crise-do.html>. Acesso em: 21 out. 2013.
CONCEITOS FUNDAMENTAIS EM ECONOMIA
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Domingo, julho 14, 2013
32 - 33
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Em síntese, conforme nos mostra o Quadro 4, as principais características do
sistema econômico capitalista são:
PROPRIEDADE
PRIVADA
Dos fatores de produção, dos bens de consumo (duráveis e
não duráveis) e do dinheiro.
SISTEMA DE
PREÇOS
Responsável pelo controle do funcionamento da economia:
seleção de bens e quantidades a serem produzidos; combinação e distribuição dos fatores de produção; seleção de
técnicas e métodos de produção/organização e distribuição
dos bens entre membros da sociedade.
LUCRO
Incentivo à produção. Diferença entre Receita Total e Custo
Total de produção.
COMPETIÇÃO
De grande importância. Entre as empresas e entre os proprietários dos recursos, apesar da constante/crescente presença
de oligopólios e monopólios nos mercados.
GOVERNO
Papel limitado, apesar da elevada participação do governo
nas atividades econômicas nos dias atuais.
Quadro 4: Principais características do Capitalismo
Fonte: Mendes (2004, pp-. 17-18)
Ainda que sejam inúmeras as críticas apontadas ao modo de produção em questão,
esse tipo de sistema econômico, até então, tem-se revelado a opção mais eficaz a
título de organização da atividade econômica. Segundo Mendes (2004, p. 18-19),
estudiosos do assunto apontam o “a) antagonismo entre o capital e o trabalho;
b) a presença de elementos monopolísticos e c) a não solução da justiça social”
como as mais relevantes falhas do sistema. Em contrapartida, apontam a alocação dos fatores de produção de modo eficiente como a mais relevante qualidade
do sistema em questão, ao passo que promove ganhos de produção e bem-estar social. A eficiência na alocação dos recursos produtivos é consequência da
constante busca pelo aperfeiçoamento, em função da acirrada competição existente e da incitação ao lucro.
O Sistema Econômico Capitalista (ou Economia de Mercado)
I
PROBLEMAS BÁSICOS DE UM SISTEMA ECONÔMICO CAPITALISTA
Haja vista que as necessidades humanas são infinitas e os fatores de produção
são finitos, o sistema econômico capitalista, ao alocar recursos produtivos, confrontar-se-á, como nos descreve o Quadro 5, com três problemas básicos:
Sabe-se que diante do contexto de escassez dos recursos
produtivos, uma maior produção de um determinado bem/
serviço implicará em uma menor produção de outros bens/
serviços. Diante disso, cada sociedade deverá escolher o que
produzir. Indiretamente, tal escolha é feita pelos consumidores quando gastam suas rendas adquirindo produtos cujos
preços estão dispostos a pagar.
COMO
PRODUZIR?
Como produzir refere-se à combinação/ajuste dos recursos
produtivos e à empregabilidade de técnicas que possibilitem
um determinado nível de produção ao menor custo possível.
Os preços dos recursos produtivos nesse processo são fundamentais ao passo que apontam os fatores de produção mais
escassos e que, portanto, devem ser poupados.
PARA QUEM
PRODUZIR?
Dependente do nível da renda pessoal e de sua distribuição,
para quem produzir diz respeito à distribuição dos bens/serviços. Em outras palavras, quanto maior a renda de um indivíduo, maior será seu consumo.
Quadro 5: Problemas básicos de um sistema econômico capitalista
Fonte: Mendes (2004)
Atuantes em diversos mercados, os agentes econômicos são os responsáveis, nas
economias capitalistas, pelas possíveis respostas a esses três questionamentos. As
unidades familiares ou famílias, por exemplo, escolhem que bens/serviços vão
adquirir, bem como o quanto vão poupar. As unidades produtivas ou empresas,
por sua vez, escolhem os bens/serviços que vão produzir e de que modo vão produzi-los. O setor público ou governo escolhe os projetos/programas que serão
implantados e como os mesmos serão financiados. Por fim, o setor externo ou
resto do mundo decide com quais países a economia em questão manterá relações comerciais (MOCHÓN, 2007).
CONCEITOS FUNDAMENTAIS EM ECONOMIA
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O QUE
PRODUZIR?
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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
FUNCIONAMENTO DE UM SISTEMA ECONÔMICO CAPITALISTA
As bases de um sistema econômico capitalista podem ser melhor discutidas por
meio de um modelo de economia de mercado que não considere interações com
o setor público ou governo e com o setor externo ou resto do mundo. Observe
que as instituições familiares e produtivas nesse modelo interagem em apenas
dois mercados, sendo eles o mercado de bens e serviços e o mercado de fatores de produção (MENDES, 2004).
Nessa direção, as unidades familiares oferecem no mercado de fatores de
produção recursos produtivos. As unidades produtivas, por sua vez, oferecem
no mercado de bens e serviços sua produção. Por outro lado, as unidades familiares demandam no mercado de bens e serviços a produção das empresas, ao
passo que as unidades produtivas demandam no mercado de fatores de produção os recursos produtivos. Essa interação entre agentes econômicos e mercados
é chamada de fluxo real da economia (VASCONCELLOS, GARCIA, 2011).
Entretanto, tal interação só é possível com a presença da moeda, que é
empregada para remunerar as famílias pelo uso dos recursos produtivos, bem
como para o pagamento dos bens e serviços adquiridos. Diante disso, tem-se
um fluxo monetário. A união dos fluxos real e monetário da economia origina o
que chamamos de Fluxo Circular de renda. O Quadro 6 descreve sucintamente
as interações que compõem esse fluxo (VASCONCELLOS; GARCIA, 2011).
ATIVIDADE
MERCADO DE BENS E
SERVIÇOS
MERCADO DE FATORES DE
PRODUÇÃO
Fluxo Real
Produtos das empresas
para satisfazer as necessidades dos consumidores.
Os principais fatores de produção
são: Terra ou Recurso Natural, Mão
de obra ou Trabalho e Capital.
As famílias transferem
parte de suas rendas às
empresas, ao adquirirem
seus produtos.
As empresas remuneram as famílias
pelo uso dos fatores, por meio de:
Salários (trabalho).
Dividendos (Capital).
Juros (Capital).
Lucros (Capital).
Aluguel (T ou RN).
Fluxo
Monetário
O Sistema Econômico Capitalista (ou Economia de Mercado)
I
ATIVIDADE
MERCADO DE BENS E
SERVIÇOS
MERCADO DE FATORES DE
PRODUÇÃO
Oferta
Exercida pelas instituições Exercida pelas instituições
produtivas.
familiares.
Demanda
Exercida pelas instituições Exercida pelas instituições
familiares.
produtivas.
Interação
Por meio dos preços dos
produtos.
Por meio dos preços dos fatores.
Destaca-se que, tanto no mercado de bens e serviços quanto no mercado dos fatores de produção, visando determinar os preços, as forças da oferta e da demanda
atuam em conjunto. Assim sendo, no mercado de bens e serviços, essa interação
forma os preços dos produtos, ao revés do mercado de fatores de produção, que
forma os preços dos recursos produtivos (VASCONCELLOS; GARCIA, 2011).
Por fim, vale ressaltar que as interações entre famílias e empresas, nesses
mercados, são limitadas pela escassez. Em outras palavras, as famílias, embora
tenham desejos ilimitados, possuem rendas limitadas ao passo que empresas, devido a recursos produtivos finitos, incorrem em restrições de produção
(MENDES, 2004).
DIVISÃO DA CIÊNCIA ECONÔMICA
Devido a fins metodológicos para estudos econômicos, divide-se a ciência econômica em duas grandes áreas, sendo elas a microeconomia e a macroeconomia.
A microeconomia, segundo Viceconti e Neves (2010, p. 9), “é o ramo da
teoria econômica que estuda o funcionamento do mercado de um determinado
produto ou grupo de produtos”. Em outras palavras, estuda a interação entre
compradores e vendedores em determinados mercados como, por exemplo, no
mercado de produtos alimentícios.
Assim sendo, o estudo da microeconomia está voltado, entre outros, para: a)
CONCEITOS FUNDAMENTAIS EM ECONOMIA
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Quadro 6: Interações entre famílias e empresas nos mercados de bens e serviços e de fatores de produção
Fonte: Mendes (2004, p. 22)
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
36 - 37
instituições individualizáveis, isoladamente ou em grupos homogêneos; b) comportamento dos consumidores; c) comportamento das empresas; d) estruturas
e mecanismos de funcionamento dos mercados; e) funções e imperfeições dos
mercados; f) remuneração paga aos agentes e à repartição funcional da renda
nacional e g) preços que as empresas recebem por suas produções (ROSSETTI,
2008). Nas unidades II e III, serão abordadas as noções básicas que envolvem
essa área da Teoria Econômica.
A macroeconomia por sua vez “é o ramo da teoria econômica que estuda
o funcionamento da economia como um todo, procurando identificar e medir
inúmeras variáveis”, tais como: nível de produção total, investimento agregado,
poupança agregada, nível de emprego, nível geral de preços, etc. (VICECONTI;
NEVES, 2010, p. 9).
Dessa forma, o estudo da macroeconomia está voltado, entre outros, para:
a) a economia em seu conjunto; b) o desempenho total da economia, dado as
causas e os mecanismos de correção das flutuações; c) os agregados macroeconômicos, tais como PIB e RN; d) as relações entre macrovariáveis, tais como
investimento e nível de emprego; e) as medidas de tendência central, tais como
taxas de juros e de câmbio; f) as trocas internacionais e g) o crescimento e desenvolvimento das economias (ROSSETTI, 2008). As noções básicas que envolvem
essa área da teoria econômica serão tratadas nas unidades de número IV e V.
Macroeconomia e microeconomia: a convergência de seus conteúdos.
É evidente que as metas básicas macroeconômicas e microeconômicas são
compatíveis: o máximo de bem-estar para a população como um todo, cuja
realização é o objetivo primordial da política econômica somente pode ser
conseguido com a conjunção da plena utilização com a alocação ótima. São,
assim, convergentes os focos e os conteúdos da macro e da microeconomia.
Fonte: Shapiro (1991 apud ROSSETTI, 2008, p. 72)
Divisão da Ciência Econômica
I
CONSIDERAÇÕES FINAIS
CONCEITOS FUNDAMENTAIS EM ECONOMIA
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Para concluir o conteúdo abordado e as discussões propostas nesta unidade,
por meio do saiba mais, reflita e atividade de autoestudo, vamos relembrar aqui,
ainda que brevemente, tudo o que estudamos.
Você se lembra que, num primeiro momento, aprendemos/discutimos sobre
os problemas econômicos que todas as sociedades enfrentam? Pois bem, nesse
contexto, nos concentramos em entender os tradicionais fatores de produção;
as necessidades humanas ilimitadas; a curva de possibilidades de produção; a
classificação dos produtos e as atividades de produção ou setores da economia.
Sequencialmente, aprendemos/discutimos o sistema econômico capitalista
ou economia de mercado, mais especificamente, os problemas básicos e o funcionamento de um sistema econômico capitalista.
Por fim, aprendemos/discutimos sobre a divisão da ciência econômica em
duas grandes áreas, sendo elas a Microeconomia e a Macroeconomia, que decorre
de fins metodológicos para estudos econômicos.
Em outras palavras, agora você compreende por que a economia é uma ciência da escassez; reconhece a contradição existente entre fatores de produção e
necessidades humanas; define economia e suas atividades de produção; analisa
a C.P.P. (curva ou fronteira de possibilidades de produção); entende o conceito
de custo de oportunidade; discute os problemas econômicos fundamentais e
explica o funcionamento de um sistema econômico capitalista.
Em suma, você domina/conhece conceitos fundamentais em economia e está
apto a compreender/analisar, ainda que de modo geral, o mundo/sociedade em
que vivemos principalmente no âmbito dos negócios, cenário onde a economia
se faz presente continuamente.
38 - 39
1.Por que a economia é uma ciência da escassez ou das escolhas?
2.O que a curva de possibilidades de produção explica?
3.O que é custo de oportunidade? Exemplifique.
4.Explique os três problemas econômicos fundamentais que todas as sociedades
enfrentam.
5.De que modo se constitui o fluxo circular de renda?
MATERIAL COMPLEMENTAR
Introdução à Economia: Princípios de Micro e Macroeconomia
MANKIW, N. Gregory
Editora: Campus
Sinopse: Esta é uma introdução à economia totalmente voltada para
os estudantes da graduação. Com questões e conteúdos atuais, o livro
mostra a relação entre economia, política e atualidade e busca dar ao
estudante uma base sólida de conhecimentos dos principais tópicos
da Economia. O objetivo desse livro é ajudar os estudantes a aprender
as lições fundamentais de economia e mostrar-lhes que essas lições
podem ser aplicadas ao mundo em que vivem.
CONCEITOS FUNDAMENTAIS EM ECONOMIA
INTRODUÇÃO À
MICROECONOMIA
UNIDADE
Professora Me. Andréia Moreira da Fonseca Boechat
II
Objetivos de Aprendizagem
■■ Discutir os fundamentos da teoria do consumidor.
■■ Entender a teoria da demanda.
■■ Estudar a teoria da oferta.
■■ Compreender o equilíbrio de mercado.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Fundamentos da teoria do consumidor
■■ Teoria da demanda
■■ Teoria da oferta
■■ Equilíbrio de mercado
42 - 43
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
INTRODUÇÃO
Olá, caro(a) acadêmico(a),
Seja bem-vindo(a) à segunda unidade do nosso livro Economia e Sociedade.
Agora que você já conhece alguns conceitos básicos e fundamentais para o entendimento da economia e já sabe que esta ciência tão fantástica é dividia em duas
grandes áreas, microeconomia e macroeconomia, poderemos dar início ao estudo
da primeira grande área, a qual irá fazer uma introdução à microeconomia.
Então, nesta segunda unidade, irei apresentar a você como os agentes econômicos família e empresa tomam suas decisões de compra e venda de bens e
serviços e como o preço e quantidade são formados. Para atingir o objetivo principal, a unidade está dividia em quatro tópicos.
No primeiro tópico, discutiremos os fundamentos da teoria do consumidor, que mostra como os consumidores escolhem quais são os bens e serviços
que irão demandar e em qual quantidade. Na segunda parte, apresentarei a tão
famosa teoria da demanda, onde definiremos demanda e veremos quais são os
fatores que afetam a demanda, tanto aumentando-a quanto reduzindo-a.
No terceiro tópico, estudaremos o outro lado da relação, ou seja, a lei da
oferta. Aqui será apresentado o lado da empresa e o que faz com que ela aumente
ou reduza a quantidade que ela deseja produzir e vender. E para finalizar a unidade, veremos as curvas de demanda e de oferta atuando conjuntamente. E é
nesta relação que o preço e quantidade que conhecemos são formados.
Bons estudos e um forte abraço,
Prof.ª Me. Andréia Moreira da Fonseca Boechat
FUNDAMENTOS DA TEORIA DO CONSUMIDOR
Na unidade I, foi apresentado que família e empresa são agentes econômicos e
fazem parte do sistema econômico. Neste tópico, estudaremos apenas as famílias, que são os consumidores e seus comportamentos em relação às decisões
Introdução
II
©shutterstock
■■ Excluindo a poupança, os consumidores gastam toda sua renda em bens
e serviços.
■■ Os consumidores gastam sua renda em mais de um bem ou serviço, ou
seja, possuem cestas de bens, que veremos mais para frente.
■■ Como vimos, as necessidades humanas são ilimitadas, por este motivo,
os consumidores raramente estão satisfeitos com a quantidade de produtos comprados.
■■ Os consumidores procuram maximizar1 a satisfação total, dado sua renda
e os preços dos bens.
A partir dessas características, sabemos que as pessoas têm preferência por alguns
bens e serviços em relação a outros, ou seja, os consumidores, também conhecidos como famílias, são capazes de colocar as cestas de bens e serviços em ordem,
de acordo com suas preferências. Estas cestas serão compostas por quantidades
somente de dois bens e ou serviços. Essa situação pode ser representada a seguir:
1 Maximizar significa atribuir um valor mais alto possível.
INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
de consumo. Você saberia me dizer
quais são os fatores que os consumidores levam em consideração ao
escolher um determinado conjunto
de bens e serviços?
No geral, os consumidores possuem algumas características na
relação entre a renda disponível e
a escolha por bens e serviços. Você
saberia me dizer quais são estas
características? Você, por exemplo,
como escolhe um determinado bem
ou serviço?
As características que a maioria
dos consumidores tem são, segundo
Mendes (2009):
44 - 45
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
C = (Q1, Q2)
Onde:
C – cesta de bens e serviços
Q1– quantidade do bem ou serviço 1
Q2– quantidade do bem ou serviço 2
Mas como essa escolha por determinada cesta de bens e serviços é feita? A escolha que o consumidor faz por determinadas cestas de bens e serviços em relação
a outras é feita à partir de três pressupostos2:
■■ Mais é melhor do que menos – os consumidores preferem maiores quantidades a menores.
■■ A preferência é completa – os consumidores são capazes de comparar
duas ou mais cestas de bens e serviços e escolher a que mais o agrada.
■■ A preferência é transitiva – dados três cestas, A, B e C, e comparando duas
cestas por vez, entre A e B, o consumidor prefere a cesta A. Entre B e C, o
consumidor prefere a cesta B. Então, entre A e C, o consumidor irá preferir a cesta A. Essa situação pode ser vista no esquema abaixo.
A>B
B>C
Então, A >C
Para melhor entender o terceiro pressuposto, vamos pensar no seguinte exemplo: José, nosso consumidor, possui três cestas de bens e serviços disponíveis, A,
B e C, dado a sua renda e o preço dos bens, conforme situação abaixo.
Cesta A = (2 canetas, 3 borrachas)
Cesta B= (1 caneta, 2 lápis)
Cesta C = (1 lápis e 2 borrachas)
Entre a cesta A e a cesta B, José prefere a cesta A. Entre a cesta B e a cesta C, ele
escolherá a cesta B. Então, como a A ganhou da B, e a B ganhou da C, se compararmos as cestas A e C, José preferirá a A.
2 Pressuposto é uma hipótese, ou seja, estamos partindo do princípio de alguma coisa.
Fundamentos da Teoria do Consumidor
II
UTILIDADE
Os pressupostos da teoria do consumidor mostram as preferências de um determinado consumidor através de uma função, a chamada função utilidade, que
é definida por Mendes (2009) como sendo o benefício ou satisfação que o consumo de um bem ou serviço poderá gerar a uma pessoa. A função utilidade pode
ser representada como sendo:
Onde:
U– utilidade
f – uma representação matemática que significa “em função de que”
Q1– quantidade do bem 1
Q2– quantidade do bem 2
Existem dois tipos de utilidade, a total e a marginal. A utilidade total é a satisfação completa (total) pelo consumo de todas as quantidades consumidas de um
determinado bem ou serviço. A utilidade total é crescente até um certo ponto, o
chamado ponto de saturação, após esse ponto, ela vai decrescendo.
Diferente da utilidade total, a utilidade marginal é a satisfação gerada pelo
consumo de uma unidade a mais de um determinado bem ou serviço. A utilidade marginal explica uma das características que foram citadas no início desta
unidade, a que o consumidor não gasta toda a sua renda em um único bem ou
serviço, pois, se formos explicar de forma bem radical, ele enjoa.
Diferente da utilidade total, a utilidade marginal é decrescente, ou seja, reduz
à medida que a pessoa vai consumindo quantidades adicionais de um bem ou
serviço, mantendo os demais constantes.
Para melhor entendimento da diferença entre utilidade total e marginal,
Mendes (2009) apresenta um exemplo que iremos utilizar com algumas alterações. Imagine José, nosso consumidor, no deserto do Saara, morrendo de sede.
Ele encontra um vendedor de água e como está com sede e tem dinheiro comprará copos de água. Para o primeiro copo, José está disposto a pagar um valor
INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
U = f (Q1, Q2)
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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muito alto pela água, por exemplo, 70 reais, pois o grau de satisfação que o consumo deste copo trará é muito alto. Já, no segundo, José está disposto a pagar um
valor ainda alto, mas não tão alto quanto pagou pelo primeiro copo, por exemplo, 50 reais. E assim sucessivamente, até chegar ao décimo copo, no qual José
não está mais disposto a pagar nada pela água, pois o décimo copo não trará
mais benefícios ao nosso consumidor. E se continuarmos analisando cada possível copo consumidor chegaremos a um valor negativo, ou seja, o consumo, por
exemplo, do décimo primeiro copo gera uma repulsa.
Colocando essa situação na tabela abaixo.
QUANTIDADE DE COPOS DE ÁGUA
UTILIDADE TOTAL
UTILIDADE MARGINAL
0
0
-
1
70
70
2
120
50
3
165
45
4
190
25
5
210
20
6
225
15
7
235
10
8
240
5
9
242
2
10
243
1
Tabela 1: Utilidades Total e Marginal do consumo de copos de água por José
Fonte: Mendes (2009)
A Tabela 1 representa as utilidades total e marginal de José ao consumir os
copos de água. Como você vê, o valor que José está disposto a pagar por cada
copo reduz à medida que o consumo aumenta, sendo o primeiro copo 70 reais,
e o décimo copo, apenas um real. Então, você percebeu que a utilidade marginal foi caindo, ou seja, o grau de satisfação de José por cada copo de água
reduz ao longo do consumo. Já a utilidade total, que é a soma de todas as utilidades, aumentou.
Para melhor visualizar esta situação, vamos representá-la em um gráfico.
Fundamentos da Teoria do Consumidor
II
U
Utilidade Total
Q
Gráfico 2: Representação das curvas de utilidades total e marginal
Fonte: elaborado pela autora
O Gráfico 2 confirmou o que eu vinha afirmando até agora sobre a função utilidade: a utilidade total aumenta conforme aumenta a quantidade consumida de
um determinado bem ou serviço, e a utilidade marginal decresce à medida que
aumenta o consumo de um determinado bem ou serviço.
Nada é mais útil do que a água, mas dificilmente, ela nos permitirá comprar
algo escasso... Um diamante, em contraste, em escasso de valor de uso, mas
uma grande quantidade de outros bens, frequentemente, ser trocada por ele.
Smith (1976, apud CARVALHO et al. 2008)
Na prática, essa situação acontece em um rodízio de pizzas ou carnes, por exemplo: quando chegamos ao restaurante, estamos com tanta fome que o primeiro
pedaço de pizza gera um grau de satisfação enorme. Porém, conforme vamos
comendo, nossa fome vai acabando, e a satisfação gerada vai reduzindo até chegar
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Utilidade marginal
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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ao ponto em que não queremos mais pizza e
pedimos ao garçom para não oferecer mais
(utilidade marginal negativa).
É importante observar que representei a utilidade tanto total como marginal,
através de dinheiro, mas apenas para facilitar o entendimento. Como a utilidade é a
©shutterstock
satisfação gerada pelo consumo de bem ou
serviço, não é fácil quantificar, pois o grau de satisfação é diferente para cada pessoa.
Então, utilidade não é medida através de números e sim pelo grau de satisfação.
CURVA DE INDIFERENÇA
Outra curva importante que deve ser analisada, antes de estudarmos a teoria da
demanda de fato, é a curva de indiferença, que mostra as cestas que o consumidor considera indiferente, ou seja, as possíveis cestas que o consumidor desejaria
adquirir, de acordo com os pressupostos que estudamos no início da unidade.
Claro que irei apresentar a curva de indiferença de forma simplificada, pois este
é um livro de introdução à economia.
Vamos supor que José consuma refrigerante e pipoca, conforme a sua renda
e o preço destes bens, existem quatro cestas disponíveis.
CESTA
QUANTIDADE DE REFRIGERANTES
QUANTIDADE DE PIPOCAS
C1 (1,4)
1
4
C2 (2,3)
2
3
C3 (3,2)
3
2
C4 (4,1)
4
1
Tabela 2: Cestas de José compostas por refrigerantes e pipocas
Fonte: elaborada pela autora
A tabela 2 mostra quatro cestas compostas por refrigerantes e pipocas que José
pode adquirir observando a sua renda e o preço dos bens. Representando a tabela
2 em gráfico para melhor visualização:
Fundamentos da Teoria do Consumidor
II
Refrigerantes
4
c1
3
c2
2
c3
0
c4
1
2
3
4
Curva de indiferença
Pipocas
Gráfico 3: Curva de indiferença de José para refrigerantes e pipocas
Fonte: elaborado pela autora
Conforme pode ser visto no Gráfico 3, qualquer cesta sobre a curva de indiferença é, como o nome já diz, indiferente para José adquirir. Podemos ver também
que, assim como na curva de utilidade marginal, a curva de indiferença é negativamente inclinada. O motivo é que, de acordo com os pressupostos da teoria
do consumidor, “mais é melhor do que menos”.
TEORIA DA DEMANDA
Agora vamos começar o estudo da teoria de demanda, pois até este momento
vimos os fundamentos da teoria do consumidor. A teoria da demanda tem como
objetivo tratar das necessidades dos consumidores, ou seja, procura explicar o
comportamento do consumidor ao escolher bens e serviços.
Na unidade I, você viu que qualquer economia procurar responder a quatro
perguntas básicas: O que produzir? Quanto produzir? Para quem produzir? Como
INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
1
50 - 51
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
produzir? Destas, as três primeiras são respondidas pela teoria do consumidor.
Mas o que é demanda?
Passos e Nogami (2012) definem demanda como sendo a quantidade de
um determinado bem ou serviço que um consumidor deseja e está capacitado
a comprar, por unidade de tempo. A palavra “deseja” está em destaque porque a
demanda é uma intenção de compra e não a compra efetiva.
Outros três elementos devem ser discutidos sobre a definição de demanda:
a. Só existe demanda se a pessoa puder pagar pelo bem ou serviço. Se não
puder pagar, não há demanda. Então, sonho de consumo que muitas vezes
temos não é considerado demanda, pois não podemos pagar por ele.
b. O conceito de demanda está relacionado à ideia de utilidade. Isto mesmo,
aquela utilidade que vimos no tópico 1 desta unidade. Só existirá demanda
se aquele bem ou serviço gerar algum tipo de satisfação para o consumidor. Se não gera satisfação, não há demanda, pois quem irá desejar um
bem ou serviço sem utilidade?
c. A demanda vem sempre acompanhada da unidade tempo, pois a demanda
altera com o tempo. Se a demanda é uma intenção de compra conforme
a renda e o preço do bem, com o tempo o preço altera e a renda também,
então, a demanda é alterada. Podemos concluir então que a demanda é
dinâmica!
Agora que você já sabe o conceito de demanda, vamos representá-la graficamente? A curva de demanda é representada, conforme Gráfico 4.
P
D
Q
Gráfico 4: Representação da curva de demanda
Fonte: elaborado pela autora
Teoria da Demanda
II
PREÇO DO INGRESSO
QUANTIDADES DE IDA AO CINEMA
15
1
12
2
10
3
7
4
5
5
Tabela 3: Demanda por ingressos para cinema de José
Fonte: elaborada pela autora
INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Conforme visto no Gráfico 4, a curva de demanda
(D) é a relação entre preço (P) e quantidade (Q)
e é negativamente inclinada. Você sabe me responder por que a curva de demanda é negativamente
inclinada?
A curva de demanda é negativamente inclinada
porque conforme o preço aumenta, a quantidade que
os consumidores estão dispostos a adquirir reduz,
pois se o preço aumentar os consumidores irão substituir o consumo de um bem pelo seu substituto. Esse
efeito é chamado de efeito substituição.
Outro motivo que faz com que a curva de
demanda seja negativamente inclinada é o chamado efeito renda, que nos diz que, ao aumentar
a renda, o consumidor irá demandar quantidades
maiores de um determinado bem.
Então, a utilidade marginal que estudamos explica que a curva de demanda é
negativamente inclinada, pois, conforme o preço altera, a quantidade demandada
altera também (efeito substituição), e alterações na renda alteram a quantidade
demandada (efeito renda).
Para facilitar a explicação acima, vou mostrar um exemplo. José, nosso consumidor, deseja ir ao cinema ver os filmes que acabaram de ser lançados. Nesse
exemplo, cinema é nosso bem. Dependendo do preço do ingresso, José está disposto a ir mais de uma vez ao mês ao cinema, conforme Tabela 3.
52 - 53
Analisando a tabela 3 e a representando graficamente, podemos ver que, conforme o preço do ingresso para o cinema se reduz, a quantidade demandada, ou
seja, a quantidade de vezes que José está disposto a ir ao cinema aumenta, o que
faz com que a curva de demanda seja negativamente inclinada.
P
15
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12
10
7
5
0
1
2
3
4
5
Q
Gráfico 5: Representação da curva de demanda de José para ingressos de cinema.
Fonte: elaborado pela autora
Claro que o gráfico representa a curva de demanda de apenas um consumidor,
mas também temos a curva de demanda de mercado, que é a soma das curvas
de demanda individuais de um determinado bem que está sendo vendido a um
determinado preço. Independente de ser curva de demanda individual ou de mercado, ela será sempre negativamente inclinada, pelos motivos que já explicamos.
FATORES QUE AFETAM A CURVA DE DEMANDA
Após entender o conceito de demanda e o que de fato significa para a ciência econômica, vou apresentar a você alguns fatores que afetam a curva de demanda, tanto
positiva quanto negativamente, ou seja, fatores que fazem com que a demanda
aumente ou diminua e um fator que determina a demanda.
O fator que determina a demanda é o preço do bem ou serviço em questão.
Neste caso, como discutimos até agora, um aumento do preço faz com que a
quantidade que os consumidores estão dispostos a consumir reduza e vice-versa.
Teoria da Demanda
II
Assim, não há um deslocamento da curva de demanda, apenas os pontos sobre
a curva que deslocam, nós chamados isso de alteração na quantidade demandada e não alteração na demanda.
Já os fatores que a afetam, e portanto deslocam a curva de demanda para
a direita ou para a esquerda, são diversos e irei apresentar a você alguns deles.
a. Renda.
b. Preço dos bens complementares.
d. Propaganda.
e. Expectativa sobre o futuro.
f. Fatores Climáticos.
g. Hábitos/costumes.
h. Entre outros.
Vamos ver cada um deles?
a) Renda
A renda é um dos principais fatores que afetam a curva de demanda. Então, de
acordo com a renda, os consumidores irão escolher qual das cestas de produtos
disponíveis irá demandar. A partir da variação da renda e do impacto que esta
variação causa na quantidade demandada, os bens podem ser classificados em:
■■ Normal – quando há um aumento de renda, a quantidade demanda do
bem ou serviço aumenta. A maioria dos bens são normais, pois quando
a pessoa tem um aumento de renda, ela passa a demandar mais daquele
bem. Neste caso, a curva de demanda se desloca para a direita, ou seja,
para cima.
■■ Inferior – quando há aumento da renda, a pessoa passa a consumir menos
daquele bem. Por exemplo, se José, nosso consumidor, tiver um aumento
de salário, ele passará a consumir mais carne de primeira. Nesse caso, a
curva de demanda para carne de segunda se desloca para a esquerda, ou
seja, para baixo.
INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
c. Preço dos bens substitutos.
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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
■■ Consumo saciado – independe da renda, a quantidade de demanda será
a mesma, ou seja, mesmo que José passe a receber um salário maior ou o
preço do bem reduza, ele não irá demandar mais ou menos quantidades,
por exemplo, de sal. Nesse caso, a curva de demanda não se desloca, pois
não há aumento ou redução da demanda.
b) Preço dos bens complementares
Bens complementares são os bens que são consumidos juntos como, café e açúcar, arroz e feijão, pão e manteiga etc. Então, se o preço de um bem aumentar
(café), a quantidade demandada de café e do seu complementar, que é o açúcar,
reduzirá, deslocando a curva de demanda para a esquerda.
c) Preço dos bens substitutos
Bens substitutos são aqueles bens que têm, praticamente, as mesmas características e por esse motivo podem ser substituído um pelo outro. Por exemplo,
bolo de chocolate e bolo de coco; manteiga e margarina; pão francês e pão de
forma, entre outros.
Como são bens que podem ser substituídos, quando o preço de um aumentar,
por exemplo, da manteiga, a quantidade demandada de manteiga cairá e a quantidade demandada do seu substituto, no caso, da margarina, aumentará. Neste
caso, a curva de demanda de manteiga se desloca para a esquerda, ou seja, para
baixo e a curva de demanda de margarina se desloca para a direita.
d) Propaganda/Marketing
A propaganda/marketing cria uma necessidade de consumo. Então, é um instrumento muito utilizado para aumentar a quantidade demanda de determinados
bens e serviços, deslocando a curva de demanda para a direita.
e) Expectativa sobre o futuro
Outro fator que afeta a curva de demanda é a expectativa que o consumidor tem
em relação ao futuro. Se José acredita que receberá um aumento daqui a noventa
dias, a demanda dele aumentará hoje, caso contrário, se ele está em aviso prévio, a demanda dele reduzirá.
Teoria da Demanda
II
IMPORTÂNCIA DO MARKETING NA ECONOMIA
A economia está diretamente ligada ao marketing e, cada vez mais, esta ligação será mais forte, pois a movimentação financeira é consequência do
consumismo, que ganha força através do marketing e da propagando.
Para ler a reportagem na íntegra, acesse: <http://www.agencianoticias.com.
br/2012/03/01/importancia-do-marketing-na-economia/>.
g) Hábitos/costumes
A demanda de alguns bens varia conforme o hábito e costume da região. Por
exemplo, na Índia a vaca é sagrada, então a demanda por carne bovina é quase
nula, enquanto no Brasil é alta.
h) Entre outros
Citei alguns fatores que afetam a curva de demanda, mas temos diversos outros.
É importante lembrar que qualquer fator que aumente a demanda deslocará a
curva de demanda para a direita, conforme Gráfico 6. Em compensação, qualquer fator que reduz a demanda desloca a curva de demanda para a esquerda,
conforme Gráfico 7.
O Gráfico 6 mostra o deslocamento da curva de demanda para direita, ou
seja, quando algum dos fatores que estudados acima aumenta a demanda, por
exemplo, aumento da renda, aumento do preço do bem substituto etc.
O Gráfico 7 mostra o deslocamento da curva de demanda para esquerda,
ou seja, quando algum dos fatores que estudados acima reduz a demanda, por
exemplo, redução da renda, redução do preço do bem complementar, etc.
INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA
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f) Fatores Climáticos
O clima é outro fator que afeta a curva de demanda. No inverno, a demanda
por biquínis reduz, enquanto a demanda por calças aumenta. Outro exemplo,
a demanda de aquecedor na região Norte do Brasil é quase nula, pois não tem
clima para utilizar esse tipo de aparelho, enquanto a demanda por ar condicionado na Noruega é baixa.
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P
P
D´
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
D
D´
Q
Gráfico 6: Deslocamento da curva de
demanda para a direita
Fonte: elaborado pela autora
Gráfico 7: Deslocamento da curva de demanda
para a esquerda
Fonte: elaborado pela autora
Não podemos deixar de observar que, quando falamos em uma alteração na
quantidade demandada em função de uma variação no preço do próprio bem,
a curva de demanda não se desloca, alterando apenas os pontos sobre a curva.
ELASTICIDADES
Outro conceito muito importante no estudo da teoria do consumidor é a elasticidade, que pode ser definida, segundo Mendes (2009), como uma medida
de resposta que compara a mudança percentual de uma variável devido a uma
mudança percentual em outra variável, em outras palavras, sabemos, por exemplo, que a redução do preço de um bem aumenta a demanda deste bem, mas
não sabemos em exatamente quanto. E é esse impacto que a elasticidade mostra.
Existem três tipos de elasticidades:
a) Elasticidade preço
A elasticidade preço mostra o impacto da variação do preço na quantidade
demanda de um determinado bem ou serviço. Neste caso, os bens ou serviços
podem ser classificados em:
Teoria da Demanda
D
Q
II
i. Elásticos, quando a elasticidade preço for maior do que 1.
Isto significa que conforme o preço aumenta, a quantidade de demanda
reduz. Por exemplo, se o preço aumentou em 1%, a quantidade demandada reduzirá em mais do que 1%.
Em geral, bens não muito essenciais são elásticos, como lazer e vestuário.
ii. Inelásticos, quando a elasticidade preço for menor do que 1.
Em geral, os bens mais essenciais são inelásticos, como combustível e
alimentos.
iii.Elasticidade unitária, quando a
elasticidade preço for igual a 1.
Isto significa que um aumento no
preço reduz a quantidade demandada na mesma porporção, ou
seja, um aumento de 1% no preço
acarreta uma redução de 1% na
quantidade demandanda. Um
exemplo é o sal.
©shutterstock
Alguns fatores fazem com que o bem ou serviços sejam mais elásticos do
que outros. Podemos citar, de acordo com Mendes (2008):
■■ Grau de essencialidade do produto.
Quanto mais essencial ou necessário for o bem, mais inelástico ele será
como, por exemplo, a água. Mesmo que o preço aumente, não tem
como substitui a água tão facilmente, então, a quantidade de demanda
não alterará.
■■ Disponibilidade de produtos substitutos para o bem considerado.
Quanto maior for o número de bens substitutos para o produto em
questão, mais elástico ele será. Por exemplo, refrigerantes. Caso o preço
do refrigerante aumente, podemos substituí-lo por suco, água, outra
marca de refrigerante.
■■ Número de utilizações que se pode dar ao produto.
Quanto maior for o uso do produto, maior será a elasticidade. Por
INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Isto significa que conforme o preço aumenta, a quantidade demandada
não reduz de forma significativa, permanecendo mais ou menos constante. Por exemplo, se o preço aumentar em 1%, a quantidade demandada
reduz em menos do que 1%.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
exemplo, a soja. Se o preço do óleo de
soja varia, a soja poderá ser utilizada
para outros fins, como farelo.
■■ Proporção da renda gasta com produtos
Quanto maior for a renda proporcional
gasta com um produto, mais elástico ele
será. Por exemplo, se o preço de uma
televisão aumenta, a demanda reduzirá mais do que se o preço do açúcar
aumentar, mantendo a renda constante.
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58 - 59
b) Elasticidade preço cruzada
A elasticidade preço cruzada mede o impacto da variação do preço de um bem
na quantidade de demanda do outro bem. Neste caso, os bens podem ser substitutos ou complementares.
Se após o cálculo da elasticidade preço cruzada, o valor for positivo, os bens
ou serviços analisados são substitutos. Se for negativo, os bens ou serviços são
complementares.
c) Elasticidade renda
A elasticidade renda mede o impacto da variação da renda na quantidade demandada de um determinado bem. Como já estudados, se a renda aumenta e a
quantidade demandada também aumenta, o bem é normal e neste caso, o coeficiente será positivo. Caso contrário, o bem é inferior, e o resultado da elasticidade
renda é negativo.
TEORIA DA OFERTA
No início da segunda unidade, na teoria da demanda, estudamos o lado do consumidor na teoria da demanda, agora iremos analisar o outro lado, o do produtor, em
outras palavras, a oferta. Então, a teoria da oferta analisa os principais aspectos relacionados à oferta de mercado, ou melhor, estuda o comportamento das empresas.
Teoria da Oferta
II
Sintetizando, a teoria da oferta estuda a resposta do produtor aos incentivos de
mercado, incentivos esses relacionados à quantidade demandada, custos, incentivos governamentais, disponibilidade de fatores de produção etc.
Mas, então, o que é oferta? A oferta pode ser definida, segundo Passos e
Nogami (2012), como a quantidade de um bem ou serviço que uma determinada empresa deseja vender, por unidade de tempo. Mais uma vez, a palavra
“deseja” está em negrito, isto porque, dependendo do preço do bem, as empresas têm um incentivo para aumentar a produção, mas não significa que de fato
aumentem, pois aumentar a produção depende de outros fatores e não somente do
preço que a empresa deseja vender
P
seu produto, até porque nem sempre o preço desejado é o preço pelo
qual o produto é vendido de fato.
Outra observação se dá em relaO
ção à “unidade de tempo”. Vimos na
teoria da demanda que esta se altera
com o tempo. A oferta tem o mesmo
funcionamento, com o tempo, ela
poderá ser alterada.
Q
E como a curva de oferta é
representada? A curva de oferta é
Gráfico 8: Representação da curva de oferta
representada conforme Gráfico 8.
Fonte: elaborado pela autora
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Você percebeu que o formato da curva de oferta é oposto da curva de
demanda, já que a curva de oferta é positivamente inclinada! Vamos ver o motivo?
Imagine uma empresa que venda sanduíches congelados e que tem a seguinte
oferta:
PREÇO POR SANDUÍCHE
QUANTIDADE OFERTADA (MILHÕES DE SANDUÍCHES)
5
18
4
16
3
12
2
7
1
0
Tabela 4: Oferta de uma empresa hipotética de títulos de capitalização
Fonte: elaborada pela autora
Pela tabela 4, você percebeu que, conforme o preço do sanduíche congelado reduz,
a quantidade que a empresa deseja vender diminuiu também, fazendo com que
a curva seja positivamente inclinada. Transformando a tabela 4 em um gráfico:
P
5
O
4
3
2
1
Q
0
7
12
16
18
Gráfico 9: Representação da curva de oferta para empresa hipotética de sanduíches congelados.
Fonte: elaborado pela autora
O gráfico 9 confirmou o que a tabela 4 mostrou, conforme o preço do sanduíche
congelado reduziu, a quantidade que a empresa deseja vender também diminuiu,
Teoria da Oferta
II
FATORES QUE AFETAM A CURVA DE OFERTA
Agora que você conhece o conceito de oferta, vou apresentar alguns fatores que
afetam positiva e negativamente a curva de oferta. Assim como na demanda,
o preço do bem ou serviço afeta a curva de oferta, mas não a desloca. Quanto
maior for o preço, maior será a quantidade ofertada. Caso contrário, se o preço
diminuiu, a quantidade ofertada também diminuiu.
Já os fatores que afetam e deslocam a curva de oferta, segundo Mendes
(2009), são:
a) Preço dos insumos
Um aumento no preço dos insumos aumenta os custos da empresa e podem
reduzir a produção, pois caso não seja repassado ao preço final, a empresa terá
menos lucro, deslocando a curva de oferta para a esquerda.
b) Tecnologia
A tecnologia é uma ótima forma de aumentar a produção, utilizando a mesma
quantidade de fatores de produção, assim, reduzindo os custos e aumentando a
oferta, deslocando a curva de oferta para a direita.
INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA
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chegando ao ponto que a R$1,00 a empresa não está
disposta a vender nenhum sanduíche
Qual a explicação para que, ao preço de R$
1,00 a empresa não esteja disposta a vender o produto?
A preços muito baixos, as empresas não
têm incentivo para aumentar sua produção
e poderão ofertar outro tipo de produto, no
caso, outro tipo de lanche congelado, como
um cachorro-quente que tenha um preço
de mercado mais alto.
c) Preço dos produtos competitivos
Quando falamos em produtos competitivos nos referimos a produtos alternativos do processo de produção, ou seja, são produtos que utilizam mais ou
menos o mesmo processo produtivo. Neste caso, a empresa escolherá produzir e vender aquele produto
que tem um preço de mercado
mais alto. Essa foi a situação no
nosso exemplo da empresa hipotética de sanduíches congelados,
no qual ao preço de R$1,00 a
empresa optaria em oferta outro
tipo de sanduíche.
Além dos fatores citados
acima, ainda temos:
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d) Políticas do governo
Dependendo da política pública do governo, a empresa tem incentivo para
aumentar ou reduzir a produção. Por exemplo, subsídio3 é um incentivo para
as empresas aumentarem a produção. Os subsídios acontecem principalmente
no setor agropecuário.
e) Influências especiais
As influências especiais, como
uma condição meteorológica,
afeta alguns setores, e fazem com
que as empresas aumentam ou
reduzem a produção. Por exemplo,
uma chuva causa uma redução na
produção dos agricultores, reduzindo a oferta.
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3 Subsídio é um tipo de imposto negativo, onde a governo paga uma parte dos custos de produção para os produtores
aumentarem ou passarem a produzir aquele produto que o governo quer desse volver o setor.
Teoria da Oferta
II
Como vimos, alguns fatores afetam a deslocam a curva de oferta para a direita
ou para a esquerda. Qualquer fator que reduza custos, é um incentivo para a
empresa aumentar a produção, deslocando a curva de oferta para a direita, essa
situação pode ser vista no Gráfico 10.
P
O
Q
Gráfico 10: Deslocamento da curva de oferta para a direita.
Fonte: elaborado pela autora
Agora qualquer fator que aumente o custo, ou que reduza o lucro, é um incentivo para a empresa reduzir a produção, deslocando a curva de oferta para a
esquerda, conforme Gráfico 11.
P
O´
O
Q
Gráfico 11: Deslocamento da curva de oferta para a esquerda
Fonte: elaborado pela autora
INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O´
64 - 65
Não posso deixar de observar que, quando falamos em uma alteração na quantidade ofertada, em função de uma variação no preço do próprio bem, a curva
de oferta, assim como a curva de demanda, não se desloca, alterando apenas os
pontos sobre a curva, do mesmo que a curva de demanda.
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ELASTICIDADE PREÇO DA OFERTA
Como vimos no subtópico acima, o produto responde a alterações no preço e
esta resposta pode ser medida através da elasticidade-preço da oferta. Então,
Mendes (2009) define elasticidade-preço da oferta como mudança percentual
na quantidade ofertada de um bem ou serviço em resposta a uma variação no
preço, mantendo os demais fatores constantes.
Assim como na demanda, a elasticidade-preço da oferta pode ser de três tipos:
■■ Elástica
Uma oferta é elástica quando o coeficiente é maior do que 1. Então, um
aumento nos preços em 1% faz com que a quantidade ofertada aumente
mais do que 1%.
■■ Inelástica
Uma oferta é inelástica quando o coeficiente é menor do que 1. Então, um
aumento nos preços em 1% faz com que a quantidade ofertada aumente
menos do que 1%.
■■ Elasticidade Unitária
Uma oferta tem elasticidade unitária quando o coeficiente é igual a 1.
Então, um aumento nos preços em 1% faz com que a quantidade ofertada aumente exatamente 1%.
Teoria da Oferta
II
EQUILÍBRIO DE MERCADO
P
O
P´
E
D
Q´
Q
Gráfico 12: Equilíbrio em um mercado competitivo
Fonte: elaborado pela autora
Analisando o Gráfico 12, podemos perceber que o ponto onde as curvas de oferta
(O) e demanda (D) se encontram é o ponto de equilíbrio (E), e este ponto mostra
o preço e quantidade negociadas no mercado, P’ e Q’ respectivamente. Qualquer
preço acima de P’, significa que haverá mais oferta do que demanda, ou seja, teremos um excesso de oferta e, pela lei da oferta e da demanda, oferta maior que
INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA
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Até aqui, estudamos o comportamento dos consumidores e das empresas separadamente, mas sabemos que no mundo real, a oferta e a demanda atuam
conjuntamente, e o preço e a quantidade que são vendidas no mercado se dá
quando as duas curvas (oferta e demanda) se interceptam.
Agora irei apresentar a você o equilíbrio em mercados competitivos, ou seja,
mercados que são formados por um grande número de compradores e vendedores. Observei que o equilíbrio discutido aqui ocorre em mercados competitivos,
pois temos outros mercados, como os poucos competitivos e os sem competição, no qual o equilíbrio se dá em outro ponto, ou seja, funciona de outra forma
a relação entre demanda e oferta, sendo o preço formado em um ponto mais
alto, mas isto será visto na Unidade III no nosso livro.
O equilíbrio em mercados competitivos pode ser visto no Gráfico 12 a seguir.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
66 - 67
demanda faz com que o preço abaixe. Então, pontos acima de P’ fazem com que
sobrem produtos no mercado e o preço automaticamente reduzirá.
Agora, temos o caso contrário também, qualquer ponto abaixo de P’, significa
que teremos um excesso de demanda, ou seja, mais pessoas desejando adquirir o bem ou serviço do que empresas dispostas de vender. Nesse caso, o preço
aumentará, de modo a chegar o ponto E, que é o ponto de equilíbrio.
Todos os fatores que estudamos nos tópicos anteriores e que afetam as curvas de demanda, como renda, preço dos produtos complementares e substitutos,
expectativa sobre o futuro, entre outros e todos os fatores que vimos que afetam
a curva de oferta como, tecnologia, preço dos produtos relacionados, interferência governamental etc. afetam o ponto de equilíbrio.
O governo também pode afetar o ponto de equilíbrio, através de:
A) FIXAÇÃO DE PREÇOS MÍNIMOS
Acontece quando o governo fixa o preço mínimo que seria vendido no mercado.
Esse instrumento tem como objetivo beneficiar o produtor, de forma a garantir
um nível de preço superior ao preço de equilíbrio. Um exemplo seria o mercado
PREÇO MÍNIMO DA CARNE SUÍNA SERÁ APROVADO NESTE ANO.
Ainda em 2013, um programa para fixação do preço mínimo da carne suína deve ser aprovado no Brasil. De acordo com o Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (MAPA), a política de garantia de preços mínimos
para a carne suína deve estar no mesmo modelo do preço mínimo da laranja, que foi aprovado a pouco tempo. A Associação Brasileira dos Criados de
Suínos se pronunciou sobre o programa e disse que a medida é fundamental para o crescimento do setor.
Resumo do texto extraído de <http://www.portaldoagronegocio.com.br/
noticia/preco-minimo-da-carne-suina-sera-aprovado-neste-ano-diz-nerigeller-100195>. Acesso em: 17 nov. 2013
Equilíbrio de Mercado
II
de trabalho, através de fixação do salário mínimo. Outro mercado que participa
dessa política é o mercado agrícola, no qual o governo se compromete a adquirir a produção caso o preço de mercado esteja abaixo do preço fixado.
B) FIXAÇÃO DE PREÇOS MÁXIMOS
C) SUBSÍDIOS
Neste caso, o governo, com o objetivo muitas vezes de desenvolver determinados setores, paga uma parte dos custos produtivos da empresa, que terá incentivo
para aumentar a quantidade ofertada e ou reduzir preço. Com subsídio o preço
fica abaixo de P1.
D) CONGELAMENTO E TABELAMENTO DE PREÇOS
Muito utilizado na década de 1980 e no início da década de 1990 para combater a inflação. O governo congela preços e ou salários, de forma a definir o P’.
INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Acontece quando o preço vendido no mercado está muito alto e o governo, com
o objetivo de defender o consumidor, estabelece um preço máximo que as empresas podem vender seus produtos. O preço máximo será sempre menor do que
o preço de equilíbrio, ou seja, abaixo de P’.
68 - 69
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CONSIDERAÇÔES FINAIS
Estamos terminando a nossa segunda unidade do livro Economia e Sociedade.
Nesta unidade, você aprendeu um pouco sobre os fundamentos da teoria do consumidor e a teoria da demanda, que procuram explicar os motivos que fazem
com que os consumidores, ou melhor, as famílias demandem/procurem por
determinados bens e serviços ao invés de outros.
Depois, estudamos o outro lado da relação, que é o lado da oferta, ou seja, o
lado da empresa. Vimos os motivos que incentivam as empresas a aumentarem
sua produção e, portanto, a oferta. Após entender demanda e oferta, você viu
que os objetivos do produtor e do consumidor são totalmente diferentes, diria,
opostos. Enquanto o consumidor deseja adquirir bens e serviços em quantidade
grande, a preços baixos e por que não dizer, com excelente qualidade, as empresas desejam obter lucro e, por isto, desejam vender seus produtos a um preço
mais alto possível.
Mas sabemos que na “vida real” nem somente a vontade do consumidor é
satisfeita nem somente a da empresa, e sim existe um acordo não formal entre
consumidores e empresas para formar o preço e a quantidade dos bens e serviços que serão negociados. Essa situação chamamos de equilíbrio de mercado,
equilíbrio este que é alterado a toda hora por diversos fatores que foram explicados ao longo da unidade.
Então, a partir de agora você, de fato, é capaz de explicar a tão famosa lei da
economia, que é a lei da oferta e da demanda e como esta lei afeta nossas vidas,
desde quando nascemos até ao final de nossas vidas. A lei da oferta e da demanda
é importante também para o estudo de outras áreas da economia, como a macroeconomia, que você estudará nas unidades IV e V do nosso livro.
Espero que esta segunda unidade tenha sido proveitosa e que você tenha se
encantando ainda mais com esta fantástica ciência, que é e economia.
Um forte abraço!
Prof.ª Me. Andréia Moreira da Fonseca Boechat
Consideraçôes Finais
1.Explique os pressupostos da teoria do consumidor.
2.Discuta, com suas palavras, o conceito de utilidade marginal e sua importância
para o estudo da economia.
3.Faça o gráfico da curva de demanda e explique três fatores que fazem com que
a curva de demanda se desloque.
4.O que significa dizer que a elasticidade preço da oferta é maior do que 1.
5.Explique, com suas palavras, duas formas que o governo tem para alterar o ponto de equilíbrio de mercado.
70 - 71
MATERIAL COMPLEMENTAR
Microeconomia
Robert S. Pindyck e Daniel L. Rubinfeld
Editora: Saraiva
Sinopse: Para quem quiser se aprofundar
ainda mais nos conhecimentos sobre
microeconomia, sugiro este livro, que
é um clássico e muito utilizado em
economia.
Roger e Eu
Diretor: Michael Moore
Ano: 1989
Sinopse: Um documentário muito
interessante que mostra o impacto do
desemprego na relação entre oferta e
demanda de toda uma comunidade
é o filme Roger e Eu. Este é um
documentário sobre o fechamento de
11 fábricas da GM, em Flit, no estado
do Michigan, nos EUA, da década de
1980, o que gerou 30 mil desempregos
e afetou a vida econômica da cidade.
Material Complementar
II
INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA
ESTRUTURAS DE MERCADO
UNIDADE
Professora Me. Andréia Moreira da Fonseca Boechat
III
Objetivos de Aprendizagem
■■ Definir mercado.
■■ Apresentar as quatro principais estruturas de mercado.
■■ Discutir as práticas ilegais que prejudicam a competição.
■■ Estudar a política antitruste brasileira.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Definição de mercado
■■ Concorrência perfeita
■■ Monopólio
■■ Concorrência monopolística
■■ Oligopólio
■■ Práticas ilegais contra a competição
■■ Política antitruste
74 - 75
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
INTRODUÇÃO
Na unidade II, vimos a teoria da demanda e a teoria da oferta separadas e depois,
ao final da unidade, discutimos o equilíbrio de mercado, ou seja, como a demanda
e a oferta atuam juntas. Porém, analisamos esta relação apenas em mercados
competitivos. Agora, vamos analisar a relação entre demanda e oferta dentro
das estruturas de mercado, que engloba as características que influenciam no
tipo de concorrência e na formação de preço.
As características citadas são o grau de concentração, ou seja, o tamanho
do mercado (número de vendedores e compradores); o grau de diferenciação
dos produtos (os produtos podem ser considerados homogêneos ou diferenciados); e as barreiras à entrada (grau de dificuldade que uma nova empresa tem
em fazer parte no mercado em questão).
Com base nestas características, os mercados podem ser classificados em
competitivos (concorrência perfeita e concorrência monopolística), pouco competitivo (oligopólio) e sem competição (monopólio).
Para atingir o objetivo, inicialmente, definiremos mercado, que é fundamental para entender as estruturas de mercado e suas características. Em seguida,
discutiremos quatro das principais estruturas de mercado, que são concorrência perfeita, monopólio, oligopólio e concorrência monopolística. Sendo as duas
primeiras situações extremas, e as demais situações intermediárias.
Para finalizar a unidade, serão apresentadas algumas práticas empresariais
consideradas ilegais pela legislação brasileira, como cartel, venda casada, fixação
de preço de revenda e preços predatórios e, por último, falarei um pouco sobre
a lei antitruste, que tem como objetivo principal assegurar a livre competição,
que é fundamental para garantir o bem-estar do consumidor.
Vamos conhecer cada uma dessas estruturas de mercado?
Bons estudos!
Introdução
III
OS MERCADOS
Com a interação entre oferta e demanda, três pressupostos1 precisam ser levados em consideração, que são:
a. Livre mercado
Por livre mercado entendemos que o mercado não sofre nenhuma influência externa como, uma política governamental, em outras palavras, as
forças de oferta e demanda atuam livremente.
b. Maximização de lucro por parte da empresa
Esse segundo pressuposto significa que as empresas desejam sempre obter
lucro. Porém, nem sempre é verdade. Muitas empresas, dependendo da sua
estratégia naquele momento, possuem outros objetivos, como aumentar
sua participação no mercado, aumentar a produção ou apenas sobreviver, como no caso de algums empresas familiares.
c. Maximização da satisfação por parte do consumidor
O terceiro pressuposto está ligado diretamente ao consumidor, ou seja,
a demanda. Esse pressuposto parte do princípio de que os consumidores, ou como vimos na unidade I, as famílias, maximizam sua satisfação
1 Pressuposto pode ser entendido como algo que estamos partindo do princípio de algo.
ESTRUTURAS DE MERCADO
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Tendo como base as suposições anteriores, podemos definir mercado. Mercado
pode ser entendido como um espaço, físico ou virtual, no qual as decisões dos
compradores afetam diretamente as decisões dos vendedores e vice-versa. Nesse
sentido, Mendes (2009) define mercado como um “arranjo” que aproxima compradores e vendedores e onde há troca de bens e serviços por moeda (dinheiro).
Então, mercado possui duas características principais: processo de troca e
formação de preços, em outras palavras, é no mercado que os preços dos bens
e serviços são formados e onde estes bens e serviços são trocados por dinheiro.
Os limites do mercado são definidos, segundo Mendes (2009), pelo
grau de interdependência entre compradores e vendedores, em outras
palavras, o tamanho do mercado
depende do ponto onde as decisões dos compradores afetem as
decisões dos vendedores, conforme já discutimos anteriormente.
A partir dessa interdependência, os
mercados podem ser:
a. Geográfico
O mercado geográfico nos dá a ideia de lugar. Então, quando estamos
analisando o mercado geográfico, estamos analisando o espaço no qual
os vendedores e compradores se relacionam, por exemplo, o mercado
brasileiro. O mercado geográfico é divido em:
- Local: pode ser um bairro ou uma cidade.
- Regional : está relacionada à ideia de região, por exemplo, região Sul
do Brasil.
- Nacional: no nosso caso, o mercado nacional é o Brasil.
- Internacional: mercado internacional é o mundo, por exemplo, a abran-
Os Mercados
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através da compra de diversos produtos, e a escolha dos bens e serviços é
feita através do preço e da qualidade. Então, a satisfação acontece quando
o consumidor adquire bens e serviços de qualidade alta a preços baixos.
III
gência das lojas virtuais. Nós podemos acessar a internet neste momento
e comprar um livro de uma livraria americana, por exemplo.
b. Produto
O mercado produto está relacionado à forma. Então, quando analisamos
o mercado produto, estamos analisando um determinado bem ou serviço, por exemplo, computadores, soja, entre outros.
c. Temporal
É importante observar que a escolha do mercado depende da análise a ser feita. Para
uma análise mais completa, é interessante delimitar muito bem o mercado, tanto geográfico quanto produto e temporal. Por exemplo, podemos analisar o mercado de
panetones, em dezembro, em São Paulo. No caso do exemplo citado, panetones é o
mercado produto, dezembro é o mercado temporal e São Paulo é o mercado geográfico.
Esse foi apenas um exemplo, outro pode ser o mercado de soja no primeiro
semestre do ano de 2013 na região Centro-Oeste brasileira. Nesse caso, soja é
o mercado produto, primeiro semestre de 2013 é o mercado temporal e região
Centro-Oeste é o mercado geográfico.
A partir dos exemplos citados, você percebeu como é importante delimitar
muito bem o mercado, pois é uma forma de verificar, exatamente, o limite onde
as decisões dos vendedores e dos compradores afetam umas as outras e também
verificar os concorrentes. Além disto, é importante para o governo criar políticas
públicas, como a política antitruste que veremos no último tópico desta unidade,
para assegurar a competição e ou regular mercados.
ESTRUTURAS DE MERCADO
A interação entre oferta e demanda acontece no mercado (este mesmo que estudamos no tópico Equilíbrio de Mercado) e forma o preço. Essa interação muda
para cada estrutura de mercado. Então, Mendes (2009) define estrutura de
ESTRUTURAS DE MERCADO
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O último mercado é o temporal, e está relacionado a ideia de tempo. Esse
é um mercado que, ao ser feita a análise, deve ser acompanhado de um
produto ou uma região. Como exemplo de mercado temporal podemos
citar bens e serviços em dezembro ou na Páscoa.
78 - 79
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
mercado como sendo: “Estrutura de mercado se refere às características organizacionais de um mercado, ou seja: grau de concentração, grau de diferenciação
do produto, grau de dificuldade ou barreira à entrada” (MENDES, 2009, p. 103).
Como você viu, a estrutura de mercado engloba três características. Vamos
entender cada uma delas?
a) Grau de concentração
É o tamanho do mercado, em outras palavras, número de vendedores e compradores que fazem parte daquele mercado. Dependendo da quantidade de empresas
e consumidores, dizemos que o mercado é concentrado ou competitivo. Uma
forma de medir é através dos índices de mercado.
Quando as quatro maiores empresas que fazem parte deste mercado detêm,
pelo menos 75% da quantidade comercializada, dizemos que este é um mercado
altamente concentrado.
Um dos maiores problemas de mercado muito concentrado é que as empresas
conseguem definir o preço pelo qual seu produto será vendido, e este preço, em
geral, é mais alto do que em mercados competitivos. Outros problemas podem
estar relacionados à quantidade e à qualidade do produto.
b) Grau de diferenciação do produto
O grau de diferenciação do produto refere-se a quanto um bem ou serviço que
está sendo negociado no mercado é diferente. Pela visão da economia, quanto
mais heterogêneo for um bem, ou seja, quanto mais diferente o bem for, menos
produtos substitutos teremos para este produto e, portanto, mais inelástico ele
será. Em outras palavras, um bem ou serviço heterogêneo, mesmo que tenha
seu preço aumentado, terá a quantidade de demanda mantida, pois não há substitutos próximos.
A diferenciação pode ser obtida de diferentes formas. Mendes (2009) cita:
ingredientes de qualidade superior, prêmios oferecidos, serviços especiais, como
entrega delivery e embalagens especiais como formas de a empresa diferenciar
seu produto e, portanto, aumentar seu preço.
Você saberia me dar um exemplo de um produto homogêneo e um diferenciado? Em geral, produtos agropecuários, como soja e milho in natura são
Os Mercados
III
produtos homogêneos, pois a soja do produtor A é igual à soja do produtor B.
Como produtos diferenciados, podemos citar os produtos semi-industrializados
e os industrializados, como comida congelada, roupas, sapatos etc.
c) Barreiras à entrada
Barreiras à entrada pode ser definida como o grau de dificuldade que uma nova
empresa tem em fazer parte do mercado. E podem ser:
■■ Desvantagens de custo – quando a empresa que deseja fazer parte do mercado tem alguma desvantagem em custo, como pouca experiência no setor,
pouco domínio tecnológico ou ainda grande necessidade de propaganda.
Com base no que foi discutido, os mercados podem ser classificados, quanto à
competitividade, em:
■■ Competitivos – concorrência perfeita e concorrência monopolística
■■ Pouco competitivos – oligopólio
■■ Sem competição – monopólio
O Quadro 7 mostra, de forma simplificada, como os mercados podem ser classificados quanto ao número de empresas e ao tipo de produto, ou seja, nas
características que discutimos acima.
NÚMERO DE EMPRESAS
TIPO DE PRODUTO
ESTRUTURA DE MERCADO
Muitas
Homogêneo
Concorrência perfeita
Muitas
Diferenciados
Concorrência monopolística
Poucas
Homogêneo ou diferenciado
Oligopólio
Uma
Diferenciado
Monopólio
Quadro 7: Classificação dos mercado
Fonte: baseado em Mendes (2009)
ESTRUTURAS DE MERCADO
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■■ Economia de escala – acontecem quando a empresa aumenta a quantidade produzida e consegue reduzir seu custo médio no longo prazo.
Existem diversas formas de conseguir gerar economia de escala, como
especialização da mão de obra, utilização de tecnologia, compra de fatores de produção em grandes quantidades, entre outros.
80 - 81
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Conforme podemos visualizar no Quadro 7, quando existem um grande número
de empresas e o produto comercializado é homogêneo, ou seja, idêntico, este mercado é de concorrência perfeita. Agora, se forem muitas empresas que vedam
produtos diferenciados, o mercado é concorrência monopolística.
Por outro lado, se tivermos poucas empresas, mesmo que vendam produtos idênticos ou não, estamos nos referindo a um oligopólio e, se for uma única
empresa que comercializa um produto altamente diferenciado, é um monopólio. Cada uma dessas estruturas veremos agora.
CONCORRÊNCIA PERFEITA OU PURA
Para iniciar nossos estudos sobre as estruturas de mercado, discutiremos, inicialmente, a concorrência perfeita ou também como é conhecida, a concorrência
pura. Esta é, com absoluta certeza, a estrutura de mercado menos real, pois, como
você verá pelas características, é muito difícil achar um setor ou uma empresa
que apresente todas as características para que possa ser incluída na concorrência perfeita.
Depois da minha declaração, você deve estar se perguntando por que apresentarei a você a concorrência perfeita, já que esta não é real. É importante
estudarmos essa estrutura de mercado, pois é considerada, apesar de não muito
real, a estrutura ideal, em termos de concorrência.
Um mercado em concorrência perfeita ou pura tem como características:
GRANDE NÚMERO DE COMPRADORES E VENDEDORES
O número de vendedores e compradores neste mercado é tão grande que as
decisões, individuais, não influenciam o preço. Então, dizemos que na concorrência perfeita o preço é determinado no mercado, através da oferta e demanda
e é praticamente o mesmo para todos os vendedores.
Concorrência Perfeita ou Pura
III
PRODUTOS HOMOGÊNEOS
Os produtos são homogêneos ou idênticos, de forma que o bem do vendedor A
é substituto perfeito do bem do vendedor B. Por esta razão que o preço é praticamente constante, já que, como os produtos são idênticos, se um vendedor
aumentar seu preço, os consumidores irão comprar no outro produtor.
Dizemos que na concorrência perfeita ou pura, o governo não deve intervir no
mercado, por exemplo, através de congelamentos e tabelamentos de preços. Em
outras palavras, o mercado deve funcionar livremente.
AUSÊNCIA DE BARREIRAS À ENTRADA
Como já discutimos, barreiras à entrada é o grau de dificuldade que uma nova
empresa tem em entrar no mercado. Na concorrência perfeita ou pura, não há
barreiras à entrada, ou seja, qualquer empresa pode fazer parte do mercado, sem
maiores custos ou dificuldades.
PERFEITO CONHECIMENTO
Como os produtos são homogêneos, uma empresa conhece todas as informações dos seus concorrentes, como preços: processos produtivos etc.
As quatro primeiras características caracterizam a concorrência pura e, ao
incluir a quinta característica, falamos em concorrência perfeita. Como estamos
em um curso de graduação, trabalharemos com a concorrência perfeita.
Como já falei, na realidade, concorrência perfeita ou pura seria uma situação ideal que de fato não acontece. O mercado que mais se aproxima desse tipo
de estrutura de mercado é o agropecuário.
ESTRUTURAS DE MERCADO
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AUSÊNCIA DE RESTRIÇÕES ARTIFICIAIS (LIVRE MERCADO)
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MONOPÓLIO
O monopólio é, assim como a concorrência perfeita, uma situação extrema, mas
real. Situação esta indesejável, pois pode prejudicar o consumidor, já que não
temos concorrência. As características do monopólio são:
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UMA ÚNICA EMPRESA
Como o próprio nome já diz, no monopólio só temos uma única empresa.
PRODUTOS ALTAMENTE DIFERENCIADOS
Os produtos são altamente diferenciados, ou seja, são únicos. Nesse caso, o consumidor não consegue substituí-lo por outro.
NÃO HÁ CONCORRÊNCIA
Se só temos uma única empresa, não existe concorrência no mercado monopolista.
CONSIDERÁVEL CONTROLE DE PREÇO POR PARTE DA EMPRESA
A empresa monopolista é formadora de preços, ou seja, como ela é única, ela
consegue controlar e definir qual será o preço praticado no mercado. Por essa
razão, o governo se preocupa com as práticas dos monopolistas. De acordo com
Mendes (2009), o governo pode controlar o monopólio de duas formas:
a) Controle de preço
Ocorre quando o governo exige que a empresa produza até o ponto no qual
o custo marginal se iguale ao preço. Essa é uma prática difícil, pois o governo
Monopólio
III
precisaria conhecer toda a estrutura de custo da empresa.
b) Política de taxação
O governo pode taxar o monopolista de forma a reduzir seu lucro. A taxação
pode ocorrer de três formas:
■■ Pagamento de uma licença anual.
■■ Tributação sobre lucro.
As duas primeiras afetam o custo fixo, reduz ou até mesmo elimina o lucro da
empresa e mantêm o preço para o consumidor. Já o imposto sobre vendas afeta
os custos variáveis e reduz a quantidade produzida.
É importante observar que, mesmo sendo uma única empresa, se o monopolista quiser aumentar sua venda, ele deverá reduzir o preço do seu produto. E
uma estratégia utilizada pelo monopolista para vender mais é através da política
de discriminação de preços. Esta é uma prática que ocorre quando um monopolista vende o mesmo produto, a consumidores diferentes e a preços diferentes.
Para isto, é necessário:
1. Separar os mercados fisicamente, de modo que um consumidor não consiga comprar em outro mercado.
2. Verificar a elasticidade-preço da demanda de cada mercado. No mercado/consumidor mais elástico, o monopolista coloca um preço mais
baixo e para o mercado mais inelástico, o preço é mais alto. Desse modo,
a empresa monopolística consegue aumentar sua receita.
Podemos citar como exemplo de prática de discriminação de preços:
■■ Tarifa de energia elétrica residencial, comercial, industrial e rural.
■■ Ligação telefônica de dia e a noite.
■■ Passagens aéreas em baixa e alta temporada.
■■ “Meia entrada” em cinemas, teatros, shows para estudantes e idosos.
■■ Entre outros.
ESTRUTURAS DE MERCADO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
■■ Imposto sobre vendas.
84 - 85
Então você percebeu, pelos exemplos, que não é somente uma empresa monopolística que pratica a discriminação de preços, esta é uma prática comum em
outras estruturas de mercado também.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ALTAS BARREIRAS À ENTRADA
A última característica do monopólio são as altas barreiras à entrada. O grau
de dificuldade que uma nova empresa tem em fazer parte do mercado é muito
grande e, muitas vezes, não é economicamente viável termos uma concorrente,
como é o caso nos monopólios
naturais. Então, os monopólios surgem por diversas razões, entre elas,
regulamentações do governo e pelo
processo de produção.
Para finalizar este tópico, vou
citar alguns setores monopolizados,
que são os setores de rodovias pedagiadas, setor elétrico, saneamento
básico, extração de petróleo, em
algumas cidades, transporte cole©shutterstock
tivo (ônibus), entre outros.
O maior problema do monopólio é que, como não há concorrentes, a empresa
pode cobrar um preço muito alto ou ofertar uma quantidade baixa. Além de não
se preocupar com a qualidade. Por esses motivos, o governo sempre acompanha
e regula as empresas pertencentes ao monopólio.
Claro que em alguns setores o monopólio é essencial, pois não é economicamente viável ter uma concorrente, como nos setores de energia elétrica e
saneamento básico. Nesse caso, chamamos o monopólio de monopólio natural,
já que é mais viável ter apenas uma empresa ofertando aquele produto.
Monopólio
III
CONCORRÊNCIA MONOPOLÍSTICA
Entre a concorrência perfeita e o monopólio, temos uma estrutura de mercado
conhecida como concorrência monopolística, que é uma mistura das duas estruturas estudadas acima e tem como características:
GRANDE NÚMERO DE EMPRESAS
PRODUTOS DIFERENCIADOS
Os produtos são sempre diferenciados. A diferenciação pode vir através de um
ingrediente de qualidade superior, serviços, embalagens especiais etc. Tal produto será diferente, mesmo que pouca coisa, do seu concorrente.
PEQUENO CONTROLE DE PREÇO POR PARTE DA EMPRESA
Como são muitas empresas que fazem parte do mercado, a concorrência é enorme,
então, a empresa consegue controlar (definir), um pouco, seu preço em razão
dos produtos serem diferenciados, mas esse controle é pequeno.
CONCORRÊNCIA ACONTECE VIA MARCAS, SERVIÇOS ESPECIAIS E
PROPAGANDA
A concorrência é, principalmente, extrapreços, ou seja, via diferenciação do produto. Quanto maior for a diferença do bem, maior será o preço. É importante
observar a importância da propaganda/marketing na concorrência monopolística,
ESTRUTURAS DE MERCADO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Temos no mercado um grande número de pequenas empresas, pequenas se compararmos com o tamanho do mercado.
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Para conhecer um pouco mais sobre a importância da propaganda para a
concorrência e como esta é uma forma de aumentar as vendas e o preço
dos bens, acesse:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
<http://www.sebrae.com.br/customizado/acesso-a-mercados/divulgueseus produtos/propaganda>.
pois, como os produtos são diferenciados e temos um grande número de empresas, é necessário “mostrar” ao consumidor que o bem ou serviço é melhor do
que da concorrente.
BAIXAS BARREIRAS À ENTRADA
O grau de dificuldade que uma nova empresa tem em fazer parte deste mercado
é baixo, ou seja, existe uma barreira à entrada, mas esta é bem baixa.
A maioria das empresas no mundo real pertence a esta estrutura de mercado.
Podemos citar restaurantes, padarias, lojas de roupas, lanchonetes, entre outros.
©shutterstock
Concorrência Monopolística
III
OLIGOPÓLIO
É outra estrutura de mercado intermediária, ou seja, é um mercado pouco competitivo que tem como características:
PEQUENO NÚMERO DE EMPRESAS
AS EMPRESAS SÃO INTERDEPENDENTES
Como são poucas empresas, elas são interdependes, ou seja, a decisão de uma
afeta diretamente a decisão da concorrente, incluindo a decisão de preços. Então,
se uma empresa variar seu preço, as demais reagirão de duas formas:
1. Aumento de preço faz com que as firmas concorrentes não aumentem o
preço e a empresa perderá mercado.
2. Redução de preços faz com que as firmas concorrentes também reduzam
os preços e a parcela de mercado de todas as empresas ficará, praticamente, constante. Nesse caso, somente o consumidor é beneficiado.
Pelas possíveis reações citadas, os preços de todas as empresas oligopolistas são
praticamente os mesmos e não são alterados, de forma significativa, ao longo do
tempo. Podemos citar um exemplo bem real desta situação, que são as empresas
aéreas. Todas as vezes que uma empresa aérea faz uma promoção, as suas concorrentes também fazem.
Em outras palavras, como são poucas empresas neste mercado, quando o
preço de uma delas variar, as demais irão reagir rapidamente. Por exemplo, vamos
supor um mercado composto por três empresas, A, B e C e que a empresa A
resolveu, como estratégia, abaixar seu preço em 10%. Como são poucas empresas
ESTRUTURAS DE MERCADO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
São poucas empresas que fazem parte do mercado, podemos contá-las. Não existe
um número exato que define se um setor faz parte do oligopólio ou não, apenas sabemos que são poucas empresas que ofertam produto naquele mercado.
88 - 89
no mercado, imediatamente as empresas B e C abaixarão também seu preço e a
parcela de mercado2 continuará a mesma para todas três.
Agora, se a empresa A resolver aumentar seu preço em 10%, e as empresas
B e C não aumentam, a empresa A perderá mercado. Por esses motivos, o preço
no oligopólio é constante e parecido para todas as empresas.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
MÉDIAS BARREIRAS À ENTRADA
O grau de dificuldade que uma nova empresa tem em fazer parte do mercado é
médio, em outras palavras, existe um certo grau de dificuldade, mas não chega
a ser tão alto como no caso do monopólio.
OS PRODUTOS PODEM OU NÃO SER DIFERENCIADOS
No oligopólio, os produtos podem ser homogêneos como, o combustível ou bens
diferenciados, que é o caso dos automóveis.
A CONCORRÊNCIA É VIA
DIFERENCIAÇÃO DO PRODUTO
Como temos poucas empresas e elas são
interdependentes, a concorrência não
será via preços, pois como discutimos,
se uma empresa alterar seus preços, as
demais reagirão. Então, a concorrência
é extra-preços, ou seja, via diferenciação do produto.
Podemos citar como exemplos de
©shutterstock
2 Parcela de mercado refere-se à porcentagem da quantidade que cada empresa vende naquele mercado.
Oligopólio
III
empresas oligopolistas os setores de telecomunicações, planos de saúde, aéreo e
distribuição de combustível.
O Quadro 8 mostra, de forma resumida, as características de cada estrutura de mercado.
CONCORRÊNCIA
PERFEITA
CONCORRÊNCIA
MONOPOLÍSTICA
OLIGOPÓLIO
MONOPÓLIO
Nº de empresas
Muitas
Muitas
Poucas
Uma
Tipo de produto
Homogêneo
Diferenciado
Homogêneo
ou diferenciado
Altamente
diferenciado
Controle de
preços
Nenhum
Pequeno
Considerável
Grande
Condição de
entrada
Sem barreiras
Baixas barreiras
Médias barreiras
Altas
barreiras
Exemplos
Produtos
agrícolas
Restaurantes,
lojas de varejo
Automóveis,
aviação
Água, energia
elétrica
Quadro 8: Características das quatro estruturas de mercado
Fonte: baseado em Mendes (2009)
Como você pode visualizar no Quadro 8, temos quatro estruturas de mercado
(concorrência perfeita, concorrência monopolística, oligopólio e monopólio), e
cada estrutura possui características que as diferenciam.
POLÍTICAS PÚBLICAS QUANTO AOS OLIGOPÓLIOS
Como são poucas as empresas no oligopólio, não é difícil ter acordos de preços e quantidades, acordos estes que devem ser evitados. São indesejáveis, pois
levam a uma produção baixa e a preços altos, ou seja, nessa situação as empesas
se comportam como no monopólio. Por isto, o governo deve coibir acordos entre
empresas e, no Brasil, temos uma lei específica para isto, que é a lei antitruste.
Algumas práticas empresariais que são proibidas pelo governo brasileiro:
a. Cartel – empresas fazem acordos de preços e quantidades, aumentando
o preço e/ou reduzindo a quantidade ofertada. De qualquer forma prejudica o consumidor final.
ESTRUTURAS DE MERCADO
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CARACTERÍSTICAS
90 - 91
b. Fixação de preço de revenda – acontece quando uma empresa produtora/distribuidora exige que um estabelecimento venda um produto a
um preço fixado por ela. Vale lembrar que preço sugerido não é proibido,
pois a empresa só está sugerindo um preço e não obrigando os estabelecimentos a vender o bem por aquele preço pré-definido.
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c. Preços predatórios – é uma situação em que uma grande empresa define
seus preços abaixo do custo de produção para eliminar a concorrente
que, em geral, é uma empresa menor, para depois aumentar seus preços.
d. Vendas casadas – situação na qual dois produtos só são vendidos juntos,
ou seja, o consumidor não consegue comprar os bens separadamente.
Lembrando que promoções e produtos tipo combo (TV por assinatura
+ internet banda larga) não são considerados venda casada, pois o consumidor pode adquirir os produtos/serviços separadamente, mesmo que
a um preço maior.
Temos que ter muito cuidado ao analisar uma possível prática ilegal, como
as vendas casadas e fixação de preço de revenda, pois a “indução” não é
ilegal, o que não pode acontecer é o consumidor não ter escolhas. Na hora
que existe escolha, a prática passa a ser legal.
LEI ANTITRUSTE
A política de concorrência brasileira tem seu fundamento na Constituição Federal
promulgada em 1988, que no artigo 173 §4 determina que “a lei reprimirá o
abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação
da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros” (BRASIL, 1988). Porém,
nos moldes atuais, a política de concorrência no Brasil começou em meados
da década de 1990, com a transição do país para uma economia aberta e com
Lei Antitruste
III
3 São atos que não estão de acordo com a legislação vigente.
ESTRUTURAS DE MERCADO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
a promulgação da Lei Antitruste no.8.884/94, que criou o Sistema Brasileiro de
Defesa da Concorrência – SBDC.
Segundo Pereira Neto e Sampaio (2008), a Lei Antitruste brasileira introduz,
primeiramente, a prevenção, passando a controlar fusões e aquisições, depois
aprimora a legislação repressiva contra o abuso econômico, especialmente a
repressão a cartéis e a outras condutas anticompetitivas que não estavam previstas na legislação anterior, em terceiro lugar, passa a prever a intervenção da
teoria econômica, o que antes era exclusiva dos advogados. Podem ser citados
também outros aspectos importantes da nova lei, tais como: a reforma total do
papel CADE, tornando-o a autoridade administrativa finalista em termos de
defesa da concorrência, autônoma administrativa e financeiramente; introdução
do conceito de posição dominante no mercado, seguindo a doutrina europeia;
criação do compromisso de cessação de condutas infrativas3 à concorrência;
definição do aumento abusivo de preços não justificados por aumento de custos; definição do papel do Ministério da Fazenda que passa a ser responsável por
fazer pareceres econômicos em processos de fusões e aquisições e em condutas anticompetitivas. Forgioni (1998) acrescenta ainda que o sistema antitruste
brasileiro, oriundo da Lei nº. 8.884/94, é híbrido, que aproveita o sistema europeu no que tange à caracterização do ilícito pelo objeto ou efeito, mas supera
tanto esta tradição quanto a norte-americana no que tange à tipificação dos atos.
Mesmo depois da criação da nova lei antitruste em 1994, continuam ocorrendo outras mudanças na lei e na forma de as instituições encarregadas aplicar
a lei. As principais mudanças que ocorreram são: publicação, por parte da SEAE,
da portaria que passou a adotar o Guia para Análise de Atos de Concentração
Horizontal em 1999; em 2001, foi publicada a portaria conjunta nº. 50/2001 onde
o Guia de Análise foi aperfeiçoado e as análises da SDE e da SEAE passaram a
ser adotadas. Esse Guia, à semelhança de guias de outras jurisdições antitruste,
informa, clara e transparentemente, os procedimentos ao sistema. Outras portarias importantes foram publicadas em 1999. As portarias nº. 45/99 e a nº. 305/99
atribui à SEAE a capacidade de aplicar multas às empresas pelo não cumprimento no prazo da entrega dos documentos necessários à análise dos atos de
92 - 93
concentração e amplia o poder de investigação da SEAE nos casos de condutas
anticompetitivas, respectivamente.
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O SISTEMA BRASILEIRO DE DEFESA DA CONCORRÊNCIA
O Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência – SBDC – foi criado em 1962 a
partir da lei nº. 4.137, com o surgimento do Conselho Administrativo de Defesa
da Concorrência – CADE. Porém, a estrutura econômica brasileira na época
era marcada por controle de preços, elevados índices de inflação e alto nível de
proteção à indústria nacional, não sendo compatíveis com uma política eficaz
antitruste. “No entanto, a Constituição Federal de 1988, estabelecendo os princípios gerais da ordem econômica (art.170 a 173 da Carta Magna), forneceu a
base legal para o desenvolvimento para uma política antitruste de maior solidez através da criação da Lei n.º 8.884 em 1994” (BARBOSA, 2006, p.26), que
transformou o CADE em autarquia. Com a mudança das políticas econômicas
que caracterizavam as décadas anteriores, o Brasil passou a ter nova estrutura
de mercado com a queda da inflação, com o abandono das medidas de controle
de preços e com maior abertura ao mercado externo, entre outras, proporcionando, em 1994, a formulação da nova Lei Antitruste (lei nº. 8.884/94), fazendo
uma reformulação no SBDC, que passou a ter grande importância nas políticas
públicas. Segundo Barbosa (2006), o SBDC atual tem como principal objetivo a
promoção de uma economia competitiva por meio da prevenção e da repressão
de ações que possam limitar ou prejudicar a concorrência, com base na lei antitruste (Lei nº. 8.884/94), ou seja, tornar máximo o nível de bem-estar da sociedade.
A atuação do SBDC é dividida em três vertentes (CADE, 2010):
1. Controle de concentrações ou controle de estruturas de mercado, onde
os casos de fusões, aquisições e incorporações de empresas são julgados,
sendo regidos pelo art. 54 da Lei Antitruste (Lei nº. 8.884/94), analisa-se
também antecipadamente se uma concentração entre empresas poderá
causar efeitos que prejudiquem a concorrência.
2. Repressão a condutas anticoncorrenciais, que tem como função apurar as condutas das empresas que podem infringir a ordem econômica.
Lei Antitruste
III
Os acordos de exclusividade, a prática de cartel e as vendas casadas são
exemplos de condutas anticoncorrenciais.
3. “Advocacia” da concorrência, que se refere ao papel de, direta ou indiretamente, influenciar a formulação das políticas públicas para garantir
a concorrência.
O Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência é composto por três órgãos
(CONSELHO ADMINISTRATIVO DE DEFESA ECONÔMICA, 2007):
b. Secretaria de Acompanhamento Econômico (SEAE), que é vinculada ao
Ministério da Fazenda e tem como principal atividade dentro do SBDC
a promoção e a defesa da concorrência, ou seja, fornecendo dados econômicos ao SBDC.
c. Secretaria de Direito Econômico (SDE), que é vinculada ao Ministério
da Justiça e é responsável, entre outras funções, por exercer as competências da lei antitruste.
OBJETIVOS DA POLÍTICA DE DEFESA DA CONCORRÊNCIA
BRASILEIRA
A Política de Defesa da Concorrência pode ser entendida como um conjunto
de normas jurídicas e sociais que tem como objetivo restringir atos e práticas
que prejudicam o processo concorrencial (GAMA, 2005). A lei nº. 8.884/94
prevê dois tipos de ações para a política de defesa da concorrência: uma de
caráter repressivo às condutas anticompetitivas4 e outra de caráter preventivo à concentração das estruturas de mercado. Como dito anteriormente, o
4 Consiste na apuração de condutas nocivas à concorrência levadas a cabo por empresas que detêm poder sobre
determinado mercado, das quais são exemplo a prática de cartel, a prática de preços predatórios, as vendas casadas, os
acordos de exclusividade, a discriminação de preços, a fixação de preços de revenda e as restrições territoriais.
ESTRUTURAS DE MERCADO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
a. Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), que é vinculado ao Ministério da Justiça e tem como finalidade “orientar, fiscalizar,
prevenir e apurar abusos de poder econômico, exercendo papel tutelador da prevenção e repressão do mesmo” (CADE, 2007), ou seja, julgar
os casos que pertencem ao SBDC.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
94 - 95
presente estudo tem como objetivo a análise de caráter preventivo, ou seja, os
atos de concentração.
A partir dos objetivos já citados, a Política de Defesa da Concorrência busca
atuar sobre as condições de operação dos mercados, seja pela influência direta
sobre as condutas dos agentes, seja por meio de ações que afetam os parâmetros
estruturais que as condicionam (POSSAS et al., 1995).
Tanto as condutas quanto os atos de concentração são classificados em práticas
horizontais, que reduzem a intensidade da concorrência afetando as interações
entre os mercados e práticas verticais, que limitam as ações dos agentes que se
relacionam como compradores e vendedores ao longo de uma cadeia produtiva
(BARBOSA, 2006). O presente estudo analisa os atos de concentração horizontal, ou seja, a concentração de empresas que são competidoras entre si e que
ofertam o mesmo produto em um determinado mercado relevante, sendo que
no presente caso, como será visto em outra unidade, o produto é carne bovina
in natura e o mercado relevante é nacional.
Para conhecer um pouco mais sobre a Lei Antitruste brasileira, acesse:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/Lei/L12529.htm
ESTUDO DE CASO
Fusão das empresas X e Y pode criar maior instituição privada de ensino do
mundo
Enquanto apenas 14% dos jovens estão no ensino superior, observa-se o aumento cada vez mais rápido da fusão de instituições privadas e a maior influência do capital estrangeiro, que passa a dominar o setor educacional brasileiro.
Nesse contexto, as empresas X Educacional e Y Educacional aguardam a aprovação de sua junção pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Lei Antitruste
III
Se a operação financeira de R$ 12 bilhões for aprovada pelo Cade, que é
uma autarquia vinculada ao Ministério da Justiça Brasileiro, o novo grupo
passará a ser responsável pela formação de quase um milhão de alunos (486
mil cursando o ensino presencial e 516 mil em regime de ensino a distância),
em mais de 800 unidades de ensino superior.
Parte do trecho extraído de: <http://www.observatoriodaeducacao.org.br/
index.php/sugestoes-de-pautas/48-sugestoes-de-pautas/1217-fusao-das-empresas-kroton-e-anhanguera-pode-criar-maior-instituicao-privada-de-ensino-do-mundo>. Acesso em: 03 dez 2013.
Estamos terminando nossa terceira unidade e, consequentemente, a área de economia conhecida como microeconomia. Nesta terceira unidade, discutimos a
relação entre demanda e oferta atuando juntas dentro das estruturas de mercado, ou seja, a formação de preço depende da estrutura de mercado em que a
empresa está inserida.
Neste contexto, temos quatro estruturas de mercado: concorrência perfeita
ou pura, que como vimos é uma situação difícil de ser encontrada no “mundo
real” e tem como características principais um grande número de vendedores e
compradores negociando produtos homogêneos a preços mais baixos; o monopólio, no qual apenas uma empresa produz e comercializa um único produto
altamente diferenciado a preço mais alto; a concorrência monopolística, que possui características tanto da concorrência perfeita ou pura quanto do monopólio;
e o oligopólio, onde existem poucas empresa que são interdependentes, o que
faz com que o governo se preocupe com as possíveis práticas que essas empresas possam fazer como, instituir o cartel.
Após estudar as estruturas de mercado, vimos as possíveis práticas que
as empresas, principalmente no oligopólio, podem fazer, como cartel, vendas
ESTRUTURAS DE MERCADO
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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casadas, preços predatórios e fixação de preços de revenda. Práticas essas que
o governo, através da lei antitruste tenta coibir. A lei antitruste também é a responsável por julgar e autorizar as fusões e aquisições que estão acontecendo nas
últimas décadas, sempre com o objetivo principal de assegurar a concorrência
e eficiência do mercado.
Agora você já sabe por que alguns setores conseguem cobrar preços mais
altos do que outros e como o governo interfere nessa relação. Estudar estrutura
de mercado é fascinante e complexo.
Um forte abraço,
Prof.ª Me. Andréia Moreira da Fonseca Boechat
Considerações Finais
1.Defina mercado e apresente suas classificações.
2.Explique como e onde acontece a formação de preços na concorrência perfeita
ou pura.
3.Explique a prática de discriminação de preços e cite dois exemplos do seu dia
a dia.
4.Cite e explique as práticas ilegais contra a concorrência.
5.Defina política antitruste e discuta sua importância para a livre competição.
98 - 99
MATERIAL COMPLEMENTAR
Microeconomia: Princípios Básicos
Hal R. Varian
Editora: Campus
Sinopse: Este é outro livro clássico dos
cursos de economia que apresenta, de
forma completa, as estruturas de mercado.
Material Complementar
III
ESTRUTURAS DE MERCADO
MERCADO DE BENS E
SERVIÇOS E O MERCADO
MONETÁRIO
UNIDADE
Professor Me. Sidinei Silvério da Silva
IV
Objetivos de Aprendizagem
■■ Apresentar uma visão geral dos agregados econômicos que descrevem
o funcionamento de uma economia, como a produção agregada (PIB) e
o preço médio de todos os bens (nível de preços agregado).
■■ Explicar o funcionamento do mercado de bens e serviços e as variáveis
macroeconômicas nele determinadas.
■■ Entender o mercado monetário e sua influência sobre o lado real e
monetário da economia.
■■ Compreender por que alguns países são tão ricos e outros pobres.
■■ Discutir o papel das políticas fiscal e monetária na busca do pleno
emprego e da estabilidade no nível geral de preços (controle da inflação).
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade
■■ Objetivos de política econômica
■■ Crescimento e Desenvolvimento Econômico
■■ Determinação do Produto Nacional
■■ Política fiscal, inflação e desemprego
■■ A moeda: conceitos, funções e tipos
■■ Oferta de Moeda
■■ Demanda de Moeda
■■ O papel das taxas de juros
■■ Política monetária, inflação e desemprego
102 - 103
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a), nesta quarta unidade, você entenderá que a economia divide-se
tradicionalmente em dois amplos subcampos, a microeconomia (estudo de
como famílias e empresas tomam decisões) e a macroeconomia que estuda os
fenômenos que englobam toda a economia, incluindo inflação, desemprego e
crescimento econômico.
O estudo da macroeconomia moderna passa pela revolução keynesiana, com
a publicação, em 1936, do Livro Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda,
de John Maynard Keynes, que dá ênfase à demanda efetiva – o que chamamos
hoje de demanda agregada.
Blanchard (2011) afirma que em curto prazo, segundo Keynes, a demanda
efetiva determina o Produto Interno Bruto (PIB), mesmo se o produto voltar a
seu nível natural no longo prazo, o processo será lento.
Mas, afinal, o que é a macroeconomia?
Segundo Abel, Bernanke e Croushore (2008), a macroeconomia é o estudo
da estrutura e do desempenho das economias nacionais e das políticas que os
governos utilizam para tentar influir no desempenho econômico.
Nessa direção, Blanchard (2011) aponta que a macroeconomia é o resultado de um processo de elaboração contínua, de uma interação de ideias e
acontecimentos. De forma geral, a macroeconomia procura responder questionamentos práticos e debatidos diariamente pelo governo, empresários, políticos,
pela imprensa e pelo público em geral. Entre essas questões, Abel, Bernanke e
Croushore (2008) destacam as seguintes:
■■ O que determina o crescimento econômico de longo prazo de um país?
■■ O que leva a atividade econômica do país flutuar?
■■ O que provoca o desemprego?
■■ O que faz os preços subirem?
■■ Como as economias nacionais são afetadas por fazerem parte de um sistema econômico global?
■■ As políticas governamentais podem ser usadas para melhorar o desempenho econômico do país?
Introdução
IV
Nesse contexto, as escolas que dominam o pensamento macroeconômico são
a clássica e a keynesiana. Para os clássicos, as políticas econômicas não afetam
o lado real da economia (mercado de bens e serviços e mercado de trabalho),
gerando apenas inflação no longo prazo. Os keynesianos, por sua vez, defendem
a tese de que o lado real da economia é afetado pelas políticas econômicas, fundamentalmente pela política fiscal.
Abel, Bernanke e Croushore (2008) afirmam que o desempenho econômico de
um país depende de diversos fatores, dentre os quais se sobressaem recursos
naturais e humanos, estoque de capital (edifícios, máquinas e softwares), tecnologia e escolhas econômicas.
No que se refere às políticas macroeconômicas que afetam o desempenho
da economia como um todo, os dois grandes tipos de política são a política fiscal e a política monetária.
Para Blanchard (2011), um dos motivos pelos quais os macroeconomistas
divergem é porque atribuem pesos diferentes a objetivos diversos. Por exemplo,
uns se preocupam mais com o desemprego, outros
com a inflação; suas recomendações diferirão de
acordo com a orientação de cada um.
Assim, quais são os passos básicos de uma política econômica?
Primeiramente é necessária a especificação das
metas de política econômica, buscando
a maximização do bem-estar
social. As metas macroeconômicas, geralmente aceitas, são
o pleno emprego e a inflação
zero (COSTA, 2011).
MERCADO DE BENS E SERVIÇOS E O MERCADO MONETÁRIO
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OBJETIVOS DE POLÍTICA ECONÔMICA
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104 - 105
O segundo passo é a identificação dos instrumentos políticos disponíveis
para atingir as metas, de modo geral: a política fiscal e a política monetária, que
devem ser compatibilizadas com a política cambial, isto é, com os distintos regimes cambiais e graus de mobilidade de capital.
Há a necessidade de coordenação das políticas econômicas?
Segundo Costa (2011), os vários instrumentos políticos estão sob controle
de diversas autoridades: por exemplo, a política monetária sob o banco central e
a política fiscal sob os ministérios do executivo e o poder legislativo. Uma sugestão seria atribuir cada meta ao instrumento e, portanto, à autoridade – que tem
efeito relativamente mais forte sobre essa meta, numa combinação ideal de políticas executadas de forma descentralizada.
Destaca-se que, na política econômica, há distinção entre:
■■ Teoria normativa: analisa como as autoridades políticas devem agir.
■■ Teoria positiva: estuda o que as autoridades fazem na realidade.
Mankiw (2009) afirma que as declarações positivas e normativas são fundamentalmente diferentes, mas frequentemente estão intimamente interligadas
no conjunto de crenças de um indivíduo. Uma visão positiva do mundo afeta a
visão normativa sobre quais políticas são necessárias.
Convém ressaltar que, quando ouvir economistas fazendo declarações normativas, você saberá que falam como consultores políticos, não como cientistas.
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
Jones (2000) argumenta que o sistema econômico mundial é formado por economias de todos os tamanhos, com a existência de países muito ricos e outros
muito pobres. Além disso, algumas economias crescem rapidamente e outras
simplesmente não crescem, conforme Quadro 9.
Crescimento e Desenvolvimento Econômico
IV
TAXA MÉDIA ANUAL DE
CRESCIMENTO, 1960-90 (%)
ANOS NECESSÁRIOS
PARA DUPLICAR O PIB
EUA
18.073
1,4
51
Alemanha
14.331
2,5
28
Japão
14.317
5,0
14
França
13.896
2,7
26
Reino Unido
13.223
2,0
35
China
1.324
2,4
29
Índia
1.262
2,0
35
Zimbabwe
554
0,2
281
Hong Kong
14.854
5,7
12
Cingapura
11.698
5,3
13
Taiwan
8.067
5,7
12
Coréia do Sul
6.665
6,0
12
Venezuela
6.070
-0,5
-136
Madagascar
675
-1,3
-52
Mali
530
-1,0
-70
Países Ricos
Países
“Pobres”
“Milagres de
Crescimento”
“Desastres de
Crescimento”
Quadro 9: Estatísticas de Crescimento e Desenvolvimento Econômico Mundial
Fonte: adaptado de Jones (2000)
As percepções sobre o desempenho da economia tendem a ser dominadas pelas
flutuações anuais do nível de atividade. Todavia, se olharmos para trás e examinarmos a atividade por períodos mais longos (muitas décadas), o quadro se
altera, com as flutuações perdendo a importância e o crescimento (o aumento
constante do produto agregado ao longo do tempo) tornando-se o fator dominante (BLANCHARD, 2011).
Quais são as fontes do crescimento?
Podemos considerar o crescimento proveniente da acumulação de capital e/ou
do progresso tecnológico, em que a função de produção agregada implica que
os aumentos do produto por trabalhador podem provir tanto de aumentos do
capital por trabalhador quanto de melhoras no estado da tecnologia.
MERCADO DE BENS E SERVIÇOS E O MERCADO MONETÁRIO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
PIB PER CAPITA,
1990 (EM US$)
PAÍSES
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
106 - 107
Os primeiros modelos de crescimento econômico datam dos anos 1950,
com a publicação de dois artigos famosos de Robert Solow, do Massachusetts
Institute of Technology. Essas teorias ajudaram a esclarecer o papel da acumulação de capital físico e destacaram a importância do progresso técnico como
o motor fundamental do crescimento econômico sustentado (JONES, 2000).
Nesse sentido, a capacidade de um país em fornecer melhores padrões de
vida para sua população depende decisivamente de sua taxa de crescimento econômico de longo prazo.
Conceitualmente, o crescimento econômico pode ser entendido como o crescimento contínuo do Produto Interno Bruto (PIB) e da renda per capita ao longo
do tempo (análise quantitativa). O desenvolvimento econômico, por seu turno,
engloba além do crescimento econômico, a melhora em indicadores de bem-estar econômico e social, tais como pobreza, desemprego, saúde, alimentação,
entre outros (análise qualitativa). E o desenvolvimento econômico sustentável
considera o crescimento econômico acompanhado da melhora em indicadores de bem-estar econômico e social e da manutenção no equilíbrio
ecológico (sustentabilidade de longo prazo).
Em relação à variação real do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, no período 1986 a 2012, verificamos um crescimento
médio de 2,77% ao ano. A evolução desse indicador revela
um crescimento econômico não sustentado ao longo
do horizonte temporal, haja vista problemas
estruturais da nossa economia (Tabela 5).
Crescimento e Desenvolvimento Econômico
IV
% A.A.
ANO
% A.A.
1986
7,49
2000
4,31
1987
3,53
2001
1,31
1988
-0,06
2002
2,66
1989
3,16
2003
1,15
1990
-4,35
2004
5,71
1991
1,03
2005
3,16
1992
-0,47
2006
3,96
1993
4,67
2007
6,09
1994
5,33
2008
5,17
1995
4,42
2009
-0,33
1996
2,15
2010
7,53
1997
3,38
2011
2,73
1998
0,04
2012
0,87
1999
0,25
Média
2,77
Tabela 5: Produto Interno Bruto (PIB), variação real anual (% a.a.), Brasil, 1986 a 2012
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
Entenda como a desaceleração da economia mundial afeta os BRICs, assistindo à reportagem disponível em <http://globotv.globo.com/globo-news/
sem-fronteiras/t/todos-os-videos/v/entenda-como-desaceleracao-da-economia-mundial-afeta-os-brics/2730861/>.
MERCADO DE BENS E SERVIÇOS E O MERCADO MONETÁRIO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ANO
108 - 109
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
DETERMINAÇÃO DO PRODUTO NACIONAL
A medida mais ampla da atividade econômica agregada é o Produto Interno
Bruto (PIB), que pode ser mensurado pela abordagem do produto, da demanda
e da renda.
Devido à equivalência das três abordagens, durante um período qualquer de
tempo estipulado, temos: produção total = renda total = demanda total.
Segundo Blanchard (2011), a interação entre produção, renda e demanda
agregada é central ao acompanhamento das variações anuais da atividade econômica. As variações da demanda por bens provocam alterações na produção.
Estas, por sua vez, conduzem a alterações na renda que, por seu turno, alteram
a demanda por bens.
PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB) NA ÓTICA DA PRODUÇÃO
AGREGADA
De acordo com Abel, Bernanke e Croushore (2008), a abordagem do produto
define o Produto Interno Bruto (PIB) do país como o valor de mercado de bens
e serviços finais produzidos durante um período de tempo.
PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB) NA ÓTICA DA RENDA AGREGADA
O Produto Interno Bruto (PIB) nessa abordagem é calculado pela soma das rendas
recebidas pelos produtores, incluindo os lucros e os impostos pagos ao governo,
cujo conceito chave é a renda nacional (ABEL; BERNANKE; CROUSHORE,
2008). No cômputo da renda nacional, estão inclusas a:
■■ Remuneração dos empregados.
■■ Renda dos proprietários.
■■ Renda pessoal com aluguel.
Determinação do Produto Nacional
IV
■■ Lucros empresariais.
■■ Juros líquidos.
■■ Impostos sobre a produção e as importações.
■■ Pagamentos (líquidos) de transferências correntes das empresas.
■■ Superávit corrente de empreendimentos governamentais.
Essa seção está baseada em
Blanchard (2011).
O Produto Interno Bruto (PIB)
nessa ótica é obtido pela soma do
total despendido em bens e serviços finais. A seguir, apresentamos
os componentes do PIB na abordagem da demanda agregada:
■■ Consumo (C). São os bens
e serviços comprados pelos
consumidores e que variam de alimentos a passagens aéreas, passando
pelas férias, pelo carro novo e assim por diante. O consumo é o maior
componente do PIB.
■■ Investimento (I). Também chamado de investimento fixo. Pode ser não
residencial, que é o gasto feito pelas empresas em estruturas, equipametos e software; e residencial, que é o gasto na construção de novas casas
e edifícios.
■■ Gastos do Governo (G). São os bens e serviços comprados pelos governos federal, estadual e municipal.
■■ Exportações Líquidas (NX). É a diferença entre as exportações e as importações, ou seja, é o saldo da balança comercial em dado período.
MERCADO DE BENS E SERVIÇOS E O MERCADO MONETÁRIO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB) NA ÓTICA DA DEMANDA
AGREGADA
110 - 111
A equação para determinar o PIB é
Onde,
Y = PIB = produção total = renda total = despesa total;
C = consumo;
I = investimento;
G = compras de bens e serviços pelo governo;
NX = exportações (X) – importações (M) = exportações líquidas de bens e
serviços.
Podemos concluir que um aumento na demanda, como uma elevação nos gastos
de consumo, conduz ao aumento da produção e da renda. Esse aumento da renda
leva a mais uma elevação da demanda, que provoca novo aumento da produção
e assim por diante. O resultado final é um aumento maior do produto do que o
deslocamento inicial da demanda, por um fator correspondente ao multiplicador.
O Gráfico 13 mostra que o consumo cresce quando a renda disponível
aumenta, porém em proporção menor.
Consumo, C
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Y = C + I + G + NX
Função consumo
C = C0 + C1 YD
Declividade = C1
CO
Renda disponível, YD
Gráfico 13: O consumo depende da renda disponível
Fonte: Blanchard (2011)
Determinação do Produto Nacional
IV
Outras equações do mercado de bens e serviços. Em relação à função consumo,
temos:
C = c0 + c1 (Y – T)
Mc =
1
1 - c1
Onde,
MC = multiplicador do consumo;
c1 = propensão marginal a consumir.
PIB REAL VERSUS PIB NOMINAL
O PIB nominal é a produção de bens e serviços avaliada a preços correntes.
O PIB real é a produção de bens e serviços avaliada a preços constantes.
O deflator do PIB é uma medida do nível de preços calculada como a razão
entre o PIB nominal e o PIB real multiplicada por cem.
Exemplo:
Suponha uma economia hipotética que produza etanol e gasolina, conforme segue:
MERCADO DE BENS E SERVIÇOS E O MERCADO MONETÁRIO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Onde,
C = consumo total;
c0 = consumo autônomo (que não depende da renda);
c1 = propensão marginal a consumir;
Y = PIB = renda total = produção total = despesa total;
T = tributos.
Em relação ao multiplicador do consumo, temos:
112 - 113
ANO
PREÇO DO
ETANOL
QUANTIDADE DE
ETANOL
PREÇO DA
GASOLINA
QUANTIDADE
DE GASOLINA
2009
$ 1,50
100
$ 2,00
50
2010
$ 2,50
150
$ 2,50
100
2011
$ 3,00
200
$ 3,00
150
2012
$ 3,50
250
$ 4,00
200
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Calculando o PIB Nominal,
ANO
CÁLCULO DO PIB NOMINAL
PIB NOMINAL
2009
(1,50 x 100) + (2,00 x 50)
$ 250
2010
(2,50 x 150) + (2,50 x 100)
$ 625
2011
(3,00 x 200) + (3,00 x 150)
$ 1.050
2012
(3,50 x 250) + (4,00 x 200)
$ 1.675
Calculando o PIB Real, tendo 2009 como ano-base,
ANO
CÁLCULO DO PIB REAL
PIB REAL
2009
(1,50 x 100) + (2,00 x 50)
$ 250
2010
(1,50 x 150) + (2,00 x 100)
$ 425
2011
(1,50 x 200) + (2,00 x 150)
$ 600
2012
(1,50 x 250) + (2,00 x 200)
$ 775
Calculando o Deflator do PIB,
ANO
CÁLCULO DO DEFLATOR DO PIB
DEFLATOR
2009
(250 / 250 ) x 100
100
2010
(625 / 425) x 100
147
2011
(1.050 / 600) x 100
175
2012
(1.675 / 775) x 100
216
Determinação do Produto Nacional
IV
POLÍTICA FISCAL, INFLAÇÃO E DESEMPREGO
Segundo Mankiw (2009), a política fiscal refere-se ao estabelecimento dos níveis
dos gastos do governo e dos impostos pelos formuladores de políticas, que visam
influenciar o comportamento da economia.
Para Blanchard (2011), as decisões dos formuladores de política fiscal tem
influência em curto e longo prazo sobre a demanda agregada:
■■ No longo prazo, o produto retorna a seu nível natural, mas o próprio
nível natural de produto pode ser afetado pela política fiscal. Se os déficits provocarem a queda do investimento, um menor estoque de capital
no longo prazo implica também um produto menor.
A política fiscal pode ser expansionista ou contracionista. Um aumento nos gastos do governo ou uma redução nos impostos deslocam a curva de demanda
agregada para a direita, provocando expansão fiscal. Por outro lado, uma redução nos gastos do governo ou um aumento nos impostos deslocam a curva de
demanda agregada para a esquerda, provocando uma contração fiscal.
Expansão Fiscal
Nível Geral de Preços (P)
Oferta Agregada (OA)
P1
B
A
DA´´
P0
DA´ Demanda Agregada (DA)
0
Y0
Y1
MERCADO DE BENS E SERVIÇOS E O MERCADO MONETÁRIO
PIB
(Y)
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
■■ No curto prazo, o déficit orçamentário tende a aumentar a demanda e,
portanto, o produto. A força do impacto inicial sobre o produto depende
muito das expectativas.
114 - 115
Contração Fiscal
Nível Geral de Preços (P)
Oferta Agregada (OA)
P0
A
B
DA´
P1
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
DA´´ Demanda Agregada (DA)
0
Y1
Y0
PIB
(Y)
Gráfico 14: Efeitos da expansão e da contração fiscal sobre a demanda agregada
Fonte: elaboração própria
Mankiw (2009) destaca que, quando o governo altera gastos públicos ou impostos, o deslocamento da demanda agregada resultante pode ser maior ou menor
do que a alteração fiscal. O efeito multiplicador tende a amplificar os efeitos da
política fiscal sobre a demanda agregada.
A política fiscal como a política monetária são instrumentos de política econômica para estabilizar a economia.
Uma das ações fiscais para equacionar e estabilizar a relação dívida pública/
PIB é a geração de resultados fiscais primários superavitários. A Tabela 6 mostra
a evolução dos resultados fiscais (primário e nominal) da economia brasileira, no
período 1986 a 2009, em que se observa a importância dos superávits primários
para o pagamento dos juros nominais da dívida pública e, consequentemente, a
estabilização da mesma, a partir do Plano Real.
ANO
RESULTADO NOMINAL
RESULTADO PRIMÁRIO
1986
-11,22
1,59
1987
-31,89
-0,99
1988
-53,73
0,91
1989
-85,43
-1,03
1990
-30,15
4,69
1991
-26,75
2,71
Política Fiscal, Inflação e Desemprego
IV
RESULTADO NOMINAL
RESULTADO PRIMÁRIO
1992
-45,75
1,58
1993
-64,83
2,18
1994
-26,97
5,64
1995
-7,28
0,26
1996
-5,87
-0,10
1997
-6,11
-0,96
1998
-7,93
0,02
1999
-9,98
3,23
2000
-4,48
3,47
2001
-4,76
3,38
2002
-9,61
3,21
2003
-3,79
3,34
2004
-2,62
3,81
2005
-3,17
3,93
2006
-3,45
3,24
2007
-2,59
3,37
2008
-2,01
3,54
2009
-3,23
2,05
Média
-28,73
2,61
Tabela 6: Resultados Fiscais em Proporção do PIB, Setor Público Consolidado, Brasil, 1985 a 2009
Fonte: Banco Central do Brasil, Boletim, Seção Finanças Públicas
Obs.: Compreende governo federal e Banco Central, governos estaduais, governos municipais e empresas
estatais (federais, estaduais e municipais).
Segundo Blanchard (2011), os déficits têm efeitos adversos de longo prazo sobre
a acumulação de capital e o produto, porém, não implica que os mesmos não
devam ser utilizados para estabilizar o produto. Ao contrário, os déficits durante
as recessões devem ser compensados pelos superávits das fases de crescimento
acelerado, de modo a não levar a um aumento constante da dívida.
No caso brasileiro, apesar da evolução nominal da dívida líquida total do
setor público e da dívida mobiliária federal fora do banco central (Tabela 7), a
relação dívida/PIB está estabilizada.
MERCADO DE BENS E SERVIÇOS E O MERCADO MONETÁRIO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ANO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
116 - 117
ANO
DÍVIDA MOBILIÁRIA
DÍVIDA LÍQUIDA
DÍVIDA LÍQUIDA EM % DO PIB
1985
0,0001
0,0004
-
1986
0,0001
0,0007
-
1987
0,0008
0,0031
-
1988
0,0115
0,0337
-
1989
0,2570
0,7214
-
1990
0,8044
7,5131
-
1991
4,4932
56,0700
38,1
1992
163,9739
678,3300
37,1
1993
4.987,5593
17.714,6500
32,6
1994
61.782,3143
153.162,9200
30,0
1995
108.485,5557
208.460,2700
28,0
1996
176.210,9625
269.193,4300
30,7
1997
255.509,0111
308.426,2500
31,8
1998
323.859,6991
385.869,6300
38,9
1999
414.901,1840
516.578,6700
44,5
2000
510.697,6128
563.163,1400
45,5
2001
624.084,3648
677.430,8300
48,4
2002
623.190,6325
892.291,8400
50,5
2003
731.858,0881
932.137,5300
52,4
2004
810.264,3212
982.508,8100
47,0
2005
979.662,4619
1.040.046,1200
46,5
2006
1.093.495,2969
1.120.052,6300
44,0
2007
1.224.870,5794
1.211.762,2500
41,0
2008
1.264.823,2748
1.168.238,3400
34,6
2009
1.398.415,4936
1.362.710,7200
-
2010
1.603.940,0454
1.475.820,1800
-
2011
1.783.060,6357
1.508.546,9089
-
2012
1.916.709,2763
1.550.083,0782
-
Tabela 7: Dívida líquida total do setor público e Dívida mobiliária interna federal – títulos fora do Banco
Central – fim período, 1985 a 2012, valores em R$ (milhões).
Fonte: Banco Central do Brasil, Boletim, Seção Finanças Públicas
Política Fiscal, Inflação e Desemprego
IV
■■ A perda do poder aquisitivo dos salários e outras rendas fixas.
■■ Desorganização do mercado de capitais e aumento por procura por ativos reais.
■■ Surgimento de déficits no balanço de pagamentos.
■■ E dificuldades para financiamento do setor público.
Viceconti e Neves (2005) apresentam os seguintes tipos de inflação:
■■ Inflação de Demanda. É causada por um aumento na demanda agregada via aumento dos investimentos; aumento dos gastos do governo;
aumento das exportações; redução dos tributos; redução das importações; e/ou aumento da oferta de moeda.
■■ Inflação de Custos. É provocada por uma diminuição da oferta agregada
via aumentos de salários acima de aumentos da produtividade; aumentos autônomos das margens de lucros das empresas; aumentos dos preços
agrícolas em função de intempéries climáticas; elevação autônoma de preços de produtos importados que sejam matérias-primas importantes na
produção de bens na economia; e desvalorização real da taxa de câmbio.
■■ Inflação Inercial. Resulta da indexação da economia. A indexação é adotada como forma de convivência da economia com a inflação crônica. O
seu principal defeito é a perpetuação da taxa de inflação a níveis elevados.
MERCADO DE BENS E SERVIÇOS E O MERCADO MONETÁRIO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Na existência de desemprego, o Governo pode lançar mão da política fiscal
para estimular a demanda agregada e alcançar o pleno emprego. Uma política
fiscal expansiva consiste no aumento dos gastos e/ou redução da tributação do
Governo, sem que se altere a oferta monetária.
Em que pese a preocupação no combate ao desemprego, as expansões fiscais
podem provocar a elevação no nível geral de preços, comumente chamada inflação.
Para Viceconti e Neves (2005), a inflação é definida como sendo uma alta
persistente e generalizada dos preços da economia. Enquanto a inflação é o crescimento dos preços, a taxa de inflação mede o ritmo desse crescimento. Quando
a taxa de inflação é decrescente, diz-se que está ocorrendo uma desinflação. Se
os preços diminuírem abaixo de zero, diz-se que ocorreu uma deflação.
Dentre as consequências de um processo inflacionário, podemos destacar:
118 - 119
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O combate a essa patologia econômica por meio da política fiscal é considerado
um remédio keynesiano.
O Plano Real, concebido com base numa âncora cambial, foi bem-sucedido no
combate ao processo inflacionário brasileiro, conforme evidenciado na Tabela 8.
ANO
IGP-M
IPCA
1990
1.699,70
1.620,97
1991
458,37
472,70
1992
1.174,47
1.119,10
1993
2.567,46
2.477,15
1994
1.246,62
916,46
1995
15,25
22,41
1996
9,20
9,56
1997
7,74
5,22
1998
1,78
1,65
1999
20,10
8,94
2000
9,95
5,97
2001
10,38
7,67
2002
25,31
12,53
2003
8,71
9,30
2004
12,41
7,60
2005
1,21
5,69
2006
3,83
3,14
2007
7,75
4,46
2008
9,81
5,90
2009
-1,72
4,31
2010
11,32
5,91
2011
5,10
6,50
2012
7,82
5,84
Tabela 8: Índice Geral de Preços (IGP-M) e Índice de Preços ao
Consumidor Ampliado (IPCA), % a.a., 1990 a 2012
Fonte: Fundação Getúlio Vargas (FGV) e Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE)
Política Fiscal, Inflação e Desemprego
IV
Para conhecer os principais planos de estabilização econômica implementados na economia brasileira, acesse os links a seguir:
Plano Cruzado.
http://globotv.globo.com/rede-globo/memoria-globo/v/plano-cruzado-1986/2335467/
http://globotv.globo.com/rpc/bom-dia-parana/v/a-preparacao-para-o-plano-real/2281350/
A MOEDA: CONCEITOS, FUNÇÕES E TIPOS
O QUE É MOEDA?
Segundo Mankiw (2009), moeda é o conjunto de ativos na economia que as
pessoas usam regularmente para comprar bens e serviços de outras pessoas. A
mesma tem três funções básicas:
■■ Meio de Troca: um meio de troca é algo que os compradores dão aos vendedores quando compram bens e serviços.
■■ Unidade de Conta: uma unidade de conta é um padrão de medida que
as pessoas usam para anunciar preços e registrar débitos.
■■ Reserva de Valor: uma reserva de valor é algo que as pessoas podem usar
para transferir poder de compra do presente para o futuro.
De acordo com Blanchard (2011), em países com mercados financeiros modernos, as pessoas podem escolher entre milhares de ativos financeiros diferentes,
da moeda aos títulos de dívida, ações e fundos mútuos.
Enquanto a moeda pode ser utilizada para transações e paga juros zero, os
MERCADO DE BENS E SERVIÇOS E O MERCADO MONETÁRIO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Plano Real
120 - 121
títulos de dívida, que não podem ser utilizados para transações, pagam uma
taxa de juros positiva.
Os economistas usam o termo liquidez para descrever a facilidade com que
um ativo pode ser convertido em meio de troca da economia. A moeda é o ativo
mais líquido dos ativos disponíveis.
Mankiw (2009) menciona os seguintes tipos de moeda:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
■■ Moeda-mercadoria: moeda que toma a forma de uma mercadoria com
valor intrínseco, como o ouro e os cigarros.
■■ Moeda de curso forçado: moeda sem valor intrínseco que é usada como
moeda por decreto governamental.
O controle monetário nas economias é responsabilidade do banco central, que
se trata de uma instituição planejada para supervisionar o sistema bancário e
regular a quantidade de moeda na economia.
OFERTA DE MOEDA
O que é oferta de moeda?
Oferta de moeda é a quantidade de moeda disponível na economia, também
chamada de meios de pagamento.
Segundo Vasconcellos e Garcia (2009), os meios de pagamento constituem o
total de moeda à disposição do setor privado não bancário, de liquidez imediata,
ou seja, é o somatório do papel moeda em poder do público e dos depósitos à
vista nos bancos comerciais.
Os bancos são intermediários financeiros que recebem recursos das pessoas
e empresas e utilizam esses recursos para fazer empréstimos e comprar títulos
de dívida.
O Banco Central do Brasil classifica os meios de pagamento da seguinte forma
■■ M1 = papel moeda em poder do público + depósitos à vista nos bancos
comerciais (moeda de liquidez imediata).
■■ M2 = M1 + depósitos de poupança + títulos privados (depósitos a prazo,
A Moeda: Conceitos, Funções e Tipos
IV
letras cambiais, hipotecárias e imobiliárias).
■■ M3 = M2 + fundos de renda fixa + operações compromissadas com títulos federais.
■■ M4 = M3 + títulos públicos federais, estaduais e municipais.
No que se refere à economia brasileira, a expansão da base monetária e do meio
de pagamento 1 (M1) tiveram o mesmo comportamento no período 1986 a
2012, conforme Tabela 9.
BASE MONETÁRIA
VARIAÇÃO %
M1
VARIAÇÃO %
1986
0,0001
-
0,0002
-
1987
0,0002
100,0%
0,0004
100,0%
1988
0,0013
550,0%
0,0025
525,0%
1989
0,0245
1784,6%
0,0375
1400,0%
1990
0,5896
2306,5%
0,9128
2334,1%
1991
2,3062
3911365,4%
3,9315
4306977,1%
1992
25,1674
991,3%
38,0273
867,2%
1993
516,7291
1953,2%
847,7800
2129,4%
1994
17.684,5510
3322,4%
22.772,6640
2586,2%
1995
21.681,5910
22,6%
28.492,9030
25,1%
1996
19.795,6970
-8,7%
29.807,4830
4,6%
1997
31.828,3320
60,8%
47.362,7220
58,9%
1998
39.184,3780
23,1%
50.707.2660
7,1%
1999
48.430,1570
23,6%
62.744.4410
23,7%
2000
47.686,2130
-1,5%
74.352.4680
18,5%
2001
53.255,9710
11,7%
83.706.7030
12,6%
2002
73.302,2720
37,6%
107.845,9400
28,8%
2003
73.219,1360
-0,1%
109.648,3880
1,7%
2004
88.732,6770
21,2%
127.946,4010
16,7%
2005
101.247,2350
14,1%
144.778,1650
13,2%
2006
121.102,0010
19,6%
174.345,2950
20,4%
MERCADO DE BENS E SERVIÇOS E O MERCADO MONETÁRIO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ANO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
122 - 123
ANO
BASE MONETÁRIA
VARIAÇÃO %
M1
VARIAÇÃO %
2007
146.616,8670
21,1%
231.429,7990
32,7%
2008
147.549,7050
0,6%
223.439,9380
-3,5%
2009
166.072,8350
12,6%
250.234,2750
12,0%
2010
206.853,3220
24,6%
281.875,8970
12,6%
2011
214.235,3110
3,6%
285.376,9020
1,2%
2012
233.371,4520
8,9%
324.482,8092
13,7%
Tabela 9: Base Monetária e Meio de Pagamento 1, fim de período, valores em R$ (milhões), 1986 a 2012
Fonte: Banco Central do Brasil, Boletim, Seção Moeda e Crédito
O QUE É MONETIZAÇÃO E DESMONETIZAÇÃO DA ECONOMIA?
Monetização é o aumento da quantidade de moeda sobre o total de ativos financeiros, e desmonetização é diminuição da quantidade de moeda sobre o total de
ativos financeiros.
O grau de monetização ou desmonetização pode ser medido pela razão M1/
M4. Quando M1 aumenta em relação a M4, há monetização; quando M1 cai
relativamente a M4, ocorre a desmonetização.
COMO OCORRE A CRIAÇÃO E DESTRUIÇÃO DE MOEDA?
Para Vasconcelos e Garcia (2009), ocorre a criação de moeda quando há aumento
do volume de meios de pagamento e a destruição de moeda quando se faz uma
redução dos meios de pagamento. Por exemplo:
■■ Aumento dos empréstimos ao setor privado é criação de moeda.
■■ Resgate de um empréstimo no banco é destruição de moeda.
■■ Quando o depositante retira depósito à vista e o coloca em depósito a
prazo (CDB), ocorre a destruição de moeda.
A Moeda: Conceitos, Funções e Tipos
IV
DEMANDA DE MOEDA
A demanda de moeda pela coletividade corresponde à quantidade de moeda que
o setor privado não bancário retém.
Quais são os motivos para demandar moeda?
De acordo com Keynes, são três as razões para demandar moeda:
■■ Demanda de moeda por precaução: o público e as empresas precisam ter
certa reserva monetária para fazer frente a pagamentos imprevistos ou
atrasos em recebimentos esperados;
■■ Demanda de moeda por especulação (ou por portfólio): dentro de sua carteira de aplicações (portfólio), os investidores devem deixar uma “cesta”
para a moeda, observando o comportamento da rentabilidade dos vários
títulos, para fazer algum novo negócio. Ou seja, a moeda, embora não
apresente rendimentos, tem a vantagem de ter liquidez imediata e pode
viabilizar novas aplicações.
As duas primeiras razões dependem diretamente do nível de renda. É de esperar que, quanto maior a renda, maior a necessidade de moeda para transações
e por precaução.
O PAPEL DAS TAXAS DE JUROS
Vasconcellos e Garcia (2009) argumentam que a taxa de juros tem um papel
estratégico nas decisões dos mais variados agentes econômicos.
Segundo Blanchard (2011), a taxa de juros deve ser tal que a oferta de moeda
(que é independente da taxa de juros) seja igual à demanda por moeda (que
depende da taxa de juros), conforme Gráfico 15.
MERCADO DE BENS E SERVIÇOS E O MERCADO MONETÁRIO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
■■ Demanda de moeda para transações: as pessoas e empresas precisam de
dinheiro para suas transações do dia a dia, para alimentação, transporte,
aluguel etc.;
124 - 125
Oferta de moeda
Taxa de juros, i
Ms
Demanda por moeda
Md
M
Moeda, M
Gráfico 15: A Determinação da taxa de juros
Fonte: Blanchard (2011)
O Gráfico 16 mostra que o aumento da renda nominal provoca o aumento da
taxa de juros. Isso ocorre porque o aumento da renda nominal eleva o nível de
transações e, portanto, aumenta a demanda por moeda a qualquer nível da taxa
de juros. A curva de demanda por moeda se desloca para a direita e o equilíbrio
se move de A para A’.
Ms
Taxa de juros, i
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
i
i´
A´
i
A
Md
Md’
($Y’ > $Y)
M
Moeda, M
Gráfico 16: Efeitos do Aumento da Renda Nominal sobre a Taxa de Juros
Fonte: Blanchard (2011)
A Moeda: Conceitos, Funções e Tipos
IV
Os efeitos do aumento na oferta de moeda sobre a taxa de juros é retratado no
Gráfico 17. Um aumento da oferta de moeda leva a uma diminuição da taxa de
juros, com o deslocamento da curva de oferta de moeda para a direita e o equilíbrio passando de A para A’.
MS
MS´
Taxa de juros, i
A´
i´
Md
M
M´
Moeda, M
Gráfico 17: Efeitos do Aumento na Oferta de Moeda sobre a Taxa de Juros
Fonte: Blanchard (2011)
Tanto consumidores como empresários exercerão um maior poder de compra
à medida que as taxas de juros diminuírem, e ao contrário, se as taxas de juros
aumentarem.
POLÍTICA MONETÁRIA, INFLAÇÃO E DESEMPREGO
A política monetária enfatiza sua atuação sobre os meios de pagamento, títulos
públicos e taxas de juros, modificando o custo e o nível de oferta de crédito.
MERCADO DE BENS E SERVIÇOS E O MERCADO MONETÁRIO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A
i
126 - 127
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Esta política é executada pelo Banco Central, que possui poderes e competência próprios para controlar a quantidade de moeda na economia (ASSAF
NETO, 2008).
Segundo Blanchard (2011), a política monetária envolve duas decisões básicas. A primeira é a escolha de uma taxa média de inflação e, portanto, de uma
taxa média correspondente para expansão monetária. A segunda é a escolha de
quanto se desviar dessa média para reduzir as flutuações do produto. Nesse contexto, é importante considerar o horizonte temporal:
■■ No curto e médio prazo, a política monetária afeta tanto o produto quanto
sua composição. A expansão monetária provoca a queda das taxas de
juros e a depreciação da moeda, que por sua vez, provocam o aumento
da demanda por bens e o aumento do produto.
■■ No longo prazo, a política monetária é neutra. Variações do estoque de
moeda acabam por provocar aumentos proporcionais dos preços, deixando inalterados o produto e o desemprego.
QUAIS SÃO OS INSTRUMENTOS DE POLÍTICA MONETÁRIA?
Segundo Mankiw (2009), para controlar a oferta de moeda na economia, o Banco
Central utiliza os seguintes instrumentos de controle monetário:
■■ Controle das emissões: o Banco Central controla, por força de lei, o
volume de moeda manual da economia, cabendo a ele as determinações
das necessidades de novas emissões e respectivos volumes.
■■ Depósitos compulsórios ou reservas obrigatórias: regulamentação que
diz respeito ao montante mínimo de reservas que os bancos devem manter sobre seus depósitos.
■■ Operações com mercado aberto (open market): são a compra e a venda
de títulos públicos.
■■ Taxa de redesconto: é a taxa de juros sobre os empréstimos que o Banco
Central concede aos bancos.
Política Monetária, Inflação e Desemprego
IV
COMO OCORRE UMA EXPANSÃO E/OU CONTRAÇÃO MONETÁRIA?
Uma expansão monetária ocorre com um aumento na oferta de moeda (M1),
tendo como consequência a redução na taxa de juros e aumento na demanda
agregada. Exemplos:
■■ Redução nos depósitos compulsórios.
■■ Compra de títulos públicos no mercado aberto.
Uma contração monetária ocorre com uma redução na oferta de moeda (M1),
tendo como consequência um aumento na taxa de juros e redução na demanda
agregada. Exemplos:
■■ Aumento nos depósitos compulsórios.
■■ Venda de títulos públicos no mercado aberto.
■■ Aumento nas taxas de redesconto.
Expansão Monetária
Nível Geral de Preços (P)
Oferta Agregada (OA)
B
P1
A
DA´´
P0
DA´ Demanda Agregada (DA)
0
Y0
Y1
PIB
(Y)
Contração Monetária
Nível Geral de Preços (P)
Oferta Agregada (OA)
P0
A
B
DA´
P1
DA´´ Demanda Agregada (DA)
0
Y1
Y0
PIB
(Y)
MERCADO DE BENS E SERVIÇOS E O MERCADO MONETÁRIO
Gráfico 18: Efeitos da
expansão e da contração
monetária sobre a
demanda agregada
Fonte: elaborado pelo
autor
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
■■ Redução nas taxas de redesconto.
128 - 129
EXISTE UM TRADE-OFF ENTRE DESEMPREGO E INFLAÇÃO?
A relação empírica negativa entre desemprego e inflação é conhecida como a
Curva de Phillips (Gráfico 19), em homenagem ao economista A. W. Phillips,
que examinou, em 1958, dados sobre o desemprego e o crescimento do salário
nominal durante 97 anos na Grã-Bretanha.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Taxa de
inflação
A
B
Curva de Phillips
Taxa de desemprego
Gráfico 19: Curva de Phillips
Fonte: Viceconti e Neves (2008)
Segundo Abel, Bernanke e Croushore (2008), a ideia original da Curva de
Phillips é que, para reduzir a inflação, a economia deve tolerar desemprego alto,
ou então, para reduzir o desemprego, é necessário aceitar que haja mais inflação.
Embora a Curva de Phillips parecesse descrever
adequadamente a relação inflação-desemprego nos Estados Unidos nos anos 1960,
durante a segunda metade da década,
os economistas Milton Friedman e
Edmund Phelps (ganhadores do
Nobel de Economia) questionaram
a lógica da curva de Phillips. Eles provaram que
deve existir, na verdade, uma relação negativa
entre inflação não prevista (a diferença entre as
taxas de inflação real e esperada) e desemprego
©shutterstock
Política Monetária, Inflação e Desemprego
IV
cíclico (a diferença entre as taxas de desemprego real e natural).
Viceconti e Neves (2008) afirmam que, modernamente, a Curva de Phillips
é utilizada como uma forma de descrever o ajustamento dinâmico dos preços da
economia em função do desvio do produto real em relação ao produto potencial (produto de pleno emprego).
Em que pese os inconvenientes da inflação, Blanchard (2011) argumenta
que a inflação não é completamente ruim, identificando três benefícios proporcionados por ela:
2. A opção de taxas reais de juros negativas. Uma taxa de inflação positiva
permite que a autoridade monetária alcance taxas reais de juros negativas, opção que pode ser útil quando a economia se encontra em recessão.
3. A ilusão monetária revisitada. Há um argumento razoável de que a ilusão
monetária na realidade propicia a defesa de uma taxa de inflação positiva.
O combate à inflação de demanda por meio da política monetária é considerado
um remédio monetarista.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta unidade, iniciamos o estudo dos agregados econômicos e suas relações
entre os agentes econômicos e o governo.
Foram discutidos os principais objetivos de política macroeconômica, analisando as influências de curto e longo prazo das políticas fiscal e monetária
sobre a economia.
Verificamos os fatores que determinam o crescimento econômico de longo
prazo de um país, as causas que levam a atividade econômica do país flutuar, os
fatores que provocam desemprego e a elevação dos preços.
Foram apresentadas as abordagens de mensuração do produto interno bruto
MERCADO DE BENS E SERVIÇOS E O MERCADO MONETÁRIO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
1. Senhoriagem. A emissão de moeda – fonte última da inflação, é uma das
formas pela qual o governo pode financiar seus gastos.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
130 - 131
(produção, renda e dispêndio), com destaque para a ótica da demanda agregada
em que o componente consumo representa aproximadamente 70% do produto
interno bruto.
Relacionamos as políticas fiscal e monetária com o combate à inflação e ao
desemprego, destacando o papel das taxas de juros nas tomadas de decisões de
investimento e consumo.
Trabalhamos os métodos de determinação da renda de equilíbrio, conceituando e diferenciando os conceitos crescimento e desenvolvimento econômico,
bem como os conceitos de PIB nominal e PIB real.
Finalmente, identificamos que o desempenho econômico de um país depende
de diversos fatores, dentre os quais se sobressaem recursos naturais e humanos, estoque de capital (edifícios, máquinas e softwares), tecnologia e políticas
econômicas.
“Homens práticos, que se julgam absolutamente imunes a quaisquer influências intelectuais, em geral, são escravos de algum economista já falecido.”
Essa frase é de John Maynard Keynes, economista cujas ideias influenciaram
políticas econômicas entre as décadas de 1940 e 1970.
Considerações Finais
1. Defina política econômica e sintetize os seus objetivos finais.
2. Qual a diferença entre política econômica normativa e positiva?
3. Quais são os instrumentos de política econômica? Resuma-os.
4. Sobre o conceito de moeda:
a) Defina moeda e suas funções.
b) Diferencie moeda fiduciária de moeda lastreada.
c) Defina política monetária expansionista e restritiva (contracionista).
5. Quais são os instrumentos de política monetária (controle monetário)?
6. Qual o papel do sistema de crédito para o desenvolvimento econômico?
7. Quais são os motivos para demandar moeda segundo Keynes (preferência pela
liquidez)? Defina-os.
8. Coloque-se na posição de uma autoridade monetária e apresente dois instrumentos de política monetária para cada um dos objetivos a seguir:
a) Expansão do nível de atividade econômica.
b) Política anti-inflacionária.
9. Suponha que uma pessoa com uma riqueza de R$ 50.000,00 e uma renda anual
de R$ 90.000,00 tenha a seguinte função de demanda por moeda:
Md = $Y (0,5 - i)
a) Qual é a demanda por moeda da pessoa quando a taxa de juros é de 10%? E
quando é de 15%?
b) Qual é a demanda por títulos de dívida da pessoa quando a taxa de juros é de
10%? E quando é de 15%?
Bd = W - M d
c) Qual é a relação entre a demanda por títulos de dívida e a demanda por moeda,
quando ocorrem alterações na taxa de juros?
10. Defina o Produto Interno Bruto (PIB) nas óticas da produção, da demanda e da
renda agregada.
11. Quais são as diferenças entre crescimento e desenvolvimento econômico?
132 - 133
MATERIAL COMPLEMENTAR
Macroeconomia
Olivier Blanchard
Editora: Pearson Education, 2011
Sinopse: O livro apresenta os principais
conceitos, teorias e aplicações da
macroeconomia, com ênfase no cenário
econômico mundial contemporâneo,
como o rápido crescimento econômico
da China e a crise econômica mundial
ocorrida em 2008.
Links para informações sobre indicadores
macroeconômicos.
Dados sobre países em desenvolvimento no site do World
Bank (Banco Mundial)
<www.worldbank.org/data>.
Fotos da história da moeda norte-americana
<http://www.frbsf.org/education/teacher-resources/
american-currency-exhibit>.
Revista semanal de notícias The Economist
<www.economist.com> .
Banco Central do Brasil
<www.bcb.gov.br >.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
<www.ibge.gov.br >.
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – Ipea. Fonte de
relatórios e artigos analíticos sobre a economia brasileira.
<www.ipedata.gov.br>
IpeaData, grande banco de dados mantido pelo Ipea com
dados de terceiros e dados próprios.
<www.ipeadata.gov.br >.
Jornal Valor Econômico
<www.valoronline.com.br>.
Portal Exame de Economia e Finanças
<www.portalexame.abril.com.br>.
Revista Conjuntura Econômica
<www.fgv.br/ibre/cecon>.
Material Complementar
IV
MERCADO DE BENS E SERVIÇOS E O MERCADO MONETÁRIO
SETOR EXTERNO E O
MERCADO DE TRABALHO
UNIDADE
Professor Me. Sidinei Silvério da Silva
V
Objetivos de Aprendizagem
■■ Compreender as razões pelas quais os países realizam o comércio
internacional.
■■ Entender a Teoria das Vantagens Comparativas.
■■ Analisar as relações existentes entre os regimes cambiais e a
determinação da taxa de câmbio.
■■ Mensurar os pontos positivos e negativos da globalização econômica
e financeira.
■■ Conhecer as principais variáveis de estudo do mercado de trabalho
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade
■■ A Teoria das Vantagens Comparativas
■■ Regimes Cambiais e a Determinação da Taxa de Câmbio
■■ As políticas cambial e comercial e seus impactos sobre o comércio
internacional
■■ O processo de internacionalização da economia (globalização)
■■ O Mercado de Trabalho
136 - 137
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a), nesta quinta unidade, você conhecerá uma das teorias que
explicam por que o comércio internacional ocorre, a influência da taxa de câmbio
sobre as transações internacionais, os efeitos da globalização sobre os negócios
e economias nacionais, bem como as transformações ocorridas no mercado de
trabalho.
De forma geral, as transações internacionais acontecem tendo em vista o
tamanho dos mercados e a distância entre eles; as diferenças em força de trabalho,
qualificações, capital físico, recursos naturais e tecnologia criam vantagens produtivas para os países e as economias de escala (uma escala maior é mais eficiente).
A política cambial juntamente com as políticas fiscal e monetária são os principais instrumentos de política econômica que os governos utilizam para atingir
e manter os equilíbrios interno e externo das economias nacionais.
Nesse contexto, conhecer o funcionamento das economias abertas auxiliará
você a entender as nuances dos negócios internacionais.
A TEORIA DAS VANTAGENS COMPARATIVAS
Segundo Krugman e Obstfeld (2005), a maior parte das teorias sobre comércio internacional trata dos determinantes básicos dos padrões de comércio de
bens e das implicações do comércio sobre o bem-estar. Argumentam eles que
as principais teorias de comércio internacional baseiam-se, em sua maioria, no
princípio da vantagem comparativa, ou seja, supõem serem as trocas internacionais de bens o resultado das diferenças entre os países em termos de custos
relativos e, consequentemente, de preços relativos.
Essa seção de estudo está baseada em Krugman e Obstfeld (2005), Mankiw
(2009), Blanchard (2011) e Abel, Bernanke e Croushore (2008).
Na origem do princípio das vantagens comparativas temos o modelo ricardiano de comércio internacional, baseado na teoria clássica do valor trabalho. De
Introdução
V
acordo com esse modelo, os custos comparativos são determinados pela produtividade relativa do trabalho. Variações nessa produtividade entre os países adviriam
principalmente de diferenças tecnológicas entre eles. A análise ricardiana começa
com uma crítica ao princípio das vantagens absolutas de Adam Smith, ou seja, de
que o comércio internacional seja determinado por diferenças absolutas na produtividade do trabalho. Em seu modelo, Ricardo supôs que as funções de produção
são diferentes entre países e que elas apresentam retornos constantes de escala.
O modelo ricardiano usa os conceitos de custo de oportunidade e vantagem
comparativa.
O custo de oportunidade de produzir alguma coisa mede o custo de não ser
capaz de produzir outra coisa porque os recursos já foram utilizados.
Os países enfrentam os custos de oportunidade quando emprega recursos
para produzir bens e serviços. Por exemplo, um número limitado de trabalhadores pode ser empregado para produzir bananas ou computadores.
Desta forma, o custo de oportunidade de fabricar computadores equivale à
quantidade de bananas não produzidas, e o custo de oportunidade de produzir
bananas equivale à quantidade de computadores não fabricados.
Um país enfrenta um dilema: quantos computadores ou toneladas de bananas deve produzir com os recursos limitados que possui?
Um país possui uma vantagem comparativa na produção de
©s
hu
um bem, se o custo de oportunidade
tte
rst
oc
k
desse bem é inferior no país do que
em outros países.
Assim, a teoria das vantagens comparativas
(David Ricardo, 1817) sugere que cada país deve se especializar na produção da mercadoria em que é relativamente mais eficiente
(ou que tenha um custo relativamente menor).
Determinado país deverá importar bens cuja produção implicar um custo relativamente maior.
SETOR EXTERNO E O MERCADO DE TRABALHO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
VANTAGEM COMPARATIVA E CUSTO DE OPORTUNIDADE
138 - 139
Exemplo
HORAS DE TRABALHO PARA PRODUZIR
VINHO
TECIDO
Portugal
11
22
Inglaterra
55
55
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Tabela 10: Produção de vinho e tecido na Inglaterra e Portugal
Fonte: elaboração do autor a partir de dados hipotéticos
De acordo com os dados da Tabela 10, em Portugal, é possível produzir tanto
vinho quanto tecidos com menos trabalho do que na Inglaterra. Entretanto, o
custo relativo de se produzir tecido na Inglaterra é menor do que em Portugal.
Logo, com base nas vantagens comparativas, Portugal deve se especializar na
produção de vinho e a Inglaterra na produção de tecido e, por meio do comércio internacional, realizarem as trocas mutuamente benéficas, melhorando o
bem-estar econômico e social de ambos os países.
TAXA DE CÂMBIO
O preço de uma moeda em termos de outra é denominado taxa de câmbio. Por
causa de sua forte influência sobre as transações correntes e outras variáveis
macroeconômicas, as taxas de câmbio estão entre os preços mais importantes
das economias abertas.
Como a taxa de câmbio, correspondente ao preço da moeda de um país em
termos da moeda de outro, é também o preço de um ativo, os princípios que
governam o comportamento dos preços de outros ativos também governam o
comportamento das taxas de câmbio.
De modo geral, a taxa de câmbio de HOJE está intimamente relacionada às
expectativas das pessoas sobre o nível FUTURO dessa taxa.
Assim como o preço das ações aumenta imediatamente após notícias favoráveis sobre as perspectivas futuras da empresa, as taxas de câmbio respondem
Taxa de Câmbio
V
Taxa de Câmbio Real = é a razão entre os preços estrangeiros e preços domésticos, medidos na mesma moeda. Ela mede a competitividade de um país no
comércio internacional.
Se a taxa de câmbio real é igual a 1, então as moedas estão na paridade do
poder de compra (duas moedas estão na paridade do poder de compra quando
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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
imediatamente a quaisquer notícias referentes aos valores futuros das moedas.
As taxas de câmbio desempenham um papel central no comércio internacional porque nos permitem comparar os preços de bens e serviços produzidos
em diferentes países.
Se conhecemos a taxa de câmbio entre as moedas de dois países, podemos
calcular o preço das exportações de um em relação à moeda do outro.
Mudanças nas taxas de câmbio são descritas como depreciações ou apreciações. Uma depreciação do Real em relação ao Dólar significa uma queda no
preço em dólares dos reais.
US$ 1 = R$ 1,25 / US$ 1 = R$ 1,50
Permanecendo tudo o mais constante, uma DEPRECIAÇÃO da moeda de um
país torna seus bens mais baratos para os estrangeiros.
Uma elevação no preço do Real em relação ao Dólar significa uma apreciação do Real em relação ao Dólar.
US$ 1 = R$ 1,50 / US$ 1 = R$ 1,25
Permanecendo tudo o mais constante, uma APRECIAÇÃO da moeda de um
país torna seus bens mais caros para os estrangeiros.
Conclusivamente, quando a moeda de um país se deprecia, os estrangeiros
descobrem que suas exportações estão mais baratas e os residentes domésticos
constatam que as importações do exterior estão mais caras. Uma apreciação tem
efeito oposto: os estrangeiros pagam mais pelos produtos do país, e os consumidores domésticos pagam menos pelos produtos estrangeiros
Taxa de Câmbio Nominal X Taxa de Câmbio Real
Taxa de Câmbio Nominal = é preço de uma moeda em termos de outra.
Exemplo: preço do dólar em reais.
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140 - 141
uma unidade de moeda doméstica pode comprar a mesma cesta de bens no Brasil
e no exterior). Se a taxa de câmbio real do Brasil aumenta para acima de 1, isso
significa que os bens no exterior são mais caros que os bens no Brasil. Tudo o
mais constante, isso implica que as pessoas – tanto no Brasil quanto no exterior –
provavelmente trocarão parte de seus gastos por bens produzidos no Brasil. Isso
frequentemente é descrito como um aumento da competitividade dos produtos brasileiros. À medida que a taxa de câmbio real é maior do que 1, esperamos
que a demanda relativa por bens produzidos domesticamente se eleve. Por fim,
isso deveria ou aumentar os preços domésticos ou diminuir a taxa de câmbio,
levando-nos para mais próximo da paridade do poder de compra.
As forças de mercado evitam que a taxa de câmbio mude para muito longe
da PPC ou que permaneçam longe da PPC indefinidamente.
A taxa de câmbio real é definida por:
Onde:
= taxa de câmbio real
E = taxa de câmbio nominal
P* = índice de preços do país estrangeiro
P = índice de preços doméstico
REGIME DE CÂMBIO FIXO
Segundo Vasconcelos e Garcia (2011), nesse regime o Banco Central fixa antecipadamente a taxa de câmbio com a qual o mercado deve operar. Pelas regras
fixadas pelo sistema financeiro internacional, se um país fixa sua taxa de câmbio, ele se obriga a disponibilizar as reservas para o mercado quando requisitadas
(seja pelos exportadores, turistas ou saídas de capital financeiro). As desvantagens desse regime cambial são a vulnerabilidade a elevações na demanda por
moeda estrangeira; elevadas taxas de juros para evitar a saída de reservas; e política monetária completamente amarrada à questão cambial.
Taxa de Câmbio
V
REGIME DE CÂMBIO FLUTUANTE (FLEXÍVEL)
Nesse regime cambial, a taxa de câmbio é determinada pelo mercado de divisas,
ou seja, pela oferta e demanda de moeda estrangeira. Diferentemente do sistema
de câmbio fixo, o Banco Central não é obrigado a disponibilizar suas reservas
cambiais. Vantagem: defesa das reservas cambiais; política monetária direcionada
para outros objetivos. Desvantagem: volatilidade – mercado financeiro – nacional/internacional, inclusive especulativas (VASCONCELLOS; GARCIA, 2011).
Segundo Sandroni (1999), o Balanço de Pagamentos é o registro de todas as transações de caráter econômico-financeiro realizadas por residentes de um país com
residentes dos demais países, conforme Figura 1.
BALANÇO DE PAGAMENTOS
a)Balanço Comercial (Mercadorias)
•Importações FOB (débito)
•Exportações FOB (crédito)
b)Serviços e Rendas
•Viagens internacionais (turismo)
•Transportes (fretes)
•Seguros
•Rendas de capitais (juros, remessa de lucros, dividendos e lucros reinvestidos
pelas multinacionais)
•Serviços diversos (royalties, assistência técnica)
•Serviços governamentais (embaixadas)
c) Transferências Unilaterais Correntes (Donativos em Divisas ou Mercadorias)
d)Balanço de Transações Correntes ou Saldo em Conta Corrente (Resultado
Líquido de A + B + C)
SETOR EXTERNO E O MERCADO DE TRABALHO
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BALANÇO DE PAGAMENTOS
142 - 143
BALANÇO DE PAGAMENTOS
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e)Conta Capital e Financeira
•Investimentos diretos líquidos (novas firmas estrangeiras)
•Reinvestimentos (multinacionais já instaladas no país)
•Empréstimos e financiamentos (Banco Mundial, BID, bancos privados e oficiais
estrangeiros)
•Amortizações de empréstimos
•Capitais de curto prazo
f) Erros e Omissões
g)Saldo do Balanço de Pagamentos (Resultado Líquido de D + E + F)
h)Variação das Reservas
Figura 1: Estrutura do Balanço de Pagamentos
Fonte: Krugman e Obstfeld (2005)
Dependendo da natureza da transação econômica ou financeira, que dá lugar à
receita ou despesa de divisas, podem ser classificadas como operações em transações correntes (A+B+C) ou movimento de capitais (E). As transações correntes
incluem as contas de comércio, serviços, rendas e as transferências unilaterais.
O movimento de capitais constitui uma conta também chamada de conta capital e financeira.
O resultado global do Balanço de Pagamentos (G) indica que, se as receitas totais (entradas de divisas) superarem as despesas totais (saída de divisas), o
balanço de pagamentos apresentará um superávit; se ocorrer o inverso, haverá
um déficit e, se os valores forem equivalentes, o balanço de pagamentos estará
equilibrado.
Para ilustrar, apresentamos na Tabela 11 o saldo da balança comercial, do
balanço de pagamentos e das reservas internacionais concernentes à economia
brasileira no período 1986 a 2012.
Taxa de Câmbio
V
BC
BP
RESERVAS
1986
8.304,2990
-3.835,7000
6.760,0000
1987
11.173,0980
1.014,6000
7.458,0000
1988
19.184,1113
1.248,9000
9.140,0000
1989
16.119,1870
886,1000
9.679,0000
1990
10.752,3940
480,7000
9.973,0000
1991
10.579,9687
-369.0000
9.406,0000
1992
15.238,8948
14.670,2000
23.754,0000
1993
13.298,7681
8.708,8000
32.211,0000
1994
10.466,4721
7.215,2000
38.806,0000
1995
-3.465,6150
12.918,9000
51.840,0000
1996
-5.599,0410
8.666,1000
60.110,0000
1997
-6.752,8870
-7.907,1591
52.173,0000
1998
-6.574,5020
-7.970,2074
44.556,4437
1999
-1.198,8680
-7.822,0400
36.342,2753
2000
-697,7475
-2.261,6544
33.011,0000
2001
2.650,4670
3.306,6005
35.866,4150
2002
13.121,2970
302,0872
37.823,4564
2003
24.793,9241
8.495,6505
49.296,2022
2004
33.640,5407
2.244,0298
52.934,8431
2005
44.702,8783
4.319,4639
53.799,2851
2006
46.456,6287
30.569,1174
85.838,8644
2007
40.031,6266
87.484,2457
180.333,6087
2008
24.835,7524
2.969,0721
206.806,0462
2009
25.289,8057
46.650,9878
239.054,1056
2010
20.146,8579
49.100,5036
288.574,6036
2011
29.793,6766
58.636,8072
352.012,0740
2012
19.430,6454
18.899,5524
378.613,4969
Tabela 11: Saldo da Balança Comercial (FOB), Resultado Global do Balanço de Pagamentos e Reservas
Internacionais (liquidez internacional), Brasil, 1986 a 2012, valores em US$ (milhões)
Fonte: Banco Central do Brasil, Boletim, Seção Balanço de Pagamentos
SETOR EXTERNO E O MERCADO DE TRABALHO
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ANO
144 - 145
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O resultado apresentado evidencia os efeitos da volatilidade no mercado de divisas e os reflexos das crises do México (1995), da Rússia (1998) e da Argentina
(1999) sobre o movimento de capitais no Brasil.
O PROCESSO DE INTERNACIONALIZAÇÃO DA
ECONOMIA (GLOBALIZAÇÃO)
Nas últimas décadas, houve grandes mudanças de caráter tecnológico-organizacional que provocaram a aceleração dos processos de internacionalização e
globalização mundial.
Segundo Sandroni (1999), a globalização designa o fim das economias nacionais e a integração cada vez maior dos mercados, dos meios de comunicação e
dos transportes. Um dos exemplos mais interessantes do processo de globalização
é o abastecimento de uma empresa por meio de fornecedores que se encontram
em várias partes do mundo, cada um produzindo e oferecendo as melhores condições de preço e qualidade naqueles produtos que têm
maiores vantagens comparativas.
Para Vasconcellos e Garcia (2011), entende-se
por globalização produtiva a produção e distribuição de valores dentro de redes em escala
mundial, com o acirramento da concorrência
entre grandes grupos multinacionais. Por seu
turno, entende-se por globalização financeira a
negociação entre os diversos mercados de capitais do mundo.
A crescente integração financeira e o significativo
aumento no número de crises cambiais levanta outra
questão que é como a crise de um país afeta outros países, o chamado efeito contágio em que os efeitos das
crises cambiais em um país se espalham para outros
©shutterstock
O Processo de Internacionalização da Economia (Globalização)
V
países. Essa possibilidade decorre da chamada “globalização financeira”.
Em relação aos aspectos negativos e positivos da globalização, podemos
mencionar o que segue:
■■ Pontos negativos. Os principais aspectos negativos da globalização são
o desemprego, crises mundiais, especulação financeira, problemas cambiais e enfraquecimento das economias nacionais.
A ascensão recente da China enquanto potência mundial a coloca num patamar de rivalizar com os Estados Unidos a hegemonia econômica do planeta. Segundo a economista de Oxford, Prof.ª Ngaire Woods, estaria a China
destinada a substituir o Império Americano? Assista ao vídeo disponível em:
<http://www.youtube.com/watch?v=RW4MuzPMAxM> e tire suas conclusões!
O MERCADO DE TRABALHO
O mercado de trabalho é um dos cinco mercados em que a macroeconomia
normalmente divide a economia. Nesse mercado, se determinam a quantidade
utilizada de trabalho (N) e o salário nominal do trabalhador (W).
Com base em Bacha e Lima (2006), serão definidos conceitos fundamentais
para entender o funcionamento do mercado de trabalho:
■■ População residente é o total de pessoas vivendo em um certo país em
certo momento do tempo, independente de sua idade e se está ou não
trabalhando, procurando trabalho ou apenas é ociosa. A população residente se divide em População Economicamente Ativa (PEA), População
Não Economicamente Ativa e Pessoas Incapacitadas ao trabalho.
SETOR EXTERNO E O MERCADO DE TRABALHO
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■■ Pontos positivos. Os principais aspectos positivos da globalização são
a geração de empregos em países em desenvolvimento, favorecimento à
transferência de empregos e empresas, ganhos econômicos (redução de
custos), ganhos culturais e ganhos científicos.
146 - 147
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
■■ População Economicamente Ativa (PEA) são as pessoas acima de certa
idade (por exemplo, com 10 ou mais anos de idade) que são aptas e desejam trabalhar, independente de estarem ou não trabalhando. Esta categoria
inclui as pessoas que estão trabalhando e os que estão desempregados,
mas procuram emprego.
■■ População Não Economicamente Ativa são as pessoas aptas a trabalhar,
mas que não estão trabalhando e nem procurando emprego. Nessa categoria se incluem os trabalhadores desalentados (dispostos a trabalhar,
mas desestimulados a procurar trabalho), as pessoas dedicadas às atividades do lar, os estudantes, os aposentados, os pensionistas, os rentistas,
por exemplo.
■■ Pessoas Incapacitadas ao Trabalho são aquelas abaixo de certa idade
(por exemplo, 10 anos), as inválidas física e/ou mentalmente para trabalhar, idosos, réus e outros não classificados na PEA ou na População Não
Economicamente Ativa.
A soma da PEA com a população não economicamente ativa fornece a população em idade ativa (PIA).
Define-se a taxa de participação (tp) como sendo a relação entre PEA e PIA.
■■ A força de trabalho (FT) em dado país é a PEA do País. Observe que essa
PEA se decompõe em pessoas ocupadas e pessoas procurando emprego.
■■ Pessoas ocupadas são aquelas exercendo atividades outras do que as
domésticas no próprio lar, e que recebem ou não remuneração (monetária ou em espécie).
As pessoas procurando emprego são classificadas como
sendo desempregadas.
■■ Taxa de desemprego é a percentagem da força de trabalho que está desocupada e procurando emprego.
Em relação ao mercado de trabalho brasileiro, conforme Tabela 12,
de 1993 a 2004, a taxa de participação manteve-se estável, ou seja,
em torno de 61%.
©shutterstock
O Mercado de Trabalho
V
POPULAÇÃO
RESIDENTE
(MIL)
PEA COM 10
ANOS OU
MAIS (MIL)
PESSOAS
OCUPADAS
(MIL)
PESSOAS DESEMPREGADAS (MIL)
POP. NÃO ECONOMICAMENTE ATIVA (MIL)
TAXA DE
PARTICIPAÇÃO (%)
1993
148.217
70.965
66.570
4.396
45.123
61,1
1995
152.375
74.138
69.629
4.510
46.763
61,3
1996
154.361
73.120
68.040
5.080
50.459
59,2
1997
156.128
75.213
69.332
5.882
49.833
60,1
1998
158.232
76.886
69.963
6.923
50.804
60,2
1999
164.133
81.176
73.346
7.830
51.952
61,0
2001
169.370
83.243
75.458
7.785
54.427
60,5
2002
171.668
86.056
78.180
7.876
54.285
59,0
2003
175.988
88.803
80.163
8.640
55.819
61,4
2004
178.605
91.035
82.820
8.218
56.156
61,9
Tabela 12: Dados sobre população e emprego, Brasil, anos selecionados
Fonte: Bacha e Lima (2006)
COMO OS SALÁRIOS SÃO DETERMINADOS?
Blanchard (2011) afirma que a fixação de salários é feita de várias formas. A porcentagem de empregados cobertos por acordos coletivos de trabalho não chega
a atingir 25%. Os demais salários são determinados pelos empregadores ou por
acordos bilaterais entre o empregador e o empregado.
NEGOCIAÇÕES
Muitos trabalhadores empregados têm algum poder de barganha. O nível do
poder de barganha de um trabalhador depende claramente da natureza do seu
trabalho. Além disso, as condições de trabalho também afetam o poder de barganha dos trabalhadores. Se a taxa de desemprego é baixa, a empresa encontrará
maior dificuldade para encontrar um substituto aceitável. Isso, por sua vez,
aumenta o poder de barganha dos trabalhadores empregados, que conseguirão
obter maiores salários.
SETOR EXTERNO E O MERCADO DE TRABALHO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ANO
148 - 149
SALÁRIOS DE EFICIÊNCIA
As próprias empresas podem desejar pagar mais do que os salários de restrição.
As empresas querem que seus trabalhadores sejam produtivos e o salário pode
ajudá-las a atingir essa meta.
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TAXA NATURAL DE DESEMPREGO
A taxa natural de desemprego é tal que o salário real decorrente da determinação
dos salários é igual ao salário real decorrente da fixação de preços. Um aumento
nos benefícios-desemprego leva a um aumento da taxa natural de desemprego.
A redução do markup leva a um decréscimo da taxa natural de desemprego
(BLANCHARD, 2011).
CONSEQUÊNCIAS DA GLOBALIZAÇÃO SOBRE O MERCADO DE
TRABALHO
Com a abertura da economia brasileira, iniciada no Governo Fernando Collor
de Mello, houve um aumento da competitividade no setor industrial brasileiro,
e as empresas precisaram criar estratégias para continuar no mercado. Dentre
essas estratégicas, podemos destacar a diversificação de produtos, a terceirização da produção e a criação de programas de qualidade.
Especificamente sobre o mercado de trabalho, o aumento do desemprego
estrutural pode ser apontado como um dos aspectos perversos da globalização.
Ademais, implantado pela globalização, o novo paradigma tecnológico requer mão
de obra qualificada, marginalizando assim parcela significativa de trabalhadores.
No que se refere ao comportamento da taxa média de desemprego, no Brasil,
de 2003 a 2012, constatamos uma boa situação de empregabilidade em meio a
um cenário adverso vivido por muitas economias ao redor do mundo (Figura 2).
O Mercado de Trabalho
V
12,2
12,3
10,3
10,1
9,9
8,3
8,6
7,3
6,3
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
5,7
2013
Figura 2: Taxa Média de Desemprego no 1º Semestre, em %, 2003-2013
Fonte: IBGE
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que
o primeiro semestre de 2013 apresentou a menor taxa média de desemprego
para o período nos últimos 10 anos. De janeiro a junho deste ano, a taxa média
de desemprego foi 5,7%. Já nos primeiros seis meses de 2003, a taxa média de
desemprego era 12,2%. Uma queda de 6,5% em todo o período.
Apesar do desempenho apresentado, um dos problemas do mercado de trabalho se caracteriza pela qualidade dos postos de trabalho que têm sido gerados
na economia brasileira. A separação do emprego formal e informal para a análise proposta se faz importante à medida que mais da metade da PEA nacional
se enquadra no mercado de trabalho informal. Considerando que a informalidade afeta tanto as pessoas, que ficam desabrigadas dos benefícios trabalhistas,
quanto o crescimento econômico, ao dificultar a arrecadação de impostos pelo
governo e desestimular novos investimentos do setor formal, fica clara a necessidade de políticas públicas que desonerem a criação de postos formais de trabalho
no Brasil.
SETOR EXTERNO E O MERCADO DE TRABALHO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
2003
5,9
150 - 151
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta unidade, finalizamos o estudo dos agregados econômicos com a apresentação da Teoria das Vantagens Comparativas, dos regimes cambiais, da
determinação da taxa de câmbio, do processo de internacionalização da economia e do mercado de trabalho.
Constatamos que a taxa de câmbio exerce uma influência considerável sobre
a balança comercial e os fluxos de capitais, em que a crescente integração financeira e o significativo aumento no número de crises cambiais sugerem uma
interdependência cada vez maior entre os países.
Concluímos que dadas a heterogeneidade e a complexidade dos determinantes do comércio internacional (elementos de oferta e de demanda, influências
econômicas, determinantes específicos relativos ao produto, empresa, setor de
atividades ou país), não é possível ter-se uma teoria geral que possa ser aplicada
a todos os casos e a qualquer momento.
Finalmente, verificamos que a globalização provocou inúmeras transformações no mercado de trabalho, principalmente com o aumento do desemprego
estrutural em muitos países e pelo novo paradigma tecnológico, que requer mão
de obra qualificada, marginalizando parcela significativa de trabalhadores.
“É, contudo, o produtor que, via de regra, inicia a mudança econômica, e
os consumidores, se necessário, são por ele ‘educados’; eles são, por assim
dizer, ensinados a desejar novas coisas, ou coisas que diferem de alguma
forma daquelas que têm o hábito de consumir.” Essa frase é de Joseph Alois
Schumpeter, economista que nasceu em Triesch, na Moravia, província austríaca hoje pertencente à República Checa. Prescrever a “destruição criadora”, ou seja, a substituição de antigos produtos e hábitos de consumir por
novos, foi um passo que Schumpeter rapidamente deu ao descrever o processo do desenvolvimento econômico.
Considerações Finais
1.O que é taxa de câmbio?
2.Diferencie regime de câmbio fixo de câmbio flutuante.
3.Quais os efeitos de uma apreciação ou valorização cambial sobre o comércio
internacional?
4.Quais os efeitos de uma depreciação ou desvalorização cambial sobre o comércio internacional?
5.Defina globalização produtiva e globalização financeira.
6.O que é taxa de ocupação e taxa de desemprego?
7.Diferencie emprego formal de emprego informal.
8.Quais as consequências do processo de globalização econômica e financeira sobre o mercado de trabalho brasileiro?
152 - 153
MATERIAL COMPLEMENTAR
Trabalho escravo
Para saber mais sobre o trabalho escravo, assista à reportagem que aborda a escravidão
contemporânea de forma grave e lucrativa segundo a Organização Mundial do Trabalho.
http://globotv.globo.com/globo-news/sem-fronteiras/t/todos-os-videos/v/escravidaocontemporanea-e-grave-e-lucrativa-segundo-a-organizacao-mundial-do-trabalho/2941782/
Princípios de Macroeconomia
N. Gregory Mankiw
Editora: Cengage Learning
Sinopse: O livro apresenta o mundo da macroeconomia de forma clara
e atraente, despertando o interesse do aluno em aprender economia,
com o entendimento do mundo em que vive, por meio de diversas
ferramentas de aprendizado, como Sumário dos capítulos, Saiba Mais
Sobre, Estudo de Caso, Notícias, Conceitos-Chave, Testes Rápidos,
Resumos, Questões para Revisão, Problemas e Aplicações e Glossário.
Material Complementar
154 - 155
CONCLUSÃO
Caro(a) aluno(a), chegamos ao final do livro de Economia e Sociedade. Neste livro,
procuramos levar a você conhecimentos (básicos, no entanto essenciais tanto para
a esfera pessoal quanto para a esfera profissional) acerca dos principais elementos
da teoria econômica e suas aplicações.
Voltamos a frisar que nosso objetivo ao escrever este livro foi criar condições/meios
para que você pudesse compreender da melhor maneira possível conceitos e aplicações da economia, já que tais conceitos/aplicações o ajudarão a encontrar possíveis respostas às inúmeras questões socioeconômicas com as quais nos deparamos
cotidianamente, sejam elas de âmbito pessoal e/ou profissional.
Assim sendo, esperamos ter despertado em você curiosidades e vontade de compreender ainda mais a economia na prática!
Vale lembrar que a construção do conhecimento acerca dos conceitos e aplicações
da economia neste livro foram estruturadas em cinco unidades. Na unidade I, escrita pela professora Daniela Carla Monteiro, tratamos sobre conceitos fundamentais
em economia.
O estudo desta unidade lhe permitiu a) compreender por que a economia é uma
ciência da escassez; b) reconhecer a contradição existente entre fatores de produção e necessidades humanas; c) definir economia e suas atividades de produção; d)
analisar a curva ou fronteira de possibilidades de produção (CPP); e) entender o conceito de custo de oportunidade; f ) discutir os problemas econômicos fundamentais
e, g) explicar o funcionamento de um sistema econômico capitalista.
Sinteticamente, agora você conhece/domina conceitos fundamentais em economia
e está apto a compreender/analisar, ainda que de modo geral, o mundo/sociedade
em que vivemos.
Sequencialmente, nas unidades II e III, escritas pela professora Andréia Moreira
da Fonseca Boechat, introduzimos a microeconomia, ou seja, tratamos sobre demanda, oferta e equilíbrio de mercado e estruturas de mercado respectivamente.
O estudo da unidade II lhe permitiu compreender a lei geral da demanda e a lei geral da oferta, que procuram explicar os motivos que fazem com que consumidores
e produtores demandem/ofertem determinados bens e serviços, bem como de que
modo objetivos opostos entre produtores e consumidores são acordados. Nunca
se esqueça de que tais acordos são informais e que os mesmos formam preços e
quantidades que garantem equilíbrio ao mercado.
No estudo da unidade III, por sua vez, o aprendizado/compreensão refere-se ao
modo como as diversas empresas existentes se organizam no mercado. Vimos que
esse modo de organização é denominado pela microeconomia de estruturas de
mercado e que as principais estruturas de mercado são: concorrência perfeita, monopólio, oligopólio e concorrência monopolística. Agora você compreende que o
número de empresas que compõem um mercado, que o tipo de produto, sendo
eles homogêneo ou diferenciado, e que a existência ou não de barreiras à entra-
CONCLUSÃO
da de novas empresas são características que darão forma ou que estruturarão um
dado mercado.
E para finalizar, nas unidades IV e V, escritas pelo professor Sidinei Silvério da Silva, introduzimos a macroeconomia, ou seja, tratamos sobre os mercados de bens/
serviços e monetário e setor externo e mercado de trabalho respectivamente.
O estudo da unidade IV lhe permitiu compreender os agregados econômicos e
suas relações entre os agentes econômicos e o governo. Ademais, avançamos nos
estudos/compreensão sobre: a) objetivos da política macroeconômica; b) fatores
que determinam o crescimento econômico de um país; c) abordagens de mensuração do produto interno bruto; d) políticas fiscal e monetária como instrumento
de combate à inflação e ao desemprego; e) métodos de determinação da renda
de equilíbrio; e f ) dependência de diversos fatores, dentre os quais se sobressaem
recursos naturais e humanos, estoque de capital, tecnologia e políticas econômicas,
para que os países se desenvolvam. Já o estudo da unidade V, última unidade do nosso livro, lhe permitiu compreender
a teoria das vantagens comparativas; os regimes cambiais; o modo como a taxa de
câmbio é determinada; o processo de internacionalização da economia; e o mercado de trabalho.
Agora você sabe que não é possível ter uma teoria geral de comércio internacional
que se aplique a todos os casos e a qualquer momento; que a taxa de câmbio exerce uma influência considerável sobre a balança comercial e os fluxos de capitais;
bem como que o processo de internacionalização da economia provocou inúmeras
transformações no mercado de trabalho, principalmente por meio do aumento do
desemprego estrutural.
Assim sendo, esperamos/desejamos que os conteúdos trabalhados nesta disciplina
proporcionem a você relevantes ganhos em termos de uma maior compreensão
da economia e de como ela pode afetar a sociedade. Além disso, esperamos/desejamos que você se torne um participante mais hábil no sistema econômico, já que
agora você compreende conceitos e aplicações da economia.
Nos despedimos com o que escreveu Adam Smith (1723-1790) – Economista Escocês considerado o pai do liberalismo econômico e da ciência econômica moderna:
“A ambição universal dos homens é viver colhendo o que nunca plantaram”.
Até a próxima!
Professora Me. Andréia Moreira da Fonseca Boechat
Professora Me. Daniela Carla Monteiro
Professor Me. Sidinei Silvério da Silva
156 - 157
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