Epilepsy and pregnancy Resumo A epilepsia é uma doença neurológica comum, que acomete mulheres jovens e requer cuidados especiais durante a gestação. Seus riscos na gravidez incluem: o aumento das complicações na gestação, a possibilidade de ocorrência de crises convulsivas e suas repercussões para a gestante e o feto e o aumento da taxa de malformações decorrentes do uso de drogas antiepiléticas. O objetivo deste trabalho é apresentar uma revisão da literatura sobre epilepsia na gestação, seus efeitos e a conduta adotada no acompanhamento a essas gestantes desde o período pré-concepcional ao puerperal. O mais importante no tratamento dessa doença durante a gestação é o acompanhamento pré-natal adequado, controle total das crises e uso cauteloso de drogas antiepiléticas. AT U A L I Z A Ç Ã O Epilepsia e gravidez Almir Antônio Urbanetz1 2 Mariane Wehmuth 2 Flávia Nagel da Silva 2 Luiza Marochi Almeida 3 Edson Gomes Tristão 3 Dênis José Nascimento Palavras-chave Gravidez Epilepsia Terapia anticonvulsivante Drogas antiepileticas Complicações na gravidez Abstract Keywords Pregnancy Epilepsy/drug therapy Anticonvulsants Pregnancy Complications Epilepsy is a common neurological disease that affects young women and requires special care during pregnancy. The risks of epilepsy during pregnancy include pregnancy complications, the occurrence of seizures and its consequences for both mother and fetus, and the increased rate of congenital malformations as a result of antiepileptic drug use. The purpose of this work is to present a literature review on epilepsy during pregnancy, its effects, and the management of epileptic women from preconception until postpartum. The key element in the treatment of epilepsy is an adequate prenatal care, total control of seizures and the wise use of antiepiletical drugs. 1 Professor Titular do Departamento de Tocoginecologia do Setor de Ciências da Saúde da UFPR. Departamento de Tocoginecologia do Setor de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Paraná. Serviço de Obstetrícia do Hospital de Clínicas da UFPR Universidade Federal do Paraná, Curitiba-PR 2 Doutorandas do Curso de Medicina da UFPR. Departamento de Tocoginecologia do Setor de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Paraná. Serviço de Obstetrícia do Hospital de Clínicas da UFPR Universidade Federal do Paraná, Curitiba-PR 3 Professor Adjunto de Departamento de Tocoginecologia do Setor de Ciências da Saúde da UFPR. Departamento de Tocoginecologia do Setor de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Paraná. Serviço de Obstetrícia do Hospital de Clínicas da UFPR Universidade Federal do Paraná, Curitiba-PR FEMINA | Janeiro 2008 | vol 36 | nº 1 Femina_vol36_n1.indb 41 41 4/24/08 3:22:09 PM Epilepsia e gravidez Introdução A epilepsia é o transtorno neurológico mais freqüente em mulhe1 res grávidas e traz repercussões que devem ser acompanhadas com cautela. Sua história natural sofre modificações durante a gravidez, causadas por alterações hormonais, com aumento na freqüência e na 2 intensidade das crises. Além disso, ocorre aumento de intercorrências na gravidez decorrentes da epilepsia, existe o risco de crises convulsivas, acarretando complicações para o feto e para a gestante e há ainda relatos na literatura de aumento na incidência de malformações 3,4 fetais causadas pelo uso de drogas anticonvulsivantes. Pelo exposto, a epilepsia requer cuidado especial durante toda a gravidez, para que os riscos maternos e fetais sejam reduzidos e a evolução desse estado seja a melhor possível. Epilepsia e gravidez Epilepsia A epilepsia é uma doença neurológica crônica, que atinge cerca de 1% da população geral e é caracterizada por eventos paroxísticos transitórios, com comprometimento ou não do nível de consciência e manifestações neurológicas diversas. Sua etiologia, em geral, é idiopática ou pode estar relacionada a lesões estruturais, distúrbios neurológicos primários ou, ainda, a doenças sistêmicas.5 As crises convulsivas podem ser classificadas em: parciais, que decorrem de descarga neuronal localizada, e generalizadas, envolvendo todo o córtex cerebral. As crises parciais, por sua vez, podem ser subdivididas em parcial simples, parcial complexa e parcial com generalização secundária. Suas manifestações podem ser motoras, sensoriais, cognitivas ou emocionais, dependendo 5 da área cerebral afetada e sua função. Epilepsia durante a gravidez Estima-se que a prevalência da epilepsia atinja por volta de 0,5% 5 das mulheres grávidas . Outros dados da literatura revelam que 52% 2 das mulheres que têm essa doença estão em idade reprodutiva e que 1 este é o transtorno neurológico mais freqüente na mulher grávida. Entretanto, apesar da prevalência elevada na gravidez, sabe-se que cerca 6,7 de 90% das gestações chegam ao termo sem complicações. A história natural da epilepsia é modificada durante a gravidez. A ocorrência das crises convulsivas é aumentada pelo aumento sérico de 2 progesterona e um terço das pacientes tem aumento na freqüência das crises durante a gestação.3 Esse aumento ocorre principalmente no primeiro e no terceiro trimestres e, próximo do parto, a incidência de crises é três vezes maior do que no restante da gravidez.8 A freqüência 42 das crises antes da gravidez influencia no prognóstico da epilepsia durante a gestação, ou seja, se as crises são de difícil controle antes 5 da gravidez, há mais chances de se agravarem no seu curso. Os riscos da epilepsia na gravidez decorrem de três fatores principais: o aumento de complicações na gravidez, a possibilidade de ocorrência de crises convulsivas e sua repercussão para a gestante e o feto e, por fim, o aumento da taxa de malformações 1,2,3,7 decorrentes do uso de drogas antiepiléticas. A epilepsia gestacional é extremamente rara, a maioria das pacientes apresenta história da doença anterior à gestação. Cerca de 1-2% das pacientes podem entrar em estado de mal epilético durante 2 a gestação, com alta taxa de mortalidade fetal e materna. Quanto às complicações na gravidez, há aumento na morbimortalidade perinatal. Ocorre elevação de duas a três vezes na incidência de doença hipertensiva específica da gravidez, parto cesáreo, parto pré-termo, recém-nascidos de baixo peso e mortalidade perinatal5. O aumento da incidência de cesariana se deve principalmente à falha na progressão do trabalho de parto e crises convulsivas durante o mesmo.2 Outras complicações incluem: sangramento 7 vaginal, pré-eclâmpsia e trabalho de parto prolongado. As crises convulsivas durante a gestação trazem complicações para o feto, principalmente quando se verificam crises convulsivas generalizadas. Ao realizar a cardiotocografia, pode-se observar, 15 minutos após uma crise convulsiva generalizada, a ocorrência de hipóxia fetal seguida de bradicardia, representando diminuição da viabilidade fetal.2 Durante as crises convulsivas maternas, pode ocorrer hipóxia fetal associada a danos irreversíveis no seu sistema nervoso, causando inclusive a morte fetal. As crises convulsivas podem ainda ocasionar danos para a gestante, como sangramento uterino; e para o feto, como hemorragias intracranianas. Também há aumento na ocorrência de abortos, 3 natimortos, prematuridade e recém-nascidos de baixo peso. A epilepsia por si só também pode causar aumento na incidência de malformações causadas pelas crises convulsivas. No primeiro trimestre, a chance de haver malformações decorrentes de crises convulsivas chega a 12,3% e, a partir do segundo trimestre, esse 1 número cai para 4%. Desta forma, o principal objetivo frente a pacientes com epilepsia na gravidez é o tratamento adequado, com a finalidade de evitarem-se as crises convulsivas em sua totalidade. Drogas antiepiléticas e malformações fetais Diversos trabalhos da literatura têm mostrado a alta incidência de malformações fetais decorrentes do uso de drogas antiepiléticas. FEMINA | Janeiro 2008 | vol 36 | nº 1 Femina_vol36_n1.indb 42 4/24/08 3:22:10 PM Epilepsia e gravidez 8,9 Isso se torna uma das maiores dificuldades no acompanhamento de gestantes com epilepsia. Entretanto, alguns pontos se tornaram consenso, o que facilita o acompanhamento pré-natal dessas gestantes no que diz respeito à conduta a ser tomada quanto ao uso da medicação. Inúmeros casos de malformações fetais já foram descritos na literatura, associados a diversos fármacos utilizados em larga escala para o controle da epilepsia. Em 1975, um grupo específico de anomalias fetais comuns a várias mulheres que fizeram uso de fenitoína na gravidez foi identificado e recebeu a denominação de “síndrome hidantoínica”. Essas anomalias incluíam defeitos craniofaciais, mi2 crocefalia, retardo mental e hipoplasia das falanges distais. Após esses fatos, estudos sobre o uso de todas as drogas antiepiléticas utilizadas comumente demonstraram a sua relação com o risco aumentado de malformações e nenhuma delas está totalmente isenta de riscos, mesmo as mais recentes utilizadas 2 na prática clínica. O risco de malformações na população geral oscila entre 1 e 2% e em fetos expostos a essas drogas pode chegar a 4 a 6%7, principalmente 8 se a exposição acontecer no primeiro trimestre da gravidez . As malformações congênitas decorrentes do uso de drogas anticonvulsivantes podem ser divididas em maiores e menores. As maiores compreendem as cardiopatias congênitas, fissura palatina, anomalias do trato urinário ou da genitália externa e defeitos do tubo neural. Entre as malformações menores estão: hipertelorismo, hipoplasia das falanges distais e unhas.2 Em alguns casos, pode ocorrer atraso no desenvolvimento psicomotor, nas funções cognitivas e no comportamento dessas crianças, incluindo o autismo. Os recém-nascidos podem apresentar ainda sintomas de sedação ou hiperexcitabilidade ao nascer, independen8 temente do nível sangüíneo das drogas a que foram expostos. As drogas mais usadas atualmente para o tratamento da epilepsia são: ácido valpróico, carbamazepina, fenitoína e fenobarbital. Todas elas podem desenvolver síndromes específicas e possuem maior 8 incidência de determinadas malformações discutidas a seguir. As drogas denominadas recentes, como a lamotrigina, gabapentina e oxcarbazepina, também não são isentas de riscos e os estudos a respeito de seu uso ainda não são suficientemente 2 conclusivos, devendo ser usadas com cautela. as generalizadas, e é amplamente utilizada, principalmente por 9 não apresentar efeitos sedativos. Em 1978 demonstrou-se sua capacidade de causar malformações fetais ao ser utilizado durante a gravidez, ao ser descrita a “síndrome fetal por valproato”.10 Suas principais características incluem: dismorfismo facial, malformações urológicas, cardiopatias congênitas, alterações dermatológicas, oculares, ósteo-articulares, musculares e, numa porcentagem menor, neurológicas (10%).9 O risco teratogênico do ácido valpróico está bem definido em doses acima de 1 g/dia. O número de doses diárias e o uso no primeiro trimestre também estão relacionados ao aumento de cerca de três 9 vezes mais no risco de malformações que em não expostos. Entre os achados craniofaciais, podem ser incluídas a hiperplasia gengival, anomalias nasais, auriculares e labiais, micrognatia e macro ou microcefalia. Entre os neurológicos, relatos de caso demonstram atrofia dos hemisférios cerebrais, com predomínio em lobo temporal, anomalias do septo pelúcido, malformações 11 do tubo neural e cerebelares. Recém-nados expostos ao ácido valpróico também têm risco mais alto de apresentar distresse respiratório, índices de Apgar baixos, hipoglicemia e crescimento deficiente, além de retardo no 8 desenvolvimento e autismo. Carbamazepina Assim como o ácido valpróico, a carbamazepina também faz parte da classe D. Trata-se de uma droga usada com freqüência no tratamento de crises convulsivas, neuralgia do trigêmeo e distúrbios psiquiátricos. Estudos demonstram que se utilizada durante a gestação pode dar origem a malformações congênitas graves, incluindo defeitos no fechamento do tubo neural, cardiopatias congênitas, fissura palatina e anomalias esqueléticas e cerebrais, numa incidência 5 duas a cinco vezes maior do que na população em geral . Uma metanálise incluindo 22 estudos com grupos-controle, de mulheres que usaram carbamazepina no primeiro trimestre da gravidez, mostrou incidência de 6,7% de anomalias congênitas maiores e, na seqüência, outros autores demonstraram também a ocorrência de anomalias menores que incluem malformações craniofaciais, defeitos de membros, retardo mental e deficiência de crescimento, constituindo a “síndrome carbamazepínica”.5 Ácido valpróico O ácido valpróico é um anticonvulsivante pertencente à classe D e seu uso na gestação pode causar defeitos renais, cardiovasculares, de vias urinárias, dismorfismo facial, hidrocefalia e braquicefalia. Esta droga começou a ser usada como anticonvulsivante em 1974 e demonstrou grande controle das crises convulsivas, principalmente Fenitoína O uso da fenitoína na gestação também se enquadra na classe D. Esta droga é amplamente utilizada como anticonvulsivante nos diversos tipos de epilepsia. Apresenta poucos efeitos colaterais e é bem tolerada. O seu uso durante a gravidez é associado à “síndrome hidantoínica”, anteriormente citada.5 FEMINA | Janeiro 2008 | vol 36 | nº 1 Femina_vol36_n1.indb 43 43 4/24/08 3:22:10 PM Epilepsia e gravidez As anomalias congênitas mais comumente encontradas são: fissura palatina, anomalias renais, hidrocefalia, cardiopatias e ano8 malias da genitália externa. O grupo das anomalias congênitas menores inclui: nariz em sela, prega palmar única, hipertelorismo, implantação baixa de orelhas, hipoplasia das falanges distais e unhas, implantação baixa de cabelo 12 e outras, além de atraso no desenvolvimento psicomotor. Crianças que apresentam a “síndrome hidantoínica” trazem redução no quociente de inteligência (QI) e retardo no desenvolvi13 mento, numa incidência que varia de 1 a 11%. O uso de fenitoína durante a gravidez aumenta também a incidência de tumores neu14 roectodérmicos na infância, principalmente de neuroblastomas. Fenobarbital O uso do fenobarbital, assim como o das demais drogas citadas faz parte da classe D. O fenobarbital é um barbitúrico utilizado como anticonvulsivante, sedativo e hipnótico, que também apresentou maior incidência de alterações congênitas ao ser usado durante a gestação, porém com riscos mais baixos do que o ácido valpróico e a fenitoína. Entre os defeitos congênitos causados pelo uso do fenobarbital estão: fissura palatina, cardiopatias congênitas e anomalias genitais.14 Além das anomalias congênitas, o uso do fenobarbital aumenta a incidência de recém-nascidos de baixo peso, com menor perímetro cefálico e diminuição da capacidade intelectual.8 Conduta adotada Pré-concepção Mulheres com diagnóstico de epilepsia devem ser acompanhadas desde antes de uma possível gestação e precisam ser orientadas para que esta tenha a melhor evolução possível. O uso de drogas antiepiléticas por mulheres em idade reprodutiva é responsável pela diminuição de sua fertilidade. Isso ocorre principalmente com o uso de ácido valpróico, pois este apresenta maior associação com a incidência de doença dos ovários policísticos, que se caracteriza por oligo ou anovulação, sinais clínicos ou 15 bioquímicos de hiperandrogenismo e ovários policísticos. As drogas anticonvulsivantes apresentam ainda interação com contraceptivos hormonais orais, reduzindo sua eficácia. Por esse motivo, mulheres que não desejam engravidar devem usar métodos contraceptivos alternativos ou, ainda, utilizar anticoncepcionais orais com dose de 50 mcg de etinilestradiol.6 No caso de pacientes que desejam engravidar, devem ser tomados cuidados como a revisão de seu diagnóstico e estado neurológico, 44 bem como a sua necessidade de tratamento. Aqueles que se apresentam sem crises há dois anos ou mais devem fazer uma tentativa 2 de retirada da droga para reavaliar a necessidade de sua terapia. O tratamento ideal a ser adotado é a monoterapia, com doses baixas e o mais fracionadas possível, a fim de evitarem-se picos séricos da medicação. O ácido fólico deve ser prescrito na dose de 5 mg por dia e deve ser iniciado pelo menos um mês antes da concepção, com a finalidade de prevenir a ocorrência dos defeitos 2 no fechamento do tubo neural. Por fim, a mulher deve ser informada acerca de todos os riscos aos quais será exposta e, em caso de epilepsia grave, de difícil controle, em uso de mais de uma droga, os riscos e benefícios 6 devem ser pesados. Gestação, parto e lactação A gravidez deve ser monitorada e a medicação e sua eficácia devem ser constantemente avaliadas diante da possibilidade de piora na intensidade e freqüência das crises, principalmente no primeiro e terceiro trimestres2. A forma de resolução da gravidez nas pacientes com epilepsia deve seguir a indicação obstétrica, portanto, sempre que possível, condução para o parto via vaginal. Entretanto, a possibilidade de realização de cesariana deve ser sempre discutida e proposta quando a evolução da gravidez representar riscos para o feto ou para a gestante.5 Deve-se ainda evitar a privação do sono e estresse físico e emocional, por predisporem a ocorrência de crises convulsivas.6 As crises convulsivas devem ser evitadas ao máximo durante a gestação, pois estas representam um risco muito mais alto para a gestante e para o feto do que o uso de qualquer uma das medicações, incluindo hipóxia, bradicardia e hemorragias intracranianas fetais, aborto e hipóxia e acidose materna.6 O uso de drogas anticonvulsivantes pode ocasionar aumento do risco de hemorragias intracranianas no feto, decorrentes da diminuição de fatores de coagulação dependentes de vitamina K. Por esse motivo, alguns autores recomendam a profilaxia com 10 mg de vitamina K via oral no último mês de gestação e 1 mg 16,17,18 intramuscular ao nascimento. Entretanto, estudos recentes demonstram que não há evidências da eficácia do uso de vitamina K para prevenir hemorragias intracranianas nos neonatos.19 As crises convulsivas durante o parto devem ser tratadas com benzodiazepínico endovenoso, levando-se em conta o risco de intoxicação do recém-nascido e o risco de insuficiência 18 respiratória materna. O leite materno de mulheres em uso de drogas antiepiléticas pode conter pequenas frações da droga utilizada, principalmente das que apresentam menor ligação com as proteínas plasmáticas. FEMINA | Janeiro 2008 | vol 36 | nº 1 Femina_vol36_n1.indb 44 4/24/08 3:22:11 PM Epilepsia e gravidez Os níveis da droga podem atingir até 30% da concentração plasmática materna em duas ou três semanas após o parto. Entretanto, apesar de não se observarem efeitos adversos, deve-se estar atento a sinais de toxicidade nos recém-nascidos. A amamentação deve ser estimulada e realizada após uma hora da ingestão da 18 medicação e as doses devem continuar fracionadas. Considerações finais A epilepsia apresenta alta incidência na gravidez e por esse motivo necessita de cuidados especiais. O acompanhamento das mulheres com epilepsia deve ser iniciado antes do início da gestação para a reavaliação de seu diagnóstico e otimização do tratamento, numa tentativa de manter a paciente sem crises convulsivas com a menor dose possível da droga utilizada, de preferência com monoterapia; e o ácido fólico deve ser prescrito precocemente para prevenir malformações fetais. Durante a gestação, as pacientes com epilepsia devem ser cuidadosamente acompanhadas e a ocorrência de crises convulsivas deve ser evitada ao máximo, para minimizar as complicações maternas e fetais. Apesar do número elevado de malformações fetais decorrentes do uso de anticonvulsivantes e das complicações na gravidez causadas pela epilepsia, se devidamente acompanhadas essas pacientes tendem a evoluir bem, visto que 90% das gestações terminam sem complicações. Leituras suplementares 1. Gutiérrez-Álvarez AM. Use of anticonvulsive drugs during pregnancy and the risk of malformations in the newborn: a meta-analysis. Rev Neurol. 2003; 37: 1022-28. Nível de evidência científica: A. 10. Dalens B, Raynaud EJ, Gaulme J. Teratogenicity of valproic acid. J 2. Sanjeev VT. Management of epilepsy and pregnancy. J Postgrad abnormality. Br Med J. 1983; 286: 190-7. Nível de evidência científica: C. Méd. 2006; 52:57-64. Nível de evidência científica: D. 3. LaJoie J, Moshé S. Effects of seizures and their treatment on fetal brain. Epilepsia. 2004; 45:48-52. Nível de evidência científica:D. Pediatr. 1980; 97: 332-26. Nível de evidência científica:C. 11. Bailey CJ, Pool RW, Poskitt E, Harris F. 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FEMINA | Janeiro 2008 | vol 36 | nº 1 Femina_vol36_n1.indb 45 45 4/24/08 3:22:11 PM